Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A gestão de carreira voltada à noção de planejamento e sua evolução, bem como a gestão de
carreira na empresa por meio do processo sucessório, da formação de sucessores, e da
gestão de talentos e gerações.
PROPÓSITO
Aprimorar o conhecimento sobre gestão de carreira, considerando a evolução da visão social
sobre esse tema, e compreender o planejamento de carreira na empresa, adquirindo a
capacidade de facilitar o processo sucessório e a gestão de talentos, de forma associada à
gestão de gerações.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
MÓDULO 4
INTRODUÇÃO
Vivemos em um mundo cercado por incertezas e preocupações que envolvem diversas esferas
da nossa vida. O trabalho é uma das mais importantes, porque abrange a organização do
nosso dia a dia, as expectativas de consumo da nossa família e o status que buscamos
conquistar para viver em sociedade. As incertezas que permeiam a nossa vida profissional
devem ser superadas por ações de planejamento da nossa própria carreira, que requerem o
entendimento de como as empresas podem se estruturar para organizar a movimentação de
pessoas que escolhem trabalhar no mundo corporativo.
Indivíduos que compreendem a lógica embutida na gestão de carreira costumam ter condições
de se autogerenciar e de compreender a dinâmica que envolve o mercado de trabalho. Essa
compreensão pode ajudá-los a montar o próprio negócio, a buscar formas de atuar que vão
além de trabalhos tradicionais e também a alavancar sua competitividade na concorrência por
vagas de emprego. Vamos trabalhar aqui com conhecimentos que ajudem na compreensão de
aspectos sociais e empresariais da gestão de carreira e que proporcionem uma experiência
gratificante e produtiva de estudo sobre esse tema que é envolvente e atual.
MÓDULO 1
A resposta a essa pergunta pode estar associada a algumas possibilidades: sinto-me inseguro,
com medo, (in)feliz, frustrado, estimulado etc. Resumindo, o que normalmente sentimos em
relação à nossa carreira é angústia.
Isso se deve a uma sensação que nós temos atualmente de que nunca chegamos ao lugar
aonde gostaríamos de estar na nossa vida profissional. Quando atingimos um objetivo, já
estamos pensando no próximo. Cursos, novos desafios de trabalhos, aprendizados diversos,
nada disso é suficiente para sentirmos que chegamos aonde queríamos estar.
PAPÉIS NA GESTÃO DE CARREIRA
Para avançar em nosso raciocínio, é importante entender que a gestão de carreira envolve dois
papéis principais (DUTRA, 2017):
PAPEL DA EMPRESA
PAPEL DA PESSOA
Essa visão de pessoas como protagonistas da carreira tem base em uma evolução da visão
social sobre esse assunto, que envolve a divisão entre os conceitos de carreira
organizacional (ou tradicional) e o de novas carreiras.
De modo resumido, conforme Arthur et al. (1999), podemos entender cada uma delas da
seguinte forma:
Para podermos nos aprofundar nesses conceitos, é importante parar para pensar no contexto
em que as carreiras evoluíram, gerando uma nova visão sobre o mundo organizacional. Vamos
lá?
CARREIRA ORGANIZACIONAL
Antes dos anos 1970, a gestão de carreira não era estudada dentro da administração e a base
conceitual para os estudos dos negócios era encontrada na psicologia vocacional e na
sociologia. Isso acontecia porque era muito importante encontrar a “pessoa certa” para atuar no
“cargo certo”.
Além de entender que a administração só se apropriou do tema da gestão de carreira nos anos
1970, é importante lembrar que, até os anos 1980, a carreira organizacional foi predominante
na sociedade, o que fez com que os estudos girassem em torno da associação dos casos de
carreira ao trabalho em organizações (VELOSO, 2009).
Foto: Tanya Kalian / Shutterstock.com
Até então, as características que vimos desse tipo de carreira faziam todo o sentido devido ao
contexto em que as carreiras eram desenvolvidas, marcado por:
EMPREGOS ESTÁVEIS
As empresas tinham condições de manter estruturas organizacionais com um grande conjunto
de cargos e um número considerável de empregados.
