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MANUAL DE FORMAÇÃO

CURSO TÉCNICO/A DE APOIO À GESTÃO

Viver em Português / 6654 – Ler a imprensa escrita


MANUAL DE FORMAÇÃO | © 2021 IFP - CESPU

(Luciana Pinto)
© 2022

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Índice

Objetivos do Manual ...................................................................................................... 3


Introdução .......................................................................................................................3
Capítulo 1 ........................................................................................................................4
Jornal escrito e jornal televisionado
Capítulo 2 ........................................................................................................................7
Tipos de jornais
Generalistas: nacionais e regionais
Especializados_ desportivos, arte, científicos, entre outros

Capítulo 3 .................................................................................................................................... 13

Géneros jornalísticos e respetiva estrutura

Capítulo 4 .................................................................................................................................... 15

Análise da estrutura das primeiras páginas de jornais

Capítulo 5 .................................................................................................................................... 17

Análise do conteúdo das diferentes secções e tipos de texto de um jornal

Bibliografia ................................................................................................................................. 24
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Webgrafia

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O bjetivos do Manual
Pretende-se com este manual que os formandos identifiquem e caracterizem diferentes tipos
de textos jornalísticos; distingam jornais da imprensa escrita e desenvolvam o espírito crítico
e a capacidade comunicativa.

I ntrodução
Este manual pretende ser uma resposta aos resultados propostos no referencial do curso de
aprendizagem de Técnico (a) de Apoio à Gestão, em que o formando deve identificar e caracterizar
diferentes tipos de textos jornalísticos, distinguir jornais da imprensa escrita e desenvolver o
espírito crítico e a capacidade comunicativa.

No final deste módulo deverá ser capaz de distinguir Jornal escrito de jornal televisionado;
identificar diferentes tipos de jornais (Generalistas: nacionais e regionais; Especializados:
desportivos, arte, científicos, entre outros). Distinguir os diferentes géneros jornalísticos e
respetiva estrutura e ser capaz de analisar a estrutura das primeiras páginas de jornais e o
conteúdo das diferentes secções e tipos de texto de um jornal.
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Capítulo 1: Jornal escrito e jornal televisionado

Para que serve um jornal?


AS FUNÇÕES DE UM JORNAL

Um jornal serve essencialmente para informar os seus leitores. Apesar


de poder proporcionar também momentos mais lúdicos, a sua função
principal deve ser a divulgação, de modo rigoroso, de factos da atualidade que sejam do interesse
das pessoas.

Para além dos factos, um jornal pode e deve trazer análises e opiniões sobre os acontecimentos, já
que estes géneros jornalísticos dão aos leitores diferentes perspetivas da atualidade que contribuem
para alargar a sua perceção do mundo. Quer os factos noticiados, quer as opiniões veiculadas
contribuem para lançar o debate público, incentivar a troca de ideias e, assim promover uma
cidadania participada e mais responsável — uma das missões centrais de um jornal.

VIGIAR, ANALISAR, TRAZER A PÚBLICO, INFORMAR, FORMAR,


ENTRETER
Uma das funções do jornalismo é vigiar os diferentes agentes de poder de uma sociedade,
analisando os seus atos, explicando o seu contexto e as suas consequências. A sua função é também
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trazer a público assuntos de interesse que podiam passar despercebidos ou assuntos mal
esclarecidos que merecem ser clarificados. Mas não só. O jornalismo deve informar sobre todos os
acontecimentos e problemáticas que dizem respeito aos cidadãos e isto inclui acontecimentos
culturais e desportivos, notícias de economia, acidentes, etc. Outra das funções essenciais de um
jornal é a de contribuir para a formação cívica dos leitores (sensibilizando-os para as questões
ambientais, por exemplo) e também para o seu entretenimento.

A SEPARAÇÃO ENTRE FACTOS E OPINIÕES


Factos e opiniões devem ter lugar num jornal, no entanto é essencial a sua separação: um leitor
deve saber quando está a ler notícias (e logo está a ter conhecimento de factos objetivos) e quando
está a ter acesso a artigos de análise ou opinião. Só com esta separação rigorosa é possível uma

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informação credível e isenta que contribua para o real esclarecimento dos leitores.
Para que não serve um jornal?

