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SUMÁRIO

1 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM NEUROLOGIA ................................. 4

1.1 Causas .................................................................................................... 16

1.2 Sinais e sintomas .................................................................................... 16

1.3 Diagnóstico.............................................................................................. 18

1.4 Tratamento .............................................................................................. 18

1.5 Recomendações ..................................................................................... 18

1.6 Observação importante ........................................................................... 19

2 MONITORIZAÇÃO NEUROLÓGICA INVASIVA - PRESSÃO


INTRACRANIANA .......................................................................................................... 19

2.1 Assistência de enfermagem na monitorização da PIC ............................ 21

2.2 Plano de cuidados de enfermagem humanizado na HIC ........................ 23

2.3 Monitorização neurológica não-invasiva.................................................. 26

2.4 Suporte Nutricional .................................................................................. 28

2.5 Suporte Ventilatório ................................................................................. 28

2.6 Escala de Coma de Glasgow .................................................................. 28

2.7 Doppler Transcraniano (DTC) ................................................................. 30

2.8 Eletroencefalograma Contínuo (EEG contínuo) ...................................... 31

2.9 Técnica de instalação do coletor na drenagem liquórica da HIC ao suporte


de soro 31

3 TECNOLOGIA E ENFERMAGEM ................................................................. 33

3.1 Exame físico neurológico ........................................................................ 36

3.2 Exame físico ............................................................................................ 37

3.3 Avaliando a função cerebral .................................................................... 37

3.4 Estado mental um histórico do estado começa pela observação: ........... 37


1
3.5 Função intelectual ................................................................................... 38

3.6 Conteúdo do Pensamento ....................................................................... 38

3.7 Estado emocional .................................................................................... 38

3.8 Percepção ............................................................................................... 38

3.9 Capacidade de linguagem ....................................................................... 38

3.10 Impacto sobre o estilo de vida.............................................................. 39

3.11 Atrofia ou movimentos involuntários .................................................... 39

4 CUIDADOS DE ENFERMAGEM À PACIENTES PORTADORES DE LESÃO


NEUROLÓGICA ............................................................................................................. 40

4.1 Prevenir escaras de decúbito .................................................................. 40

4.2 Manter proteção ocular............................................................................ 40

4.3 Avaliar o nível de consciência ................................................................. 41

4.4 Controle rigoroso do diâmetro pupilar ..................................................... 42

4.5 Manter decúbito elevado à 30 graus ....................................................... 42

4.6 Promover alinhamento tronco-cefálico, mantendo a cabeça centrada .... 42

4.7 Observar distúrbios gastrointestinais....................................................... 43

4.8 Executar balanço hídrico rigoroso ........................................................... 43

4.9 Acompanhar níveis séricos dos eletrólitos do paciente ........................... 43

4.10 Controle de sinais vitais periodicamente .............................................. 44

4.11 Promover ventilação adequada............................................................ 44

4.12 Observar queixas de cefaleia ............................................................... 45

4.13 Controle da pressão de perfusão cerebral (PPC) ................................ 45

4.14 Observar presença de déficit motor ..................................................... 45

4.15 Atentar para postura dos pés de pacientes inconscientes e/ ou


imobilizados 45

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4.16 Cuidados com pacientes em trauma raquimedular .............................. 46

4.17 Observação da extração cerebral de oxigênio (ECO²) ......................... 46

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 48

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1 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM NEUROLOGIA

Fonte: www.agenciaalagoas.al.gov.br

O cérebro sempre foi um órgão considerado diferente dos demais, não somente
por sua estrutura celular e seu aspecto únicos, mas pela produção da consciência, nosso
aspecto virtual e o que nos faz humanos.
E na antiguidade, acreditava-se que a consciência e alma residiam no fígado e no
coração, enquanto Aristóteles, famoso filósofo e naturalista grego, considerada o cérebro
um local para resfriamento do sangue vindo do coração e onde o espírito circulava
livremente, opinião que foi rebatida pelo famoso médico latino Galeno, no século II AD.
Mas na verdade, o conhecimento do cérebro somente começou a ocorrer no
Renascimento, lá pelos idos do século XVI, ou seja, bem recentemente.
O cérebro foi sendo estudado aos poucos, e, como todas as outras áreas do
conhecimento, sempre com ideias antes consideradas corretas sendo refutadas por
opiniões mais recentes. Diferente de um coração, que prontamente quando aberto
demonstra sua estrutura e funções, ou um rim, do mesmo modo que o coração, o cérebro
não é tão intuitivo assim, e seu denso arranjo celular não permite interpretações maiores
a olho nu. O estudo do cérebro, assim, desenvolveu-se no seu começo de forma
experimental, com opiniões mais arcaicas, antigas, sendo trazidas à luz de interpretações
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aparentes dos fenômenos neurais e de consciência, não necessariamente condizendo
com a realidade.
Como o passar do tempo e o avanço no conhecimento e na tecnologia, meios de
avaliação da função cerebral acabaram por se desenvolver, permitindo-nos visualizar o
cérebro funcionando, e desmistificando certas ideias a respeito de sua função. No
entanto, ainda muitas concepções provavelmente errôneas existem, e que não nos é
possível resolvê-las com a tecnologia que dispomos hoje.
Várias doenças neurológicas, até recentemente como o século passado, era
consideradas desordens psiquiátricas, do comportamento, e não uma doença orgânica
com alterações de neurotransmissores e estruturas cerebrais. Um exemplo disso são as
distonias, consideradas doenças comportamentais até, pelo menos, a década de 60 do
século passado, quando estudos fisiológicos e de imagem demonstraram que a distonia
é uma doença com substrato orgânico.
Ou seja, há ainda muito a descobrir, e o elo perdido ainda é longe de ser
alcançado. E o estudo dessa lenta mudança de paradigma nos demonstra como a ciência
tem avançado ao longo das décadas mais recentes.
O estudo da neurologia combinou-se, por um longo tempo, com o da psiquiatria,
até sua separação em meados do século XIX. É interessante ler a respeito das aulas de
neurologia das terças no La Salpétrière, comandadas pelo pai da neurologia, Jean-Martin
Charcot, ler sobre seus discípulos, e sobre como estes modificaram a visão da
neurologia, cada qual em suas respectivas subáreas de atuação.
E ainda hoje podemos observar uma certa similaridade entre as duas disciplinas,
com doenças neurológicas produzindo transtornos psiquiátricos, e doenças psiquiátricas
possuindo bases neurológicas e alterações de volume, estrutura e funções cerebrais. E
isso se deve unicamente ao fato de que a consciência, o comportamento, as emoções e
outras tantas funções do ego provêm do cérebro.
A neurociência, subespecialidade mais nova da neurologia, abre portar para
entendermos mais sobre nós mesmos, nosso comportamento, nosso afeto e emoções,
nosso meio de pensar e nossos modos de agir, e nos ajuda a conectar as lesões
estruturais com a anormalidades "da alma". E isso, este estudo, não acabou, ainda está

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engatinhando, e isso é maravilhoso, pois estamos somente no começo de uma estrada
enorme, cheia de caminhos, e de destinos.

