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Sociologia do Trabalho para AFT

Teoria e exercícios comentados


Prof Mário Pinheiro e Rodrigo Barreto– Aula 01

AULA 1: Conceito de trabalho. Trabalho: ação,


necessidade e coerção. Exploração e alienação.

SUMÁRIO PÁGINA
1. Desenvolvimento 1 a 21
2. Questões comentadas 21 a 34
3. Lista de questões 35 a 45
4. Gabarito 45
5. Resumo 46 a 49
6. Bibliografia 49 a 52

1.Desenvolvimento

1.1. Conceito de trabalho. Trabalho: ação, necessidade e

coerção. Exploração e alienação.

Pessoal, a primeira noção que devemos ter é a de que o

trabalho como uma categoria distinta das demais categorias

existentes na vida social não existe desde sempre. Portanto,

podemos dizer que a categoria trabalho foi construída social e

historicamente.

Segundo Colson, “o trabalho é o emprego que faz o homem

das suas forças físicas e morais para a produção de riquezas e

serviços”, de maneira que o trabalho se diferenciaria das demais

atividades pela sua utilidade dentro da sociedade.

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Já para Friedman, “os fenômenos de trabalho nas sociedades

contemporâneas não se equiparam todos aos comportamentos do

homo faber. As atividades dos homens não são, necessariamente,

rurais ou industriais. Não consiste exclusivamente em atividades de

transformação. (...) Convêm desconfiar das definições metafísicas

ou apenas gerais do trabalho, destacadas da História, da Sociologia,

e da Etnografia, sem referência à variedade de suas formas

concretas segundo as sociedades, as culturas, as civilizações, sem

reflexão suficiente sobre a maneira pela qual o trabalho é vivido e

sentido pelos que o efetuam. (...) Todo trabalho sentido como algo

estranho pelo seu executante, no sentido próprio do termo, é um

trabalho alienado”. Esse homem faber, segundo o autor, seria

aquele que faz do trabalho “o conjunto de ações que o homem, com

uma finalidade prática, com ajuda do cérebro, das mãos, de

instrumentos ou de máquinas, exerce sobre a matéria, ações que,

por sua vez, reagindo sobre o homem, modificam-no”.

De acordo com Giddens, trabalho é “a realização de tarefas

que envolvem esforço mental e físico, com o objetivo de produzir

bens e serviços para satisfazer a necessidade humana”; contudo, a

forma da realização dessas tarefas, da produção desses bens e

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serviços e da satisfação da necessidade humana, que também é

uma categoria variável, se transforma ao longo da história e de

sociedade para sociedade.

Nas sociedades primitivas a categoria trabalho não se

encontrava dissociada das demais, sendo, dessa maneira,

integrante da vida dessas sociedades sem que houvesse uma

separação entre a atividade trabalho e as demais atividades sociais.

Assim, o trabalho fazia parte dos elementos culturais e rotineiros

das sociedades primitivas.

Nessas sociedades, o trabalho relacionava-se com elementos

culturais da vida social, tais como a religião, os mitos, as crenças e

as lendas. Já na sociedade moderna, o trabalho passou a ser

associado a valores, tais como aqueles que vimos em Weber, para

quem o trabalho estaria associado à ideia de salvação.

Assim, nas sociedades primitivas o trabalho não era visto

como um fim em si ou como um valor em si. Segundo Tomazi, o

trabalho, nessas sociedades, deve ser entendido como um elemento

dentro do conjunto social delas, só podendo ser compreendido como

parte das atividades sociais. Esse autor faz ainda um lembrete

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importante: não podemos considerar que todas as sociedades

primitivas são iguais, portanto a forma como exercem essa

atividade (trabalho) também se dá de maneira bastante

diferenciada. Mesmo os membros contemporâneos desses povos

não guardam tantas semelhanças com seus antepassados, de modo

que o trabalho deve ser pensado como uma categoria variável no

tempo e no espaço. Guardem isso: o conceito de trabalho é variável

no tempo e no espaço.

Durkheim já assinalava em sua obra, que o trabalho em tais

sociedades (primitivas) se dava dividido a partir do gênero, de

forma que homens e mulheres exerciam trabalhos diferentes tão

somente por questões de sexo. Com o desenvolvimento da

sociedade, a divisão do trabalho passa a ser relacionada com outros

elementos que não somente o gênero, embora esse elemento ainda

se faça presente.

Outro ponto interessante é a percepção de que o trabalho nas

sociedades primitivas não possuía o caráter de geração de

excedentes. Não havia, portanto, a ideia de mais-valia. Durante

muito tempo aceitou-se a ideia de que essas sociedades viveram em

estado de pobreza e miséria e ainda que os povos contemporâneos

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descendentes dessas sociedades também se encontrariam nessa

condição. Contudo, com o desenvolvimento do pensamento

sociológico e antropológico, adotou-se outra visão, segundo a qual

essas sociedade primitivas não possuíam o mesmo objetivo

produtivo que as sociedades modernas ou contemporâneas, de

maneira que esses critérios de pobreza ou miséria se tornam

relativos.

Dessa forma, passou-se a pensar a produção dessas

sociedades como uma produção que objetiva a satisfação das

necessidades mais básicas, sem que haja produção de excedentes.

Tais sociedades, portanto, não vivem necessariamente na pobreza,

na verdade elas produziriam tão somente aquilo que necessitam

para sua sobrevivência. Nessas sociedades, não há a ideia de

acumulação de riqueza ou de exploração econômica, assim não faria

sentido trabalhar para produzir mais do que se necessita para viver.

Segundo Clastres, apud Barbosa, no momento em que o

trabalho se transforma em uma atividade dissociada das demais

atividades da vida social, tornando-se, assim, alienado e imposto

por aqueles que desejam dele tirar proveito, é sinal de que essas

sociedades transformaram-se em sociedades divididas entre

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dominantes e dominados, dando início ao que se configura como

propriedade privada, gerando uma sociedade dividida em classes e

gerando também o Estado.

Ainda segundo o supracitado autor, a atividade produtiva

nessas sociedades primitivas se estabelece pelo nível da

necessidade a ser satisfeita. Essas sociedades, contudo, perdem seu

caráter primitivo exatamente ao se dividirem entre dominantes e

dominados, à medida que sua economia se define com autonomia, e

a atividade produtiva transforma-se em trabalho alienado e

massificado. Segundo ele “a relação política do poder precede e

fundamenta a relação econômica de produção. Antes de ser

econômica, a alienação é política, o poder antecede o trabalho, o

econômico é uma derivação do político, a emergência do Estado

determina o aparecimento das classes”.

