Universidade do Oeste de Santa Catarina

Campus de Pinhalzinho
Disciplina: Psicopatologia do Trabalho
Acadêmica: Adriana da Silva e Estéphany Zanonato

1) Acreditamos que é comparável o contexto do trabalho apresentado no filme com o

artigo, pois vários aspectos apresentados e situações vividas pelos trabalhadores no
filme, principalmente Carlitos, ainda acontecem atualmente, bem como nos trás o
texto “A sociedade dos adoecimentos no trabalho”. Na época mostrada no filme,
esses trabalhadores acabavam se submetendo a uma forma de produção que
ultrapassava suas condições físicas e psicológicas, pois o importante para os
proprietários da empresa era o lucro, assim como vemos na cena em que, quando o
dono percebeu que Carlitos tinha tempo de espantar a mosca que o incomodava,
mandou aumentar o ritmo das máquinas, sugando o impossível dos colaboradores,
extraindo deles tudo que conseguia, denominando-se assim, a superexploração da
força de trabalho, com relata o artigo. O que vemos, é que com esse ritmo de
produção intensificado, Carlitos acabou adoecendo e sendo encaminhado a um
hospital psiquiátrico. O cotidiano exaustivo afetou tanto seu psicológico que ele não
parava de repetir seus movimentos executados na máquina, mesmo em contextos
quando não estava prestando seus serviços. Sabemos que desde essa época,
houve grandes melhorias, porém ainda existe muito do que vimos no filme nos dias
de hoje, inclusive, segundo o texto, a sensação que não temos mais tempo para
nada, pois a jornada de trabalho é extensa, e que muitos ainda precisam executar a
tarefa sozinhos, tarefa essa que anteriormente era realizada por dois ou mais
trabalhadores, resultando assim numa sociedade adoecida devido a cobranças e a
sobrecarga que é jogada em seus ombros.

2) a) O trabalho no filme era resumido à força de trabalho dos funcionários apenas,

e para eles a necessidade de sobrevivência, de ter o que comer e onde morar. Esse
era um trabalho alienado que buscava somente produtividade e não algo que
trouxesse satisfação para quem o estivesse executando, ou que os incentivasse a
fazer diferente, usando sua capacidade para pensar, inovar e consequentemente
realizar-se nessa atividade. Vemos ainda que nessa época, os funcionários sofriam
por não ter uma jornada de trabalho fixa e nem mesmo um horário de almoço,
focando e cobrando cada vez mais por produtividade que, ligada ao trabalho
repetitivo, são grandes causadores de adoecimento no contexto de trabalho, assim
como aconteceu com o personagem Carlitos.

b) Atualmente, houve significativas mudanças no que se refere à forma de ver o

trabalho para os colaboradores, bem como a visão dos empregadores. As pessoas
têm maiores chances de encontrar um bom trabalho, ou um trabalho que gostem e
que as dignifiquem, pois existem os aperfeiçoamentos para que sempre estejam se
atualizando e aprendendo, para crescerem e acompanharem o andar da tecnologia
e demais mudanças que não havia antigamente. Também existem melhores
remunerações, diminuição da jornada de trabalho, férias e melhores condições para
o trabalhador. O que se pode destacar inclusive, é que agora o trabalho não é
delimitado somente a sobrevivência, mas há algo muito maior que isso, pois se
trabalharmos em algo que gostarmos, isso não se torna um fardo diário, mas um
momento prazeroso e de crescimento, tanto pessoal quanto profissional. Certamente
isso não ocorre para todos, alguns aspectos apresentados no filme ainda podem ser
visualizados no cotidiano de determinados trabalhadores, o que nos leva a
conclusão de que passado e presente se unem com diferentes formas de exploração
para satisfazer o capitalismo selvagem em nosso país. Os “tempos modernos” ainda
são tão atuais, através de metas desgastantes, superprodução, movimentos
repetitivos e assédio moral que resultam em acidentes de trabalho, medicalização e
psicopatologias diversas.

c) Acreditamos que o trabalho de “Tempos Modernos” contribuiu para a

desmitificação da rotulação do trabalho como sendo algo negativo e que causa
sofrimento, tendo como base somente a garantia de sobrevivência. A partir disso,
mudanças vêm ocorrendo desde então, as greves realizadas ainda naquela época
na luta por melhores condições, por maneiras mais justas e humanas certamente
ajudaram a transformar muitas ideias que até então estavam cristalizadas.

3) a) No filme, podemos ver que não há nenhum prazer ou quaisquer satisfação em

ir trabalhar, isso tornou-se uma obrigação para eles. O trabalho cria o homem, e o
homem cria a si mesmo pelo trabalho, que é o fundamento da vida, mas na situação
vivida a relação trabalhista torna-se desgastante, fria e monótona. O trabalhador
produz para satisfazer as necessidades do mercado e assim não consegue
satisfazer a suas próprias, sua identidade se perde, fica fragilizada, ele não
consegue mais saber quem é, o que faz ou porque faz, não age por si próprio, perde
sua autonomia, atua como um máquina que só reproduz movimentos mecânicos,
sem ter um sentido para executá-los.

b) A alienação está presente quando um chefe induz o subordinado e ele nem

percebe o que está acontecendo, quando uma organização se impõe ao empregado
sem permitir questionamentos e sugestões, o que traz comodidade, limita o
crescimento profissional e pessoal e não faz o indivíduo refletir sobre a realidade
enfrentada. Em geral, a sociedade capitalista e o próprio trabalho alienam os
indivíduos, que trabalham de forma desumana e ficam alheios ao produto produzido,
como escravos de suas necessidades de sobrevivência, de modo que seguem uma
rotina, sempre sendo governados por outro, deixando de ter vida própria.

c) Os trabalhos que adoecem hoje possuem: novas formas de organização e de

produção que incluem uma divisão internacional do trabalho, com sistemas
informacionais e comunicacionais sofisticados, baixas condições de proteção ao
trabalho, flexibilização e intensificação do ritmo das atividades, individualização e
solidão no local de trabalho, gestão por metas, assédio e terceirização.
4) Como futuros psicólogos, enfrentaremos muitos desafios nesse contexto,
devemos adotar estratégias que unam os trabalhadores aos seus sindicatos, lutando
por seus direitos e cumprimento das leis trabalhistas. Além disso, promover
atividades como aconselhamento psicológico, abordagem de treinamento em grupo,
reformulação de cargos, abordagens integradas, formas de reestruturação do
trabalho que melhorem o ambiente de trabalho e a qualidade de vida dos
funcionários. O mais importante, é que o psicólogo possa fazer com que as pessoas
encontrem um propósito para trabalhar, envolvendo orientação e um sentido em
estar realizando sua tarefa e pertencendo a empresa, também se deve encorajar e
estimular a eficácia pessoal, promover relacionamentos que possibilitem trabalhar
com um espírito de equipe, ter oportunidade de encontrar colegas e se relacionar,
apoiar uns aos outros, utilizar métodos de feedback que mostrem a eles
reconhecimento pelas suas competências e resultados, e principalmente trabalhar o
desenvolvimento da autonomia, exercitando as habilidades de julgamento, reflexão e
resolução de problemas para que não se tornem alienados.