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SUMÁRIO:

1. MEMBRANA PLASMÁTICA, NÚCLEO, CITOPLASMA E ORGANELAS .... 4


1.1 Microscópios ........................................................................................... 4
1.2 Células ..................................................................................................... 4
1.3 Membrana plasmática ............................................................................. 6
1.4 Núcleo ...................................................................................................... 7
1.5 Citoplasma ............................................................................................... 7
1.6 Organelas ................................................................................................ 7
1.6.1 Ribossomos ........................................................................................ 8
1.6.2 Retículo endoplasmático..................................................................... 8
1.6.3 Complexo de Golgi ............................................................................. 9
1.6.4 Lisossomos ....................................................................................... 10
1.6.5 Mitocôndrias ..................................................................................... 10
1.7 Funções celulares básicas ................................................................... 11
1.8 Macronutrientes .................................................................................... 11
1.8.1 Carboidratos ..................................................................................... 11
1.8.2 Lipídios ............................................................................................. 12
1.8.3 Proteínas .......................................................................................... 13
1.9 Micronutrientes ..................................................................................... 14
1.9.1 Vitaminas .......................................................................................... 14
1.9.2 Sais minerais .................................................................................... 14
2. METABOLISMO ENERGÉTICO E GASTO ENERGÉTICO ........................ 17
2.1 Introdução ao metabolismo energético .............................................. 17
2.2. Recomendações nutricionais ............................................................. 17
2.3 Vias bioenergéticas .............................................................................. 18
2.3.1 Via anaeróbica alática....................................................................... 20
2.3.2 Via anaeróbica lática......................................................................... 21
2.3.3. Via aeróbica ..................................................................................... 22
......................................................................................................................... 23
3. ERGOMETRIA ............................................................................................. 26
3.1 Esteira ergométrica ............................................................................... 26
3.1.1 Vantagens de utilização da esteira ergométrica ............................... 28
3.1.2 Desvantagens de utilização da esteira ergométrica.......................... 28
3.2 Bicicleta ergométrica ............................................................................ 28
3.2.1 Vantagens de utilização da bicicleta ergométrica ............................. 28
3.2.2 Desvantagens de utilização da bicicleta ergométrica ....................... 28
3.3 Protocolos para avaliação e treinamento ........................................... 29
2
3.4 Protocolos dos testes ergométricos para a bicicleta ergométrica ... 29
3.4.1 Protocolos de Balke e Astrand .......................................................... 30
3.4.2 Protocolo de Storer ........................................................................... 31
3.5 Protocolos dos testes ergométricos para esteira ergométrica......... 32
3.5.1 Protocolo de Bruce ........................................................................... 32
3.5.2 Protocolo de Bruce modificado ......................................................... 33
3.5.3 Protocolo de Naughton ..................................................................... 34
3.5.4 Protocolo de Balke ............................................................................ 34
3.5.5 Protocolo de Ellestad ........................................................................ 35
3.5.6 Protocolo de Astrand ........................................................................ 36
3.5.7 Protocolo de Kattus........................................................................... 36
4. RESPOSTAS DOS SISTEMAS MUSCULAR, ÓSSEO, CARDIOVASCULAR
E RESPIRATÓRIO DECORRENTES DE UM TREINAMENTO FÍSICO .......... 38
4.1 Introdução ............................................................................................. 38
4.2 Efeitos agudos do exercício físico ...................................................... 38
4.3 Efeitos crônicos do exercício físico .................................................... 38
4.3.1 Individualidade .................................................................................. 39
4.3.2 Especificidade ................................................................................... 40
4.3.3 Frequência ........................................................................................ 40
4.3.4 Duração ............................................................................................ 40
4.3.5 Intensidade ....................................................................................... 40
4.4 Sistema muscular ................................................................................. 41
4.5 Sistema ósseo ....................................................................................... 42
4.6 Sistema cardiovascular no exercício .................................................. 42
4.6.1 Adaptações agudas do sistema cardiovascular ................................ 43
4.6.2 Adaptações crônicas do sistema cardiovascular .............................. 47
4.6.3 Treinamento físico regular ................................................................ 48
4.7 Sistema respiratório no exercício físico ............................................. 48
4.7.1 Adaptações agudas no sistema respiratório ..................................... 48
4.7.2 Adaptações crônicas no sistema respiratório ................................... 51
5. ELETROCARDIOGRAMA ........................................................................... 52
5.1 Eletrocardiograma de esforço ............................................................. 52
5.2 Interpretação clínica do eletrocardiograma ........................................ 53
5.3 Roteiro para estudo do eletrocardiograma ......................................... 53
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 55
1. MEMBRANA PLASMÁTICA, NÚCLEO, CITOPLASMA E ORGANELAS

1.1 Microscópios

Figura 01 - Microscópios

Fonte: https://pt.freeimages.com/photo/microscope-1197557

O microscópio foi inventado em 1590, sendo atribuído a Hans Janssen e


seu filho Zacharias, dois holandeses. Porém a visualização e o conhecimento de
todas as células foram atribuídos a Antonie van Leeuwenhoek.
Os microscópios ópticos, também conhecidos como microscópios de luz,
tem a capacidade de aumentarem até 2000 vezes, sendo empregados com o
objetivo de ampliar e visualizar todas as estruturas menores, as quais são
dificilmente observadas a olho nu.
No ano de 1931 Ernst Ruska inventou o microscópio eletrônico,
possibilitando a observação com um aumento de 500 mil vezes, proporcionando
um estudo mais detalhado de todas as estruturas celulares.

1.2 Células

As células foram descobertas em 1665 através das pesquisas do cientista


inglês Robert Hooke, por meio da observação dos finos cortes de cortiça, um
material de origem vegetal. Ele visualizou pequenas cavidades preenchidas por

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ar, paredes celulares das células que constituíam a cortiça, dando o nome para
estas estruturas de células.
O trabalho sobre o estudo das propriedades das células chamado de
Teoria Celular, surgiu no século XIX, através dos alemães Matthias Jakob
Schleiden um botânico e Theodor Schwann um zoólogo, através dos seguintes
princípios:
- Todos os seres vivos são constituídos por uma ou mais células.
- Toda célula é originada de outra pré-existente, através do processo
chamado de divisão celular.
- A unidade estrutural e funcional de todos os organismos vivos é a célula.
- A atividade de um organismo depende da atividade total de todas as
células independentes.
- Todas as células possuem a mesma constituição química basicamente.
- No interior das células ocorrem todas as reações metabólicas e
bioquímicas.
- Durante o processo de divisão celular a informação genética e
hereditária da célula é passada para outras células.

Figura 02 - Células

Fonte: Davies e Cols (2002, p. 15)

As células são consideradas como a unidade básica funcional do corpo


humano, constituindo em dezenas de milhões de células em cada indivíduo,
apresentando um tamanho muito pequeno que pode chegar a 0,01 mm de
diâmetro, sendo muito menores do que um fio de cabelo.

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As células possuem várias características em comum como por exemplo:
- Membrana celular exterior.
- Núcleo.
- Citoplasma.
- Várias organelas.

1.3 Membrana plasmática

Figura 03 - Membrana plasmática

Fonte: Davies e Cols (2002, p. 14)

A membrana plasmática também é conhecida como membrana celular,


sendo extremamente fina, constituída por duas camadas de lipídios e por
proteínas de diferentes formas entre elas. A principal função é regular a entrada
e a saída de todas as substâncias, tendo permeabilidade seletiva, selecionando
o que entra e sai, em função das necessidades de cada célula.
A maioria das substâncias são transportadas de forma passiva tanto para
o interior como para o exterior das células, sem o gasto de energia, como é o
caso do oxigênio e do gás carbônico, já para os outros elementos o transporte
será de forma ativa, sendo necessário a participação de substâncias especiais
conhecidas como enzimas transportadoras.

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1.4 Núcleo

Figura 04 - Núcleo

Fonte: Davies e Cols (2002, p. 15)

A origem da palavra núcleo é grega e tem como significado semente, este


nome foi utilizado para fazer uma analogia aos frutos, considerando então o
núcleo como a semente da célula.
O núcleo é considerado como o centro de controle das atividades
celulares, sendo o “arquivo” das informações hereditárias que a célula vai
propagar para às suas filhas ao se reproduzirem.

1.5 Citoplasma

O citoplasma é considerado como o local entre a membrana plasmática e


a membrana celular, sendo constituído por um líquido viscoso, denominado de
citosol, sendo formado basicamente por íons dissolvidos em solução aquosa e
substâncias de fundamental importância para à síntese de moléculas orgânicas
(carboidratos e proteínas), neste líquido todas as organelas estão flutuando.

1.6 Organelas

As principais organelas presentes nas células são as seguintes:


- Ribossomos.
- Retículo endoplasmático.

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- Complexo de Golgi.
- Lisossomos.
- Mitocôndrias.

1.6.1 Ribossomos

Figura 05 - Ribossomos

Fonte: Davies e Cols (2002, p. 14)

Os ribossomos são estruturas pequenas que atuam na síntese das


proteínas, possuem grânulos de ácido ribonucleico (RNA) e proteínas
ribossomais, estando presentes no citoplasma e se aderem ao retículo
endoplasmático. Atualmente os ribossomos não são mais considerados como
uma organela.