Nas sociedades antigas como, por exemplo, Grécia e Roma,

ocorreu uma modificação o modo de trabalho, baseando-se em um

modelo econômico e social de base escravocrata. É por essa razão

que alguns autores chegam a afirmar que na Grécia antiga não

houve uma democracia direta de fato, mas sim uma oligarquia, à

medida que o ócio empregado em atividades artísticas, esportivas e

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políticas, dava-se baseado no trabalho escravo que sustentava os

que de tais atividades se ocupavam.

Assim, as características mais exaltadas da Grécia Antiga se

davam ao mesmo tempo em que se expandia o trabalho escravo.

Vejam esse trecho de Aristóteles, apud Barbosa, “há na espécie

humana indivíduos tão inferiores a outros como o corpo o é em

relação à alma, ou a fera ao homem; são os homens nos quais o

emprego da força física é o melhor que se obtém. Partindo dos

nossos princípios, tais indivíduos são destinados, por natureza, à

escravidão; porque, para eles, nada é mais fácil de obedecer. Tal é

o escravo por instinto, pode pertencer a outrem (…) e não possui

razão além do necessário para dela experimentar um sentido vago;

não possui a plenitude da razão”.

De acordo com Carmo, na Antiguidade grega, “os escravos

eram utilizados para livrar os cidadãos das tarefas servis,

permitindo à elite grega consagrar-se melhor à cidade, aos prazeres

do corpo ou à investigação e à contemplação das coisas eternas do

espírito”. Na Antiguidade o trabalho braçal não era valorizado,

sendo assim atividade para os escravos.

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Segundo Barbosa, pode-se dividir a sociedade antiga do

Ocidente em dois grupos morais. O primeiro seria a da moral dos

homens livres e o outro a da moral dos escravos.

Segundo ele, a moral dos homens livre foi determinada pelos

filósofos, intelectuais orgânicos da sociedade escravista. Essa moral

seria efetiva, pois era vivenciada concretamente por meio de

normas formalizadas ou não. Essa moral se baseava na divisão

entre os homens possuidores de alma e os que não a possuíam. Os

homens possuidores de alma poderiam se humanizar e se libertar

progressivamente por meio de atividades ociosas como a política, a

filosofia, o teatro, o esporte e por meio de sua individualidade

dentro da comunidade, preservando sua responsabilidade política

perante esta.

Já a moral dos escravos se baseava em assumir uma maior

sistematização nos períodos que antecediam as revoltas, motivadas

pelo sentimento de esperança. De acordo com Barbosa, durante as

revoltas e os breves períodos de liberdade, qualidades como a

solidariedade, o sacrifício e a lealdade se faziam presentes. Para o

autor “a destruição dessa Moral emergente pela aristocracia

passava, necessariamente, pela destruição da memória e das

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experiências dos que a viveram, isto é, pela morte dos escravos

recapturados”.

Portanto, podemos notar que a relação de trabalho que havia

na Antiguidade era basicamente uma relação entre escravizador x

escravo. Se tomarmos como referência as três civilizações mais

importantes do Ocidente na Antiguidade, ou seja, a sociedade

grega, a romana e também a egípcia, perceberemos que

praticamente todo o trabalho na Antiguidade era feito por escravos.

Na Idade Média, a sociedade passou a se basear em um

modelo socioeconômico feudal e senhorial. Com a consolidação

desse modelo, durante os séculos VI e VII, a escravidão da

Antiguidade deu lugar a um modelo de servidão. Segundo

Gonçalves “a Idade Média se organiza segundo o modelo de

produção feudal. Nesse modelo as relações sociais caracterizam-se

por uma rígida hierarquia entre os senhores, proprietários das

terras, e os servos, aqueles que as cultivavam. A esses últimos

cabia, em troca do trabalho, apenas a parte da produção necessária

à subsistência familiar. Os servos deviam obediência aos senhores,

mas, diferentemente dos escravos, possuíam direito à vida e à

proteção dos senhores em caso de guerra. À igreja, detentora do

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saber competia à manutenção dos princípios de obediência que

regulavam essas relações”.

Assim, na sociedade medieval, a servidão baseava-se em um

sistema de vassalagens extremamente estratificado e hierarquizado.

Para lembrar: a vassalagem era um tipo de juramento de fidelidade

feito por um vassalo (inferior) a um suserano (superior).

Nesse sistema feudal, a divisão do trabalho assume a forma

senhoria-feudo, na qual o senhor feudal era o proprietário das

terras e os servos nelas trabalhavam com relativos graus de

liberdade e de obrigação. Se na Antiguidade o trabalho era

praticamente todo ele exercido por escravos, na Idade Média ele

passaria, em boa medida, a ser exercido pelos servos.

Essa sociedade feudal era dividida em estamentos, ou seja,

era uma sociedade divida em camadas sociais estanques, nas quais

a passagem de um estrato social para outro era quase impossível.

De acordo com a função específica de cada camada, alguns autores

a classificam como uma sociedade formada pelos que lutam

(nobres), pelos que rezam (clero) e pelos que trabalham (servos);

além dos senhores feudais, que estariam no topo dessa pirâmide

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social. Esses servos não tinham direito a propriedade da terra,

contudo estavam presos a ela. Os servos da Idade Média não

podiam ser vendidos como os escravos da Antiguidade, porém não

tinham liberdade para abandonar as terras onde serviam.

Segundo Barbosa, “a diferença entre colono, homem

juridicamente livre, e escravo, coisa juridicamente alienável,

convive com um processo de desaparecimento ao longo dos séculos

VII e VIII. No lugar dessas categorias de trabalhadores da terra

surge o homem livre, mas dependente do senhor, denominado

servo. Os servos encontram-se sujeitos às obrigações servis, como

a corveia, que era uma forma de pagamento gratuito nas terras e

nas instalações da reserva senhorial (...). O servo descendente de

escravos pode estar submetido a maior pagamento de trabalho

gratuito (corveia) (...)”.

A Igreja também possui papel decisivo nesse modelo de

sociedade estratificada, hierarquizada e sem espaço para a

mobilidade social. Segundo o modelo preconizado pela Igreja, no

topo da pirâmide estaria o clero, que, segundo Barbosa, teria a

responsabilidade de governar os homens com base nas escrituras;

abaixo do clero estariam os nobres, que lutariam pelos homens e na

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base os servos e demais trabalhadores, como os artesãos, que

deveriam produzir para essa sociedade. A justificativa dessa

desigualdade era que ela era natural, como sendo desejo divino, de

modo que aos homens não se daria o direito de mudar o que Deus

designou a partir do nascimento.

