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DIREITO ADMINISTRATIVO

DIREITO ADMINISTRATIVO

Bruno Tulim e Silva


Advogado – Graduado em Direito pelo Centro Universitário Eurípedes de Marília/SP, UNIVEM; com Curso de Atualização
em Direito pelo Complexo Jurídico Damásio de Jesus; Pós-Graduando em Direito Administrativo pela Universidade Anhanguera.

1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: CONCEITO.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A Administração Pública sob o aspecto material, objetivo ou funcional representa nada mais do que o conjunto de atividades que
costumam ser consideradas próprias da função administrativa, Assim, temos que o conceito adota como referência a atividade propria-
mente dita, o que é de fato realizado, e não quem as realizou.
De maneira usual, são apontadas como próprias da administração pública em sentido material as seguintes atividades:
- Serviço Público: prestações concretas que representem utilidades ou comodidades materiais para a população em geral;
- Policia Administrativa: são as atividades de restrições ou condicionamentos impostos ao exercício de atividades privadas em be-
nefício do interesse coletivo;
- Fomento: incentivo a iniciativa privada de utilidade pública;
- Intervenção: é toda a atividade de intervenção do Estado no setor privado.

Administração Pública sob o aspecto formal, subjetivo ou orgânico é o conjunto de órgãos, pessoas jurídicas e agentes que o nosso
ordenamento jurídico identifica como administração pública, não importando a atividade que exerça.
Assim temos que, em regra, esses órgãos, entidades e agentes públicos desempenham função administrativa, internamente na estru-
tura administrativa.
Portanto, somente considera-se Administração Pública, sob análise jurídica, a organização administrativa que o ordenamento jurídi-
co brasileiro vigente assim o considerar, não importando a atividade que exercer.
A administração pública é composta exclusivamente por órgãos integrantes da administração direta, e, pelas entidades da adminis-
tração indireta.

2. PRINCÍPIOS BÁSICOS DO DIREITO


ADMINISTRATIVO.

A Administração Pública é a atividade do Estado exercida pelos seus órgãos encarregados do desempenho das atribuições públicas,
em outras palavras é o conjunto de órgãos e funções instituídos e necessários para a obtenção dos objetivos do governo.
A atividade administrativa, em qualquer dos poderes ou esferas, obedece aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência, como impõe a norma fundamental do artigo 37 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,
que assim dispõe em seu caput: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte”.

Princípio da Legalidade: Este é o principal conceito para a configuração do regime jurídico-administrativo, pois se justifica no sen-
tido de que a Administração Pública só poderá ser exercida quando estiver em conformidade com a Lei.
O administrador não pode agir, nem mesmo deixar de agir, senão de acordo com o que dispõe a lei. Para que a administração possa
atuar, não basta à inexistência de proibição legal, é necessária para tanto a existência de determinação ou autorização da atuação admi-
nistrativa na lei. Os particulares podem fazer tudo o que a lei não proíba, entretanto a Administração Pública só pode fazer aquilo que a
lei autorizar.

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Importante ainda esclarecer que a administração pública está obrigada, no exercício de suas atribuições, à observância não apenas
dos dispositivos legais, mas também em respeito aos princípios jurídicos como um todo, inclusive aos atos e normas editadas pela pró-
pria administração pública.

Princípio da Impessoalidade: Por tal princípio temos que a Administração Pública tem que manter uma posição de neutralidade
em relação aos seus administrados, não podendo prejudicar nem mesmo privilegiar quem quer que seja. Dessa forma a Administração
pública deve servir a todos, sem distinção ou aversões pessoais ou partidárias, buscando sempre atender ao interesse público.
Impede o princípio da impessoalidade que o ato administrativo seja emanado com o objetivo de atender a interesses pessoais do
agente público ou de terceiros, devendo ter a finalidade exclusivamente ao que dispõe a lei, de maneira eficiente e impessoal.
Ressalta-se ainda que o princípio da impessoalidade tem estreita relação com o também principio constitucional da isonomia, ou
igualdade, sendo dessa forma vedada perseguições ou benesses pessoais.

Princípio da Moralidade: Tal princípio vem expresso na Constituição Federal no caput do artigo 37, que trata especificamente da
moral administrativa, onde se refere à ideia de probidade e boa-fé.
A partir da Constituição de 1988, a moralidade passou ao status de principio constitucional, dessa maneira pode-se dizer que um ato
imoral é também um ato inconstitucional.
A falta da moral comum impõe, nos atos administrativos a presença coercitiva e obrigatória da moral administrativa, que se constitui
de um conjunto de regras e normas de conduta impostas ao administrador da coisa pública.
Assim o legislador constituinte utilizando-se dos conceitos da Moral e dos Costumes uma fonte subsidiária do Direito positivo,
como forma de impor à Administração Pública, por meio de juízo de valor, um comportamento obrigatoriamente ético e moral no exer-
cício de suas atribuições administrativas, através do pressuposto da moralidade.
A noção de moral administrativa não esta vinculada às convicções intimas e pessoais do agente público, mas sim a noção de atuação
adequada e ética perante a coletividade, durante a gerência da coisa pública.

Princípio da Publicidade: Por este principio constitucional, temos que a administração tem o dever de oferecer transparência de
todos os atos que praticar, e de todas as informações que estejam armazenadas em seus bancos de dados referentes aos administrados.
Portanto, se a Administração Pública tem atuação na defesa e busca aos interesses coletivos, todas as informações e atos praticados
devem ser acessíveis aos cidadãos.
Por tal razão, os atos públicos devem ter divulgação oficial como requisito de sua eficácia, salvo as exceções previstas em lei, onde
o sigilo deve ser mantido e preservado.

Princípio da Eficiência: Por tal principio temos a imposição exigível à Administração Pública de manter ou ampliar a qualidade dos
serviços que presta ou põe a disposição dos administrados, evitando desperdícios e buscando a excelência na prestação dos serviços.
Tem o objetivo principal de atingir as metas, buscando boa prestação de serviço, da maneira mais simples, mais célere e mais eco-
nômica, melhorando o custo-benefício da atividade da administração pública.
O administrador deve procurar a solução que melhor atenda aos interesses da coletividade, aproveitando ao máximo os recursos
públicos, evitando dessa forma desperdícios.

PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A doutrina administrativa adota diversos princípios implícitos que norteiam a atividade administrativa do Estado, entretanto, nos
preocupamos em elencar os principais, senão vejamos:

Princípio da Supremacia do Interesse Público: Tal Princípio, muito embora não se encontre expresso no enunciado do texto consti-
tucional é de suma importância para a atividade administrativa, tendo em vista que, em decorrência do regime democrático adotado pelo
Brasil, bem como o seu sistema representativo, temos que toda a atuação do Poder Público seja consubstanciada pelo interesse público
e coletivo.
Assim, para que o Estado possa atingir a finalidade principal que lhe foi imposta pelo ordenamento jurídico, qual seja, o interesse
público, é assegurado a administração pública uma série de prerrogativas, não existente no direito privado, para que se alcance a vontade
comum da coletividade.
Assim, a supremacia do interesse público deve se sobressair sobre os direitos particulares dos administrados, pois decorre deste
princípio que, na hipótese de haver um conflito entre o interesse público e os interesses de particulares, é evidente e lógico que a vontade
comum e o interesse coletivo deve prevalecer, respeitados os princípios do devido processo legal, e do direito adquirido.

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Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público: Em decorrência do princípio da indisponibilidade do interesse público são veda-
dos ao administrador da coisa pública qualquer ato que implique em renúncia a direitos da administração, ou que de maneira injustificada
e excessiva onerem a sociedade.
Dessa maneira, a administração pública deve ter sai ação controlada pelo povo, por meios de mecanismos criados pelo Estado para
esta finalidade, visto que o interesse público não pode ser disponível.

Princípio da Autotutela: O direito Administrativo, diante de suas prerrogativas confere à Administração Pública o poder de corrigir
de oficio seus próprios atos, revogando os irregulares e inoportunos e anulando os manifestamente ilegais, respeitado o direito adquirido
e indenizando os prejudicados, cuja atuação tem a característica de autocontrole de seus atos, verificando o mérito do ato administrativo
e ainda sua legalidade;

Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade: A Administração deve agir com bom senso, de modo razoável e proporcional à
situação fática que se apresenta.
A legislação proporciona ao Administrador Público margem de liberdade para atuar durante a execução da atividade administrativa,
ficando limitado pelo Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade a arbitrariedade administrativa, sendo certo que a carência de
observância a tal Princípio configura em abuso de poder.

Princípio da Continuidade: Os serviços públicos não podem parar, devendo manter-se sempre em funcionamento, dentro das formas
e períodos próprios de sua regular prestação, dada a importância que a execução de tais serviços públicos representa a coletividade.
Assim a prestação da atividade administrativa deve ser executada de forma contínua, sendo certo que tal Princípio influencia forte-
mente a determinação e limitação legal imposta aos servidores públicos a realização de greves, visto que os serviços públicos considera-
dos essenciais para a coletividade não poderá sofrer prejuízos em razão de greves ou paralisações de seus agentes públicos.

3. ÓRGÃOS PÚBLICOS: CONCEITO;


CRIAÇÃO E EXTINÇÃO; CLASSIFICAÇÕES.

ÓRGÃOS PÚBLICOS:

De acordo com os ensinamentos do jurista administrativo Celso Antônio Bandeira de Mello, órgãos públicos são: “unidades abs-
tratas que sintetizam os vários círculos de atribuições do Estado. Por se tratar, tal como o próprio Estado, de entidades reais, porém
abstratas (seres de razão), não têm nem vontade nem ação, no sentido de vida psíquica ou anímica próprias, que, estas, só os seres
biológicos podem possuí-las. De fato, os órgãos não passam de simples repartições de atribuições, e nada mais.”
É uma unidade estatal com atribuição específica dentro da organização do Estado. É composto por agentes públicos que dirigem e
compõem o órgão, voltado para o cumprimento de uma atividade a ser desenvolvida pelo Estado. Em outras palavras, os órgãos públicos
são unidades integrantes da estrutura administrativa de uma mesma pessoa jurídica nas quais são agrupadas as competências a serem
exercídas por meio de seus agentes públicos, ou seja, são simples conjutos de competência, sem personalidade jurídica própria, resulta-
dos de uma técnica de organização administrativa conhecida como “desconcentração”
Os órgãos públicos formam a estrutura do Estado, mas não têm personalidade jurídica, uma vez que são apenas parte de uma estru-
tura maior, essa sim detentora de personalidade.
Como parte da estrutura superior, o órgão público não tem vontade própria, limitando-se a cumprir suas finalidadades dentro da
competência funcional que lhes foi determinada decorrente da organização estatal.

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CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS:

A doutrina administrativa majoritária para a classificação dos órgãos públicos adota alguns critérios de divisão por classes, quais são:
posição estatal; estrutura; atuação funcional.

QUANTO À POSIÇÃO ESTATAL:

- Órgãos independentes- São os definidos na Constituição e representativos dos Poderes do Estado. Não possuem qualquer su-
bordinação hierárquica e somente são controlados uns pelos outros. Ex.: Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, Senado Federal,
Chefias do Executivo, Tribunais e Juízes, Ministério Público e Tribunais de Contas.

- Órgãos autônomos - São os subordinados diretamente à cúpula da Administração. Têm ampla autonomia administrativa, financei-
ra e técnica, caracterizando-se como órgãos diretivos, com funções de planejamento, supervisão, coordenação e controle das atividades
que constituem sua área de competência. Seus dirigentes são, em geral, agentes políticos nomeados em comissão. São os Ministérios e
Secretarias, bem como a AGU (Advocacia-Geral da União) e as Procuradorias dos Estados e Municípios.

- Órgãos superiores - Detêm poder de direção, controle, decisão e comando dos assuntos de sua competência específica. Repre-
sentam as primeiras divisões dos órgãos independentes e autônomos. Ex.: Gabinetes, Coordenadorias, Departamentos, Divisões, etc.

- Órgãos subalternos - São os que se destinam à execução dos trabalhos de rotina, cumprindo ordens superiores. Ex.: portarias,
seções de expediente, etc.

QUANTO À ESTRUTURA:

- Órgãos Simples: são também conhecidos por unitários, ou unos, são aqueles que possuem apenas um centro único de competência,
sua característica fundamental é a ausência de outro órgão em sua estrutura, para auxiliá-lo no desempenho de suas funções

- Órgãos Compostos: São queles os quais detém estruturas compostas por outros órgãos menores, seja com desempenho de função
principal seja de auxilio nas atividades, as funções são distribuídas em vários centros de competência, sob a supervisão do órgão de
chefia, respeitadas as ordens hierárquicas.

- Órgãos Federais: São os órgãos ligados a administração pública central localizada na esfera federal, a Caixa Econômica Federal
(CEF) é uma das empresas.
QUANTO À ATUAÇÃO FUNCIONAL:

- Órgãos Singulares: são aqueles que decidem e atuam por meio de um único agente, o superior hierárquico. Os órgãos singulares
possuem vários agentes auxiliares, mas sua característica de singularidade é expressa pelo desenvolvimento de sua função por um único
agente, em geral o titular.

- Órgãos Coletivos: são aqueles que decidem pela manifestação de vários membros, de forma conjunta e por maioria de votos, sem a
prevalência da vontade de um chefe prebiamente determinado. A vontade da maioria é imposta de forma legal, regimental ou estatutária.

TEORIA DO ÓRGÃO:

Pela Teoria do Órgão, amplamente adotada por nossa doutrina e jurisprudência administrativa, presume-se que a pessoa jurídica
de direito público manifesta suas vontades por meio dos seus órgãos, que são partes integrantes da própria estrutura da Administração
Pública ou centros de competências criados para expressar a vontade do Estado, de tal modo que, quando os agentes que atuam nestes
órgãos manifestam sua vontade, considera-se que esta foi manifestada pelo próprio Estado.
A Teoria do Órgão é muito utilizada para justificas à validade dos atos praticados por agentes públicas, quando atuam no exercício
regular de suas atribuições, pois considera-se que o ato praticado pelo agente público é ato emanado do órgão ao qual atua e está vincu-
lado, assim, é considerado como ato administrativo.
Deve-se esclarecer que não é qualquer ato que será imputado à Administração Pública. É necessário que o ato revista-se, ao menos,
de aparência de ato jurídico público legítimo e seja praticado por alguém que se deva presumir ser um agente público devidamente in-
vestido no cargo. Fora desses casos, o ato não será considerado ato do Estado.
Assim, para que possa haver a imputação, a pessoa que pratica o ato administrativo deve fazê-lo em uma situação tal que leve o
administrado a presumir regular sua atuação.

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4. ADMINISTRAÇÃO DIRETA E
INDIRETA; CONCEITO E COMPOSIÇÃO;
ADMINISTRAÇÃO FEDERAL, ESTADUAL E
MUNICIPAL; AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES
PÚBLICAS, EMPRESAS PÚBLICAS E
SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA.

ADMINISTRAÇÃO DIRETA

É o conjunto de órgãos que integram as pessoas políticas do Estado (União, estados, municípios e Distrito Federal), aos quais foi
atribuída competência para o exercício, de maneira centralizada, de atividades administrativas, é composta por órgãos ligados diretamen-
te ao poder central, seja na esfera federal, estadual ou municipal.
A organização da Administração Pública Federal está regulamentada por meio do Decreto 200/67, que assim dispõe sobre a Admi-
nistração Direta:

DECRETO-LEI Nº 200, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1967.

Art. 4° A Administração Federal compreende:


I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos
Ministérios.

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

É o conjunto de pessoas jurídicas – desprovidas de autonomia política – que, vinculadas à Administração Direta, têm a competência
para o exercício, de maneira descentralizada, de atividades administrativas.
São composta por entidades com personalidade jurídica própria, que foram criadas para realizar atividades de Governo de forma
descentralizada.
São exemplos as Autarquias, Fundações, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista.
A organização da Administração Pública Federal está regulamentada por meio do Decreto 200/67, cujo texto legal se aplica as pes-
soas jurídicas estaduais, municipais e distritais, que assim dispõe sobre a Administração Indireta:

DECRETO-LEI Nº 200, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1967.

Art. 4° A Administração Federal compreende:


...
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:
a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
d) fundações públicas. Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administração Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja
área de competência estiver enquadrada sua principal atividade.

Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:


I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar ati-
vidades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descen-
tralizada.
II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo
da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por forca de contingência ou
de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.

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III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a explora-
ção de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou
a entidade da Administração Indireta.
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de
autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com
autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da
União e de outras fontes.
§ 1º No caso do inciso III, quando a atividade for submetida a regime de monopólio estatal, a maioria acionária caberá apenas à
União, em caráter permanente.
§ 2º O Poder Executivo enquadrará as entidades da Administração Indireta existentes nas categorias constantes deste artigo.
§ 3º As entidades de que trata o inciso IV deste artigo adquirem personalidade jurídica com a inscrição da escritura pública de
sua constituição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, não se lhes aplicando as demais disposições do Código Civil concernentes às
fundações.

Assim, temos doutrinariamente:

Autarquias: É o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades
típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.
Trata-se de pessoa jurídica de direito público, o que significa dizer que tem praticamente as mesmas prerrogativas e sujeições da
administração direta. O seu regime jurídico pouco se diferencia do estabelecido para os órgãos da Admininstração Direta, aparecendo,
perante terceiros, como a própria Administração Pública. Difere da União, Estados e Municípios (pessoas públicas políticas) por não
ter capacidade política, ou seja, o poder de criar o próprio direito, é pessoa pública administrativa, porque tem apenas o poder de auto-
-administração, nos limites estabelecidos em lei.
Desta forma, temos que a autarquia é um tipo de administração indireta e está diretamente relacionada à administração central, visto
que não pode legislar em relação a si, mas deve obedecer à legislação da administração à qual está subordinada.
É ainda importante destacar que as autarquias possuem bens e receita próprios, assim, não se confundem com bens de propriedade
da Administração direta à qual estão vinculadas. Igualmente, são responsáveis por seus próprios atos, não envolvendo a Administração
central, exceto no exercício da responsabilidade subsidiária.

Empresa Pública: Trata-se da entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclu-
sivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por forca de contingência
ou de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.
Sendo considerada como pessoa jurídica de direito privado, cuja administração fica sob responsabilidade exclusivamente pelo Poder
Público, instituído por um ente estatal, com a finalidade definida em lei específica e sendo de propriedade única do Estado.
A finalidade pode ser de atividade econômica ou de prestação de serviços públicos. Trata-se de pessoa jurídica que tem sua criação
autorizada por lei, como instrumento de ação do Estado, dotada de personalidade de direito privado mas submetida a certas regras decor-
rente da finalidade pública, constituídas sob qualquer das formas admitidas em direito, cujo capital seja formado por capital formado uni-
camente e exclusivamente por recursos públicos de pessoa de administração direta ou indireta. Pode ser Federal, municipal ou estadual.
Sociedade de Economia Mista: É a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de
atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade
da Administração Indireta.
Trata-se de uma sociedade na qual há colaboração entre o Estado e particulares ambos reunindo e unificando recursos para a realiza-
ção de uma finalidade, sempre de objetivo econômico. A sociedade de economia mista é uma pessoa jurídica de direito privado e não se
beneficia de isenções fiscais ou de foro privilegiado. O Estado poderá ter uma participação majoritária ou minoritária; entretanto, mais
da metade das ações com direito a voto devem pertencer ao Estado. A sociedade de economia mista é do gênero de sociedade anonima,
e seus funcionários são regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT.

Fundação Pública: É a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de au-
torização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com
autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da
União e de outras fontes.
As fundações públicas são organizações dotadas de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criadas para um
fim específico de interesse coletivo, como educação, cultura e pesquisa, sempre merecedoras de um amparo legal. As fundações públicas
são autonomas admininstrativamente, patrimônio próprio, e funcionamento custeado, principalmente, por recursos do poder público,
mesmo que sob a forma de prestação de serviços.

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5. ATOS ADMINISTRATIVOS: ELEMENTOS,


CARACTERÍSTICAS, DESFAZIMENTO,
ANULAÇÃO E REVOGAÇÃO.

CONCEITO:

Atos administrativos são espécies do gênero “ato jurídico”, ou seja, são manifestações humanas, voluntárias, unilaterais e destinadas
diretamente à produção de efeitos no mundo jurídico.
De acordo com os ensinamentos do jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, ato administrativo pode ser conceituado como:
“declaração do Estado (ou de quem lhe faça às vezes – como, por exemplo, um concessionário de serviço público), no exercício de
prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas
a controle de legitimidade por órgão jurisdicional”.
Segundo o conceito formulado por Hely Lopes Meirelles, temos que: “ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade
da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e
declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”.
Para Maria Sylvia Di Pietro, ato administrativo pode ser definido como: “a declaração do Estado ou de quem o represente, produz
efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito público e sujeita a controle pelo Judiciário”.
Dessa forma, temos que é por meio do ato administrativo que a função administrativa se concretiza, sendo toda a exteriorização da
vontade do Estado, executada pelos agentes públicos, objetivando alcançar o interesse coletivo.
Portanto, ato administrativo é a manifestação ou declaração da Administração Pública, editada pelo Poder Público, através de seus
agentes, no exercício concreto da função administrativa que exerce, ou de quem lhe faça às vezes, sob as regras de direito público, com
a finalidade de preservar e alcançar os interesses da coletividade, passível de controle Jurisdicional.

REQUISITOS E ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO:

A doutrina administrativa é pacifica em apontar cinco requisitos básicos, ou elementos dos atos administrativos: competência, fina-
lidade, forma, motivo e objeto.
Além dos requisitos elaborados pela doutrina administrativa, aplicam-se aos atos administrativos os requisitos gerais de todos os
atos jurídicos perfeitos, como agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não proibida em lei.
Trata-se de requisitos fundamentais para a validade do ato administrativo, pois o ato que for editado ou praticado em desacordo com
o que o ordenamento jurídico estabeleça para cada requisito, será, via de regra, um ato nulo.

Competência: O requisito da Competência pode ser definido como o poder legal conferido ao agente público para o desempenho
regular e específico das atribuições de seu cargo.
A competência é a condição primeira de validade do ato administrativo, onde deve haver uma análise sobre a incidência ou não da
capacidade específica e legalmente definida para a prática do ato.
Importante observar que a noção de competência do agente, na esfera do Direito Administrativo, alcança, além do agente, também
o órgão do Estado que ele representa.
Dessa forma, conclui-se que competência é prerrogativa do Estado, exercitada por seus agentes, respeitada a hierarquia e distribui-
ção constitucional de atribuições.
A competência é um elemento, ou requisito, sempre vinculado, ou seja, não há possibilidade de escolha na determinação da compe-
tência para a prática de um ato, tendo em vista que tal vinculação decorre de lei.
Para os estudos sobre o requisito da competência do ato administrativo, se mostra necessário e oportuno mencionar a existência das
figuras da avocação de competência e a delegação de competência.
A avocação é o ato mediante o qual o superior hierárquico traz para si o exercício temporário de certa competência atribuída por lei
a um subordinado, devendo ser medida excepcional e de caráter precário, sendo que a avocação não será possível quando se tratar de
competência exclusiva do subordinado.
A delegação, doutro modo é o ato mediante o qual o superior hierárquico delega para seu subordinado ou a outro órgão, competência
que lhe pertence, também tem a característica de ser temporário e revogável a qualquer momento, devendo seguir os limites previstos
em lei,

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Nos casos em que houver avocação ou delegação de competência não se verifica a transferência da titularidade da competência,
apenas o seu exercício. Importante salientar que o ato de delegação ou avocação de competência é discricionário e revogável a qual-
quer momento.
Quando o agente público ou órgão atua fora, ou além, de sua esfera de competência, temos presente então uma das figuras de
abuso de poder, ou excesso de poder, que, nem sempre está obrigado à anulação do ato, visto que o vício de competência admite
convalidação, salvo quando se tratar de competência em razão da matéria ou de competência exclusiva.

Finalidade: Ao editar determinado ato administrativo, o Poder Público deve perseguir o interesse público. É o objetivo principal
que a Administração Pública pretende alcançar com a prática do ato administrativo.
Dessa maneira a finalidade do ato deve ser sempre o interesse da coletividade e a finalidade específica prevista em lei para aquele
ato da administração.
Sendo requisito de validade do ato, é nulo qualquer ato praticado visando exclusivamente o interesse privado, ou seja, o desa-
tendimento a qualquer das finalidades do ato administrativo configura vício insanável, com a obrigatória anulação do ato. O vício de
finalidade é denominado pela doutrina como desvio de poder, configurando em uma das modalidades do abuso de poder.