O problema é que, mesmo que não enxerguem a possibilidade de uma promoção, essas
pessoas continuam planejando suas carreiras vinculadas a essa empresa e têm dificuldades de
procurar novas oportunidades no mercado de trabalho. Essa é uma visão organizacional de
carreira que, algumas vezes, limita a visão do trabalhador quanto às suas possibilidades de
desenvolvimento pessoal e profissional.
NOVAS CARREIRAS
A partir dos anos 1990, o foco dos estudos foi desviado da empresa para o indivíduo, e
passamos a entender que as pessoas são protagonistas da própria carreira e que devem
encontrar significado pessoal no que fazem, estabelecendo um propósito de vida associado ao
trabalho (VELOSO, 2009).
Nessa época, ganharam espaço na sociedade as chamadas “novas carreiras” (ARTHUR et al.,
1999). Mas o que será que mudou a partir dessa década? Contextualmente, é importante
atentarmos para importantes mudanças que ocorreram a partir dos anos 1990 e que afetaram
as carreiras:
Responsáveis pela nossa empregabilidade, a visão das novas carreiras passou a permear a
maneira como gerenciamos a nossa vida profissional atualmente. Para entender melhor as
novas carreiras, dois conceitos são básicos: o da carreira proteana (HALL; MIRVIS, 1996) e o
da carreira sem fronteiras (ARTHUR; ROUSSEAU, 1996).
AS NOVAS CARREIRAS
Neste vídeo, analisaremos a importância da assimilação das novas carreiras e alguns pontos
críticos dessa visão contemporânea do trabalho
CARREIRA PROTEANA
A carreira proteana tem como autor Douglas Hall, que analisou a carreira inspirado na mitologia
greco-romana, fazendo uma analogia entre a carreira moderna e Proteu, que era uma deidade
marinha. Proteu tinha o privilégio de conhecer o futuro, mas negava-se a fazer predições e,
para fugir dos que o consultavam, mudava de forma conforme a própria vontade.
A carreira pode ser redirecionada todo o tempo por necessidades pessoais e por
circunstâncias ambientais.
O critério do que é ter sucesso na carreira é definido pela própria pessoa, o que
chamamos de sucesso psicológico.
Você compreenderia essa decisão? Esse é um exemplo de carreira proteana, em que a pessoa
se sente totalmente responsável por sua vida profissional, construindo seu próprio parâmetro
do que é uma boa carreira.
Uma segunda forma de entender as novas carreiras é por meio da carreira sem fronteiras, que
tem como autor principal Michael Arthur. São carreiras que vão além das fronteiras
organizacionais e podem ser identificadas por meio destas características (ARTHUR;
ROUSSEAU, 1996):
A carreira tem condições de acontecer dentro ou fora da empresa na qual a pessoa trabalha.
A pessoa busca aprender cada vez mais para dar continuidade à sua carreira.
Foto: Shutterstock.com
Esse é um exemplo de uma pessoa que, mesmo tendo um emprego de longo prazo, está
construindo uma carreira sem fronteiras.
Não se esqueça de que a carreira proteana e a carreira sem fronteiras são complementares e
nos ajudam a entender a visão atual sobre carreira e, em muitos momentos, a entender nossa
própria situação profissional, dentro ou fora das empresas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A CARREIRA ORGANIZACIONAL FOI PREDOMINANTE NA SOCIEDADE
ATÉ OS ANOS 1980 E ISSO FAZIA SENTIDO DEVIDO AO CONTEXTO EM
QUE AS CARREIRAS ERAM DESENVOLVIDAS. ASSINALE A
ALTERNATIVA QUE MELHOR REPRESENTA ESSE CONTEXTO.
GABARITO
O contexto em que as carreiras eram desenvolvidas e que permitiu que esse tipo de carreira
fosse predominante até os anos 1980 tem as seguintes características: avanços tecnológicos
lentos; mão de obra pouco qualificada; mercado pouco competitivo; empregos estáveis;
pessoas buscando estabilidade na carreira; carreiras limitadas pela estrutura organizacional.
