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A educação e orientação

profissional em Angola

Menezes Clemente Cambinda|*


A orientação profissional tem se constituído numa problemática muito
estudada, a partir da sua incidência na actuação do homem para
preparação de profissionais que sejam capazes de enfrentar os desafios
do progresso científico e de contribuir para a elevação do nível cultural e
técnico, enquanto condição necessária para preservação das conquistas
alcançadas pela sociedade.

A orientação profissional tem se constituído numa problemática muito


estudada, a partir da sua incidência na actuação do homem para
preparação de profissionais que sejam capazes de enfrentar os desafios
do progresso científico e de contribuir para a elevação do nível cultural e
técnico, enquanto condição necessária para preservação das conquistas
alcançadas pela sociedade.
O desenvolvimento da orientação profissional só pode ser alcançado
mediante um tratamento científico dirigido aos aspectos teóricos, práticos
e metodológicos que caracterizam este processo. Este desenvolvimento
deve ter em conta o seu carácter complexo e contínuo que inicia desde a
infância e se intensifica nos momentos cruciais em que o indivíduo tem
que decidir o seu futuro profissional.
Ocorre com frequência nos adolescentes e jovens que quando chegam
ao momento de decidir o caminho a seguir na vida enfrentam diferentes
contradições, entre o que fazer, de que maneira, em que contexto, com
quem fazer, como fazer, o que ser, quer dizer, não sabem que caminho
profissional escolher. Isto pode estar condicionado, em grande medida,
pela ineficiente orientação profissional que vão recebendo durante os
anos dos seus estudos e nestes casos, a responsabilidade de orientar
adequadamente ou reorientar a imagem do futuro que o adolescente ou
jovem deve ter, está a cargo de factores educativos como a família, a
escola, as organizações sociais e governamentais, cujo trabalho deve
dirigir-se a informar, desenvolver e transformar o estado das qualidades
e formações psicológicas com objectivo de propiciar a tomada de
decisões, expressada numa autodeterminação da esfera profissional.
Estes factores educativos devem realizar um trabalho de orientação
profissional, com a finalidade de preparar os estudantes para que
escolham, conscientemente, uma profissão, de acordo com as
exigências económicas e sociais do país e com base nas suas
qualidades pessoais; quer dizer, formar nestes estudantes verdadeiros
interesses profissionais, de que se espera transformem numa força
motivacional activa durante o estudo da carreira que pretendam seguir.
Na Reforma Educativa em curso em Angola, como resposta ao
cumprimento da Lei de Bases do Sistema Educativo, se enfatiza a
importância da sua contribuição para a formação de futuros profissionais
e para a formação de especialistas altamente qualificados, capazes de
acometer as tarefas que demandam o desenvolvimento do país, de
maneira competente e com criatividade. Nestas nobres aspirações,
adquire uma significação relevante o trabalho de orientação sobre as
profissões, que pressupõe a formação de homens e mulheres capazes
de colocar-se a altura da sua época, transformando-a ao mesmo tempo
que se alcança a sua realização pessoal, onde a escola e o professor
desempenham um papel essencial. Diversas investigações demonstram
que o professor constitui a figura principal no processo de orientação
profissional e na ajuda ao estudante para a busca de uma decisão auto
determinada e uma adequada motivação profissional (T. K. Mujina 1981,
Gonzalez Maura 1989,Watts, A. 1991; Rios, J. 1993, Varela, C. 1994,
Vargas, E. 1996).
A realidade da sociedade angolana encarrega cada vez mais à escola a
necessidade de elevar a sua função educativa e, dentro desta, a
relacionada com a orientação da personalidade na esfera motivacional
com respeito às profissões necessárias e úteis para o país, -
hierarquizando a educação e a orientação profissional da personalidade
dos estudantes de acordo com as dimensões básicas como: a relação
entre a quantidade e a qualidade e entre o social e o individual no
processo e no resultado da educação e orientação profissional.
Os adolescentes e jovens quando ingressam no primeiro ciclo do ensino
secundário na República de Angola, começam a pensar e eleger o que
farão. É um momento da vida em que se debatem numa luta constante
entre os seus gostos, aspirações, ilusões, sonhos, opções, e desejos; é o
momento em que necessitam do apoio de pessoas especializadas e de
familiares próximos que os ajudem a orientar-se e consentir as suas
decisões. No entanto, os conteúdos da orientação profissional não fazem
parte do currículo do primeiro ciclo do ensino secundário, o que limita em
grande medida a possibilidade de que os estudantes possam, entre
outras questões, conhecer-se a si mesmos, analisar se as suas decisões
correspondem, na realidade, com os seus interesses profissionais,
resolver com ajuda especializada algumas insuficiências que na ordem
pessoal não lhes permitam um exercício eficiente da futura profissão,
assim como conjugar os interesses individuais com os sociais.
A partir de uma minuciosa análise dos documentos sobre a realidade
educativa do país e da experiência docente e investigativa do autor,
detectaram-se dificuldades com a problemática da orientação profissional
no primeiro ciclo do ensino secundário, dentro delas as seguintes: 1) não
existe um programa de estudo dirigido a preparar os estudantes para as
diferentes profissões, razão pela qual os estudantes seleccionam
aquelas carreiras onde há mais lugares em oferta, sem um conhecimento
profundo do conteúdo das mesmas; 2) há poucos especialistas para
realizar um eficiente processo de orientação profissional, existindo até
agora no país uma só investigação que abordou esta temática, ao nível
de doutoramento; 3) as poucas acções que se realizam através de
actividades extra docentes e extra escolares, tais como, círculos de
interesses, planos de férias e outras actividades, têm um carácter
espontâneo e de divulgação.
Em consequência da problemática atrás mencionada, se constata uma
prática nula da orientação profissional no primeiro ciclo do ensino
secundário, constituindo assim uma contradição entre o que o país
necessita para a formação nas diferentes profissões e a orientação
profissional que se desenvolve no processo de ensino-aprendizagem;
assim, justifica-se a realização desta investigação, a partir da
identificação do seguinte problema científico: como contribuir para o
aperfeiçoamento da orientação profissional em Angola? A presente
investigação tem como objectivo, propor um desenho curricular para a
integração dos conteúdos da orientação profissional no primeiro ciclo do
ensino secundário na República de Angola que envolva, além da escola,
todos outros factores educativos como, a família, os meios de
comunicação social, organizações sociais e governamentais.

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