―Sendo o jornal uma empresa que produz e divulga notícias, não pode servir interesses criados,
nem outros interesses além do seu interesse de informar. O jornal não serve para dar cumprimentos,
tecer loas, promover partidos, personalidades ou ideais, ganhar eleições, forjar mitos, arregimentar
hostes ou empreender guerras santas. Nem o inverso. O jornal não serve para desacreditar pessoas
ou instituições, pagar favores, perseguir inimigos, encetar campanhas, comprometer-se com ações
de propaganda ou servir de trampolim para se atingirem fins velados de natureza pessoal.‖
Anabela Gradim, Manual de Jornalismo, Livro de Estilo do Urbi et Orbi (jornal digital do Curso
de Ciências da Comunicação da Universidade da Beira Interior), www.bocc.ubi.pt

CONCEITOS-CHAVE

Jornalismo
É a atividade profissional que lida com factos e notícias. Jornalismo
define-se também como a prática de recolher, redigir, editar e publicar informações sobre
acontecimentos da atualidade.
Imprensa
Designa o conjunto de meios de comunicação onde é exercido o jornalismo e outras formas de
comunicação informativa.
A palavra ―imprensa‖ tem origem no processo de impressão criado por Gutenberg no século XV
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e que foi usado para imprimir jornais a partir do século XVII. A


partir de meados do século XX, para além de impressos em papel, os jornais passaram a ter lugar
noutros media (rádio, televisão, Internet), mantendo-se, contudo o termo ―imprensa‖ para os
designar.
Liberdade de imprensa
Liberdade de imprensa é um dos princípios através dos quais os estados democráticos asseguram
a liberdade de expressão aos seus cidadãos e associações. Diz sobretudo
respeito às publicações escritas que são postas em circulação mas, segundo alguns autores, o
termo ―imprensa‖ pode alargar-se a outros media. A liberdade de imprensa, o direito
a informar e a ser informado estão consagrados nas Constituições de diversos países e fazem parte

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da Declaração Universal dos Direitos do Homem e da Carta fundadora da UNESCO.

Diferenças:
Jornal escrito/ impresso: Atinge um grande público, mas com exceções. Uma pessoa com poucas
instruções, um deficiente visual não tem acesso a leitura, de certa forma. O leitor obedece a uma
ordem de leitura. (cadernos) Presença de imagens, legendas que acompanham gráficos e desenhos.

Jornal televisionado: Atinge um público maior (abrangência maior). Os profissionais que expõem,
narram as notícias são os âncoras. Os expectadores não precisam obedecer a uma ordem de leitura
das informações.

IMPRESSO - Apresentação linear da informação oferecida numa determinada ordem que o


utilizador não pode controlar, exceto se mudar para outra notícia ou virar a página Os jornais
impressos são perecíveis.

ON-LINE - Interatividade Os artigos e reportagens podem ser complementados com informações


adicionais, que não teriam espaço nas edições em papel. As notícias podem ser atualizadas várias
vezes durante o dia e os leitores podem ter acesso em qualquer lugar do mundo. O jornalismo
produzido na web apresenta também a vantagem de implementar serviços especiais, como os links,
a consulta de arquivos das edições passadas, classificados on-line, programas de busca, fóruns de
discussão abertos ao público, etc. Especificidades dos diferentes meios de comunicação:
Os cidadãos dividem-se entre os que apostam na perenidade do jornal em versão de papel e os que
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preveem o seu total desaparecimento. No mundo inteiro especula-se sobre o fim da imprensa
escrita diária, seja em seminários universitários, em artigos de jornais (ainda em papel) ou em
encontros de profissionais da imprensa. Não são poucos os que predizem para breve o fim da
imprensa no suporte tradicional, mas também há quem defenda que o jornalismo impresso não irá
acabar.

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Capítulo 2: Tipos de jornais Generalistas: nacionais e regionais

- Especializados, desportivos, arte, científicos, entre outros.


- Os 16 tipos de jornais e suas caraterísticas
Os tipos de jornais que existem são classificados de acordo com formatos, tamanhos, assunto e
periodicidade.

Um jornal é uma publicação que tem uma certa frequência e que contém informações relevantes
para um determinado grupo de pessoas. Esta característica torna-o num meio de comunicação de
grande importância.
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Os diferentes tipos de jornais

De acordo com o formato de publicação

• Impresso: é o jornal tradicional. Nasceu após a invenção da imprensa e foi desenvolvido


junto com a evolução da tecnologia associada ao papel, fotografia, design gráfico e comércio.

