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FAVENI

FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

Instrumentalidade do Serviço Social

Ana Lucia de Carvalho Januario

INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA


OS DESAFIOS DO SERVIÇO SOCIAL NA INCLUSÃO DA PESSOA COM
DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO

Duque de Caxias
2020
INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
OS DESAFIOS DO SERVIÇO SOCIAL NA INCLUSÃO DA PESSOA
COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que
o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído,
seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas
consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados
resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste
trabalho.Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais
e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de violação
aos direitos autorais.

RESUMO - O presente trabalho busca trazer contribuições para compreensão da Inclusão da


Pessoa com Deficiência no mercado de trabalho e os desafios do serviço social junto a esse
segmento, orientando quanto aos seus direitos garantidos por lei. Entendendo que o trabalho
vai além das necessidades capitalistas, mas que envolve progresso e desenvolvimento
pessoal. Existem leis que asseguram direitos as PCDs, como direto ao trabalho, educação,
saúde de forma inclusiva, e para acesso a esses direitos básicos a acessibilidade é
fundamental. Para tanto foi realizado estudo através de pesquisa bibliográfica, publicações
periódicas e documentos eletrônicos, Nesta perspectiva procura discorrer sobre a importância
do Serviço Social, articulando a interdicisplinaridade com objetivo de combater o preconceito e
a discriminação. Destacando a importância da capacitação pode se dizer que existem avanços
significativos e também divergências, mesmo com a oferta de cursos e disposições legais de
garantias nesse sentido, as PCDs encontram dificuldades de inclusão no mercado de trabalho,
que está distante do ideal para a pessoa com deficiência.
PALAVRAS-CHAVE: Inclusão. Pessoa com Deficiência. Mercado de trabalho. Serviço Social.
Desafios.
INTRODUÇÃO

A pesquisa ora apresentada se constitui como requisito de trabalho de


Conclusão de Curso para a graduação em serviço social. Portanto o seu
objetivo consiste em auxiliar os desafios do serviço social na inclusão da
pessoa com deficiência no mercado de trabalho viabilizando ao acesso de
direitos constituídos, norteando para a contribuição do serviço social nessa
questão.
Como objetivos específicos:
 Conceituar e definir deficiência,
 Descrever as políticas públicas no que se refere à inclusão da
Pessoa com Deficiência (PCD) no mercado de trabalho;
 Estabelecer os desafios para a inclusão da Pessoa com
Deficiência no mercado de trabalho.
 Estabelecer o papel do assistente social, na execução,
elaboração de políticas públicas na perspectiva da Pessoa com Deficiência.
Fundamentou-se o destaque deste presente trabalho para assegurar
que Pessoas com Deficiência tenham seus direitos de trabalhar para garantir
seu próprio sustento e o de sua família, sendo respeitados seus limites e
oferecendo cursos de capacitação com igual direito como todo cidadão da
sociedade obedecendo a seu direito de cidadania.
A Conscientização das empresas quanto as potencialidades dos PCDs,
visto que mesmo com a existência da Lei de Cotas, lei nº 8.213/91, ainda
existem barreiras no momento de contratações. O número de cotas
estabelecido pela lei não é suficiente para alcançar o número necessário de
Pessoas com Deficiências. O Serviço Social vem atuando na garantia dos
direitos e liberdades fundamentais dos usuários com deficiência através de
inúmeros projetos de inclusão no mercado de trabalho.
Justificou-se a relevância dessa temática devido à observação no campo
de Estágio no Conselho Municipal em Defesa dos Direitos de Pessoa com
Deficiência no Município de Duque de Caxias- RJ, em que há a
problematização nas Reuniões Ordinárias acerca da acessibilidade para a
Pessoa com Deficiência.
Para discorrer sobre a temática, foi seguido como procedimento
metodológico a utilização da coleta de dados teóricos através da pesquisa
bibliográfica, trazendo autores como: Sassaki, Iamamoto, e outros; para fazer
uma reflexão sobre a assistência à Pessoa com Deficiência, enquanto direito
do cidadão, no respeito às suas limitações, construindo assim, um panorama
da conjuntura atual, lembrando que neste momento, algumas leis foram
citadas, expressando os dispositivos legais sobre os direitos dos PCDs.
Este estudo faz ainda, uma relação do tema com a prática profissional do
Assistente Social junto à Pessoa com deficiência e a inclusão no mercado de
trabalho, demonstrando teoricamente, os avanços na assistência junto a essa
população, objeto do nosso estudo bem como a quebra de velhos paradigmas,
as ações multiprofissionais, o direito à cidadania, ou seja, elementos
significativos na integração desses cidadãos. Baseando-se na perspectiva da
responsabilização tanto dos poderes públicos e privados quanto a eficiência na
administração e gestão de enfrentamento, investigação e monitoramento das
leis. Em que medida é possível o trabalho do assistente social na efetiva
aplicabilidade da legislação vigente junto à inclusão das Pessoas com
Deficiência no mercado de trabalho.

