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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

ESCOLA GUIGNARD

PROJETO DE EXTENSÃO

Corpo-eu
Oficina de artes visuais participante do projeto “Desembola na Ideia”

Projeto apresentado ao Programa


de apoio a projetos de extensão
da UEMG - PAEx/UEMG
Edital No 01/2020

Belo Horizonte, março 2020


Sumário

Objetivos.............................................................................................................3
Público Alvo.......................................................................................................3
Justificativa e relevância social.......................................................................4
Metodologia........................................................................................................5
Resultados esperados.......................................................................................6
Plano de trabalho d aluno bolsista.................................................................6
Cronograma........................................................................................................7
Referências.........................................................................................................7

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Objetivo principal

● Elaborar e realizar oficina semanal de artes visuais aos adolescentes


participantes do projeto ​Desembola na Ideia.

Objetivos específicos

● Elaborar metodologia de trabalho, específica da oficina, a partir da


vivência em ateliê com os adolescentes.
● Realizar estudo de bibliografia pertinente e participar de reuniões
semanais com a equipe completa, levando em conta a peculiaridade do
projeto.
● Adotar a cooperação como método de trabalho adequado para o
enfrentamento das complexidades que se apresentam no decorrer da
oficina, criando, através da partilha de experiências e competências, um
modo de atuação que propicie o compartilhamento de conhecimentos
entre equipe, oficineiros e adolescentes.
● Apresentar o projeto aos alunos da Escola Guignard, por meio da
realização de uma mesa redonda com membros da equipe do projeto,
proporcionando reflexões sobre novos contextos para a prática das artes
visuais.

Público Alvo

Desembola na Ideia é um projeto que combina atenção psicossocial e


arte na promoção dos direitos, inserção nos espaços de sociabilidade,
acompanhamento psicanalítico e intervenções artístico-culturais na cidade para
adolescentes em situação de vulnerabilidade social e psíquica, com dificuldade
de aderir a outros projetos e atividades. É realizado pela Agência de Iniciativa
Cidadã (AIC), com recursos do Fundo da Infância e da Adolescência de BH, e
cooperação com o Plug Minas e a Secretaria de Estado de Educação de Minas
Gerais.
Além dos atendimentos com os psicanalistas da equipe, os adolescentes
encontram no ​Desembola na ideia, o ​ ficinas de artes visuais, dança, culinária,
música, capoeira, artes marciais, artes do espaço e da vestimenta, todas elas
com um papel fundamental em todo o processo, uma vez que voltam a atenção
a outras possibilidades de estar no mundo com protagonismo.

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A adolescência é um período bastante conturbado da vida, momento de
transição em que nos reorganizamos em relação ao nosso próprio corpo, aos
nossos sentimentos, à nossa família e a nossa participação no mundo.
Reorganizamos também as relações com os espaços que ocupamos e com as
pessoas com quem convivemos. Os adolescentes participantes do projeto,
marcados desde a infância pelo desamparo e pelo abandono, chegam a esse
período da vida com uma estrutura psíquica precária, resultado de recorrentes
frustrações, abusos, violência, e faltas, no plano dos direitos e dos afetos.
Devido a esses fatores, ocupam um lugar social extremamente vulnerável, o
que os conduz a comportamentos de risco, como abuso de drogas, a
participação no tráfico e outros atos transgressivos, à procura de saídas para
os impasses dessa fase de transição tão delicada. A busca ansiosa pelo
escape à miséria muitas vezes custa caro, podendo levá-los a sistemas de
reclusão, a doenças graves, a perdas físicas ou à morte precoce.

