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CONCEITO E PRINCÍPIOS DA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Professora: Juliana Andrade


CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA

 Em sentido formal, orgânico ou subjetivo:


 Designa o conjunto de órgãos, agentes e pessoas
jurídicas que tenham a incumbência de executar a
função administrativa;
 Em sentido objetivo ou material:
 Consiste na própria atividade administrativa exercida
pela Estado, por seus órgãos e agentes.
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA

 Princípio é mandamento nuclear de um sistema,


verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que
se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o
espírito e servindo de critério para exata
compreensão e inteligência delas, exatamente
porque define a lógica e a racionalidade do sistema
normativo, conferindo-lhe a tônica que lhe dá sentido
harmônico.
DUPLA FUNCIONALIDADE DOS
PRINCÍPIOS

 Função hermenêutica:
 Se o aplicador do direito tiver dúvida sobre qual o verdadeiro
significado de determinada norma, pode utilizar o princípio
como ferramenta de esclarecimento sobre o conteúdo do
dispositivo analisado;
 Função Integrativa:
 Além de facilitar a interpretação de normas, o princípio
atende também à finalidade de suprir lacunas, funcionando
como instrumento para preenchimento de vazios normativos
em caso de ausência de expresso regramento sobre
determinada matéria.
REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO

 Regime Jurídico Administrativo é o conjunto formado


por todos os princípios e normas pertencentes ao
Direito Administrativo.
PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES DO
DIREITO ADMINISTRATIVO

 São os princípios centrais dos quais derivam todos os


demais princípios e normas do Direito Administrativo.
 Supremacia do Interesse Público sobre o Particular;
 Indisponibilidade do Interesse Público.
PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES DO
DIREITO ADMINISTRATIVO

 Supremacia do Interesse Público sobre o Privado:


reflete os poderes da Administração Pública;
 Indisponibilidade do Interesse Público: reflete os
direitos dos administrados.
Supremacia do Interesse Público sobre o
Privado

 Princípio implícito na ordem jurídica;


 Interesses da coletividade são mais importantes do
que os interesses individuais;
 Posição de superioridade sobre o particular;
 Desigualdade jurídica entre a Administração e o
particular.
SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE
O PARTICULAR

 Interesse público:
 Interesse da coletividade
 Soma de interesses individuais da sociedade
 Esta soma deve representar o interesse da maioria
Prerrogativas da Administração
Pública

 Possibilidade de transformar compulsoriamente


propriedade privada em pública (Desapropriação);
 Autorização para usar propriedade privada em
situações de iminente perigo público (requisição de
bens);
 Possibilidade de rescisão unilateral do contrato
administrativo.
Indisponibilidade do Interesse
Público

 Enuncia que os agentes públicos não são donos do


interesse por eles defendido. Assim, no exercício da
função administrativa os agentes públicos estão
obrigados a atuar, não segundo sua própria vontade,
mas do modo determinado pela legislação;
 Limitações ao poder estatal.
INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE
PÚBLICO

 Decorrem deste princípio as sujeições, limitações,


condicionamentos da Administração ao buscar o
interesse público.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO
ADMINISTRATIVO

 São Princípios explícitos ou expressos, previstos


diretamente na Constituição Federal.
 Art. 37, CF: A Administração Pública Direta e Indireta
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

 Tem 2 enfoques:
 Direito privado: particular pode fazer tudo o que não
for proibido por lei (critério de não contradição à lei);
 Direito Público: a Administração só pode fazer aquilo
que a lei autoriza (Critério da Subordinação). Age
subordinada à lei.
 Existência deste Princípio não impede existência de atos
discricionários (margem de liberdade inserida na lei)
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

 O exercício da função administrativa não pode ser


pautado pela vontade da Administração ou dos
agentes públicos, mas deve obrigatoriamente
respeitar a vontade da LEI.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

 Mais importante princípio específico da


Administração Pública.
 Silêncio legislativo equivale a proibição
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE

 Estabelece um dever de imparcialidade na defesa do


interesse público, impedindo discriminações e
privilégios indevidamente dispensados a particulares
no exercício da função administrativa.
 Trata-se de uma obrigatória objetividade no
atendimento do interesse público, vedada a
promoção pessoal de agentes ou autoridades.
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE

 A atuação dos agentes públicos é imputada ao


Estado, significando um agir impessoal da
Administração. Assim, as realizações não devem ser
atribuídas à pessoa física do agente público, mas à
pessoa jurídica estatal a que estiver ligado.
 Não se confunde com o princípio da isonomia.
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE

 Vedação da promoção pessoal;


 A publicidade de atos, programas, obras, serviços e
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
educativo, informativo ou de orientação social, dela
não podendo constar nomes, símbolos ou imagens
que caracterizem promoção pessoal de autoridades
ou servidores públicos.
PRINCÍPIO DA MORALIDADE

 A Constituição Federal impõe aos agentes públicos o


dever de observância da moralidade administrativa,
em três momentos:
 Autoriza a propositura de ação popular contra ato lesivo
à moralidade administrativa;
 Elenca a moralidade como princípio fundamental
aplicável à Administração Pública;
 Quando define como crime de responsabilidade do
Presidente da República os atos que atentarem contra a
probidade na administração.
PRINCÍPIO DA MORALIDADE

 Princípio da Moralidade na Administração Pública


exige respeito a padrões éticos, de boa-fé, decoro,
lealdade, honestidade e probidade incorporados pela
prática diária ao conceito de boa administração.
Instrumentos para a defesa da
Moralidade

 Ação Popular;
 Ação Civil Pública;
 Ação de Improbidade.
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

 Dever de divulgação oficial dos atos administrativos;