1 DESENVOLVIMENTO

Atualmente os assistentes sociais têm e desenvolvem atribuições


inseridas no âmbito da elaboração, execução e avaliação de políticas públicas,
assim como na assessoria a movimentos sociais e populares. De acordo com
CFESS (2011) as competências pertinentes a esse profissional permitem
realizar uma análise crítica da realidade, estruturar seu trabalho e definir as
competências e atribuições específicas necessárias ao enfrentamento das
situações e demandas sociais que se apresentam em seu cotidiano. Sob essa
ótica, tal profissional pode atuar, em diversos espaços, sejam eles privados,
governamentais e não governamentais, em áreas como: educação, saúde,
habitação, assistência, reabilitação, previdência social, sistema penitenciário e
outros segmentos (IAMAMTO, 2000).
Cabe ressaltar que o assistente social tem suas competências previstas
na Lei 8.662/93, em seu artigo 4º de Regulamentação da Profissão, que prevê,
dentre outras:

II - Elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e


projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com
participação.
III – encaminhar providências e prestar orientação social a indivíduos,
grupos e à população.
V – Orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no
sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no
atendimento e na defesa de seus direitos.
VII – planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir
para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais
(BRASIL, 1993).

O trabalho profissional do assistente social caracteriza-se também


pelo atendimento às demandas e necessidades sociais de seus usuários, e
podem construir resultados concretos quer nas dimensões materiais, sociais,
políticas e culturais da vida da população, facilitando seu acesso às políticas
sociais (IAMAMOTO, 2009).
Nessa perspectiva, o assistente social detém habilidades profissionais
para propor e implementar políticas públicas no atendimento das pessoas com
deficiência. Trabalhar junto das Pessoas Com de Deficiência é atuar na
garantia de direitos constituídos, visando modificar a realidade, transformando
o sujeito em protagonistas, estimulando autonomia. Ressaltamos a importância
da constante e permanente formação do assistente social, garantindo o
aprimoramento de competência técnica, efetivando assim o compromisso
político com as pessoas portadoras de deficiência (TAVARES, 2010, p. 236
apud, MUNHÓS; PEREIRA, 2015, p.10).
Segundo a definição do IBGE (2012, p. 71) o conceito de deficiência
vem, ao longo dos anos, sendo modificado em especial no sentido de
“acompanhar as inovações na área da saúde e a forma com que a sociedade
se relaciona com a parcela da população que apresenta algum tipo de
deficiência”, evoluindo do modelo médico (patologia ou sintoma como gatilho
para a incapacidade), na direção da Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), adotada pela Organização
Mundial da Saúde – OMS desde 2001, a qual entende “incapacidade como um
resultado tanto da limitação das funções e estruturas do corpo quanto da
influência de fatores sociais e ambientais sobre essa limitação,” aqui incluindo
fatores como ausência de infraestrutura de transportes.
A deficiência também pode ser classificada em duas categorias –
deficiência e deficiência permanente, sendo que o Decreto nº 3.298/1999
considera o fenômeno como “toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou
função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o
desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser
humano”. A deficiência permanente leva em consideração aquela deficiência
que atingiu a estabilidade “durante um período de tempo suficiente para não
permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos
tratamentos” (BRASIL, 1999).
A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
(CIF) representa a base conceitual do trabalho de pessoas com deficiência
(PCD) firmada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) se constitui de base
conceitual do trabalho junto a pessoas com deficiência. Sua finalidade é a de,
mediante a construção de uma linguagem padronizada, unificada tal qual um
sistema de descrição da saúde e de estados relacionados à saúde. A CIF,
também, define “os componentes da saúde e alguns componentes do bem-
estar relacionados à saúde (tais como educação e trabalho)”. Descreve
domínios sob a perspectiva do corpo, do indivíduo e da sociedade em duas
listas básicas: (1) Funções e Estruturas do Corpo, e (2) Atividades e
Participação, agrupando sistematicamente aquilo que uma pessoa que
apresente doença ou transtorno faz ou pode fazer.
A CIF entende por funcionalidade o “termo que abrange todas as
funções do corpo, atividades e participação; de maneira similar, incapacidade é
um termo que abrange incapacidades, limitação de atividades ou restrição na
participação”, relacionando, também, fatores ambientais que interagem com
todos estes construtos. Desta forma a CIF permite registrar perfis da
funcionalidade, incapacidade e saúde dos indivíduos em vários domínios
(MPPR, 2015).
Por deficiência conceitua-se “um desvio de determinados padrões
populacionais geralmente aceitos no estado biomédico do corpo e das suas
funções”, e podem ser temporárias ou permanentes, progressivas, regressivas
ou estáticas, intermitentes ou contínuas. (MPPR, 2015, s.p.).
Classificam-se as deficiências em categorias como: presente ou ausente
de acordo com um valor mínimo. Os critérios incluem as funções e estruturas
do corpo: (a) perda ou ausência; (b) redução; (c) aumento ou excesso e (d)
desvio. Presente a deficiência, ela pode ser graduada em termos de gravidade
ou severidade (leve, severo e flutuante ao longo do tempo), conforme Farias e
Buchalla (2005).
Com a redação dada pelo Decreto nº 5.296/2004, o art. 4o do Decreto
3.298 de 1999, inclui como categorias de PCD a deficiência física, auditiva,
visual, mental e múltipla:
I - deficiência física  Alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo
humano, acarretando o comprometimento da função física,
apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia,
monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia,
triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou
ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com
deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades
estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho
de funções;           