1.6.2 Retículo endoplasmático

Figura 06 - Retículo endoplasmático

Fonte: Davies e Cols (2002, p. 14)

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O retículo endoplasmático está relacionado com a síntese de proteínas e
lipídios, sendo constituído por tubos e sacos achatados estendidos por todo
citoplasma, sendo de dois tipos:
- Retículo endoplasmático liso.
- Retículo endoplasmático rugoso.
O retículo endoplasmático liso é constituído por uma rede de tubos e
bolsas de formato achatado e com curvas, tendo como função atuar no
transporte dos materiais através das células, armazenando o cálcio, também é
considerado como o principal responsável pelo síntese de lipídios.
O retículo endoplasmático rugoso é um conjunto de membranas
dobradas, possuindo muitos ribossomos ao longo de toda a célula tendo a função
de ajudar no transporte de materiais para a célula, estando relacionado com a
síntese de proteínas.

1.6.3 Complexo de Golgi

Figura 07 - Complexo de Golgi

Fonte: Davies e Cols (2002, p. 15)

O complexo de Golgi é constituído por um conjunto de membranas lisas


que formam “sacos”, tendo como função principal a secreção das proteínas
produzidas no retículo endoplasmático rugoso, sendo levadas para outras
organelas.

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1.6.4 Lisossomos

Figura 08 - Lisossomos

Fonte: Davies e Cols (2002, p. 14)

Os lisossomos apresentam um importante papel nas células, que é atuar


na digestão celular, sendo constituídos por sáculos do complexo de Golgi,
classificados de: primário, secundário e terciário. Os primários possuem em seu
interior enzimas, quando associados a um endossomo ou a outro vacúolo, são
considerados como lisossomos secundários e quando no interior existem
resíduos que não estão digeridos no processo de digestão, são chamados de
terciários.

1.6.5 Mitocôndrias

Figura 09 - Mitocôndrias

Fonte: Davies e Cols (2002, p. 15)

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As mitocôndrias apresentam um papel fundamental para o funcionamento
celular, uma vez que são responsáveis pela síntese do trifosfato de adenosina
(ATP) através da utilização do oxigênio, processos relacionados com o ciclo de
Krebs e a cadeia respiratória.
Por meio da prática de atividade física regular é observado um aumento
no tamanho das mitocôndrias, garantindo uma potencialização da capacidade
de oxidação das gorduras, glicose e proteínas.

1.7 Funções celulares básicas

As células realizam funções básicas, sendo primordiais para a


sobrevivência dos organismos, como:
- Obtenção de nutrientes e de oxigênio através dos alimentos.
- Realização de várias reações químicas com vários nutrientes e oxigênio
tendo como finalidade o fornecimento de energia para as células.
- Eliminação do dióxido de carbono e de outros resíduos produzidos
durante as reações químicas.
- Síntese de proteínas e outros componentes fundamentais para a
manutenção da estrutura celular, crescimento e algumas funções celulares.

1.8 Macronutrientes

Os macronutrientes compreendem os carboidratos, lipídios e as


proteínas.

1.8.1 Carboidratos

As biomoléculas mais presentes na natureza em termos de quantidades


são os carboidratos, sendo constituídos por uma molécula de carbono (C), duas
de hidrogênio (H) para uma de oxigênio (O), representados por (CH2O)n, são
também conhecidos como açúcares, tendo como principais exemplos: glicose,
frutose, sacarose, lactose, maltose, amido, celulose e glicogênio.
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A principal função é o fornecimento de energia para todos os organismos,
existem três tipos principais: monossacarídeos, oligossacarídeos e
polissacarídeos.
Os monossacarídeos são carboidratos simples que possuem de três a
nove átomos de carbono, recebendo a denominação de acordo com o número
de átomos de carbono presentes.
A glicose é um monossacarídeo e tem o papel de fornecer energia,
estando presente em todos os tecidos, posteriormente a sua absorção pelas
células, vai ser transformada em energia na forma de ATP, sendo utilizada em
várias reações metabólicas. Os monossacarídeos servem também de base para
a formação de todos os outros carboidratos.
O glicogênio é um polissacarídeo de origem animal, sintetizado por meio
da polimerização da glicose, recebendo o nome de glicogênese, estando
armazenado no fígado, sendo considerado como a maior reserva de energia
para todo o corpo humano.

1.8.2 Lipídios

Os lipídios são biomoléculas constituídas por carbono (C), hidrogênio (H)


e oxigênio (O), representados pelos óleos, gorduras e ceras, tendo como
característica principal a insolubilidade em água, mas são solúveis em solventes
orgânicos, como: éter, clorofórmio e benzeno.
Os lipídios são primordiais na constituição das membranas celulares,
constituindo a dupla camada lipídica, o que favorece o isolamento do meio
intracelular para o meio extracelular, são considerados a segunda maior reserva
de energia do organismo, podendo ser adquiridos por meio de duas fontes:
- Alimentação.
- Reserva orgânica (tecido adiposo).
Existem ainda outras funções como servir de isolante térmico para os
mamíferos e formar vários hormônios. Os lipídios são classificados como:
Simples, compostos e derivados.
Os lipídios, quando absorvidos, são submetidos por um processo de
digestão, sendo "quebrados" em moléculas menores ainda para facilitar a

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absorção e posteriormente as moléculas vão penetrar a corrente sanguínea,
atuando na síntese de hormônios, termorregulação, entre outras atividades.
As lipoproteínas são as facilitadoras para o meio de transporte de lipídios
na corrente sanguínea.
O colesterol é um lipídio derivado, sendo constituído por lipídios simples
e compostos, sendo a base de todos os hormônios esteroides sintetizados pelo
organismo em todos os órgãos, em excesso no sangue é muito prejudicial,
aumentando o risco do desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Existem dois tipos: a lipoproteína de baixa densidade (LDL) que é
considerada como "ruim", devido a possibilidade de depositar-se nas artérias,
ocasionando a obstrução, e a lipoproteína de alta densidade (HDL), considerada
como "bom", impedindo que exista o excesso de colesterol acumulado nas
artérias.

1.8.3 Proteínas

As proteínas são constituídas por vários aminoácidos, formadas por


moléculas pequenas que possuem na composição carbono (C), hidrogênio (H),
oxigênio (O2) e nitrogênio (N), sendo caracterizada pela presença de dois
grupamentos especiais de átomos, a amina (NH2), o ácido carboxílico ou
carboxila (COOH) e também um radical que determina um dos vinte tipos de
aminoácidos.
Nem todos os seres vivos conseguem produzir os vinte tipos de
aminoácidos necessários para a construção das proteínas. Existe uma divisão
em aminoácidos essenciais, sendo os que o organismo humano não consegue
sintetizar, e os aminoácidos não essenciais ou naturais constituindo os que o
organismo é capaz de sintetizar.
Os aminoácidos adquiridos por meio da alimentação são: arginina,
fenilalanina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, serina, treonina, triptofano e
valina, já os aminoácidos produzidos pelo próprio organismo são: alanina,
asparagina, cisteina, glicina, glutamina, histidina, prolina, tiroxina, ácido
aspártico e ácido glutâmico.

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1.9 Micronutrientes

Os micronutrientes são constituídos pelas vitaminas e sais minerais.

1.9.1 Vitaminas

As vitaminas são primordiais para a manutenção e o desenvolvimento de


todas as células do corpo humano, sendo encontradas nos alimentos e corpo
humano em pequenas quantidades, são consideradas como essenciais à vida.
A necessidade diária de vitaminas em termos de quantidade é baixa,
porém a sua falta vai levar a hipovitaminose, enquanto o excesso a
hipervitaminose, ocasionando uma intoxicação.
As principais funções são: acelerar as reações enzimáticas, atuar como
coenzimas, como antioxidantes e constituir alguns hormônios.
As vitaminas são solúveis em água (hidrossolúveis) e solúveis em gordura
(lipossolúveis) esta classificação está relacionada com a solubilidade da
vitamina. As hidrossolúveis constituem o complexo vitamínico B (B1, B2, B6 e
B12) e as vitaminas C, sendo solúveis em água, não sendo armazenadas,
absorvidas pelo intestino e transportadas pelo sistema circulatório até os tecidos
em que serão utilizadas, todo o excesso é eliminado na urina.
As vitaminas lipossolúveis são A, D, E e K, o organismo neste caso é
capaz de manter estoques principalmente no fígado e no tecido adiposo, em
função de serem solúveis em lipídios, são absorvidas no intestino humano com
o auxílio dos sais biliares, encontrados no fígado e sistema linfático sendo
transportados para diferentes partes do organismo.

