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MANUAL DE FORMAÇÃO

CURSO TÉCNICO/A DE APOIO À GESTÃO

Viver em Português / 6656 - Mudanças profissionais e mercado de trabalho

(Luciana Pinto)
© 2023

1
Índice

Resultados de aprendizagem.......................................................................................... 3
Conceitos de trabalho, emprego e empregabilidade........................................................4
O trabalho enquanto fenómeno social.............................................................................5
A introdução e o desenvolvimento das novas tecnologias..............................................6
Empregabilidade..............................................................................................................8
Representações sociais das profissões e dos contextos de trabalho...............................10
Evolução científica e técnica e implicações no mundo do trabalho...............................11
Novas formas de trabalho associadas às novas tecnologias – O teletrabalho.................13
As novas tecnologias e o emprego..................................................................................15
Classificação dos sectores de actividades económicas e profissões...............................16
Evolução dos perfis profissionais na área profissional do curso....................................18
A importância dos percursos formais, não formais e informais de aprendizagem ao
longo da vida..................................................................................................................20

Bibliografia ................................................................................................................................. 24

Webgrafia

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Resultados da Aprendizagem
• Relaciona a evolução da organização do trabalho e das profissões com as mudanças científicas e tecnológicas.
• Avalia os impactes das novas tecnologias no exercício profissional.
• Compreende a influência das novas dinâmicas na evolução do mercado de trabalho.
• Reconhece a importância da aprendizagem ao longo da vida, independentemente do contexto em que a
mesma se processa.

Conteúdos
• Conceitos de trabalho, emprego e empregabilidade
• Representações sociais das profissões e dos contextos de trabalho
• Evolução científica e técnica e implicações no mundo do trabalho
• Novas formas de trabalho associadas às novas tecnologias – o teletrabalho
• Classificação dos sectores de actividades económicas e profissões
• Evolução dos perfis profissionais na área profissional do curso
• A importância dos percursos formais, não formais e informais de aprendizagem ao longo da vida

3
C onceitos de t rabalho, e mprego e e mpregabilidade
Segundo a definição comum, trabalho diz respeito a qualquer actividade em que nos ocupamos e
despendemos boa parte da nossa vida, seja de forma remunerada ou não. Algumas actividades, por
exemplo, que desenvolvemos nas nossas casas, como as tarefas domésticas ou mesmo tratar do jardim,
constituem uma forma de trabalho, embora não sejam remuneradas nem contabilizadas para a riqueza
produzida na economia.

Na sua origem etimológica, “trabalho” deriva da palavra latina tripalus (três paus), que, no latim
popular, significa instrumento de três paus aguçados e com pontas de ferro, utilizado para ferrar
animais de grande porte ou para debulhar os cereais e o linho. Também designava instrumento de
tortura. Daqui derivou a palavra tripaliare, isto é, torturar. Posteriormente, a palavra surgiu
relacionada com algo penoso, sofrimento, fadiga e trabalho.
Durante séculos o trabalho surgiu associado a algo penoso ou a um castigo que era realizado pelos
escravos (esclavagismo) ou pelas classes sociais mais baixas, os servos da gleba (servilismo /
feudalismo), por conseguinte trabalhar era uma condição pouco digna dos homens livres, que por sua
vez se dedicavam ao lazer, à contemplação, à reflexão e ao ócio.

Mais tarde, e por oposição a esta visão negativa, surge uma outra visão para a qual o trabalho
constitui uma fonte de libertação, de progresso e de auto-realização, considerando que o trabalho
confere dignidade ao ser humano.

Segundo o sociólogo inglês, Anthony Giddens, o trabalho define-se como a realização de tarefas que
envolvem dispêndio de esforço mental e físico, com o objectivo de produzir bens e serviços para
satisfazer as necessidades humanas.

O trabalho, em particular o remunerado, ou seja, o emprego assume um papel relevante na vida das
pessoas, ao permitir:
 a garantia a um rendimento que será utilizado para satisfazer as necessidades;
 o desenvolvimento de capacidades que de outro modo não seriam exercitadas;
 o contacto com outros contextos e ambientes diferentes das vivências em casa;
 a organização e o planeamento do dia-a-dia de cordo com o ritmo de trabalho, permitindo ter
uma estrutura de referência do tempo;
 a diversificação dos contactos sociais e a criação de laços de relacionamento e/ou amizade
com um maior numero de pessoas;
 um certo grau de auto-realização e de integração social.

Numa outra perspectiva, o trabalho é visto como mera produção técnica, na relação
homem/máquina, estudando-se o posto de trabalho e a adequação do indivíduo a esse posto, tanto a
nível físico, como a nível psicológico (âmbito das motivações). Nesta perspectiva, existe uma
separação entre o sujeito e a sociedade, uma vez que somente se analisam as relações directas entre o
trabalhador e o seu trabalho. Esta pratica-se usualmente nos Estados Unidos, como resposta ao
mercado de trabalho no mundo da produção.

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O trabalho enquanto fenómeno social evidencia as diferentes formas de relações organizadas no
trabalho e em volta do próprio trabalho, ou seja, este aparece com uma dupla função: dar origem ao
fabrico do produto e as relações sociais de produção inerentes ao mundo laboral.
Assim, o trabalho tem um papel social enquanto criador de relações sociais. Contudo, essas relações
são entendidas como elementos que se podem abstrair do sistema de produção no seu conjunto (da
sociedade em geral), ou seja, são próprias do mundo do trabalho.
Nesta visão, a empresa enquanto local de trabalho constitui o principal objecto de estudo. Contudo,
também são analisadas as relações socioprofissionais e as estratégias dos grupos envolvidos.