II - deficiência auditiva  Perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou


mais, aferida por audiograma nas frequências de 500HZ, 1.000HZ,
2.000Hz e 3.000Hz;

III - deficiência visual  Cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no
melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que
significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a
melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida
do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60 o;
ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições
anteriores;                      

IV - deficiência mental Funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com


manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a
duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como:
a) comunicação; b) cuidado pessoal; c) habilidades sociais;
d) utilização dos recursos da comunidade; e) saúde e segurança;
f) habilidades acadêmicas; g) lazer; e h) trabalho;

V - deficiência múltipla Associação de duas ou mais deficiências.

Atualmente, reflexões sobre a construção de uma sociedade mais


inclusiva tem sido assunto no cenário mundial, necessitando de profundas
transformações para se tornar uma realidade efetiva, nesse aspecto à
elaboração e realização de políticas públicas inclusivas voltadas para inserção
de Pessoas com deficiência no mercado de trabalho é um desafio, pois exige
uma mudança de paradigma da sociedade como um todo na relação com os
indivíduos com deficiência.
Políticas Públicas são ações e programas que são desenvolvidos pelo
Estado para garantir e colocar em prática direitos que são previstos na
Constituição Federal e em outras leis. (Lenzi, Tié 2019)
O termo política é derivado do grego antigo politeía, que indicava todos
os procedimentos relativos à Pólis, ou Cidade-estado grega. Por extensão,
poderia significar tanto Cidade-estado
quanto sociedade, comunidade, coletividade e outras definições referentes à
vida urbana.
Mesmo com conceitos diferenciados Políticas Públicas está
condicionado à realidade sócio política em que está inserido, seu
planejamento, criação e implementação envolve um conjunto de todos os
setores que formam o Estado: Legislativo, executivo e Judiciário, nas esferas:
Federais, Estaduais e municipais. Elas estão relacionadas a diversos temas
que evolvem ações de direitos: Educação, Saúde, direitos humanos, direitos
das Pessoas com deficiência, assistência social, economia, meio ambiente,
trabalho, entre outros. Podemos dizer, portanto que Políticas Públicas
viabilizam soluções específicas para necessidades da sociedade, sendo assim
podemos resumir que as Políticas Públicas não é uma ação unilateral do
governo, mas uma relação entre o Estado e a sociedade, que resultam em
ações, projetos, programas sociais com objetivo de garantir direitos previstos
na Constituição Federal Brasileira e em outras leis.
Ao longo do processo histórico de nossa sociedade, podemos observar
que ações coletivas, possuem melhores resultados, superando dificuldades,
evidenciam uma luta constante para assegurar e defender os direitos das
diferentes minorias, enquanto seres humanos e cidadãos. Nos últimos anos
vivemos um processo de descrença do poder público e nos representantes que
ocupam cargos eletivos. Nesse cenário faz-se necessário que a sociedade
organizada, diferentes grupos e ou organizações sociais envolva-se no debate,
elaboração e execução de políticas públicas para atender as demandas e
necessidades da população, sobretudo na igualdade de direitos e inclusão
social. Diante da realidade de um mercado de trabalho excludente, em uma
sociedade diversificada e complexa se faz necessário um esforço conjunto. A
construção de uma sociedade inclusiva refere-se não apenas aos indivíduos
com deficiência, mas a todos os grupos minoritários excluídos das relações
sociais (OLIVEIRA, 2006), pressupõe o reconhecimento das diferenças
culturais, sociais, individuais, econômicas, políticas, étnicas e religiosas, dentre
outras. Nesse contexto ressaltamos a importância da participação de todo
cidadão nas escolhas das políticas públicas que atendam de forma eficiente as
necessidades das Pessoas com deficiência nas relações com o mercado de
trabalho. O papel da sociedade na construção de políticas públicas vai além de
requerimentos pontuais ou votar nas eleições, é necessário buscar
mecanismos de participação, garantidos e previstos pela legislação brasileira,
orientações e normativas internacionais, contribuindo assim na efetivação,
avaliação e fiscalização das Políticas Públicas eficazes. É inegável reconhecer
que a participação da sociedade possibilita uma ampliação do processo
democrático, pois por meio da pressão das forças populares, mobilizações e
atores sociais influenciam o Estado no reconhecimento e garantia de direitos e
condições necessárias de acessibilidade, inclusão social e dignidade humana.
Faz-se necessário estimular e incentivar iniciativas de participação
popular, dentro do processo democrático. Destacamos algumas formas mais
comuns de participação:
1. Participação nos conselhos municipais, também chamados de
conselhos de políticas públicas. É uma das ferramentas que
possibilitam aos cidadãos uma participação ativa no processo de
criação de políticas públicas.
2. Audiências Públicas Elas servem para que vereadores ouçam a
opinião da população sobre determinado tema. Elas
acontecem, geralmente, antes da votação de uma lei, e podem
ser realizadas na própria Câmara Municipal das cidades ou nos
bairros.
3. Movimentos Sociais com os quais se identifique e, assim,
sugerir melhorias na cidade.
4. Conselhos de Direitos: São órgãos de controles e participação
social, tem estrutura Municipal, Estadual, Federal. Por Exemplo,
o Conselho dos Direitos da Criança e Adolescente, Conselho da
Mulher, Conselho do Idoso, Conselho em Defesa dos Direitos da
Pessoa com Deficiência, entre outros.