1.9.2 Sais minerais

Os sais minerais apresentam funções importantes nas células, sendo


encontrados livres na forma de íons dissolvidos nos líquidos intracelular e
extracelular ou associados a outras moléculas orgânicas, as principais funções
são: atuar na formação de alguns tecidos orgânicos, como ossos, dentes,
músculos, regulação do balanço hídrico, ácido-base e pressão osmótica,

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atuação no sistema imunológico e ação antioxidante. Também auxiliam na
contração muscular, transporte de oxigênio, condução do impulso nervoso,
equilíbrio de pH sanguíneo, coagulação sanguínea e manutenção do ritmo
cardíaco.
Do total dos 28 sais minerais existentes, 12 são essenciais sendo
divididos em dois grupos: macrominerais e microminerais. A necessidade diária
pelos macrominerais é maior que 100 mg, estando relacionados com a estrutura
e à formação dos ossos, regulação dos fluídos corporais e às secreções
digestivas, os principais exemplos são: cálcio, fósforo, magnésio, cloreto, sódio
e potássio.
Já as principais funções dos microminerais estão relacionadas com as
reações bioquímicas, atuando no sistema imunológico e nas ações
antioxidantes, a necessidade diária é inferior a 100 mg.
As principais funções de alguns dos minerais serão descritas a seguir:

Cálcio
A concentração é de 99% estando presente em grande concentração nos
ossos e dentes, é considerado como um mineral bem distribuído entre alimentos
tanto de origem animal como vegetal, estando presente principalmente no leite
e derivados, cereais integrais, castanhas, soja e derivados e vegetais verde-
escuros. Para que exista a absorção, é necessário a presença da vitamina D. A
falta de cálcio vai ocasionar à osteoporose, fraturas, fraqueza muscular,
enquanto que o seu excesso vai levar a problemas renais.

Fósforo
Também é considerado com fundamental para a formação óssea, estando
presente na estrutura das células e nas reações químicas que ocorrem no
organismo. A falta pode levar a fraturas e problemas musculares, já o excesso
vai causar uma ineficiência na absorção do cálcio.

Sódio
Está relacionado com o equilíbrio hídrico com o potássio, é encontrado
facilmente através do sal de cozinha. Atua na condução dos impulsos nervosos

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e nas contrações musculares, a sua falta vai levar a câimbras e desidratação, já
o excesso vai causar problemas cardíacos e perda de cálcio.

Ferro
Está presente m todas as células do organismo, auxiliando na produção
das enzimas que estimulam o metabolismo, também formam a hemoglobina e a
mioglobina, que vão levar o oxigênio para as hemácias e para as células
musculares, sendo muito importantes para o transporte de oxigênio para o corpo.
A necessidade de ferro para as mulheres chega a ser duas vezes maior do que
nos homens, uma vez que perdem este mineral a cada mês durante a
menstruação.
A falta de ferro vai levar a uma quantidade reduzida de oxigênio para os
tecidos, levando a anemia e a fadiga, já o excesso é tóxico e quando em grandes
quantidades, vai ocasionar distúrbios gastrintestinais. O ferro é encontrado nas
carnes, miúdos, gema de ovos, leguminosas e cereais integrais.

Zinco
Está relacionado com o crescimento e à evolução do organismo, estando
envolvido no desenvolvimento sexual, sistema imune e na produção de insulina.
A carência vai afetar o crescimento normal, levando a problemas no sistema
imunológico como a perda do paladar e do olfato, o excesso vai prejudicar a
absorção de cobre no organismo, este mineral é encontrado em carnes, frutos
do mar, ovos, leguminosas e castanhas.

Cobre
Está envolvido com o controle de atividades enzimáticas, atuando na
formação de hemoglobina, apresenta uma ação antioxidante e a carência vai
diminuir a absorção do ferro pelo organismo. O excesso vai causar problemas
para o fígado, sendo encontrado principalmente nos seguintes alimentos: feijão,
ervilhas, castanhas, uvas, cereais e pão integral, frutos do mar, cereais integrais
e vegetais verde-escuros.

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2. METABOLISMO ENERGÉTICO E GASTO ENERGÉTICO

2.1 Introdução ao metabolismo energético

A definição do metabolismo energético é um conjunto de reações


químicas executadas no organismo, sendo encarregados pela liberação de
energia que vai garantir o funcionamento normal do corpo humano.
As necessidades nutricionais de cada ser humano são diferentes e variam
de acordo com a idade, sexo, peso corporal e altura, como também com o grau
de atividade física. Normalmente, um adulto precisa de 1500 a 2800 kcal/dia. A
quantidade de energia requerida para manter os processos básicos é chamada
de gasto energético basal, estando envolvida com a manutenção do organismo,
atividades do sistema nervoso, ventilação pulmonar, circulação, excreção renal,
secreções hormonais entre outras atividades.

2.2. Recomendações nutricionais

A maioria dos países inclusive o Brasil infelizmente estão apresentando


aumentos nos percentuais com relação à obesidade e as doenças associadas.
A base para a prevenção deve estar relacionada principalmente nos
seguintes pontos:
- Conhecimento dos processos biológicos e epidemiológicos que levam
ao aparecimento das doenças.
- Efetividade das intervenções.
Grande parte das patologias como o infarto do miocárdio, diabetes, câncer
e hipertensão arterial estão relacionadas com uma gama de relações destas
doenças com os fatores de risco.
A recomendação nutricional é uma alimentação mais saudável, através
de dietas que sejam possíveis para toda a sociedade, possuindo um grande

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impacto sobre os principais fatores de risco relacionados com a maioria das
patologias.
Nos países mais desenvolvidos, existem guias alimentares referentes a
manutenção da saúde, através da redução de risco da maioria das doenças
crônicas, sendo observado importantes diminuições das enfermidades em
função das ações primárias e secundárias de prevenção que foram implantadas.
Nas dietas saudáveis deve existir uma prioridade com relação a
prevenção do ganho de peso como também da prática de atividade física regular,
uma vez que são considerados como fatores importantes para a promoção da
saúde.

2.3 Vias bioenergéticas

A bioenergética estuda as transformações da energia que ocorrem nas


células vivas e dos processos químicos envolvidos nessas transformações.
De acordo com a 1a Lei da Termodinâmica a energia não é criada e nem
destruída, ela é transformada de uma forma de energia para outra. Existem seis
tipos de energia: Química, mecânica, térmica, luminosa, elétrica e nuclear. O
foco do estudo na bioenergética, está relacionado com dois tipos de energia: a
química e a mecânica.
A 2a Lei da Termodinâmica auxilia no entendimento com relação a qual
direção ocorreu a reação química e o quanto de energia foi liberado.
No momento que a reação química ocorre a energia vai ser liberada por
meio de combinações variadas com relação ao calor, energia utilizável, entropia
e luz.
A energia utilizável corresponde a energia livre, sendo esta forma de
energia que as células podem utilizar para realizar o trabalho, enquanto que a
entropia corresponde a energia que não pode ser utilizada.
Nem toda a energia química presente na quebra dos nutrientes
alimentares armazenados nas células (carboidratos, lipídios e proteínas) é
perdida na forma de calor imediatamente, grande parte é conservada como
energia química, sendo em seguida transformada em energia mecânica que será
utilizada durante a contração muscular.
Para os processos que envolvem energia existem duas possibilidades:

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- Processo exergônicos – São processos em que ocorrem a liberação de
energia, resultantes do declínio ou diminuição da energia livre, sendo conhecidos
também como processos descendentes.
- Processos endergônicos - São processos em que ocorrem o
armazenamento ou a absorção de energia, existindo o aumento da energia livre,
sendo chamados de processos ascendentes.
Em repouso a quantidade de energia necessária para os músculos é muito
pequena, sendo utilizados principalmente como fonte de energia os carboidratos
e as gorduras, enquanto que nos exercícios leves até os vigorosos, a maior
quantidade de energia utilizada é proveniente dos carboidratos. Nos exercícios
máximos, a utilização de energia é praticamente exclusiva dos carboidratos.
Durante toda a execução do exercício físico, a necessidade de energia é
cada vez maior, devido a intensidade e a duração da atividade, chegando em
alguns casos até 200 vezes do que as condições em repouso.
A fonte de energia necessária para a contração muscular, é proveniente
do ATP, as ligações que vão unir os radicais fosfato à célula são denominados
de ligações fosfato de alta energia, cada uma das ligações consegue armazenar
cerca de 11.000 calorias de energia por mol de ATP, quando um radical fosfato
é removido da molécula, são liberadas 11.000 calorias de energia, para serem
utilizadas para energizar o processo contrátil muscular.
A remoção do primeiro fosfato vai transformar o ATP em adenosina
difosfato (ADP), enquanto que a remoção do segundo fosfato vai transformar o
ADP em adenosina monofosfato (AMP).
É necessário um suprimento constante de ATP durante o exercício físico
visto que as células musculares não conseguem armazenar uma quantidade
muito grande de energia.
Existem três diferentes vias responsáveis pela produção e reconstituição
do suprimento constante de ATP nas fibras musculares:
- Via anaeróbica alática.
- Via anaeróbica lática.
- Via aeróbica.

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2.3.1 Via anaeróbica alática

Esta via também é chamada de sistema ATP-CP, fósforo creatina ou


fosfagênio, nesta via as reações ocorrem fora da mitocôndria, não utilizando o
oxigênio nesta reação, por isso é chamada de via anaeróbica, sendo
considerada a via mais simples e mais rápida entre as três vias bioenergéticas.
A fósforo creatina (PC) como o ATP estão armazenados no interior das
células musculares, tanto PC como o ATP possuem grupos fosfatos sendo
denominados de fosfagênios. A PC é quebrada em creatina e fosfato,
concedendo uma grande quantidade de energia, em um período muito curto de
tempo.
A maioria das células musculares tem duas ou três vezes mais PC do que
ATP, esta via proporciona uma potência muscular máxima por um período em
média de 10 a 15 segundos. Esta energia é utilizada para atividades que muito
rápidas ou seja curtas explosões com potência muscular máxima, como por
exemplo a corrida de 50 metros, natação de 50 metros, salto em altura,
levantamento de peso, entre outras atividades.
Esta via consegue fornecer o ATP de forma bastante rápida devido os
seguintes fatores:
- Não depende de uma longa série de reações químicas.
- Não necessita do transporte de oxigênio para os músculos em exercício.
- Tanto a PC como o ATP estão armazenados diretamente nos músculos.
- Não requer oxigênio.
- Não produz ácido lático como produto final.
- Após a hidrólise da PC o ATP pode ser novamente ressintetizado.
Muitos atletas acabam ingerindo a creatina como forma de suplementação
para os exercícios físicos, a mesma deve ser em média de duas a três gramas
por dia. O consumo em excesso acaba ocasionando alguns efeitos colaterais,
como por exemplo a retenção de líquidos, outra possibilidade ainda é um efeito
citotóxico que vai dificultar o crescimento das células.

