Você está na página 1de 7

O CARATER PEDAGOGICO DA INTERVENÇÃO PROFISSIONAL E SUA RELAÇÃO COM AS LUTAS

SOCIAIS.

Na elaboração do artigo a autora recupera analises e teses expostas em diversos textos( maria
beatriz, Ricardo Antunes etc), a sua principal referencia foi o Livro da autora Marina Maciel
Abreu, Serviço Social e organização da cultura: perfis pedagógicos da pratica profissional
(2002). O artigo apresenta as principais ideias sobre a função pedagógica da intervenção
profissional do Assistente Social e a relação profissional com as lutas sociais. A ideia reforça a
intervenção profissional do assistente social que exerce uma função pedagógica em suas
relações na sociedade. A autora também se baseia na tese de Gramsci que diz: “Todas as
relações sociais são relações pedagógicas”.

O artigo é dividido em 2 eixos.

O primeiro eixo: Oferece elementos para compreensão da função pedagógica na dimensão


interventiva do Serviço social como totalidade histórica, destacando a práxis e o principio
educativo como fundamentos da intervenção profissional.

O segundo eixo: oferece elementos de analises sobre as principais mediações da relação


profissional com as lutas sociais no Brasil na atual fase do capitalismo

A partir disso, partimos de indicações históricas sobre o enfrentamento da contradição da


profissão na relação com as classes sociais no país, iremos ressaltar o movimento no qual os
profissionais vem construindo estratégias e mecanismos de vinculação com a classe
trabalhadora e a perspectiva histórica de emancipação dessas classes.

O tema é centrado na dimensão interventiva profissional, resgatando sua função pedagógica e


a relação profissional com as lutas sociais, essa intervenção profissional ela articula e
determina as demais dimensões que pese a especificidade e a autonomia que é relativa de
cada uma delas.

Historicamente, o enfrentamento da questão social integra estratégias de racionalização da


produção e reprodução das relações sociais e do controle social, que são concretizadas por
meio de politicas sociais, principalmente a assistência e ainda de forma reduzida

Quando se fala de mediações, a função pedagógica aparece na dimensão interventiva


diversificada principalmente pelos vínculos contraditórios que estabelece com os projetos
societários das classes sociais que na sociedade disputam a Hegemonia e materializa-se por
meio dos efeitos da ação profissional desde a maneira de pensar e agir dos sujeitos envolvidos
nos processos interventivos.

Esses processos, incidem na reprodução física e subjetiva de, e através do exercício desta
função a profissão inscreve-se no campo das atividades formadoras da cultura, constituindo-se
elemento integrante da dimensão politico-ideológica das relações de hegemonia.

O Gramsci faz uma analise sobre o Americanismo e fordismo, e como desenvolve a noção de
cultura como modo de viver de pensar e de sentir a vida, indissociável dos métodos de
trabalho. Ou seja, a sociabilidade constituída na luta pela hegemonia, considerando o nexo
orgânico entre racionalização da produção e do trabalho e também a formação de uma ordem
intelectual e moral é um movimento o qual se inscrevem as relações pedagógicas.

Esse ponto de vista ele sustenta-se na tese gramsciana de que “ Toda relação de hegemonia “
é necessariamente uma relação pedagógica não a limitando “ as relações especificamente
“escolares”, mas sim situa-se em toda a sociedade em seu conjunto.

Sob a ordem do capital, o trabalho abstrato, alienado é o principio educativo na organização


de uma nova cultura, um modo de vida adequado às necessidades e imperativos da
racionalização da produção e do trabalho, consubstanciado na formação de certo tipo de
homem, o trabalhador, que representa a mudança de uma personalidade histórica, que assim
é expressão de todo o complexo social (Gramsci)

Para falar sobre o cinismo e brutalidade da sociedade americana Gramsci também vai usar o
Termo Gorila Amestrado, para falar sobre o padrão fordista/taylorista.. ou seja desenvolver o
seu grau máximo no trabalhador, os comportamentos maquinais e automáticos.