A Constituição Federal foi promulgada em 1988, com a seguinte


premissa: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em
Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional,
com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a
proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL. (BRASIL,1988).

Sua promulgação possibilitou a criação de meios e mecanismos de


exercício da cidadania, garantido uma maior participação da sociedade,
possibilitando a criação de conselhos deliberativos, que foram propostos por
leis complementares nas áreas: Criança e Adolescentes, Saúde, Assistência
Social, Educação. Compreendendo o papel das Políticas Públicas, buscamos
despertar e motivar uma maior participação na construção de uma sociedade
mais justa com os direitos de todos os cidadãos assegurados como descrito em
nossa Constituição:

Art.5º, Caput, CF–“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes;.(BRASIL,1988).

De acordo com artigo citado a igualdade e direito a todo cidadão


brasileiro, sendo assim garante ao indivíduo com deficiência qualidade de vida,
direito de ir e vir, ao trabalho e a dignidade.
De acordo com a Lei de cotas nº 8.213/91, estabelece e garante acesso
ao trabalho para as pessoas com deficiência prevista na Legislação brasileira e
em orientações e normativas internacionais. Dispõe sobre a obrigatoriedade de
as empresas com cem (100) ou mais empregados preencherem uma parcela
de seus cargos com pessoas com deficiência. A cota depende do número geral
de empregados que a empresa tem no seu quadro, na seguinte proporção,
conforme estabelece o art. 93 da Lei nº 8.213/91:
I de 100 a 200 empregados 2
%
I de 201 a 500 empregados 3
I %
I de 501 a 1.000 empregados 4
II %
I de 1.001 empregados em diante 5
V %

O Decreto 3292/99 Regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de


1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora
de Deficiência, consolidam as normas de proteção, O decreto complementa a
lei de cotas dispondo em seu Artigo 36 considerações sobre contratações,
habilidades e fiscalização sobre a contratação de Pessoas com Deficiência.

§ 1o  A dispensa de empregado na condição estabelecida neste


artigo, quando se tratar de contrato por prazo determinado, superior a
noventa dias, e a dispensa imotivada, no contrato por prazo
indeterminado, somente poderá ocorrer após a contratação de
substituto em condições semelhantes.
§ 2o  Considera-se pessoa portadora de deficiência habilitada aquela
que concluiu curso de educação profissional de nível básico, técnico
ou tecnológico, ou curso superior, com certificação ou diplomação
expedida por instituição pública ou privada, legalmente credenciada
pelo Ministério da Educação ou órgão equivalente, ou aquela com
certificado de conclusão de processo de habilitação ou reabilitação
profissional fornecido pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.
§ 3o  Considera-se, também, pessoa portadora de deficiência
habilitada aquela que, não tendo se submetido a processo de
habilitação ou reabilitação, esteja capacitada para o exercício da
função.
§ 4o  A pessoa portadora de deficiência habilitada nos termos dos
§§ 2o e 3o deste artigo poderá recorrer à intermediação de órgão
integrante do sistema público de emprego, para fins de inclusão
laboral na forma deste artigo.
§ 5o  Compete ao Ministério do Trabalho e Emprego estabelecer
sistemática de fiscalização, avaliação e controle das empresas, bem
como instituir procedimentos e formulários que propiciem estatísticas
sobre o número de empregados portadores de deficiência e de vagas
preenchidas, para fins de acompanhamento do disposto
no caput deste artigo. (BRASIL,1999).

Em julho de 2015, É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa


com Deficiência, Lei 13.146, destinada a assegurar e a promover, em
condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais
por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania, em seus
artigos dispõe sobre a necessidade de eliminação de barreiras para total
possibilidade do exercício dos direitos das Pessoas com Deficiência.

Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se:


I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização,
com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos
urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação,
inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e
instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso
coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com
deficiência ou com mobilidade reduzida;
II - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas
e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade
de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de
tecnologia assistiva;
III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos,
dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços
que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à
participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida,
visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e
inclusão social;
IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento
que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o
gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à
liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à
informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre
outros, classificadas em:
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços
públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo;
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e
privados;
c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de
transportes;
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave,
obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a
expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por
intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da
informação;. (BRASIL,2015)