Este tipo de jornal também é dividido de acordo com as dimensões do papel usado para sua
preparação:
a) Tablóide: O tablóide é um jornal que
normalmente mede 28 x 35 centímetros, ou seja,
num formato pequeno. Normalmente, privilegia
fotografias e ilustrações antes do texto. Este recurso
à imagem e o seu tamanho tornam-no mais prático
para leitura. Também é geralmente mais barato.
b) padrão: ou folha, é o maior formato. Mede
aproximadamente 38 x 58 cm. É comum nos jornais
mais tradicionais.

F OLHA DE FORMATO VERSUS FORMATO TABLÓIDE

• Digital: são projetados para serem mostrados em formato digital em dispositivos


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eletrónicos para uso pessoal. Geralmente são gratuitos, embora existam também os que são pagos.

S ITE DA SEÇÃO DIGITAL DO T HE N EW Y ORK T IMES

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No início, eram uma simples transcrição da versão impressa do jornal, mas o desenvolvimento da
Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), impeliu a desenvolver novos formatos de
conteúdo que atualmente incluem áudio, vídeo, computação gráfica e outros recursos que envolvem
interatividade e feedback de seus leitores.

• Mural: elaborado com colagem e recortes de revistas informativas e especializadas, é um


tipo de jornal orientado para a população em idade escolar. Normalmente traz para dentro da escola
um projeto específico para aprender sobre um determinado tópico.

De acordo com sua periodicidade:

• Diariamente: neste tipo de jornais são as notícias mais recentes e importantes que são
transmitidas, como o próprio nome indica, todos os dias. O conteúdo de notícias abrange quase
todo o espaço dessas publicações.

• Semanalmente: distribuído uma vez por semana, normalmente aos sábados ou domingos, e
geralmente contém as notícias expandidas e complementadas com detalhes adicionais. Tendem a
dar mais espaço para trabalhos de jornalismo investigativo, bem como artigos de
opinião de personalidades conhecidas.

• Quinzenalmente, mensalmente ou semestralmente: com esta


periodicidade, as publicações institucionais ou empresariais são distribuídas. O
tipo de conteúdo incluído nos jornais normalmente confinado ao interesse de um
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público muito menor e geralmente refere-se às realizações e projetos da


organização em causa.

De acordo com o tempo de distribuição

• Manhã / Matutinos: geralmente de circulação diária, são distribuídos antes do amanhecer


para que os seus leitores os possam "consumir" nas primeiras horas da manhã.

• Noite/ Vespertinos: distribuído nas horas da tarde e pode conter informações que
aconteceram nas primeiras horas da manhã. Em muitas ocasiões, complementam as informações
publicadas no jornal da manhã.

De acordo com seu conteúdo:

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• Jornais de informação geral: incluem nas suas páginas informações sobre diferentes temas
ordenados por seções e distribuídos na ordem de prioridade imposta pela linha editorial dos
proprietários do jornal.

• Jornais especializados: estão circunscritos a um conteúdo muito específico que interessa a


um grupo muito particular de pessoas, por exemplo, jornais desportivos ou de assuntos
económicos.

I MPRENSA I TALIANA ESPECIALIZAD A EM DESPORTO

De acordo com a abrangência da informação que contém:


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• Local: oferecem as informações mais recentes e relevantes que interessam aos


habitantes de uma localidade específica. Os seus pontos de formato, design e distribuição estão
adaptados às necessidades e costumes dos habitantes desse espaço geográfico. Normalmente,
dedicam um espaço importante para refletir as queixas sociais e as suas respostas pelas autoridades
competentes.

• Comunidade: o seu raio de ação é menor. Promove o conceito de jornalismo


popular, uma vez que geralmente inclui textos e informações escritas por pessoas que não são
necessariamente jornalistas.

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• Nacionais: inclui tópicos de interesse para todo o país e são distribuídos na maior
extensão possível desse território. São maiores porque geralmente incluem seções que refletem os
interesses dos diferentes setores da vida da nação.