Forma: é o modo de exteriorização do ato administrativo. Todo ato administrativo, em principio, deve ser formal, e a forma exi-
gida pela lei quase sempre é escrita, em atendimento inclusive ao principio constitucional de publicidade.
A forma, ou formalidade é o conjunto de exterioridades que devem ser observadas para a regularidade do ato administrativo.
Assim, temos que todo ato administrativo é formal, pelo que sua falta resulta, necessariamente, na inexistência do ato administrativo.
A forma do ato administrativo pode ser entendido em dois sentidos, no amplo e no estrito.
Em sentido amplo, a forma do ato administrativo é o procedimento previsto em lei para a prática regular do ato.
Seu sentido estrito refere-se ao conjunto de requisitos formais que devem constar no próprio ato administrativo, de acordo com
suas formalidades próprias.

Motivo: É a causa imediata do ato administrativo, é a situação fática, ou jurídica, que determina ou possibilita a atuação adminis-
trativa, razão pela qual todo ato administrativo deve ser motivado, assim temos que o motivo é elemento integrante do ato.
O motivo do ato administrativo não se traduz apenas como um elemento, mas também como um pressuposto objetivo do ato em
si, pois o motivo que deu origem ao Ato Administrativo tornou-se regra jurídico-administrativa obrigatória.
Diante da possibilidade legal de controle externo do ato administrativo (exercido pelo Poder Judiciário e Poder Legislativo)
analisando a legalidade e legitimidade dos atos, a doutrina administrativa formulou a teoria dos motivos determinantes, que vincula
a realização do ato administrativo com os motivos que o originaram, sendo certo que o ato deve ser praticado por agente competente
e de acordo com as determinações legais.
A teoria dos motivos determinantes vincula a existência e a pertinência dos motivos (fáticos e legais) à efetiva realização do ato,
demonstrando os motivos que declarou como causa determinante a prática do ato.
Dessa maneira, caso seja comprovada a não ocorrência do motivo ou a situação declarada como determinante para a prática do
ato, ou então a inadequação entre a situação ocorrida e o motivo descrito na lei, o ato será nulo.
Não se pode confundir Motivo com Motivação, visto que Motivação é a declaração expressa dos motivos que determinaram e
justificaram a prática do ato administrativos.

Objeto: O objeto é o próprio conteúdo material do ato. O objeto do ato administrativo identifica-se com o seu conteúdo, por meio
do qual a administração manifesta sua vontade, ou simplesmente atesta situações preexistentes.
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, o objeto do ato administrativo “é aquilo que o ato dispõe, isto é, o que o ato
decide, enuncia, certifica, opina ou modifica na ordem jurídica”
Pode-se dizer que o objeto do ato administrativo é a própria alteração na esfera jurídica que o ato provoca, é o efeito jurídico
imediato que o ato editado produz.

ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS:

Entende-se por atributos as qualidades ou características dos atos administrativos, uma vez que requisitos dos atos administrati-
vos constituem condições de observância obrigatória para a sua validade, os atributos podem ser entendidos como as características
dos atos administrativos.
Os atributos dos atos administrativos citados pelos principais autores são: presunção de legitimidade; imperatividade; autoexe-
cutoriedade e tipicidade.

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Presunção de Legitimidade: A presunção de legitimidade, ou legalidade, é a única característica presente em todos os atos admi-
nistrativos.
Assim, uma vez praticado o ato administrativo, ele se presume legítimo e, em princípio, apto para produzir os efeitos que lhe são
inerentes, cabendo então ao administrado a prova de eventual vício do ato, caso pretenda ver afastada a sua aplicação, dessa maneira
verificamos que o Estado, diante da presunção de legitimidade, não precisa comprovar a regularidade dos seus atos.
Dessa maneira, mesmo quando eivado de vícios, o ato administrativo, até sua futura revogação ou anulação, tem eficácia plena
desde o momento de sua edição, produzindo regularmente seus efeitos, podendo inclusive ser executado compulsoriamente.

Imperatividade: Pelo atributo da imperatividade do ato administrativo, temos a possibilidade de a administração pública, de
maneira unilateral, criar obrigações para os administrados, ou então impor-lhes restrições.
Importante esclarecer que nem todos os atos administrativos são revestidos de imperatividade, mas, da mesma forma que ocorre
relativamente à presunção de legitimidade, os atos acobertados pela imperatividade podem, em princípio, ser imediatamente impostos
aos particulares a partir de sua edição.
Autoexecutoriedade: O ato administrativo possui força executória imediatamente a partir de sua edição, isso ocorre porque as deci-
sões administrativas trazem em si a força necessária para a sua auto execução.
A autoexecutoriedade dos atos administrativos fundamenta-se na natureza pública da atividade administrativa, cujo principal obje-
tivo é o atendimento ao interesse público.
Assim, a faculdade de revestimento do ato administrativo pela característica da autoexecução de seus atos se manifesta principal-
mente pela supremacia do interesse coletivo sobre o particular.
Os atos autoexecutórios são aqueles que podem ser materialmente implementados pela administração, de maneira direta, inclusive
mediante o uso de força, caso seja necessário, sem que a Administração Pública precise de uma autorização judicial prévia.

Tipicidade: Para a Profª. Maria Sylvia Di Pietro, a tipicidade é: “o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a
figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados”.
Visando a segurança jurídica aos administrados, o atributo da tipicidade garante que o ato administrativo deve corresponder a figuras
previamente estabelecidas pelo ordenamento jurídico vigente.

EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO:

O ato administrativo vigente permanecerá produzindo seus efeitos no mundo jurídico até que algo capaz de alterar essa condição
ocorra.
Uma vez publicado e eivado de vícios, terá plena vigência e deverá ser cumprido, em atendimento ao atributo da presunção de
legitimidade, até o momento em que ocorra formalmente a sua extinção, por meio da Anulação ou Revogação do Ato Administrativo.
O desfazimento do ato administrativo poderá ser resultante do reconhecimento de sua ilegitimidade, de vícios em sua formação, ou
então poderá ser declarada a falta de necessidade de sua validade.
Neste sentido o Supremo Tribunal Federal (STF) editou a Súmula 473 que assim garante: A administração pode anular seus pró-
prios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conve-
niência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Assim, o ato administrativo é considerado extinto quando ocorrer às principais formas de extinção.

Revogação: é modalidade de extinção de ato administrativo que ocorre por razões de oportunidade e conveniência da Administração
Pública, atendido o interesse coletivo.
A Administração Pública pode revogar um ato quando entender que, embora se trate de um ato válido, que atenda a todas as pres-
crições legais, não atende adequadamente ao interesse público no caso concreto.
Assim, temos que a revogação é a retirada, do mundo jurídico, de um ato válido, mas que, por motivos de oportunidade e conve-
niência (discricionariedade administrativa), tornou-se inoportuno ou inconveniente a sua manutenção.
Importante esclarecer que a medida de revogação de ato administrativo é ato exclusivo e privativo da Administração Pública que
praticou o ato revogado. Assim, o Poder Judiciário em hipótese alguma poderá revogar um ato administrativo editado pelo Poder Exe-
cutivo ou Poder Legislativo. Tal imposição decorre do Princípio da Autotutela do Estado em revogar seus próprios atos, de acordo com
sua vontade.
O ato revogatório não retroage para atingir efeitos passados do ato revogado, apenas impedindo que este continue a surtir efeitos,
assim, temos que a revogação do ato administrativo opera com o efeito “ex nunc”, ou seja, os efeitos da revogação não retroagem, pas-
sando a gerar seus regulares efeitos a partir do ato revogatório.

Didatismo e Conhecimento 9
DIREITO ADMINISTRATIVO
Anulação: ocorre quando um ato administrativo estiver eivado de vícios, relativos à legalidade ou legitimidade.
Assim que os vícios forem identificado pela própria Administração Pública, esta poderá anulá-lo de ofício. É possivel ainda que
algum cidadão identifique os vícios e ilegalidades do ato administrativo e comunique a Administração Pública, que poderá anulá-lo.
A anulação do ato administrativo quando estiver com vícios de ilegalidade ou ilegitimidade poderá ocorrer ainda por decisão funda-
mentada do Poder Judiciário. Entretanto, o Poder Judiciário não poderá atuar de oficio, deverá aguardar a impetração de medida judicial
por qualquer interessado na anulação do ato.
O controle de legitimidade ou legalidade deverá ocorrer em sua forma, nunca em relação ao mérito do ato administrativo.
Importante esclarecer que nem todo ato administrativo que estiver com vício de legalidade ou legitimidade deverá obrigatóriamente
ser anulado, antes deve ser verificado se tal vício é sanável ou insanável. Assim, quando se verificar que trata-se de um vício insanável, a
anulação do ato deve ser obrigatória, entretanto, quando se tratar de um vício sanável, o ato poder ser anulado ou convalidado, de acordo
com a discricionariedade conferida à Administração Pública, que irá efetuar análise de oportunidade e conveniência da manutenção dos
efeitos do ato administrativo.
A anulação age retroativamente, ou seja, todos os efeitos provocados pelo ato anulado também são nulos, daí surge o denominado
efeito “ex tunc”, que significa dizer justamente que, com a anulação, os efeitos do ato retroage desde a sua origem.

6. PODERES E DEVERES DOS


ADMINISTRADORES; PODER
DISCRICIONÁRIO, REGULAMENTAR,
PODER DE POLÍCIA; HIERARQUIA E
DISCIPLINA NA ADMINISTRAÇÃO.

DOS PODERES ADMINISTRATIVOS

A Administração é dotada de poderes ou prerrogativas instrumentais que garantem o efetivo desempenho de suas atribuições que
lhe são legalmente definidas.
Os poderes administrativos são o conjunto de prerrogativas que a Administração Pública possui para alcançar os fins almejados pelo
Estado, tais poderes são inerentes à Administração Pública para que esta possa proteger o interesse público. Encerram prerrogativas de
autoridade, as quais, por isso mesmo, só podem ser exercidas nos limites da lei.
Muito embora a expressão poder pareça apenas uma faculdade de atuação da Administração Pública, o fato é que os poderes admi-
nistrativos envolvem não uma mera faculdade de agir, mas sim um dever de atuar diante das situações apresentadas ao Poder Público.
Trata-se, portanto, de um poder-dever, no sentido de que a Administração Pública deve agir, na medida em que os poderes conferi-
dos ao Estado são irrenunciáveis. Entende-se dessa maneira a noção de deveres administrativos oriundos da obrigação do Poder Público
em atuar, utilizando-se dos poderes e prerrogativas atribuídos mediante lei.
O dever de agir está ligado à própria noção de prerrogativas públicas garantidas ao Estado, que enseja, por consequência, outros
deveres: dever de eficiência, dever de probidade, dever de prestar contas, dever de dar continuidade nos serviços públicos, entre outros.

PODER REGULAMENTAR

O Poder Regulamentar é o poder inerente e privativo do Chefe do Poder Executivo, indelegável a qualquer subordinado, trata-se do
poder atribuído ao chefe do Poder Executivo para editar atos, com o objetivo de dar fiel cumprimento ás leis.
Temos por regulamento como ato normativo, expedido através de decreto, com o fim de explicar o modo e a forma de execução da
lei, ou prover situações não disciplinadas em lei, importante destacar que o regulamento não tem a capacidade e a competência de inovar
o direito previsto em lei, não cria obrigações, apenas explica e detalha o direito, e, sobretudo, uniformiza procedimentos necessários
para o cumprimento e execução da lei.
O regulamento, portanto, constitui-se em um conjunto de normas que orientam a execução de uma determinada matéria.
Diante de tais conceitos podemos concluir que o regulamento é a explicitação da lei em forma de decreto executivo, não se inscre-
vendo como tal os decretos autônomos, até porque não há em nosso ordenamento jurídico o instituto dos regulamentos autônomo com
força de lei, cuja competência de edição fica sob a responsabilidade do Chefe do Poder Executivo.

Didatismo e Conhecimento 10
DIREITO ADMINISTRATIVO
PODER DE POLÍCIA:

A partir da Constituição Federal e das leis em nosso ordenamento jurídico, foi conferido uma série de direitos aos cidadãos, que por
sua vez, tem o seu pleno exercício vinculado com o bem estar social.
Assim, é por meio do Poder de Polícia que a Administração limita o exercício dos direitos individuais e coletivos com o objetivo de
assegurar a ordem pública, estabelecendo assim um nível aceitável de convivência social, esse poder também pode ser denominado de
polícia administrativa.
É o poder deferido ao Estado, necessário ao estabelecimento das medidas que a ordem, a saúde e a moralidade pública exigem. O
principio norteador da aplicação do Poder de Polícia é a predominância do interesse público sobre o interesse privado.
O Poder de Polícia resume-se na prerrogativa conferida a Administração Pública para, na forma e nos limites legais, condiciona ou res-
tringe o uso de bens, exercício de direitos e a pratica de atividades privadas, com o objetivo de proteger os interesses gerais da coletividade.
Assim, é a atividade do Estado que consiste em limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público.
Mesmo sendo considerado como poder discricionário da Administração, o Poder de Polícia é controlado e limitado pelo ordena-
mento jurídico que regulam a atuação da própria Administração, isto porque o Estado deve sempre perseguir o interesse público, mas
sem que haja ofensa aos direitos individuais garantidos por lei.
Dessa forma, podemos concluir que o Poder de Polícia é um poder de vigilância, cujo objetivo maior é o bem-estar social, impe-
dindo que os abusos dos direitos pessoais possam ameaçar os direitos e interesses gerais da coletividade.
Decorre, portanto do Poder de Polícia, a aplicação de sanções para fazer cumprir suas determinações, fundamentadas na lei,
e assim, diversas são as sanções passiveis de aplicação, previstas nas mais variadas e esparsas leis administrativas, que podem ser
aplicadas no âmbito da atividade de polícia administrativa.

Poder de Polícia Administrativa:


O Poder de Polícia Administrativa tem o objetivo principal da manutenção da ordem pública em geral, atuando em situações em
que é possível a prevenção de possíveis cometimentos de infrações legais, entretanto, poderá atuar tanto preventivamente como de
forma repressiva, porem, em ambos os casos, a atuação da Policia Administrativa tem a finalidade de evitar e impedir comportamen-
tos dos indivíduos que possam causar prejuízos para a sociedade.
O Poder de Polícia Administrativa visa à proteção específica de valores sociais, vedando a práticas de condutas que possam ameaçar
a segurança pública, a ordem pública, a tranquilidade e bem estar social, saúde e higiene coletiva, a moralidade pública, entre outras.
Importante esclarecer que o poder de polícia administrativa incide sobre atividades e sobre bens, não diretamente sobre os ci-
dadãos, haja vista que não existem sanções aplicadas decorrentes do poder de polícia administrativa que impliquem em restrição ao
direito de liberdade das pessoas como detenção e prisão.
Assim, várias são as sanções decorrentes do poder de polícia administrativa, tais como: multa administrativa; demolição de cons-
truções irregulares; apreensão de mercadorias com entrada irregular no território nacional; interdição de estabelecimento comerciais
que estão em desacordo com a lei; embargos administrativos a obras, entre outras.

Poder de Polícia Judiciária:


A Polícia Judiciária desenvolve e executa atividades de caráter repressivo e ostensivo, ou seja, possui o dever de reprimir atividades
infratoras a lei por meio da atuação policial em caráter criminal, com sua consequente captura daqueles que infringirem a lei penal.
Assim, a Polícia Judiciária atua em defesa dos preceitos estabelecidos no Código Penal Brasileiro, com foco em sua atuação nas
atividades consideradas crime pela lei penal, tendo características e prerrogativas ostensivas, repressivas e investigativas.
A atuação da Polícia Judiciária incide sobre as pessoas, sendo exercido pelos órgãos especializados do Estado como a Polícia
Civil e a Polícia Militar, sendo certo que tais atividades repressoras e ostensivas objetiva auxiliar o Poder Judiciário, em sua ativi-
dade jurisdicional, na aplicação da lei em casos concretos, fornecendo o conjunto probatório suficiente para condenar ou absolver o
cidadão apresentado a Justiça Pública.

Diferenças entre Polícia Administrativa e Polícia Judiciária:


Diante dos conceitos e explicações acima formuladas, passamos a identificar as principais diferenças entre a atuação da policia
administrativa e a polícia judiciária.
A Polícia Administrativa é regida pelas normas do Direito Administrativo, sendo considerada infração administrativa a não
observância aos preceitos normativos constantes das normas e regulamentos administrativos, enquanto que a polícia judiciária é
regulamentada pelas normas do Direito Penal e Processual Penal.
A atividade de polícia administrativa é executada pelos órgãos e agentes públicos escalonados e mantidos pela Administração
Pública, a polícia judiciária por sua vez tem suas atividades executadas privativamente por organizações especializadas no combate
e repressão a pratica criminosa, ou seja, pela Polícia Civil e Polícia Militar.
As penalidades no caso da polícia administrativa incidem exclusivamente em produtos e serviços, enquanto as penalidades pre-
vistas para a atuação da polícia judiciária recaem sobre pessoas, podendo em alguns casos ocorrer em face de apreensão de produtos,
desde que sejam de origem criminosa.

Didatismo e Conhecimento 11
DIREITO ADMINISTRATIVO
Características do Poder de Polícia:
A doutrina administrativa majoritária considera as principais características do Poder de Polícia:

- Autoexecutoriedade: Constitui prerrogativa aos atos emanados por força do poder de polícia a característica autoexecutória imedia-
tamente a partir de sua edição, isso ocorre porque as decisões administrativas trazem em si a força necessária para a sua auto execução.
Os atos autoexecutórios do Poder de Polícia são aqueles que podem ser materialmente implementados pela administração, de
maneira direta, inclusive mediante o uso de força, caso seja necessário, sem que a Administração Pública precise de uma autorização
judicial prévia.
A autoexecutoriedade dos atos administrativos fundamenta-se na natureza pública da atividade administrativa, em razão desta,
atendendo o interesse público, assim, a faculdade de revestimento do ato administrativo pela característica da autoexecução de seus
próprios atos se manifesta principalmente pela supremacia do interesse coletivo sobre o particular.

- Coercibilidade: Trata-se da imposição coercitiva das decisões adotadas pela Administração Pública, objetivando a garantia do
cumprimento, mesmo que forçado, do ato emanado mediante o Poder de Polícia.
Cumpre esclarecer que todo ato de Polícia tem caráter imperativo e obrigatório, ou seja, temos a possibilidade de a administração
pública, de maneira unilateral, criar obrigações para os administrados, ou então impor-lhes restrições.
Dessa forma, não existe ato de polícia de cumprimento facultativo pelo administrado, haja vista que todo o ato adotado com
fundamento no Poder de Polícia admite a coerção estatal para fim de torná-lo efetivo, sendo certo que tal coerção independe de prévia
autorização judicial.
- Discricionariedade: Os atos discricionários são aqueles que a Administração Pública pode praticar com certa liberdade de
escolha e decisão, sempre dentro dos termos e limites legais, quanto ao seu conteúdo, seu modo de realização, sua oportunidade e con-
veniência administrativa.
Dessa maneira, na edição de um ato discricionário, a legislação outorga ao agente público certa margem de liberdade de escolha,
diante da avaliação de oportunidade e conveniência da pratica do ato.

Limites do Poder de Polícia:


Muito embora a Discricionariedade seja característica do ato emanado com fundamento no Poder de Polícia, a lei impõe alguns
limites quanto à competência, à forma e aos fins almejados pela Administração Pública, não sendo o Poder de Polícia um poder absoluto,
visto que encontra limitações legais.
Não podemos perder de vista que toda a atuação administrativa, seja em que esfera for, deve obediência ao principio administrativo
constitucional da Legalidade, devidamente previsto no artigo 37 da Constituição Federal.
Assim, toda atuação administrativa pautada dentro dos limites legais, seja quanto à competência do agente que executou a atividade
administrativa ou então a forma em que foi realizada, será considerada um ato legal e legítimo, desde que atenda o interesse coletivo.
De outra forma, o ato administrativo que for praticado com vícios de competência, ilegalidades, ilegitimidades, ou ainda que con-
trariem o interesse público, será considerado um ato ilegal, praticado com abuso ou desvio de poder.
Os limites impostos à atuação do poder de polícia se destinam a vedar qualquer manifestação administrativa revestida de arbitra-
riedade e ilegalidade por parte do agente público, sendo certo que todo e qualquer ato administrativo poderá ser levado a analise de
legalidade pelo Poder Judiciário, que tem o poder jurisdicional de anular ato ilegal ou ilegítimo.

PODER HIERÁRQUICO

O Poder Hierárquico é o poder de que dispõe o Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos e a atuação de seus
agentes, estabelecendo assim a relação de subordinação.
Importante esclarecer que hierarquia caracteriza-se pela existência de níveis de subordinação entre órgãos e agentes públicos,
sempre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica. Assim, podemos verificar a presença da hierarquia entre órgãos e agentes na esfera
interna da Administração Direta do Poder Executivo, ou então hierarquia entre órgãos e agentes internamente de uma fundação pública.
Caracterizam-se pelo poder de comando de agentes administrativos superiores sobre seus subordinados, contendo a prerrogativa de
ordenar, fiscalizar, rever, delegar tarefas a seus subordinados.
É o poder que dispõe o Executivo para distribuir e organizar as funções de seus agentes e órgãos, estabelecendo relação de subordinação
entre seus servidores, tal subordinação, vale destacar, é de caráter interno, somente é aplicável dentro da própria Administração Pública.
A hierarquia estabelece uma ordem de importância gerando forma às relações de coordenação e de subordinação entre os agentes
públicos, adquirindo assim uma relação de subordinação escalonada objetivando a ordem das atividades administrativas.
Para a preservação do principio hierárquico é indispensável mencionar que o descumprimento de ordem de superior hierárquico
constitui-se em ato ilícito, passível de punição administrativa e penal. Assim o servidor público subalterno deve estrita obediência às
ordens e demais instruções legais de seus superiores.

Didatismo e Conhecimento 12
DIREITO ADMINISTRATIVO
PODER DISCIPLINAR

O Poder Disciplinar é o poder de punir internamente não só as infrações funcionais dos servidores, sendo indispensável à apuração
regular da falta, mas também as infrações de todas as pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração.
Decorre da supremacia especial que o Estado exerce sobre todos aqueles que se vinculam à Administração.
O Poder Disciplinar não pode ser confundido ainda com o Poder Hierárquico, porém a ele está vinculado e é correlato. Pelo descum-
primento do poder hierárquico o subalterno pode ser punido administrativa ou judicialmente. É assim a aplicação do poder disciplinar,
a faculdade do hierarca de punir administrativamente o subalterno, dentro dos limites legais, dessa faculdade de punir verifica-se a exis-
tência, mesmo que mínima, da discricionariedade administrativa, pois há análise de conveniência e oportunidade.
Também não se confunde com o poder punitivo do Estado, que é realizado através do Poder Judiciário e é aplicado com finalidade
social, visando à repressão de crimes e contravenções devidamente tipificados nas leis penais.
O poder disciplinar é exercido como faculdade punitiva interna da Administração Pública e por isso mesmo só abrange as infrações
relacionadas com o serviço público.
Em se tratando de servidor público, as penalidades disciplinares vêm definidas dos respectivos Estatutos.
Cumpre ressaltar que a atuação do Poder Disciplinar deve obedecer necessariamente aos princípios informativos e constitucionais
da Administração, entre eles o principio da legalidade e o principio da motivação, aos quais se anexa ao principio da ampla defesa, do
contraditório e do devido processo legal.

7. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS:
CONCEITO, SUJEITOS E ESPÉCIES.