Fonte: www.pamiclinic.com

O cérebro ainda é a última fronteira, mas para desvencilharmos esse paraíso


perdido à nossa frente, precisamos olhar para trás, e lembrar daqueles que começaram
o seu estudo.
A neurologia surgiu durante a segunda metade do século XIX, em Paris, França,
com os professores do hospital universitário de Salpêtrière, os Doutores: Charcot, Pierre
Marie e Joseph Babinski.
A neurologia no Brasil teve contribuição fundamental dos mestres e pesquisadores
desta escola francesa, e do considerado "pai da Neurologia no Brasil" o Doutor Antonio
Austregesilo Rodrigues de Lima que em sua época dedicou seus estudos a histeria.
A disciplina de Doenças Nervosas e Mentais foi criada em 1882 de acordo com o
decreto nº 3.141, e foi fundamental para dar início aos assuntos de neurologia e
psiquiatria, cujas quais na época eram praticadas de forma simultânea.
Em meados de 1902 foi criado a primeira escola de neurologia no Brasil, e essas
foram modernizadas nos governos de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. A época
moderna da Neurologia aqui no Brasil teve como característica a renovação das bases
curriculares do ensino superior e a criação de departamentos de diversas áreas da
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medicina. Outro marco da neurologia moderna foi a fundação da Associação Brasileira
de Neurologia (ABN) no Rio de Janeiro em maio de 1962. Entre os marcos pós modernos
temos a criação de grupos de trabalhos e de departamentos científicos especializados
em diferentes áreas da neurologia.
A evolução da área médica brasileira resultou em inúmeros benefícios para nosso
país em mérito de conhecimentos científicos. Atualmente a neurologia é o resultado de
uma trajetória longa, onde houve a contribuição de cientistas de diversos países, sendo
esses pesquisadores médicos ou de outras áreas. É importante ressaltar que os diversos
pesquisadores brasileiros ao longo de toda a história da neurologia contribuíram para a
concretização da área e consolidação dos conhecimentos em nosso território
beneficiando esta e as próximas gerações.
O cuidar é a essência da profissão de Enfermagem e do qual derivam todas as
funções. Ademais, a Enfermagem, na vertente da ciência, precisa utilizar referenciais
teóricos e metodológicos específicos para guiar os cuidados prestados na sua prática
clínica. Nesse sentido, a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é um
método de trabalho que promove uma assistência de qualidade, voltada para atender as
necessidades reais e/ou potenciais dos indivíduos, sendo um instrumento importante
para orientar a tomada de decisão. Nessas bases, permite à equipe de enfermagem
desenvolver o Processo de Enfermagem (PE), uma atribuição obrigatória e privativa do
enfermeiro, organizada em etapas interdependentes, sendo elas: histórico de
enfermagem (composto por anamnese e exame físico), diagnósticos de enfermagem,
prescrição e implementação dos cuidados, avaliação e registro das atividades realizadas.
A Sistematização de Assistência de Enfermagem (SAE) é um método científico e
universal oferece assistência integral ao paciente, reconhecido dentro das teorias de
enfermagem. Trata-se de um processo sistematizado dos cuidados de enfermagem, que
desde 1950 vem evoluindo á pratica da enfermagem no tratamento dos clientes
hospitalizados, sendo coadjuvante junto às prescrições médicas no prontuário,
abordando respostas sendo típico de cada situação, da família ou dos grupos, para
obtenção de resultados positivos.
Na resolução do COFEN 272/2002 sobre a SAE – nas Instituições de Saúde
Brasileiras, destaca-se como atividade privativa do enfermeiro que utiliza método e
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estratégia de trabalho científico para a identificação das situações de saúde/doença,
subsidiando ações de assistência de enfermagem que possam contribuir para a
promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e
comunidade.
Por meio de protocolos, o enfermeiro é amparado em prescrever ordenadamente
as intervenções de enfermagem apropriadas aos clientes, e que possibilita recuperação
eficaz nos aspectos físicos, psicológicos e sociais. Com isso, o enfermeiro se torna
indispensável no planejamento, no diagnóstico, na programação e na avaliação dos
cuidados, a fim de concretizar o trabalho em equipe, satisfazendo em âmbito pessoal,
profissional e hospitalar.
A Sistematização de Assistência de Enfermagem é a organização e execução do
processo de enfermagem, com visão holística, e é composta por etapas inter-
relacionadas, segundo a Lei 7498, de 25/06/86 (Lei do exercício Profissional). É a
essência da pratica de enfermagem, instrumento e metodologia da profissão, e como tal
ajuda o enfermeiro a tomar decisões, prever e avaliar consequências.
O paciente portador de esclerose múltipla pode apresentar complicações de saúde
graves e até mesmo ir a óbito. Isso devido o tratamento inadequado, sendo que uma das
causas é a ausência da SAE no ambiente hospitalar. A preocupação é que a falta de
prescrição dos cuidados de enfermagem para o paciente, perde-se a organização de uma
assistência integral e humanizada.
A realização da SAE gera benefícios às três esferas envolvidas no cuidado: ao
paciente, à instituição de saúde e à profissão. O benefício para o paciente está na
qualidade da assistência prestada pela equipe de enfermagem; para a instituição o
benefício está na organização do processo de trabalho, que permite o uso de ferramentas
que facilitam os controles internos, além de promover o alcance das metas de qualidade
estabelecidas; já para a profissão, o benefício está na valorização da mesma, pois
permite ao enfermeiro desenvolver seu potencial intelectual, tomar decisões assertivas e
estabelecer parâmetros assistenciais, conferindo autonomia e respaldo profissional.

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Fonte: www.patriciafinotti.com.br

Para o desenvolvimento da SAE, o enfermeiro lança mão de ferramentas que o


auxiliam na condução deste processo de cuidado. Assim, as linguagens padronizadas
têm como objetivo melhorar a comunicação entre profissionais, otimizando o tempo
utilizado para a elaboração de diagnósticos e de intervenções de enfermagem.
Entre as linguagens padronizadas utilizadas pela enfermagem, encontram-se a
classificação de diagnósticos de enfermagem da North American Nursing Diagnosis
Association Internacional (NANDA-I) e a classificação de intervenções de enfermagem
da Nursing Interventions Classification (NIC).
No que se refere à organização, tanto a classificação da NANDA-I quanto da NIC
estão compostas por domínios e classes, dos quais emergem os diagnósticos de
enfermagem (DE) e as intervenções de enfermagem (IE), respectivamente.
Qualidade na assistência à saúde pode ser definida como o grau de conformidade
dos itens avaliados com padrões e critérios pré-estabelecidos, os quais podem ser
mensurados por meio de indicadores desenvolvidos especificamente para este fim. O uso
destes indicadores deve ser coerente e, para tanto, é necessário que se adote padrões
de qualidade adequados para o cuidado.
A qualidade deve ser compreendida como um parâmetro de avaliação, sem o qual
o serviço pelas instituições de saúde estaria fortemente comprometido. Neste contexto,
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a tarefa de avaliação do funcionamento dos serviços de saúde é a de investigar,
estabelecer e aperfeiçoar os conceitos de qualidade, assim como a de fomentar o
desenvolvimento de padrões mais elevados de atendimento.
Na década de 1930 foi descrito recomendações para boas práticas nos cuidados
assistenciais. Na década de 1960, o precursor da qualidade em saúde, desenvolveu uma
taxonomia básica para a mensuração da qualidade da assistência à saúde que divide as
medidas da qualidade em estrutura, processo e desfecho.
Uma maneira para avaliação da qualidade de práticas assistenciais é a construção
de indicadores clínicos, que constituem medidas quantitativas de resultados desejáveis
ou indesejáveis de um dado processo ou sistema, medidos de forma contínua ou
periódica, para que se verifique o alcance dos objetivos. Os indicadores de qualidade
podem ser definidos como medidas quantitativas que refletem e medem a qualidade dos
cuidados profissionais prestados, monitoram e quantificam os resultados obtidos.
A avaliação dos serviços de saúde deve necessariamente passar pela análise de
indicadores e quando focalizada na utilização destes, no âmbito da enfermagem
hospitalar verifica-se que é necessário definir indicadores que avaliam a qualidade da
assistência. Sempre foi um desafio que está ligado à necessidade de disponibilizar para
os enfermeiros indicadores que sejam por eles validados.
O conhecimento do enfermeiro acerca das disfunções neurológicas auxilia na
identificação de diagnósticos de enfermagem mais acurados, na determinação dos
resultados esperados, no planejamento das intervenções prescritas e na reavaliação dos
resultados obtidos, possibilitando o melhor direcionamento da assistência de
enfermagem prestada.

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Fonte: www.hospitalsantacatarina.org.br

A monitorização neurológica é uma avaliação e acompanhamento de dados


fornecidos por aparelhagem técnica das alterações do sistema nervoso e é a Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) o local destinado para este tipo de monitorização. Estas unidades
possuem espaço físico específico, recursos humanos especializados e instrumentais
tecnológicos avançados que permitem o melhor controle de pacientes com alterações
neurológicas.
O maior desenvolvimento das UTIs em hospitais gerais ocorreu a partir da década
de 1960, com consequente desenvolvimento de tecnologias e aumento da disponibilidade
de aparelhos para medir, monitorar e regular os sistemas orgânicos. Em nosso país, as
primeiras UTIs foram instaladas na década de 70 com a finalidade de centralizar
pacientes graves recuperáveis em uma área hospitalar com recursos direcionados ao
cuidado desses pacientes.
Como consequência, a equipe de saúde responsável por estas unidades
necessitou adequar-se a este ambiente onde recursos tecnológicos e procedimentos
sofisticados passaram a ser amplamente utilizados para reverter distúrbios que podem
colocar em risco a vida do paciente. Muitos destes recursos tecnológicos são
empregados para realizar a monitorização neurológica.