Justificativa e relevância social

A proposta de oferecer oficina de artes visuais no projeto ​Desembola na


Ideia s​ e justifica pela necessidade da criação de um espaço físico e afetivo, no
qual os adolescentes sejam acolhidos e chamados a participar de um processo
de criação artística e construção de uma nova perspectiva a respeito de si
mesmos e de seus cotidianos.
Os trabalhos da oficina tentam um deslocamento, mesmo que pequeno,
nos modos de olhar e agir dos participantes frente às situações que se
apresentam nas oficinas. “O oficineiro é um propositor de ações, um ativador
de experiências, cuja estética sensorial (e relacional) se enlaça na ação do
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outro” . Assim, o enlace, na oficina se ativa a partir da fala, do corpo, dos
gestos, dos sons. Na maioria das vezes, o acaso é um fator determinante para
que a troca entre o oficineiro e os adolescentes aconteça e pode vir em forma
de uma questão trazida por eles de casa ou da rua. A atenção a esse tipo de
detalhe pode sugerir o início de uma conversa em grupo ou um tema para o
desenvolvimento de um trabalho na cozinha, na horta/jardim, no espaço
arquitetônico, na sala de dança, nos ateliers.
A oficina de artes visuais a ser oferecida no ​Desembola na Ideia possui
evidente relevância social, tendo em vista que lida com os desafios de oferecer
um campo aberto de escuta e exploração para que a expressividade desses
adolescentes em situação de vulnerabilidade social encontre um espaço de
acolhimento.

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GRECO, Musso (org.). Fazer Caput. Belo Horizonte: Redeversa, 2018.

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“O adolescente é, basicamente, alguém que precisa ser visto e ouvido.
Os comportamentos de risco dos jovens devem ser abordados a partir de suas
realidades menos visíveis, mais íntimas”. Com esta frase, dita na palestra
Adolescente, saúde mental e uso abusivo de drogas: Um convite para
desembolar as ideias, ​o psiquiatra Musso Greco, coordenador do projeto,
resume em poucas palavras o eixo central que interliga todas as atividades do
mesmo: A escuta.
Assim, o desenvolvimento da metodologia para a oficina de arte desse
projeto de extensão não segue uma abordagem convencional, tendo em vista
que atende adolescentes em situação de risco, com dificuldades de adaptação
em outros projetos. Nesse sentido, pretende-se abordar as possibilidades de
trabalho com o corpo, considerando-o como espaço de potência e processo,
seja através da representação do mesmo em desenho, pintura e modelagem,
bem como em atividades que lidem diretamente com o movimento, ritmo e
força, como performance, pintura gestual e manipulação de argila. A intenção
aqui passa também pela possibilidade de trabalhar com o que temos (alguns
materiais e nosso próprio corpo), a partir do que não vemos (sensações,
angústias, emoções), elementos impossíveis de serem representados. Pensar
o corpo como instrumento da arte e agente de alguma transformação é
fundamental para esses adolescentes, há neles uma necessidade premente de
construção de uma identidade que os conduza a caminhos diferentes dos já
traçados e previstos. “(...)Viabilizaríamos a possibilidade de criar um corpo –
2
um corpo-eu, um corpo-obra, um corpo-nome” .

Metodologia

Este projeto consiste em algumas etapas de trabalho associadas ao


projeto ​Desembola na Ideia.​ A primeira envolve a elaboração e a realização da
oficina de artes visuais propriamente dita. A escuta e a observação serão
elementos primordiais para as decisões a se tomar em relação à escolha de
materiais (tintas, lápis, entre outros) e à condução das atividades de cada
semana.
A segunda envolve o registro das atividades realizadas nas oficinas e a
elaboração de uma metodologia de trabalho definida a partir dessas vivências
com os adolescentes no intuito de facilitar o trabalho junto aos mesmos,
respeitando suas peculiaridades.
A terceira é a participação ativa nas reuniões de equipe, compostas
pelos funcionários, psicanalistas, estagiários e artistas oficineiros e
coordenador, que proporcionam o compartilhamento de conhecimentos e

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GRECO, Musso (org.). Fazer Caput. Belo Horizonte: Redeversa, 2018.