CONCEITO: Contrato, sejam eles de caráter público ou privado, é a convenção estabelecida entre duas ou mais pessoas, com as
respectivas manifestações de vontades, para constituir, regulamentar ou extinguir entre as partes uma relação jurídica, sendo certo que
para a validade do contrato exige acordo de vontades, agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não proibida em lei.
Assim, segundo os ensinamentos do jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, temos o conceito de contratos administrativos:

“É um tipo de avença travada entre a Administração e terceiros na qual, por força de lei, de cláusulas pactuadas ou do tipo do ob-
jeto, a permanência do vínculo e as condições preestabelecidas assujeitam-se a cambiáveis imposições de interesse público, ressalvado
os interesses patrimoniais do contratante privado”.
Em outras palavras, temos que contrato administrativo é a convenção firmada pela Administração Pública, agindo nesta qualidade,
com particulares ou então com outras entidades administrativas mesmo, nos termos pactuados pela contratante (administração pública),
de acordo com o interesse coletivo, e sob a esfera do direito público, ficando o particular contratado condicionado a suportar as cláusulas
impostas pela administração, em razão do atendimento do interesse público.
Não se pode confundir contrato administrativo com contrato da administração, visto que nos contratos da administração, temos o
ajuste firmando entre a administração pública e o particular, entretanto, o poder público não figura utilizando-se de suas prerrogativas,
sendo que tal avença é regida pelo direito privado.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS:

Em razão dos poderes e prerrogativas conferidos a Administração Pública, fica autorizada a determinar alterações e modificações
nas prestações devidas pelo particular contratado, em razão das necessidades públicas, e ainda tem o poder de acompanhar e fiscalizar
sistematicamente a execução, podendo impor sanções estipuladas previamente quando irregularidades a ensejarem e a rescindir o con-
trato de forma unilateral, quando houver legitimo interesse público.
Em suma, temos que os contratos administrativos revelam-se na seguinte dualidade: inicialmente, temos a Administração Pública
podendo gozar de todas as suas prerrogativas e poderes indispensáveis a proteção aos direitos e interesses públicos, e de outro modo,
temos que é de competência do particular conferir integral garantia aos interesses privados que ditaram sua participação nos estreitos
limites contratuais.
Assim, a doutrina administrativa identifica como principais características pertinentes aos contratos administrativos seu caráter
consensual, formais, onerosos, entre outros. Entretanto, merecem maiores esclarecimentos outras características, senão vejamos a seguir.

Didatismo e Conhecimento 13
DIREITO ADMINISTRATIVO
Contrato de Adesão: Os contratos administrativos têm a característica de serem típicos contratos de adesão, onde uma das partes
(neste caso a Administração Pública) propõe as cláusulas e a outra parte não pode propor alterações, supressões ou acréscimo, simples-
mente aceita as suas condições e cláusulas ou não.

Formalismo: Em regras gerais, todos os contratos administrativos devem ser formais e escritos, sendo que todo o contrato deve
mencionar obrigatoriamente os nomes das partes e seus representantes legais, a finalidade do contrato, o ato administrativo que autorizou
a sua celebração, o número do processo de licitação, da possível dispensa ou inexigibilidade de licitação, a sujeição dos contratantes às
normas específicas da Lei 8.666/93 e as cláusulas contratuais.

Fiscalização: A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da Administração Pública es-
pecialmente designado para tal fim, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa
atribuição.
O representante da Administração anotará em registro próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, deter-
minando o que for necessário à regularização das faltas ou defeitos por ele observados.
As decisões e providências que ultrapassarem a competência do representante deverão ser solicitadas a seus superiores em tempo
hábil para a adoção das medidas convenientes.

Pessoalidade: Os contratos administrativos são, em regra, contratos pessoais, e a execução dos termos contratados devem ser
cumpridos pelas pessoas (físicas ou jurídicas) que se obrigou diante o Poder Público. É imprescindível a pessoalidade nos contratos
administrativos, tendo em vista que há celebração após a realização de licitação em que se busca não apenas a proposta mais favorá-
vel a Administração Pública, mais também a selecionar a pessoa (física ou jurídica) que ofereça as condições necessárias de assegurar
a execução do objeto contratado.

DAS CLÁUSULAS EXORBITANTES DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS:

Os contratos administrativos possuem características peculiares, diferenciando-os dos contratos privados, que é a existência de
cláusulas exorbitantes.
Tais cláusulas decorrem de lei e conferem a administração publica prerrogativas especificas de direito público, são denominadas
de “exorbitantes” porque as cláusulas extrapolam aquilo que seria admitido no direito privado.

- Exigência de Garantia: A exigência de que os licitantes e contratados prestem garantias, visa assegurar o adequado adimple-
mento do contrato, ou nas hipóteses de inexecução do objeto contratado, facilitar o ressarcimento dos prejuízos sofridos pela Admi-
nistração Pública.

- Alteração Unilateral do Contrato: A possibilidade de alteração unilateral do contrato efetuado entre a Administração e o con-
tratado deve sempre ter o objetivo de sua adequação às finalidades do interesse coletivo, devem ainda respeitar os direitos do admi-
nistrado, principalmente o direito ao restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro originalmente estabelecido em contrato.

- Aplicação Direta de Sanções: A possibilidade de aplicação de sanções administrativas pelo Poder Público, quando verificada
irregularidades do particular na execução do contrato , independe de prévia manifestação do Poder Judiciário.

- Possibilidade de Rescisão Unilateral do Contrato: A possibilidade de rescindir de maneira unilateral o contrato administrativo
se dá diante da supremacia jurídica da administração pública perante o particular, tendo em vista que o contrato administrativo foi
celebrado sob a esfera do direito público.

EXTINÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO:

A extinção do contrato administrativo é o término do vínculo de obrigações assumidas entre a administração pública e o particu-
lar contratado. E extinção pode se dar em razão de da conclusão do objete contratado, ou então do termino do prazo previsto para a
vigência do contrato, ou ainda a ocorrência de anulação ou rescisão do contrato.
- Anulação: A anulação de um contrato administrativo segue as regras análogas dos Atos Administrativos, ou seja, um contrato
administrativo deve ser anulado quando constatado ilegalidades em sua celebração. A anulação de contrato administrativo pode ser rea-
lizada pelo próprio Poder Público, de oficio ou quando provocado, ou então pelo Poder Judiciário, mediante prévia provocação e sempre
por motivo de ilegalidade ou ilegitimidade.

Didatismo e Conhecimento 14
DIREITO ADMINISTRATIVO
- Rescisão: As causas gerais que ensejam a rescisão de contrato administrativo estão descritas no artigo 78, e seus incisos da Lei
8.666/93.
Há hipóteses em que autorizam a rescisão unilateral pela administração do contrato administrativo, e outras que ensejam rescisão
judicial ou rescisão consensual entre os contratantes, havendo ainda causas de rescisão decorrentes de interesse público superveniente e
de força maior ou caso fortuito. Para tanto é necessário o estudo das hipóteses previstas na Lei 8.666/93.

SANÇÃO ADMINISTRATIVA:

- Do Atraso Injustificado: O atraso injustificado na execução do contrato sujeitará o contratado à multa de mora, na forma prevista
no instrumento convocatório ou no contrato. A aplicação da multa administrativa não impede que a Administração Pública promova a
rescisão unilateral do contrato e ainda aplique demais sanções.
A multa, aplicada após regular processo administrativo, será descontada da garantia do respectivo contratado, e caso a multa for
de valor superior ao valor da garantia prestada, além da perda desta garantia em favor da Administração, responderá o contratado pela
sua diferença, a qual será descontada dos pagamentos eventualmente devidos pela Administração ou ainda, quando for o caso, cobrada
judicialmente.

- Da Inexecução total ou parcial do Contrato: Pela inexecução total ou parcial do contrato a Administração poderá, sempre garantida
a prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções:
a) Advertência;
b) Multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato;
c) Suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a Administração, por prazo não superior
a 2 (dois) anos;
d) Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determi-
nantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida
sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base no
inciso anterior.

DO REEQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO:

A alteração do contrato administrativo se dará visando o restabelecimento da que relação que as partes pactuaram inicialmente entre
encargos e remuneração, objetivando a manutenção do equilíbrio da equação financeira inicial na hipótese de sobrevirem fatos superve-
nientes, imprevisíveis ou previsíveis de consequências incalculáveis que possam retardar ou impedir a execução do contrato em caso de
força maior, caso fortuito, fato do príncipe que configura uma alteração econômica extraordinária e extracontratual.
Entretanto, para que seja possível a identificação de eventual desequilíbrio entre os valores pactuados no contrato administrativo e a
realidade praticada no mercado privado, é importante o acompanhamento e a gestão do contrato, bem como a fiscalização sobre a boa
execução das cláusulas e obrigações pactuadas.
Para tanto é conferida a Administração Pública as prerrogativas e cláusulas exorbitantes, objetivando sempre a supremacia do
interesse coletivo sobre o interesse privado. Quando, durante a gestão e fiscalização do cumprimento do contrato administrativo, a
Administração Pública verificar descumprimento de cláusula contratual, atrasos na execução dos serviços contratados, má execução de
serviços, entre outras situações que possam lesar o interesse público, o Poder Público poderá adotar as providencias no sentido de punir
a empresa contratada.

GARANTIA CONTRATUAL:

A garantia contratual não excederá a 5% (cinco por cento) do valor do contrato e terá seu valor atualizado nas mesmas condições
pactuadas contratualmente.
Entretanto, nos casos de obras, serviços e fornecimentos de grande vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros
consideráveis, demonstrados através de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade competente, o limite de garantia poderá ser ele-
vado para até 10% (dez por cento) do valor do contrato.
A garantia prestada pelo contratado será liberada ou restituída após a execução do contrato e, quando em dinheiro, atualizada mo-
netariamente. Nos casos de contratos que importem na entrega de bens pela Administração, dos quais o contratado ficará depositário, ao
valor da garantia deverá ser acrescido o valor desses bens.

Didatismo e Conhecimento 15
DIREITO ADMINISTRATIVO

8. LICITAÇÃO: CONCEITO; PRINCÍPIOS


BÁSICOS; TIPOS DE LICITAÇÃO;
MODALIDADES; LEI 10.520/2002;
REVOGAÇÃO E ANULAÇÃO; DISPENSA E
INEXIGIBILIDADE; LEI 8.666/93.

CONCEITO DE LICITAÇÕES PÚBLICAS:

Licitação é um procedimento administrativo, de ocorrência obrigatória pelas entidades do governo para celebração de contrato
administrativo, em que, atendida a igualdade entre os participantes, deve ser escolhida a melhor proposta dentre as apresentadas pelos
interessados, e com elas travar determinadas relações de conteúdo patrimonial, verificado o preenchimento dos requisitos mínimos e
necessários ao bom cumprimento das obrigações que forem assumidas perante a Administração Pública.
Dessa maneira, a Licitação traz em seu bojo a ideia de disputa igualitária entre os concorrentes, com a finalidade de selecionar a
proposta mais vantajosa aos interesses da Administração, visando a celebração de um contrato administrativo, entre ela e o particular
vencedor da concorrência, para a realização de obras, serviços, concessões, permissões, alienações, compras ou locações.
Dai surge então a necessidade de regulamentar a prática licitatória, atendendo disposição da Constituição Federal, mais precisamen-
te no artigo 37, inciso XXI, que assim dispõe:
“Art. 37: XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados
mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações”.

Assim, visando à regulamentação do processo de escolha da melhor proposta (licitação) foi editada Lei 8.666/93, que traz a norma-
tização da atividade.

PRINCÍPIOS ORIENTADORES DAS LICITAÇÕES:

O artigo 3º da Lei 8.666/1993 enumera expressamente princípios que devem ser observados pela administração pública na realiza-
ção de licitações.
Alguns dos princípios expressos no referido artigo tratam-se de princípios gerais, quais são: Legalidade, Impessoalidade, Moralida-
de, Publicidade que norteiam toda a atuação administrativa, sem particularidades no tocante a licitações públicas.
Assim, visando conhecer na integra os princípios que regem as Licitações Públicas temos o artigo 3º da Lei 8.666/93, que assim dispõe:

“Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vanta-
josa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade
com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa,
da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.” Grifo nosso.

Dessa forma destacamos alguns princípios específicos constantes do referido artigo que ainda não foram objeto de estudo no pre-
sente trabalho:

- Principio da Probidade Administrativa: Por tal principio temos que o agente público no exercício regular de suas funções não pode
violar, ao realizar procedimento licitatório, os princípios gerais e constitucionais da administração pública, que são: legalidade, da im-
pessoalidade, da moralidade, da eficiência, da publicidade, além de exigir do agente público atuação leal e de boa-fé nos procedimentos
licitatórios em que atuar.

- Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório: Tal principio veda a Administração Pública o descumprimento das normas
e condições previamente estipuladas no edital, ao qual deve estar estritamente vinculado. O edital é a lei interna da licitação, vinculando
os seus termos tanto aos licitantes como a administração que o emitiu.

- Princípio do Julgamento Objetivo: É o que se baseia no critério indicado no edital e nos termos específicos das propostas para o
seu julgamento. Em linhas gerais, não pode haver qualquer discricionariedade na apreciação das propostas pela administração, julgando
vencedora a que melhor atende aos enunciados do edital, de maneira objetiva.

Didatismo e Conhecimento 16
DIREITO ADMINISTRATIVO
FASES DA LICITAÇÃO:

São fases da licitação o edital, a habilitação, a classificação, a homologação e a adjudicação.

Edital: O edital é o instrumento por meio do qual a administração torna pública a realização de licitação, sendo o meio utilizado por
todas as modalidade de licitação, exceto na modalidade convite.
Além de ser o instrumento de divulgação do edital, é ainda a lei interna da licitação, pois nele devem estar previstas todas as regras
que regerão o procedimento licitatório, e uma vez publicadas devem ser seguidas, tanto pela administração quanto pelos licitantes.
Assim, o edital deve descrever com detalhes o objeto a ser licitado, os documentos a serem trazidos no momento da habilitação, o
critério objetivo de julgamento das propostas, entre outras normas que forem pertinentes.
A publicação do edital deve observar um prazo mínimo de antecedência para o recebimento das propostas ou então da realização da
licitação, sendo que qualquer modificação que se faça necessário no edital exige a divulgação pela mesma forma que se deu seu texto
inicial e original, tornando a abrir o prazo antes estabelecido para a apresentação das propostas, exceto quando a alteração não afetar a
formulação das propostas.

Habilitação: É a fase em que a Administração Pública procura averiguar as condições pessoais de cada licitante, efetuando análise
com o objetivo de averiguar a documentação e requesitos pessoais dos licitantes, tendo em vista futura contratação, e verificando ainda
as condições que o licitante tem de cumprir o objeto da futura contratação.
A habilitação tem a finalidade de garantir que o licitante, futuro vencedor do certame, tenha condições técnicas, financeiras e de
idoneidade para cumprirem o objeto contratado por meio de licitação.
É possível a dispensa da fase de habilitação, em seu todo ou em parte, nos casos da modalidade de convite, concurso, fornecimento
de bens para pronta entrega e ainda leilão.
Cumpre ressaltar que, encerrada a fase de habilitação, o licitante aprovado para participar do certame não poderá mais desistir da
proposta já apresentada, exceto quando houver motivo justo decorrente de fato superveniente, desde que aceito pela comissão da licitação.

Classificação: É a fase em que o Poder Público analisa as propostas comerciais dos licitantes que já foram habilitados, e posterior-
mente escolhe a melhor proposta que atendem aos interesses da administração.
Trata-se do julgamento das propostas apresentadas pelos licitantes, que deverá sempre obediência aos critérios objetivos de julga-
mento constante no edital, sendo que a responsabilidade de efetuar o julgamento, via de regra, fica a cargo da comissão de licitação.
A etapa do julgamento, ou classificação, pode ser subdividida em duas fases:

- Desclassificação: A desclassificação ocorre assim que a administração verifica a conformidade de cada proposta com os requisitos
do edital, especificações técnicas e compatibilidade com os preços aplicáveis no mercado. Assim, as propostas que estiverem em des-
conformidade serão eliminadas, ou então, desclassificadas.
- Ordem de Classificação: as propostas já classificadas, ou seja, que estão de acordo com os critérios estabelecidos no edital,
será estabelecida a ordem de classificação das propostas, de acordo com o julgamento objetivo previsto em edital e da proposta que
melhor atenda aos interesses da coletividade.

Cumpre ao final esclarecer que, no caso de todos os licitantes forem inabilitados ou então todas as propostas desclassificadas,
a administração pública poderá fixar prazo de 08 (oito) dias aos licitantes para a apresentação de nova documentação, ou então a
correção das propostas desclassificadas, objetivando sanar as irregularidades. No caso da modalidade de convite, o prazo reduz para
03 (três) dias úteis.

Homologação: A homologação é a fase da licitação na qual todos os seus atos e procedimentos são levados ao conhecimento e
avaliação da autoridade que conduziu a licitação, para a confirmação ou não de todas as decisões tomadas. É a confirmação ou não
de todos os atos praticados no procedimento licitatório, conferindo a validade do certame licitatório.
Nesta etapa é feito o controle de legalidade do procedimento licitatório, sendo que verificado irregularidades nas fases da lici-
tação, a autoridade competente não homologará o procedimento, remetendo o processo a comissão de licitação, para a correção das
etapas com falhas, e a repetição dos atos com vícios.

Adjudicação: É a ultima fase que temos no procedimento da licitação, que nada mais é do que a entrega do objeto da licitação
ao vencedor.
A adjudicação é o ato pelo qual a administração pública atribui ao vencedor da melhor proposta o objeto ora licitado, sendo que
esta etapa tem a finalidade única de garantir ao vencedor que, quando a administração for celebrar o contrato referente ao objeto
licitado, assim o fará com o vencedor.
Com a adjudicação há a efetiva liberação dos demais licitantes perdedores de cumprimento de suas propostas, e ao contrário,
vincula o vencedor a obrigatoriedade de manter os termos propostos.

Didatismo e Conhecimento 17
DIREITO ADMINISTRATIVO
MODALIDADE DE LICITAÇÃO:

Modalidade de Licitação é forma específica de conduzir o procedimento licitatório, a partir de critérios pré definidos em lei.
O valor estimado para a contratação é o principal fator de escolha da modalidade a ser adotada pelo administrador público, exceto
quando se tratar de pregão, que não está limitado a valores.
Alem do leilão e do concurso, as demais modalidades de licitação admitidas são exclusivamente: Concorrência, Tomada de
Preços e Convite.

Concorrência: De todas as modalidades de licitação existentes no ordenamento jurídico brasileiro, esta se revela a mais complexa,
e uma das diferenças entre as demais modalidades é possuir a fase da habilitação preliminar, logo após a abertura do procedimento.
Modalidade da qual podem participar quaisquer interessados que na fase de habilitação preliminar comprovem possuir os requi-
sitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução do objeto da licitação.
Presta-se a contratação de obras, serviços e compras de produtos, independente do valor a ser contratado, além disso, é a modali-
dade exigida por lei, com regra, para a compra de imóveis e para a alienação de imóveis públicos, para a concessão de direito real de
uso, para licitações internacionais, para a celebração de contrato administrativo de concessão de serviços públicos e para a contratação
de parcerias públicos-privadas.

Tomada de Preço: Modalidade realizada entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigi-
das para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.
Na modalidade de tomada de preços, a fase da habilitação corresponde ao próprio cadastramento exigido em lei, é prévia a abertura
do procedimento licitatório, e assim, objetivando dar cumprimento ao princípio da competitividade entre os licitantes, os interessados
em participar do certame não cadastrados previamente, tem a possibilidade de se inscreverem até o terceiro dia anterior à data do rece-
bimento das propostas, desde que satisfaçam as condições de qualificações exigidas.
Ressalta-se que a modalidade de tomada de preços será adotada para a celebração de contratos relativos as obras, serviços e compras
de produtos de menor vulto do que é exigido para participar da modalidade de concorrência.

Convite: Modalidade realizada entre interessados do ramo de que trata o objeto da licitação, escolhidos e convidados em número
mínimo de três pela Administração.
O convite é a modalidade de licitação mais simples, sendo que a Administração escolhe quem quer convidar, entre os possíveis
interessados, cadastrados ou não. A divulgação deve ser feita mediante afixação de cópia do convite em quadro de avisos do órgão ou
entidade, localizado em lugar de ampla divulgação.
Na modalidade de convite, com vistas ao princípio da competitividade, é possível a participação de interessados que não tenham
sido formalmente convidados, mas que sejam do ramo do objeto licitado, desde que cadastrados no órgão ou entidade licitadora. Esses
interessados devem solicitar o convite com antecedência de até 24 horas da apresentação das propostas.
Na modalidade de Convite, para que a contratação seja possível, são necessárias pelo menos três propostas válidas, isto é, que
atendam a todas as exigências do ato convocatório. Não é suficiente a obtenção de três propostas, é preciso para tanto que as três sejam
válidas. Caso isso não ocorra, a Administração deve repetir o convite e convidar mais um interessado, no mínimo, enquanto existirem
cadastrados não convidados nas últimas licitações, ressalvadas as hipóteses de limitação de mercado ou manifesto desinteresse dos con-
vidados, circunstâncias estas que devem ser justifica das no processo de licitação.

Concurso: É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, median-
te a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes do edital publicado na imprensa oficial com
antecedência mínima de 45 dias.
Dessa forma, o que determina a necessidade de escolha da modalidade de licitação de Concurso, é a natureza do seu objeto, e não
o seu valor contratado.
Leilão: É a modalidade de licitação, entre quaisquer interessados, para a venda, a quem oferecer o maio lance, igual ou superior
ao valor da avaliação de bens móveis e imóveis.

As modalidade de Licitação estão elencadas nos artigos 22 e seguintes da Lei 8.666/1993, que assim dispõe:

Didatismo e Conhecimento 18
DIREITO ADMINISTRATIVO
LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993

Art. 22. São modalidades de licitação:


I - concorrência;
II - tomada de preços;
III - convite;
IV - concurso;
V - leilão.
§ 1o Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, com-
provem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.
§ 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as
condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária
qualificação.
§ 3o Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e
convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento
convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antece-
dência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.
§ 4o Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico,
mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa
oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.
§ 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administra-
ção ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer
o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.
§ 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na praça mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convite, realizado
para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem cadastrados
não convidados nas últimas licitações.
§ 7o Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do número míni-
mo de licitantes exigidos no § 3o deste artigo, essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas no processo, sob pena de
repetição do convite.
§ 8o É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou a combinação das referidas neste artigo.
§ 9o Na hipótese do parágrafo 2o deste artigo, a administração somente poderá exigir do licitante não cadastrado os documentos
previstos nos arts. 27 a 31, que comprovem habilitação compatível com o objeto da licitação, nos termos do edital.

Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos se-
guintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:
I - para obras e serviços de engenharia:
a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais);
b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);
c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);
II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:
a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);
b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais);
c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais).
§ 1o As obras, serviços e compras efetuadas pela Administração serão divididas em tantas parcelas quantas se comprovarem técni-
ca e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à
ampliação da competitividade sem perda da economia de escala.
§ 2o Na execução de obras e serviços e nas compras de bens, parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada etapa ou conjunto
de etapas da obra, serviço ou compra, há de corresponder licitação distinta, preservada a modalidade pertinente para a execução do
objeto em licitação.
§ 3o A concorrência é a modalidade de licitação cabível, qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra ou alienação de
bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19, como nas concessões de direito real de uso e nas licitações internacionais, admitindo-se
neste último caso, observados os limites deste artigo, a tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro internacio-
nal de fornecedores ou o convite, quando não houver fornecedor do bem ou serviço no País.
§ 4o Nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência.

Didatismo e Conhecimento 19
DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 5o É vedada a utilização da modalidade “convite” ou “tomada de preços”, conforme o caso, para parcelas de uma mesma obra
ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitante-
mente, sempre que o somatório de seus valores caracterizar o caso de “tomada de preços” ou “concorrência”, respectivamente, nos
termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica que possam ser executadas por pessoas ou empresas de especialida-
de diversa daquela do executor da obra ou serviço.
§ 6o As organizações industriais da Administração Federal direta, em face de suas peculiaridades, obedecerão aos limites esta-
belecidos no inciso I deste artigo também para suas compras e serviços em geral, desde que para a aquisição de materiais aplicados
exclusivamente na manutenção, reparo ou fabricação de meios operacionais bélicos pertencentes à União.
§ 7o Na compra de bens de natureza divisível e desde que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é permitida a cotação de
quantidade inferior à demandada na licitação, com vistas a ampliação da competitividade, podendo o edital fixar quantitativo mínimo
para preservar a economia de escala.
§ 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos valores mencionados no caput deste artigo quando formado por até
3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por maior número.