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O objetivo da monitorização neurológica é a prevenção ou o diagnóstico precoce
dos eventos que podem desencadear lesões cerebrais secundárias ou agravar as lesões
existentes. O paciente neurológico exige percepção aguda e acompanhamento vigilante
da parte da enfermagem.
Dentro deste contexto, cabe ao enfermeiro conhecer as alterações que podem
ocorrer em seu paciente para poder agir corretamente, pois grande parte da assistência
de enfermagem baseia-se em observação constante e avaliação correta. A avaliação de
enfermagem da condição neurológica incorpora o monitoramento do nível de
consciência, a reação pupilar, as funções motoras e a observação dos sinais vitais, entre
outros. A atuação da enfermagem em uma UTI deve estar voltada para a detecção
precoce de alterações hemodinâmicas e neurológicas. Além da instalação de medidas
preventivas que objetivam o controle do edema cerebral e da hipertensão intracraniana,
e necessária utilização de medidas que reduzam o risco de ocorrência de sequelas
comumente observadas nesses doentes.
Monitorização neurológica não-invasiva Na assistência de enfermagem aos
pacientes com distúrbios neurológicos, destaca-se a avaliação do nível de consciência.
A presença de posturas motoras anômalas de decorticação (flexão de membros
superiores e extensão de membros inferiores) e descerebração (extensão de membros
superiores e inferiores) indica progressiva lesão de tronco. Estes sinais aparecem
tardiamente.
Os itens de avaliação incluem o nível de consciência, parâmetro importantíssimo
no acompanhamento da evolução do paciente; a verificação da função motora através
de: observação dos movimentos espontâneos do paciente; observação da resposta
motora, resposta ao comando verbal, observação da fala, tipo de fala; postura (flexão,
extensão ou rotação dos membros). Outras avaliações incluem o exame pupilar, incluindo
tamanho e simetria (comparação do lado D e E), foto reação e simetria. A agitação
também é um item de avaliação, porque às vezes, a inquietação indica melhora do quadro
do paciente (recuperação de sua consciência). Entretanto, ela poderá ser também
resultado de má oxigenação cerebral. Ter-se á o cuidado de manter elevadas as grades
do leito e proteger o paciente contra superfícies duras, acolchoando-as. As contensões
no leito serão, na medida do possível, evitadas, pois deverão aumentar a agitação. Caso
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o paciente tente retirar cateteres, será necessário enluvar suas mãos com ataduras de
crepom. A sedação exagerada será evitada, pois impedirá a avaliação do nível de
consciência.
A contratura muscular ocorre quando o músculo contrai de maneira incorreta e não
volta ao seu estado normal de relaxamento. As contraturas podem acontecer em diversas
partes do corpo, como pescoço, cervical ou coxa por exemplo, e podem ocorrer depois
de praticar um exercício muito forte, uma noite mal dormida ou por excesso de tensão no
corpo causada pelo excesso de estresse e de preocupações.
A contratura causa dor, desconforto e muitas vezes limita os movimentos, podendo
ser na maioria dos casos facilmente sentida quando se coloca a mão sobre o músculo e
nota-se uma parte mais dolorida e rija. Esse tipo de lesão muscular é muito comum em
quem passa muito tempo trabalhando em escritórios na mesma posição por muito tempo
e, geralmente, não pratica nenhuma atividade física de forma regular.
A contraturas musculares devem ser observadas e registradas, a intensidade da
contratura (pequena, média, ou grande) e a duração da mesma. Os tremores são mais
comuns nas mãos, porém podem ser notados também na face e nos membros inferiores.
Cefaleia, ou “dor de cabeça” como popularmente é conhecida, constitui problema
frequente na população em geral, sendo uma das causas mais comuns de busca de
atendimento médico. Ela pode ocorrer isoladamente como manifestações de um
complexo sintomático agudo, como a enxaqueca (cefaleias primárias), ou pode fazer
parte de uma doença em desenvolvimento, como infecções, neoplasia cerebral ou
sangramentos intracranianos (cefaleias secundárias).
Estima-se que cerca de 90% da população mundial já apresentou ou irá apresentar
um episódio de cefaleia ao longo da vida. Assim, é necessária uma avaliação completa
e sistemática das dores de cabeça, de preferência por um médico cefaliatra
(neurologistas especializados no tratamento das dores de cabeça).
As cefaleias primárias não apresentam uma causa especifica, podendo a mesma
ser de natureza multifatorial e de caráter hereditário, ao contrário das cefaleias
secundárias, que apresentam uma causa patológica evidente. As dores de cabeça
podem se manifestar de modo súbito, subagudo ou crônico.

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Fonte: www.blogpilates.com.br

As cefaleias de início agudo ou súbito geralmente constituem manifestação de


uma patologia intracraniana como hemorragia subaracnóide ou de outras doenças
cerebrovasculares ou infecciosas (meningites / encefalites). Todavia, elas também
podem ocorrer após punção lombar (procedimento médico especializado para
diagnóstico de enfermidades neurológicas) ou mesmo durante manobras fisiológicas que
possam aumentar a pressão intra abdominal e consequentemente a intracraniana, como
exercícios físicos intensos e relações sexuais.
Àquelas de manifestação subaguda, podem ser resultantes de enfermidades
inflamatórias do tecido conjuntivo, como artrite de células gigantes, ou mesmo de
processos tumorais intracranianos (tumores, abscessos cerebrais, metástases cerebrais,
hematomas subdurais), além de hipertensão intracraniana benigna (pseudotumor
cerebral), neuralgia do trigêmeo/ glossofaríngeo e crise hipertensiva.
As cefaleias crônicas, geralmente são de natureza primária. São resultantes, na
maioria das vezes, das enxaquecas, cefaleias tensionais e cefaleias em salvas.
O diagnóstico é baseado na compreensão da fisiopatologia das dores de cabeça,
na obtenção de uma história clínica e realização de um exame físico e neurológico
cuidadoso e completos, afim de formular um diagnóstico diferencial. Dependendo do
caso, geralmente naquelas de caráter secundário, pode ser necessário exames
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subsidiários, como estudo radiológico funcional da coluna, tomografia e/ou ressonância
magnética de crânio, eletroencefalograma, exames laboratoriais com análise do líquor e
sangue, além de biópsia de artéria temporal, afim de melhor estabelecer o diagnóstico.
Todavia, o diagnóstico das cefaleias e dores faciais é eminentemente clínico.
O reconhecimento de fatores precipitantes pode ajudar no estabelecimento do
diagnóstico da cefaleia, um exemplo bem típico é o desencadeamento instantâneo de
crises de cefaleia em salvas após ingesta de álcool, ou àquelas desencadeadas por
consumo de queijos, vinhos (enxaqueca).
Algumas cefaleias podem ser acompanhadas de sintomas que antecedem a dor
propriamente dita, como alterações visuais de curta duração (aura visual), pontos
luminosos na visão (escotomas cintilantes), irritação, astenia, falta de apetite e
depressão.
A dor pode ser de característica pulsátil, latejante, pressão, aperto, fincadas,
ardência, lancinante, além de fraca, moderada, intensa, constante ou em salvas.
Também pode ser unilateral, bilateral, holocraniana (toda cabeça), frontal, retrocular,
occipital ou mesmo seguindo o padrão de distribuição das divisões do nervo trigêmeo na
face.
As dores de cabeça também podem se manifestar associadas à sintomatologia
autonômica (náuseas, vômitos, hiperemia ocular, lacrimejamento, obstrução nasal,
sensibilidade à luz e ao som) ou mesmo sistêmica, como perda de peso recente, febre,
mal estar, cansaço e inapetência, por exemplo.
O sintoma cefaleia deve ser investigado quanto à localização, característica
(constritiva, em pontada). Relacionar a presença de cefaleia com variações de PA e de
nível de consciência.
As convulsões são indício de alterações agudas no SNC. Devem ser observadas
quanto à hora de início e término, onde começaram os movimentos ou rigidez, tipo de
movimento da parte comprometida. Ainda deve ser observado a presença de sintomas
ou alterações como arritmias, problemas respiratórios, alterações no tamanho pupilar,
emissão de urina ou fezes durante a convulsão, alteração no nível de consciência.

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Convulsão é um distúrbio que se caracteriza pela contratura muscular involuntária
de todo o corpo ou de parte dele, provocada por aumento excessivo da atividade elétrica
em determinadas áreas cerebrais.
As convulsões podem ser de dois tipos: parciais, ou focais, quando apenas uma
parte do hemisfério cerebral é atingida por uma descarga de impulsos elétricos
desorganizados, ou generalizadas, quando os dois hemisférios cerebrais são afetados.
Emoções intensas, exercícios vigorosos, determinados ruídos, músicas, odores ou
luzes fortes podem funcionar como gatilhos das crises. Outras condições – febre alta,
falta de sono, menstruação e estresse – também podem facilitar a instalação de
convulsões, mas não são consideradas gatilhos.

1.1 Causas

Em alguns casos, não é possível identificar a causa da convulsão. Nos outros,


entre as causas prováveis, podemos destacar: 1) febre alta em crianças com menos de
cinco anos; 2) doenças como meningites, encefalites, tétano, tumores cerebrais, infecção
pelo HIV, epilepsia, etc; 3) traumas cranianos; 4) abstinência após uso prolongado de
álcool e de outras drogas, ou efeito colateral de alguns medicamentos; 5) distúrbios
metabólicos, como hipoglicemia, diabetes, insuficiência renal, etc; 6) falta de oxigenação
no cérebro.

1.2 Sinais e sintomas

Os sinais e sintomas dependem do tipo de convulsão, da região do cérebro


envolvida e da função que ela desempenha no organismo.