MÓDULO 2
PLANEJAMENTO DA CARREIRA
No módulo 1, ao tratarmos da evolução da visão social sobre carreira, entendemos que, a partir
dos anos 1990, o foco dos estudos passou da organização para as pessoas. Entretanto, não
podemos dizer que a empresa tenha abandonado o planejamento de carreira, uma vez que há
o papel da empresa e o papel da pessoa nessa gestão. É preciso refletir sobre esse assunto de
forma madura e aprofundada, por isso, neste início do módulo 2, convidamos você a pensar na
seguinte pergunta:
A empresa tem ou não tem responsabilidade sobre o planejamento de carreira?
Para responder a essa pergunta, vamos pensar em como você se porta ao convidar pessoas
para uma festa na sua casa. É ou não é sua responsabilidade o que acontece a essas pessoas
durante essa reunião?
Mesmo que você responda não ter responsabilidade e argumente que apenas está cedendo
espaço para que as pessoas se divirtam, naturalmente você vai pensar na estrutura que tem a
oferecer e, se algo de bom ou algo de ruim acontecer a algum convidado, você certamente
será envolvido nas consequências dos fatos.
Nas empresas, é mais ou menos assim que as coisas funcionam. Mesmo que haja uma
assimilação social de que a própria pessoa é responsável por sua carreira, quando somos
convidados a trabalhar na empresa, há uma responsabilidade gerencial embutida nessa ação e
é dessa responsabilidade que vamos tratar neste módulo.
Os profissionais da área de Recursos Humanos das empresas costumam relatar uma pergunta
que é frequentemente feita por candidatos a vagas de emprego, especialmente os jovens
aspirantes às vagas: “Esta empresa tem um plano de carreira?”.
Esses profissionais de RH, muitas vezes, sentem-se ofendidos com essa pergunta, porque
entendem que a carreira é de responsabilidade exclusiva dos profissionais. No entanto, por um
lado, se os candidatos aprenderam a mostrar suas competências às empresas nos processos
seletivos, por outro lado, eles querem saber a estrutura que as empresas oferecem para dar
suporte ao desenvolvimento da própria carreira.
PLANEJAMENTO DE CARREIRA NA
EMPRESA
Neste vídeo, reforçaremos a importância das ações de planejamento de carreira realizada pela
empresa
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
TRADICIONAL
Para entendermos a estruturação da carreira na empresa, é importante pensarmos em como
um empreendimento se inicia. Quando resolve-se montar um negócio a partir do zero,
normalmente as poucas pessoas que trabalham na empresa dividem as tarefas e conseguem
controlar as demandas do dia a dia. Porém, quando o empreendimento começa a prosperar, é
preciso contratar mais pessoas para ajudar. É assim que a hierarquia organizacional começa a
se formar.
Imagem: Shutterstock.com
Organograma clássico.
Embora esse tipo de estrutura seja muito prático e óbvio, existem alguns problemas. Um deles
é a comunicação entre os níveis hierárquicos, que costuma falhar conforme a organização
cresce no sentido vertical. Esse é um entrave que costuma dificultar o aprendizado e fazer com
que as pessoas se sintam proprietárias de seus cargos por conta da baixa interação.
CARREIRA EM LINHA
Uma forma de entender a ascensão de pessoas em uma estrutura tradicional é a observação
da carreira em linha, representada nesta figura:
Imagem: Administração de carreiras. DUTRA, 1996, p.82. Adaptada por: Rafael d'Orsi
Estrutura de carreira em linha
Veja que, na carreira em linha, a ascensão tem um movimento natural de cargos técnicos para
cargos gerenciais, limitando as possibilidades de escolha quanto ao crescimento na carreira.
Diante dessa situação, foi preciso criar estruturas que permitissem à empresa implantar o
planejamento de carreira de um modo diferente.