• Internacionais: embora os jornais nacionais geralmente incluam uma seção referente


a questões que ocorrem noutras latitudes, há também jornais que estão num país específico. Os seus
pontos de distribuição são muito específicos porque geralmente são voltados para comunidades de
imigrantes.
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I MPRENSA LOCAL DE P ARIS 1


De acordo com o seu custo

• Grátis: A sua distribuição é gratuita e geralmente está ligada a um jornal maior que apoia
sua produção. Inclui informação sumária daquele jornal maior e normalmente surgem em lugares
públicos e da grande afluência como meios de transporte e estabelecimentos comerciais.

• Pagos: os mais comuns de encontrar;

• Por assinatura: É outra forma de pagamento em que o leitor se inscreve numa lista de
distribuição e paga uma taxa para receber a publicação sempre que ela sai diretamente em casa, no
trabalho ou por e-mail.

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Características sobre publicações de jornais

Estas são algumas maneiras de distinguir diferentes tipos de jornais, mas também vale a pena
mencionar que existem características comuns neste tipo de publicação:

• Geralmente são identificados com um nome que é alusivo ao seu local de origem, o assunto
que serve ou a linha editorial que pretende seguir.

• As suas seções podem estar todas no mesmo corpo ou separadas.

• É um meio de informação como a rádio, a televisão ou a Internet.

• Geralmente tem um preço acessível.

• Tem grande alcance.

• Pode ser arquivado.

• Geralmente reflete a realidade do lugar onde é produzido.

Nas organizações de jornalistas nacionais e


internacionais, os reconhecimentos são geralmente
gerados para os diferentes jornais de acordo com
diferentes critérios: circulação, vendas, prêmios de seus
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jornalistas, trabalhos de pesquisa, inovação e tecnologia


envolvidos na sua produção, etc.

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Capítulo 3: Géneros jornalísticos e respetiva estrutura

O QUE SÃO GÉNEROS JORNALÍSTICOS?

Géneros jornalísticos são os ―modelos de apropriação e de interpretação da realidade usados pelos


jornalistas‖. Correspondem aos diferentes tipos de textos e abordagens que vemos nos media
(notícias, crónicas, reportagens, entrevistas, etc.).

Consideram-se géneros jornalísticos as notícias, entrevistas, reportagens, crónicas, editoriais e


artigos (de opinião ou análise). No entanto, o género jornalístico não tem fronteiras rígidas.

Alguns autores consideram também como géneros jornalísticos as foto reportagens, as legendas ou
até os fait divers, no sentido em que correspondem a tipos de abordagem distintos das anteriores.

CONCEITOS-CHAVE
Notícia

É o mais comum dos géneros jornalísticos. Diz respeito a um texto informativo, relativamente
curto, escrito numa linguagem clara, direta e concisa. As notícias devem ser atuais, verídicas e
despertar o interesse das pessoas. Normalmente, a sua redação segue uma estrutura fixa (antetítulo,
título, super lead, lead e texto).
Entrevista

A entrevista só é considerada um género jornalístico autónomo quando é apresentada isoladamente


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ou quando é parte essencial de uma peça jornalística. Ou seja, não se consideram entrevistas as
perguntas feitas pelos jornalistas para recolher informação para notícias e reportagens. As
entrevistas justificam-se apenas quando o tema abordado ou o perfil do entrevistado são do
interesse dos leitores. Enquanto género jornalístico, a entrevista é redigida em formato de
pergunta/resposta.
Reportagem
É considerada quase unanimemente o género nobre do jornalismo. Tal como nas notícias, o
seu principal objetivo é informar, mas neste caso de forma mais exaustiva e profunda,
utilizando um estilo narrativo, mais descritivo e humanizado. Uma reportagem procura
contar uma história e levar os leitores a ―viver os acontecimentos‖. Para conseguir aproximar os

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leitores da realidade tratada, a reportagem usa com frequência elementos de outros géneros
jornalísticos (entrevista, crónica, opinião etc).
Crónica
Os cronistas são pessoas que escrevem com regularidade para um jornal. As
crónicas contam histórias (verídicas ou não) sobre a realidade e podem versar sobre as mais
diversas temáticas (crónicas policiais, sociais, desportivas, locais, de um enviado especial etc).
Em geral, as crónicas não obedecem a muitas regras: devem ser textos leves, criativos, de
leitura fácil e que despertem o interesse do leitor.
Editorial
Os editoriais dão a conhecer aos leitores o posicionamento do jornal sobre um determinado
assunto da atualidade e são quase sempre escritos por um elemento que faz parte da direção
do jornal (ou por alguém da sua confiança). Um editorial
deve ser redigido com todo o cuidado pois traduz a posição coletiva do jornal.
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C apítulo 4: Análise da estrutura das primeiras páginas de jornais
A Manchete

MANCHETE / NOTÍCIA MAIS IMPORTANTE

A notícia mais importante numa publicação é aquela que, quer pela sua atualidade, quer pela
proximidade do público em geral, merece destaque de 1ª página. Pode intervir no sucesso dessa
edição, ou seja, a manchete poderá refletir no número de jornais vendidos. O público deverá
identificar-se com essa notícia e procurar saber mais sobre esse acontecimento.