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Fonte: www.paraiba.com.br

Nas convulsões parciais, podem ou não ocorrer alterações do nível de consciência


associadas a sintomas psíquicos e sensoriais, como movimentos involuntários em
alguma parte do corpo, comprometimento das sensações de paladar, olfato, visão,
audição e da fala, alucinações, vertigens, delírios. Algumas vezes, essas manifestações
são leves e podem ser atribuídas a problemas psiquiátricos.
Existem diversos tipos de convulsões generalizadas. Os dois mais frequentes são
a crise de ausência, ou pequeno mal, e a convulsão tônico-clônica, ou grande mal.
No primeiro grupo, incluem-se as pessoas que, durante alguns segundos, ficam
com o olhar perdido, como se estivessem no mundo da lua, e não respondem quando
chamadas. Quando a ausência dura mais de dez segundos, o paciente pode manifestar
movimentos automáticos, como piscar de olhos e tremor dos lábios, por exemplo. Essas
crises chegam a ser tão breves que, às vezes, ele nem sequer se dá conta do que
aconteceu.
Já as convulsões tônico-clônicas estão associadas à perda súbita da consciência.
O quadro dura poucos minutos. Na fase tônica, todos os músculos dos braços, pernas e
tronco ficam endurecidos, contraídos e estendidos e a face adquire coloração azulada.
Em seguida, a pessoa entra na fase clônica e começa a sofrer contrações rítmicas,

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repetitivas e incontroláveis. Em ambas as situações, a saliva pode ser abundante e ficar
espumosa. Mordida pelos dentes, a língua pode sangrar.

1.3 Diagnóstico

Para efeito de diagnóstico e tratamento, ajuda muito observar as seguintes


características das convulsões;
a) durante a crise: duração (marcar o tempo no relógio); se braços e pernas se
contraem de um lado só ou dos dois lados; se olhos e boca ficam fechados ou abertos;
se a cor da face se torna azulada. Se a pessoa responde aos chamados ou permanece
inconsciente.
b) depois de as contrações musculares terem terminado: se a pessoa recupera a
consciência ou permanece sonolenta; se fala e responde a perguntas; se lembra o que
aconteceu; se a movimentação volta ao normal; se a dificuldade de movimentação se
concentra de um lado só do corpo.
Além desses registros, os seguintes exames são recursos importantes para
esclarecer as causas da convulsão e eleger o tratamento: eletroencefalograma,
tomografia computadorizada e ressonância magnética do crânio, análise do líquor e vídeo
eletroencefalograma.

1.4 Tratamento

O risco de novas crises diminui nos pacientes com convulsões provocadas por
álcool, drogas, pelo efeito colateral de alguns medicamentos e por distúrbios metabólicos,
quando são retiradas essas substâncias ou corrigido o problema orgânico. Nos outros
casos, existem vários medicamentos que devem ser indicados de acordo com o tipo de
convulsão para evitar a recorrência e assegurar o controle das crises.

1.5 Recomendações

Diante de um quadro de convulsão:


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 Deite a pessoa de lado para que não engasgue com a própria saliva ou vômito;
 Remova todos os objetos ao redor que ofereçam risco de machucá-la;
 Afrouxe-lhe as roupas;
 Erga o queixo para facilitar a passagem do ar;
 Não introduza nenhum objeto na boca nem tente puxar a língua para fora;
 Leve a pessoa a um serviço de saúde tão logo a convulsão tenha passado.

1.6 Observação importante

Convulsão não é sinônimo de epilepsia. Epilepsia é uma doença específica, que


predispõe a pessoa a convulsões, mesmo na ausência de problemas como febre alta,
pancadas na cabeça, derrames ou tumores cerebrais.

2 MONITORIZAÇÃO NEUROLÓGICA INVASIVA - PRESSÃO INTRACRANIANA

Fonte: www.blogdoneurocirurgiao.blogspot.com.br

Umas das grandes preocupações com os pacientes internados em UTI,


especialmente na Unidade de Neurologia, é a elevação da Pressão Intracraniana (PIC) e

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consequentemente, alteração do fluxo sanguíneo cerebral, avaliado através da Pressão
de Perfusão Cerebral (PPC) A PIC é usualmente conceituada como a pressão do líquido
cefalorraquidiano (LCR). A PIC pode variar de acordo com alterações na pressão arterial
sistêmica (PA sistêmica), na respiração, na posição determinada pelo paciente e também
pelo aumento do volume de um ou mais componentes cranianos.
A primeira medida da PIC ocorreu por volta de 1850 com introdução de punção
lombar. A monitorização foi introduzida por Guillaume & Janny, em 1951. Em 1960,
Lundberg propôs a utilização da monitorização da cavidade ventricular, por meio de um
cateter de polietileno acoplado a um transdutor de pressão. Adicionado aos parâmetros
clínicos, hemodinâmicos, respiratórios e metabólicos, a monitorização da PIC auxilia e
orienta a terapêutica dos pacientes neurológicos.
A PIC está diretamente relacionada ao volume no crânio. Uma elevação acima do
normal pode causar uma redução no fluxo sanguíneo, resultando em isquemia ou lesão
estrutural, decorrente de compressão ou atrito do tecido cerebral com o crânio, causando
complicações secundárias.
Em relação à monitorização, cabe ao enfermeiro muito mais do que habilidade em
manipular o sistema de monitorização, é importante que saiba utilizar a disponibilidade
da monitoragem para identificação dos níveis pressóricos e das ondas anormais a fim de
intervir rápida e efetivamente nos tratamentos que visam diminuir este evento, assim
como, adequar àqueles procedimentos de enfermagem que, por associação, podem
aumentar a hipertensão intracraniana.
A monitorização da PIC é o único método aceito indiscriminadamente como forma
para o diagnóstico seguro do aumento da pressão intracraniana, assim como para o
tratamento da HIC em algumas situações clínicas.
A monitorização do paciente neurológico grave na UTI consiste em identificar, por
meio do exame físico e dos equipamentos monitores invasivos sinais, que indiquem
hipertensão intracraniana e diminuição de perfusão cerebral, que se não forem revertidas
levam à morte cerebral.
A PIC pode ser medida diretamente por meio da introdução intracerebral (em um
dos ventrículos que contém líquido) de cateteres permeados com fluido ou de fibra óptica

20
ligados a transdutor e conectado ao um monitor na cabeceira do paciente, que permita
medidas contínuas da PIC e drenagem de LCR.
Os cateteres apresentam alto índice de infecção, variando na literatura entre 7% e
40%. A PIC deve ser mantida abaixo de 20 mmHg por meio de sedação com propofol ou
midazolan associados a fentanila, hiperventilação leve (pCO2 em torno de 35 mmHg),
uso de manitol (0,25-1,0 gr/kg) em bolus.
A PIC interfere com o Fluxo Sanguíneo Cerebral (FSC) por ser um determinante
da pressão de perfusão cerebral (PPC=PAM-PIC), sendo os valores normais acima de
70 mmHg.
A manutenção do FSC e PPC influencia na recuperação de pacientes internados
em unidades de terapia intensiva, mas não garante a apropriada oxigenação do tecido
nervoso. Deve-se, também, manter adequada concentração de oxigênio arterial (PaO2),
hematócrito e hemoglobina, além de considerar o diâmetro e tônus das artérias
encefálicas, que variam de acordo com o mecanismo de auto regulação da circulação
cerebral, que traduz a capacidade de aumento ou diminuição do FSC de acordo com o
aumento ou diminuição das necessidades metabólicas do cérebro e a manutenção do
fluxo, apesar da variação da PIC.

2.1 Assistência de enfermagem na monitorização da PIC

Fonte:www.saudeexperts.com.br
21
Como pré requisito para monitorização da PIC, o enfermeiro deve conhecer os
princípios da monitorização asséptica, neuroanatomia e neurofisiologia, bem como a
fisiopatologia da hipertensão intracraniana (HIC).
O pessoal de enfermagem para trabalhar em UTI deve levar em conta não
somente a competência técnica do indivíduo, mas os princípios de disciplina, ética e
responsabilidade profissional.
O enfermeiro tem um papel importante no planejamento da assistência, devendo
dar continuidade ao cuidado através de uma avaliação diária e sistematizada, efetuando
intervenções precisas durante o atendimento. Considera-se que nas Unidades de
Terapia Intensiva, o enfermeiro ofereça assistência contínua a pacientes críticos, e
isso exige desse profissional uma melhor capacitação, fundamentação teórica para
aplicar o raciocínio clínico.
Os cuidados com pacientes neurológicos a cada dia são mais explorados e exigem
um grande conhecimento por parte dos profissionais que cuidam deles.
Monitorizar pacientes com alterações neurológicas é um grande desafio para toda a
equipe, mas é através dela que se obtêm dados confiáveis e necessários para a
intervenção.
O enfermeiro deve estar atento, pois cuidados inadequados podem piorar o quadro
geral do paciente, agravando o quadro neurológico, podendo levar à morte.
A medida real da PIC é sempre invasiva e sua indicação depende de uma
avaliação de risco/benefício para o paciente.
De maneira geral, as medidas terapêuticas são iniciadas quando a pressão
ultrapassa 15-20 mmHg.
Como pré requisito para monitorização da PIC, o enfermeiro deve conhecer os
princípios da monitorização asséptica, neuroanatomia e neurofisiologia, bem como a
fisiopatologia da hipertensão intracraniana (HIC).
A medida real da PIC é sempre invasiva, as medidas terapêuticas são iniciadas
quando a pressão ultrapassa 15-20 mmHg.
Os problemas mais frequentes: obstruções do cateter pelo tecido do cérebro.
Os problemas mais frequentes são as obstruções do cateter pelo tecido do
cérebro. Tomografia Axial Computadorizada (TAC) fornece dados muito importantes para
22
a PIC; entre os sinais estão: presença de uma lesão expansiva, geralmente com efeito
de massa (desvio de estruturas normais de sua posição original), desvio da linha média,
desaparecimento dos ventrículos laterais e do terceiro ventrículo, dilatação do sistema
ventricular.
A flexão ou rotação da cabeça diminui o fluxo na jugular e aumenta a pressão
intracraniana. Se a respiração espontânea do paciente não é suficiente para manter a
PO2 acima de 60-70 mmHg e a PCO2 arterial entre 30-40 mmHg, a ventilação mecânica
deve ser instalada.