Durante a Baixa Idade Média, ocorrem transformações

importantes de ordem socioeconômica. Com a expansão do

feudalismo, em novos territórios ou em terras até então não

utilizadas, gerou-se a expansão da produção de excedentes. Ao

mesmo tempo em que o feudalismo se expandia territorialmente,

ocorria um avanço tecnológico que aumentava a capacidade

produtiva. Esse novo padrão tecnológico também é um fator

importante na geração de excedentes na produção.

De acordo com Barbosa “ocorre, também, uma mudança da

forma de extração da renda da terra. A renda extraída em trabalho

e, marginalmente, em produto e em dinheiro, passa a ser extraída

fundamentalmente em dinheiro. A conversão da corveia de

pagamento de trabalho gratuito para o pagamento em dinheiro, de

um lado, afrouxa a servidão, de outro, estimula o desenvolvimento

de técnicas (materiais e administrativas) para assegurar excedentes

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por meio da ultrapassagem dos limites dos pagamentos monetários

(pré-fixados por contratos) das obrigações. Os novos excedentes

proporcionam a retomada da especialização em determinadas

atividades econômicas (artesanato, comércio, agricultura),

intensificam a circulação dos excedentes, proporcionam o

surgimento de centros comerciais (feiras e cidades), impulsiona a

remonetarização da sociedade e configura uma economia

mercantil.”.

Contudo, o crescimento demográfico, resultante desse modelo

de produção de excedentes, modificou a autossuficiência dos

feudos. Entre os séculos XI e XIII a população europeia

praticamente dobrou. Esse aumento populacional implicou o

crescimento das lavouras e a dinamização das atividades

comerciais. Entretanto, essas mudanças não foram capazes de

suprir a falta de alimentos para a maior parte da população.

A distância existente entre os níveis de capacidade produtiva e

de demanda de consumo freou a atividade comercial e a fome

aumentou consideravelmente. Além disso, as epidemias alastravam-

se por toda a Europa. No século XIV, a Peste Negra abateu quase

30% da população europeia, desarticulando a produção em razão da

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falta de mão de obra e pelo abandono das atividades produtivas.

A falta de mão de obra disponível aumentou a rigidez

existente na relação entre senhores e servos. Os senhores feudais,

que temiam perder seus servos, criavam novas obrigações a fim de

que vínculo dos camponeses com a terra fosse reforçada. Além

disso, o pagamento das obrigações foi modificado com o

fortalecimento do dinheiro na economia da época. Os senhores

feudais preferiam receber parte das obrigações em dinheiro que,

posteriormente, pudesse ser utilizado na aquisição de mercadorias e

em gêneros alimentícios.

Segundo Andersson “(...) as relações de produção, em geral,

mudam anteriormente às forças de produção numa época de

transição (...). (...) as consequências imediatas da crise do

feudalismo ocidental não foram algum surto rápido de novas

tecnologias na indústria ou na agricultura; isto ocorreria apenas

depois de um considerável intervalo. A consequência direta e

decisiva foi antes uma alteração social penetrante do interior

ocidental. (...) Na verdade, ela mostrou ser o ponto decisivo na

dissolução da servidão no ocidente”.

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E conforme Barbosa “a crise geral feudal concorre para

consolidar a independência das cidades, estimular novas atividades

artesanais e comerciais livres do controle de corporações e guildas,

provocar o processo de centralização do Estado, desencadear a

transição da posse servil para o arrendamento do camponês livre e

abalar as concepções teológicas medievais. As primeiras bases

materiais e espirituais para a transição do feudalismo para o

capitalismo estão lançadas”.

Essas mudanças urbanas e comerciais implicaram a diminuição

da importância da vida no campo e das ideias da Igreja. A

fragmentação política existente no feudalismo começou a dar lugar

a um centralismo político, caracterizador dos Estados modernos. O

Estado moderno surgia então para recolher parte da produção da

burguesia, que se consolidava, distribuindo-a para a aristocracia e

mantendo a extração de terra pelos camponeses.

Com a derrocada do feudalismo surge o chamado processo de

acumulação primitiva de capital, através do qual se formou a

sociedade capitalista. Com a criação da classe operária, os vínculos

sociais feudais por meio dos quais a maior parcela de trabalhadores

garantira seu acesso à terra foram sendo desfeitos. A transformação

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da propriedade feudal na moderna propriedade privada mudou

completamente as relações econômicas na sociedade. Os

trabalhadores tinham sido expulsos das terras que cultivavam e

mandados para as cidades, aumentando a quantidade de mendigos

e desempregados urbanos. Assim, os servos deixavam de existir,

dando lugar ao proletariado. De acordo com Benakouche, o

surgimento do modo de produção capitalista “começa com a

destruição progressiva e permanente do modo de produção feudal e

o aparecimento da manufatura”. Nesse contexto é que se

consolidavam as bases do capitalismo.

Com o surgimento desse processo de acumulação primitiva do

capital, o produtor (proletário) se separava dos meios de produção,

que agora passariam a estar no controle da burguesia. Se

anteriormente o trabalho era realizado a fim de se garantir a

sobrevivência ou na realização de trocas comerciais, agora ele teria

o lucro como fim. O trabalho passava a estar inserido no contexto

de produção de excedentes e, consequentemente, de mais-valia.

Para Marx, a origem do modo capitalista de produção

corresponde historicamente a um movimento de transformação

social no qual se transformavam os meios de existência e produção

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em capital e passava a dissociar os trabalhadores diretos de seus

meios de produção. Através desse processo os trabalhadores só

teriam como alternativa vender o seu trabalho para sobreviver.

Segundo ele, “o movimento histórico, que transformava os

produtores em trabalhadores assalariados, aparece, por um lado,

como sua libertação da servidão e da coação coorporativa (...). Por

outro lado, porém, esses recém-libertados somente se tornam

vendedores de si mesmo depois que todos os seus meios de

produção e todas as garantias de sua existência, oferecidas pelas

velhas instituições feudais, lhes foram roubados”.