DISPENSA DE LICITAÇÃO:

Podemos afirma de maneira genérica que, a dispensa de licitação engloba hipóteses que, muito embora exista possibilidade jurídica
de competição, a lei autoriza a celebração direta do contrato ou mesmo determina a não realização do procedimento licitatório.
Nos casos em que a lei autoriza a contratação sem a realização de licitação, diz que ela é dispensável. Esclarece que nessas hipóteses,
a competição é viável e possível, entretanto a lei autoriza a administração pública decidir sobre a sua ocorrência ou não, de acordo com
critérios de oportunidade e conveniência, dispensar a sua realização.
Entretanto, em outras situações, ha própria lei, diretamente dispensa compulsoriamente a realização da licitação. Nessas hipóteses
temos que a lei denominou licitação dispensada. Neste caso não cabe a Administração Pública decidir sobre a realização ou não da
licitação. Não ocorrerá a licitação porque a própria lei garantiu que, mesmo sendo juridicamente possível a realização da licitação, fica
dispensada.
A Lei 8.666/93 traz o rol taxativo das situações em que a licitação é dispensável, mais precisamente nos termos do artigo 24 da
referida lei, que assim garante:

LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993

Art. 24. É dispensável a licitação:


I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso I do artigo
anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no
mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso II do artigo anterior
e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de
maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa
ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e
somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que
possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergên-
cia ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a
Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas;
VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento;
VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, ou
forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei
e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de
preços, ou dos serviços; (Vide § 3º do art. 48)
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou enti-
dade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde
que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado;

Didatismo e Conhecimento 20
DIREITO ADMINISTRATIVO
IX - quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presidente
da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional;
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades
de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação
prévia;
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em consequência de rescisão contratual, desde que atendida
a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao
preço, devidamente corrigido;
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos
licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no preço do dia;
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvi-
mento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação
ético-profissional e não tenha fins lucrativos;
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional,
quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder Público;
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou
inerentes às finalidades do órgão ou entidade.
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da administração, e de edições técnicas oficiais,
bem como para prestação de serviços de informática a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que integrem
a Administração Pública, criados para esse fim específico;
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos
durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for
indispensável para a vigência da garantia;
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus
meios de deslocamento quando em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por
motivo de movimentação operacional ou de adestramento, quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a normalidade e
os propósitos das operações e desde que seu valor não exceda ao limite previsto na alínea “a” do inciso II do art. 23 desta Lei:
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando
houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, median-
te parecer de comissão instituída por decreto;
XX - na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por
órgãos ou entidades da Administração Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de mão de obra, desde que o preço
contratado seja compatível com o praticado no mercado.
XXI - para a aquisição de bens e insumos destinados exclusivamente à pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos
pela Capes, pela Finep, pelo CNPq ou por outras instituições de fomento a pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim especí-
fico; (Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010)
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou
autorizado, segundo as normas da legislação específica;
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e controladas,
para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o
praticado no mercado.
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respec-
tivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão.
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência
de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida.
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a
prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de
cooperação.
XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em
áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas
de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis
com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública.
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta com-
plexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão.

Didatismo e Conhecimento 21
DIREITO ADMINISTRATIVO
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos contingentes militares das Forças Singulares brasi-
leiras empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou
executante e ratificadas pelo Comandante da Força.
XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de servi-
ços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura
Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei federal.
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004,
observados os princípios gerais de contratação dela constantes. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
XXXII - na contratação em que houver transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde -
SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por
ocasião da aquisição destes produtos durante as etapas de absorção tecnológica. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012)
§ 1o Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços
contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na
forma da lei, como Agências Executivas. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012)
§ 2o O limite temporal de criação do órgão ou entidade que integre a administração pública estabelecido no inciso VIII do caput
deste artigo não se aplica aos órgãos ou entidades que produzem produtos estratégicos para o SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19
de setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção nacional do SUS. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012)

INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO:

Há inexigibilidade quando a licitação é juridicamente impossível. A impossibilidade jurídica de realização de licitação decorre
da inviabilização de competição, pelo motivo de não existir a pluralidade de potenciais proponentes, e assim inviável a disputa entre
licitantes.
A lei 8.666/93 dispõe sobre o rol taxativo das situações em que é juridicamente impossível a realização da licitação, constituindo
então a inexigibilidade da licitação, devidamente elencado no artigo 25 da referida lei, que assim dispõe:

LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:


I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante
comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado forne-
cido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação
ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas
de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;
III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que
consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
§ 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente
de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos
relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satis-
fação do objeto do contrato.
§ 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidariamente
pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras
sanções legais cabíveis.

Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade refe-
ridas no art. 25, necessariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do parágrafo único do art. 8o desta Lei deverão ser
comunicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco)
dias, como condição para a eficácia dos atos.
Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruído, no que
couber, com os seguintes elementos:
I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique a dispensa, quando for o caso;
II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
III - justificativa do preço.
IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens serão alocados.

Didatismo e Conhecimento 22
DIREITO ADMINISTRATIVO
ANULAÇÃO E REVOGAÇÃO DA LICITAÇÃO:

A anulação de um procedimento licitatório segue basicamente as mesmas regras a anulação dos atos administrativos, com base
no princípio da autotutela, a administração anulará a licitação todas as vezes em que ficar constatada ou então demonstrada a ilegali-
dade ou ilegitimidade durante o procedimento.
Da mesma forma, temos que o Poder Judiciário, este desde que provocado, também possui competência para apurar a existência
de ilegalidade ou ilegitimidade durante a realização da licitação, e respeitado o devido processo legal, bem como o contraditório e a
ampla defesa, anulará a licitação, quando comprovado a existência de vício no certame licitatório.
Quanto à revogação de licitação pública, temos que, do mesmo modo que se opera a revogação dos atos administrativos, a regra
é que há a possibilidade de a administração pública, revogar seus atos discricionários, após análise da conveniência e oportunidade da
celebração ou não da contratação do objeto licitado. Quando a administração pública não tem mais interesse em contratar o vencedor
da licitação, poderá revogá-la.

Entretanto, para que seja possível revogar uma licitação, somente será possível em duas hipóteses:

- Por motivo de interesse público decorrente de comprovação da ocorrência de fato superveniente, desde que seja pertinente e
suficiente para justificar tal medida, por meio de motivação e fundamentação, e;

- A critério da administração, quando o adjudicatário, tendo sido por ela convocado para assinar o termo de contrato ou aceitar
ou retirar o instrumento equivalente, recusa-se a fazê-lo ou então não comparece.
Após a assinatura do contrato administrativo, não se pode mais revogar a licitação, enquanto que a anulação da licitação poderá
ser feita mesmo depois da celebração do contrato entre a administração e o licitante vencedor, visto que a nulidade da licitação resulta,
consequentemente, na nulidade do contrato firmado dela decorrente.

PREGÃO:

A modalidade denominada Pregão está disciplinada na Lei 10.520/2002. É a modalidade de licitação passível de utilização, por
todos os entes federados, para aquisição de bens e serviços comuns, qualquer que seja o valor estimado da contratação.
A disputa entre os licitantes concorrentes é feita por meio de propostas e lances em seção pública, sendo que o determinante para a
escolha da modalidade Pregão é a natureza do objeto da contratação, ou seja, a aquisição de bens e serviços comuns, e não o valor do
contrato administrativo.
Assim, a Lei 10.520/02, define como bens e serviços comuns “aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser obje-
tivamente definidos por edital, por meio de especificações usuais no mercado”.
Ressalta-se que, de acordo com o que dispõe o Decreto 5.450/2005, no âmbito da Administração Pública Federal, é obrigatória a
utilização da modalidade Pregão, de preferência pregão eletrônico, nas licitações para a aquisição de bens e serviços comuns.

Objetivando atender ao conteúdo exigido pelo edital de abertura do concurso público, segue a íntegra da Lei Federal nº 10.520/2002
que institui a modalidade de licitação denominada PREGÃO, nos casos de aquisição de bens e serviços comuns, nos exatos termos
previstos no edital:

LEI No 10.520, DE 17 DE JULHO DE 2002.

Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,
modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei.
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e
qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado.

Art. 2º (VETADO)
§ 1º Poderá ser realizado o pregão por meio da utilização de recursos de tecnologia da informação, nos termos de regulamentação
específica.

Didatismo e Conhecimento 23
DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2º Será facultado, nos termos de regulamentos próprios da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, a participação de bolsas
de mercadorias no apoio técnico e operacional aos órgãos e entidades promotores da modalidade de pregão, utilizando-se de recursos
de tecnologia da informação.
§ 3º As bolsas a que se referem o § 2o deverão estar organizadas sob a forma de sociedades civis sem fins lucrativos e com a
participação plural de corretoras que operem sistemas eletrônicos unificados de pregões.

Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o seguinte:


I - a autoridade competente justificará a necessidade de contratação e definirá o objeto do certame, as exigências de habilitação,
os critérios de aceitação das propostas, as sanções por inadimplemento e as cláusulas do contrato, inclusive com fixação dos prazos
para fornecimento;
II - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrelevantes ou des-
necessárias, limitem a competição;
III - dos autos do procedimento constarão a justificativa das definições referidas no inciso I deste artigo e os indispensáveis ele-
mentos técnicos sobre os quais estiverem apoiados, bem como o orçamento, elaborado pelo órgão ou entidade promotora da licitação,
dos bens ou serviços a serem licitados; e
IV - a autoridade competente designará, dentre os servidores do órgão ou entidade promotora da licitação, o pregoeiro e respec-
tiva equipe de apoio, cuja atribuição inclui, dentre outras, o recebimento das propostas e lances, a análise de sua aceitabilidade e sua
classificação, bem como a habilitação e a adjudicação do objeto do certame ao licitante vencedor.
§ 1º A equipe de apoio deverá ser integrada em sua maioria por servidores ocupantes de cargo efetivo ou emprego da administração,
preferencialmente pertencentes ao quadro permanente do órgão ou entidade promotora do evento.
§ 2º No âmbito do Ministério da Defesa, as funções de pregoeiro e de membro da equipe de apoio poderão ser desempenhadas
por militares

Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as seguintes regras:
I - a convocação dos interessados será efetuada por meio de publicação de aviso em diário oficial do respectivo ente federado ou,
não existindo, em jornal de circulação local, e facultativamente, por meios eletrônicos e conforme o vulto da licitação, em jornal de
grande circulação, nos termos do regulamento de que trata o art. 2º;
II - do aviso constarão a definição do objeto da licitação, a indicação do local, dias e horários em que poderá ser lida ou obtida
a íntegra do edital;
III - do edital constarão todos os elementos definidos na forma do inciso I do art. 3º, as normas que disciplinarem o procedimento
e a minuta do contrato, quando for o caso;
IV - cópias do edital e do respectivo aviso serão colocadas à disposição de qualquer pessoa para consulta e divulgadas na forma
da Lei no 9.755, de 16 de dezembro de 1998;
V - o prazo fixado para a apresentação das propostas, contado a partir da publicação do aviso, não será inferior a 8 (oito) dias
úteis;
VI - no dia, hora e local designados, será realizada sessão pública para recebimento das propostas, devendo o interessado, ou seu
representante, identificar-se e, se for o caso, comprovar a existência dos necessários poderes para formulação de propostas e para a
prática de todos os demais atos inerentes ao certame;
VII - aberta a sessão, os interessados ou seus representantes, apresentarão declaração dando ciência de que cumprem plenamente
os requisitos de habilitação e entregarão os envelopes contendo a indicação do objeto e do preço oferecidos, procedendo-se à sua ime-
diata abertura e à verificação da conformidade das propostas com os requisitos estabelecidos no instrumento convocatório;
VIII - no curso da sessão, o autor da oferta de valor mais baixo e os das ofertas com preços até 10% (dez por cento) superiores àquela
poderão fazer novos lances verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor;
IX - não havendo pelo menos 3 (três) ofertas nas condições definidas no inciso anterior, poderão os autores das melhores propostas,
até o máximo de 3 (três), oferecer novos lances verbais e sucessivos, quaisquer que sejam os preços oferecidos;
X - para julgamento e classificação das propostas, será adotado o critério de menor preço, observados os prazos máximos para for-
necimento, as especificações técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e qualidade definidos no edital;
XI - examinada a proposta classificada em primeiro lugar, quanto ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro decidir motivadamente a
respeito da sua aceitabilidade;
XII - encerrada a etapa competitiva e ordenadas as ofertas, o pregoeiro procederá à abertura do invólucro contendo os documentos
de habilitação do licitante que apresentou a melhor proposta, para verificação do atendimento das condições fixadas no edital;
XIII - a habilitação far-se-á com a verificação de que o licitante está em situação regular perante a Fazenda Nacional, a Seguridade
Social e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, e as Fazendas Estaduais e Municipais, quando for o caso, com a comprova-
ção de que atende às exigências do edital quanto à habilitação jurídica e qualificações técnica e econômico-financeira;

Didatismo e Conhecimento 24
DIREITO ADMINISTRATIVO
XIV - os licitantes poderão deixar de apresentar os documentos de habilitação que já constem do Sistema de Cadastramento Uni-
ficado de Fornecedores – Sicaf e sistemas semelhantes mantidos por Estados, Distrito Federal ou Municípios, assegurado aos demais
licitantes o direito de acesso aos dados nele constantes;
XV - verificado o atendimento das exigências fixadas no edital, o licitante será declarado vencedor;
XVI - se a oferta não for aceitável ou se o licitante desatender às exigências habilitatórias, o pregoeiro examinará as ofertas subse-
qüentes e a qualificação dos licitantes, na ordem de classificação, e assim sucessivamente, até a apuração de uma que atenda ao edital,
sendo o respectivo licitante declarado vencedor;
XVII - nas situações previstas nos incisos XI e XVI, o pregoeiro poderá negociar diretamente com o proponente para que seja obtido
preço melhor;
XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá manifestar imediata e motivadamente a intenção de recorrer, quando lhe
será concedido o prazo de 3 (três) dias para apresentação das razões do recurso, ficando os demais licitantes desde logo intimados para
apresentar contra-razões em igual número de dias, que começarão a correr do término do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada
vista imediata dos autos;
XIX - o acolhimento de recurso importará a invalidação apenas dos atos insuscetíveis de aproveitamento;
XX - a falta de manifestação imediata e motivada do licitante importará a decadência do direito de recurso e a adjudicação do objeto
da licitação pelo pregoeiro ao vencedor;
XXI - decididos os recursos, a autoridade competente fará a adjudicação do objeto da licitação ao licitante vencedor;
XXII - homologada a licitação pela autoridade competente, o adjudicatário será convocado para assinar o contrato no prazo definido
em edital; e
XXIII - se o licitante vencedor, convocado dentro do prazo de validade da sua proposta, não celebrar o contrato, aplicar-se-á o dis-
posto no inciso XVI.

Art. 5º É vedada a exigência de:


I - garantia de proposta;
II - aquisição do edital pelos licitantes, como condição para participação no certame; e
III - pagamento de taxas e emolumentos, salvo os referentes a fornecimento do edital, que não serão superiores ao custo de sua
reprodução gráfica, e aos custos de utilização de recursos de tecnologia da informação, quando for o caso.

Art. 6º O prazo de validade das propostas será de 60 (sessenta) dias, se outro não estiver fixado no edital.

Art. 7º Quem, convocado dentro do prazo de validade da sua proposta, não celebrar o contrato, deixar de entregar ou apresentar
documentação falsa exigida para o certame, ensejar o retardamento da execução de seu objeto, não mantiver a proposta, falhar ou fraudar
na execução do contrato, comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude fiscal, ficará impedido de licitar e contratar com a União,
Estados, Distrito Federal ou Municípios e, será descredenciado no Sicaf, ou nos sistemas de cadastramento de fornecedores a que se
refere o inciso XIV do art. 4o desta Lei, pelo prazo de até 5 (cinco) anos, sem prejuízo das multas previstas em edital e no contrato e das
demais cominações legais.

Art. 8º Os atos essenciais do pregão, inclusive os decorrentes de meios eletrônicos, serão documentados no processo respectivo, com
vistas à aferição de sua regularidade pelos agentes de controle, nos termos do regulamento previsto no art. 2º.

Art. 9º Aplicam-se subsidiariamente, para a modalidade de pregão, as normas da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.

Art. 10. Ficam convalidados os atos praticados com base na Medida Provisória nº 2.182-18, de 23 de agosto de 2001.

Art. 11. As compras e contratações de bens e serviços comuns, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
pios, quando efetuadas pelo sistema de registro de preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, poderão adotar a
modalidade de pregão, conforme regulamento específico.

Art. 12. A Lei nº 10.191, de 14 de fevereiro de 2001, passa a vigorar acrescida do seguinte artigo:
“Art. 2-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão adotar, nas licitações de registro de preços destinadas à
aquisição de bens e serviços comuns da área da saúde, a modalidade do pregão, inclusive por meio eletrônico, observando-se o seguinte:
I - são considerados bens e serviços comuns da área da saúde, aqueles necessários ao atendimento dos órgãos que integram o Siste-
ma Único de Saúde, cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos no edital, por meio de especificações
usuais do mercado.

Didatismo e Conhecimento 25
DIREITO ADMINISTRATIVO
II - quando o quantitativo total estimado para a contratação ou fornecimento não puder ser atendido pelo licitante vencedor, admitir-
-se-á a convocação de tantos licitantes quantos forem necessários para o atingimento da totalidade do quantitativo, respeitada a ordem
de classificação, desde que os referidos licitantes aceitem praticar o mesmo preço da proposta vencedora.
III - na impossibilidade do atendimento ao disposto no inciso II, excepcionalmente, poderão ser registrados outros preços diferentes
da proposta vencedora, desde que se trate de objetos de qualidade ou desempenho superior, devidamente justificada e comprovada a
vantagem, e que as ofertas sejam em valor inferior ao limite máximo admitido.”

Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 17 de julho de 2002; 181º da Independência e 114º da República.


FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

9. AGENTES PÚBLICOS: CLASSIFICAÇÃO


DOS AGENTES PÚBLICOS; SERVIDORES
PÚBLICOS; NORMAS CONSTITUCIONAIS
ESPECÍFICAS CONCERNENTES AOS
SERVIDORES PÚBLICOS; DIREITOS E
DEVERES DOS SERVIDORES PÚBLICOS;
RESPONSABILIDADES DOS SERVIDORES
PÚBLICOS; CONCURSO PÚBLICO;

AGENTES PÚBLICOS

Considera-se “Agente Público” toda pessoa física que exerça, mesmo que de maneira temporária e transitória, com ou sem re-
muneração, mediante eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego ou função pública.
Conforme se pode observar do conceito de Agente Público, seu sentido é amplo, englobando todas as pessoas físicas que, de qual-
quer modo e a qualquer título, exercem uma função pública, mediante remuneração ou gratuita, permanente ou temporária, política ou
administrativa, atuando em nome do Estado.
Assim, temos que o Agente Público é a pessoa natural mediante o qual a Administração Pública se manifesta e atua, são competentes
para exteriorizar as vontades do Estado, em razão de vínculos jurídicos existentes entre o Poder Público e o individuo que está exercendo
função pública.

SERVIDORES PÚBLICOS EM SENTIDO AMPLO E EM SENTIDO ESTRITO

Servidores Públicos em Sentido Amplo: Servidores públicos, em sentido amplo, no entender de Hely Lopes Meirelles, são todos os
agentes públicos vinculados à Administração Pública, direta e indireta, do Estado, mediante regime jurídico estatutário regular, geral ou
peculiar, ou administrativo especial, ou, ainda, celetista, que é regido pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, que possui natureza
profissional e empregatícia.
Aponta o estudioso que a classificação dos servidores públicos em sentido amplo gera divergências doutrinárias. Conforme a
Constituição Federal, de acordo com a redação resultante da Emenda Constitucional nº 19, denominada de Emenda da Reforma Admi-
nistrativa, bem como da Emenda Constitucional nº 20, os servidores públicos são classificados em quatro espécies, quais sejam: agentes
políticos, servidores públicos em sentido estrito ou estatutários, empregados públicos e os contratados por tempo determinado.

Servidores Públicos em Sentido Estrito: Na definição do jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, temos que são servidores públi-
cos: “Todos aqueles que mantêm vínculo de trabalho profissional com as entidades governamentais, integrados em cargos ou empregos
da União, Estados, Distrito Federal, Municípios, respectivas autarquias e fundações de Direito Público. Em suma: são os que entretêm
com o Estado e com as pessoas de Direito Público da Administração indireta relação de trabalho de natureza profissional e caráter não
eventual”.

Didatismo e Conhecimento 26
DIREITO ADMINISTRATIVO
Em outras palavras, podemos definir servidor público como aqueles que gozam da titularidade de cargos públicos de provimento
efetivo ou de provimento de cargo em comissão, são agentes administrativos, de caráter estatutário.

- Empregados Públicos: são aqueles que mantêm vínculo funcional com a administração pública, ocupantes de empregos públicos,
sujeitando-se a regime jurídico contratual de trabalho, regidos especificamente pelas regras e normas previstas na Consolidação das Leis
do Trabalho (CLT).

- Agentes Temporários: são os particulares contratados pela Administração Pública com tempo de prestação de serviço determinado,
para atender necessidades temporárias de excepcional interesse público, são ocupantes de função pública remunerada e temporária, com
contrato de trabalho regido pelas normas do Direito Público, e não trabalhista (CLT), mas também não possui o caráter estatutário. É
uma forma especial de prestação de serviço público temporário, urgente e excepcional.

- Agentes Políticos: são os integrantes dos mais altos graus do Poder Público, aos quais incumbe a elaboração das diretrizes de atua-
ção do governo, e das funções de direção, orientação e fiscalização geral da atuação da Administração Pública.
São Agentes Políticos: os chefes do Poder Executivo, em suas diferentes esferas (Presidente da República, governadores e prefei-
tos), seus auxiliares imediatos (Ministros e secretários estaduais ou municipais), bem como os membros do Poder Legislativo (senado-
res, deputados e vereadores);

CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA:

- Cargos públicos: Nos ensinamentos do professor e jurista Celso Antônio Bandeira de Mello os cargos públicos: “São as mais sim-
ples e indivisíveis unidades de competência a serem expressadas por um agente, prevista em número certo, com denominações próprias,
retribuídas por pessoas jurídicas de Direito Público e criadas por lei”.
Importante esclarecer que aqueles que são titulares de cargos públicos são submetidos ao regime estatutário, são servidores públicos
efetivos e/ou comissionados.
- Empregos Públicos: para Celso Antônio Bandeira de Mello, “São núcleos de encargos de trabalho permanentes a serem preenchi-
dos por agentes contratados para desempenhá-los, sob relação trabalhista”.
Destaca-se que os ocupantes de empregos públicos são regidos ao regime contratual, obedecidos às regras da CLT, com natureza
trabalhista.

- Funções Públicas: são as funções de confiança e ainda as funções exercidas por agentes públicos contratado por tempo certo e de-
terminado para atender interesse de caráter excepcional de interesse público, não havendo a necessidade de abertura de concurso público
para tal contratação, dada sua urgência e excepcionalidade.

DOS DIREITOS:

Vencimentos: Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com valor fixado em lei.

Remuneração: Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em
lei.

Férias: O servidor terá direito a trinta dias de férias, que podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso de necessi-
dade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação específica. Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos
12 (doze) meses de exercício.

Licenças: O servidor terá direito a concessão das seguintes licenças:

- por motivo de doença em pessoa da família;


- por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
- para o serviço militar;
- para atividade política;
- para capacitação;
- para tratar de interesses particulares;
- para desempenho de mandato classista.

Didatismo e Conhecimento 27
DIREITO ADMINISTRATIVO
Do Direito de Petição: É assegurado ao servidor o direito de requerer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse
legítimo.
O requerimento será dirigido à autoridade competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver imedia-
tamente subordinado o requerente.

DAS VANTAGENS:

Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as seguintes vantagens:

Indenizações: constituem vantagens por indenização:

- ajuda de custo: A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar
a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer
tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma sede.
- diárias: O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou
para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinárias com pousada, alimentação
e locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento.

- transporte: Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor que realizar despesas com a utilização de meio próprio de
locomoção para a execução de serviços externos, por força das atribuições próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento.

- auxílio-moradia: O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com
aluguel de moradia ou com meio de hospedagem administrado por empresa hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da
despesa pelo servidor.

Gratificações e Adicionais: Além do vencimento e das vantagens serão deferidos aos servidores as seguintes gratificações e
adicionais:

- Retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e assessoramento: Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em
função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo
seu exercício.

- Gratificação natalina: A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no
mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano.

- Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas: Os servidores que trabalhem com habitualidade em
locais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional
sobre o vencimento do cargo efetivo.
O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e de periculosidade deverá optar por um deles. O direito ao adicional de
insalubridade ou periculosidade cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram causa a sua concessão

- Adicional pela prestação de serviço extraordinário: O serviço extraordinário será remunerado com acréscimo de 50% (cinquen-
ta por cento) em relação à hora normal de trabalho.
Somente será permitido serviço extraordinário para atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite máximo
de 2 (duas) horas por jornada.