2.2 Plano de cuidados de enfermagem humanizado na HIC

Monitorar a instalação do sistema de drenagem da HIC se contínua com os


parâmetros da prescrição médica.
Onda A:com duração entre cinco e 20 minutos, amplitude de 50 a 100 mmHg,
indicam alteração do volume vascular no cérebro, são transitórias, paroxísticas e
recidivantes;
b) Onda B: até duas por minuto; tem duração de 30 segundos a dois minutos, tem
menor amplitude, 50 mmHg de mercúrio. Pode preceder o aparecimento da onda A em
clientes que estejam rebaixando nível de consciência;
c) Onda C: consiste em pequenas oscilações gráficas registradas pelo
osciloscópio (monitor) frequentes e com ritmo; aproximadamente seis por minuto. Não
abaixar a cabeceira do leito sem a orientação médica ou do enfermeiro conhecedor do
procedimento de drenagem. Monitorar rigorosamente o funcionamento do respirado e
acompanhar a distensão abdominal, pois pode haver formação de gases.
Preparar material para traqueotomia quando houver indicação médica, auxiliar no
procedimento quando necessário, circular a sala de cirurgia na realização do
procedimento, aspirar a cânula e as vias aéreas superiores nas necessidades, trocar a
cânula metálica uma vez por dia, fazer os curativos; Avaliar as condições da pele do
cliente sempre nas mudanças de decúbito, massageá-la se hiperemiada e prescrito (não
quando hiperemiada e intumescida) e documentar todos os pontos e técnicas aplicadas

23
ao cliente. Observar se o cliente apresenta sintomas de hemorragia extradural, cefaleia
intensa, disartria, vertigens e/ou perda da consciência;
Fazer o controle de fluidos endovenosos rigorosamente na impossibilidade de uso
da bomba de infusão;
Preparar o cliente para craniotomia, depois de esclarecido que a hemorragia é
subdural pelo médico e indicado a cirurgia;
Mensurar a PA e medicar, conforme prescrição para equilibra-la, conferir e
registrar as características do pulso, instalar oxigenoterapia e monitorar o resultado;
Instalada a drenagem da HIC, monitorar rigorosamente a drenagem e/ou
acompanhar pelo monitor;
Monitorar níveis glicêmicos de horário: a HIC pode aumentar a glicemia;
Elevar a cabeceira do leito a 30 graus, no máximo, mais ou menos, com prescrição
médica;
Monitorar dados vitais e pressão de pulso, registrar as intercorrências e informar
ao enfermeiro e/ou ao médico do cliente, caso o enfermeiro não possa ser localizado;
Diminuir estímulos que aumentem a HIC, tosse, manobra de Valsalva etc.,
informar ao enfermeiro e se necessário ao médico. Mobilização passiva com maior
número de profissionais possível, a PIC não pode exceder a 25 mmHg, deve retornar a
linha de base em cinco minutos –10 a 20 mmHg. As situações de estresse do cliente
devem ser evitadas;
Observar o nível de drenagem no coletor, que deve sempre ficar entre os números
8 e 9 da escala líquida; o ponto de referência é o conduto auditivo, a menos que esteja
prescrito o contrário;
Utilizar o instrumento de avaliação da ECG para avaliar resposta verbal, abertura
ocular e resposta motora;
Valorizar queixa de cefaleia, medicar e monitorar resultado;
Nas aspirações, fazer a hiperventilação antes; tentar realizar o mínimo de
estímulos;
Não elevar o quadril sem elevar o tórax do cliente para não aumentar HIC;
Oferecer dieta rica em fibras para diminuir os esforços e não aumentar a HIC;
Realizar mudanças de decúbito com três funcionários, sem fletir as jugulares.
24
Se houver febre, coletar amostra da urina e encaminhar ao laboratório para
certificar se é infecção urinária, retirar a sonda nas indicações médica ou do enfermeiro;
Estimular o cliente à alimentação VO e ingestão hídrica; se a aceitação for
satisfatória deve-se retirar a sonda enteral;
Sentar o cliente fora do leito e acompanhar o resultado do seu comportamento, só
se deve afastar após ter certeza de que ele está estabilizado;
Com a melhora do cliente, deve-se estimular a auto orientação; nas indicações,
fazer a educação vesical de três em três horas e abrir por 15 minutos;
Elevar o cliente no leito, depois de passado o período de repouso absoluto.
Conferir o pulso do cliente, antes de elevar o dorso por 45, 60 e 90 graus, só depois que
estiver estabilizado é que devemos retirá-lo do leito;
Conscientização do cliente para evitar os esforços de Valsalva (respiração
profunda, virar no leito sozinho, prender a respiração, se erguer no leito, elevar os MMII
ou o quadril, tossir e evacuar);
Preparar o cliente para o auto cuidado, estimulando-o sempre no momento da
aplicação dos cuidados básicos;
Chamar a família para treinamento se o cliente ficar dependente dos cuidados
básicos.
Após ter treinado a família e orientado sobre a alta hospitalar, fazer a mensuração
dos dados vitais e encaminhar o cliente para junto da família para alta programada.
Observações: caso for necessário abaixar ou elevar mais de 30° o tórax, deve-se
refazer o nível e a fixação do coletor conforme os passos anteriores para equilibrar
novamente a drenagem liquórica;
Mensurar a PA e medicar conforme prescrição para equilibrá-la;
Conferir e registrar as características do pulso;
Instalar oxigenoterapia e monitorar o resultado;
Instalado drenagem da HIC: deve-se monitorá-la rigorosamente ou pelo monitor
Monitorar níveis glicêmicos de horário, pois a HIC pode aumentar a glicemia;
Fazer o balanço hídrico rigorosamente;
Monitorar dados vitais e pressão de pulso, registrar intercorrências e informar ao
enfermeiro e/ou ao médico do cliente (caso não seja possível localizar o enfermeiro);
25
Diminuir estímulos que aumentem a PIC, tosse, manobra de Valsalva etc., informar
ao enfermeiro e se necessário ao médico;
Mobilização passiva do cliente com maior número de profissionais possível; a PIC
não pode exceder a 25 mmHg, deve retornar a linha de base em cinco minutos –10 a 20
mmHg;
As situações de estresse do cliente devem ser evitadas;
Observar o nível de drenagem, que deve sempre ficar entre o número 8 e 9 da
escala líquida, ponto de referência ao conduto auditivo, a menos que esteja prescrito o
contrário;
Utilizar o instrumento de avaliação da ECG para avaliar resposta verbal, abertura
ocular, resposta motora;
Valorizar queixa de cefaleia, medicar e monitorar resultado;
Nas aspirações endotraqueais ou pela tráqueo, hiperventilar o cliente antes, tentar
o mínimo de estímulos possível;
Não elevar o quadril sem elevar o tórax do cliente para não aumentar PIC;
Oferecer dieta rica em fibra para diminuir os esforços e não aumentar a PIC;
Mudança de decúbito com três funcionários sem fletir as jugulares ou proporcionar
esforço do cliente.