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experiências com a finalidade de ativar a reflexão e a prática colaborativa como
método de trabalho.
A quarta envolve o conhecimento e aprofundamento nas questões do
projeto e suas particularidades, a partir da leitura de bibliografia indicada ou
produzida pela equipe, ou referentes às técnicas artísticas adotadas, com o
objetivo de suporte ao trabalho na oficina
A quinta pretende levar o conhecimento de todo o projeto aos alunos da
Escola Guignard, a partir de uma conversa em mesa redonda sobre o dia a dia
do projeto, suas implicações sociais e sua integração com a prática artística.
A sexta é a elaboração de um texto final a partir dos registros cotidianos
do bolsista, com o intuito de incentivar a reflexão a respeito de todo o trabalho
executado.
A realização do Projeto envolve o trabalho do professor orientador e de
um bolsista na sede do projeto ​Desembola na Ideia (​ Rua David Campista, 247,
Bairro Floresta, Belo Horizonte, MG) e na Escola Guignard, onde serão
marcadas as reuniões de acompanhamento.

Resultados esperados

Os resultados esperados em relação ao público-alvo se ligam a


questões subjetivas e individuais, às particularidades de cada adolescente,
cada olhar, cada corpo que chega com diferentes marcas, necessidades,
posturas, humores, histórias. Pretende-se uma escuta afetiva que seja capaz
de valorizar cada saber-fazer pessoal e o traga à luz da apreciação coletiva,
transformando-o em potência de trabalho nas oficinas. Dada a vulnerabilidade
social do público jovem atendido pelo projeto ​Desembola na Ideia​, o impacto
social desse resultado é considerável.
No que tange ao bolsista, o resultado esperado inclui experiências como
propositor de atividades que partam da escuta e da atenção às necessidades
dos participantes das oficinas, assim como cooperação com profissionais de
diversas áreas participantes do projeto, e desenvolvimento de metodologia de
trabalho a partir das vivências, reuniões e leituras. Assim, o bolsista será
cercado de apoio para desenvolver um trabalho voltado para as necessidades
dos participantes das oficinas, de maneira que desperte nele a iniciativa para o
trabalho cooperativo, aliado à pesquisa e à sensibilidade para o contexto local
de vulnerabilidade social dos jovens. O resultado final inclui o texto escrito a
partir de registros cotidianos e estudos ao longo do ano.
Em relação à Escola Guignard, Espera-se criar um momento de
reflexão, juntamente com os alunos dos cursos de Artes Plásticas -

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Licenciatura e Bacharelado - acerca das possibilidades de atuação profissional
do artista visual. A apresentação do projeto e de seus modos de integração
com a arte pretende instigar o aluno a conhecer novos contextos para a prática
artística e ampliar seu campo de pesquisa e ação, em busca de novos
caminhos profissionais.

Plano de trabalho do aluno bolsista

Durante a vigência do projeto de extensão, o aluno bolsista poderá participar


de todas as fases que compreendem a execução do mesmo, desde a
elaboração das questões que fundamentam a escolha das propostas a serem
levadas aos ateliers, até a criação das atividades propriamente ditas e
implementação das oficinas, acompanhado do professor orientador, sempre
com o apoio da equipe e dos estudos bibliográficos necessários, sendo
estimulado a fazer anotação e registro dos acontecimentos e impressões
relevantes.O bolsista fará parte integralmente do projeto ​Desembola na Ideia.​
Assim, as atividades do bolsista consistem em:
● Participação, juntamente com o orientador, na elaboração das propostas
da oficina de artes visuais.
● Participação semanal, juntamente com o orientador, na oficina de artes
visuais.
● Redação de um diário sobre a oficina de artes visuais..
● Reuniões semanais com a equipe completa.
● Reuniões quinzenais com o orientador.
● Leitura de material bibliográfico acerca do tema arte-psicanalise, bem
como dos textos produzidos pelos psicanalistas e artistas participantes
do projeto, assim como de textos relativos às técnicas artísticas, sempre
que for necessário.
● Participação, juntamente com o orientador, na organização e realização
da mesa redonda na Escola Guignard.
● Elaboração de um texto final, relato reflexivo da experiência durante a
participação no projeto.
● Redação do relatório final.