- Adicional noturno: O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco)
horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento), computando-se cada hora como cinquenta e dois
minutos e trinta segundos.

- Adicional de férias: Independentemente de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das férias, um adicional correspon-
dente a 1/3 (um terço) da remuneração do período das férias.
- Gratificação por encargo de curso ou concurso: A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso é devida ao servidor que, em
caráter eventual:

Didatismo e Conhecimento 28
DIREITO ADMINISTRATIVO
- atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da adminis-
tração pública federal;

- participar de banca examinadora ou de comissão para exames orais, para análise curricular, para correção de provas discursivas,
para elaboração de questões de provas ou para julgamento de recursos intentados por candidatos;

- participar da logística de preparação e de realização de concurso público envolvendo atividades de planejamento, coordenação,
supervisão, execução e avaliação de resultado, quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições permanentes;

- participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas atividades.

DOS DEVERES:

Os deveres são condutas obrigatórias aos servidores públicos, impostas em virtude das atribuições funcionais inerentes aos cargos
públicos que ocupam. Assim, são deveres do servidor:

- exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;

- ser leal às instituições a que servir;

- observar as normas legais e regulamentares;

- cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;

- atender com presteza:


a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.

- levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita
de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente para apuração;

- zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público;

- guardar sigilo sobre assunto da repartição;

- manter conduta compatível com a moralidade administrativa;

- ser assíduo e pontual ao serviço;

- tratar com urbanidade as pessoas;

- representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.

NORMAS CONSTITUCIONAIS

A Constituição Federal de 1988 contem uma grande quantidade de dispositivos onde são veiculados princípios e regras no tocante
à Administração Pública.
Da análise dessas disposições constitucionais, conclui-se que foi conferida atenção especial aos agentes públicos, sendo muito nu-
merosas as regras acerca das relações jurídicas existentes entre eles e o Poder Público.
Os artigos Constitucionais que tratam especificamente da classe dos servidores públicos estão elencados nos artigo 37 a 41 da
Constituição Federal, nos referidos artigos foi devidamente regulamento o acesso a cargos e empregos públicos, à remuneração, à acu-
mulação, à estabilidade, ao regime próprio de previdência, entre outras garantias.
Assim, para melhor entendermos as normas constitucionais concernentes aos servidores públicos, é imprescindível a leitura atenta
nos artigos constitucionais acima citados, senão vejamos:

Didatismo e Conhecimento 29
DIREITO ADMINISTRATIVO
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

CAPÍTULO VII
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
cípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim
como aos estrangeiros, na forma da lei;
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos,
de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas
e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições
de direção, chefia e assessoramento;
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios
de sua admissão;
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional
interesse público;
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por
lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
de índices;
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou
não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros
do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal,
o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder
Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento
do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos
membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder
Executivo;
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
serviço público;
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acumulados para fins de concessão
de acréscimos ulteriores;
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos
XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
qualquer caso o disposto no inciso XI.
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades
de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;

Didatismo e Conhecimento 30
DIREITO ADMINISTRATIVO
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência
sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo-
mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior,
assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo
de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de paga-
mento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e
econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcio-
namento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e
atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.
§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo
ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos.
§ 2º - A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos
da lei.
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando especialmente:
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao
usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços;
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XX-
XIII;
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibili-
dade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao
erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da administração direta e indireta que possibilite
o acesso a informações privilegiadas.
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada
mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para
o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
III - a remuneração do pessoal.
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração
de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos
em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração.
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de
caráter indenizatório previstas em lei.
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu
âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores
do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros
do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos
Vereadores.

Didatismo e Conhecimento 31
DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as
seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remune-
ração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou
função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para
todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão determinados como se no exercício esti-
vesse.

SEÇÃO II
DOS SERVIDORES PÚBLICOS

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico
único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN
nº 2.135-4)
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratório observará:
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira;
II - os requisitos para a investidura;
III - as peculiaridades dos cargos.
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração
de convênios ou contratos entre os entes federados.
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII,
XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor remune-
ração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e
empregos públicos.
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários provenientes
da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade
e produtividade, treinamento e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclusive sob a
forma de adicional ou prêmio de produtividade.
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial
e o disposto neste artigo.
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a
partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17:
I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente em
serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição;
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo
efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as seguintes condições:
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e cinqüenta e cinco anos de idade e trinta de contribuição,
se mulher;
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de con-
tribuição.

Didatismo e Conhecimento 32
DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do respectivo
servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão.
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunerações utilizadas
como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei.
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de
que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de servidores:
I portadores de deficiência;
II que exerçam atividades de risco;
III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, III, «a»,
para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino
fundamental e médio.
§ 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de
mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência previsto neste artigo.
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por morte, que será igual:
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral
de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso aposentado à
data do óbito; ou
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo esta-
belecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela
excedente a este limite, caso em atividade na data do óbito.
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
estabelecidos em lei. § 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito de aposentadoria e o
tempo de serviço correspondente para efeito de disponibilidade.
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuição fictício.
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da
acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previ-
dência social, e ao montante resultante da adição de proventos de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma desta
Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.
§ 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no que
couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de previdência social.
§ 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como
de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o regime geral de previdência social.
§ 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que instituam regime de previdência complementar para
os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas
pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que
trata o art. 201.
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Exe-
cutivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência
complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios somente na modalidade de
contribuição definida.
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver
ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do correspondente regime de previdência complementar.
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados,
na forma da lei.
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que
superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual
igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos.
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado as exigências para aposentadoria voluntária estabelecidas no §
1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição
previdenciária até completar as exigências para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II.
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência social para os servidores titulares de cargos efetivos,
e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X.

Didatismo e Conhecimento 33
DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão
que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201
desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de doença incapacitante.

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
concurso público. § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se
estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com
remuneração proporcional ao tempo de serviço.
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional
ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo.
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída
para essa finalidade.

RESPONSABILIDADE DO SERVIDOR PÚBLICO

O servidor público no exercício de suas atribuições pode ser responsabilizado, pela prática de ato ilícito, nas esferas administra-
tiva, civil ou penal.
A administração pode aplicar a sanção de forma cumulativa, ou seja, o mesmo ato pode ser punido por uma sanção civil, penal
e administrativa.

CONCURSO PÚBLICO

A Constituição Federal prevê que é amplo o acesso aos cargos e empregos públicos aos brasileiros que cumpram os requisitos
previstos em lei, assim como aos estrangeiros (pois há cargos públicos que somente poderão ser preenchidos por brasileiros natos
ou naturalizados), mediante a realização e aprovação em concurso público de provas ou provas e títulos, exceto para a contratação
de cargo de provimento em comissão, os quais são livres a nomeação e a exoneração, de acordo com a conveniência e oportunidade
verificada pela Autoridade Administrativa.
A obrigatoriedade de concurso público é somente para a primeira investidura em cargo ou emprego público, isto é, para o ingres-
so em cargo isolado ou no cargo inicial da carreira, nas entidades estatais, suas autarquias, suas fundações públicas e suas paraestatais.
O concurso é o meio técnico posto à disposição da Administração Pública para obter-se moralidade, eficiência e aperfeiçoamento
do serviço público propiciando igualdade de oportunidade a todos os interessados no ingresso da carreira pública, desde que atendam
aos requisitos da lei, consoante determina a Constituição Federal.
Após a realização do concurso segue-se o provimento do cargo, através da nomeação do candidato aprovado.
Importante ressaltar que a exigência de aprovação prévia em concurso público implica a classificação dos candidatos e nomeação
na ordem dessa classificação, haja vista que não basta, pois, estar aprovado em concurso para ter direito à investidura, visto que é ne-
cessária também é que esteja classificado e na posição correspondente às vagas existentes, durante o período de validade do concurso,
que pode ser de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado pelo mesmo período uma única vez.
O concurso público deve ser realizado com observância ao tratamento impessoal e igualitário aos interessados e concorrentes
do certame.
Cumpre ressaltar que o concurso público dever ser provas ou provas e títulos, ou seja, não basta para a aprovação do candidato
a cargos efetivos ou empregos públicos a análise baseada exclusivamente em títulos ou currículos, mas sim precedidos da realização
de provas, objetivando aferir o melhor e mais preparado candidato postulante de cargo ou emprego público.

Didatismo e Conhecimento 34
DIREITO ADMINISTRATIVO

10. SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCEITO,


CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO;
PRINCÍPIOS QUE REGEM OS SERVIÇOS
PÚBLICOS; SERVIÇOS DELEGADOS A
PARTICULARES; FORMAS E MEIOS DE
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO;
CONCESSÕES, PERMISSÕES E
AUTORIZAÇÕES; LICITAÇÃO PRÉVIA
À CONCESSÃO; INTERVENÇÃO NA
CONCESSÃO; EXTINÇÃO DA CONCESSÃO.

CONCEITO:

Inicialmente, devemos elucidar que a Constituição Federal de 1988 não conceitua “serviço público”, e tampouco temos no ordenamen-
to jurídico pátrio, em leis esparsas, seu significado legal.
Dessa maneira temos que ficou sob os cuidados da doutrina administrativa elaborar seu significado, entretanto, não existe um conceito
doutrinário consensual de “serviço público”.
Nos ensinamentos do Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, temos o conceito de serviço público como:
“Certas atividades (consistentes na prestação de utilidade ou comodidade material) destinada a satisfazer a coletividade em
geral, são qualificadas como serviços públicos quando, em dado tempo, o Estado reputa que não convém relegá-las simplesmente
a livre iniciativa; ou seja, que não é socialmente desejável fiquem tão só assujeitadas à fiscalização e controles que exerce sobre
a generalidade das atividades privadas.”

Celso Antônio Bandeira de Mello ainda complementa seu conceito afirmando que:

“É toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material destinada à satisfação da coletividade em geral, mas fruível
singularmente pelos administrados, que o Estado assume como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo ou por quem lhe faça às
vezes, sob um regime de Direito Público – portanto, consagrador de prerrogativas de supremacia e de restrições especiais -, instituído em
favor dos interesses definidos como públicos no sistema normativo”.

Segundo o jurista Hely Lopes de Meirelles, serviço público é:

“Todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e controle estatal, para satisfazer necessidades essen-
ciais ou secundárias da coletividade, ou simples conveniência do Estado”.

Para a Profª. Maria Sylvia ZanellaDi Prieto é necessário o entendimento de serviços públicos sob a ótica de dois elementos, ‘subjetivo’
e ‘formal’, senão vejamos seu posicionamento:

“O elemento subjetivo, porque não mais se pode considerar que as pessoas jurídicas públicas são as únicas que prestam serviços
públicos; os particulares podem fazê-lo por delegação do poder público, e o elemento formal, uma vez que nem todo serviço público é
prestado sob regime jurídico exclusivamente público”.
Assim, verifica-se que, nas mais variadas concepções jurídicas acerca do conceito de “serviço público”, podemos facilmente definir
os pontos em comum e aceitar, de maneira ampla que serviço público é como o conjunto de todas as atividades exercidas pelo Estado ou
delegados, sob o regime jurídico de direito público, ou seja, a atividade jurisdicional, atividade de governo, atividade legislativa, prestação
de serviço público, colocados a disposição da coletividade.
De outra forma, estudando o conceito de “serviço público”, mas sob análise mais restritiva, temos que são todas as prestações de utili-
dade ou comodidades materiais efetuadas diretamente e exclusivamente ao povo, seja pela administração pública ou pelos delegatários de
serviço público, voltado sempre à satisfação dos interesses coletivos.
O objetivo da Administração Pública, no exercício de suas atribuições, é de garantir à coletividade a prestação dos serviços públicos de
maneira tal que possa corresponder aos anseios da coletividade, atingindo diretamente o interesse público, devendo o Poder Público discipli-
nar a aplicação dos recursos materiais (orçamentários), visando à aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade,
treinamento e desenvolvimento, modernização e otimização da prestação dos serviços públicos.

Didatismo e Conhecimento 35
DIREITO ADMINISTRATIVO
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DOS SERVIÇOS PÚBLICOS:

A relevância e a prevalência do interesse coletivo sobre o interesse de particulares informam os princípios que orientam a disposição e
organização do funcionamento dos serviços públicos. Importante ressaltar que, a figura principal no serviço público não é seu titular, nem
mesmo o prestador dele, as sim o usuário dos serviços.
Além dos princípios gerais do Direito Administrativo, tanto os princípios expressos na Constituição Federal, como também os implí-
citos, presentes em toda a atividade administrativa, especificamente na prestação dos serviços públicos, identifica-se a presença de mais
quatros, que norteia e orienta a prestação dos serviços colocados a disposição da coletividade, quais são: o Princípio da Continuidade do
Serviço Público; Principio da Mutabilidade do Regime Jurídico e o Princípio da Igualdade dos Usuários do Serviço Público, e ainda o
Princípio do Aperfeiçoamento.

Princípio da Continuidade do Serviço Público: O serviço público deve ser prestado de maneira continua o que significa dizer que não
é passível de interrupção. Isto ocorre justamente pela própria importância de que o serviço público se reveste diante dos anseios da coleti-
vidade.
É o principio que orienta sobre a impossibilidade de paralisação, ou interrupção dos serviços públicos, e o pleno direito dos administrados
a que não seja suspenso ou interrompido, pois se entende que a continuidade dos serviços públicos é essencial a comunidade, não podendo
assim sofrer interrupções.
Diante de tal princípio temos o desdobramento de outros de suma importância para o “serviço público”, quais são: qualidade e regula-
ridade, assim como com eficiência e oportunidade.

Princípio da Mutabilidade do Regime Jurídico: É aquele que reconhece para o Estado o poder de mudar de forma unilateral as regras
que incidem sobre o serviço público, tendo como objetivo a adaptação às novas necessidades, visando o equilíbrio na relação contratual
econômico-financeira, satisfazendo o interesse geral à máxima eficácia.
Em atenção ao Princípio da Mutabilidade do Regime Jurídico dos Serviços Públicos, temos a lição da Profª. Maria Sylvia Zanella
Di Prieto, que assim leciona:
“Nem os servidores públicos, nem os usuários de serviço públicos, nem os contratados pela Administração têm direito adquirido à
manutenção de determinado regime jurídico; o estatuto dos funcionários pode ser alterado, os contratos também podem ser alterados
ou mesmo reincididos unilateralmente para atender ao interesse público; o aumento das tarifas é feito unilateralmente pela Adminis-
tração, sendo de aplicação imediata”.

Justamente por vincular-se o regime jurídico dos contratos administrativos de concessão e permissão de serviços públicos aos pre-
ceitos de Direito Público, com suas cláusulas exorbitantes, e ainda em presença da necessidade constante da adaptação dos serviços pú-
blicos ao interesse coletivo, torna-se necessária e razoável a possibilidade de alteração, ou mudança do regime de execução dos serviços,
objetivando adequar aos interesses coletivos.

Principio da igualdade dos usuários dos serviços públicos: Constituição Federal diz que todos são iguais perante a lei e desta forma
não podemos ser tratados de forma injusta e desigual, assim, não se pode restringir o acesso aos benefícios dos serviços públicos para os
sujeitos que se encontrarem em igualdade de condições.
Diante de tal principio temos o desdobramento de dois aspectos da Igualdade dos Usuários de Serviços públicos:

- A Universalidade que significa dizer que o serviço público deve ser prestado em benefício de todos os sujeitos que se encontram
em equivalente situação.

- A Neutralidade, que significa dizer que é impossível dar qualquer tipo de privilégios que forem incompatíveis com o princípio da
isonomia. Logo são “impossíveis” vantagens individuais fundadas em raça, sexo, credo religioso, time de futebol e etc.

Princípio do Aperfeiçoamento: Temos o aperfeiçoamento como uma constante evolução da sociedade, dessa forma, e simplesmente
por isso, é que no serviço público ele se impõe como um direito do cidadão, assim, o aperfeiçoamento da prestação dos serviços públicos
vincula-se à eficiência dos serviços a serem prestados.

Didatismo e Conhecimento 36
DIREITO ADMINISTRATIVO
DA REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE:

Cumpre à Administração Pública o dever/poder de regulamentação e o controle quando há ocorrência de concessão e permissão
de executar os serviços públicos por particulares, visando à garantia da regularidade do atendimento aos seus objetivos, que envolvem
gestão de serviço público.
Ao poder concedente, ou seja, ao Poder Público, compete regulamentar o serviço concedido por meio de lei e regulamentos, ou
do próprio contrato, estabelecendo direitos e deveres das partes contratantes e dos usuários. Importante frisar que, a atividade privada,
mesmo quando atuante no exercício do serviço público, objetiva o lucro, daí surge à necessidade permanente de manter a fiscalização.
O controle e o poder de fiscalização serão exercidos pela própria Administração, através do seu sistema de controle interno, ou então
será exercido, quando provocado, pelo Poder Judiciário e pelo Poder Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas.
Assim, sendo permanente o dever de controlar, tendo em vista o interesse coletivo, esse controle se efetiva não apenas pela Admi-
nistração Pública, mas também pelo usuário.
As Agências Reguladoras, devidamente criadas por lei, vêm prestando importante serviço na tarefa de fiscalização das concessões
e permissões de serviço público.

DIREITO DO USUÁRIO/CONSUMIDOR:

Atuando como destinatário direto da prestação de serviços públicos, os usuários participam da Administração Pública, com direito
a reclamação relativa à qualidade na prestação de serviço publico em geral, sendo assegurada a manutenção de serviços de atendimento
ao usuário e avaliação constante e periódica, seja externa ou interna, da qualidade e efetividade dos serviços colocados à disposição da
coletividade.
Todos os cidadãos têm direito a receber dos órgãos públicos informações corretas de seus interesses particulares, ou então de inte-
resse coletivo em geral. Na hipótese de desatendimento, o interessado tem o direito de impetrar a medida conhecida como habeas data,
visando assegurar o conhecimento das informações pedidas.
É ainda direito dos usuários de serviços públicos a faculdade de representação contra o exercício negligente, abusivo ou irregular
de cargo, emprego ou função na Administração Pública, cobrando das autoridades administrativas providencias para sanar tais
irregularidades ou abusos.

FORMAS E MEIOS DE PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS

Não se pode confundir a titularidade do serviço com a titularidade da prestação dos serviços públicos, sendo certo que se trata de
realidades e significados totalmente distintos.
O fato de o Poder Público ser titular de serviços públicos, ou seja, ser o sujeito que detém a responsabilidade de zelar pela sua
prestação, não significa que deva ser obrigatoriamente prestá-los por si só de maneira exclusiva, sendo que na grande maioria das vezes,
estará a Administração pública obrigada a disciplinar e promover a prestação, bem como efetuar a fiscalização sobre a forma que esta
sendo executado o serviço público.
Dessa maneira, tanto poderá a administração pública, por meios próprios prestar os serviços públicos, como poderá promover-lhes
a prestação conferindo a entidades externas a administração seu cumprimento e execução.
Entidades externas podem ser assim entendidas como os particulares estranhos aos quadros da administração pública e ainda a
administração indireta. Dessa forma, poderá o Poder Público conferir autorização, permissão ou concessão de serviços públicos, como
formas de sua execução.

SERVIÇOS DELEGADOS A PARTICULARES

Concessão de serviços públicos: É a delegação de serviços públicos feita pelo poder concedente mediante licitação na modalidade
concorrência à pessoa que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.
Assim, é delegado ao vencedor da licitação na modalidade de concorrência pública a prestação de serviços públicos, que geralmente
ocorre no tocante à concessão da execução de serviços públicos.
Importante esclarecer o conceito de Poder Concedente, assim entendido como a União, o Estado, o DF ou Município, em cuja
competência se encontre o serviço público, assim a titularidade continua sendo sua somente será transferida a execução dos serviços
públicos à concessionária.
Nos ensinamentos do jurista Hely Lopes Meirelles, temos que:

“Pela concessão, o poder concedente não transfere a propriedade alguma ao concessionário, nem se despoja de qualquer direito
ou prerrogativa pública. Delega, apenas, a execução do serviço, nos limites e condições legais ou contratuais, sempre sujeita à regula-
mentação e fiscalização do concedente.”

Didatismo e Conhecimento 37
DIREITO ADMINISTRATIVO
Para o Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, conceituando o instituto da concessão de serviço público, ensina que:

“É o instituto através do qual o Estado atribuiu o exercício de um serviço público a alguém que aceita prestá-lo em nome próprio,
por sua conta em risco, nas condições fixadas e alteráveis unilateralmente pelo Poder Público, mas sob garantia contratual de um equi-
líbrio econômico-financeiro, remunerando-se pela própria exploração do serviço, em geral e basicamente mediante tarifas cobradas
diretamente dos usuários do serviço”.

Neste sentido, verifica-se que a concessão é mecanismo de delegação de direito público, pois, as suas cláusulas contratuais são
editadas pelo Poder Público, que poderá a qualquer tempo modificá-las de forma unilateral, tendo em vista que não há que se falar em
igualdade entre as partes contratantes em atenção ao principio da soberania do Estado. Entretanto, está presente, como em todo contrato,
a bilateralidade, pois, ao aderir ao contrato de concessão, o concessionário integra a relação jurídica contratual, com declaração de von-
tade própria, mas aceitando os termos e condições impostas pela Administração Pública. O que ocorre com os contratos de concessão
de serviços públicos é que são vinculados ao processo licitatório, assim, as suas cláusulas devem atender obrigatoriamente o que estiver
estipulado no edital de abertura da licitação. Por se tratar de um contrato administrativo, o contrato de concessão tem como objeto o
bem público, a utilidade pública e ainda o interesse da coletividade, que se explica facilmente, pelo fato do destinatário da realização do
serviço é justamente o cidadão.
Oportuno ainda esclarecer que nas concessões de serviço público é admitida a subconcessão, desde que prevista em cláusula espe-
cifica no contrato administrativo e no edital da abertura da licitação, vinculado, entretanto, a autorização do poder concedente, após a
verificação do interesse público.
É possível também ocorrer o instituto da concessão em obras públicas, através da privatização temporária de uso. Trata-se de um
contrato administrativo celebrado entre o Poder Público e o concessionário para a execução de uma obra pública, mediante remuneração
posterior a ser paga pela exploração dos serviços ou então utilidades proporcionadas pela própria execução da obra.
Como dito, a concessão deverá ser formalizada mediante contrato, a título precário, precedido de procedimento licitatório (na moda-
lidade de concorrência), definindo o objeto, a área, o prazo da concessão, o modo de sua execução, a forma e as condições da concessão
da obra pública, para tanto, a empresa deve demonstrar o interesse na contratação com o poder concedente, comprovando sua capacidade
para o desempenho das obrigações assumidas da obra, por sua conta e risco e por prazo determinado.
Ressalta-se que o contrato de concessão de obra pública, firmado por tempo determinado, não pode ser objeto de prorrogação,
não se situando a prerrogativa discricionária conferida ao Poder Público, sendo que sua eventual prorrogação fere o princípio da
isonomia entre os licitantes, e participantes do certame licitatório de concessão.

Permissão: É a delegação, a título precário, mediante licitação da prestação de serviços públicos feita pelo poder concedente, a
pessoa que demonstre capacidade de desempenho por sua conta e risco. A permissão de serviço público será formalizada mediante
contrato de adesão, e será contratado sempre em caráter precário, com prazo determinado.
Importante ressaltar que no instituto da permissão de serviços públicos admite-se a presença de pessoa física, além da pessoa
jurídica, sendo que a legislação que regula a matéria não inclui a possibilidade de contratação pela permissão de consórcios.
No instituto da Permissão, a Administração Pública possui a prerrogativa de estabelecer de forma unilateral os requisitos e
condições impostas diante da execução de serviços públicos permitidos e confiados ao particular, que durante o procedimento
licitatório, comprovou possuir capacidade para seu desempenho.
Em virtude do caráter precário das permissões e de seu prazo determinado, os permissionários não gozam de prerrogativas
garantidas por lei aos concessionários de serviço público, devendo, portanto, seguir as normas e orientações dos Poder Público.