2.3 Monitorização neurológica não-invasiva

Fonte: www.agencia.fapesp.br

26
Na assistência de enfermagem aos pacientes com distúrbios neurológicos,
destaca-se a avaliação do nível de consciência.
A presença de posturas motoras anômalas de decorticação (flexão de membros
superiores e extensão de membros inferiores) e descerebração (extensão de membros
superiores e inferiores) indica progressiva lesão de tronco. Estes sinais aparecem
tardiamente.
Os itens de avaliação incluem o nível de consciência, parâmetro importantíssimo
no acompanhamento da evolução do paciente; a verificação da função motora através
de: observação dos movimentos espontâneos do paciente; observação da resposta
motora, resposta ao comando verbal, observação da fala, tipo de fala; postura (flexão,
extensão ou rotação dos membros). Outras avaliações incluem o exame pupilar, incluindo
tamanho e simetria (comparação do lado D e E), foto reação e simetria. A agitação
também é um item de avaliação, porque às vezes, a inquietação indica melhora do quadro
do paciente (recuperação de sua consciência). Entretanto, ela poderá ser também
resultado de má oxigenação cerebral. Ter-se á o cuidado de manter elevadas as grades
do leito e proteger o paciente contra superfícies duras, acolchoando-as. As contensões
no leito serão, na medida do possível, evitadas, pois deverão aumentar a agitação. Caso
o paciente tente retirar cateteres, será necessário enluvar suas mãos com ataduras de
crepom. A sedação exagerada será evitada, pois impedirá a avaliação do nível de
consciência.
A contraturas musculares devem ser observadas e registradas, a intensidade da
contratura (pequena, média, ou grande) e a duração da mesma. Os tremores são mais
comuns nas mãos, porém podem ser notados também na face e nos membros inferiores.
O sintoma cefaleia deve ser investigado quanto à localização, característica
(constritiva, em pontada). Relacionar a presença de cefaleia com variações de PA e de
nível de consciência.
As convulsões são indício de alterações agudas no SNC. Devem ser observadas
quanto à hora de início e término, onde começaram os movimentos ou rigidez, tipo de
movimento da parte comprometida. Ainda deve ser observado a presença de sintomas
ou alterações como arritmias, problemas respiratórios, alterações no tamanho pupilar,
emissão de urina ou fezes durante a convulsão, alteração no nível de consciência.
27
2.4 Suporte Nutricional

A abordagem nutricional de pacientes neurológicos graves requer cuidado


individualizado. O correto diagnóstico, intervenção e monitorização são imprescindíveis
para a manutenção ou recuperação do estado nutricional.

2.5 Suporte Ventilatório

As indicações de suporte ventilatório no paciente com comprometimento


neurológico não diferem daquelas aceitas para qualquer paciente em UTI. Apenas
sugere-se mais atenção quanto à prevenção de hipoxemia, mesmo que por mínimos
períodos, já que nestes pacientes eles poderão ter efeitos devastadores.
Garantia e proteção da permeabilidade de vias aéreas em pacientes com
comprometimento do nível de consciência ou perda dos reflexos protetores das vias
respiratórias.

2.6 Escala de Coma de Glasgow

Fonte:www.bibliomed.com.br
28
A avaliação neurológica muitas vezes é iniciada com a aplicação da Escala de
Coma de Glasgow, onde se avalia a Abertura Ocular (AO), Melhor Resposta Verbal
(MRV) e Melhor Resposta Motora (MRM).
A Escala de Coma de Glasgow (ECG) é uma escala consagrada mundialmente e
amplamente utilizada na avaliação do rebaixamento do nível de consciência (RNC) e nas
observações clínicas de vítimas após Traumatismo Crânio Encefálico (TCE). Foi
publicada pela primeira vez em 1974 na Universidade de Glasgow, Escócia, por
Teasdale, Jennet.
A ECG é constituída por três parâmetros:
A pontuação mais alta e 15 e a mais baixa 3.
O resultado da ECG pode ser classificado segundo a gravidade:
 ECG de 13-15= trauma leve;
 ECG de 9-12= trauma moderado;
 ECG < 8= trauma grave.
Para a avaliação da ECG inicial, o paciente já deverá ter sido estabilizado
(ressuscitação cardiorrespiratória inicial), sem estar hipotenso ou hipoxemico.
Para pacientes sedados não deve ser utilizado a ECG, indica-se a Escala de
Ramsay. Nos pacientes mais graves, especialmente nos quais o diagnóstico de morte
encefálica possa fazer parte do paciente do diagnóstico diferencial, são pesquisados os
principais reflexos de tronco: reflexo foto motor, direto e consensual (II e III pares
cranianos) e reflexo faríngeo e da tosse (IX e X pares cranianos).
A ECG determina as alterações do nível de consciência de maneira global, e os 4
demais parâmetros distinguem se o coma do paciente é devido à lesão hemisférica
cerebral, lesão de tronco cerebral ou causa metabólica, ou seja, definem se a alteração
é de origem estrutural ou metabólica.
Pacientes com risco de comprometimento ou deterioração neurológica podem
necessitar de monitorização neurológica. Normalmente pacientes com ECG < 8.
Com relação às implicações para a prática assistencial, não só da enfermagem,
mas também de toda a equipe multiprofissional de saúde, a uniformização da linguagem,
nesse particular, da ECG, por meio de códigos universalmente adotados, é um requisito
indispensável, seja para diagnósticos precisos de gravidade, seja para a evolução e
29
prognóstico dos pacientes. Tal padronização, por sua vez, permitirá leituras confiáveis e
fidedignas nas pesquisas sobre resultados do trauma, subsidiando tanto programas de
prevenção como de assistência, em suas diferentes fases de intervenção, do pré-
hospitalar ao hospitalar e de reabilitação.

2.7 Doppler Transcraniano (DTC)

O DTC geralmente é utilizado em UTI para detecção e acompanhamento do vaso


espasmo, avaliação da hipertensão intracraniana e confirmação de morte encefálica.
O DTC é método relativamente novo, não-invasivo, utilizado para avaliações
sucessivas de um mesmo paciente e para monitorizações de situações variadas e utiliza
a técnica do ultrassom para medir indiretamente o fluxo nas porções proximais das
principais artérias intracranianas (pertencentes ao polígono de Willis), oferecendo
informações dinâmicas da circulação cerebral.
Pode-se diagnosticar várias situações como estreitamentos arteriais, circulação
colateral, oclusão e reabertura arteriais, embolizações, vaso espasmo, colapso de
mecanismo vaso motor micro circulatório, diminuição da pressão de perfusão cerebral
por hipertensão intracraniana e malformações arteriovenosas.
Variações na pressão de perfusão cerebral causam mudanças na velocidade do
fluxo sanguíneo cerebral. As principais vantagens são: revelam os dados em tempo real,
sua portabilidade, que viabiliza a realização em unidades intensivas, à beira do leito e
durante cirurgias ou procedimentos, e a ausência de invisibilidade ou toxicidade, o que
possibilita a repetição do exame, permitindo o acompanhamento hemodinâmico do
paciente.
Os principais problemas em relação ao método decorrem da dependência e
experiência do operador, da restrição aos segmentos insonáveis dos vasos, variações
anatômicas do polígono de Willis, hipoplasias da circulação vertebro basilar e espessura
óssea.

30
2.8 Eletroencefalograma Contínuo (EEG contínuo)

Fonte: www.telemedicinamorsch.com.br

A monitorização eletroencefalográfica em UTI vem sendo amplamente utilizada


nos últimos anos e visa estender o poder de observação de anormalidades reversíveis e
tratáveis de pacientes em estado grave.
As características do EEG contínuo podem auxiliar no prognóstico e na evolução
neurológica de doente comatoso, e um sistema de graduação, baseado principalmente
na amplitude, mostrou-se útil em tipos específicos de encefalopatias.
O EEG contínuo tem sido utilizado em UTI para monitorizar isquemia hemisférica
instável; detectar a progressão de uma lesão focal; diagnosticar convulsões ou potencial
para convulsões; manejo da sedação e, especialmente, do coma barbitúrico; revelar
distúrbios cerebrais secundários a medicamentos e alterações metabólicas, entre outros

2.9 Técnica de instalação do coletor na drenagem liquórica da HIC ao suporte de


soro

Responsável pela prescrição: médico/enfermeiro


Responsável pela execução: Enfermeiro, médico, TE

31
Finalidade: permitir uma drenagem satisfatória do excesso de LCR
Indicação: Hipertensão intracraniana
Contraindicação: pressão intracraniana (PIC) normal
Material necessário:
Um suporte de soro;
Um rolo de esparadrapo ou fita adesiva;
Uma régua niveladora de pressão venosa central (PVC);
Uma régua graduada em centímetros;
Um par de luvas de procedimento.
Descrição da técnica:
1-Lavar as mãos
2-Reunir o material;
3-Preparar o cliente explicando a finalidade;
4-Erguer o estrado da cama com o cliente a 30° em decúbito dorsal;
5-Aproximar o suporte de soro próximo do leito com o cliente;
6-Calçar as luvas;
7-Com a régua graduada, medir 2,5 cm acima do conduto auditivo (forame de
Monro) e Marcar;
8-Segurar o coletor em uma das mãos pelo cordão junto do suporte de soro;
9-Nivelar a régua com a outra mão buscando o nível do ponto marcado;
10-Posicionar a outra extremidade da régua entre o número 8 e o número 9 da
escala graduada em centímetros do coletor de LCR ao suporte de soro;
11-Fazer o nível e fixar com esparadrapo ou fita adesiva ao suporte de soro;
12-Abrir a pinça da extensão de drenagem do coletor de LCR;
13-Organizar a unidade do cliente e deixá-lo confortável;
14-Retirar as luvas e lavar as mãos;
15-Fazer relatório de enfermagem descritivo registrando os fatos.