Embora haja uma legislação que avançou em leis que exigem uma
inserção no mercado de trabalho da PCD, existe uma discrepância entre o
cumprimento da legislação e a realidade. Para colocar em prática Políticas
Públicas realmente inclusivas são necessárias mudanças nos meios sociais,
nos recursos físicos, logísticos, arquitetônicos, de saúde física, psicológica e de
fiscalização, de forma a assegurar as Pessoas com deficiência acesso ao
mercado de trabalho, condição fundamental para sua independência e garantia
da dignidade e pleno exercício da cidadania. O maior desafio é a mudança de
atitude na perspectiva da existência do outro com suas particularidades
atribuindo-as tratamento digno.
A inclusão social, portanto, é um processo que contribui para a
construção de um novo tipo de sociedade através de transformações,
pequenas e grandes, nos ambientes físicos, espaços internos e
externos, equipamentos, aparelhos, utensílios mobiliário e meios de
transportes e na mentalidade de todas as pessoas, portanto também
do próprio portador de necessidades especiais. (Sassaki,1999, p.42)
Consideramos que o trabalho produz grande impacto na vida de todos
os indivíduos, e na força do trabalho que buscamos nossa sustentação, e é
através da evolução profissional que construímos a nossa identidade,
integração social, autonomia, desse modo é fundamental medidas que
favoreçam a inclusão no mercado de trabalho de Pessoas com Deficiência. O
trabalho é definido por Karl Marx como a atividade sobre o qual o ser humano
emprega sua força para produzir meios para seu sustento, e vai além, Marx
definiu a força de trabalho como o bem “Inalienável” do ser humano, nesse
sentido podemos entender que alienar o trabalho a qualquer pessoa seria o
mesmo que alienar a própria vida do individuo. No cenário da nossa sociedade
atual percebemos mudanças significativas na busca de eliminar barreiras
atitudinais, de preconceitos perpetuados ao longo da história, que impedem o
acesso aos ambientes e a relacionamentos de convívio com a sociedade,
intencionais ou não, apoio necessário para inserção e acolhimento das
Pessoas com Deficiência no mercado de trabalho. Transformações sociais com
práticas inclusivas ocorridas nos últimos anos refletem um debate recorrente
dessa população na busca de efetivação de direitos, entretanto entendemos
que um dos maiores desafios decorrentes para o desempenho profissional da
Pessoa com Deficiência caracteriza-se pela falta de informação e atitudes
preconceituosas, subestimando suas capacidades. Os processos de exclusão
da Pessoa com deficiência impostos pela sociedade estão relacionados
também ao ambiente e condições socioculturais, sendo assim outro desafio
para inserção no mercado de trabalho é a acessibilidade.
De acordo Romeu Kazumi Sassaki. Graduado em Serviço Social e
especializado em aconselhamento de reabilitação. Em mais de 50 anos de
experiência escritor, é pioneiro na luta pela inclusão da Pessoa com
Deficiência, analisa o desenho universal para deficientes físicos e também as
leis de integração inclusivas. Em seu livro “Inclusão Construindo uma
sociedade para todos” Sassak (1997), inicia seu texto afirmando que em um
futuro breve todas as pessoas acreditaram no programa da inclusão social
como caminho ideal para construção de uma sociedade para todos.
A acessibilidade é o processo pelo qual a Pessoa com deficiência tem
barreiras eliminadas e garantia de sua autonomia, sendo considerado um dos
direitos fundamentais para esses indivíduos, sem ela esse grupo não possui
condições de acesso aos demais direitos, como ao trabalho objeto de nosso
estudo, visto que com falta parcial ou inexistência de acessibilidade em
transportes públicos não será permitido chegar ao seu local de trabalho,
trazendo prejuízos na interação socioeconômica e igualdade de condições e
oportunidades com as demais pessoas.
Para um eficiente combate a discriminação e garantia da igualdade de
direito, preceito fundamental de nossa Constituição de 1988, é necessário
oportunizar o acesso à educação a esses cidadãos. No cenário atual nosso
país evoluiu em termos de Educação Inclusiva, no entanto os desafios e
obstáculos a serem superados para atender as demandas das Pessoas com
Deficiência ainda é grande.
A ONU afirmou que as pessoas com deficiência têm menor
probabilidade de frequentar a escola e concluir a Educação
Fundamental e maior probabilidade de serem analfabetas do que
pessoas sem deficiências: 54% das pessoas com deficiência são
alfabetizadas comparativamente a 77% das pessoas sem deficiência.
Estima-se que, em média, uma em cada três crianças com deficiência
no mundo, com idade para a Educação Fundamental, está fora da
escola, enquanto esse percentual é de uma em sete para crianças
sem deficiência.