Autorização de serviços públicos: Coloca-se ao lado da concessão e da permissão de serviços públicos, destina-se a serviços
muito simples, de alcance limitado, ou a trabalhos de emergência, e a hipóteses transitórias e especiais, podendo ainda ser utiliza-
do para as situações em que o serviço seja prestado a usuários específicos e restritos.
Assim, temos que a autorização de serviços públicos é o ato administrativo discricionário por meio do qual é delegada a um
particular, sempre em caráter precário, a prestação de serviços públicos que não exija alto grau de complexidade e especialização
técnica, nem mesmo a comprovação do particular autorizado a execução dos serviços possuir grande aporte de capital financeiro.
Para a contratação por meio do instituto da autorização de serviços públicos, não há licitação, para tanto, os serviços públicos
autorizados estão sujeitos a modificação ou revogação de sua execução, por meio de ato discricionário da delegação, cuja deno-
minação é termo de autorização.
Isto ocorre em virtude da precariedade que reveste o ato administrativo que autorizou a delegação do serviço ao particular.
Cumpre esclarecer que a autorização, mesmo sendo precária não possui prazo determinado para seu encerramento, e em via de
regra, não é passível de indenização por decorrente de sua revogação.

Didatismo e Conhecimento 38
DIREITO ADMINISTRATIVO
Oportuno ainda ressaltar que a autorização do serviço público não pode ser confundida com a autorização decorrente do ato
de polícia administrativa outorgada no exercício do poder de polícia conferido a Administração Pública, como condição para a
prática de atividades privadas pelos particulares, o que não se pode confundir com a transferência, por delegação, da titularidade
da execução e prestação dos serviços públicos.
Autorização: poderá ocorrer em duas modalidades que são:

a) autorização de uso – ocorre quando um particular é autorizado a utilizar bem público de forma especial, exemplo: a autorização
de uso de uma rua para realização de uma quermesse.

b) autorização de atos privados controlados – em que o particular não pode exercer certas atividades sem autorização do poder
público, são atividades exercidas por particulares, mas consideradas de interesse público.

OBS: autorização é diferente de licença, termos semelhantes. A autorização é ato discricionário, enquanto a licença é ato vinculado.
Na licença o interessado tem direito de obtê-la, e pode exigi-la, desde que preencha certos requisitos, ex. licença para dirigir veículo.

11. BENS PÚBLICOS: CONCEITO,


CLASSIFICAÇÃO E REGIME JURÍDICO DOS
BENS PÚBLICOS; CARACTERÍSTICAS DOS
BENS PÚBLICOS (INALIENABILIDADE,
IMPRESCRITIBILIDADE,
IMPENHORABILIDADE E NÃO-ONERAÇÃO);
AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO;

CONCEITO

Segundo o entendimento do Professor Celso Antônio Bandeira de Mello, temos o conceito de domínio público, mais popularmente
conhecido como bens públicos, entendido da seguinte maneira: “Bens Públicos são todos os bens que pertencem às pessoas jurídicas
de Direito Público, isto é, União, Estados, Distrito Federal, Municípios, respectivas autarquias e fundações de Direito Público (estas
últimas, alias, não passam de autarquias designadas pela base estrutural que possuem), bem como os que, embora não pertencentes a
tais pessoas estejam afetados à prestação de um serviço público”.

No conceito do renomado jurista Hely Lopes Meirelles, temos que: “Bens públicos em sentido amplo, são todas as coisas, corpó-
reas ou incorpóreas, imóveis, móveis e semoventes, créditos, direitos e ações, que pertençam a qualquer título, às entidades estatais,
autárquicas e paraestatais.”

Os bens públicos, quando analisados sob o ponto de vista da entidade federativa a que pertençam, serão federais, estaduais ou mu-
nicipais.
Cumpre ressaltar que o conjunto de bens públicos forma o “domínio público”, que inclui de maneira ampla e extensiva os bens
móveis e imóveis.
A expressão domínio público pode ser entendida de duas maneiras distintas, dependendo do momento em que atua a Administração
Pública, assim, em um primeiro momento designa o poder que o Estado exerce sobre todas as coisas de interesse público (domínio emi-
nente), e, em outro momento é o poder de propriedade que exerce sobre o seu patrimônio (domínio patrimonial).

CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS

A doutrina administrativa adota vários critérios e aspectos distintos para a classificação dos bens públicos, dessa forma, adotamos o que
a doutrina majoritária aplica, senão vejamos:

Didatismo e Conhecimento 39
DIREITO ADMINISTRATIVO
SOB O ASPECTO JURÍDICO: critério quanto à destinação ou afetação dos bens:

- Bens de Uso Comum do Povo ou do Domínio Público: Os bens de uso comum são todas as coisas imóveis ou móveis destinados ao
uso indiscriminado de toda a coletividade, e não dependem de outorga estatal para seu gozo, por serem de uso comum, não pertencem ao
Estado, mas a toda coletividade, sem uma destinação específica (ex: mares, praças, rios, ruas, estradas, etc.).
Os bens de uso comum integram o patrimônio público, mas não estão disponíveis, ou seja, não podem ser alienados, simplesmente por
não serem suscetíveis de valoração patrimonial e por terem afetação pública.

- Bens de Uso Especial ou do Patrimônio Administrativo: Os bens de uso especial são aqueles que se destinam à execução das finalida-
des da Administração Pública, são bens com uma destinação especial, porque se destinam a instrumentalizar o serviço público.
São, por essa razão, indisponíveis (ex: máquinas, veículos, aparelhos, utensílios, entre outros do mesmo gênero).

- Bens Dominiais ou Patrimoniais Disponíveis: São os bens próprios do Estado como objeto de direito real, podendo ser utilizados para
qualquer fim público, de acordo com critérios de oportunidade e conveniência da Administração Pública não aplicados nem ao uso comum,
e tampouco ao uso especial.
São todos os bens sobre os quais a Administração Pública exerce os poderes inerentes de proprietário. Diferem-se dos outros pela pos-
sibilidade de serem utilizados para qualquer fim, de forma livre e disponível pela Administração Pública, dentro de uma finalidade pública,
havendo ainda a possibilidade de serem alienados, com prévia autorização legislativa.

SOB O ASPECTO DA NATUREZA FÍSICA DOS BENS:

- Bens do Domínio Hídrico: São bens de domínio hídrico as águas doces e salgadas, compreendendo as águas correntes e dormentes e
o mar territorial qualificáveis como públicas. São as águas públicas, que compreendem as águas correntes (mar, rios, riachos, etc.), as águas
dormentes (lagos, lagoas, açudes, etc.) e os potenciais de energia hidráulica.

- Bens do Domínio Terrestre: compreendem o solo e o subsolo, pertencentes ao Poder Público, como Terras Devolutas, Terrenos da
Marinha, Terrenos Marginais ou Ribeirinhos, Terrenos Acrescidos e as Ilhas, cavidades subterrâneas e jazidas minerais do subsolo.

AQUISIÇÃO E ALIENAÇÃO DE BENS PÚBLICOS

Na administração dos bens públicos pelo Poder Público, compete ao administrador, no gozo das prerrogativas e atribuições inerentes
a função que ocupa adquirir e alienar os bens públicos, entretanto, não pode ocorrer de maneira livre, devendo obedecer ao que dispõe a
legislação para adquirir e alienar os bens públicos, senão vejamos:

AQUISIÇÃO DE BENS PÚBLICOS:

Ocorre através dos instrumentos comuns do Direito Privado (compra, permuta doação ou dação em pagamento) ou compulso-
riamente, por meio do instituto da desapropriação e adjudicação em execução de sentença, e ainda através de usucapião em favor do
Poder Público, sempre precedidos de autorização legislativa.
Uma vez autorizada em lei, em cada caso, a aquisição de bens não encontra oposição normativa restritiva, sendo de livre realiza-
ção de acordo com critérios de oportunidade e conveniência da Administração pública, mas a avaliação previa do bem é pressuposto
de validade do ato administrativo que adquiriu ou alienou o bem público. Cada uma dessas modalidades de aquisição possui forma
e requisitos específicos.

- Da Aquisição de Bens Imóveis: De um modo geral a aquisição onerosa de bens imóveis depende de inicialmente de prévia
autorização legal, com posterior avaliação e finalizando o procedimento com a licitação pública, podendo esta ser dispensada quando
o bem escolhido for o único que convenha à Administração.
Os bens imóveis de uso especial e os dominiais são sujeitos a registro imobiliário; os de uso comum do povo, não, enquanto
mantiverem essa destinação.
Em se tratando ainda de bens imóveis, a aquisição pode ser realizada através da transmissão inter vivos ou causa mortis, tendo
em vista que ao Estado é permitido aceitar legado e doações gratuitas, bem como adquirir bem imóvel por meio de desapropriação,
respeitados os limites e procedimentos legais.

- Aquisição de Bens Móveis: No tocante a aquisição de bens móveis destinados ao serviço público, sua aquisição dispensa autori-
zação legal, entretanto depende de licitação pública, na modalidade adequada ao contrato, de acordo com o que dispõe a Lei 8.666/93.

Didatismo e Conhecimento 40
DIREITO ADMINISTRATIVO
ALIENAÇÃO DE BENS PÚBLICOS:

A alienação é o instrumento pelo qual se opera a transferência do domínio de uma pessoa para outra por meio da compra e ven-
da. A alienação de bens públicos realizado pela Administração Pública está vinculada a existência de interesse público devidamente
motivado e justificado, sendo precedida sempre de avaliação
Quando a legislação diz que os bens públicos são inalienáveis, significa dizer que isso ocorre somente enquanto os referidos bens
são destinados ao uso comum do povo ou a fins administrativos especiais, ou seja, enquanto tiver afetação pública (destinação pública
específica), como as praças, os materiais utilizados no serviço público, etc., realmente não podem ser alienados.
Assim, os Bens Públicos Desafetados, por meio de lei, poderão ser alienados como qualquer bem de particular, transformando-se
em bens dominiais, de livre disposição e uso pela Administração Pública.

- Da alienação de bem imóvel: Segundo a Lei 8.666/93 (Lei geral de Licitações), a alienação de bens imóveis depende de prévia
avaliação, autorização legislativa no caso de bens de órgãos da Administração Direta e entidades autarquias e fundacionais, e licita-
ção na modalidade de concorrência, dispensada esta nos casos previstos na referida Lei.
- Da alienação de bem imóvel: Ainda de acordo com o que dispõe a Lei 8.666/93, a alienação de bens móveis depende de pré-
via avaliação e licitação, dispensada esta nos casos de doação para fins e uso de interesse social, permuta entre órgãos e entidades da
Administração Pública, venda de ações, de títulos e de bens produzidos ou comercializados por órgãos e entidades da Administração
Pública em virtude de suas finalidades, ou materiais e equipamentos que não estejam sendo utilizados para outros órgãos ou entidades
da Administração Pública.

DA UTILIZAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS:

Utilização Comum:
É a que se reconhece a toda coletividade de maneira indistinta e indiscriminada, em relação aos bens de uso comum, ou seja, aqueles
que servem para serem utilizados indistintamente por quaisquer sujeitos, de modo igualitário e com urbanidade em relação aos demais
usuários. Tal uso é livre a quaisquer sujeitos, independentemente de manifestação ou outorga administrativa.
Ao dizer-se que o uso é livre, temos caracterizado que ele independe de qualquer ato administrativo permissivo ou restritivo quanto
à utilização e sua forma.

Utilização Especial:
É a que se reconhece a determinadas pessoas para usufruírem determinados bens, de maneira exclusiva, mediante contrato ou ato
unilateral da Administração Pública. São formas de uso especial:

- Autorização de Uso: é ato unilateral, gratuito ou oneroso, independente de lei, discricionário, sem forma especial, revogável pre-
cariamente pela Administração, e que não gera direitos para o administrado.

- Permissão de Uso de Bem Público: é ato negocial, tendo em vista que pode ser realizado com ou sem condições, por tempo certo,
etc., unilateral, gratuito ou oneroso, independente de lei, discricionário, revogável precariamente pela Administração e que não gera
direitos para ao administrado, salvo se o contrário se dispuser no contrato. Exige procedimento licitatório, nos termos da Lei 8.666/93.

- Concessão de Uso: é contrato administrativo através do qual o Poder Público concede a alguém o uso exclusivo de determinado
bem público para que possa explorá-lo, de acordo com sua destinação específica. O que a distingue da autorização e da permissão de uso
é o seu caráter contratual e de estabilidade das relações jurídicas dela resultantes, assim, não pode ocorrer alterações de forma unilateral
pela Administração Pública.

- Cessão de Uso: é a transferência da posse de bens entre órgãos ou entidades públicas, de forma gratuita. Depende de autorização
legal e formaliza-se através de simples termo ou anotação cadastral. Como não opera a transferência da propriedade, prescinde de re-
gistro imobiliário.

Didatismo e Conhecimento 41
DIREITO ADMINISTRATIVO
DO REGIME JURÍDICO DOS BENS PÚBLICOS:

Os bens públicos, no direito administrativo brasileiro, marcam-se por características e regimes jurídicos específicos, a seguir expos-
tos:
Inalienabilidade: Por inalienabilidade entende-se não estarem os bens públicos disponíveis e sujeitos a alienação, ou seja, não po-
dem ser transferidos do domínio público para o particular.
Entretanto, tal regra não é absoluta, pois, conforme estabelece o artigo 100 do Código Civil Brasileiro, temos que:
“Art. 100 - os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação,
na forma que a lei determinar”.

Via de regra, atualmente esta pacificado entre os doutrinadores administrativos a orientação pela qual somente são totalmente e
absolutamente inalienáveis os bens que, por sua natureza, não possuem valor patrimonial, ou seja, os bens de uso comum do povo insus-
cetíveis de valoração patrimonial como os rios, praças, ruas, mares, etc.
Dessa maneira, os bens públicos dominiais, que são os bens públicos sem destinação específica podem ser objeto de alienação por
parte do Poder Público, respeitado os requisitos legais para sua ocorrência.

Imprescritibilidade: A imprescritibilidade, no entendimento do jurista administrativo Hely Lopes Meirelles: “Decorre como conse-
quência lógica de sua inalienabilidade originária. E é fácil demonstrar a assertiva: se os bens públicos são originalmente inalienáveis,
segue-se que ninguém os pode adquirir enquanto guardarem essa condição. Daí não ser possível a invocação de usucapião sobre eles”.

Assim, temos que os bens públicos, seja qual for sua natureza, são imprescritíveis, ou seja, não são passiveis de aquisição mediante
a utilização do instrumento jurídico da usucapião.
Dessa maneira, mesmo que o particular possua a posse mansa e pacífica de um bem público pelo lapso temporal necessário à sua
aquisição mediante usucapião, ou melhor, a qualquer período que seja este não adquirirá o direito de propriedade sobre esse bem.
A matéria está plenamente pacificada, de acordo com o entendimento sedimentado e sumulado pelo Supremo Tribunal Federal, no
enunciado 340 que assim dispõe: “Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser
adquiridos por usucapião”.
Ademais, a Constituição Federal vigente é expressa, em seus art. 183, § 3º, e 191, parágrafo único, ao dispor que “os imóveis públi-
cos não serão adquiridos por usucapião”.

Impenhorabilidade: A penhora é o instrumento jurídico de natureza constritiva que recai sobre o patrimônio do devedor, objetivando
a satisfação do credor nos casos de não pagamento de dívida ou obrigação. Por tal instituto jurídico, temos que o bem constrito pela
penhora pode ser compulsoriamente alienado a terceiros para a satisfação do débito ao credor.
De acordo com o art. 100, da Constituição Federal de 1988, há uma forma específica para satisfação de créditos contra o Poder
Público inadimplente, não podendo ser praceados os bens públicos para que o credor neles se aproveite para ver quitado o débito. De
acordo com a norma constitucional, os débitos contraídos pela Administração Pública e cobrados pelos seus credores serão pagos por
meio do regime de precatórios.
Assim, os bens públicos são impenhoráveis, ou seja, não estão sujeitos ao instituto jurídico da penhora.
Não Onerabilidade dos Bens Público: Os bens públicos estão à disposição de toda a coletividade de forma gratuita, não sendo pos-
sível a cobrança de ônus pelo seu uso, exceto algumas exceções como o pagamento de pedágio para trafegar em algumas rodovias, onde
sua possibilidade é prevista constitucionalmente.

AFETAÇÃO DE DESAFETAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS

A afetação é o instrumento pelo qual se utiliza a Administração Pública para conferir ou atribuir ao bem público uma destinação
específica, de outro modo, a desafetação consistem em retirar o bem público daquela destinação a ele anteriormente atribuída.
A afetação de determinado bem ao uso público não se efetiva de maneira permanente, pois só se perdurará enquanto o bem público
estiver revestido desta qualidade e cumprindo destinação específica, sendo que a Administração Pública possui o poder discricionário,
para verificar se a afetação do bem é oportuna e conveniente para o interesse coletivo.
Importante esclarecer que os bens dominicais não apresentam nenhuma destinação pública específica, ou seja, não estão afetados.
Dessa maneira, são os únicos bens públicos que não precisam ser desafetados para que possa ocorrer sua alienação.

Didatismo e Conhecimento 42
DIREITO ADMINISTRATIVO

12. RESPONSABILIDADE CIVIL DO


ESTADO: CONCEITO, EVOLUÇÃO;
DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA
DO ESTADO; APLICAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE OBJETIVA
CONSTITUCIONAL E DIREITO DE
REGRESSO; AÇÃO REGRESSIVA;
RESPONSABILIDADES CIVIL, PENAL E
ADMINISTRATIVA DO AGENTE PÚBLICO.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO DIREITO BRASILEIRO:

Temos pacificado o entendimento em nosso ordenamento jurídico que um ato praticado por uma pessoa poderá gerar consequências
a outrem, em três esferas distintas do Direito Brasileiro.
Inicialmente, se o ato praticado pelo autor for tipificado em lei como crime ou contravenção, este responderá na esfera penal. Caso
o ato praticado caracterizar infração a normas administrativas, o autor do ato deverá responder na esfera administrativa, entretanto, se
o ato ocasionar dano ao patrimônio de outrem ou sua moral, o autor da pratica do ato deverá responder de acordo com as leis civis do
nosso ordenamento jurídico.
Assim, via de regra, as esferas do direito acima descritas são autônomas e independentes entre si, com ritos e procedimentos diferen-
tes para a apuração da responsabilidade e aplicação das sanções aplicáveis em cada caso e em cada esfera do Direito, entretanto, poderá
ocorrer à imputação de responsabilidade cumulativa, caso o ato praticado pelo autor gere sua responsabilização nas diferentes esferas
acima demonstradas.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA E FUNDAMENTOS JURÍDICOS:

Para chegarmos ao modelo de Responsabilidade do Estado diante dos prejuízos causados a terceiros, passamos a discorrer rapida-
mente sobre a evolução histórica deste instituto bem como seus fundamentos jurídicos.
- 1ª Etapa: Irresponsabilidade do Estado - inicialmente tínhamos o entendimento majoritário em diversas escolas do Direito pelo
mundo que o Estado não tinha qualquer responsabilidade pelos seus atos, ou seja, o Poder Público era isento de qualquer responsabili-
dade perante terceiros, essa período ficou conhecido como “The King can do no wrong” ou “O Rei não erra nunca”.
- 2ª Etapa: Responsabilidade Subjetiva – A partir dessa fase, o Poder Público passou a responder baseado no conceito de culpa, culpa
anônima, quando o serviço que deveriam prestar ou não prestou, ou ainda quando prestou de forma deficiente. A culpa não recaia em
alguém particular, bastava para tanto constatar que o serviço não foi efetuado, ou então feito com deficiência para a culpa recair sobre o
serviço e não sobre a pessoa. Este período ficou conhecido pela expressão “Culpa do Serviço”.
- 3ª Etapa: Responsabilidade Objetiva – O Poder Público passa a responder com fundamento no nexo de causalidade, ou seja, a rela-
ção de causa e efeito entre o fato ocorrido e as consequências dela resultantes. O Estado responde sem a comprovação de dolo ou culpa.
A teoria da responsabilidade objetiva surge com a Constituição Federal de 1946, substituindo a teoria subjetiva baseada na “Culpa
do Serviço”. O texto constitucional de 1946 estabelece a responsabilidade direta do Estado, exigindo culpa ou dolo do funcionário ape-
nas para estabelecer o direito regressivo do Estado contra seu agente.

REQUISITOS PARA DEMONSTRAÇÃO DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO.

Conforme estudado até o presente momento, temos que, via de regra, a Responsabilidade do Estado em reparar os danos causados
a terceiros é na modalidade objetiva.
Dessa forma, temos que para o terceiro prejudicado possa pleitear a reparação dos danos sofridos é necessário a demonstração do
dano e do nexo causal.
Para tanto, basta que exista o dano decorrente da atuação de agente público, agindo nessa qualidade, e a relação de causalidade entre
a ação ou omissão do Estado e o resultado final (dano propriamente dito).
Assim, demonstrado os dois elementos fundamentais (dano + nexo causal) significa dizer que não importa verificar e comprovar a
culpa de determinado agente público, para que nasça a responsabilidade do Estado em reparar os danos causados.

Didatismo e Conhecimento 43
DIREITO ADMINISTRATIVO
CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO.

Nos casos de responsabilidade objetiva, o Estado somente não será responsabilizado por danos causados a terceiros quando faltar à
comprovação da relação de nexo de causalidade de sua atuação administrativa e o dano.
Nas palavras do jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, temos no caso de responsabilidade objetiva que o Estado somente exime-
-se: “apenas se não produziu a lesão que lhe é imputada ou se a situação de risco inculcada a ele inexistiu ou foi sem relevo decisivo
para a eclosão do dano. Fora daí responderá sempre. Em suma: realizados os pressupostos da responsabilidade objetiva, não há evasão
possível.
Como verificado, temos que para a comprovação da responsabilidade do Estado em reparar o dano reside na simples demonstração
do dano e do nexo de causalidade.
Assim, temos que o nexo de causalidade é o fundamento principal (junto com o dano) para a imputação de responsabilidade ao
Estado em reparar os danos causados, sendo certo que tal responsabilidade deixará de existir, ou então será atenuada quando a prestação
do serviço público não for a causa do dano, ou na hipótese de não ser a única causa.
Dessa maneira é apontada como causas da excludente ou atenuante de responsabilidade a força maior e/ou a culpa exclusiva da
vítima.
A hipótese de ocorrência de força maior é o acontecimento imprevisível, não sendo imputável responsabilidade à Administração
Pública quando não houver o nexo de causalidade entre o dano sofrido e o comportamento da Administração Pública.
Entretanto tal regra não é absoluta e comporta exceção, ou seja, mesmo que seja configurada a ocorrência de motivo de força maior,
a Administração Pública poderá ser responsabilizada nos casos em que, juntamente com o motivo de força maior ocorrer omissão do
Estado na prestação de serviços públicos.
Como exemplo pode citar os casos de enchente em decorrência de grande volume de chuvas. Caso se comprove que, muito embora
o volume de chuva fosse elevado, não houve o correto escoamento da água nas galerias mantidas pela Administração, seja pela falta de
limpeza das galerias ou simplesmente falta de sistema de drenagem (deficiência no serviço publicou) o Estado responderá pelos danos
causados.
No tocante a culpa da vítima, é necessária observar se sua culpa é exclusiva ou concorrente com a atuação estatal.
No caso comprovado de culpa exclusiva da vítima o Estado não possui responsabilidade, pois não houve participação do Estado na
ocorrência do evento danoso; entretanto, se a culpa for concorrente, temos possibilidade de causa atenuante da responsabilidade estatal,
atribuindo parte da responsabilidade à vítima e outra parte à Administração Pública.