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2.3.2 Via anaeróbica lática

Esta via também é chamada de glicólise ou sistema do ácido lático, as


suas reações ocorrem fora da mitocôndria, não utilizando o oxigênio. O ATP é
ressintetizado dentro do músculo, estando relacionado com a desintegração
incompleta do carboidrato em ácido lático.
No corpo humano, todos os carboidratos são transformados no açúcar
(glicose), sendo utilizada imediatamente nessa forma ou armazenado no fígado
e nos músculos como glicogênio para posterior utilização.
Os fosfatos de alta energia são ressintetizados continuamente através de
um ritmo rápido, possibilitando que o exercício físico extenuante continue além
de um período muito curto de tempo, neste caso a energia para quebrar o ATP
é proveniente principalmente da glicose e do glicogênio.
No momento que a molécula de glicose penetra a célula, para ser utilizada
para a produção de energia, existe uma série de reações químicas denominadas
de glicólise, no caso da série de reações iniciar com o glicogênio acumulado, a
reação é chamada de glicogenólise.
A quebra ou hidrólise da glicose até a produção de ATP ocorre por meio
de várias reações, no total são dez etapas, até o produto final, tendo a formação
do ácido lático e a produção de 4 ATPs, sendo gastos 2 ATPs para a fosforilação
inicial da molécula de glicose, tendo um saldo final de 2 ATPs para cada
molécula de glicose.
Até a formação do piruvato ou ácido pirúvico a via é comum tanto para a
via anaeróbica lática como para a via aeróbica, a partir deste ponto vai existir
uma diferença entre as duas vias.
Ao longo de todo esse processo, cada molécula de glicose é quebrada
em duas moléculas de piruvato, tendo a liberação de energia para a formação
das moléculas de ATP.
O ácido pirúvico penetra nas mitocôndrias das células musculares e reage
com o oxigênio com a finalidade de formar mais moléculas de ATP, contudo na
ausência do oxigênio (via anaeróbica), a maior parte do piruvato será
transformada em ácido lático.
Esta via proporciona energia durante 30 a 40 segundos de atividade
muscular máxima, além dos 10 a 15 segundos proporcionados pela via

21
anaeróbica alática, esta via está relacionada com atividades como corrida e na
natação de 800 metros, entre outras atividades.
Grande parte do ácido lático acumulado durante o exercício físico pode
ser novamente reconvertida em glicogênio no fígado, garantindo uma quantidade
adicional de energia. O nome deste processo é ciclo de Cori, portanto o fígado
além de armazenar energia também pode produzir energia a partir do ácido lático
acumulado durante o exercício físico.

2.3.3. Via aeróbica

Esta via também é denominada de via oxidativa ou fosforilação oxidativa,


ocorrendo na presença do oxigênio, toda a produção aeróbica de ATP ocorre no
interior da mitocôndria.
A via aeróbica é considerada a mais complexa das três pois envolve a
interação de duas vias metabólicas: ciclo de Krebs e a cadeia transportadora de
elétrons, proporcionando energia em atividades com duração de até duas horas,
como por exemplo caminhadas, corridas moderadas, exercícios na esteira ou na
bicicleta ergométrica.
A produção aeróbico de ATP é um processo que envolve três estágios,
onde o estágio 1 é a formação de uma molécula chave de 2 carbonos  Acetil-
CoA, já o estágio 2 é a oxidação do Acetil-CoA no ciclo de Krebs o estágio 3 é o
processo de fosforilação oxidativa ou formação do ATP na cadeia transportadora
de elétrons (cadeia respiratória).

22
Ciclo de Krebs

Figura 10 - Ciclo de Krebs

Fonte: MCARDLE, W.D.; KATCH, F.I.; KATCH, V.L., p. 142, 2003

O ciclo de Krebs também é denominado de ciclo do ácido cítrico, foi


descrito pelo bioquímico alemão Hans Adolf Krebs, ele recebeu o Prêmio Nobel em
1953 junto com Fritz Lipmann.
Para a entrada no ciclo de Krebs é necessário a preparação de duas
moléculas de carbono, chamadas de Acetil-CoA ou coenzima A. O Acetil-CoA é
formado a partir da quebra de carboidratos, lipídios ou proteínas.
Na figura 10 estão as reações envolvidas nesse processo, o piruvato (molécula de
três carbonos) é quebrado para formar o Acetil-CoA (molécula de dois carbonos).
Para cada molécula de glicose que iniciou a glicólise, serão formadas duas
moléculas de piruvato. Na presença de oxigênio são convertidas em duas moléculas
de Acetil-CoA significando que cada molécula de glicose vai resultar em duas voltas
no ciclo de Krebs.
Para cada volta do ciclo de Krebs são formadas três moléculas de NADH
e uma molécula de FADH, para cada par de elétrons passados por meio da cadeia
transportadora de elétrons do NADH para o oxigênio, uma grande quantidade de
energia vai estar disponível para formar três moléculas de ATP, enquanto que para
cada molécula de FADH formada, uma grande quantidade de energia disponível irá
produzir duas moléculas de ATP.

23
Portanto em termos de produção de ATP, o FADH não é tão rico em
produção de energia como NADH. Tanto a produção de NADH e FADH vão resultar
no ciclo de Krebs em formação direta de um outro composto de alta energia, o
trifosfato de guanosina (GTP).
O GTP é um composto de alta energia que vai transferir seu grupo fosfato
terminal para o ADP formando ATP. A formação direta de GTP no ciclo de Krebs é
responsável por uma pequena quantidade do total da energia convertida no ciclo de
Krebs, uma vez que a energia produzida (isto é NADH e FADH) é obtida através da
cadeia transportadora de elétrons para formar o ATP.
Para que os lipídios consigam formar o Acetil-CoA, os triglicerídeos precisam ser
quebrados em ácidos graxos e glicerol, esses ácidos são submetidos a uma série de
reações para formar o Acetil-CoA este processo é denominado de beta oxidação. As
proteínas não são consideradas como uma grande fonte de combustível durante o
exercício físico, uma vez que contribuem com menos de 2 a 15% de combustível
utilizado durante o exercício.
As proteínas conseguem entrar nas vias bioenergéticas em uma
variedade de locais, o primeiro estágio é a quebra da proteína em subunidades de
aminoácidos, o que vai acontecer posteriormente vai depender de qual aminoácido
está envolvido neste processo.
A principal função do ciclo de Krebs é completar a oxidação, ou seja, a remoção de
hidrogênio dos carboidratos, lipídios ou proteínas, através da utilização do
dinucleotídeo de nicotinamida e adenina (NAD) e dinucleótido de flavina e adenina
(FAD) para carrear hidrogênio (energia), tanto o NAD como o FAD atuam como
transportadores de elétrons.

Cadeia transportadora de elétrons


A produção aeróbica de ATP também denominada de fosforilação
oxidativa vai ocorrer na mitocôndria, a via responsável por esse processo é
denominada de cadeia transportadora de elétrons (também denominada cadeia
respiratória ou cadeia citocromo), esta produção aeróbica de ATP é possível em
função de um mecanismo que utiliza a energia potencial disponível dos
carreadores de hidrogênio diminuídos tal como NADH e FADH para refosforilar
o ADP para ATP.

24
O carreador de hidrogênio reduzido não é diretamente reagido com o
oxigênio, ocorrendo primeiramente a remoção dos elétrons a partir de átomos de
hidrogênio, passando por uma série de carreadores de elétrons chamados de
citocromos. Durante este processo, uma grande quantidade de energia vai ser
removida para fosforilar o ADP formando o ATP, o número total de ATPs
produzidos é de 38 para cada molécula de glicose.

25
3. ERGOMETRIA

A ergometria é definida como a área que estuda a medição do trabalho,


por meio do produto da força pela distância ou deslocamento, estando
relacionada com o gasto de energia. Para a avaliação da capacidade de trabalho,
são necessários além da determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos,
a utilização de instrumentos que possibilitem medir o trabalho mecânico.
Os principais aparelhos ou ergômetros são:
- Bicicleta ergométrica (membros inferiores, membros superiores ou para
ambos membros superiores e inferiores).
- Esteira ergométrica (membros inferiores).
Estes aparelhos são utilizados com o objetivo de avaliar as cargas de
trabalho aplicadas para o indivíduo durante um teste de esforço físico.
A carga deve sempre ser alterada durante o teste; o ergômetro deve ser
ajustável para as características físicas de cada indivíduo.