O trabalho enquanto prática da sociedade é visto como resultado da actividade social, só podendo
ser definido para qualquer sociedade partindo da análise das relações sociais. Assim, as
transformações sociais, ao implicarem alterações nas forças sociais em presença e nas suas relações,
acarretam novas formas de trabalho.
Esta acepção de trabalho é a mais global, uma vez que possibilita o estudo de todas as suas dimensões
e também apela ao estudo histórico.

O acesso e o uso generalizado das tecnologias de informação e comunicação (TIC) introduziram, nas
últimas décadas, várias alterações ao nível do trabalho e do emprego.

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A introdução e o desenvolvimento das novas tecnologias, em todos os sectores de actividade, isto é, na
agricultura, na indústria foi diminuindo de forma progressiva não apenas o tempo de trabalho como o número de
trabalhadores que anteriormente eram necessários para assegurar os processos de produção. Deste modo,
procedeu-se a uma maior racionalização dos processos produtivos, produzindo-se mais com menos recursos
humanos.

No entanto e no que diz respeito ao sector dos serviços, verifica-se o oposto, isto é, houve um aumento
significativo em termos de ocupação da população activa e de contribuição deste sector para o Produto Nacional.
Este fenómeno é usualmente designado por terciarização.

Consequências e alterações, da terciarização da economia, na configuração do trabalho:

 desaparecimento de algumas profissões, como por exemplo o/a dactilógrafo/a. Exigindo a sua
reconversão através do recurso à formação ao longo da vida, que consiste numa exigência actual do
mercado de trabalho;

 surgimento de novas profissões, que correspondem às novas exigências do mercado de trabalho, como
por exemplo o designer, o web-designer, o marketeer.

A passagem de uma economia baseada na indústria para uma economia de serviços tem vindo
a provocar alterações a vários níveis, quer na estrutura das organizações, quer no tipo de
gestão praticado, quer na organização do trabalho.

Como foi referido anteriormente, se por um lado as TIC destroem postos de trabalho e profissões,

por outro lado abrem igualmente novas oportunidades pois fazem aparecer novas profissões.

Um mundo laboral em constante mudança cria alguma instabilidade e insegurança aos trabalhadores relativamente
ao futuro. Esta atitude de insegurança que actualmente é vivida pelos trabalhadores ocidentais, associada à
fragilização dos vínculos laborais e à deslocalização das empresas ou dos postos de trabalho para países com
estruturas de custo menos elevadas, provoca uma precarização do trabalho.

Esta precarização do trabalho significa o fim do emprego para toda a vida. Perante esta realidade existem duas
posições diferentes, para alguns esta situação é vista de modo positivo, pois o trabalhador não terá que ficar refém
de um emprego toda a vida, já para outros, esta não será mais do que a legalização da entidade patronal poder
contratar e despedir unicamente de acordo com os seus interesses.

De modo a combater o trabalho precário e o desemprego, o Estado tem vindo a colocar em prática um conjunto de
medidas:

 políticas passivas – centradas na protecção social prestada aos desempregados;

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 políticas activas – passam maioritariamente pela formação profissional e pelos incentivos à criação do
próprio emprego. Estas medidas têm evoluído, nas últimas décadas, em Portugal, de modo a responder
às alterações sofridas pelo mercado de trabalho. Têm vindo a responder à crescente necessidade de
aumentar a qualificação dos trabalhadores.

Destacam-se algumas respostas de actuação de medidas activas no combate ao desemprego:

 reforço da formação inicial, como os cursos profissionais e os estágios profissionais (para os jovens);
 para os desempregados de longa duração, reforço da formação e reconversão de modo a promover a sua
inserção no mercado de trabalho;
 para os desempregados mais idosos, a promoção da sua requalificação, uma vez que é nesta faixa que
se encontra a população com menores níveis formais de qualificação;
 promoção da igualdade de género no mercado laboral, através de medidas de combate à discriminação
negativa que ainda é visível no emprego feminino relativamente ao masculino, não apenas no que diz
respeito ao acesso ao emprego como também em nos índices de remuneração.
No entanto, apesar da implementação destas medidas verifica-se:

 a persistência do desemprego de longa duração;


 o aparecimento de situações laborais precárias, como o trabalho temporário, o trabalho parcial e o
trabalho com contrato a termo;
 a saída de trabalhadores altamente qualificados para outros países.

A noção de Emprego remete para o acto ou efeito de empregar, que significa ocupar alguém oferecendo um
posto de trabalho e delegando-lhe determinadas funções mediante o pagamento de uma remuneração. Diz ainda
respeito a uma ocupação em serviço público ou privado; um cargo, uma função, uma colocação.

Este conceito surge associado ao conceito de trabalho, na medida em que a forma de emprego dominante consiste
no trabalho assalariado numa relação de dependência. O empregado ou trabalhador estabelece um contrato com a
sua entidade empregadora ou patronal, através do qual decidem o valor pelo qual será vendida a força de trabalho
bem como as condições mediante as quais irá ser prestado o respectivo trabalho.

Existem diversas modalidades de trabalho:

 trabalho a tempo inteiro,


 trabalho a tempo parcial,
 trabalho sazonal ou temporário.
Na sua relação de dependência o trabalho pode ser:

 por conta de outrem (empresas privadas ou sector da administração pública)


 trabalho por conta própria (trabalhadores independentes ou empresários).

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A empregabilidade baseia-se numa recente nomenclatura dada à capacidade de adequação do profissional às
novas necessidades e dinâmica dos novos mercados de trabalho. Com o advento das novas tecnologias,
globalização da produção, abertura das economias, internacionalização do capital e as constantes mudanças que
vêm alterando o ambiente das organizações, surge a necessidade de adaptação a tais factores por parte dos
empresários e profissionais.