CARREIRA EM Y
Uma das respostas mais evidentes à necessidade de modernização do planejamento de
carreira está na criação de estruturas paralelas, com mais de uma possibilidade de
crescimento. A estrutura paralela mais usual é a carreira em Y, que pode ser assimilada com a
observação desta figura:
Imagem: Administração de carreiras. DUTRA, 1996, p.88. Adaptada por: Rafael d'Orsi
Estrutura paralela em Y
Crescimento para a função gerencial: o braço gerencial pode acolher pessoas que
tenham aptidão e ambição de crescer na carreira assumindo funções de liderança como,
por exemplo, mobilizar recursos, tomar decisões gerenciais e, principalmente, de ser
gestor de equipes.
Crescimento para a função técnica: o braço técnico, que é posicionado em paralelo ao
braço gerencial, acolhe o crescimento de pessoas que não têm ambição de assumir
funções gerenciais. Essas pessoas normalmente preferem crescer por meio da aplicação
de competências técnicas, sem a reponsabilidade de gerenciar recursos e pessoas.
Veja que a carreira em Y é uma resposta ao dilema entre a carreira gerencial e a carreira
técnica e que oferece uma alternativa de crescimento. Vamos ver um exemplo de aplicação
desse tipo de estrutura.
Foto: Shutterstock.com
CARREIRA EM W
Apesar de a carreira em Y ter significado um grande avanço em relação à carreira em linha, ela
ainda possui uma importante limitação:
é necessário que profissional opte somente pela carreira gerencial ou somente pela carreira
técnica conforme cresça na hierarquia.
Considerando que você precisa que alguns desses engenheiros assumam essas duas funções,
você pode propor à empresa a carreira em W, na qual o eixo central comportará pessoas que
desenvolverão competências de liderança sem se afastarem da especialidade técnica.
Imagem: Shutterstock.com
CARREIRA EM REDE
Além das estruturas de carreira em Y e em W, a estrutura de carreira em rede pode mostrar
caminhos menos convencionais para planejamento da movimentação de pessoas na empresa,
conforme a figura a seguir:
Imagem: Administração de carreiras. DUTRA, 1996, p.84. Adaptada por: Rafael d'Orsi
Estrutura de carreira em rede
Na estrutura de carreira em rede, a mesma pessoa pode ter diversas opções de escolha para
realizar sua movimentação. O dilema entre a carreira técnica e a carreira gerencial é superado
pela possibilidade de realizar movimentações ascendentes e laterais.
Nesse caso, você pode propor uma estrutura estimulante, que provoque movimento na carreira
dos profissionais que lidam diretamente com os serviços oferecidos aos clientes finais. A
estrutura em rede pode ser uma alternativa, provocando desafios constantes. No entanto,
procure ser realista, esteja consciente de que esse tipo de carreira é difícil de gerenciar e
depende de muito envolvimento tanto da alta administração quanto do pessoal operacional.
Que tal você chamar um técnico de sua confiança para te ajudar a pensar no desenvolvimento
de um software que mostre as possibilidades de movimentação em relação ao
desenvolvimento de cada um?
Neste módulo, percebemos como é importante que a empresa escolha estruturas adequadas à
movimentação e ao desenvolvimento dos profissionais, respeitando a realidade de cada tipo de
negócio e as características dos seus empregados.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
B) se serão contratados.
GABARITO
MÓDULO 3
Para entender melhor essas estruturas de movimentação, vamos começar pelos níveis do
processo de gestão:
Imagem: Elza Fátima Rosa Veloso. Adaptada por: Rafael d'Orsi
Níveis do processo de gestão
Ao observar essa figura, é importante que você perceba que, independentemente da estrutura
de carreira ou da nomenclatura dos cargos, as pessoas atuam em níveis nas organizações,
que podem ser explicados da seguinte forma:
Execução de tarefas: fora do processo de gestão, as pessoas que assumem tarefas não têm
responsabilidade sobre a gestão da empresa e apenas executam o trabalho a partir de
determinadas diretrizes. Nesse nível, podemos encontrar, por exemplo, operários, técnicos,
assistentes, analistas etc.