Com essas transformações, modificou-se também a concepção

de trabalho. O trabalho medieval, no qual os servos estavam

obrigados a trabalhar conforme a ideia de vontade divina, vai

perdendo força e desaparece aos poucos. O trabalho na

modernidade se dá através da relação contraditória entre o

proletário e o capital. Segundo Barbosa “O trabalho encontra-se

livre de qualquer poder pessoal do patrão, com quem ele estabelece

um contrato de trabalho no âmbito do mercado. O trabalho

encontra-se controlado, na verdade, por uma entidade ativa e

dominante: o capital”.

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A hierarquia medieval, na qual a estratificação social era

extremamente rígida e os locais sociais ocupados obedeciam à ideia

de destinação divina, dá lugar à concepção de uma sociedade na

qual é possível progredir através do talento ou do esforço pessoal.

Tanto o talento quanto o esforço se dão exatamente no trabalho,

não esquecendo a ideia weberiana segundo a qual o trabalho torna-

se sagrado através de uma ética protestante calvinista e acaba se

convertendo em uma fonte geradora de riqueza pelo liberalismo

econômico, transformando-se em atividade de todo homem bom por

meio do conceito burguês de trabalho.

Com a consolidação desse sistema, a burguesia passa a ter a

sua moral atuando sobre a sociedade, em especial sobre o mundo

do trabalho. Essa atuação da moral burguesa implicou uma maior

estruturação dos seus valores sobre o proletariado, alienando-o. Tal

atuação pode ser constatada em diversas esferas, como na

racionalização do trabalho, no desenvolvimento tecnológico, na ideia

de conforto consumista, no individualismo e na obsessão pelo

trabalho.

Dessa maneira, pessoal, podemos perceber que o que vem a

ser o trabalho é marcado pela estrutura social, sendo um conceito

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variável no tempo e no espaço. Adotando uma concepção à

Bourdieu, poderíamos dizer que a categoria trabalho é estruturada e

estruturante, pois à medida que é um produto social (estruturada),

também é responsável pelas mudanças da sociedade (estruturante).

No pensamento marxista um dos conceitos mais importante é

o de alienação, que pretende explicar a coerção e a exploração a

que os trabalhadores estão submetidos. Essa alienação seria um dos

fatores mais críticos do capitalismo, pois através dela que o

proletariado tem sua produção expropriada, sem conseguir entender

o contexto no qual está inserido.

Segundo Marx, a alienação “aparece tanto no fato de que meu

meio de vida é de outro, que meu desejo é a posse inacessível de

outro, como no fato de que cada coisa é outra que ela mesma, que

minha atividade é outra coisa, e que, finalmente (e isto é válido

também para o capitalista), domina em geral o poder desumano”.

A alienação se manifestaria mais intensamente com a divisão

do trabalho existente no modo capitalista de produção. Dentro

desse contexto, ao trabalhador seria imposta uma variedade de

atividades específicas, o que prejudicaria o seu desenvolvimento

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enquanto indivíduo ao diminuir a sua capacidade de entender os

diversos aspectos do processo produtivo em que está inserindo e

sujeitando-o à exploração por parte dos detentores do capital.

De acordo com Fromm, “para Marx, o processo de alienação

manifesta-se no trabalho e na divisão do trabalho. O trabalho é,

para ele, o relacionamento ativo do homem com a natureza, a

criação do próprio homem (...). Com a expansão da propriedade

privada e da divisão do trabalho, todavia, o trabalho perde sua

característica de expressão do poder do homem; o trabalho e seus

produtos assumem uma existência à parte do homem, de sua

vontade e de seu planejamento”.

Dessa maneira, sendo o trabalho alienado, já que é algo

exterior ao trabalhador, não lhe pertence. O trabalho, assim, se

torna propriedade de um terceiro, que não é aquele que o produziu

diretamente, mas sim um outro que tomou do trabalhador aquilo

que deveria lhe pertencer. Essa lógica é a base para a exploração de

um homem por outro, dentro o sistema capitalista. O excedente do

trabalho alienado acaba dando início ao acúmulo de riquezas e, por

conseguinte, ao surgimento da propriedade privada. A propriedade

privada é, portanto, consequência do processo de trabalho na

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sociedade capitalista. E é na produção que o trabalho alienado se

efetiva, tornando possível a apropriação dos produtos do trabalho

proletário pelo capitalista.

2. Questões comentadas

1) Nas sociedades tribais, o trabalho humano está

relacionado apenas à satisfação das necessidades básicas do

homem, como, por exemplo, garantir a alimentação e o

abrigo. Por isso, nesses casos, os processos de trabalho não

geram relações propriamente sociais.

Nas sociedades primitivas, dentre as quais se incluem as

tribais, o trabalho humano relaciona-se com a satisfação das

necessidades, mas também se relaciona com todo o conjunto

cultural. Além disso, é claro que o trabalho gera relações sociais.

Não confundam isso com a ideia de que nessas sociedades o

trabalho não se configura uma existência distinta das demais.

Questão errada.

2) Segundo muitos autores, para alcançar a sua

subsistência, nem todos os grupos humanos viveram de

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atividades produtivas, como ocorreu historicamente nas

sociedades de pescadores, de coletores e de caçadores.

Para alcançar a subsistência é condição dos grupos humanos

que estes possuam a atividade produtiva do trabalho. Questão

errada.

3) Para Karl Marx, no capitalismo, os trabalhadores

encontram-se alienados pelo fato de não se apropriarem dos

resultados do seu trabalho nem controlarem o processo

produtivo.

Exatamente. Nessa relação de alienação, na qual os

trabalhadores não compreendem o modelo no qual estão inseridos,

os trabalhadores não controlam a forma e o resultado de seu

trabalho. Questão correta.

4) A partir das mudanças ocorridas em seu processo de

produção, o sistema feudal entrou em declínio, assim, os

países europeus predominantemente agrários lentamente se

transformaram em urbano-industriais

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Como nós vimos, o modelo feudal entrou em crise após sua

expansão. Nesse processo, iniciou-se a passagem de um modelo

predominante agrário para outro predominantemente urbano.

Questão correta.

5) (UEL – 2008) Sobre a exploração do trabalho no

capitalismo, segundo a teoria de Karl Marx (1818-1883), é

correto afirmar:

a) A lei da hora extra explica como os proprietários dos

meios de produção se apropriam das horas não pagas ao

trabalhador, obtendo maior excedente no processo de

produção das mercadorias.

b) A lei da mais valia consiste nas horas extras trabalhadas

após o horário contratado, que não são pagas ao trabalhador

pelos proprietários dos meios de produção.

c) A lei da mais-valia explica como o proprietário dos meios

de produção extrai e se apropria do excedente produzido

pelo trabalhador, pagando-lhe apenas por uma parte das

horas trabalhadas.

d) A lei da mais valia é a garantia de que o trabalhador

receberá o valor real do que produziu durante a jornada de

trabalho.