O termo empregabilidade diz respeito à capacidade de um profissional estar empregado, mas muito mais do que
isso à capacidade do profissional ter a sua carreira protegida dos riscos inerentes ao mercado de trabalho.

Uma vez que o conhecimento não é estático, mas inclusivo, desde a educação inicial para a vida à aprendizagem
ao longo da vida. Começam então a distinguir-se dois conceitos, hoje objecto de grande discussão: a
empregabilidade, que designa um conjunto de competências que permitem mais
facilmente a inserção no mercado de trabalho, em qualquer profissão; e a formação
profissional que prepara apenas para uma profissão, mais linear e sem a
flexibilidade da aprendizagem ao longo da vida. A diferença essencial é que a
empregabilidade não diz respeito a uma formação específica, mas à aquisição de
condições culturais e intelectuais que permitem uma mais fácil adaptação a um
posto de trabalho específico. Em todos os países desenvolvidos, há hoje milhares de empregados em tarefas que
não estamos habituados a considerar como de formação superior (bancários, gerentes comerciais, administrativos,
etc.) e que têm enormes vantagens competitivas no emprego pela sua qualificação intelectual e cultural e
pelas suas características adquiridas como a iniciativa, a adaptação, a flexibilidade, a comunicação, etc.

José Augusto Minarelli estabelece seis pilares da empregabilidade, que garantem a segurança profissional do
indivíduo:

1. Adequação da profissão à vocação - uma vez que para se tornar um bom profissional e um ser humano
realizado, o indivíduo deve conciliar a sua função com a capacidade e paixão pelo que faz.

2. Competências – a preparação técnica; a capacidade de liderar pessoas; a habilidade política; a


habilidade de comunicação oral e escrita em pelo menos dois idiomas; a habilidade em marketing; a
habilidade em vendas; a capacidade de utilização dos recursos tecnológicos;

3. Idoneidade – que implica confiança de parte a parte e entre outros factores, pode considerar-se: a ética;
a conduta; uma atitude correcta; o respeito; a responsabilidade.

4. Saúde física e mental - cuidar do equilíbrio, do desgaste exagerado, cuidar do corpo, pessoas saudáveis
têm bons relacionamentos e interagem de maneira favorável, evitar vícios como fumo, álcool e drogas.
Manter a sua auto-estima e sua capacidade de realizar projectos.

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5. Reserva financeira e fontes alternativas de aquisição de rendimentos - a perda de emprego significa a
perda da entrada de receitas. Deve fazer-se uma reserva mês a mês; a reserva é uma defesa, uma
garantia que pode sustentar. Um projecto profissional deve ocorrer paralelamente. O seu próprio
negócio de qualquer dimensão, também pode ser uma fonte alternativa de rendimento.

6. Relacionamento - quem conhece pessoas, adquire informações importantes e relevantes, uma pessoa
cuidadosa regista os seus relacionamentos. Guarda e cuida deles, devolve as ligações, que podem ser
oportunidades de trabalho. Em termos profissionais é muito importante ter uma rede, uma forma de se
manter ligado à sua rede de relacionamentos. Manter o contacto com essas pessoas.

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Representações sociais das profissões e dos contextos de trabalho

A representação social resulta de uma opinião partilhada, subjectiva, filtrada pelos valores e pelos elementos
culturais de um grupo. São nos transmitidas no processo de socialização e assentam em valores, correspondem a
uma forma de pré-conhecimento baseado no senso comum, nas nossas experiências e na comunicação com os
outros. São esquemas de percepção e classificação da realidade, que têm origem na necessidade de reduzir e
classificar a realidade social. Orientam e determinam comportamentos, na medida em que actuamos em função
das representações sociais que temos.

Profissão diz respeito à acção ou resultado de professar, à actividade para a qual um indivíduo se preparou e que
exerce ou não, ao trabalho que uma pessoa faz para obter os recursos necessários à sua subsistência e à dos seus
dependentes. Significa ainda ocupação.

As representações sociais das profissões consistem na imagem por nós concebida para cada categoria
profissional e na forma como nos comportamos relativamente a uma pessoa dentro dessa categoria, por exemplo
quando conhecemos alguém e perguntamos qual é a sua profissão, em função da resposta imaginamos algo sobre a
pessoa mesmo sem a conhecermos. Também a nossa atitude será diferente, a nossa postura e a forma como nos
dirigimos a essa pessoa, por exemplo se estivermos perante um director de uma empresa o modo de abordagem
será complemente distinto do modo como abordamos um empregado de café.

No âmbito do nosso contexto profissional a forma de tratamento e de relacionamento entre colegas difere da
forma de tratamento e de relacionamento com as chefias, ou seja, com os superiores hierárquicos. Neste sentido,
para cada profissão existe uma imagem a ela associada e que determina todo o nosso comportamento.

Todas as pessoas, dentro de uma empresa ou organização, desempenham um determinado papel, isto é, um
conjunto de actividades e comportamentos que lhes são solicitados de acordo com a função que nela ocupam. A
função diz respeito a um conjunto de tarefas específicas que devem ser executadas pelo trabalhador e ao modo
como estas tarefas são realizadas. Assim, pode afirmar-se que a cada função corresponde uma representação social
que determina o nosso modo de actuação.

Quer no contexto da sociedade em geral, quer no contexto profissional em particular, cada indivíduo é uma
identidade que influencia o comportamento dos outros, sendo, simultaneamente, influenciado por eles. Pois
procura ajustar-se aos outros, ser bem aceite e compreendido pelo grupo e nele participar.

A visão que temos de nós mesmos e a visão que os outros têm de nós, no contexto do trabalho, conduz à
construção uma representação social.

10
Evolução científica e técnica e implicações no mundo do trabalho

Desde os primórdios da humanidade que o ser humano desenvolve meios para melhorar as suas condições de vida,
facilitar a sua existência e dominar a natureza.