Foto: Shutterstock.com
Foto: Shutterstock.com
Nível operacional: no nível operacional de gestão, encontramos gestores que têm sua
atuação voltada a uma operação específica. Decisões dos gestores operacionais são de curto
prazo e terão efeito limitado e focado na operação pela qual é responsável. A título de exemplo,
temos os supervisores, coordenadores de produção, encarregados, gestores de projetos etc.
Nível tático: a atuação do gestor abrange uma ou mais unidades funcionais no nível tático.
Aqui, já são requeridas habilidades de relacionamento e de planejamento. As consequências
de decisões dos ocupantes desse nível são mais amplas do que as do nível operacional. É
necessário interpretar decisões estratégicas e atuar com foco no médio prazo. Nesse nível,
podemos encontrar, por exemplo, os gerentes de nível médio, os gerentes gerais, chefes de
departamento, coordenadores de área etc.
Foto: Shutterstock.com
Foto: Shutterstock.com
PLANEJAMENTO DA SUCESSÃO
A observação dos níveis organizacionais é importante para entendermos a lógica do processo
sucessório, que, dentro da noção de planejamento de carreira, leva-nos a analisar a seguinte
pergunta:
Para chegarmos à resposta dessa pergunta, é importante destacarmos que, mesmo que a
empresa não planeje, a sucessão acontece sempre que há necessidade de substituir algum
executivo da empresa. No entanto, há uma diferença entre “apagar o incêndio” de uma
substituição emergencial e planejar a sucessão como um processo contínuo.
Vamos entender, então, o que significa processo sucessório. Dutra e Dutra (2016) explicam
que, apesar de esse processo sempre ter existido nas organizações, sua estruturação é
recente e ele pode ser compreendido por meio de três abordagens:
PLANEJAMENTO DE REPOSIÇÃO
Nesta abordagem, os executivos seniores identificam seus possíveis sucessores entre seus
subordinados na hierarquia organizacional. Entretanto, nesse caso, não são consideradas as
necessidades do negócio e nem mesmo dos indivíduos.
Ao avaliar essas abordagens, notamos que a segunda e a terceira são mais adequadas ao
mundo dos negócios, atualmente muito dinâmico e competitivo. No entanto, você deve estar se
perguntando por que motivo o processo sucessório é voltado para os níveis superiores da
organização, e não para a base da hierarquia ou mesmo para o nível médio de gestão que,
afinal, também é muito importante. Aqui, é essencial que você imagine o risco de perder um
bom técnico e o de perder o presidente da empresa.
Em épocas de escassez de mão de obra, repor algumas posições operacionais, como a dos
técnicos de tecnologia, de fato é complicado. Porém, o risco de uma empresa deixar de existir
devido à necessidade de substituir técnicos ou gestores operacionais é pequena pelas
seguintes características desse tipo de posição:
É possível agilizar a reposição: esse tipo de profissional é formado mais rapidamente por
meio de capacitação e de experiência em outras empresas e, normalmente, há um número
maior de pessoas tanto dentro quanto fora da empresa que tem condições de assumir essas
posições.
PROCESSO SUCESSÓRIO
O processo sucessório, de acordo com Dutra (2010), é aquele em que as empresas planejam a
transferência futura de propriedade e/ou comando. Segundo o autor, esse é um esforço
deliberado e sistemático feito pela organização para:
Garantir a continuidade da liderança em posições-chave;
Reter e desenvolver capital intelectual para o futuro;
Encorajar o desenvolvimento das pessoas.
Para viabilizar o processo sucessório, é preciso que a empresa faça, com certa periodicidade,
a cada ano ou seis meses, um levantamento das pessoas que estariam aptas a assumir
determinadas posições dentro da estrutura de carreira da empresa. Assim, é possível identificar
as carências de pessoal e as necessidades de ações de desenvolvimento.
RESUMINDO
Ainda que o processo sucessório seja tratado no nível estratégico da organização, a empresa
pode “descer” as análises para outros níveis, de acordo com sua necessidade e capacidade de
gerenciar esse processo.