A partir do ano de 1999 com a promulgação do decreto  nº 3.298, houve


uma mudança significativa no que se refere educação inclusiva, a Lei dispõe
sobre a matrícula das Pessoas com deficiência em escolas regulares e não em
escolas especiais, garantindo acesso a educação básica para as crianças com
deficiência. A legislação é bem abrangente e norteia os caminhos sobre
“Inclusão”, a Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDBN), o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), a
Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Pessoas com Deficiência da Organização dos Estados
Americanos (OEA), a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência e seu Protocolo Facultativo da ONU e, mais recentemente, o
Estatuto da Pessoa com Deficiência, que entrou em vigor em 2016, embora
haja um referencial teórico há que se promover politicas públicas eficazes para
o atendimento educacional especializado.
Na questão de Educação inclusiva existem muitos desafios a serem
superados, que passam desde a falta de informação e despreparo tanto das
escolas como da própria família, no que diz respeito ao acolhimento e
desenvolvimento de atividades adequadas para o pleno desenvolvimento das
potencialidades das PCD, na socialização no ambiente escolar, de forma a
despertar o respeito às diferenças e eliminação de atitudes preconceituosas,
formação continuada para o desenvolvimento de habilidades específicas para
professores, no cuidado a pessoa com deficiência, para lidar com as diversas
questões, dificuldades e situações desse público, garantindo assim uma
eficácia na aprendizagem e equalização de oportunidades, acessibilidade, que
vai além das eliminações de barreiras físicas, necessitando de apoio
especializado e recursos com salas multifuncionais. O esforço para inclusão
seja na educação, na sociedade, no mercado do trabalho, delineia a
construção de uma sociedade justa, com igualdade de oportunidades e do
desenvolvimento e fortalecimento da cidadania. Sendo assim podemos
constatar que dentre os problemas decorrentes a dificuldade de inclusão das
PCD no mercado de trabalho está à baixa escolaridade, aliado a condições
excludentes na contratação e a desinformação sobre as reais capacidades das
PCD por parte dos empregadores influenciam as empresas a resistir em
empregar tais indivíduos, e não somente a falta de qualificação profissional
dessa demanda populacional (Batista 2003, citado por Miranda, 2006).
Ao longo do processo histórico da humanidade observamos uma luta
constante de diferentes minorias na busca e defesa de seus direitos, desde os
primórdios as Pessoas Com Deficiência são marginalizadas, privados de
liberdade, alvo de preconceitos e exclusão, subestimados de suas
potencialidades. Na antiguidade as sociedades gregas como egípcias e
romanas já consideravam essa temática em seus contextos sociais, históricos.
Cada qual com suas compreensões e atitudes. Na sociedade Egípcia essas
questões de deficiência eram tratadas com mais naturalidade.
Diferentemente dos egípcios eram os gregos, uma sociedade que
valorizava amplamente a formação de guerreiros, para eles era essencial
manter a boa forma, era uma questão social. Como era o caso dos espartanos
e atenienses, Nessa sociedade os deficientes eram vistos como fracos, sem
nada a contribuir, que eram consideradas subumanas.
Em Roma, os recém-nascidos das famílias dos nobres que eram
considerados defeituosos, eram abandonados em rios, ou próximos a locais
sagrados com a intenção de serem acolhidos pelos empobrecidos, sendo
criadas para mais tarde serem exploradas. Era comum submeter pessoas com
deficiência mental e má formação em serviços degradantes e humilhantes.
[...] cegos, surdos, deficientes mentais, deficientes físicos e outros
tipos de pessoas nascidos com má formação eram também, de
quando em quando, ligados a casas comerciais, tavernas, e bordéis;
bem como a atividades dos circos romanos, para serviços simples e
às vezes humilhantes. (SILVA, 1986, p.93).
Alterações significativas para época foram provocadas pelo advento do
Cristianismo, uma mudança de mentalidade pode ser percebida, pois todos
passaram a serem filhos de Deus e, portanto merecedores do respeito à vida e
à dignidade humana.
O Cristianismo foi muito relevante na mudança da mentalidade
imperante no século IV, pois condenava abertamente muito do que o
sistema vigente aprovava, como a libertinagem das pessoas solteiras,
a perversão do casamento, a morte de crianças não desejada pelos
pais devido a deformações dentre muitos. (SILVA, 1986, p20).
No final da idade média iniciam-se os primeiros passos, embora tímidos
de reconhecimento e de responsabilização da sociedade e do estado sobre a
exclusão das Pessoas com Deficiência, inicia o período histórico
“Renascimento”.
Na penosa história do homem portador de deficiência começava a
findar uma longa e muito obscura etapa. Iniciava a humanidade mais
esclarecida os tempos conhecidos como “Renascimento” – época dos
primeiros direitos do homem posto a margem da sociedade, passos
decisivos da medicina na área de cirurgia ortopédica e outras, do
estabelecimento de uma filosofia humanista mas voltada para o
homem, e também da sedimentação de atendimento mais cientifico
ao ser humano em geral.. (SILVA, 1987, p.162).
Foi no século XX com avanço em quase todas as áreas que perpetuou-
se o olhar humanizado para com as pessoas com deficiência, há uma evidente
progresso na assistência e humanização para com as PCDs no mundo inteiro,
ganha força a busca por estratégias para encontrar soluções de integração e
Inclusão dos indivíduos com deficiência na sociedade , a pratica de assistência
social colabora para o surgimento de profissões voltadas para as pessoas com
algum tipo de dificuldades, com o objetivo de tratar os problemas sociais, na
busca de qualidade de vida e dignidade para o homem.
No contexto histórico da pessoa com deficiência podemos constatar
situações que vão desde o extermínio, degradação humana, tratamento
preconceituosos, humilhação, segregação, até um processo de “normalização”.
Embora na realidade atual sejam reconhecidamente sujeito de direitos a
condição social dessa população está distante do ideal.
Um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é
desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir
propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar
direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano. Enfim, ser um
profissional propositivo e não só executivo. (Iamamoto, 1998:20).
O serviço social nas empresas hoje tem uma grande relevância, devido
às mudanças de paradigmas com a relação ao trabalho, com novos desafios,
conceitos éticos no mundo empresarial e corporativo, o profissional de Serviço
Social tende a atuar nas intermediações e intervenções no tratamento
adequado de todos os colaboradores, melhorando a compreensão de
limitações e habilidades adaptativas na perspectiva da pessoa com deficiência,
Além disso, sua contribuição é importante na gestão de pessoal, assim
colaborando de forma efetiva na qualidade dos relacionamentos interpessoais
disseminando atitudes de valorização humana.
No código de ética do assistente social, lei de regulamentação da
profissão 8662/93, apresenta concepções norteadoras que dão compreensão
conceitual a permitir uma visão mais ampla da problemática da pessoa com
deficiência, em destaque o item VI do código.
VI. Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito,
incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos
socialmente discriminados e à discussão das diferenças; (CFSS,93).