De facto, o homem primitivo inventou utensílios em pedra para se defender dos animais e poder caçar.
Posteriormente, aprendeu a trabalhar os metais, permitindo-lhe construir instrumentos mais fortes e resistentes,
alargando deste modo os seus horizontes e abrindo perspectivas a novas descobertas e invenções.

A invenção da máquina permitiu reduzir o esforço humano e é igualmente um marco numa nova etapa da vida da
humanidade, traduzindo-se numa verdadeira revolução: a Revolução Industrial, que teve início em meados do
século XVIII e se prolongou até ao princípio do século XIX.

O artesão vai sendo substituído pelo operário e a oficina pela fábrica, assim surge a manufactura que assenta no
trabalho manual do operário. Mas a verdadeira alteração ocorre com a passagem da manufactura para a indústria
mecanizada.

A Revolução Industrial introduziu a máquina a vapor, num primeiro momento, na indústria têxtil, mas
rapidamente se alargou a outras indústrias, provocando transformações noutras áreas, como os transportes, com o
aparecimento dos caminhos- de-ferro. A transformação fundamental produzida pela Revolução Industrial assenta
na mecanização dos meios de produção. O trabalho artesanal ao ser substituído pelas máquinas passa a produzir
em massa o que antes era produzido em pequenas quantidades. O trabalho escravo, servil e corporativo dá lugar ao
trabalho assalariado em grande escala. A oficina ao ser
substituída pela fábrica concentra um grande número de
operários/ assalariados que sem quaisquer direitos,
trabalhavam quinze horas por dia, sem condições dignas e de
exploração. Era um trabalho duro que exigia um esforço
enorme, quer físico quer mental, sem condições de higiene e
segurança. Por consequência destas degradantes condições de
trabalho e de vida das classes operárias surgiram revoltas e
greves, levando a que o Estado interviesse, no sentido de
criar a legislação laboral e o direito do trabalho. Desta feita,
os trabalhadores passam a ser representados pelos sindicatos,
que lutam pelos direitos dos trabalhadores.

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Ainda nos finais do século XIX e início do século XX dá-se a Segunda Revolução Industrial com a descoberta
da electricidade, a invenção do telefone e do motor de explosão (petróleo), conduzindo a profundas alterações na
forma como se trabalhava e no tipo de trabalho desempenhado.

No início do século XX, o trabalho manual dominava o mercado de trabalho e era realizado por operários
especializados e semiespecializados que trabalhavam em grandes fábricas de produção em massa. Estes operários
eram especializados unicamente na realização de uma tarefa em particular que fazia parte de um todo, ou seja,
fazia parte de uma serie de tarefas mais vasta.

Nos países mais desenvolvidos, após os anos 70, verifica-se um desenvolvimento da automação da produção com
o apoio dos progressos realizados na tecnologia microelectrónica. Nalgumas fábricas os operários são substituídos
por robôs que efectuam as tarefas repetitivas, perigosas ou pesadas, aumentando desta forma a produtividade do
trabalho. Este aumento da capacidade produtiva é notória essencialmente em sectores de mão-de-obra intensiva,
como é o caso dos sector têxtil e do sector automóvel, conduzindo a uma rápida redução de postos de trabalho e
traduzindo-se em desemprego.

Recentemente acreditava-se que o sector dos serviços iria criar novas oportunidades de emprego e seria capaz de
absorver o excedente de mão-de-obra. Contudo, a cada vez maior informatização e automatização dos serviços
leva a que se contrarie essa perspectiva.

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Novas formas de trabalho associadas às novas tecnologias – O teletrabalho

O século XX foi palco de enormes progressos quer no âmbito da ciência quer da tecnologia, sob o domínio da
revolução na electrónica e na informática, alargando a sua área de actuação a outras áreas e a diversas aplicações,
como por exemplo na medicina e na gestão.

Assim, a tecnologia utilizada caracteriza uma época e delimita as diferentes fases do desenvolvimento da
humanidade. Desde a idade da pedra, do ferro, do bronze até à sociedade da informação, que reflecte a tecnologia
usada pelo ser humano.

As tecnologias assumem um papel verdadeiramente importante no desenvolvimento das sociedades humanas, que
tem vindo a crescer com a profunda ligação com a ciência, permitindo ao homem cada vez mais estudar,
compreender os fenómenos naturais, bem como dominar e manipular a força da natureza.

As tecnologias da informação e da comunicação têm uma especial relevância, nos nossos dias, pois têm vindo a
realizar uma verdadeira revolução no modo como os bens e os serviços são produzidos.

As tecnologias da informação e da comunicação estão presentes em todos os sectores de actividade, desde a


agricultura à indústria e aos serviços, operando uma verdadeira transformação na economia, ao contrário de outras
invenções e inovações, que somente actuam ou transformam uma actividade ou um ramo de actividade.

O homem tem vindo a ser gradualmente substituído por robôs e outros equipamentos automatizados, nas fábricas,
por exemplo as de automóveis, as linhas de montagem são completamente controladas por máquinas robotizadas,
apenas monitorizadas por alguns operários.

Também os serviços mudaram de forma radical. Actualmente, podemos realizar diversas operações bancárias
através de terminais ATM em qualquer lugar do mundo. Existe ainda o exemplo do comércio electrónico e virtual,
permitindo-nos, a partir do conforto de casa através do computador, adquirir qualquer tipo de bens e serviços.

No contexto dos escritórios a velha máquina de escrever deu lugar ao computador. Com a vulgarização do uso da
informática assistimos à reestruturação dos processos de trabalho nos escritórios e gabinetes, nos quais os antigos
procedimentos manuais dão lugar aos meios informatizados de processamento de texto, de desenho gráfico, etc.