VANTAGENS E RISCOS DA
ESTRUTURAÇÃO DO PROCESSO
SUCESSÓRIO
Neste vídeo, compreenderemos aspectos importantes que fundamentam a necessidade de
planejar a sucessão.
Azevedo (2020) explica o risco do processo sucessório nas empresas familiares: o índice de
mortalidade de empresas brasileiras devido à transferência de poder entre as gerações é de
70% entre a primeira e a segunda geração, e somente 21% das empresas sobrevivem além da
terceira geração de sucessores.
Em virtude do alto risco da sucessão nas empresas familiares, Azevedo (2020) cita reflexões
que devem ser realizadas no âmbito da família e, caso haja outros sócios, também devem ser
chamados a pensar sobre:
O conjunto de descrições dos cargos principais e das competências necessárias para ocupá-
los.
O plano de treinamento e de desenvolvimento de potenciais sucessores dentro e fora da
família.
Embora o risco de não planejar a sucessão também seja grande em outros tipos de empresa,
nas empresas familiares ele é maior devido à possibilidade de atritos entre os familiares e
devido à cultura que se forma em torno dos membros da família. O exemplo a seguir mostra
esse risco:
Certo dia, depois de 50 anos de atuação profissional, você percebe que não tem mais energia
física nem mental para continuar seu trabalho. E agora? Você obriga um de seus filhos a
assumir o negócio ou você busca um executivo de mercado? Alguém de fora seria uma opção
mesmo sabendo que a estratégia é sempre você quem dita e que seus filhos dificilmente
aceitariam outra pessoa atuando no seu lugar?
Embora a situação da sucessão em empresas familiares não devesse chegar a esse ponto do
exemplo, essa é uma possibilidade real, que acomete muitas empresas familiares. Esse risco
aumenta quando não há preparação de novos líderes, internos ou externos à família, para
promover a continuidade dos negócios de forma segura e perene.
Para a criação e a manutenção dessa cultura, é preciso que todos se prontifiquem a ensinar o
que sabem e que sejam avaliados pelo desenvolvimento de seus sucessores.
Muitas vezes, as pessoas não ensinam o que sabem por insegurança quanto ao próprio
desenvolvimento e quanto às próprias possibilidades de se movimentar na carreira. Uma boa
estrutura de movimentação de pessoas pode impulsionar a ambição de crescer na carreira e a
formação de sucessores.
A formação de novos líderes requer das pessoas disposição para mudar sua carreira. Assim,
elas podem buscar seu próprio desenvolvimento e ajudar os outros a se desenvolverem.
Incorporar pessoas com essa disposição ao corpo funcional pode ajudar a construir a cultura
de desenvolvimento de novos líderes.
Uma vez que nem todos da empresa estão sempre dispostos a se desenvolver, quando há
uma diretriz e um acompanhamento do desenvolvimento de cada um, o reconhecimento desse
esforço pode resultar em sucessões exitosas.
Agora, com as cobranças da sua família para que você faça uma viagem que não seja apenas
de fim de semana, você precisa indicar alguém para ocupar seu posto por um mês. Você tem
uma subordinada, gerente de nível médio, que você sente ter potencial e que você gostaria de
ajudar a se desenvolver. Mesmo sabendo que ela talvez não tenha a capacidade que teria um
colega seu, diretor de outra área, você resolve indicá-la para esse período, passando a ela
todas as diretrizes e proporcionando a ela a possibilidade de experimentar ser diretora por um
mês.
Essa é uma iniciativa de desenvolvimento informal, que não depende de um curso, mas sim da
confiança de alguém que proporcione essa oportunidade.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
B) criar e manter uma cultura de desenvolvimento que permeie todos os níveis organizacionais.
GABARITO
MÓDULO 4
A gestão de talentos pode também envolver a sucessão de níveis estratégicos, mas, em sua
essência, é mais abrangente e envolve todos os níveis da organização.