3.1 Esteira ergométrica

A esteira ergométrica foi criada no século XVIII no Reino Unido, no ano


de 1818 pelo engenheiro William Cubitt como uma forma de tortura para os
presos da época, sendo que os mesmos ficavam durante mais de 6 horas todos
os dias da semana, ao final do dia um preso tinha subido entre 1,5 mil metros e
4,2 mil metros, criando uma força motriz que era responsável pelo movimento
dos moinhos, fazendo com que os grãos fosse moídos e água bombeada.
A esteira ergométrica é um ergômetro que utiliza a marcha ou a corrida,
no plano ou na subida e dependendo do ergômetro existem aparelhos que
também são capazes de simularem a descida. Esta é uma atividade base para
a maioria das modalidades esportivas.
O ergômetro deve estar apoiado no solo e possuir uma plataforma que
garante uma área extensa para a marcha ou corrida; devendo possuir barras de
segurança laterais e frontais, mas que não restrinjam qualquer tipo de movimento
do indivíduo que está sendo avaliado.

26
Para o controle da velocidade deve existir um dispositivo analógico ou
digital, além do ângulo de inclinação da esteira ergométrica (% de inclinação), a
velocidade da esteira ergométrica é em milhas por hora (mph) ou Km.

1 km = 0,6215 mph e 1 mph = 1,6 Km

O sistema de elevação da esteira ergométrica é mecânico ou hidráulico,


podendo variar entre 0% até 25% de inclinação, não é aconselhado inclinações
superiores a 20% durante longos períodos de atividade, visto que podem causar
traumas no aparelho locomotor.
Figura 11 – Esteira ergométrica

Fonte:studiometsom

Figura 12 – Esteira subaquática

Fonte: Próprio autor

27
3.1.1 Vantagens de utilização da esteira ergométrica

- Utiliza um tipo comum de exercício para todos os indivíduos avaliados


que é caminhar ou correr.
- Utiliza uma maior massa muscular durante toda a atividade física.

3.1.2 Desvantagens de utilização da esteira ergométrica

- Custo financeiro mais elevado.


- Maior dificuldade na aquisição dos registros eletrocardiográfico, medida
da pressão arterial e frequência cardíaca e ausculta durante o exercício físico.
- Mais pesada e barulhenta.

3.2 Bicicleta ergométrica

A bicicleta convencional foi inventada por volta de 1790, em Paris, pelo


conde Mede de Sivrac. Ele ligou um pedaço de madeira a duas rodas e chamou
de celerífero, o impulso para o movimento era realizado com os pés.

3.2.1 Vantagens de utilização da bicicleta ergométrica

- Maior facilidade para os registros eletrocardiográficos, medida da


pressão arterial e frequência cardíaca e ausculta durante o exercício físico.
- Técnica mais simples de ser utilizada.
- Fácil de ser transportada.
- Menor custo financeiro.

3.2.2 Desvantagens de utilização da bicicleta ergométrica

A atividade física na bicicleta ergométrica envolve uma menor massa


muscular durante o exercício físico do que na atividade física realizada na esteira
ergométrica, obrigando o indivíduo a interromper o teste sem atingir um consumo

28
de oxigênio mais elevado, observado normalmente nos testes máximos em
esteira ergométrica.
- Ocorrência de fadiga precoce do músculo quadríceps.
- Necessita que o indivíduo saiba pedalar.

3.3 Protocolos para avaliação e treinamento

Na figura a seguir existem exemplos de protocolos que podem ser


utilizados para avaliação e/ou para o treinamento físico. Os protocolos em
degraus e rampa podem ser utilizados para avaliação física, já os protocolos
interrompido e contínuo são indicados para o treinamento físico.

Figura 13 – Tipos de protocolos

Fonte: Próprio autor

3.4 Protocolos dos testes ergométricos para a bicicleta ergométrica

Existem 3 principais protocolos que podem ser utilizados para a avaliação


física com a bicicleta ergométrica, sendo eles:
- Balke.
- Astrand.
29
- Storer.

3.4.1 Protocolos de Balke e Astrand

Os protocolos de Balke e Astrand são protocolos crescentes contínuos ou


em degraus, a diferença entre os 2 é o tempo de duração de cada estágio. O
protocolo de Balke tem a duração de 2 minutos para cada estágio e o protocolo
de Astrand a duração de 3 minutos.
A equação a seguir pode ser utilizada para ambos os testes com o objetivo
de avaliar indiretamente o consumo máximo de oxigênio atingido no final do teste
ergométrico.

VO2máx = 12 x watts + 300


________________________
Peso corporal

Tabela 01 - Protocolos de Balke e Astrand


PROTOCOLO DE BALKE PROTOCOLO DE ASTRAND
ESTÁGIO CARGA (WATTS) TEMPO ESTÁGIO CARGA (WATTS) TEMPO
1 25 2 1 25 3

2 50 4 2 50 6

3 75 6 3 75 9

4 100 8 4 100 12

5 125 10 5 125 15

6 150 12 6 150 18

7 175 14 7 175 21

8 200 16 8 200 24

9 225 18 9 225 27

10 250 20 10 250 30

11 275 22 11 275 33

12 300 24 12 300 36

13 325 26 13 325 39

14 350 28 14 350 42

15 375 30 15 375 45

30
16 400 32 16 400 47

3.4.2 Protocolo de Storer

Este protocolo é do tipo rampa, devendo ser iniciado por meio de um


aquecimento com duração de 4 min, com 60 rotações por minuto (rpm), sem
nenhuma carga. Após este período é aplicado uma carga de 15 W, a cada minuto
são somados mais 15 W até que o indivíduo chegue a exaustão.

Tabela 02 – Protocolo de Storer


PROTOCOLO DE STORER
ESTÁGIO CARGA (WATTS) TEMPO
1 15 1
2 30 2
3 45 3
4 60 4
5 75 5
6 90 6
7 105 7
8 130 8
9 145 9
10 160 10
11 175 11
12 190 12
13 205 13
14 230 14
15 245 15
16 260 16

Existem 2 equações específicas para o protocolo de Storer sendo


aplicada para homens e mulheres com a finalidade de avaliar indiretamente o
consumo máximo de oxigênio.
Nestas equações além do sexo e da carga final atingida no teste são
levados em consideração o peso corporal e a idade.

31
Para homens
VO2máx (ml/min) = (10,51 X watts) + (6,35 X peso Kg) – (10,49 X idade)
+ 519,3

Para mulheres
VO2máx (ml/min) = (9,39 X watts) + (7,770 X peso Kg) – (5,88 X idade) +
136,7

3.5 Protocolos dos testes ergométricos para esteira ergométrica

Existem vários protocolos para a esteira ergométrica que podem ser


utilizados como por exemplo:
- Bruce.
- Bruce modificado.
- Naugthon.
- Balke.
- Ellestad.
- Astrand.
- Kattus.

3.5.1 Protocolo de Bruce

O protocolo de Bruce é considerado como o mais conhecido utilizado,


possuindo crescimentos irregulares com relação à velocidade. É bastante
indicado para a avaliação de atletas e mulheres ativas. Não deve ser empregado
nos pacientes cardíacos ou sedentários de baixa condição física, visto que é um
protocolo que avança em estágios irregulares que dificulta o ajustamento dos
pacientes a este protocolo.

32
Tabela 03 – Protocolo de Bruce
PROTOCOLO DE BRUCE
ESTÁGIO VELOCIDADE INCLINAÇÃO TEMPO
1 1,7 10 3
2 2,5 12 6
3 3,4 14 9
4 4,2 16 12
5 5,0 18 15
6 5,5 20 18
7 6,0 22 21
8 6,5 24 24

3.5.2 Protocolo de Bruce modificado

Este protocolo é uma modificação do protocolo de Bruce, possuindo


crescimentos de velocidade e inclinação mais lentos, sendo mais indicados para
a avalição de indivíduos sedentários.

Tabela 04 – Protocolo de Bruce modificado


PROTOCOLO DE BRUCE MODIFICADO
ESTÁGIO VELOCIDADE INCLINAÇÃO TEMPO
1 1,7 0 3
2 1,7 5 6
3 1,7 10 9
4 2,5 12 12
5 3,4 14 15
6 4,2 16 18
7 5,0 18 21
8 5,5 20 24

33
3.5.3 Protocolo de Naughton

Este protocolo é indicado para pacientes sob suspeita de baixa ou muito


baixa capacidade funcional máxima cardiorrespiratória e pacientes pós infarto
agudo do miocárdio ou ainda pacientes sob reabilitação cardíaca.

Tabela 05 - Protocolo de Naughton


PROTOCOLO DE NAUGHTON
ESTÁGIO VELOCIDADE INCLINAÇÃO TEMPO
1 1 0 2
2 1,5 0 2
3 2 0 2
4 2 5 2
5 2 7,5 2
6 3 5 2
7 3 7,5 2
8 3 10 2
9 3 12,5 2
10 3 15 2

3.5.4 Protocolo de Balke

Este protocolo possui uma velocidade fixa de 3,3 milhas por hora com
aumento das inclinações de 1% a cada minuto. É indicado para avaliar homens
e mulheres que praticam atividade física regular.