Nos países mais desenvolvidos ao nível económico as actividades humanas passaram do fabrico de bens ao
tratamento e processamento da informação, na actualidade estas actividades ocupam mais de 2/3 dos
trabalhadores.

No contexto da agricultura as novas tecnologias operaram alterações relevantes, através do desenvolvimento da


biotecnologia que permite melhorar os processos produtivos, como por exemplo os alimentos geneticamente
transformados (transgénicos), na engenharia genética substitui-se produtos químicos, que prejudicam os solos e o
ambiente, por bactérias fixadoras de azoto.

No futuro, a biotecnologia criará novas oportunidades de trabalho substituindo o trabalho tradicional agrícola por
actividades de laboratório.

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Todas estas alterações conduzem ao aumento do grau de qualificação que é exigida aos trabalhadores. Se estes
forem pouco qualificados serão substituídos pela máquina, como aconteceu anteriormente na área da produção.

Assim, a evolução da produção alterou a natureza do trabalho. A automação reduz de forma significativa o
trabalho manual, directo, pouco qualificado, rotineiro, perigoso e dá lugar à exigência de uma maior
especialização, ao nível de funções de controlo, supervisão, monitorização e programação de operações,
emergindo novos empregos e novas profissões. Desta forma, verifica-se que com a introdução das novas
tecnologias se há postos de trabalho que se extinguem outros novos surgem. Por exemplo na fábrica de
automóveis, se é extinto um posto de trabalho na linha de montagem, serão necessários trabalhadores que operem
com esses robôs, engenheiros que os concebam, programadores informáticos e trabalhadores especializados na
reparação desses robôs, etc.

Nos países industrializados grande número de trabalhadores opera na produção, processamento e transferência de
informação.

Estas transformações visíveis na estrutura do trabalho devem fazer-se acompanhar de uma constante formação e
reciclagem de conhecimentos por parte dos trabalhadores, de modo a poderem responder ao maior grau de
exigência e qualificações do mercado de trabalho, por conseguinte a aposta na educação e na formação é essencial.

O teletrabalho – uma forma nova de trabalhar

Actualmente verifica-se que existe uma transformação na forma como


se trabalha e no local onde se trabalha. O enorme progresso da
informação que permite o acesso à

informação em qualquer local leva-nos a uma reestruturação das


tarefas, ou seja, à forma como se realizam e ao local onde se realizam.

O teletrabalho consiste numa nova forma de trabalhar que


compreende o trabalho realizado à distância, quer a partir de casa, quer
a partir de um escritório descentralizado. A ideia essencial é levar o
trabalho ao trabalhador e não o trabalhador ao local de trabalho. Assim,
utilizando as novas tecnologias da informação e da comunicação é
possível trabalhar a partir de casa, longe da empresa para a qual se trabalha, para tal basta ter acesso ao
computador e a uma linha telefónica ou a um telemóvel, seja em casa ou num escritório descentralizado. Esta
situação faz com que o trabalhador não tenha de perder tempo em deslocações até ao seu local de trabalho, por
vezes percorrendo enormes distâncias e ficando retido no trânsito.

No entanto, não se trata do simples trabalho no domicílio, como o fabrico de calçado ou de têxteis, uma vez que
requer uma ligação constante do trabalhador à empresa, seja através das telecomunicações seja porque este deverá
deslocar-se à empresa para que o seu trabalho possa ser coordenado.

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As vantagens do teletrabalho:

 Para as empresas: menores despesas em instalações; menores custos em reestruturações empresariais;


aumento da produtividade devido à eliminação dos períodos de interrupção; eliminação das horas de
trabalho perdidas, devido a greves, a atrasos nos transportes, entre outros;

 Para os trabalhadores: aumenta a possibilidade de trabalho de pessoas com deficiência; aumenta a


autonomia e flexibilidade de horários; aumenta o tempo disponível para a família; reduz os gastos em
transportes; elimina o tempo de espera em transportes;

 Para a sociedade em geral: preservação do ambiente, pois reduz a utilização dos transportes; diminui os
gastos com o crescimento e manutenção da rede viária; reduz o problema do congestionamento do
trânsito; diminui os gastos com combustíveis; permite reduzir assimetrias regionais.

As novas tecnologias e o emprego

Como vimos, a introdução e o desenvolvimento das novas tecnologias, principalmente nas últimas décadas, tem
conduzido a transformações na forma como os bens e os serviços são realizados, bem como no emprego.

A criação de emprego tem vindo a diminuir, embora se verifique um crescimento económico na esfera das
economias desenvolvidas.

As novas tecnologias têm conduzido a várias transformações no emprego:

 desaparecimento de antigas profissões – ligadas sobretudo a tarefas manuais, rotineiras e pouco


qualificadas. Alguns exemplos: as tarefas de dactilografia são actualmente realizadas pelo próprio autor
através do processamento de texto, a tarefa de telefonista é substituída por máquinas de atendimento e
encaminhamento de chamadas, as tarefas de atendimento bancário são substituídas pelas máquinas
ATM;

 aparecimento de novas profissões – alguns exemplos são os arquitectos de páginas web, os designers
gráficos, os analistas de sistemas, os gestores de lojas virtuais;

 novas formas de trabalho – o teletrabalho;

 deslocalização do emprego – conhecido como off-shore work, consiste na deslocalização do trabalho


para locais/ países onde a mão de obra abunda e o seu custo é menor. As tarefas são realizadas através
de computador ligado à rede mundial de telecomunicações, por trabalhadores, das mais variadas partes
do mundo, que enviam as tarefas realizadas para a sede da empresa, podendo esta estar localizada a
uma distância de milhares de quilómetros.