Uma manchete emblemática, além de primar pela sua exclusividade num jornal, é aquela que
marca a edição daquele jornal, pela sua relevância e atração exercida sobre o leitor e até outros
órgãos de comunicação que poderão fazer referência a essa manchete.

MANCHETES

Uma manchete revela o trabalho árduo de um repórter. O texto principal, ou a notícia mais
importante da edição de um jornal é estudada e investigada cuidadosamente. Num jornal os
acontecimentos que determinam as grandes notícias podem ser com base no imediato ou numa
investigação ou estudo seguidos pelo jornalista, sempre com atenção à atualidade e exclusividade
impacto do assunto relatado na sociedade.

CONCEITOS-CHAVE
Manchete
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Manchete é o título principal da 1ª página de um jornal, ou o assunto que ocupa essa posição de
destaque. Poderá haver mais do que uma manchete numa primeira página.
Caixa

É um texto curto, graficamente inserido numa moldura, à margem mas relacionado com a
manchete ou texto principal. Funciona como atrativo para a leitura desse texto.

Jornalismo de investigação
Género de jornalismo cujos repórteres investigam aprofundadamente um tópico de interesse,
muitas vezes envolvendo um crime, corrupção ou outro tipo de assunto de interesse social que
não é imediato. Baseia-se na busca da verdade e identificação de lapsos presentes noutro

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órgão de comunicação social. Um jornalista de investigação poderá passar grande parte do seu
tempo a pesquisar, investigar e preparar um artigo, por vezes meses.

Lead
Primeiro parágrafo da notícia que deve responder às 6 questões essenciais: o quê, quem,
quando, onde, como e porquê. O jornalismo contemporâneo produziu várias alternativas a
esta regra, chamando ao primeiro parágrafo o epicentro da notícia, a frase mais forte ou uma
descrição que mobilize o leitor a continuar a leitura. Qualquer das formas de utilizar o lead
respeita um mesmo objetivo: introduzir o leitor no tema da notícia e conquistar a sua atenção.

Intertítulo
Título que intercala a notícia ou reportagem, destacando um determinado tema do texto; em
regra o assunto do intertítulo reflete o conteúdo do primeiro parágrafo que se segue.

Antetítulo
Frase de contextualização que precede o título propriamente dito; pode referir locais e datas
ou prestar uma informação adicional de suporte ao título. Numa entrevista, por exemplo, o
título pode ser uma citação do entrevistado e o antetítulo o nome do entrevistado e a sua
profissão ou função que desempenha.

Citação
Frase que expressa a afirmação de uma determinada pessoa em entrevista ao jornal ou em
declarações públicas à imprensa. Deve surgir entre aspas, uma vez que representa o discurso
direto – trata-se de uma afirmação da responsabilidade de terceiros que o jornal publica sem
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adulterar. Exemplo: ―Hoje jogámos para ganhar‖, disse Scolari no fim do jogo. A frase está entre
aspas porque é uma citação. Podia ser usada, no discurso indireto, sem que fossem necessárias
aspas: No fim do jogo, Scolari disse que ontem a equipa jogou para ganhar.

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Capítulo 5: Análise do conteúdo das diferentes secções e tipos de texto de um
jornal

As Editorias – Como se Organiza um Jornal?

COMO SE ORGANIZA UM JORNAL

Um jornal é geralmente dividido em editorias temáticas que agrupam os assuntos mais


comuns da atualidade. Cada editoria ou secção tem um editor (a pessoa responsável por
selecionar as notícias da sua área e definir com os jornalistas o ângulo de abordagem dos
temas) e uma equipa de jornalistas.

Todas as manhãs, os editores do jornal reúnem-se para distribuir as páginas do jornal pelas
diversas editorias, de acordo com a atualidade e os acontecimentos previstos na agenda.