Tabela 06 – Protocolo de Balke


PROTOCOLO DE BALKE
ESTÁGIO VELOCIDADE INCLINAÇÃO
1 3,3 1
2 3,3 2
3 3,3 3
4 3,3 4
5 3,3 5

34
6 3,3 6
7 3,3 7
8 3,3 8
9 3,3 9
10 3,3 10
11 3,3 11
12 3,3 12
13 3,3 13
14 3,3 14
15 3,3 15
16 3,3 16
17 3,3 17
18 3,3 18
19 3,3 19
20 3,3 20
21 3,3 21
22 3,3 22
23 3,3 23
24 3,3 24

3.5.5 Protocolo de Ellestad

Neste protocolo a inclinação é constante até atingir o 4o estágio enquanto


que a velocidade aumenta a cada estágio, o incremento para cada estágio é de
3 METs.

Tabela 07 – Protocolo de Ellestad


PROTOCOLO DE ELLESTAD
ESTÁGIO VELOCIDADE INCLINAÇÃO TEMPO
1 1,7 10 3
2 3,0 10 6
3 4,0 10 9
4 5,0 10 12
5 6,0 15 15
6 7,0 15 18
7 8,0 15 21

35
3.5.6 Protocolo de Astrand

A velocidade é constante neste protocolo durante todos os estágios. A


cada 3 minutos são acrescidos 2,5% de elevação.

Tabela 08 – Protocolo de Astrand


PROTOCOLO DE ASTRAND
ESTÁGIO VELOCIDADE INCLINAÇÃO TEMPO
1 7,0 0 3
2 7,0 2,5 6
3 7,0 5 9
4 7,0 7,5 12
5 7,0 10 15
6 7,0 12,5 18
7 7,0 15 21
8 7,0 17,5 24

3.5.7 Protocolo de Kattus

Este protocolo aumenta a sua velocidade em 0,5 mph a cada estágio de


3 minutos e possui uma inclinação constante de 10% durante todo o este
ergométrico.

Tabela 09 – Protocolo de Kattus


PROTOCOLO DE KATTUS
ESTÁGIO VELOCIDADE INCLINAÇÃO TEMPO
1 1,5 10 3
2 2,0 10 6
3 2,5 10 9
4 3,0 10 12
5 3,5 10 15
6 4,0 10 18

36
7 4,5 10 21
8 5,0 10 24

Para qualquer um dos protocolos utilizados para a esteira ergométrica a


equação a seguir pode ser utilizada para calcular indiretamente o consumo
máximo de oxigênio.

VO2máx = vel x 1,8 + (0,073 + incl)


Sendo: vel  velocidade em metros/minuto
incl  inclinação em porcentagem

37
4. RESPOSTAS DOS SISTEMAS MUSCULAR, ÓSSEO, CARDIOVASCULAR
E RESPIRATÓRIO DECORRENTES DE UM TREINAMENTO FÍSICO

4.1 Introdução

O treinamento físico é marcado pela realização de um exercício físico de


forma sistemática e constante com a finalidade de melhorar a habilidade física e
a saúde em geral. Os exercícios físicos realizados de forma sistemática vão
provocar grandes mudanças nos indivíduos, tanto a nível das estruturas
celulares, tecidos, órgãos e do corpo humano como um todo.
O exercício físico leva a um desvio do estado de homeostase orgânica
temporariamente, causando uma reorganização da resposta para os diversos
sistemas como o sistema cardiovascular, neuromuscular, respiratório entre
outros sistemas.

4.2 Efeitos agudos do exercício físico

Os efeitos agudos do exercício físico estão relacionados com os


resultados imediatos que são observados nos sistemas cardiovascular,
respiratório, neuromuscular, endócrino e imune, estando relacionados desde o
início, ao longo e término do exercício físico se estendendo até 24 horas após a
interrupção da atividade física.

4.3 Efeitos crônicos do exercício físico

Para que os efeitos crônicos do exercício físico possam ser observados


em vários sistemas, é necessário um período mínimo de treinamento físico de
seis meses em média, necessitando ser aplicado de forma sistematizada e
progressiva.
Para que se possa observar as alterações significativas nestes sistemas
o treinamento físico deve respeitar os princípios a seguir:
- Individualidade.
- Especificidade.
- Frequência
- Duração.

38
- Intensidade.

4.3.1 Individualidade

Cada proposta de treinamento físico precisa levar em conta todas as


características individuais, só após estas considerações deve então ser
elaborado o programa levando em consideração vários aspectos individuais
como:
- Idade.
- Sexo.
- Altura.
- Peso.

Quanto ao sexo existem grandes diferenças entre os sexos, com relação


aos aspectos fisiológicos, que precisam serem levadas em consideração na
prescrição da atividade física. Algumas variáveis fisiológicas possuem estas
diferenças e são observadas em conjunto com os benefícios para a saúde,
atingidos através do exercício físico em um programa de condicionamento físico.
As principais diferenças estão relacionadas com o aspecto estrutural
desfavorecendo a mulher nas atividades que necessitam de força. Para
aumentar o consumo máximo de oxigênio em ambos os sexos, não existe
diferença quanto à necessidade exigida, com relação a intensidade, frequência
e duração do exercício físico.
Quando os homens e mulheres estão expostos a um programa de
treinamento físico, seja através da bicicleta ergométrica ou esteira ergométrica,
as respostas características vão diferir entre ambos os sexos, principalmente
com relação aos sistemas neuromuscular, cardiovascular e sanguíneo,
respiratório e metabólico.

39
4.3.2 Especificidade

O treinamento físico precisa ser específico para a modalidade praticada,


ou seja, se a modalidade praticada está relacionada com atividades de longa
duração o treinamento físico também deve abordar exercícios de longa duração.
Se a modalidade praticada for de curta duração o treinamento também
deve estar baseado em exercícios curtos e rápidos, mais conhecidos como
exercícios de explosão.

4.3.3 Frequência

A frequência ideal do treinamento físico é em média 5 vezes por semana,


por outro lado já são observadas grandes alterações em treinamentos realizados
3 vezes por semana, principalmente nos casos quando os objetivos estão
relacionados com uma melhora da saúde tanto para jovens e adultos, com
relação as crianças e adolescentes é indicado uma prática de atividade física
regular menor que 4 vezes por semana.

4.3.4 Duração

Os dados indicam que as atividades físicas praticadas com duração de 30


minutos diariamente com uma intensidade moderada são capazes de provocar
melhoras com relação à qualidade de vida, mas para que existam mudanças
significativas no condicionamento cardiovascular, é necessário um mínimo de
duração entre 50 a 60 minutos diariamente.

4.3.5 Intensidade

Um dos principais fatores relacionados com o treinamento físico é a


intensidade, uma vez que garante os resultados mais benéficos do treinamento
físico quando são aplicados da forma correta.
Para que possa ser observado alguma alteração fisiológica em resposta
ao treinamento físico, o mesmo precisa ser realizado com uma intensidade
mínima necessária para que ocorra realmente uma melhora, o que significa
afirmar que todos os exercícios físicos que forem realizados com intensidades
40
inferiores, podem provocar uma sensação de bem estar garantindo uma maior
qualidade de vida dos praticantes inclusive dos idosos, mas não vão provocar
uma melhora da performance nestes indivíduos.
Os exercícios físicos moderados vão ocasionar alterações mais eficientes
não apenas na qualidade de vida dos praticantes, mas sim melhoras
significativas na aptidão cardiorrespiratória.
A intensidade indicada para o treinamento físico deve estar entre 60 a
85% da frequência cardíaca máxima prevista para a idade para que possa ser
observado um aumento na performance dos indivíduos.
Nos casos onde existe o aparecimento de um sinal ou sintoma importante
como angina, alterações patológicas da pressão arterial e queda da frequência
cardíaca, a intensidade do exercício físico precisa ser revista nestes casos.

4.4 Sistema muscular

O aumento da força muscular é decorrente do crescimento, em crianças


e jovens até os 12 anos de idade não existe diferença significativa na força
muscular entre os meninos e as meninas, apesar da tendência dos meninos
serem um pouco mais fortes. Após esta idade os meninos vão se tornando cada
vez mais fortes, enquanto que as meninas aumentam muito pouco a força
muscular. Esta grande diferença no desenvolvimento da força muscular está
relacionada com a maior secreção do hormônio testosterona nos homens.
Com relação a força dos membros superiores as mulheres são 40 a 60%
mais fracas do que os homens, porém em relação aos membros inferiores está
diferença é bem menor.
As mulheres utilizam a massa muscular dos membros inferiores muito
mais do que dos membros superiores, principalmente quando é realizada a
comparação com os padrões de uso dos homens.

41
4.5 Sistema ósseo

Os ossos representam um sistema dinâmico que consegue se adaptar as


cargas mecânicas impostas pelo exercício físico. As forças mecânicas regulam
tanto com relação a estrutura óssea como com o tamanho em combinação com
os fatores genéticos, nutricional e bioquímico, em relação aos outros sistemas a
adaptação óssea ao exercício físico é mais lenta e os ganhos de tamanho e
resistência são menores, o que significa afirmar que a adaptação óssea é mais
difícil de ser mensurada nestes casos.
Os benefícios do exercício físico para o tecido ósseo são atualmente muito
aceitos, e recomendados também como uma forma de prevenção para a
osteoporose.