15
Classificação dos sectores de actividades económicas e profissões

A satisfação das necessidades humanas exige que se produzam bens quer materiais, nomeadamente cereais, carne,
peixe, leite, livros, automóveis, etc.; quer serviços como a assistência médica, ensino, transportes, teatro, cinema,
turismo, etc. Uma vez que diariamente ingerimos alimentos, usamos vestuário, ouvimos música, andamos de
transportes, consumimos electricidade, etc. Isto significa que a satisfação das nossas necessidades requer a
utilização e o consumo de uma enorme quantidade de bens e serviços diferentes que se obtêm através da
actividade produtiva

Para produzir estes bens e serviços o homem teve que se especializar em inúmeras actividades que, no seu
conjunto, constituem as actividades económicas. No entanto, nem tudo o que se produz pode ser considerado na
actividade económica. Para que a produção seja considerada actividade económica, deve verificar-se pelo menos
uma das condições que se seguem:

1. o bem produzido deve destinar-se ao mercado, isto é, deve ser transaccionado;


2. o trabalho correspondente a essa produção deve ser remunerado.
Por exemplo, a produção de bens alimentares para consumo próprio não significa produção no sentido «técnico»
do conceito, como também não pode ser considerado o trabalho doméstico realizado pelas donas de casa, por não
ser remunerado.

Dentro da diversidade de tarefas realizadas pelo ser humano no acto de produzir podemos encontrar, entre elas,
algumas características comuns que permitem que se sectorize a economia. Por uma questão de comodidade de
estudo é realmente habitual e útil que se agrupe as diferentes actividades em sectores de actividade, em função de
determinadas características.

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Sector Primário – engloba as actividades ligadas à exploração da natureza, ou seja, compreende a extracção de
produtos do mar, do solo e do subsolo. Dentro deste sector encontramos actividades como a pesca, a agricultura, a
pecuária, a silvicultura e a indústria extractiva.

Associadas a este sector de actividade encontram-se profissões como o pescador, o agricultor, o mineiro, o
produtor agro-florestal, o criador de gado, entre outras.

Sector Secundário – inclui as indústrias transformadoras dos produtos extraídos da natureza, ou seja, as
actividades que transformam as matérias-primas facultadas pelo sector primário em utilizáveis. Engloba, ainda, a
construção e a produção e distribuição de gás, água e electricidade. Tendo em consideração a relação entre o
investimento necessário para a sua montagem e o número de postos de trabalho criados, é habitual distinguir-se:

 indústrias ligeiras: indústrias alimentares, de vestuário, de calçado, de electrodomésticos, etc. nas quais
predomina habitualmente o factor trabalho, sendo designadas como «trabalho-intensivas»;

 indústrias pesadas: indústrias metalúrgicas, de cimento, de construção naval, de produção de energia,


de metalomecânica, etc. nas quais predomina o factor capital e que são designadas, por isso, de
indústrias «capital-intensivas».

Tendo em consideração a natureza da tecnologia usada, também se fala, actualmente, em:

 indústrias tradicionais: alimentar, têxtil, calçado, metalúrgica, metalomecânica, etc. utilizadoras de


«tecnologia arcaica», isto é, a tecnologia da Revolução Industrial;

 indústrias modernas: utilizam «tecnologia de ponta», realizadas nas actividades relacionadas com as
tecnologias avançadas da comunicação e informação.

No âmbito deste sector enquadram-se inúmeras profissões, algumas dentro do ramo das engenharias (alimentar,
civil, electrotécnica, metalomecânica, etc.), operários que executam tarefas específicas na indústria para a qual
trabalham, isto é, o trabalhador da construção civil; o trabalhador da transformação de metais e compósitos; o
montador de aparelhos e instrumentos de precisão e musicais; o vidreiro, o ceramista e afins; o trabalhador das
indústrias de madeira e do mobiliário; o condutor e o operador de robôs, de veículos de equipamentos de
movimentação de carga e afins; o trabalhador das indústrias química, petroquímica, borracha, plástico e afins; o
trabalhador de instalações e máquinas de fabricação de celulose e papel; o trabalhador da fabricação de alimentos,
bebidas; o operador de instalações de produção e distribuição de energia, etc.

Sector Terciário – corresponde aos serviços, como os bancos, o comércio, os seguros, os transportes, a
comunicação social, a educação, a defesa, a justiça, o turismo, etc. Este sector abrange todas as actividades que
não cabem nos outros dois.

Como foi referido anteriormente, este é o sector que emprega um maior número de pessoas e associado a ele
temos um vasto leque de profissões, por exemplo médicos, professores, advogados, profissionais do turismo,
profissionais dos transportes, ou seja, todos os prestadores de serviços.

No âmbito deste sector e em paralelo com introdução das novas tecnologias surgem constantemente novas funções
associadas a novas profissões, por exemplo a gestão da informação e do conhecimento (serviços informáticos,
I&D, formação, etc.)

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Evolução dos perfis profissionais na área profissional do curso

Perfil profissional

O perfil profissional surge como o instrumento de identificação e conhecimento das competências pessoais,
relacionais, técnicas de uma determinada pessoa no desempenho da sua actividade profissional. Tem uma dupla
utilidade de reconhecimento de saberes para o técnico e para o empregador. Pois verifica-se que, nos nossos dias,
a formação de base é cada vez menos duradoura; a velocidade com que surgem novas tecnologias e novos perfis
de formação conduz ao aparecimento de uma nova perspectiva que assenta em palavras como: formar para o
futuro, aprender a aprender, a desaprender e a voltar a aprender, colocando-se agora a tónica nas competências,
nas capacidades e nas atitudes e não tanto na mera habilidade para a execução de tarefas. Fala-se hoje de sentido
de cidadania e responsabilidade, de valores, de capacidade de reflexão e de diálogo, de sentido crítico. Associa-se,
desta forma, uma dimensão ética e filosófica – e não apenas técnica – ao desempenho do trabalho. Num mundo
problemático e em constante transformação, o importante é saber equacionar os problemas, avaliá-los,
compreendê-los e saber viver com eles, ser capaz de negociar e imaginar as eventuais soluções.