IDENTIFICAÇÃO DOS TALENTOS
A ação mais difícil e a mais importante da gestão de talentos é o posicionamento da empresa
quanto à identificação dos talentos. Normalmente, as organizações que pretendem fazer essa
gestão passam por certa dificuldade em realizar esse posicionamento. Mas, afinal, sem definir
quem são os talentos, é muito difícil pensar em gerenciá-los.
Então, para começar, é importante que você reflita sobre esta pergunta:
Você acha que pode ser considerado um talento para a empresa na qual trabalha?
Imagem: Shutterstock.com
Se você respondeu “sim”, quais critérios usou? Sua idade? Os cursos que você já fez? A sua
disposição para aprender? Se você respondeu “não”, por quais razões acha que não seria um
talento?
Essa dificuldade que você sentiu ao responder à pergunta atinge também as organizações no
momento de identificar os talentos. Ela pode ser minimizada, entretanto, pelo entendimento de
quatro possibilidades conceituais, que podemos chamar de correntes teóricas, que têm base
nos estudos de Lewis e Heckman (2006) e Collings e Mellahi (2009), e que estão publicadas
em Silva et al. (2013):
1ª CORRENTE TEÓRICA: COLEÇÃO DE PRÁTICAS,
FUNÇÕES OU ESPECIALIDADES TÍPICAS DE RH
Foco: Recrutar, selecionar, treinar, desenvolver, remunerar e gerir o desempenho.
Ações: Gestão do progresso da carreira via software e planejamento da força de trabalho com
codificação dos critérios de entrada em uma posição existente (catálogo de habilidades).
Talentos: Pessoas com alto desempenho e alto potencial, por exemplo, profissionais
contratados por meio dos programas de trainee.
Você começou a trabalhar em uma empresa como gestor da área de Recursos Humanos. Logo
na primeira semana, você ficou sabendo que andava difícil para a sua área atrair pessoas que
se engajassem no negócio. Então, apareceu seu primeiro desafio: montar uma equipe para
conceber um programa de gestão de talentos para toda a empresa.
Você pode escolher as pessoas que vão trabalhar com você nesse projeto, porém, há um
problema, você não sabe por onde começar! Propor reuniões com seus superiores para definir
quem serão os talentos da empresa pode ser um bom primeiro passo.
Imagem: Shutterstock.com
Atração de talentos: trazer talentos para a empresa nem sempre é uma tarefa fácil e,
normalmente, as melhores pessoas são disputadas por diversas organizações. Então,
essa ação de gestão de talentos requer a definição de um bom programa de captação de
pessoas que envolva o recrutamento e a seleção de profissionais adequados às diretrizes
estabelecidas no programa.
Retenção de talentos: após atrair, há todo um processo de integração dos talentos na
cultura organizacional. Como são pessoas disputadas pelo mercado, a retenção requer
um sistema integrado de gestão de pessoas que envolva, além da remuneração, um
ambiente de trabalho estimulante que gere aprendizagem constante.
A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE
TALENTOS PARA AS EMPRESAS
Neste vídeo, esclareceremos as ações necessárias à efetivação da gestão de talentos e alguns
equívocos cometidos pelas empresas nessa gestão
BANCO DE TALENTOS
Após definir quem são os talentos da empresa e assimilar as ações necessárias a essa gestão,
é importante montar um banco de talentos que supra as necessidades impostas por essas
ações. Esse banco de talentos pode ser montado por meio de softwares que produzam um
sistema de gestão de talentos, como o Talent Management System, iniciativa essa que
costuma permitir o armazenamento e gerenciamento de dados dos talentos e pode englobar:
Dessa forma, é relevante entendermos as diferenças entre as gerações e a maneira como elas
contribuem de formas diversas para a gestão de talentos das empresas.
Geração Baby Boomer – Nascidos entre 1946 e 1964, esses profissionais costumam ser
bastante motivados para o trabalho e otimistas em relação aos desafios. São extremamente
dedicados à vida profissional, sendo considerados workaholics em muitos momentos. Quando
trabalham em empresas, costumam ser leais a elas. Por sua experiência, os baby boomers
podem ser considerados talentos, por exemplo, na quarta corrente teórica, na qual são
identificadas pessoas para ocupar posições-chave da empresa. Entretanto, por terem que
renovar constantemente seus conhecimentos, ações de desenvolvimento costumam ser
necessárias.