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e) As horas extras trabalhadas após o expediente

constituem-se na essência do processo de produção de

excedentes e da apropriação das mercadorias pelo

proprietário dos meios de produção.

O conceito de mais-valia é exatamente o expresso na letra C,

ou seja, aquele segundo o qual o proprietário dos meios de

produção extrai e se apropria do excedente produzido pelo

trabalhador, pagando-lhe apenas por uma parte das horas

trabalhadas. Letra “c”.

6) (UEL – 2008) Segundo Braverman: O mais antigo princípio

inovador do modo capitalista de produção foi a divisão

manufatureira do trabalho [...] A divisão do trabalho na

indústria capitalista não é de modo algum idêntica ao

fenômeno da distribuição de tarefas, ofícios ou

especialidades da produção [...].

(BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista. Tradução

Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. p. 70.)

O que difere a divisão do trabalho na indústria capitalista das

formas de distribuição anteriores do trabalho?

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a) A formação de associações de ofício que criaram o

trabalho assalariado e a padronização de processos

industriais.

b) A realização de atividades produtivas sob a forma de

unidades de famílias e mestres, o que aumenta a

produtividade do trabalho e a independência individual de

cada trabalhador.

c) O exercício de atividades produtivas por meio da divisão

do trabalho por idade e gênero, o que leva à exclusão das

mulheres do mercado de trabalho.

d) O controle do ritmo e da distribuição da produção pelo

trabalhador, o que resulta em mais riqueza para essa parcela

da sociedade.

e) A subdivisão do trabalho de cada especialidade produtiva

em operações limitadas, o que conduz ao aumento da

produtividade e à alienação do trabalhador.

Com o desenvolvimento da sociedade capitalista, as

Revoluções Industriais e o consequente progresso tecnológico,

ocorreu uma maior especialização da divisão do trabalho,

aumentando a produtividade e também a alienação dos

trabalhadores incluídos nesse modelo. Letra “e”.

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7) (UEL – 2007) Segundo Émile Durkheim “[...] constitui uma

lei da história que a solidariedade mecânica, a qual a

princípio é quase única, perca terreno progressivamente e

que a solidariedade orgânica, pouco a pouco, se torne

preponderante”. Fonte: DURKHEIM, É. A Divisão Social do

Trabalho, In: Os Pensadores. Tradução de Carlos A. B. de

Moura. São Paulo: Abril Cultural, 1977, p. 67.

Por esta lei, segundo o autor, nas sociedades simples,

organizadas em hordas e clãs, prevalece a solidariedade por

semelhança, também chamada de solidariedade mecânica.

Nas organizações sociais mais complexas, prevalece a

solidariedade orgânica, que é aquela que resulta do

aprofundamento da especialização profissional.

De acordo com a teoria de Durkheim, é correto afirmar que:

a) As sociedades tendem a evoluir da solidariedade orgânica

para a solidariedade mecânica, em função da multiplicação

dos clãs.

b) Na situação em que prevalece a solidariedade mecânica,

as sociedades não evoluem para a solidariedade orgânica.

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c) As sociedades tendem a evoluir da solidariedade mecânica

para a solidariedade orgânica, em função da intensificação

da divisão do trabalho.

d) Na situação em que prevalece a divisão social do trabalho,

as sociedades não desenvolvem formas de solidariedade.

e) Na situação em que prevalecem clãs e hordas, as

sociedades não desenvolvem formas de solidariedade e, por

isso, tendem a desaparecer progressivamente.

Vimos essa na aula passada. A sociedade evolui da

solidariedade mecânica para a orgânica, à medida que aumenta a

divisão do trabalho. Letra “c”.

8) (UEL – 2003) “Pela exploração do mercado mundial a

burguesia imprime um caráter cosmopolita à produção e ao

consumo em todos os países. Para desespero dos

reacionários, ela retirou à indústria sua base nacional. As

velhas indústrias nacionais foram destruídas e continuam a

sê-lo diariamente. (...) Em lugar das antigas necessidades

satisfeitas pelos produtos nacionais, nascem novas

necessidades, que reclamam para sua satisfação os produtos

das regiões mais longínquas e dos climas mais diversos. Em

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lugar do antigo isolamento de regiões e nações que se

bastavam a si próprias, desenvolve-se um intercâmbio

universal, uma universal interdependência das nações. E isso

se refere tanto à produção material como à produção

intelectual. (...) Devido ao rápido aperfeiçoamento dos

instrumentos de produção e ao constante progresso dos

meios de comunicação, a burguesia arrasta para a torrente

da civilização mesmo as nações mais bárbaras.” (MARX, K.;

ENGELS, F.Manifesto do Partido Comunista. São Paulo:

Global, 1981. p. 24-25.)

Com base no texto de Karl Marx e Friedrich Engels, publicado

pela primeira vez em 1848, assinale a alternativa correta.

a) Desde o início, a expansão do modo burguês de produção

fica restrita às fronteiras de cada país, pois o capitalista é

conservador quanto às inovações tecnológicas.

b) O processo de universalização é uma tendência do

capitalismo desde sua origem, já que a burguesia precisa de

novos mercados, de novas mercadorias e de condições mais

vantajosas de produção.

c) A expansão do modo capitalista de produção em escala

mundial encontrou empecilhos na mentalidade burguesa

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apegada aos métodos tradicionais de organização do

trabalho.

d) Na maioria dos países não europeus, a universalização do

capital encontrou barreiras alfandegárias que impediram sua

expansão.

e) A dificuldade de comunicação entre os países, devido ao

baixo índice de progresso tecnológico, adiou para o século

XX a universalização do modo capitalista de produção.

A expansão é uma necessidade permanente do capitalismo. Da

mesma forma, podemos dizer que a universalização, com a inserção

de novos consumidores, e o progresso tecnológico, com o aumento

a produtividade, também o são. Letra “b”.

9) Há uma dimensão do trabalho que aparece como fator de

negação da potencialidade humana. Nesse sentido, assinale a

errada:

A) Estabelece-se através da sociedade de classes. Uma

classe é a dos proprietários dos meios de produção, ou seja,

dos capitalistas, e a outra é a dos possuidores apenas de sua

força de trabalho, que são os proletários.