 Sugestão de actividade: realize o Balanço de Competências, no sentido de aferir o seu perfil


profissional, isto é, realize uma síntese dos seus conhecimentos de base, conhecimentos técnicos e
aptidões pessoais. Nessa síntese, tenha sobretudo em consideração os aspectos que considera que o/a
caracterizam como potencial trabalhador/a. Para a elaboração do seu perfil profissional tenha também
em atenção a sua formação escolar e profissional, bem como eventuais experiências profissionais.

Perfil Profissional

Formação

Escolar e Profissional

Experiência Profissional

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Conhecimentos de base e
conhecimentos técnicos

Aptidões Pessoais

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A importância dos percursos formais, não formais e informais de aprendizagem ao longo da vida

Actualmente o mercado de trabalho dita novas exigências aos trabalhadores, como é o caso da reconversão e
reciclagem de conhecimentos constante, por conseguinte a formação ao longo da vida tornou-se um imperativo
permanente. Se são relevantes as competências profissionais de base com as quais o trabalhador se apresenta ao
mercado de trabalho, são igualmente importantes as competências que vai adquirindo ao longo da vida, quer em
contextos não formais quer em contextos informais de aprendizagem.

Entende-se por Educação/Formação Formal aquela que ocorre em estabelecimentos de ensino não superior e
superior, ou em instituições credenciadas para ministrar formação, com vista à obtenção de uma certificação
escolar. Deste modo, obedece a regras e currículos claramente definidos, é altamente estruturada, organizada
cronologicamente, com o objectivo de adquirir uma certificação e atribuição de um grau académico. A
educação/formação formal tem lugar em escolas, colégios, universidades.

A Educação/Formação não formal diz respeito a um leque de conhecimentos e de competências que um


individuo adquire em contextos diversos da vida, fora do contexto escolar, sendo vista como complementar e não
enquanto alternativa, devendo ser articulada com a educação/formação formal e com a educação/formação
informal.

Dentro desta noção cabem ainda algumas práticas como os workshops temáticos, seminários de formação e visitas
de campo, podem ainda ocorrer numa grande variedade de espaços: das associações às empresas e às instituições
públicas, do sector juvenil ao

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meio profissional, ao voluntariado e às actividades recreativas. Baseia-se numa aprendizagem social e na
motivação intrínseca do formando, bem como no desenvolvimento de métodos de aprendizagem participativos,
qua assentam na experiência, na autonomia e na responsabilidade de cada formando. Valorizando o
desenvolvimento e a experiência pessoal do formando no seu todo. Neste sentido procura oferecer o
enquadramento adequado para responder às aspirações e necessidades específicas do formando bem como para
desenvolver as suas competências pessoais, potenciando a sua criatividade.

Este tipo de formação tem modelos profundamente diferenciados, no que concerne ao tempo e ao local, bem como
ao número e tipo de formandos, às equipas de formação, dimensões de aprendizagem e aplicação dos seus
resultados. Contudo isto não quer dizer que não seja um processo de aprendizagem estruturado com base na
identificação de objectivos pedagógicos, com formas de avaliação e actividades preparadas e implementadas por
profissionais altamente qualificados. Os resultados da aprendizagem individual são inerentes ao processo de
desenvolvimento e integrados no programa de actividades, assumindo várias formas e sendo participada por todos:
formadores e formandos, no sentido de verificar o progresso ou reconhecer necessidades adicionais.

A Formação informal diz respeito à aprendizagem que ocorre em situações não estruturadas e nem sempre é
intencional, é espontânea e resulta de actividades e práticas do quotidiano. Pode afirmar-se que consiste num
processo, pelo qual, durante toda a vida, as pessoas adquirem e acumulam conhecimentos, habilidades, atitudes e
comportamentos resultantes das suas experiências do dia-a-dia e da sua relação com o meio ambiente.

É, pois, cada vez mais importante apostar na formação e na aquisição de competências de forma sólida ao longo
da vida, na qual o trabalhador deve ser responsável por construir o seu percurso profissional, assumindo sempre
uma postura pró-activa em relação ao mercado de trabalho. O objectivo é que se desenvolva uma atitude
empreendedora, que possa gerar novas oportunidades quer ao nível da procura de emprego quer ao nível da
criação do seu próprio posto de trabalho, através da exploração criativa de novas actividades com utilidade social
e económica.

Como vimos anteriormente, as transformações que as novas tecnologias têm vindo a inserir quer no conteúdo quer
na natureza do trabalho, requerem que o trabalhador possua uma capacidade de adaptação constante e de reflexão
contínua sobre os seus próprios objectivos, qualificações e competências profissionais.

Nos nossos dias, já não existe a perspectiva de um trabalho ou de uma carreira para a vida, ou seja, a ideia simples
de concluir uma formação académica de base, seja ela mais ou menos especializada, entrar no mercado de trabalho
e desempenhar a função para a qual se adquiriu formação até chegar à idade da reforma, já não se aplica à
realidade

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actual. Pois a constante mudança e o modo rápido como se processa tanto ao nível económico como ao nível
social não permite tais perspectivas, havendo a necessidade de actualizar conhecimentos, adquirir novas
qualificações e competências, isto é, aprender ao longo da vida.

Estas exigências têm simultaneamente requerido que as funções da escola se alterem, bem como o seu modelo,
pois cada vez mais existem novas ofertas educativas, como é o exemplo da formação profissional, e dirigidas a
novos públicos, como a educação de adultos. Há um número cada vez maior de trabalhadores que ingressam
novamente na escola com o objectivo de adquirem novas qualificações e novas competências.