 Livre acesso dos indivíduos a informações de seu
interesse e transparência na atuação administrativa.
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

 São a todos assegurados, independentemente do


pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes
Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade
ou abuso de poder; e a obtenção de certidões em
repartições públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal.
 A proibição de condutas sigilosas e atos secretos é
um corolário de natureza funcional das suas
atividades.
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

 Engloba dois subprincípios:


 Princípio da Transparência: abriga o dever de prestar
informações de interesse dos cidadãos e de não praticar
condutas sigilosas;
 Princípio da Divulgação Oficial: exige a publicação do
conteúdo dos atos praticados atentando-se para o meio
de publicidade definido pelo ordenamento ou
consagrado pela prática administrativa.
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

 Objetivos da Publicidade:
 Exteriorizar a vontade da Administração;
 Tornar exigível o conteúdo do ato;
 Desencadear a produção dos efeitos do ato
administrativo;
 Permitir o controle de legalidade do comportamento.
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

 Exceções à Publicidade:
 Sigilo nos casos de :
 Risco para a segurança do Estado;
 Riscos para a segurança da Sociedade;
 Risco para a intimidade dos envolvidos.
PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA

 Incluído no ordenamento por meio de Emenda


Constitucional;
 Economicidade, redução de desperdícios, qualidade,
rapidez, produtividade e rendimento funcional são
valores encarecidos pelo princípio da eficiência.
PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA

 Consequências:
 Avaliação de desempenho;
 Diminuição de Custos;
 Contrato de Gestão.
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DA
ADMINISTRAÇÃO

 Universo de princípios não se esgota no plano


constitucional.
 A Administração Pública obedecerá, dentre outros,
aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla
defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse
público e eficiência.
PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA

 Princípio geral do Direito


 As relações jurídicas devem se estabilizar
 Deve-se saber previamente as consequências de nossos
atos
 No âmbito administrativo:
 Vedação à eficácia retroativa da lei
 Não alcançar atos acontecidos antes da vigência da lei
 Traz confiança na Administração
PRINCÍPIO DA FINALIDADE

 Os entes estatais foram constituídos para fins


coletivos
 Agir dentro do interesse público, social ou coletivo
 Entes Estatais não podem:
 Abandonar ou alterar os seus fins previstos em lei
 Administração sempre deve
 Observar a lei
 Identificar a sua finalidade
 Agir conforme a sua finalidade.
PRINCÍPIO DA FINALIDADE

 EX: Administração remove servidor para puni-lo


 Fere-se a finalidade da lei quando fala de remoção
 Desvio de finalidade
Princípio da Celeridade Processual

 Este princípio assegura a todos, nos âmbitos judicial e


administrativo, a razoável duração do processo e os
meios que garantam celeridade na sua tramitação.
 O rito deve sempre marchar para um encerramento
conclusivo.
 Inibe medidas que prolonguem infinitamente o
procedimento, etapas desnecessárias, atos
protelatórios.
Princípio do devido processo legal

 O devido processo legal exige o cumprimento de um


rito predefinido na lei como condição de validade da
decisão;
 Não cabe ao administrador, mas à lei, definir ele
próprio qual o caminho a ser adotado no processo
administrativo, mas tão somente seguir o trilho
determinado pela lei.
Princípio do devido processo legal

 O devido processo legal serve à realização de cinco outros


princípios fundamentais do Direito Administrativo:
 Transparência ou publicidade;
 Impessoalidade;
 Participação;
 Contraditório;
 Ampla Defesa.
Princípio do Contraditório

 Segundo este princípio, as decisões administrativas


devem ser tomadas considerando a manifestação dos
interessados.
 Necessidade de conceder oportunidade para que os
afetados pela decisão sejam ouvidos antes do
resultado final do processo.
Princípio da Ampla Defesa

 Este princípio assegura aos litigantes, em processo


judicial ou administrativo, a utilização dos meios de
prova, dos recursos e dos instrumentos necessários
para defesa de seus interesses perante o Judiciário e
a Administração.
Princípio do Duplo Grau

 Possibilidade de recorrer, perante a própria


Administração, contra decisões desfavoráveis ao
administrado;
 Recurso Hierárquico cuja interposição depende de
previsão legal e deve ser julgado pelo superior
imediato de quem prolatou a decisão recorrida.
PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA

 Consagra o controle interno que a Administração


Pública realiza sobre seus próprios atos;
 Não precisa recorrer ao Judiciário para anular seus
atos ilegais e revogar seus atos inconvenientes.
 A Administração deverá anular seus próprios atos,
quando eivados do vício de legalidade, e pode revogá-
los por motivo de conveniência e oportunidade.
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DO SERVIÇO
PÚBLICO

 Serviço Público:
 Atende necessidade da sociedade
 Presta atividade essencial.
 Serviço Público - precisa ser contínuo, ininterrupto.
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DO SERVIÇO
PÚBLICO

 Consequências da interrupção: Poder Público pode:


 Prestar os serviços diretamente
 Delegar a concessionários ou permissionários
 Possibilidade de rescisão unilateral da concessão
 Possibilidade de intervenção na concessão
 Impossibilidade de alegação da exceção do contrato
não cumprido
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE
LEGITIMIDADE

 Incide sobre duas situações:


 Presume a veracidade dos fatos
 Presume a legalidade dos atos administrativos
 Presunção juris tantum.
 Consequências:
 Imperatividade:
 Atos administrativos são de observância obrigatória pelos
particulares.
 Vão se impor aos administrados, independente de sua
concordância.
PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE

 Autoexecutoriedade:
 Administração não precisa recorrer ao Poder Judiciário
para executar os seus atos
 Pode executá-los, se o terceiro se recusar a cumprir

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