32
3 TECNOLOGIA E ENFERMAGEM

Fonte: www.enfermagemxtecnologia.blogspot.com.br

A UTI necessita ter disponível uma tecnologia e equipamentos necessários que


assegurem e agilizem a monitorização dos vários parâmetros vitais do paciente, bem
como outros que facilitem o controle de medicamentos a serem administrados.
O impacto do suprimento e renovação de equipamentos eletroeletrônicos de
suporte vital ao paciente na UTI é um fato concreto, o que deve fazer com que a equipe
de enfermagem se adapte ao ritmo da nova tecnologia a serviço da saúde do paciente.
Hoje, dispõe-se de equipamentos de monitoramento de multi parâmetros invasivos
e não invasivos; respiradores de última geração, bombas de seringa e de infusão em
quantidade suficiente para atender à complexidade de cada paciente, cobertores
térmicos, oxímetros digitais, sistemas de medida da pressão intracraniana, capnógrafos,
eletrocardiograma e eletroencefalograma portáteis, máquinas de hemodiálise e
hemofiltração lenta, marca passo portátil, calorímetro, etc.
Deve-se ressaltar que não basta a aquisição dos equipamentos, é preciso ter um
programa de treinamento que deve incluir o conhecimento do funcionamento e a
manutenção preventiva em termos de cuidados na operação, limpeza e tempo de uso
dos mesmos.
33
A admissão de pessoal de enfermagem para trabalhar em UTI deve levar em conta
não somente a competência técnica do indivíduo, mas os princípios de disciplina, ética e
responsabilidade profissional.
Essa equipe tem que estar apta a responder por suas ações no que se refere à
esfera das funções e deveres no trabalho. Deve, também, estar constantemente
motivada e num processo de melhora do nível profissional através de um programa de
educação continuada.
O enfermeiro tem um papel importante no planejamento da assistência, devendo
dar continuidade ao cuidado através de uma avaliação diária e sistematizada, efetuando
intervenções precisas durante o atendimento.
Considera-se que nas Unidades de Terapia Intensiva, o enfermeiro ofereça
assistência contínua a pacientes críticos, e isso exige desse profissional uma melhor
capacitação, fundamentação teórica para aplicar o raciocínio clínico.
Finalizando, a avaliação neurológica é primordial na composição da base de dados
de enfermagem para identificação do diagnóstico de enfermagem e para o planejamento
das intervenções de enfermagem. A precisão deste levantamento de dados e a
habilidade do enfermeiro para interpretar seu significado e tomar as decisões apropriadas
formam a fundamentação central da prática da enfermagem em neurociência.
Os cuidados com pacientes neurológicos a cada dia são mais explorados e exigem
um grande conhecimento por parte dos profissionais que cuidam deles.
O avanço tecnológico é contínuo, destacando novas técnicas para cuidados com
esses pacientes e aprimorando as que já eram utilizadas. Esses recursos tecnológicos
ajudam a reverter distúrbios que colocam em risco a vida do paciente.
Monitorizar pacientes com alterações neurológicas é um grande desafio para toda
a equipe, mas é através dela que se obtêm dados confiáveis e necessários para a
intervenção.

34
Fonte: www.reabvita.com.br

O enfermeiro deve estar atento, pois cuidados inadequados podem piorar o quadro
geral do paciente, agravando o quadro neurológico, podendo levar chegar à morte,
devendo estar capacitado para atender as necessidades desse tipo de paciente, um
paciente crítico que exige vigilância constante, e aplicando as intervenções necessárias
para a sua recuperação.
A avaliação neurológica realizada pelo enfermeiro no âmbito da UTI tema a
finalidade de identificar os sinais e sintomas relacionados ao desequilíbrio de funções
neurológicas e quais serão as suas implicações sobre as necessidades básicas do
sujeito. Esse planejamento das ações de enfermagem contribui para uma melhoria da
qualidade da assistência às vítimas, bem como possibilita um cuidado mais
individualizado.
Porém, a cultura hegemônica do modelo biomédico avigora as especialidades e a
centralidade na prática médica (diagnóstico e prescrição terapêutica médica) como sendo
o padrão de atendimento proporcionado aos usuários. A consequência desse ato implica
na precária valorização e integração de outros profissionais ao cuidado prestado, sempre
marginais ou secundários às ações médicas.
A Enfermagem precisa romper com essa lógica e fazer valer seus processos de
trabalho aplicados ao trabalho coletivo em saúde, pois a profissão detém vários
35
instrumentos para aplicar em seu exercício profissional, como, por exemplo, o Processo
de Enfermagem que é o método recomendado para prática da sua assistência e
proporciona autonomia do Enfermeiro, possibilitando-o a intervir nos cuidados prestados
aos usuários, reconhecendo-se enquanto coparticipe e corresponsável na elaboração de
uma estratégia terapêutica coletiva.
Convém ressaltar que, na assistência em equipe, o cuidado deve ser centrado no
usuário dos serviços de saúde e em suas necessidades e não nas categorias
profissionais, pois a heterogeneidade de circunstâncias demanda respostas imediatas,
sob pena de expor a vida do paciente a riscos. Portanto, a integração dos profissionais
na busca de um objetivo comum torna-se essencial para que a assistência ao paciente
seja adequada e livre de riscos.
Experiências outras têm mostrado que um trabalho transdisciplinar colabora
sobremaneira para a recuperação dos sujeitos, uma vez que a unificação dos objetivos
favorecem à potencialização das estratégias de cuidado.
Por fim, o cuidado em enfermagem neurológica demanda um amplo conhecimento
por parte dos profissionais que prestam à assistência. Neste sentido, o Enfermeiro deve
estar capacitado e ser prudente, pois cuidados impróprios induzem a uma piora do quadro
geral do usuário.
Certamente, o conhecimento materializado na geração de dispositivos que
facilitem a assistência consiste na maior ferramenta para que haja a transformação de
atitudes e realidades.

3.1 Exame físico neurológico

3.1.1.1 Manifestações clínicas


 Dor
 Convulsões
 Tontura
 Distúrbios visuais
 Fraqueza
 Sensação sensorial
36
3.2 Exame físico

É um processo sofisticado e sutil, que compreende uma série de testes de funções


altamente especializadas É importante que o examinador seja capaz de aprofundar a
avaliação neurológica quando a anamnese ou achados físicos o indiquem. O cérebro e a
medula não podem ser diretamente inspecionados, percutidos, palpados e auscultados
como os demais órgãos do corpo.
A avaliação neurológica compreende cinco etapas: Função cerebral, nervos
cranianos, sistema motor, sistema sensitivo, e reflexos.

3.3 Avaliando a função cerebral

Fonte: www.terapeutaquantico.blogspot.com.br

3.4 Estado mental um histórico do estado começa pela observação:

Aparência, comportamento, informações, modo de falar, nível de consciência,


roupa, a arrumação, higiene pessoal, postura, gestos, movimentos, expressões faciais,
atividade motora, alerta, responsivo, sonolento, torporoso. Observar também a
orientação quanto o tempo, espaço e quanto a memória imediata.

37
3.5 Função intelectual

Pedir para o paciente repetir números, e fazer cálculos seguidos contar em ordem
inversa interpretar provérbios repetir nome de 3 objetos comuns pedir para enumerar
objetos com a letra “a”, por exemplo. Lesão córtex frontal-função intelectual superior

3.6 Conteúdo do Pensamento

Durante a entrevista é importante avaliar o conteúdo do pensamento; Espontâneo,


naturais, claros, relevantes e coerentes. Ideia fixa, ilusão, preocupação, Eventos
mórbidos, alucinações, ideação paranoide.

3.7 Estado emocional

Afeto pode ser natural e uniforme irritadiço e raivoso ansioso, apático, insensível
ou eufórico alegria e tristeza afeto inapropriado com as palavras sua comunicação é
consistentes* com indícios não verbais.

3.8 Percepção

Neste momento o avaliador pode considerar áreas mais específicas da função


cortical superior. Cada uma das disfunções implica em uma parte distinta da córtex.
Capacidade motora pedir para o paciente realizar um ato de habilidade a falha sinaliza a
disfunção cerebral.

3.9 Capacidade de linguagem

Nomear nome de 2 objetos apresentados a ele repetir um conjunto de palavras


(trezentos e trinta e três) 3 comandos (folhas de papel dobradas em 3 partes, colocar em
um lugar) ler e executar “feche os olhos” escrever uma frase copiar um desenho.
Disfunção da linguagem é chamada de AFASIA.

38
3.10 Impacto sobre o estilo de vida

Papel paciente na sociedade Familiar Comunitário. Examinando os Nervos


Cranianos *Sistema motor Sistema motor-tamanho, tônus, força muscular, coordenação
e equilíbrio Postura- marcha- caminhar pelo quarto Músculos- assimetria e tamanho.

3.11 Atrofia ou movimentos involuntários

 (Tremores ou tiques)
 Tônus muscular (Tensão presente no músculo em repouso)
 Espasticidade (Tônus muscular aumentado)
 Rigidez (resistência ao estiramento passivo)
 Flacidez

A assistência de enfermagem é indispensável na monitorização neurológica, pois


está inteiramente envolvida desde o preparo dos materiais utilizados na assistência de
enfermagem e aos pacientes até a manutenção correta das monitorizações invasivas,
bem como na prevenção de complicações.
A avaliação de enfermagem do paciente neurológico deve incluir “o monitoramento
do nível de consciência, a reação pupilar, as funções motoras e a observação dos sinais
vitais. A atuação da enfermagem em uma UTI deve estar voltada para a detecção precoce
de alterações hemodinâmicas e neurológicas”.