A IMPORTÂNCIA DA ORGANIZAÇÃO

A organização de um jornal faz parte da sua identidade e é facilmente reconhecida pelos seus
leitores habituais. A sua estrutura é fundamental para orientar a leitura e ajudar as pessoas
a encontrarem mais facilmente as diferentes secções. A maneira
como um jornal está estruturado é também um contributo importante para a sua objetividade.
Por exemplo, normalmente, os artigos de opinião surgem junto do editorial ou em páginas
separadas das restantes notícias, procurando-se assim que a opinião e os factos se distingam
claramente.
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A SEPARAÇÃO ENTRE FACTOS E OPINIÕES

Factos e opiniões devem ter lugar num jornal, no entanto é essencial a sua separação: um leitor
deve saber quando está a ler notícias (e logo está a ter conhecimento de factos objetivos) e
quando está a ter acesso a artigos de análise ou opinião. Só com esta
separação rigorosa é possível uma informação credível e isenta que contribua para o real
esclarecimento dos leitores.

AS EDITORIAS MAIS COMUNS

Os diários de maior circulação e as revistas de informação geral têm normalmente as seguintes


editorias:

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Nacional: notícias do país, de interesse nacional. Pode incluir os acontecimentos políticos do país.

Internacional: notícias relacionadas com política internacional, relações externas, diplomacia,


economia internacional, cultura estrangeira, etc.

Economia: notícias relacionadas com as atividades produtivas do país. Esta editoria pode ser
dividida em subeditorias (por exemplo, Macroeconomia, Mercado Financeiro e Empresas).

Sociedade: notícias ligadas aos Comportamentos, Saúde, Consumo, Família, Emigração. Pode
incluir as notícias do mundo da Educação e da área de Ambiente.

Cultura: acontecimentos culturais de maior relevo da sociedade (teatro, música, cinema, literatura,
artes plásticas, etc)

Desporto: notícias da atualidade desportiva, em todas as suas modalidades. Treinos e resultados,


contratações, provas, atletas, etc. A classificação dos assuntos próprios de cada editoria pode variar,
assim como o nome dado às próprias editorias. Exemplos:
-- em alguns jornais o tema ―Ambiente‖ entra na auditoria ―Sociedade‖, enquanto noutros tem
uma editoria própria;

-- a editoria que agrupa as notícias nacionais pode chama-se em alguns jornais ―País‖ e
noutros ―Nacional‖;

-- a ―Política‖ pode ter direito a uma editoria própria ou ser tratada na editoria ―Nacional‖.
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Para além destas editorias, digamos que principais, podem existir outras secções, como:

Local (ou Cidade): reúne as notícias de interesse regional ou local.

Ciência e Tecnologia: temas de interesse científico (pesquisas, descobertas) ou notícias sobre


inovações tecnológicas. Pode também tratar as notícias mais ligadas à economia dentro desta
área (empresas de sector tecnológico) e as notícias do mundo da informática (em alguns
jornais, este tema faz parte de uma secção própria).

Polícia: acontecimentos relacionados com segurança (crimes, ações de proteção civil, etc).

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Social: notícias sobre a vida em sociedade, geralmente sobre "celebridades" públicas. Nos
jornais de maior circulação é costume existirem também editores específicos de Arte e
Fotografia. O editor de Arte ou editor Gráfico é responsável pelo ―aspecto‖ do jornal. A sua
função é manter a linha gráfica do jornal (uma parte muito importante da identidade do
jornal) e encontrar soluções, dentro desta linha, para tornar a informação organizada, clara,
legível, bem hierarquizada. Em simultâneo, deve preocupar-se em tornar as páginas
atraentes aos olhos dos leitores.

CARACTERÍSTICAS DAS DIFERENTES EDITORIAS

As editorias abrangem temas bastante diversos, alguns deles mais populares, outros um pouco
menos atraentes aos olhos dos leitores, pela especificidade de conhecimentos a que obrigam ou
porque dizem respeito a assuntos que lhes são distantes.

Cada editoria tem características próprias que obrigam a modos de funcionamento particulares.

Alguns exemplos: -- A editoria que cobre as notícias locais ou regionais é muitas vezes a que é
mais sujeita às pressões dos leitores por poder ser uma via de defesa dos seus direitos como
cidadãos, consumidores ou eleitores.