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B) Trata-se de uma forma de desigualdade social e

econômica. Como exemplos dessa afirmação, temos dois

fenômenos: o primeiro é que o trabalhador proletário

trabalha sobre o controle do capitalista e o segundo é que o

produto produzido diretamente pelo proletário não é

propriedade dele, mas sim dos capitalistas.

C) O resultado final do trabalho não pertence ao trabalhador;

o trabalho então tem caráter exterior ao do trabalhador. Essa

é então, uma manifestação de alienação.

D) Para o trabalhador proletário, o trabalho é algo penoso,

que o remete ao sacrifício.

E) O proletário se reconhece enquanto sujeito do produto do

seu trabalho, pois ele decide sobre o que, como, para que e

para quem produzir.

É evidente, depois de estudarmos a exploração e a alienação

no mundo do trabalho, que o proletário não se reconhece enquanto

sujeito do produto do seu trabalho. Muito menos podemos dizer que

ele decide sobre o que, como, para que e para quem produzir. Letra

“e”.

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10) O trabalho, de acordo com a concepção moral dos

protestantes, seria uma virtude agradável a Deus. Assim, a

moral puritana teria possibilitado o acúmulo de capital nos

Estados Unidos da América. Tal concepção foi estudada por:

A)Émile Durkheim.

B) Karl Mannheim.

C) Karl Marx.

D) Max Weber. E) Henry Ford.

Bem fácil, só para revisar. Essa ideia é de Max Weber em Ética

protestante e o espírito do capitalismo. Letra “d”.

11) (UNESP) “À medida que se foi estendendo a influência da

concepção de vida puritana – e isto, naturalmente, é muito

mais importante do que o simples fomento da acumulação de

capital – ela favoreceu o desenvolvimento de uma vida

econômica racional e burguesa. Era a sua mais importante, e,

antes de mais nada, a sua única orientação consistente, nisto

tendo sido o berço do moderno “homem econômico”.

(Marx Weber, A Ética protestante e o espírito do capitalismo.

1967:125)

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De acordo com o texto, Max Weber está apontando para o

“desenvolvimento de uma vida econômica racional e

burguesa” e o desenvolvimento do capitalismo a partir da

influência da:

a) economia e sociedade.

b) ética protestante.

c) liderança carismática.

d) ética liberal.

e) teoria da ação social.

Como vimos na questão anterior, essas ideias estão baseadas

na ética protestante. Letra “b”.

12) (IESP) Ao discorrer sobre ideologia, Marilena Chauí

afirma que “(...) a coerência ideológica não é obtida

malgrado as lacunas, mas, pelo contrário, graças a elas.

Porque jamais poderá dizer tudo até o fim, a ideologia é

aquele discurso no qual os termos ausentes garantem a

suposta veracidade daquilo que está explicitamente

afirmado”.

(CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense,

1981, p. 04).

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I. O fundamento último do mundo capitalista não são

interesses quaisquer, mas os interesses econômicos de

classe.

II. Na maioria das sociedades capitalistas, as desigualdades

são ocultadas pelos princípios ideológicos que afirmam a

importância dos seguintes elementos: o progresso, o “vencer

na vida”, o individualismo, a mínima presença do Estado na

economia e a soberania popular por meio da representação.

III. Ideologia corresponde às idéias que predominam em

uma determinada sociedade, portanto expressa a realidade

tal qual ela é na sua objetividade.

IV. Uma pessoa pode elaborar uma ideologia, construir uma

“questão” individual sem interferências anteriores e

influências comunitárias para a sua sustentação. Assim, com

base em sua própria ideologia, ela poderá refletir e agir em

sua sociedade.

Considerando o fragmento do texto de Marilena Chauí e as

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afirmativas acima baseadas no conceito de ideologia para

Karl Marx. Assinale a alternativa abaixo que apresenta

apenas as afirmativas corretas:

a)I e III.

b) I e II.

c) II e IV.

d) Todas as afirmativas estão corretas.

e) todas as afirmativas estão erradas.

Os interesses econômicos no capitalismo são os interesses

conflitantes de duas classes principais: proletários e burgueses.

Além disso, vimos que o capitalismo implementa na sociedade a

ideia de “vencer na vida” através do talento ou do esforço; o

progresso socioeconômico, a não intervenção do Estado na

economia e a soberania popular através de mecanismos da

democracia indireta. Letra “b”.

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3. Lista de questões

1) Nas sociedades tribais, o trabalho humano está

relacionado apenas à satisfação das necessidades básicas do

homem, como, por exemplo, garantir a alimentação e o

abrigo. Por isso, nesses casos, os processos de trabalho não

geram relações propriamente sociais.

2) Segundo muitos autores, para alcançar a sua

subsistência, nem todos os grupos humanos viveram de

atividades produtivas, como ocorreu historicamente nas

sociedades de pescadores, de coletores e de caçadores.

3) Para Karl Marx, no capitalismo, os trabalhadores

encontram-se alienados pelo fato de não se apropriarem dos

resultados do seu trabalho nem controlarem o processo

produtivo.

4) A partir das mudanças ocorridas em seu processo de

produção, o sistema feudal entrou em declínio, assim, os

países europeus predominantemente agrários lentamente se

transformaram em urbano-industriais

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5) (UEL – 2008) Sobre a exploração do trabalho no

capitalismo, segundo a teoria de Karl Marx (1818-1883), é

correto afirmar:

a) A lei da hora-extra explica como os proprietários dos

meios de produção se apropriam das horas não pagas ao

trabalhador, obtendo maior excedente no processo de

produção das mercadorias.

b) A lei da mais valia consiste nas horas extras trabalhadas

após o horário contratado, que não são pagas ao trabalhador

pelos proprietários dos meios de produção.

c) A lei da mais-valia explica como o proprietário dos meios

de produção extrai e se apropria do excedente produzido

pelo trabalhador, pagando-lhe apenas por uma parte das

horas trabalhadas.

d) A lei da mais valia é a garantia de que o trabalhador

receberá o valor real do que produziu durante a jornada de

trabalho.

e) As horas extras trabalhadas após o expediente

constituem-se na essência do processo de produção de

excedentes e da apropriação das mercadorias pelo

proprietário dos meios de produção.

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6) (UEL – 2008) Segundo Braverman: O mais antigo princípio

inovador do modo capitalista de produção foi a divisão

manufatureira do trabalho [...] A divisão do trabalho na

indústria capitalista não é de modo algum idêntica ao

fenômeno da distribuição de tarefas, ofícios ou

especialidades da produção [...].

(BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista. Tradução

Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. p. 70.)

O que difere a divisão do trabalho na indústria capitalista das

formas de distribuição anteriores do trabalho?

a) A formação de associações de ofício que criaram o

trabalho assalariado e a padronização de processos

industriais.

b) A realização de atividades produtivas sob a forma de

unidades de famílias e mestres, o que aumenta a

produtividade do trabalho e a independência individual de

cada trabalhador.

c) O exercício de atividades produtivas por meio da divisão

do trabalho por idade e gênero, o que leva à exclusão das

mulheres do mercado de trabalho.

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d) O controle do ritmo e da distribuição da produção pelo

trabalhador, o que resulta em mais riqueza para essa parcela

da sociedade.

e) A subdivisão do trabalho de cada especialidade produtiva

em operações limitadas, o que conduz ao aumento da

produtividade e à alienação do trabalhador.

7) (UEL – 2007) Segundo Émile Durkheim “[...] constitui uma

lei da história que a solidariedade mecânica, a qual a

princípio é quase única, perca terreno progressivamente e

que a solidariedade orgânica, pouco a pouco, se torne

preponderante”. Fonte: DURKHEIM, É. A Divisão Social do

Trabalho, In: Os Pensadores. Tradução de Carlos A. B. de

Moura. São Paulo: Abril Cultural, 1977, p. 67.

Por esta lei, segundo o autor, nas sociedades simples,

organizadas em hordas e clãs, prevalece a solidariedade por

semelhança, também chamada de solidariedade mecânica.

Nas organizações sociais mais complexas, prevalece a

solidariedade orgânica, que é aquela que resulta do

aprofundamento da especialização profissional.

De acordo com a teoria de Durkheim, é correto afirmar que:

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a) As sociedades tendem a evoluir da solidariedade orgânica

para a solidariedade mecânica, em função da multiplicação

dos clãs.

b) Na situação em que prevalece a solidariedade mecânica,

as sociedades não evoluem para a solidariedade orgânica.

c) As sociedades tendem a evoluir da solidariedade mecânica

para a solidariedade orgânica, em função da intensificação

da divisão do trabalho.

d) Na situação em que prevalece a divisão social do trabalho,

as sociedades não desenvolvem formas de solidariedade.

e) Na situação em que prevalecem clãs e hordas, as

sociedades não desenvolvem formas de solidariedade e, por

isso, tendem a desaparecer progressivamente.

8) (UEL – 2003) “Pela exploração do mercado mundial a

burguesia imprime um caráter cosmopolita à produção e ao

consumo em todos os países. Para desespero dos

reacionários, ela retirou à indústria sua base nacional. As

velhas indústrias nacionais foram destruídas e continuam a

sê-lo diariamente. (...) Em lugar das antigas necessidades

satisfeitas pelos produtos nacionais, nascem novas

necessidades, que reclamam para sua satisfação os produtos

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das regiões mais longínquas e dos climas mais diversos. Em

lugar do antigo isolamento de regiões e nações que se

bastavam a si próprias, desenvolve-se um intercâmbio

universal, uma universal interdependência das nações. E isso

se refere tanto à produção material como à produção

intelectual. (...) Devido ao rápido aperfeiçoamento dos

instrumentos de produção e ao constante progresso dos

meios de comunicação, a burguesia arrasta para a torrente

da civilização mesmo as nações mais bárbaras.” (MARX, K.;

ENGELS, F.Manifesto do Partido Comunista. São Paulo:

Global, 1981. p. 24-25.)

Com base no texto de Karl Marx e Friedrich Engels, publicado

pela primeira vez em 1848, assinale a alternativa correta.

a) Desde o início, a expansão do modo burguês de produção

fica restrita às fronteiras de cada país, pois o capitalista é

conservador quanto às inovações tecnológicas.

b) O processo de universalização é uma tendência do

capitalismo desde sua origem, já que a burguesia precisa de

novos mercados, de novas mercadorias e de condições mais

vantajosas de produção.

c) A expansão do modo capitalista de produção em escala

mundial encontrou empecilhos na mentalidade burguesa

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apegada aos métodos tradicionais de organização do

trabalho.

d) Na maioria dos países não europeus, a universalização do

capital encontrou barreiras alfandegárias que impediram sua

expansão.

e) A dificuldade de comunicação entre os países, devido ao

baixo índice de progresso tecnológico, adiou para o século

XX a universalização do modo capitalista de produção.

9) Há uma dimensão do trabalho que aparece como fator de

negação da potencialidade humana. Nesse sentido, assinale a

errada:

A) Estabelece-se através da sociedade de classes. Uma

classe é a dos proprietários dos meios de produção, ou seja,

dos capitalistas, e a outra é a dos possuidores apenas de sua

força de trabalho, que são os proletários.

B) Trata-se de uma forma de desigualdade social e

econômica. Como exemplos dessa afirmação, temos dois

fenômenos: o primeiro é que o trabalhador proletário

trabalha sobre o controle do capitalista e o segundo é que o

produto produzido diretamente pelo proletário não é

propriedade dele, mas sim dos capitalistas.

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C) O resultado final do trabalho não pertence ao trabalhador;

o trabalho então tem caráter exterior ao do trabalhador. Essa

é então, uma manifestação de alienação.

D) Para o trabalhador proletário, o trabalho é algo penoso,

que o remete ao sacrifício.

E) O proletário se reconhece enquanto sujeito do produto do

seu trabalho, pois ele decide sobre o que, como, para que e

para quem produzir.

10) O trabalho, de acordo com a concepção moral dos

protestantes, seria uma virtude agradável a Deus. Assim, a

moral puritana teria possibilitado o acúmulo de capital nos

Estados Unidos da América. Tal concepção foi estudada por:

A)Émile Durkheim.

B) Karl Mannheim.

C) Karl Marx.

D) Max Weber. E) Henry Ford.

11) (UNESP) “À medida que se foi estendendo a influência da

concepção de vida puritana – e isto, naturalmente, é muito

mais importante do que o simples fomento da acumulação de

capital – ela favoreceu o desenvolvimento de uma vida

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econômica racional e burguesa. Era a sua mais importante, e,

antes de mais nada, a sua única orientação consistente, nisto

tendo sido o berço do moderno “homem econômico”.

(Marx Weber, A Ética protestante e o espírito do capitalismo.