O serviço social constitui-se uma profissão interdisciplinar no mercado


de trabalho na atualidade que exige profissionais multifuncionais com
capacidades de trabalhar em equipe, construindo a interdicisplinaridade e o
dialogo entre os diversos setores corporativos. Em seu código de ética o
Serviço Social tem em seus princípios fundamentais a garantia do convívio
democrático das ideias definido como pluralismo.
VII. Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes
profissionais democráticas existentes e suas expressões teóricas, e
compromisso com o constante aprimoramento intelectual;
IX. Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais
que partilhem dos princípios deste Código e com a luta geral dos/as
trabalhadores/as; (CFSS,93).
Existe a necessidade de igualdade ao acesso aos bens e serviços,
incluindo as Pessoas com Deficiência. Nesse sentido o Assistente Social tem o
papel de articulador na efetividade de direitos dessa população, que ao logo da
história vive a margem da sociedade, excluída, segregada, com suas
potencialidades subestimadas.
Nesse viés existe a necessidade do trabalho em conjunto na busca pela
interdisciplinaridade, refletindo ações e estratégias de enfrentamento na busca
por uma sociedade mais justa e igualitária, que somente será possível no
trabalho articulado com as diferentes áreas. Assim compreendemos que essa
interação é primordial para o Assistente Social, utilizando-se do seu
conhecimento técnico e metodológico para enfrentar os desafios diários que a
realidade apresenta.
Mesmo com respaldo das leis, as pessoas com deficiência encontram
por parte das empresas resistência na contratação.
A justificativa por parte das empresas para não contração da PCD se
baseia no discurso de falta de qualificação por parte desse público para o
preenchimento das vagas ofertadas. A decisão de contração está diretamente
ligada à preocupação com o custo beneficio. As empresas querem um retorno
compatível com o investimento para atender as demandas, de acordo com as
especificidades da PCD.
Conforme a Lei nº13146/2015, destinada a assegurar e a promover, em
condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais
por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. Prevê
em seu Artigo 34 normativas e condições de acesso ao mercado de trabalho.