Já na atual fase do capitalismo, os protocolos organizacionais da produção e do trabalho se


alteram, surge um novo padrão de acumulação, marcada pela chamada “acumulação flexível”
que impõe a necessidade de um novo conformismo social. Forja-se um novo tipo de
trabalhador, pela necessidade de obtenção da nova racionalidade produtiva.

Essas mudanças na racionalidade produtiva e do trabalho resultam do movimento


contraditório entre estrutura e superestrutura, em suas expressões em um momento histórico
específico e que exige um conformismo social. Esse conformismo social supõe um equilíbrio
psicofísico mecânico, imposto pelos interesses da acumulação do capital, e , por base de uma
cultura alienada, subalternizadora ou pode ser proposto pelo próprio trabalhador, com meios
apropriados e originais, trata-se de um conformismo dinâmico, na perspectiva de uma nova
sociedade e cultura emancipadas.

A função pedagógica que o Serviço social exerce na dimensão interventiva ela reflete
estratégias pedagógicas que se definem através dos projetos socioeducativos e de controle
social das classes sociais e são reelaboradas nas condições históricas da intervenção
profissional em diferentes modalidades e perfis ( Na trajetória do Serviço social brasileiro a
estratégias pedagógicas assimiladas pela profissão traduzem modalidades de inserção
profissional no movimento de organização/ reorganização da cultura na luta pela hegemonia e
configuram perfis pedagógicos da pratica profissional: São elas : as pedagogias da “ ajuda e da
participação” essas estão vinculadas a cultura do conservadorismo e marcas do projeto
profissional tradicional sob a orientação norte-americana. E o outro perfil é a busca de
vinculação a proposta de construção da pedagogia de resistência e emancipatória, própria da
formação da nova subjetividade da classe trabalhadora ou seja a consciência de classe – esse
ira ser o elemento central de uma nova e superior cultura- que orienta e desafia o projeto
ético politico profissional em construção desde os anos 1980 .

Esses 2 perfis revelam tendências construídas e reconstruídas pela profissão em sua inserção
nas relações sociais, profundamente metamorfoseada na atual fase do capitalismo em
decorrência das transformações na economia e na ideologia em todo o mundo, sob a
orientação do neoliberalismo.

Na economia, com a reestruturação das relações de produção e de trabalho, hegemonizada pelo capital
financeiro, o capital rentista. E no campo ideológico, a contrarrevolução burguesa orientou a reforma dos
Estados nacionais para sustentar e responder as demandas da nova fase da economia; ao mesmo tempo
forjava a cultura e a ideologia da chamada pos modernidade que lhe corresponde, com reorientação em
todas as instancias de sua formação, garantindo assim a unidade entre economia e politica ( Abreu;
Cardoso e Lopes, 2014)

Ou seja com essas mudanças impõe-se a atualização e o revigoramento das posturas


pedagógicas tradicionais ( pedagogia da ajuda e a participação) que tem sua ideologia da
solidariedade. Tais posturas são acionadas na intervenção profissional para o enquadramento
dos sujeitos nas exigências legais e normas institucionais de acesso aos serviços prestados nos
estreitos limites impostos pelo padrão da acumulação, que negam direitos e alimentam uma
visão acrítica e legitimadora desse sistema.

Nesse sentido, a pedagogia embutida na politica de assistência fortalece a despolitização e


cooptação dos usuários contribui também para a debilitação e inibição de formas de
resistência e pressão em torno dos interesses imediatos e históricos da classe.

Nesta linha, os desafios da função pedagógica na dimensão interventiva na perspectiva


emancipatória tornam-se ainda mais complexos se considerarmos a complexidade dessa
dimensão, seja enquanto base da definição da natureza e identidade do Serviço Social e a
expressão primeira e a mais complexa na especificidade das 4 dimensões ( formação,
intervenção, produção de conhecimento e organização politico-acadêmica), como dito,
constitutivas da profissão como uma totalidade histórica; seja pelas tensões do mercado de
trabalho na atualidade, postas pela precarização que se intensifica com a “ flexibilização “ das
relações de trabalho, privatização das politicas sociais tendo a assistência a pobres como
centralidade e , pelo profundo imbricamento ao sistema de controle dominante no
atendimento de necessidades contraditórias das classes sociais, em que o Estado mantem-se
como principal empregador; seja pelas implicações do enfraquecimento das próprias
condições da classe trabalhadora de elaboração de sua tragédia politica- cultural na luta pela
hegemonia, postas pelas reflexões nas bases materiais e politico-ideológicas da organização e
luta dos trabalhadores.