1967:125)

De acordo com o texto, Max Weber está apontando para o

“desenvolvimento de uma vida econômica racional e

burguesa” e o desenvolvimento do capitalismo a partir da

influência da:

a) economia e sociedade.

b) ética protestante.

c) liderança carismática.

d) ética liberal.

e) teoria da ação social.

12) (IESP) Ao discorrer sobre ideologia, Marilena Chauí

afirma que “(...) a coerência ideológica não é obtida

malgrado as lacunas, mas, pelo contrário, graças a elas.

Porque jamais poderá dizer tudo até o fim, a ideologia é

aquele discurso no qual os termos ausentes garantem a

suposta veracidade daquilo que está explicitamente

afirmado”.

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(CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense,

1981, p. 04).

I. O fundamento último do mundo capitalista não são

interesses quaisquer, mas os interesses econômicos de

classe.

II. Na maioria das sociedades capitalistas, as desigualdades

são ocultadas pelos princípios ideológicos que afirmam a

importância dos seguintes elementos: o progresso, o “vencer

na vida”, o individualismo, a mínima presença do Estado na

economia e a soberania popular por meio da representação.

III. Ideologia corresponde às idéias que predominam em

uma determinada sociedade, portanto expressa a realidade

tal qual ela é na sua objetividade.

IV. Uma pessoa pode elaborar uma ideologia, construir uma

“questão” individual sem interferências anteriores e

influências comunitárias para a sua sustentação. Assim, com

base em sua própria ideologia, ela poderá refletir e agir em

sua sociedade.

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Considerando o fragmento do texto de Marilena Chauí e as

afirmativas acima baseadas no conceito de ideologia para

Karl Marx. Assinale a alternativa abaixo que apresenta

apenas as afirmativas corretas:

a)I e III.

b) I e II.

c) II e IV.

d) Todas as afirmativas estão corretas.

e) todas as afirmativas estão erradas.

4. Gabarito

1–E 2–E 3–C 4- C


5-C 6-E 7–C 8–B
9-E 10 - D 11 - B 12 - B

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5. Resumo

 Nas sociedades primitivas a categoria trabalho não se

encontrava dissociada das demais, sendo, dessa maneira,

integrante da vida dessas sociedades sem que houvesse uma

separação entre a atividade trabalho e as demais atividades

sociais. Assim, o trabalho fazia parte dos elementos culturais e

rotineiros das sociedades primitivas.

 Outro ponto interessante é a percepção de que o trabalho nas

sociedades primitivas não possuía o caráter de geração de

excedentes. Não havia, portanto, a ideia de mais-valia.

 Segundo Clastres, apud Barbosa, no momento em que o

trabalho se transforma em uma atividade dissociada das

demais atividades da vida social, tornando-se, assim, alienado

e imposto por aqueles que desejam dele tirar proveito, é sinal

de que essas sociedades transformaram-se em sociedades

divididas entre dominantes e dominados, dando início ao que

se configura como propriedade privada, gerando uma

sociedade dividida em classes e gerando também o Estado.

 Nas sociedades antigas como, por exemplo, Grécia e Roma,

ocorreu uma modificação o modo de trabalho, baseando-se em

um modelo econômico e social de base escravocrata.

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 Portanto, podemos notar que a relação de trabalho que havia

na Antiguidade era basicamente uma relação entre

escravizador x escravo. Se tomarmos como referência as três

civilizações mais importantes do Ocidente na Antiguidade, ou

seja, a sociedade grega, a romana e também a egípcia,

perceberemos que praticamente todo o trabalho na

Antiguidade era feito por escravos.

 Nesse sistema feudal, a divisão do trabalho assume a forma

senhoria-feudo, na qual o senhor feudal era o proprietário das

terras e os servos nelas trabalhavam com relativos graus de

liberdade e de obrigação. Se na Antiguidade o trabalho era

praticamente todo ele exercido por escravos, na Idade Média

ele passaria, em boa medida, a ser exercido pelos servos.

 Essa sociedade feudal era dividida em estamentos, ou seja,

era uma sociedade divida em camadas sociais estanques, nas

quais a passagem de um estrato social para outro era quase

impossível. De acordo com a função específica de cada

camada, alguns autores a classificam como uma sociedade

formada pelos que lutam (nobres), pelos que rezam (clero) e

pelos que trabalham (servos); além dos senhores feudais, que

estariam no topo dessa pirâmide social. Esses servos não

tinham direito a propriedade da terra, contudo estavam presos

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a ela. Os servos da Idade Média não podiam ser vendidos

como os escravos da Antiguidade, porém não tinham liberdade

para abandonar as terras onde serviam.

 Com a expansão do feudalismo, em novos territórios ou em

terras até então não utilizadas, gerou-se a expansão da

produção de excedentes. Ao mesmo tempo em que o

feudalismo se expandia territorialmente, ocorria um avanço

tecnológico que aumentava a capacidade produtiva. Esse novo

padrão tecnológico também é um fator importante na geração

de excedentes na produção.

 “a crise geral feudal concorre para consolidar a independência

das cidades, estimular novas atividades artesanais e

comerciais livres do controle de corporações e guildas,

provocar o processo de centralização do Estado, desencadear

a transição da posse servil para o arrendamento do camponês

livre e abalar as concepções teológicas medievais. As primeiras

bases materiais e espirituais para a transição do feudalismo

para o capitalismo estão lançadas”

 Com a derrocada do feudalismo surge o chamado processo de

acumulação primitiva de capital, através do qual se formou a

sociedade capitalista. Com a criação da classe operária, os

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vínculos sociais feudais por meio dos quais a maior parcela de

trabalhadores garantira seu acesso à terra foram sendo

desfeitos. A transformação da propriedade feudal na moderna

propriedade privada mudou completamente as relações

econômicas na sociedade.

 Com o surgimento desse processo de acumulação primitiva do

capital, o produtor (proletário) se separava dos meios de

produção, que agora passariam a estar no controle da

burguesia. Se anteriormente o trabalho era realizado a fim de

se garantir a sobrevivência ou na realização de trocas

comerciais, agora ele teria o lucro como fim. O trabalho

passava a estar inserido no contexto de produção de

excedentes e, consequentemente, de mais-valia.

 Para Marx, a origem do modo capitalista de produção

corresponde historicamente a um movimento de

transformação social no qual se transformavam os meios de

existência e produção em capital e passava a dissociar os

trabalhadores diretos de seus meios de produção. Através

desse processo os trabalhadores só teriam como alternativa

vender o seu trabalho para sobreviver.

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