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Cronograma

Atividades por 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
mês (2018- 2019)
Oferecer oficinas X X X X X X X X X X X X
semanais
Organização e X X X X X X
realização da
mesa redonda
Elaboração das X X X X X X X X X X X X
propostas da
oficina
Reuniões com a X X X X X X X X X X X X
equipe
Manutenção de X X X X X X X X X X X X
anotações sobre
as oficinas
Reuniões do X X X X X X X X X X X X
bolsista com o
orientador
Leituras de apoio X X X X X X X X X X X
Elaboração de X X X
um texto final
Redação do X
relatório final

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Referências bibliográficas

ADAUTO, Novaes (org.). O olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
BACHELARD, Gaston. A Poética do Espaço. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
BARBOSA, Ana Mae. Teoria e Prática da Educação Artística. São Paulo, 1995.
DERDYK, Edith. Linha de costura. Belo Horizonte C arte, 2010.
DERDYK, Edith. O Desenho da Figura Humana. São Paulo: Scipion, 1990.
DEXTER, Emma. Vitamin D New Perspectives in drawing. New York: Phaidon
Press limited, 2005.
FIGUEIREDO, Ana Cristina. Oficinas Terapêuticas em Saúde Mental - Sujeito,
Podução e Cidadania. Rio de Janeiro: Contracapa, 2008
GLUSBERG, Jorge. A Arte da Performance. São Paulo: Editora Perspectiva,
1987.
GRANDINETTI, Letícia Crespo. O lugar é aqui e o tempo é agora: uma
investigação do desenho como registro do cotidiano. 2008. Dissertação
(Mestrado em Artes Plásticas), Pós- EBA UFMG. Orientadora: VENEROSO,
Maria do Carmo de Freitas.
GRECO, Musso (org.). Fazer Caput. Belo Horizonte: Redeversa, 2018.
GUERRA, Andrea. Oficinas em saúde mental: costuras entre o real,simbólico e
imaginário. Revista da associação Psicanalítica de Porto Alegre. Porto Alegre,
Vol. 1, n. 41- 42, jul. 2011/jun. 2012.

GUERRA, Andrea. Oficinas em saúde mental: costuras entre o real,simbólico e


imaginário. Revista da associação Psicanalítica de Porto Alegre. Porto Alegre,
Vol. 1, n. 41- 42, jul. 2011/jun. 2012.

GUERRA, Andrea; LIMA, Nadia; PINHEIRO, Maria do Carmo; SOARES,


Camila. Violência urbana, criminalidade e tráfico de drogas: uma discussão
psicanalítica acerca da adolescência. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v.
18, n. 2, p. 247-263, ago. 2012.

GUERRA, Andrea; LIMA, Nadia; PINHEIRO, Maria do Carmo; SOARES,


Camila. Violência urbana, criminalidade e tráfico de drogas: uma discussão
psicanalítica acerca da adolescência. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v.
18, n. 2, p. 247-263, ago. 2012.

MEDEIROS, Maria Beatriz et all (org). Tempo e Performance. Brasília: Editora


da Pós-graduação em arte da Universidade de Brasília, 2007.
RIVERA, Tania. Arte e Psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.

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RIVERA, Tania. O avesso do Imaginário - Arte Contemporânea e Psicanálise.
São Paulo: Cosac Naif, 2013.
RIVERA, Tania. Hélio Oiticica e a Arquitetura do Sujeito. Rio de Janeiro:
Editora da UFF, 2012.

SAFATLE, Vladimir. Circuito dos Afetos: Corpos políticos, Desamparo, Fim do


Indivíduo. São Paulo: Cosac Naify, 2015.

SCHWABSKY, Barry (org). Vitamin P New Perspectives in Painting. London;


New York: Phaidonpress, 2002.

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