Por isso, coloca-se a necessidade da resistência pela sustentação do PROJETO ETICO POLITICO
PROFISISONAL que impõe o avanço da criação e recriação de estratégias de intervenção
profissional vinculadas ao movimento de rearticulação de forças na perspectiva da
emancipação humana, que perpassam e reorientam a formação, a produção do conhecimento
e a organização politica dos profissionais. Nessa direção a intervenção profissional requisita a
permanente atualização pedagógica, inspirada ba construção cotidiana da pedagogia de
resistência e emancipatória, própria da formação da nova subjetividade da classe, consciência
da classe no confronto com as forças conservadoras e do retrocesso revigoradas na sociedade
e na profissão.

Resumo da pagina 195 a 203 eixo 1


3. Principais mediações da relação profissional com as lutas sociais no Brasil na atual fase do
capitalismo e a questão pedagógica.

Neste eixo a autora aborda a questões das mediações que é fundamental na relação
profissional com as lutas sociais e também para todas as relações sociais.

O autor Antunes cita: Os seres sociais tornam-se mediados entre si e combinados dentro de
uma totalidade social estruturada, mediante um sistema de produção e intercambio
estabelecido. Um sistema de mediações de segunda ordem sobredeterminou suas mediações
primarias básicas, suas mediações de primeira ordem.

A autora do Artigo afirma que é complexa a questão e que não irá tratar no artigo de toda essa
complexidade, e sim apenas apontar como uma referencia importante da sua analise. É nessa
direção que se destaca o Serviço Social como profissão é, ela própria, uma mediação no
sistema de mediações de segunda ordem. E, por conseguinte, a relação profissional com as
lutas sociais, como já demonstrados, é intrínseca ao Serviço Social como profissão. Essa
relação é o fundamento primeiro de sua origem em um momento de acirramento da questão
social, sintetizada no confronto das classes sociais, entre dominados e dominadores na
sociedade capitalista.

Ou seja, nesse processo o Estado é a principal mediação do sistema de controle capitalista


enquanto a “ estrutura totalizante do comando politico capital”. As instituições sociais estão
submetidas a essa estrutura, no qual o exercício de controle dentro dessas instituições
sobressai as “mais tradicionais”: a família, a educação e a religião.

Essas instituições, que hoje esta em crise, reflete a própria crise do sistema global de controle,
em consequência das contradições da produção destrutiva do sistema capital, que denunciam
os seus próprios limites estruturais. O fato desse sistema não ter limites para a sua expansão,
ela se torna incontrolável e autodestrutivo.

Destaca MESZAROS: O capital “ é incapaz de cumprir as funções vitais que supostamente deve realizar na totalidade
do intercurso social” e quanto mais controla ( diretamente), menos controla(efetivamente) enfraquecendo e
finalmente destruindo ate mesmo os mecanismos de “correção”.

Voltando para as MEDIAÇÕES, desde a sua origem, e tendo as instituições sociais prestadores
de serviços sociais como espaço de privilegiados de atuação no mercado de trabalho, O
SERVIÇO SOCIAL COMO PROFISSAO EXERCE FUNÇÃO MEDIADORA NO EXERCIICO DE
CONTROLE SOCIAL E MOVE-SE NA RELAÇÃO ENTRE PROCESSO DE TRANSFERENCIA DO
CONTROLE PARA O CAPITAL E A RE-TRANSFERENCIA AO CORPO SOCIAL como todo, pela
tendência objetiva inerente as próprias contradições do desenvolvimento do capital em todas
as esferas e das formas de resistência e luta da classe trabalhadora que apontam para a
perspectiva de construção de um sistema de controle alternativo ao controle do capital nos
marcos dos processos de construção de alternativas a ordem do capital.