DA REPARAÇÃO DO DANO

Denomina-se responsabilidade na esfera civil a obrigação imposta a uma pessoa de indenizar ou ressarcir os danos experimentados
por alguém. A responsabilidade pode ser contratual ou extracontratual.
Quando estamos diante da responsabilidade civil contratual, a mesma segue os princípios gerais dos contratos, entretanto, a respon-
sabilidade civil extracontratual baseia-se na culpa do agente causador do dano.
A responsabilidade civil patrimonial extracontratual decorre de atos que causem lesão patrimonial, dano moral, ou ambos. Via de
regra, para a imputação de responsabilidade civil deve restar cabalmente demonstrada não só a ocorrência do dano, mas também a rela-
ção entre um ato e o dano, ou seja, é necessária a comprovação de que o dano é resultado de um ato praticado por determinado agente,
este elo entre o ato, dano e o agente causado a doutrina jurídica nomeou de nexo causal, sendo utilizado como parâmetro para averiguar
a culpa do agente que praticou o ato que resultou em dano.
Assim, comprovado a ocorrência do nexo causal, o grau de culpabilidade do agente que praticou o ato e a extensão do dano, esgota-
-se a responsabilidade civil com a correspondente indenização pela lesão causada.
Temos então, diante da introdução explanada, que a essa modalidade de responsabilidade civil, a qual exige a comprovação da culpa
do agente para sua caracterização, o caráter subjetivo, ou seja, a responsabilidade civil subjetiva leva em consideração a conduta do
agente causador do dano, exigindo que ele tenha atuado com culpa, para que ele possa ser responsabilizado e compelido ao pagamento
de indenização correspondente a extensão do dano (patrimonial e/ou moral).
Entretanto, ao Poder Público não é aplicado este modelo de responsabilidade civil subjetiva, visto que, de acordo com o ordenamen-
to jurídico vigente, inclusive constitucional, e os posicionamentos doutrinários majoritários, temos que a Administração Pública possui
o dever de indenizar aquele que for lesado por ação ou omissão de seus agentes públicos (ou delegatário de serviço público), que agindo
nesta qualidade, praticou o ato gerador do dano.
Assim, o particular lesado, deverá ajuizar ação diretamente contra a Administração Pública, e não contra o agente público que pra-
ticou o ato lesivo, bastando ao particular comprovar em juízo a relação de causa e consequência entre a atuação lesiva da Administração
Pública e o dano decorrente, bem como a valoração patrimonial do dano.

Didatismo e Conhecimento 44
DIREITO ADMINISTRATIVO
Isto ocorre porque, diferentemente da responsabilidade civil subjetiva, a Administração pública responde perante os usuários dos
serviços públicos de forma objetiva, bastando a demonstração do nexo causal e o dano para surgir a obrigação de indenizar, não sendo
necessária a demonstração de que houve culpa do agente público (ou delegatário de serviço público) na falha da execução de suas fun-
ções públicas, que originaram a lesão ao particular.
Para o jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, o conceito de responsabilidade objetiva do Estado é “a obrigação de indenizar que
incumbe a alguém em razão de um procedimento licito ou ilícito que produziu uma lesão na esfera juridicamente protegida de outrem.
Para configurá-la basta, pois, a mera relação causal entre o comportamento e o dano”.
Diante de tais esclarecimentos, temos que a responsabilidade civil do Estado, bem como de seus prestadores de serviço público é
objetiva, bastando para tanto a demonstração da relação de causa e efeito entre o serviço público e o dano, para gerar a obrigação de
indenização.
Dessa maneira não se cogita a ideia de que, aquele que sofreu danos, comprovar culpa ou dolo, quando figure no polo passivo, a
administração pública, bastando para tanto a incidência do nexo de causalidade. É dessa maneira que garante o artigo 37, § 6º da Cons-
tituição Federal, senão vejamos:
“As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado, prestadoras de serviços públicos, responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”
Neste sentido, estão enquadrados a Administração Pública em todas as suas vertentes, ou seja, toda a esfera administrativa está
sujeita a responsabilidade objetiva pelos danos que causar a terceiros, seja a Administração Direta, Indireta, Concessionárias e/ou Per-
missionárias de Serviços Públicos.

DO DIREITO DE REGRESSO:

Cumpre ressaltar o direito que a Administração Pública tem de ingressar com ação judicial visando a apuração das responsa-
bilidades de seus agente no cometimento do dano a terceiros, dai surge o direito de regresso conferido ao Poder Público visando a
verificação de dolo ou culpa de seus agente e possível ressarcimento de valores.
Há dois aspectos peculiares que ensejam o direito de regresso da Administração Pública contra seu agente:

- A Administração Pública para ingressar com ação regressiva contra seu agente, deverá comprovar previamente já ter sido con-
denada a indenizar o particular lesado, haja vista que seu direito regressivo é originário a partir de sentença final condenatória, sem
possibilidades de reversão recursal.

- Ocorrência de dolo ou culpa do agente público na lesão experimentada pelo particular, ou seja, é necessária a comprovação de
que o agente agiu com dolo ou culpa para ser responsabilizado (responsabilidade subjetiva do agente).
Em linhas gerais, temos que a Administração Pública, ou delegatária de execução dos serviços públicos, cujo agente praticou o
ato lesivo, indeniza o particular independentemente de comprovação de dolo ou culpa do Poder Público, entretanto, o agente público
somente será condenado a ressarcir a Administração Pública regressivamente se houver a comprovação de dolo ou culpa de sua parte,
durante o exercício de suas funções públicas.

RESPONSABILIDADES CIVIL, PENAL E ADMINISTRATIVA DO AGENTE PÚBLICO:

O servidor público no exercício de suas atribuições pode ser responsabilizado, pela prática de ato ilícito, nas esferas administra-
tiva, civil ou penal.
A administração pode aplicar a sanção de forma cumulativa, ou seja, o mesmo ato pode ser punido por uma sanção civil, penal
e administrativa.

Responsabilidade Civil – o servidor público é obrigado a reparar o dano causado à administração pública ou a terceiro, em decor-
rência de sua conduta dolosa ou culposa, praticada de forma omissiva ou comissiva, mediante o direito de regresso.
Essa responsabilidade é subjetiva, ao contrário da responsabilidade da administração que é objetiva.

Responsabilidade penal – decorre da conduta ilícita praticada pelo servidor público que a lei penal tipifica como infração penal.
Os principais crimes contra a administração estão previstos artigos 312 a 326 do Código Penal Brasileiro.

Responsabilidade administrativa – quando o servidor pratica um ilícito administrativo, bem como o desatendimento de deveres
funcionais. Essas práticas ilícitas poderão redundar na responsabilidade administrativa do servidor, que após apuração por meio de
sindicância e processo administrativo, sendo culpado, será punido com medidas disciplinares.

Didatismo e Conhecimento 45
DIREITO ADMINISTRATIVO

13. CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO


PÚBLICA: CONCEITO, TIPOS E
CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE
CONTROLE; CONTROLE INTERNO E
EXTERNO; CONTROLE EXERCIDO PELA
ADMINISTRAÇÃO SOBRE SEUS PRÓPRIOS
ATOS (CONTROLE ADMINISTRATIVO);
CONTROLE PARLAMENTAR (CONTROLE
LEGISLATIVO); CONTROLE JURISDICIONAL
(CONTROLE JUDICIÁRIO); MEIOS DE
CONTROLE JURISDICIONAL; CONTROLE
DE MÉRITO E DE LEGALIDADE.

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

É através do exercício das funções administrativas, ou, pela expedição de atos administrativos que o Estado, no uso de suas prerrogativas
em face do indivíduo, estabelece a formação de relações jurídico-administrativas entre a Administração Pública e o Administrado.
Com a edição dos atos administrativos pela Administração Pública deve atender, alem da manifestação da vontade, do objeto e da for-
ma, ao motivo e ainda à finalidade, dentro de um contexto rígido de legitimidade e de legalidade.
Ao divergir com qualquer um dos princípios constitucionais, quais sejam: legalidade, moralidade, publicidade ou impessoalidade, o ad-
ministrador público ofende o próprio Estado, além de violar direitos diversos do administrado. Observa-se então que, quando tais questões
são levadas em juízo, em quase todas as ações são ajuizadas em face do administrador e não contra o Estado.
Por controle entende-se a faculතe atribuída a um Poder para exercer vigilância, garantida a faculdade de correção, sobre a conduta de
outro, dentro dos limites previstos constitucionalmente.
Como é sabido, todo ato emanado da Administração Pública deve ser motivado, que justifica o próprio ato, e funciona como meio de
controle dos atos administrativos, seja ele vinculado ou discricionário.

CONTROLE ADMINISTRATIVO

O Controle Administrativo, ou também chamado de controle interno, tem como finalidade principal obter a harmonia e a padronização
da ação administrativa, a eficácia dos serviços administrativos e, bem assim, a retidão e a competência dos funcionários que guarnecem a
administração.
A auto-revisão do ato administrativo fundamenta-se na hierarquia que, como vínculo que subordina os demais órgãos administrativos,
graduando a autoridade de cada um, deriva o poder de vigilância e o poder de direção, bem como o poder de revisão, pelos quais se garante
a completa unidade de direção ao sistema administrativo.
Temos então que controle interno é aquele controle exercido pela entidade ou órgão responsável pela atividade controlada, na esfera
da própria Administração, assim, qualquer controle efetivo realizado pelo Poder Executivo sobre os seus serviços ou agentes é considerado
interno, assim como o controle do Poder Legislativo ou do Poder Judiciário, por seus órgãos de Administração, sobre seus agentes e tam-
bém sobre os atos administrativos praticados.
Assim, com o objetivo de serem observadas as normas fundamentais, os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhe-
cimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela deverão dar ciência imediata ao Tribunal de Contas respectivo, sob pena de
responsabilidade solidária, sendo considerada parte legitima para a prática dos atos de denuncia, qualquer cidadão, partido político,
associação ou sindicato.

Da Revisão “Ex-officio”:
A revisão “ex-officio” pode ser entendida de maneira geral como a revisão espontânea exercida pela Administração sobre seus pró-
prios atos, que decorre em virtude da hierarquia e da autotutela.
Diante da verificação de que o ato administrativo não atende aos requisitos prescritos em, ou em presença reconhecida da incon-
veniência ou da inoportunidade, a autoridade prolatora pode rever diretamente o ato ou ele pode ser revisto pelo agente de hierarquia
superior, independente de provocação de parte interessada.

Didatismo e Conhecimento 46
DIREITO ADMINISTRATIVO
Da Revisão Provocada:
A revisão provocada, na instância administrativa, realiza-se através de recurso, de pedido de reconsideração, de reclamação ou de
representação.
Tal recurso, além da tranquilidade psicológica que assegura ao administrado ou servidor, visa corrigir os possíveis e eventuais erros
do ato administrativo, inscrevendo-se como um direito potestativo do administrado, com natureza subjetiva, que ele pode usar sempre
que julgar preterido um direito seu ou incorreto, em seu desfavor, um ato administrativo.
Diante de uma situação desfavorável, de natureza subjetiva, ou repleto de desobediência às formalidades legais, de natureza ob-
jetiva, ao administrado prejudicado é assegurado o direito à interposição de recurso através de petição dirigida à autoridade superior,
devidamente motivada, como forma de provocação da atuação do controle interno da Administração.
A representação tem o conceito voltado à exposição direcionada à autoridade superior, é um recurso com natureza constitucional
que consiste na denuncia formal de irregularidades existentes em uma ato administrativo.
A reclamação nada mais é do que um pedido dirigido à autoridade hierárquica superior, em forma de protesto ou queixa, por meio
do qual o autor da reclamação reivindica a reparação de ato que reputar injusto.
O pedido de reconsideração é dirigido à própria autoridade que editou o ato, buscando nova deliberação.

CONTROLE LEGISLATIVO

O controle legislativo, integrante do sistema de controle externo, que muitos denominam parlamentar sem que vigore no país o
regime parlamentarista, que é exercido sob os aspectos de correção e fiscalização, tendo em vista o interesse publico.
O controle externo legislativo é desempenhado de forma direta e indireta. Será direto quando exercido pelo Congresso Nacional, em
nível federal; pelas Assembleias Legislativas, nível estadual e distrital; e pelas Câmaras Municipais, em nível municipal.
Será legislativo indireto o controle exercitado pelos Tribunais de Contas, que funcionam como órgãos auxiliares de Poder Legisla-
tivo.
Controle Legislativo Direto: Compete ao Congresso Nacional, ou seja, às duas Casas Legislativas Federais (Senado Federal e Câ-
mara dos Deputados), de acordo com o que dispõe o artigo 49, V, da Constituição Federal, sustar os atos normativos do Poder Executivo
que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa. Possui também como função, no exercício do controle
externo de acompanhamento da execução orçamentária, com parecer técnico de Comissão Mista (artigo 166, §1º, II da Constituição Fe-
deral) e em atendimento a solicitação do Tribunal de Contas da União, sustar ato do Poder Executivo que possa causar dano irreparável
ou grave lesão à economia pública.
O Congresso Nacional, ou qualquer de suas comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou qualquer titular de órgãos dire-
tamente subordinados à Presidência da República para, caso haja necessidade, prestar de maneira pessoal, informações sobre assuntos
previamente determinado, podendo ser enquadrado como crime de responsabilidade, a ausência a tal convocação, sem justificação
adequada.
Compete ainda ao Congresso Nacional, para apuração dos fatos controversos, instaurar Comissão de Inquérito, nos termos da Lei
1.579/52.
Dentro das atribuições de controle externo, o Congresso Nacional é competente para realizar o julgamento das contas que o Presi-
dente da República deve apresentar anualmente, e ainda apreciar os atos sobre a execução dos planos de governo.
É de competência privativamente ao Senado Federal, no exercício do controle externo, nos termos do artigo 52 da Constituição
Federal, processar e julgar o Presidente da República bem como o Vice-Presidente nos crimes de responsabilidade, e os Ministros de
Estado nos crimes com a mesma natureza conexos com aqueles.
Da mesma maneira, compete ao Senado Federal, o processamento e consequente julgamento dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade.
Ao Senado Federal incumbe a função de aprovar, previamente, mediante voto secreto, depois de realizada arguição pública a esco-
lha de magistrados (nos casos específicos normatizados pela Constituição Federal), escolha de Ministros para composição do Tribunal
de Contas da União, previamente indicados pelo Presidente da República (um terço), escolha de Governado de Território, presidente e
diretores do Banco Central, Procurador-Geral da República, escolha (após arguição em seção secreta) dos chefes integrantes de missão
diplomática de caráter permanente.
Deve ainda ser apreciado e autorizado pelo Senado Federal a realização de operações externas de natureza financeira, de interesse
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios e estabelecer limites globais e condições para o montante
da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Além de dispor sobre limites e condições para a concessão de
garantia da União em operação de crédito externo e interno.
Já a competência da Câmara dos Deputados, nos exatos termos do artigo 51, inciso I, da Constituição Federal, autorizar, pelo voto
de dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente da República e o Vice-Presidente da República, assim
como os Ministros de Estado.

Didatismo e Conhecimento 47
DIREITO ADMINISTRATIVO
A Câmara dos Deputados, no exercício do controle externo, é competente a tomada de contas do Presidente da República, quando
não apresentada ao Congresso Nacional, dentro do prazo de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, nos termos do artigo 51,
inciso II da Constituição Federal.
O controle exercido pelas Câmaras Municipais, diante do Poder Executivo Municipal vem definido nas Leis Orgânicas próprias
de cada Município.
Controle Legislativo Indireto: Durante o Império brasileiro não existiu no país nenhum Tribunal de Contas, embora em Portugal
tivesse existido as Casas de Contas que eram responsáveis pela arrecadação e fiscalização das receitas públicas, mas em nada pode
ser comparado com as Cortes de Contas.
Os primeiros esboços da ideia da formação de um Tribunal de Contas surgiram com a observância da ineficiência dos parlamen-
tos na função da fiscalização dos bens e gastos públicos, quando do surgimento das monarquias parlamentaristas.
Assim, verificou-se a necessidade de um Tribunal, auxiliando o exercício do Poder Legislativo de fiscalização e controle dos gas-
tos públicos. Assim, os Tribunais de Contas da União, dos Estados e de alguns Municípios, atuam como órgãos auxiliares do Poder
Legislativo, exercendo o controle externo, ou indireto, da Administração Pública, buscando em sua atuação a fiscalização da gestão
financeira, orçamentária e patrimonial do Estado.
O Tribunal de Contas da União é regularmente composto por nove ministros, devidamente sediado no Distrito Federal e possui
jurisdição em todo território nacional e tem suas atividades regulamentadas pela Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992.
É de competência do Presidente da República a nomeação, após aprovação pelo Senado Federal por votação secreta e após
arguição pública, de um terço dos membros do Tribunal de Contas da União. O restante, ou seja, os outros dois terços são escolhidos
pelo Congresso Nacional, obedecida a regulamentação definida pelo Decreto Legislativo nº 6, de 22 de abril de 1993.
Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros, com idade superior a 35 anos e inferior a 65
anos, que possuam idoneidade moral e reputação ilibada, com notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros
ou administração pública, que tenha mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija tais conhe-
cimentos, de acordo com o que dispõe o artigo 73, § 1º da Constituição Federal, seguido do artigo 71 da Lei nº 8.443/92.
No caso de ausência ou impedimentos legais os Ministros são substituídos, mediante convocação do Presidente do Tribunal,
pelos Auditores, observada a ordem de antiguidade no cargo, ou a maior idade, no caso de idêntica antiguidade.
O artigo 71 da Constituição Federal normatiza que o controle externo, de competência do Congresso Nacional, será exercido com
auxilio do Tribunal de Contas da União, cujo texto constitucional assim garante:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao
qual compete:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado
em sessenta dias a contar de seu recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta
e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem
causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indi-
reta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão,
bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento
legal do ato concessório;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e
auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislati-
vo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta,
nos termos do tratado constitutivo;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Co-
missões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções
realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que esta-
belecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilega-
lidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.
§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder
Executivo as medidas cabíveis.

Didatismo e Conhecimento 48
DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior,
o Tribunal decidirá a respeito.
§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
§ 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.

Ampliando o campo de atuação do Tribunal de Contas da União, dentro dos limites constitucionais, a Lei nº 8.443/92 estabelece, em
seu artigo 1º, as limitações de competência do mesmo Tribunal, que assim garante o texto legal:

Art. 1° Ao Tribunal de Contas da União, órgão de controle externo, compete, nos termos da Constituição Federal e na forma estabe-
lecida nesta Lei:
I - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos das unidades dos poderes da
União e das entidades da administração indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público federal, e
as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte dano ao Erário;
II - proceder, por iniciativa própria ou por solicitação do Congresso Nacional, de suas Casas ou das respectivas comissões, à
fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial das unidades dos poderes da União e das demais entidades
referidas no inciso anterior;
III - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, nos termos do art. 36 desta Lei;
IV - acompanhar a arrecadação da receita a cargo da União e das entidades referidas no inciso I deste artigo, mediante inspeções
e auditorias, ou por meio de demonstrativos próprios, na forma estabelecida no Regimento Interno;
V - apreciar, para fins de registro, na forma estabelecida no Regimento Interno, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo poder público federal, excetuadas
as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas
as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório;
VI - efetuar, observada a legislação pertinente, o cálculo das quotas referentes aos fundos de participação a que alude o parágrafo
único do art. 161 da Constituição Federal, fiscalizando a entrega dos respectivos recursos;
VII - emitir, nos termos do § 2º do art. 33 da Constituição Federal, parecer prévio sobre as contas do Governo de Território Federal,
no prazo de sessenta dias, a contar de seu recebimento, na forma estabelecida no Regimento Interno;
VIII - representar ao poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados, indicando o ato inquinado e definindo respon-
sabilidades, inclusive as de Ministro de Estado ou autoridade de nível hierárquico equivalente;
IX - aplicar aos responsáveis as sanções previstas nos arts. 57 a 61 desta Lei;
X - elaborar e alterar seu Regimento Interno;
XI - eleger seu Presidente e seu Vice-Presidente, e dar-lhes posse;
XII - conceder licença, férias e outros afastamentos aos ministros, auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal,
dependendo de inspeção por junta médica a licença para tratamento de saúde por prazo superior a seis meses;
XIII - propor ao Congresso Nacional a fixação de vencimentos dos ministros, auditores e membros do Ministério Público junto ao
Tribunal;
XIV - organizar sua Secretaria, na forma estabelecida no Regimento Interno, e prover-lhe os cargos e empregos, observada a le-
gislação pertinente;
XV - propor ao Congresso Nacional a criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções de quadro de pessoal de
sua secretaria, bem como a fixação da respectiva remuneração;
XVI - decidir sobre denúncia que lhe seja encaminhada por qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato, na forma
prevista nos arts. 53 a 55 desta Lei;
XVII - decidir sobre consulta que lhe seja formulada por autoridade competente, a respeito de dúvida suscitada na aplicação de
dispositivos legais e regulamentares concernentes a matéria de sua competência, na forma estabelecida no Regimento Interno.
§ 1° No julgamento de contas e na fiscalização que lhe compete, o Tribunal decidirá sobre a legalidade, de legitimidade e a
economicidade dos atos de gestão e das despesas deles decorrentes, bem como sobre a aplicação de subvenções e a renúncia de receitas.
§ 2° A resposta à consulta a que se refere o inciso XVII deste artigo tem caráter normativo e constitui prejulgamento da tese, mas
não do fato ou caso concreto.
§ 3° Será parte essencial das decisões do Tribunal ou de suas Câmaras:
I - o relatório do Ministro-Relator, de que constarão as conclusões da instrução (do relatório da equipe de auditoria ou do técnico
responsável pela análise do processo, bem como do parecer das chefias imediatas, da unidade técnica), e do Ministério Público junto
ao Tribunal;
II - fundamentação com que o Ministro-Relator analisará as questões de fato e de direito;
III - dispositivo com que o Ministro-Relator decidirá sobre o mérito do processo.
A composição dos Tribunais de Contas dos Estados vem definida nas Constituições e nas legislações complementares de cada Estado.
Para o regular desempenho de sua competência o Tribunal de Contas receberá da Secretaria de Estado da Fazenda e das Prefeituras
Municipais, em cada exercício, o rol dos responsáveis por dinheiro, valores e bens públicos, e outros documentos ou informações que
considerar necessários. Cumpre destacar que os pareceres emitidos pelo Tribunal de Contas referentes às contas prestadas pelo Gover-
nador e pelos Prefeitos Municipais não têm poder vinculante, podendo ser aceitos ou não pelo Poder Legislativo.

Didatismo e Conhecimento 49
DIREITO ADMINISTRATIVO
As contas que devem ser prestadas pelas Mesas da Câmara dos deputados, do Senado Federal, das Assembleias Legislativas, das Câ-
maras Municipais e ainda pelos Tribunais (Poder Judiciário Federal e Estadual), eram julgadas pelos Tribunais de Contas da União ou dos
Estados, dependendo da esfera a qual pertence. Entretanto, a Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000, estabelece, em seu artigo 56,
que as contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das contas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Le-
gislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, as quais receberão parecer prévio, separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.
Assim, a nova legislação desvincula os Chefes dos outros Poderes das disposições normativas contida no artigo 71, inciso II, da
Constituição Federal. Só com relação às contas dos Chefes do Executivo é que o pronunciamento do Tribunal de Contas constitui mero
parecer prévio, sujeito à apreciação final do Poder Legislativo, antes do qual não há inelegibilidade. As contas de todos os demais res-
ponsáveis por dinheiro e bens públicos são julgadas pelo Tribunal de Contas e suas decisões geram inelegibilidade.

