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RESENHA
Compreender a forma com a qual nossa sociedade se organiza é algo fundamental para
que, como indivíduos, venhamos exercer nossas funções e responsabilidades de maneira ética
e adequada a realidade local. Assim como a tecnologia, na verdade, paralelamente a mesma,
diversos padrões sociais são alterados com tempo, em geral, para um estado evoluído. Isto inclui
os modos de trabalho que exercemos em comunidade.
Como descrito por Bila Sorj, da década de 50 até os dias atuais, largos passos evolutivos
foram dados na forma com a qual trabalhamos e no que entendemos como trabalho, o que, por
consequência, deu maior ênfase para o estabelecimento da Sociologia do trabalho, campo de
estudo que é responsável por compreender tal esfera da vida moderna.
No texto em questão, o autor, por meio de três grandes pontos, busca postular que o
trabalho é uma das maiores e mais importantes atividades do ser humano, sendo responsável
por não só subsidiar nossas vidas em quesitos estruturais (financeiros, em especial), mas
também moldá-las. O primeiro ponto colocado diz respeito a conceitualização do trabalho, de
acordo com o autor, a sociedade moderna, fortemente, impõe que o trabalho remunerado é o
que devemos considerar como sendo a única forma de ocupação que deveríamos ter a fim de
termos retornos, entretanto, o mesmo autor afirma que o que a sociologia do trabalho analisa
vai muito além da remuneração, e por este motivo, deveríamos considerar outras formas de
trabalho, como voluntário. Afinal, não é porque não vendemos nosso tempo em troca de
recursos financeiros, que não estamos ocupando-o em função do desenvolvimento de alguma
atividade que acaba por manter a estrutura de nossas vidas, bairros, cidades, países, sociedade.
Igualmente, neste primeiro ponto, busca-se descrever a evolução do referido conceito com o
passar dos séculos recentes. Observa-se que tanto a estrutura organizacional presente em
tempos feudais, quanto a questão de gênero no trabalho, foram alteradas com o tempo. Antes,
tínhamos senhores e lordes feudais que acabavam por assumir controle e estabelecer uma
comunicação de via única (imperativa muitas vezes) com seus vassalos. Hoje, temos uma
estrutura organizacional hierárquica com maior equivalência entre posições (obviamente,
existem muitos casos onde vias de mão única ainda são estabelecidas).
Por fim, o autor termina o texto discutindo a respeito dos padrões que estamos
encontrando no mercado e quais são suas razões. Hoje observamos que tendemos a ser uma
sociedade com ocupações muito mais voltadas a serviços, do que agricultura ou indústrias, isto
devido fortemente a evolução tecnológica. Esta observação faz muito sentido, especialmente
quando observamos o crescimento de aplicativos de serviço, como Ifood, Uber, 99, Doghero,
entre outros. Como consequência, relata-se a respeito da necessidade de preparo de
profissionais capacitados a um emprego ocupacional onde estamos habilitados a
serviços/projetos e não a uma realidade profissional estática até o fim de nossos dias, ou seja, a
sociologia do trabalho vem reconhecendo a forte dependência do futuro de indivíduos capazes
de serem moldados as suas ocupações, sejam elas remuneradas ou não.
O texto redigido por Bernie Sanders coloca em pauta as diversas greves trabalhistas que
ocorreram ao redor do mundo pela busca de revoluções nas diversas formas do trabalho, mais
especificamente, aqueles remunerados. Durante todo o ano de 2021, não somente no Brasil,
mas em todo o mundo, inúmeros agrupamentos de funcionários ocorreram, tentando lutar por
direitos e condições trabalhistas mais adequadas e saudáveis, não somente para indivíduos
pontuais, mas também para futuras gerações. Tais reivindicações salariais e estruturais partem
de apontamentos extremamente justos e válidos, como enriquecimento dos mais ricos
desproporcionalmente aos menos favorecidos, e a baixa estrutura de trabalho observada em
diversos locais.