4.6 Sistema cardiovascular no exercício

As mulheres quando estão realizando uma atividade física em uma


bicicleta ergométrica ou esteira ergométrica, vão apresentar, uma frequência
cardíaca maior do que do homem por volta de 5 a 8 bpm, esta resposta é
decorrente em função das mulheres apresentarem um coração menor e
consequentemente um ventrículo esquerdo e tamanho corporal menores,
ocasionando portanto uma força contrátil e volume sistólico menor, esta resposta
da frequência cardíaca em mulheres é uma compensação devido um menor
volume sistólico.
Quanto aos níveis de pressão arterial, a pressão arterial sistólica e a
pressão arterial diastólica estão entre 5 a 10 mmHg mais elevadas no homem,
já no climatério a pressão arterial sistólica da mulher vai aumentar ligeiramente
em comparação com o homem.
O débito cardíaco para a mesma potência submáxima absoluta é quase
idêntico em ambos os sexos.
As mulheres também apresentam uma menor possibilidade de aumentar
a diferença arteriovenosa de oxigênio, isto provavelmente se deve ao seu menor
conteúdo de hemoglobina, resultando de um menor conteúdo arterial de oxigênio
e redução do potencial oxidativo dos músculos.

42
Existem algumas diferenças com relação ao sistema sanguíneo, o número
médio de hemácias em repouso, na mulher é 10% menor do que no homem,
após o exercício existe um aumento de até 10%, devido ao aumento na diferença
absoluta entre os sexos, seguido de volta aos valores basais em meia hora até
duas de recuperação.

4.6.1 Adaptações agudas do sistema cardiovascular

As principais adaptações agudas do sistema cardiovascular em resposta


ao exercício físico são observadas nas seguintes variáveis:
- Frequência cardíaca.
- Pressão arterial.
- Volume sistólico
- Débito cardíaco.

Frequência cardíaca
A frequência cardíaca corresponde ao número de batimentos cardíacos
por minuto, esta variável é considerada com um dos principais parâmetros para
o acompanhamento da intensidade utilizada durante um treinamento físico.
As fórmulas mais utilizadas para a determinação da frequência cardíaca
máxima prevista para a idade são três, sendo duas delas específicas para os
adultos e a terceira para as crianças.
As duas fórmulas utilizadas para os adultos foram propostas por Karnoven
e estão descritas a seguir:

FCmáx = 220 – idade (homens)


FCmáx = 210 – idade (mulheres)

A fórmula a seguir foi proposta por Tanaka sendo específica para as


crianças entre 7 a 17 anos.

FCmáx = 208 – 0,7 x idade (crianças)

Pressão arterial

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A pressão arterial é medida em milímetros e está relacionada com a
pressão que o sangue exerce na parede dos vasos. Existe uma relação da
resposta aguda da pressão arterial durante o exercício físico com o tipo exercício
físico praticado, visto que a sua resposta depende da modalidade praticada,
depende da modalidade praticada.
Na tabela a seguir são apresentados os valores da pressão arterial
considerados como fisiológicos e os valores patológicos.

Tabela 10 – Valores da pressão arterial


NÍVEL PRESSÃO ARTERIAL PRESSÃO ARTERIAL
SISTÓLICA (mmHg) DIASTÓLICA (mmHg)u
Valores normais Entre 100 a 140 Entre 60 a 90
Hipotensão Inferior a 100 Inferior a 60
Hipotensão limite Entre 140 a 160 Entre 90 a 100
Hipertensão moderada Entre 160 a 180 Entre 100 a 110

Principais tipos de exercícios físicos e respostas fisiológicas


Os principais tipos de exercícios físicos são:
- Exercício de resistência.
- Exercício em ritmo estável.
- Exercício progressivo.

Exercício de resistência
Este tipo de exercício gera tensão, principalmente na fase concêntrica
(encurtamento) como também na estática da contração muscular, visto que
existe uma compressão mecânica dos vasos arteriais periféricos que estão
irrigando todos os músculos ativos.
Esta compressão vascular eleva bastante a resistência periférica total
como também reduz a perfusão muscular, diminuindo o fluxo sanguíneo
muscular estando diretamente proporcional ao percentual da capacidade de
força máxima exercida.

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Para retornar o fluxo sanguíneo muscular precisa existir um grande
aumento da atividade do sistema nervoso simpático como também no débito
cardíaco e na pressão arterial média.
Para os indivíduos portadores de doenças cardíacas e cardiovasculares
ou sedentários a sobrecarga cardiovascular aguda em um exercício intensivo de
resistência pode ser prejudicial para os praticantes, portanto nestes casos é
indicado a prática de exercícios físicos moderados.

Exercício em ritmo estável


As atividades musculares rítmicas como trote, natação, ciclismo entre
outras atividades provocam uma vasodilatação em todos os músculos ativos
diminuindo a resistência periférica total e aumentando o fluxo sanguíneo.
A alternância da contração e do relaxamento muscular proporciona um
aumento da força impulsionando o sangue através de todo o sistema vascular
trazendo de volta ao coração.
No momento do início do exercício físico existe um rápido aumento da
pressão arterial sistólica, estabilizando-se posteriormente a pressão entre 140 a
160 mmHg tanto para os homens e mulheres, já a pressão diastólica vai se
manter, elevar ou cair levemente por volta de 10 mmHg.

Exercício progressivo
No exercício contínuo e progressivo em esteira ou bicicleta ergométrica,
existe uma elevação rápida inicialmente comparada a situação de repouso, a
pressão arterial sistólica se eleva linearmente de acordo com a intensidade do
exercício físico praticado, enquanto que a pressão arterial diastólica vai se
manter estável ou ainda se elevar ou cair levemente.
As respostas são semelhantes tanto para os sedentários como para os
indivíduos ativos, durante o exercício máximo realizado tanto pelos homens ou
mulheres saudáveis a resposta fisiológica da pressão arterial sistólica irá se
elevar até 220 a 230 mmHg, já para a pressão arterial diastólica a mesma deve
estar exatamente igual aos valores em repouso ou ainda se elevar ou diminuir
até 20 mmHg.

45
Nos casos onde as respostas referentes a pressão arterial sistólica e
diastólica forem diferentes do que foi abordado anteriormente serão
considerados como uma resposta patológica.

Exercícios realizados nos membros superiores

Figura 14 – Ergômetro de Mão

Fonte: https://www.google.com.br/search?hl=pt-
BR&tbm=isch&source=hp&biw=1366&bih=588&ei=1uzZWtfkOcOiwASr7bHYCA&q=erg%C3%B4metros+d
e+m%C3%A3os&oq=erg%C3%B4metros+de+m%C3%A3os&gs_l=img.3...964.964.0.1468.2.2.0.0.0.0.121
.121.0j1.1.0....0...1ac.1.64.img..1.0.0.0...0.hmPFvAzHZJM#imgrc=jZBf_HqFd17etM – visualizado em
11/10/18.

Os exercícios praticados com os membros superiores por meio dos


ergômetros de mãos vão originar pressões arteriais sistólicas e diastólicas
maiores do que os exercícios realizados com os membros inferiores.
Estas respostas são diferentes visto que tanto a massa muscular e a
árvore vascular dos membros superiores possuem um menor porte, garantindo
uma maior resistência ao fluxo sanguíneo do que a massa muscular e o
suprimento sanguíneo da maior de maior porte dos membros inferiores.
Os exercícios realizados com os membros superiores produzem uma
maior sobrecarga cardiovascular visto que a demanda é muito maior, este tipo
de avalição é indicada por exemplo para os pacientes neurológicos ou
amputados que não tem condições de realizem os exercícios com os membros
inferiores.

Débito cardíaco

46
O débito cardíaco corresponde a quantidade de sangue que é ejetada
para a circulação a cada minuto, sendo determinado através do volume sistólico
multiplicado pela frequência cardíaca.
Durante o exercício físico o aumento do débito cardíaco é diretamente
proporcional a taxa metabólica, no repouso o débito cardíaco em sedentários ou
atletas é de 5 a 8 l/min, enquanto que no exercício físico máximo o débito
cardíaco pode se elevar em média até 5 vezes atingindo valores em torno de 25
l/min, esta elevação ocorre devido a uma redistribuição do fluxo sanguíneo.

DC = VS x FC

Alterações na distribuição do oxigênio para o músculo durante o


exercício físico
Durante o exercício físico intenso existe um grande aumento na
distribuição do oxigênio, esta alteração é decorrente de dois fatores que são:
- Aumento do débito cardíaco.
- Redistribuição do fluxo sanguíneo dos órgãos que não estão ativos para
os músculos esqueléticos que estão em ativos durante o exercício físico.

4.6.2 Adaptações crônicas do sistema cardiovascular

As adaptações ocorrem após um período de treinamento físico de no


mínimo seis meses realizado de forma eficiente, após este período podem ser
observados as seguintes alterações:
- Aumento do peso cardíaco.
- Aumento do volume sistólico.
- Aumento da espessura da parede.
- Aumento do tamanho da câmara do ventrículo esquerdo.
O músculo cardíaco sofre hipertrofia, esta alteração é devido uma
resposta em decorrência a uma adaptação fisiológica em função do treinamento
físico de resistência ou de força.
Um outro efeito do treinamento físico está relacionado com a melhora no
consumo máximo de oxigênio pico em média de 10 a 15% para os adultos,

47
adolescentes e crianças, este valor é menor para as crianças quando comparado
com os adultos.
A idade é considerada como uma das variáveis mais importantes que
alteram todas as respostas cardiovasculares principalmente em relação ao
consumo de oxigênio, estas quedas são observadas principalmente tanto em
sedentários adultos e idosos.
Com relação ao sexo as mulheres saudáveis sedentárias possuem
valores de consumo máximo de oxigênio mais baixos por volta de 20 a 25%
menores do que os homens, já as mulheres atletas possuem valores mais baixos
de 10% do que os homens atletas.