-- Por cobrir acontecimentos que têm lugar fora do país e dizer respeito a pessoas e acontecimentos
que estão distantes, a editoria ―Internacional‖ pode ter algumas dificuldades em prender a atenção
dos leitores. As notícias devem ter um enfoque claro, explicando claramente o que está em causa,
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devem, também saber contextualizar os leitores, recorrendo a mapas, glossários, listagem de


perguntas/respostas, etc.

O PERFIL DOS JORNALISTAS NAS DIFERENTES EDITORIAS

Cada editoria tem jornalistas com um perfil próprio, dotados de conhecimentos específicos e
capazes de responder às exigências da sua área temática, de modo a informar os leitores da
forma mais completa e clara possível.

Alguns exemplos:

-- um jornalista que cubra os acontecimentos da editoria ―Local‖ ou ―Cidade‖ deve ser


alguém que se adapte a uma grande variedade de abordagens. Deve conhecer as instituições

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públicas e privadas, as ONG’s e associações de cidadãos locais, as suas responsabilidades,
causas e reivindicações. Deve ter boas noções sobre a legislação relacionada com ambiente,
construção, direitos do consumidor, arquitetura, património, saúde pública, etc.

-- um jornalista da editoria de ―Política‖ deve ser alguém capaz de analisar os acontecimentos


em diferentes cenários de curto, médio e longo prazo, antecipando as consequências que
poderão afetar os cidadãos. Deve ser alguém extremamente imparcial, que não confunda
notícias ou reportagens com crónicas de opinião, uma vez que a forma como relata os
acontecimentos poderá dar origem a juízos de valor, escolhas partidárias, etc., com
consequências nos destinos do país. Deve, igualmente, possuir um grande background de
informação sobre História Contemporânea, Política, Economia, etc.

A função do jornal é basicamente a comunicação. É um dos meios mais rápidos de ficarmos


informados a respeito do que acontece no mundo. Dentro do jornal há várias secções, que por
sua vez abrigam vários tipos de texto.

Alguns tipos de textos jornalísticos e as suas principais características:

Notícia: Caracteriza-se pela linguagem direta e formal. Tem caráter informativo e é


escrito de forma impessoal, frequentemente fazendo uso da terceira pessoa. Inicia-se
com o lead e s segue com o corpo da notícia. Enquanto na primeira parte estão
registadas as principais informações, no corpo do texto estão presentes os detalhes
(relevantes ou não), as causas e as consequências dos factos, como, onde e com quem
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aconteceu, e a sua possível repercussão na vida dos leitores. Pode ter ou não um
público alvo (jovens, políticos, idosos, famílias).
Editorial: é uma sessão do jornal que possui opiniões dos editores e/ou da própria
empresa que edita o jornal. São textos de opinião, e não tem a obrigação de serem
imparciais.
Reportagem: Tem por essência a descrição e caraterização de eventos. Para isso a
reportagem conta com algumas perguntas que, ao serem respondidas, formarão a
estrutura da reportagem: O quê?, Como?, Quando?, Onde?, Porquê?, Quem?.
Entrevista Estrutura de perguntas e respostas (reprodução oral ou escrita). Reproduz
uma conversa entre um representante de determinado veículo e uma pessoa de

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destaque na sociedade. O assunto gira em torno da atividade do entrevistado, seus
planos, suas ideias e opiniões. Possui texto introdutório- Biografia inicial
Nota: Texto curto composto apenas pelo lead. Normalmente trata de algum assunto de
fácil compreensão e assimilação e que seja do interesse do leitor. Algo que já tenha
sido noticiado ou que não possui detalhes relevantes para serem descritos.

Além desses, há outros cuja estrutura é mais complexa e a ocorrência vai além-jornal, como a
crônica, o artigo, etc.

O Jornalismo Digital
Em toda a história da imprensa, esta talvez seja a época que tem trazido mudanças mais
rápidas ao mundo do jornalismo.
Grande parte destas mudanças estão relacionadas, como não podia deixar de ser, com o acesso
à Internet de um número cada vez maior de pessoas. De praticamente qualquer ponto do
mundo, a qualquer hora, milhões de pessoas têm acesso a uma gigantesca quantidade de
portais, sites e blogs com informação, fotografias e vídeos de acontecimentos que podem ter
acabado de acontecer. Como ouvimos tantas vezes dizer, ―o mundo tornou- se uma aldeia
global‖.