É nesse ponto de vista, que a profissão atua sobre o processo sociais de transformação, mas é,
sobretudo, objeto desses processos imbricado e também se transforma. Nesse sentido, a
função pedagógica que o Serviço Social exerce na dimensão interventiva este profundamente
as estratégias de controle social, mediadas pelo capital (mercado de trabalho profissional)
cujas contradições abrem a possibilidade de construção pelos Assistentes Sociais estratégias
de vinculação com as classes subalternas, os trabalhadores na direção da perspectiva de
emancipação dessas classes.

Essa vinculação com a classe trabalhadora ela só se dá através da materialização do Projeto


Ético Politico Profissional, ela pode ocorrer através de duas opções de referencias que o
profissional pode atuar na instituição: A primeira refere-se a INTERVENÇÃO PROFISSIONAL DO
ASSISTETE SOCIAL, REALIZADA NAS INSTITUIÇÕES DE ORGANIZAÇÃO AUTONOMA DA CLASSE
TRABALHADORA COMO EMPREGADORA DESSES PROFISSIONAIS.

A segunda diz respeito A PRATICA QUE O ASSISTENTE SOCIAL DESENVOLVE JUNTO A ESSAS
INSTITUIÇÕES E NO MOVIMENTO DE ORGANIZAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA A PARTIR DE
OUTRAS INSTITUIÇÔES DA PRATICA PROFISISONAL.

A autora destaca também em seu artigo um novo redimensionamento do mercado de trabalho


do Assistente Social a partir dos anos 1990, que se materializa através das mudanças
referentes ao perfil da instituição empregadora dos assistentes sociais, lembrando que o
cenário é de reforma neoliberal do Estado, há também um BUM das privatizações das politicas
sociais em que a assistência é fortalecida como um politica publica no sistema de Seguridade
Social e se consolida no setor terceirizado no enfrentamento da questão social. Em
decorrência da FLEXIBILIZAÇÃO os postos de trabalho foram reconfigurados com destaque
paraa terceirização que abarca acentuadamente as atividades consideradas secundarias ou de
apoio e o aprofundamento dos processos de precarização das condições de trabalho com a
intensificação da exploração da força de trabalho.

Essas mudanças, traz um contexto de esfriamento dos movimentos operários e de massa,


incidem também profundamente na cultura profissional desde o modo de agir e de pensar dos
Assistente Sociais em sua inserção nas relações sociais, fortalecendo as condições de
retrocesso profissional, em particular a assistência social que desde a sua origem, teve como
uma das principais áreas de intervenção e mercado de trabalho dos assistente social. Nestas
condições é revigorada a ideologia da assistência que repõe o assistencialismo, a pratica
eliminável do capitalismo. A ideologia da assistência penetra a subjetividade dos profissionais
e dos estudantes de Serviço Social em um processo que incide profundamente na cultura
profissional, orientada na pratica pela despolitização da questão da pobreza e da
desigualdade. (LOPES,2009,P.25)

Diante deste cenário a mediação da organização politica profissional é essencial como força
mediadora na formação do sujeito coletivo, articulador autônomo frente ao mercado de
trabalho na relação profissional com as lutas sociais sob a orientação do projeto histórico de
emancipação da classe trabalhadora.

A resistência EM DEFESA DO PROJETO ETICO POLITICO DO SERVIÇO SOICAL é primordial nesse


quadro complexo da atual fase do capitalismo em que o Brasil se destaca o projeto ético
politico é orientado pela perspectiva da emancipação, há um imenso desafio no
enfrentamento dos dilemas cotidianos na concretização dessa perspectiva nos espaços
institucionais do exercício profissional no quais se incluem as instituições de formação
acadêmica e profissional, no atual momento, um importante eixo de tensão e de luta para
além do Serviço Social como a luta em defesa da perspectiva de emancipação da classe
trabalhadora. É um desafio que impõe para os profissionais e estudantes de Serviço social
comprometidos com essa perspectiva e estudante, que tem sua principal referencia orgânica
nas entidades de organização acadêmica e profissional como a Associação Brasileira de ensino
e pesquisa ( ABEPSS), o conselho federal de serviço social (CFESS) e a entidade nacional dos
estudantes de serviço social(ENESSO).

Essas resistências não se organiza de modo mecânico ( Parei na pagina 208 )

Você também pode gostar