4.6.3 Treinamento físico regular

O treinamento físico regular é apontado como um importante


cardioprotetor, visto que a prática regular diminui a incidência de ataques
cardíacos, e mesmo os indivíduos que já sofreram um ataque cardíaco, se
tornarem ativos posteriormente a chance da sobrevida é muito maior do que os
indivíduos que ainda continuam sedentários sedentários.
Os dados referentes as pesquisas indicam que o treinamento físico
regular pode diminuir em até 60% da magnitude da lesão cardíaca durante um
ataque cardíaco.

4.7 Sistema respiratório no exercício físico

As diferenças entre as respostas respiratórias dos homens e das


mulheres ao exercício físico estão relacionadas em grande parte, às diferenças
quanto ao tamanho corporal.

4.7.1 Adaptações agudas no sistema respiratório

Durante o início do exercício físico existem aumentos imediatos na


ventilação, os vários fatores que regulam este aumento, estão relacionados com
fatores neurais e humorais, a resposta da ventilação está envolvida com os tipos

48
e as intensidades de exercícios físicos realizados, além do aumento da
frequência respiratória.

Frequência respiratória
A frequência respiratória tem como definição o número de ciclos
respiratórios ou respirações a cada minuto, a frequência respiratória em repouso
vai cair progressivamente durante toda a infância.
Quando é trabalhado a mesma potência relativa, a diferença da
frequência respiratória entre os sexos é muito pequena. Nos casos quando é
considerado o mesmo débito cardíaco absoluto, as mulheres apresentam uma
frequência respiratória maior do que os homens, provavelmente pelo fato de que
quando as mulheres trabalham na mesma potência, elas utilizam uma
porcentagem mais elevada do consumo máximo de oxigênio.
Os principais valores das frequências respiratórias em várias fases da
vida são os seguintes:
- Crianças (de 1 a 7 anos): 18-30 respirações por minuto.
- Pré-adolescentes: 20-30 respirações por minuto.
- Adolescentes: 18-26 respirações por minuto.
- Adultos: 12-20 respirações por minuto.
- Adultos com mais de 65 anos: 12-28 respirações por minuto.
- Idosos com mais de 80 anos: 10-30 respirações por minuto.

Ventilação durante o exercício físico


No decorrer do exercício físico são observadas duas modificações na
ventilação, a primeira delas é mais rápida e mais acentuada após uma elevação
mais gradual e contínua, tanto na ventilação como também na relação com a
frequência respiratória.
Estas alterações são observadas no exercício leve, moderado e no
exercício intenso como pode ser observado por meio da figura a seguir:

49
Figura 15 – Ventilação

Fonte: (WILMORE, JH & COSTILL, DL, 2001, PAG 261).

O aumento inicial da ventilação é ocasionado através da mecânica da


movimentação corporal, ao iniciar o exercício físico, o córtex motor transmite
impulsos para o centro inspiratório provocando um aumento da respiração.
O segundo aumento é mais gradual e está relacionado com o aumento da
temperatura como também da condição química do sangue, em função da
progressão do exercício físico o metabolismo muscular aumentado vai produzir
mais calor, dióxido de carbono e íons hidrogênio.
Todos estes fatores em conjunto vão ocasionar um aumento da descarga
de oxigênio para os músculos em atividades, ocasionando um aumento da
diferença arteriovenosa de oxigênio, sendo observado um aumento do dióxido
de carbono no sangue e íons hidrogênio, podendo ser detectado por meio dos
quimiorreceptores que irão estimular o centro inspiratório, aumentando a
ventilação e a frequência respiratória.
Quando o exercício é interrompido os músculos ativos vão retornar
rapidamente para as situações muito próximas a de repouso, já a ventilação
pulmonar tende a normalizar lentamente.
Existem algumas situações relacionadas com o sistema respiratório e
quando presentes vão prejudicar a prática do exercício físico comprometendo o
desempenho dos praticantes como:
- Dispneia – A sensação de falta de ar é muito comum em indivíduos que
estão mal condicionados fisicamente.
- Hiperventilação – Quanto mais destreinado for o indivíduo maior será o
aumento da ventilação, o que vai prejudicar muitas vezes a progressão do
exercício físico.

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- Manobra de Valsava – Este procedimento é realizado quando o
praticante realizada um levantamento de peso bastante grande, neste momento
ocorre o fechamento da glote, aumento da pressão intra-abdominal forçando a
contração dos músculos diafragma e abdominais.

4.7.2 Adaptações crônicas no sistema respiratório

As pesquisas não evidenciaram uma adaptação crônica do sistema


respiratório em decorrência do exercício físico, diferentemente do que é
observado no sistema cardiovascular.
Apesar dos músculos respiratórios se adaptarem frente a um treinamento
físico, a sua função é a mesma o que significa dizer que a função permanece
próxima do ótimo não existindo, sinais que identifiquem uma função pulmonar
superior tanto para o atleta como para um indivíduo sedentário.

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5. ELETROCARDIOGRAMA

5.1 Eletrocardiograma de esforço

Figura 16 - Eletrocardiograma de esforço

Fonte: https://www.shutterstock.com

No eletrocardiograma de esforço as derivações utilizadas são as


seguintes:
- DII modificada.
- V2 modificada.
- CM5 ou MC5.
As derivações DII e V2 são chamadas de modificadas uma vez que os
eletrodos no eletrocardiograma de esforço são inseridos em locais diferentes do
que no eletrocardiograma de repouso.
Estas alterações quanto a localização dos eletrodos são feitas visto que
durante o exercício físico existe uma grande movimentação tanto dos membros
superiores como também dos membros inferiores, e se os eletrodos
continuassem nestes locais como no eletrocardiograma de repouso, a captação dos
sinais eletrocardiográficos ficaria muito prejudicada causando várias
interferências no traçado, por isso então que todos os eletrodos durante o
eletrocardiograma de esforço são inseridos apenas na região do tórax do
indivíduo que vai ser avaliado.

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Na derivação DII modificada os eletrodos não estão colocados no braço
direito e perna esquerda, e sim no tórax do avaliado por isso que é chamada de
modificada.
Na derivação V2 modificada o eletrodo que é colocado na posição na V1
no eletrocardiograma de repouso é colocado na posição V2.

Na derivação CM5 os eletrodos são colocados no manúbrio, rebordo


costal direito e rebordo costal esquerdo.

5.2 Interpretação clínica do eletrocardiograma

Figura 17 - Interpretação clínica do eletrocardiograma

Fonte: https://www.shutterstock.com

Para a análise do eletrocardiograma é necessário identificar todos os


sinais que possibilitam avaliar todas as possíveis alterações como por exemplo:
- Verificar o ritmo cardíaco se é regular ou não.
- Verificar se durante o traçado eletrocardiográfico houve a ativação de
todas as câmaras (átrios e ventrículos).
- Verificar a morfologia das ondas.
- Verificar o volume e massa muscular das câmaras cardíacas.
- Verificar a irrigação sanguínea de todas as regiões do coração.

5.3 Roteiro para estudo do eletrocardiograma

Para facilitar o estudo e o entendimento dos traçados eletrocardiográficos


existem vários pontos que precisam ser avaliados no traçado, podendo ser
realizado por meio da sequência a seguir:
- Morfologia das ondas.

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- Avaliação da duração e da amplitude de todas as ondas, intervalos e
segmentos.
- Frequência cardíaca e ritmo cardíaco.
- Sinais de dilatação e hipertrofia da parede muscular ou de crescimento
da cavidade cardíaca.
- Sinais de isquemia ou infarto do miocárdio.

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BIBLIOGRAFIA

BÁSICA

GUYTON, AC. & HALL, JE. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro, 13ª
Edição, Editora Elsevier, 2017.

POWERS, SK. & HOWLEY, ET. Fisiologia do Exercício – Teoria e Aplicação


ao Condicionamento e ao Desempenho. São Paulo, 8ª Edição, Editora
Manole, 2014.

CURI, TCP. Fisiologia do Exercício. Rio de Janeiro, Editora Guanabara


Koogan, 2013.

COMPLEMENTAR
DAVIES, A.; BLAKELEY, AGH. & KIDD, C. Fisiologia Humana. Porto Alegre,
Editora Artes Médicas, 2002.

LEITE, PF. Fisiologia do Exercício. São Paulo: Editora Robe, 2002.

MCARDLE, WD.; KATCH, FI. & KATCH, VL. Fisiologia do Exercício –


Energia, Nutrição e Desempenho Humano. Rio de Janeiro, 8ª Edição,
Editora Guanabara Koogan, 2016.

ROBERGS, RA. & ROBERTS, SO. Princípios Fundamentais de Fisiologia


do Exercício para Aptidão, Desempenho e Saúde. São Paulo, Editora
Phorte, 2002.

TORTORA, GJ. Princípios de Anatomia Humana. Rio de Janeiro, 10ª Edição,


Editora Guanabara Koogan, 2011.

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