39
4 CUIDADOS DE ENFERMAGEM À PACIENTES PORTADORES DE LESÃO
NEUROLÓGICA

Fonte: www.cidadedoscuidados.pt

4.1 Prevenir escaras de decúbito

O cuidado cutâneo é essencial na vigência de inconsciência do paciente, paralisias


ou alterações sensitivas, preservando a integridade da pele e possíveis infecções.
Cuidados:
 Manter a pele limpa, seca e hidratada.
 Mudar de decúbito a intervalos regulares, de no máximo de 2 horas, de
acordo com a sensibilidade da pele do paciente. No caso de condições onde
o paciente não pode ser mobilizado, no mínimo proteger as áreas de
pressão (cotovelos, calcanhares, tornozelos, região occipital etc.)

4.2 Manter proteção ocular

O cuidado ocular visa prevenir o ressecamento e a ulceração das córneas e reduzir


o edema palpebral.
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Cuidados:
 Aplicar solução salina à intervalos regulares ou manter oclusão das
pálpebras com micropore ou pomada oftálmica (conforme prescrição
médica) dependendo da evolução do paciente.
 Fazer compressas frias nas pálpebras.

4.3 Avaliar o nível de consciência

O nível de consciência é dado essencial da situação do paciente. Qualquer


alteração de um destes parâmetros, pode ter significado clínico importante. Utilizamos
mais frequentemente, a escala de Glasgow para acompanhamento do nível de
consciência.

Abertura ocular
 Espontâneo – 4
 Ao comando verbal – 3
 Há estimulação dolorosa – 2
 Não abre - 1

Resposta verbal
Orientado e compactuando – 5
Desorientado e compactuando – 4
Palavras inapropriadas - 3
Sons incompreensíveis – 2
Não responde - 1
Resposta motora
Obedece – 6
Localiza a dor e retira o estímulo – 5
Localiza a dor – 4
Postura de decorticação – 3
Postura de descerebração (extensão) – 2
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Não responde – 1

4.4 Controle rigoroso do diâmetro pupilar

O aumento da Pressão Intracraniana (PIC), assim como a formação de


hematomas, podem acarretar a compressão do III par craniano, produzindo alterações
pupilares. A identificação precoce e a pronta intervenção podem evitar sequelas ou danos
indesejáveis ao paciente.
Cuidados:

Verificar o diâmetro e reação à luz de hora em hora nas primeiras 12 horas,


principalmente em pós-operatórios imediatos.

4.5 Manter decúbito elevado à 30 graus

O decúbito baixo favorece o aumento da PIC por promover estase venosa.


Até mesmo na verificação da Pressão Venosa Central (PVC), com zero neste
mesmo decúbito.

4.6 Promover alinhamento tronco-cefálico, mantendo a cabeça centrada

A queda da cabeça para a lateral causa uma diminuição do retorno venoso,


podendo causar alterações indesejáveis na pressão intracraniana (PIC).
Cuidados:
Utilizar o posicionador de cabeça “caixa de ovo”, ou mesmo protetores laterais
para que a cabeça não fique lateralizada.

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4.7 Observar distúrbios gastrointestinais

Estas observações auxiliam no diagnóstico precoce de gastroparesias e íleo


paralítico, muito comum em pacientes acamados. Náuseas e vômitos também podem
indicar hipertensão intracraniana.
Cuidados:
Observar funcionamento intestinal.
Observar sinais de náuseas e vômitos.

4.8 Executar balanço hídrico rigoroso

A manutenção das condições hídricas adequadas, evitando-se a hipervolemia, é


importante medida de controle.
Cuidados:
Anotar todos os volumes que entram e que saem do paciente.
Controle da PVC periodicamente, quando em mãos de um cateter central (Veia
Cava Superior, à nível de Átrio Direito).

4.9 Acompanhar níveis séricos dos eletrólitos do paciente

Alterações a nível de eletrólitos, podem levar à importantes repercussões


hemodinâmicas.
Como exemplo:
Sódio (Na) – Níveis baixos causam rebaixamento do nível de consciência, podem
levar a piora de quadros de edema cerebral.
Potássio (K) e Magnésio (Mg) – Alterações deste eletrólito, causam importantes
arritmias cardíacas.

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4.10 Controle de sinais vitais periodicamente

Fonte: www.enfermageandotc21.blogspot.com.br

Alterações dos mesmos podem significar alterações na homeostase intracraniana.


Anotação e intervenção imediata facilitam o sucesso do tratamento.

4.11 Promover ventilação adequada

Monitorar níveis de saturação de O² e CO².


A hipóxia e/ou hipercapnia podem desencadear alterações neurológicas
importantes.
Cuidados:
 Pacientes com edema cerebral são hiperventilados com o objetivo de
manter níveis baixos de PaCO2 sanguíneo e controlar a evolução do edema
cerebral. - - Níveis ideais de PaCO2: 23 à 27 mmHg.
 Manter tubo traqueal em posição centralizada, evitando permanecer no
canto labial, favorecendo o aparecimento de ulcerações.
 Verificar a pressão do cuff periodicamente, e manter entre 20 e 25 mmHg.
 Observar o padrão respiratório.
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 Manter o suporte do respirador, em posição neutra, para que o tubo traqueal
não exerça tração sob a traqueia.

4.12 Observar queixas de cefaleia

O aumento da sua intensidade pode significar um aumento da PIC.


Cuidados:
Atentar às queixas do paciente e nunca menosprezá-las.

4.13 Controle da pressão de perfusão cerebral (PPC)

Muitas vezes é necessário manter a Pressão arterial Média (PAM) um pouco mais
elevada, de forma a garantir uma Perfusão Cerebral adequada.
FÓRMULA: PPC = PAM – PIC

4.14 Observar presença de déficit motor

A tendência normal, pela própria imobilização, é o aparecimento de edema.


Cuidados:
Manter o membro elevado, com suporte.

4.15 Atentar para postura dos pés de pacientes inconscientes e/ ou imobilizados

A tendência normal, pela própria imobilização é a formação de pé equino.


Cuidados:
Desde o início da internação, utilizar suportes anti pé equino, quando em posição
dorsal.

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4.16 Cuidados com pacientes em trauma raquimedular

São pacientes que requerem atenção quando a presença de déficit motor


(paraplegia / paraparesia etc.) de acordo com a altura da lesão.
Cuidados:
 Manter em decúbito dorsal horizontal, evitando mobilizações
desnecessárias.
 Recebimento do doente já com todas as proteções para se evitar úlceras
de pressão.
 Movimento do paciente em bloco, quando necessário.
 Manter com colar cervical (em lesões cervicais)

4.17 Observação da extração cerebral de oxigênio (ECO²)

A ECO² identifica o grau de acoplamento entre o consumo e a oferta de O²


A ECO² é calculada através da equação abaixo:
ECO2 = Sata O² - Satj O²
Valores normais de ECO² variam entre 24 - 42%.
O aumento deste valor significa maior extração, e, portanto mais avidez, indicando
uma situação anóxica-isquêmica.
Cuidados:
 Manter cateter bulbo jugular EXCLUSIVO para coleta de sangue e com
identificação em local visível “exclusivo para coleta de sangue”
 Manter infusão contínua de Solução fisiológica 0,9% - 5 à 10 ml/h (por
bomba de infusão)
 Quando em uso de cateter bulbo-jugular de fibra-óptica, manter também
infusão contínua de Solução fisiológica 0,9% - 5 à 10 ml/h (por bomba de
infusão);
 Manter o cateter bulbo-jugular de fibra-óptica sem dobras para uma leitura
contínua precisa (devido a presença de fibra-óptica).

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As ações de enfermagem planejadas é a chave para obter resultados positivos,
para assim manter e recuperar o cliente além de prevenir de outros riscos. O elemento
principal é a arte de cientifica de criar cuidados para resolver os problemas encontrados.
Pare ter um bom resultado no atendimento é necessário contar com a colaboração de
toda a equipe de enfermagem, para que seja dada a continuidade dos cuidados
prestados, possibilitado pelo processo de comunicação que constitui elo entre os
profissionais e o cliente. Todos os profissionais de saúde estão inter-relacionados no
processo, permitindo troca de informações, ideias, pensamentos e desenvolvimentos das
ações ao paciente e/ou família. O planejamento é executado pelo enfermeiro que, por
meio dos resultados esperados, coordena todos os cuidados que serão prescritos no
prontuário do cliente de uma forma sistematizada para padronização da pratica d
enfermagem.

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BIBLIOGRAFIA

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e adaptação de instrumentos de medidas. Ciênc Saúde Coletiva.2011; 16(7):3061-8.

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