Actualmente há uma oferta bastante diversificada ao nível da educação, formação e certificação de competências,
de modo a responder às reais necessidades das pessoas.

Têm sido desenvolvidos e apresentados vários programas comunitários no âmbito da aprendizagem ao longo da
vida. Pois a União Europeia tem criado e implementado políticas de incentivo e de promoção à educação e
formação, em todas as modalidades, de modo a que possa haver resposta aos requisitos da economia e da
sociedade do conhecimento, exigido pelo modelo do crescimento actual.

Pelo facto do aumento da importância que o

conhecimento assume na sociedade e na economia, este

representa o principal motor de desenvolvimento das próximas

décadas. Paralelamente aos recursos clássicos trabalho e

capital, actualmente os economistas adicionam a

informação e o conhecimento. Daí que alguns autores falem

em «revolução da inteligência». Deste modo o capital humano é

fonte de riqueza, substitui-se o trabalho manual pelo trabalho

intelectual. E a riqueza de um país está dependente do potencial de conhecimentos que tem e do capital humano
disponível. Na verdade as tecnologias de informação são sinal de progresso e de visibilidade económica de um
país, mas da mesma forma é importante a aposta na educação e na formação.

Com as mudanças em curso trazidas pela introdução e evolução rápida das tecnologias da informação e da
comunicação exige uma necessidade de adaptação constante, sendo a educação e a formação a melhor forma de
nos prepararmos, de nos adaptarmos e de adquirimos novas competências ao longo da vida.

Existem diversas modalidades de formação destinadas a diferentes públicos:

 Formação inicial de jovens – aprendizagem; cursos profissionais, cursos de educação e formação de


jovens, cursos de especialização tecnológica, qualificação inicial, visando facilitar os processos de
transição para a vida activa, por via do desenvolvimento de competências necessárias ao tecido
económico e dos jovens.

 Formação de desempregados (em particular adultos) – cursos de educação e formação de adultos e


formações modulares certificadas no âmbito do Catálogo Nacional das Qualificações, visando
promover as condições de empregabilidade dessa população, por via do desenvolvimento do tecido
económico e dos adultos.

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 Sistema Nacional de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (maiores de 18 anos
de idade) – tem em vista a melhoria dos níveis de certificação escolar para quem não possui o nível
básico ou secundário de escolaridade, numa perspectiva de aprendizagem ao longo da vida. Este
sistema dá a possibilidade de reconhecer, validar e certificar ao conhecimentos e as competências
resultantes da experiência adquirida em diferentes contextos ao longo da vida. A certificação obtida
através do sistema permite não só a valorização pessoal, social e profissional, mas também o
prosseguimento de estudos/formação.

 Acções de Formação de Curta Duração (maiores de 18 anos de idade) – oferta formativa de curta
duração, que visa a aquisição ou o aprofundamento de conhecimentos em determinadas áreas
consideradas fundamentais para o desenvolvimento nacional e local. Destinado a quem pretende
desenvolver ou aperfeiçoar competências em áreas específicas, independentemente das habilitações
escolares ou profissionais.

No âmbito do actual quadro comunitário de apoio, o Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida, visa
contribuir para o desenvolvimento da Comunidade Europeia enquanto sociedade do conhecimento, caracterizada
por um crescimento económico sustentável, com mais e melhores empregos, assim como uma maior coesão
social, actuando em paralelo para uma adequada protecção do ambiente, considerando as gerações futuras.

O Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida tem como objectivos específicos:

 Promover o desenvolvimento de uma aprendizagem de qualidade ao longo da vida e contribuir para


elevados níveis de desempenho;

 Contribuir para a criação de um espaço europeu de aprendizagem ao longo da vida;

 Apoiar a melhoria da qualidade das possibilidades de aprendizagem ao longo da vida existentes nos
Estados-membros;

 Reforçar o contributo da aprendizagem ao longo da vida para a coesão social, a cidadania activa, o
diálogo intercultural, a igualdade de género e a realização pessoal;

 Promover a criatividade, a competitividade e a empregabilidade, ainda o desenvolvimento do


empreendedorismo;

 Contribuir para aumentar a participação na aprendizagem ao longo da vida de pessoas de todas as


idades, inclusive de pessoas com necessidades especiais e grupos desfavorecidos;

 Promover a aprendizagem de línguas e a diversidade linguística.


Com o propósito de atingir os objectivos e metas propostos este programa promove o intercâmbio, a mobilidade, a
cooperação e a formação dos Estados-membros. Dentro deste programa encontram-se subprogramas:

1. Comenius – destina-se a todos os níveis de ensino (do pré-escolar ao secundário);


2. Erasmus – destinado a estudantes do ensino superior;
3. Grundtvig – destina-se unicamente a instituições que trabalham na área da formação de adultos;
4. Leonardo da Vinci – destinado aos intervenientes no ensino e formação profissionais de nível não
superior. Neste âmbito incluem-se a realização de estágios profissionais transnacionais em empresas ou
entidades de formação.

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B ibliografia
Centeno, Mário, O trabalho, uma visão de mercado, Lisboa: FFMS, 2013

A. Amiguinho & R. Canário (org.), Escolas e Mudança: O Papel dos Centros de Formação, Lisboa:
Educa.

Cadima, A., Gregório, C. & Nisa, S. (1995). Um Processo de Formação em Contexto. In


Inovação, 8, 295-298.

W ebgrafia
www.iefp.pt
https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/130702/2/432841.pdf
https://www.nacionalidadeportuguesa.com.br/mercado-de-trabalho-em-portugal/
MANUAL DE FORMAÇÃO | © 2021 IFP - CESPU

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