Geração X – Nascidos entre 1965 e 1977, esses profissionais são considerados céticos em
relação às estruturas organizacionais. Costumam preferir um ambiente informal de trabalho e
hierarquias menos rígidas, e tendem a desenvolver habilidades para incrementar sua
empregabilidade. Na gestão de talentos, podem ser considerados, por exemplo, na segunda
corrente teórica por sua disposição de assumir novas responsabilidades e por serem, assim
como os baby boomers, bastante experientes. Entretanto, por terem alta empregabilidade,
ações de atração e retenção costumam ser necessárias.
Geração Y – Nascidos entre 1978 e 1992, esses profissionais são individualistas e costumam
usar fortes argumentos para defender seus pontos de vista. Têm dificuldade em respeitar a
hierarquia organizacional e buscam priorizar a vida pessoal em vez de questões profissionais.
Na gestão de talentos, podem contribuir bastante quando enquadrados na segunda corrente
teórica, uma vez que seu potencial de desenvolvimento é alto. Entretanto, por não se
prenderem a estruturas organizacionais, ações de retenção são necessárias.
A primeira corrente teórica é aderente a todas as gerações, pois engloba a todas as pessoas
da organização.
Para concluirmos este módulo, é importante notar que a associação das gerações com a
gestão de talentos pode variar dependendo das circunstâncias de das necessidades
organizacionais. No entanto, essas reflexões nos ajudam a dissociar a gestão de talentos da
ideia de juventude, pois a pessoa pode ser considerada um talento em qualquer idade,
depende apenas do ponto de vista.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
1. O processo sucessório e a gestão de talentos são conceitos que geram
certa confusão por serem intimamente relacionados, porém, eles
apresentam certas particularidades. Uma delas é que
Na ação “atração de talentos”, há disputa das melhores pessoas por diversas organizações.
Essa ação envolve também a criação de um programa de captação de pessoas, considerando
o recrutamento e a seleção.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Trabalhamos com diversos tópicos associados ao planejamento e à gestão de carreira.
Estudamos assuntos importantes não somente para a gestão das empresas, mas também para
a gestão pessoal de nossa própria carreira.
Entender o planejamento da carreira na empresa nos ajuda não somente como gestores e
futuros gestores, mas também como pessoas que disputam vagas em processos seletivos e
precisam entender a dinâmica organizacional.
A gestão de carreira é um tema socialmente muito discutido, no entanto, quem participou e
aproveitou as discussões aqui empreendidas terá condições de falar desse assunto com muito
mais propriedade e maturidade.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ARTHUR, M. B.; INKSON, K.; PRINGLE, J. K. The new careers: individual action and
economic change. Londres: Sage Publications, 1999.
COLLINGS, D. G.; MELLAHI, K. Strategic talent management: review and research agenda.
Human Resource Management Review, [s. l.], v. 19, n. 4, p. 304-313, 2009.
HALL, D. T.; MIRVIS, P. H. The new protean career: psychological success and the path with a
heart. In: The career is dead - long live the career. São Francisco: Jossey-Bass Publishers,
1996.
EXPLORE+
Para entender melhor a carreira nos dias atuais, leia o livro Carreira e liderança: fronteiras
móveis entre o indivíduo e a organização, organizado por Elza Fátima Rosa Veloso, Joel Souza
Dutra e Leonardo Nelmi Trevisan (Editora In House), que traz um conteúdo interessante sobre
o tema liderança.
Além disso, alguns filmes ajudam a entender a atuação de pessoas de diversas idades nas
organizações, que podem ser considerados talentos. Esses filmes também fazem refletir sobre
as estruturas de carreira e sobre o papel da pessoa no autogerenciamento da vida profissional.
Procure assisti-los:
CONTEUDISTA
Elza Fátima Rosa Veloso
CURRÍCULO LATTES