Art. 34. A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de sua livre
escolha e aceitação, em ambiente acessível e inclusivo, em igualdade
de oportunidades com as demais pessoas.
Capacitar e qualificar profissionalmente um individuo é proporcionar o
desenvolvimento de habilidades e competências para o exercício do trabalho
profissional, promovendo ações criando condições e possibilidades de
autodesenvolvimento para exercer atividades compatíveis com sua formação.
Na realidade do mercado de trabalho na atualidade, exige profissionais com
suas habilidades e competência bem desenvolvidas, facilitando a
empregabilidade com benefícios para a empresa e para o trabalhador.
No âmbito legal, o Decreto de Lei n° 3.298/99 prevê que a habilitação
profissional é proporcionada por meio da formação que deve ser
oferecida nos níveis básicos, técnicos e tecnológicos, nas escolas
regulares, em instituições especializadas e nas empresas. Segundo o
referido Decreto, devem ser observadas as particularidades da
pessoa com deficiência e providos os meios para o seu aprendizado,
por intermédio dos recursos humanos, físicos e instrucionais.
Também houve a instituição do Plano Nacional de Formação
Profissional (PLANFOR) que estabeleceu a organização dos meios
de formação, para proporcionar condições de uma profissionalização
apropriada, além de entender como necessário o andamento dessa
formação em sintonia com as evoluções sociais e econômicas.
(BRASIL,1999)
Um ambiente de trabalho inclusivo implica tratar os colaboradores de
forma igualitária, com a mesma consideração, onde todos têm direitos e
deveres. Dessa forma a presença da pessoa com deficiência contribui na
criação de novos valores e conceitos, combatendo preconceitos e
reconhecendo a igualdade, inspirando os outros colaboradores, humanizando a
instituição e elevando a qualidade de vida, consequentemente a sua
performance dentro da empresa.
De acordo com a presente pesquisa o Serviço Social realiza seu
trabalho na questão social e suas competências previstas em leis.
Objetivando realizar reflexões e questionamentos, sobre a temática dos
desafios da inclusão da Pessoa com Deficiência no mercado de trabalho, e
estabelecer o papel do Assistente Social nesse processo. Abordamos o
contexto histórico e social com dados inerentes ao tema, conceituando
deficiência e tipos de deficiência, a relevância do assunto, nos proporcionaram
questionamentos sobre o papel da sociedade e de políticas públicas para o
enfrentamento da problemática que envolve a questão da inclusão, que é
oportunidades iguais. Enfatizamos a necessidade de qualificação em
consonância com o mercado de trabalho, para o atendimento das demandas
das atividades laborativas, com objetivo de identificar habilidades e
potencialidades para o desenvolvimento da PCD e uma efetiva colocação no
mercado, tendo em vista o caráter inclusivo, observando-os como sujeitos
produtivos.
Para realização da presente pesquisa foi compilado pesquisas
bibliográficas envolvendo algumas fontes, como livros, artigos de periódicos
acadêmicos e legislação. Foi realizado levantamento bibliográfico de fontes
relevantes sobre a inclusão da Pessoa com Deficiência no mercado de trabalho
e a contribuição do serviço social para essa problemática
No contexto histórico da Pessoa com Deficiência, que vai desde a
antiguidade até os dias atuais, percebemos que a questão da deficiência não é
um assunto apenas da atualidade, mais de uma história permeada em
preconceitos, discriminações e misticismos perpetuando uma cultura de
exclusão social.
A evolução humana permitiu que algumas concepções fossem
superadas, mas ainda vigora o preconceito e a desvalorização da Pessoa com
Deficiência, permanecendo o pressuposto da incapacidade laborativa desses
indivíduos, estabelecendo assim práticas assistencialistas para o seu sustento.
Diante da pesquisa realizada sobre Inclusão da Pessoa com Deficiência
no mercado de trabalho averiguamos que a temática não deve ficar
despercebidas de governo e sociedade, visto que a deficiência pode ser
apresentada de forma física, auditiva, mental e múltipla.
A Inclusão da PCD no mercado de trabalho não deve ser resolvida,
apenas na perspectiva do cumprimento da lei de cotas entre outras do
ordenamento jurídico. Estado e sociedade necessitam proverem a Pessoa com
Deficiência de acordo com suas condições pessoais, oportunidades iguais das
pessoas que não tem deficiência.
Reflexões sobre a construção de uma sociedade inclusiva necessitam
de elaboração e realização de políticas públicas, não somente em face da
Pessoa com Deficiência, mas para a sociedade como um todo, pois pressupõe
o respeito e a valorização das diferenças, e acima de tudo que todos são
cidadãos e tem direito a dignidade; portanto percebemos a importância sobre a
elaboração e implementação de políticas públicas que viabilizem soluções
específicas para as necessidades da sociedade.
Os dispositivos normativos pesquisados demostram que a lei de cotas
implantada no Brasil está em concordância com a Constituição e em sintonia
com as leis internacionais. Embora o numerário de leis seja vasto e com
fiscalização, as mudanças são lentas e dependem de transformações culturais
e atitudinais, perpetuados ao longo da história, relacionados de forma
contundente as condições sócios culturais. É necessário que as empresas
percebam que a contratação da Pessoa com Deficiência vai além da obrigação
legal.
O estado deve se responsabilizar pela politica social adotada, e gerir
recursos de forma a viabilizar a efetivação das leis, de forma a assegurar os
direitos fundamentais, como o direito a igualdade, a habilitação profissional, a
reabilitação, a saúde e a não discriminação, para que a pessoa com deficiência
possa ter independência e autonomia na escolha e desenvolvimento de sua
atividade profissional e alcançar a cidadania.
Tendo em vista o panorama apresentado, entendemos que a inclusão da
Pessoa com Deficiência no mercado de trabalho, vai além do valor capital, mas
da promoção da dignidade humana, da reintegração e da possibilidade dessa
população ser atuante na sociedade.
A evolução profissional colabora de forma efetiva na construção da
nossa identidade, facilita a interação social.
Este trabalho não produz considerações conclusivas, em razão de o
assunto PCD ser complexo. Considerando que nos foi permitido ampliar a
compreensão acadêmica e profissional sobre o assunto, com o propósito de
promover debates e reflexões para a problemática com a intenção de auxiliar
na conscientização da sociedade como um todo. A fim de possibilitar
profissionalização da Pessoa com Deficiência e promover com o estudo,
atualização e reavaliação sobre as referências e concepções que
fundamentam os conceitos sobre as Pessoas com Deficiência, bem como
ampliar informações e esclarecimento, no sentido de modificar atitudes que
geram exclusão. Evidencia-se a importância dos empresários de oportunizar
trabalho as PCDs, pelo fato dessa população possuir capacidade de contribuir
no crescimento das empresas. Ressaltamos sobre a necessidade de novos
estudos como objetivo de ampliar a análise aqui realizada.

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