Obviamente que todas estas mudanças trouxeram novos desafios ao mundo do jornalismo e da
imprensa. Há quem vaticine o fim dos jornais em papel e há, pelo contrário, quem assegure
que, ao longo da História, sempre que surge um novo media, há sempre pessoas a afirmar
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que os media antigos têm os dias contados… A verdade é que a


televisão não matou os jornais, como tantos diziam ser mais do que certo. Da mesma maneira
que não matou a rádio e nem sequer o cinema. A história tem provado que, depois de uma
fase de ―ajuste‖ (em que as pessoas que passam de uns meio para outros), os media
têm tendência a voltar a estabilizar. No entanto, também não se pode
ignorar que a Internet veio, de facto, para ficar e revolucionar o modo como acedemos à
informação e ao entretenimento. A maioria dos jornais tem sabido acompanhar esta mudança,
mantendo, a par das suas edições em papel, portais de informação dinâmicos, onde para além
das notícias do dia é possível consultar uma grande quantidade de informação extra como
dossiers especiais, vídeos, fóruns, inquéritos, galerias de fotografias etc.

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A tendência tem sido a de procurar explorar sinergias entre os dois suportes (papel e digital),
procurando fazer da Internet uma extensão natural do jornal em papel, onde os leitores encontram
maior interatividade e suportes que até há pouco tempo eram exclusivos das televisões e da rádio
(clips em formato vídeo e áudio, por exemplo).

Novas formas de fazer jornalismo


Dizem alguns jornalistas que nunca, em toda a história, existiu uma época tão boa para contar
histórias e levar informação às pessoas como esta que agora vivemos: a Internet trouxe uma série
de novas ferramentas que não fazsentido ignorar.
Há quem diga também que os jornalistas do futuro serão uma espécie de ―homens e mulheres dos
sete instrumentos‖ que dominarão uma série de competências. Saberão escrever, mas também
fotografar, filmar, editar… Não saberemos como será o futuro, mas o mais certo (tão certo que já
está a acontecer) é que a indústria do jornalismo já mudou e vai continuar a mudar.

Vantagens do papel

 Mais facilmente transportável e manuseável.


 Permite uma consulta mais rápida e intuitiva.
 Pode ser rapidamente folheado, emprestado, recortado ..................e do digital
 São suportes mais interativos
 Permitem uma reação imediata às notícias
 Facilitam a realização de inquéritos, debates, webcasting etc.
 Permitem criar ligações a dossiers ou artigos de fundo com mais desenvolvimentos sobre os
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temas.
 Permitem economizar na impressão e distribuição.

“Perigos” do jornalismo digital


Qualquer pessoa com um computador e uma ligação à Internet pode, hoje, fazer um jornal e
dá-lo a conhecer ao mundo. Isto significa que qualquer pessoa pode plagiar conteúdos,
produzir notícias falsas, corromper a informação original, não seguindo as regras básicas do
jornalismo, como verificar dados ou cruzar diferentes fontes. A Internet traz ainda um outro
perigo que é o da rápida multiplicação de um erro: da mesma maneira que uma notícia
verdadeira corre o mundo, também uma informação errada se espalha com a maior das

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facilidades, podendo ser repetida até ao infinito.

Por todas estas razões, será cada vez mais importante e valorizada a credibilidade e o bom
nome de um jornal. Os leitores precisarão cada vez mais de referências reputadas dentro do
meio jornalístico: jornais e jornalistas que inspirem a sua confiança.
Em papel ou digital, a verdade dos factos e o jornalismo feito com ética continuará a ser
aquele que a maioria dos leitores querem ler, ver e ouvir.
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B ibliografia

 ESTRELA, Edite , & CORREIA, J. David Pinto, Guia Essencial da Língua Portuguesa para a
Comunicação Social
 RAIMUNDO, Orlando, A entrevista no Jornalismo Contemporâneo, Livraria Minerva
 RICARDO, Daniel, 1989, Manual do Jornalista, Edições “O Jornal”, Lisboa

W ebografia
www.iefp.pt
https://pt.slideshare.net/olguete/jornalismo-impresso-vs-jornalismo-on-line
http://nescolas.dn.pt/nescolasv2/index.php?a=kitmedia&p=2_5
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