CONTROLE JUDICIAL

Controle judicial pode ser assim entendido como sinônimo de reexame ou revisão, ou seja, é a verificação, pelo Poder Judiciário,
quando provocado, da legalidade dos atos praticados pela Administração Pública, isto porque a jurisdição civil, contenciosa e voluntária,
é exercida pelos juízes, em todo o território nacional.
Para que haja a ocorrência do controle jurisdicional, através da propositura de uma ação, além da ilegalidade dos atos da Administração, há
que existir, por parte de quem aciona o Poder Judiciário, legítimo interesse econômico ou moral e legitimidade, entendendo-se por interesse a
possibilidade de haver benefício ou prejuízo como decorrência da ação da Administração e por legitimidade a conformidade com a lei.
Assim, em razão da atuação administrativa, no decorrer da execução de seus fins, podem ocorrer conflitos de interesses entre
a Administração e o administrado que levem ao estabelecimento de incertezas e dúvidas a respeito da razão ou da justiça do ato
praticado, o que demanda a necessidade de eleição de um árbitro alheio e parcial à relação jurídica.
O modelo de Estado de Direito impõe-se, de um lado a sujeição do Estado à ordem jurídica por ele mesmo estabelecida, de-
corrente do princípio da legalidade, e, de outro lado, o controle jurídico dessa sujeição, em busca da eliminação do árbitro.
Desta feita, diante da presença de um conflito de interesses entre a Administração e o administrado, ao Poder Judiciário,
quando provocado, compete à solução do litígio, tendo lugar o conhecido controle jurisdicional. O controle jurisdicional somente
ocorre quando houver provocação da parte interessada em presença de um fato concreto.
Todo direito é protegido por uma ação e a Constituição Federal assegura aos administrados o direito de petição ao Poder Ju-
diciário em defesa de direito ou contra ilegalidade ou ainda eventual abuso de poder, conforme garante o artigo 5º, inciso XXXIV,
da Constituição Federal.
O reexame da ação da Administração pelo Poder Judiciário limita-se à verificação da legalidade do ato, isto porque à Admi-
nistração e só a ela compete a análise da oportunidade e da conveniência da ação administrativa.
Assim, só o direito e não o interesse do administrado poderá ser objeto da ação revisória do Poder Judiciário. Não pode o
Poder Judiciário adentrar no mérito do ato administrativo para indagar a oportunidade e a conveniência, mas tão somente a legi-
timidade, isto é, a sua conformidade com a lei.
Quando o Poder Judiciário é provocado, chamado a se manifestar deve circunscrever o âmbito da sua real atuação ao caso
sobre o qual tenha sido chamado ou provocado a atuar.
É sabido que a Administração Pública somente pode agir de acordo com o que prescreve a lei, contudo, pode deixar, por
motivada por flagrantes interesses públicos, de cumprir exatamente com a lei, isto é, deixar de executá-la em um determinado
momento, sem que isto implique em quebra de princípio da legalidade.
Apesar da disposição constitucional prevista no artigo 5º, inciso XXXV, que não exclui da apreciação do Poder Judiciário le-
são ou ameaça de direito, em presença da independência dos Poderes, regularmente definida no artigo 2º, da Constituição Federal,
são impostas restrições legais à apreciação dos atos administrativos pelo Poder Judiciário.
Há uma grande necessidade de subtrair a Administração a uma prevalência do Poder Judiciário, capaz de diminuí-la, ou até
mesmo de anulá-la em suas atividades peculiares, se põem restrições à apreciação jurisdicional dos atos administrativos, no que
respeita à extensão e consequências, para que assim se respeite a autonomia constitucionalmente firmada entre os três Poderes.
É vedada ao Poder Judiciário a apreciação do ao administrativo quanto ao mérito, protegendo assim o poder discricionário
que a Administração Pública goza, ficando assim restrita essa análise e apreciação somente quanto à sua conformidade com a lei,
respeitando o principio da legalidade.

Bibliografia

ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. 19. Ed. São Paulo: Método, 2011.

BRAZ, Petrônio; Tratado de direito municipal – volume 1. 3ª ed. Leme/SP: Mundo Jurídico, 2009.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 22. ed. São Paulo: Atlas. 2009.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 29. Ed. São Paulo: Malheiros, 2012.

Didatismo e Conhecimento 50
DIREITO ADMINISTRATIVO
EXERCÍCIOS

01. (CESPE - 2013 - MI - Analista Técnico - Administrativo) Com relação a Estado, governo e administração pública, julgue os
itens seguintes.
Em sentido objetivo, a expressão administração pública denota a própria atividade administrativa exercida pelo Estado.
( ) Certo
( ) Errado

02. (CESPE - 2013 - MS - Analista Técnico - Administrativo) Acerca de Estado, governo e administração, julgue os itens a seguir.
A administração é o aparelhamento do Estado preordenado à realização dos seus serviços, com vistas à satisfação das necessidades
coletivas.
( ) Certo
( ) Errado

03. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Técnico Judiciário) Julgue os itens a seguir, que versam sobre organização administrativa.
Administração pública, em sentido objetivo ou material, consiste no conjunto de órgãos, agentes e pessoas jurídicas instituídas para
a consecução dos objetivos do governo.
( ) Certo
( ) Errado

04. (FCC - 2011 - TRE-PE - Técnico Judiciário - Área AdministrativaParte superior do formulário) “Um dos princípios da
Administração Pública exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional. A função
administrativa já não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e sa-
tisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros” (Hely Lopes Meirelles. Direito Administrativo Brasileiro).
O conceito refere-se ao princípio da
A) impessoalidade.
B) eficiência.
C) legalidade.
D) moralidade.
E) publicidade.

05. (IADES - 2011 - PG-DF - Analista Jurídico - Direito e Legislação) Parte superior do formulário
Prescreve o caput do artigo 37 da Constituição Federal que a Administração Pública Direta e Indireta de qualquer dos poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publici-
dade e eficiência. A respeito dos princípios da Administração Pública, assinale a alternativa incorreta.
A) O princípio da legalidade significa estar a Administração Pública, em toda a sua atividade, adstrita aos mandamentos da lei,
deles não podendo se afastar, sob pena de invalidade do ato. Assim, se a lei nada dispuser, não poderá a Administração agir, salvo em
situações excepcionais. Ainda que se trate de ato discricionário, há de se observar o referido princípio.
B) Segundo a doutrina majoritária e decisão hodierna do STF, o rol de princípios previstos no artigo 37, caput, do texto constitu-
cional é taxativo, ou seja, a Administração Pública, em razão da legalidade e taxatividade não poderá nortear-se por outros princípios
que não os previamente estabelecidos no referido dispositivo.
C) A Constituição Federal de 1988 no artigo 37, § 1º, dispõe sobre a forma de como deve ser feita a publicidade dos atos estatais
estabelecendo que a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos.
D) O princípio da eficiência foi inserido positivamente na Constituição Federal via emenda constitucional.
E) O STF reiteradamente tem proclamado o dever de submissão da Administração Pública ao princípio da moralidade. Como exem-
plo, cita-se o julgado em que o Pretório Excelso entendeu pela vedação ao nepotismo na Administração, não se exigindo edição de lei formal
a esse respeito, por decorrer diretamente de princípios constitucionais estabelecidos, sobretudo o da moralidade da Administração.

Didatismo e Conhecimento 51
DIREITO ADMINISTRATIVO
06. (INSTITUTO CIDADES - 2011 - DPE-AM - Defensor Público) Parte superior do formulário
Afirma-se, a respeito do princípio da eficiência da Administração Pública, que ele foi inserido na atual Constituição Federal com o
intuito de:
A) estabelecer um modelo gerencial de Administração
B) fazer prevalecer o modelo burocrático de Administração
C) valorizar a organização hierárquica.
D) fazer prevalecer a valorização da rigidez da forma.
E) restringir a participação popular de gestão.

07. (FCC - 2011 - TRE-AP - Analista Judiciário - Área Judiciária) Parte superior do formulário
A conduta do agente público que se vale da publicidade oficial para realizar promoção pessoal atenta contra os seguintes princípios
da Administração Pública:
A) razoabilidade e legalidade.
B) eficiência e publicidade.
C) publicidade e proporcionalidade.
D) motivação e eficiência.
E) impessoalidade e moralidade.

08. (CESPE - 2013 - CPRM - Analista em Geociências - Direito) Com relação à organização administrativa, julgue os itens que
se seguem.
Órgão público é uma unidade organizacional sem personalidade jurídica, composta de agentes e de competências.
( ) Certo
( ) Errado

09. (CESPE - 2013 - MPOG - Todos os Cargos - Conhecimentos Básicos) No que diz respeito à administração pública, julgue
os itens seguintes.
Em regra, o órgão não tem capacidade processual, ou seja, não pode figurar em quaisquer dos polos de uma relação processual.
( ) Certo
( ) Errado

10. (CESPE - 2011 - PC-ES - Perito Papiloscópico – Específicos) - Julgue os itens a seguir, acerca da classificação dos órgãos da
administração pública.
As fundações públicas são entidades integrantes da administração direta, e suas respectivas áreas de atuação devem enquadrar-se
nas áreas previstas em lei ordinária.
( ) Certo
( ) Errado

11. (VUNESP - 2013 - TJ-SP - Advogado) Os órgãos situados no alto da estrutura organizacional da Administração Pública, logo
abaixo dos órgãos independentes, podem ser classificados como:
a) autônomos.
b) subalternos
c) superiores
d) subordinados.
e) complexos.

12. (ISAE - 2011 - AL-AM - Analista – Controle) - Com relação à estrutura da Administração Pública, analise as afirmativas a seguir:
I. Pertencem à Administração Pública indireta as seguintes entidades: sociedades de economia mista, empresas públicas, autar-
quias e fundações públicas.
II. As entidades paraestatais compõem a Administração Pública direta.
III. As entidades que compõem a Administração Pública indireta possuem personalidade jurídica própria.
Assinale:
a) se somente a afirmativa I estiver correta.
b) se somente a afirmativa II estiver correta.
c) se somente a afirmativa III estiver correta.
d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
e) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.

Didatismo e Conhecimento 52
DIREITO ADMINISTRATIVO
13. (IADES - 2011 - PG-DF - Analista Jurídico - Direito e Legislação) - Considerando os conceitos dos entes que compõem a
administração indireta, assinale a alternativa correta.
a) Autarquia é uma pessoa jurídica de direito público, criada por lei específica, para auxiliar a Administração Pública a executar
atividades típicas.
b) Fundação Pública é uma pessoa jurídica de direito privado, criada por decreto do Presidente da República, constituindo a perso-
nificação jurídica de um patrimônio, para executar atividades típicas da Administração.
c) Empresas Públicas são pessoas jurídicas de direito público, criadas por decreto do Presidente da República, destinadas à prestação
de serviços industriais ou atividades econômicas em que o Estado tenha interesse próprio.
d) Sociedade de Economia Mista é uma pessoa jurídica de direito público, autorizada para a exploração de atividade econômica, sob
a forma de sociedade anônima, cujo capital pertence em sua maioria ao poder público.
e) Serviços Sociais Autônomos são pessoas jurídicas de direito público, para prestar serviços de interesse social ou de utilidade
pública, não podendo arrecadar contribuições para fiscais.

14. (IESES - 2011 - TJ-MA - Titular de Serviços de Notas e de Registros) - De acordo com o Decreto-lei nº 200, de 25.2.1967,
que dispôs sobre a organização da administração federal e estabeleceu diretrizes para a reforma administrativa, a entidade dotada de
personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de ativi-
dade econômica que o governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa, podendo revestir-se
de qualquer das formas admitidas em direito, corresponde a:
a) fundação pública
b) empresa pública
c) sociedade de economia mista
d) autarquia

15. (FCC - 2011 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário - Área Judiciária) - NÃO é característica da sociedade de
economia mista:
a) criação autorizada por lei.
b) personalidade jurídica de direito privado.
c) derrogação parcial do regime de direito privado por normas de direito público.
d) estruturação sob qualquer forma societária admitida em direito.
e) desempenho de atividade econômica.

16. (FCC - 2013 - PGE-BA - Analista de Procuradoria - Área de Apoio Jurídico) A respeito do regime jurídico dos servidores
públicos, na forma prevista pela Constituição Federal, considere:
I. A contratação de pessoal pelas entidades da Administração indireta depende de prévio concurso público, salvo para aqueles sujei-
tos ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho.
II. As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, destinam- se apenas às atribuições
de chefia, direção e assessoramento.
III. É vedada, no âmbito da Administração direta e autárquica, a contratação por tempo determinado.

Está correto o que se afirma APENAS em


a) II.
b) I e II.
c) II e III.
d) III e I.
e) III.

17. (CESPE - 2013 - INPI - Analista de Planejamento - Direito) Acerca de princípios da administração pública, e conceitos de ad-
ministração pública, órgão público e servidor, julgue os itens a seguir.
Cargo público é, na organização funcional da administração direta e de suas autarquias e fundações públicas, ocupado por servidor
público, com funções específicas e remuneração fixadas em lei. Assim, a pessoa que mantém vínculo trabalhista com o Estado, sob a
regência da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), ocupa cargo público.
( ) Certo
( ) Errado

Didatismo e Conhecimento 53
DIREITO ADMINISTRATIVO
18. (CESPE - 2013 - INPI - Analista de Planejamento - Direito) Acerca de princípios da administração pública, e conceitos de ad-
ministração pública, órgão público e servidor, julgue os itens a seguir.
Com base na Constituição Federal de 1988, a vedação de acúmulo remunerado de cargos, empregos ou funções públicas não se
estende às sociedades de economia mista, pois essas são pessoas jurídicas de direito privado.
( ) Certo
( ) Errado

19. (FUNCAB - 2013 - ANS - Atividade Téc. de Suporte - Direito) Segundo os atos administrativos, assinale a alternativa correta.
a) São elementos do ato administrativo a competência, finalidade, modalidade, formação e objeto.
b) Os atos administrativos vinculados não admitem revogação.
c) Administração Pública não pode declarar a nulidade de seus próprios atos, mas tão somente revogá-los. A declaração de nuli-
dade somente pode ser feita pelo Poder Judiciário.
d) São atributos do ato administrativo a irretroatividade , indisponibilidade e imprescritibilidade.
e) A teoria dos motivos determinantes não é aceita pelo direito brasileiro

20. (FCC - 2011 - TRE-PE - Técnico Judiciário - Área Administrativa) Analise o seguinte atributo do ato administrativo:
O atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como ap-
tas a produzir determinados resultados. Para cada finalidade que a Administração pretende alcançar existe um ato
definido em lei. (Maria Sylvia Zanello Di Pietro, Direito Administrativo)

Trata-se da
a) Presunção de Legitimidade.
b) Tipicidade.
c) Imperatividade.
d) Autoexecutoriedade.
e) Presunção de Veracidade.

21. (CESPE - 2012 - PC-AL - Delegado de Polícia) Acerca dos atos administrativos, julgue os itens a seguir.
O fato administrativo é conceituado como a materialização da função administrativa.
( ) Certo
( ) Errado

22. (FCC - 2011 - TCE-SP - Procurador) O ato administrativo distingue-se dos atos de direito privado por, dentre outras razões,
ser dotado de alguns atributos específicos, tais como
a) autodeterminação, desde que tenha sido praticado por autoridade competente, vez que o desrespeito à competência é o único
vício passível de ser questionado quando se trata deste atributo.
b) autoexecutoriedade, que autoriza a execução de algumas medidas coercitivas legalmente previstas diretamente pela Administração.
c) presunção de legalidade, que permite a inversão do ônus da prova, de modo a caber ao particular a prova dos fatos que aduz
como verdadeiros.
d) imperatividade, desde que tenha sido praticado por autoridade competente, vez que o desrespeito à competência é o único vício
passível de ser questionado quando se trata deste atributo.
e) presunção de veracidade, que enseja a presunção de conformidade do ato com a lei, afastando a possibilidade de dilação pro-
batória sobre a questão fática.

23. (FCC - 2012 - TCE-AM - Analista de Controle Externo - Auditoria de Obras Públicas) O ato administrativo vinculado
a) pode ser objeto de controle judicial, quanto aos aspectos de legalidade, conveniência e oportunidade.
b) pode ser revogado pela Administração, por razões de conveniência e oportunidade, ressalvados os direitos adquiridos e asse-
gurada a apreciação judicial.
c) possui todos os elementos definidos em lei e pode ser objeto de controle de legalidade pelo Judiciário e pela própria Administração.
d) possui objeto, competência e finalidade definidos em lei, cabendo à Administração a avaliação dos aspectos de conveniência e
oportunidade para sua edição.
e) pode ser objeto de controle pelo Poder Judiciário em relação aos elementos definidos em lei, constituindo prerrogativa exclu-
siva da Administração a sua revogação por razões de conveniência e oportunidade.

Didatismo e Conhecimento 54
DIREITO ADMINISTRATIVO
24. (FCC - 2012 - TST - Analista Judiciário - Área Administrativa) Exemplifica adequadamente o exercício de poder disciplinar
por agente da administração a
a) interdição de restaurante por razão de saúde pública.
b) prisão de criminoso efetuada por policial, mediante o devido mandado judicial.
c) aplicação de penalidade administrativa a servidor público que descumpre seus deveres funcionais.
d) aplicação de multa de trânsito.
e) emissão de ordem a ser cumprida pelos agentes subordinados.

25. (FCC - 2012 - TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Juiz do Trabalho - Tipo 1) A respeito dos poderes da Administração, é correto
afirmar que o poder
a) de polícia constitui atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regule
a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente, entre outros, à segurança e à tranquilidade pública.
b) hierárquico fundamenta a avocação, pela Administração direta, de matérias inseridas na competência das autarquias a ela vin-
culadas.
c) regulamentar autoriza a edição, pelo Chefe do Executivo, de normas complementares à lei, admitindo-se o regulamento autô-
nomo para matéria de organização administrativa, incluindo a criação de órgãos e de cargos públicos.
d) de polícia é exercido pelo Poder Executivo, por intermédio da autoridade competente, mediante a edição de normas gerais
criando obrigações para toda a coletividade, disciplinadoras de atividades individuais, concernentes, entre outros, à segurança, à higiene,
à ordem e aos costumes.
e) hierárquico, também denominado disciplinar, corresponde ao poder conferido aos agentes públicos para emitir ordens a seus
subordinados e aplicar as sanções disciplinares não expressamente previstas em lei.

26. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Analista Judiciário - Área Judiciária) Assinale a opção correta com relação aos poderes hierárquico
e disciplinar e suas manifestações.
a) As delegações administrativas emanam do poder hierárquico, não podendo, por isso, ser recusadas pelo subordinado, que pode,
contudo, subdelegá-las livremente a seu próprio subordinado.
b) Toda punição disciplinar por delito funcional acarreta condenação criminal.
c) No âmbito do Poder Legislativo, o poder hierárquico manifesta-se mediante a distribuição de competências entre a Câmara dos
Deputados e o Senado Federal.
d) O poder disciplinar da administração pública autoriza-lhe a apurar infrações e a aplicar penalidades aos servidores públicos e
demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa, assim como aos invasores de terras públicas.
e) A aplicação de pena disciplinar tem, para o superior hierárquico, o caráter de um poder-dever, uma vez que a condescendência
na punição é considerada crime contra a administração pública.

27. (CESPE - 2012 - ANATEL - Analista Administrativo) Julgue o item abaixo, acerca de licitações.
Caso a administração pública necessite contratar um serviço que somente possa ser prestado por determinada empresa, de modo que
seja inviável a competição, deverá haver dispensa de licitação.
( )Certo
( ) Errado

28. (COPESE - UFT - 2012 - DPE-TO - Analista em Gestão Especializado - Ciências Econômicas) De acordo com a Lei
8.666/93 são modalidades de licitação, EXCETO:
a) O leilão.
b) O convite.
c) A convocação de preços.
d) O concurso.

29. (CESGRANRIO - 2012 - Chesf - Profissional de Nível Superior - Administração) A Lei no 8.666/1993 trata dos aspectos
relacionados ao processo de licitação e aos contratos da administração pública.
Nessa lei, existe a previsão de situações em que a licitação é inexigível, como em
a) aquisição de bens ou de serviços nos termos de acordo internacional específico, aprovado pelo Congresso Nacional, quando as
condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder Público.
b) contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado
pela crítica especializada ou pela opinião pública.
c) situação em que a União tiver de intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento.
d) situação em que não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para
a Administração, mantidas, nesse caso, todas as condições preestabelecidas.
e) casos de guerra ou de grave perturbação da ordem.

Didatismo e Conhecimento 55
DIREITO ADMINISTRATIVO
30. (FCC - 2012 - TCE-AM - Analista de Controle Externo - Auditoria de Obras Públicas) A União pretende adquirir imóvel para
instalar órgão público, o qual, pelas suas características, necessita ser instalado em local específico. De acordo com a Lei no 8.666/93,
a) poderá dispensar o procedimento licitatório para a escolha do imóvel, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado,
segundo avaliação prévia.
b) está autorizada a adquirir o imóvel que considerar adequado à finalidade pretendida, configurando situação de inexigibilidade de
licitação.
c) deverá adquirir o imóvel mediante prévio procedimento licitatório, do tipo menor preço, selecionando os imóveis adequados me-
diante procedimento de pré-qualificação dos alienantes interessados.
d) deverá adquirir o imóvel mediante licitação, na modalidade leilão, do tipo menor preço, admitindo-se lances de viva-voz, com,
no mínimo, 3 alienantes selecionados.
e) somente poderá dispensar o procedimento licitatório se, aberta fase de pré-qualificação precedente ao leilão, não acorrerem ao
certame ao menos 3 alienantes interessados.

31. (FCC - 2012 - TST - Analista Judiciário - Contabilidade) Configura hipótese de dispensa de licitação, nos temos da Lei no
8.666/93, a:
a) contratação de serviços técnicos de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização.
b) contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de tecnologia
e para o licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida.
c) contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela
crítica especializada ou pela opinião pública.
d) compra de material bélico, ou de uso pessoal, ou administrativo, pelas Forças Armadas, quando houver necessidade de manter a
padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres.
e) contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em consequência de rescisão contratual, desde que atendida a
ordem de classificação da licitação anterior, respeitado o preço então oferecido pelo novo contratado.

32. (ESAF - 2012 - Receita Federal - Analista Tributário da Receita Federal) Não configura princípio norteador do procedimento
licitatório
a) vinculação ao instrumento convocatório.
b) julgamento objetivo.
c) probidade administrativa.
d) igualdade de condições a todos os concorrentes.
e) dispensa e inexigibilidade.

33. (FCC - 2011 - TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Técnico Judiciário - Área Administrativa) O serviço público não é passível de interrupção
ou suspensão afetando o direito de seus usuários, pela própria importância que ele se apresenta, devendo ser colocado à disposição do usuário com
qualidade e regularidade, assim como com eficiência e oportunidade. Trata-se do princípio fundamental dos serviços públicos denominado
a) impessoalidade.
b) mutabilidade.
c) continuidade.
d) igualdade.
e) universalidade.

34. (CESPE - 2011 - TJ-ES - Analista Judiciário - Direito - Área Judiciária – específicos) No que se refere aos serviços públicos, julgue
os itens a seguir.
Os serviços públicos devem ser prestados ao usuário com a observância do requisito da generalidade, o que significa dizer que, satisfeitas as
condições para sua obtenção, eles devem ser oferecidos sem qualquer discriminação a quem os solicite.
( ) Certo
( ) Errado

Didatismo e Conhecimento 56
DIREITO ADMINISTRATIVO
35. (CESPE - 2010 - ANEEL - Técnico Administrativo - Área 1) Julgue os próximos itens, a respeito do serviço público e do contrato
administrativo.
Os serviços prestados por pessoas jurídicas em regime de concessão ou permissão, ainda que para satisfazer as necessidades coletivas, não são
considerados serviços públicos, já que não são prestados diretamente pelo Estado.
( ) Certo
( ) Errado

36. (FCC - 2011 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário - Execução de Mandados) No que se refere à autorização de serviço
público, é correto afirmar:
a) Trata-se de ato precário, podendo, portanto, ser revogado a qualquer momento, por motivo de interesse público.
b) Trata-se de ato unilateral, sempre vinculado, pelo qual o Poder Público delega a execução de um serviço público de sua titularidade, para
que o particular o execute predominantemente em seu próprio benefício.
c) O serviço é executado em nome do autorizatário, por sua conta e risco, sem fiscalização do Poder Público.
d) Trata-se de ato unilateral, discricionário, porém não precário, pelo qual o Poder Público delega a execução de um serviço público, para
que o particular o execute predominantemente em benefício do Poder Público.
e) Trata-se de ato que depende de licitação, pois há viabilidade de competição.

37. (FCC - 2011 - PGE-MT – Procurador) Os bens imóveis pertencentes à Administração Pública
a) são inalienáveis, quando de uso comum do povo e de uso especial, enquanto mantida a afetação ao serviço público.
b) podem ser alienados mediante autorização legal prévia, exceto os bens dominicais.
c) são impenhoráveis, exceto os de titularidade de autarquias e fundações.
d) não podem ser objeto de subsequente afetação a serviço público, quando anteriormente de uso privativo da Administração.
e) podem ser objeto de utilização por particular, total ou parcial, desde que em caráter precário e a título oneroso.

38. (FCC - 2011 - TRE-PE - Analista Judiciário - Área Judiciária) Os bens de uso especial, se perderem essa natureza, pela
desafetação,
a) continuam indisponíveis, pois a característica da inalienabilidade desses bens será sempre absoluta.
b) passam à categoria de bens de uso comum.
c) tornam-se disponíveis, no entanto, somente podem ser objeto de alienação de uma entidade pública para outra.
d) passam à categoria de bens dominicais, conservando, no entanto, a característica da inalienabilidade.
e) tornam-se disponíveis, podendo ser alienados pelos métodos de direito privado.

39. (FCC - 2012 - AL-SP - Agente Técnico Legislativo Especializado – Direito) Os bens públicos podem ser classificados de
acordo com a sua destinação. São bens
a) de uso comum do povo aqueles afetados a um determinado serviço ou finalidade pública, tais como os edifícios onde se situam
os órgãos públicos.
b) de uso especial apenas aqueles destinados ao particular por concessão ou permissão de uso.
c) dominicais aqueles de domínio do Estado não afetados a uma finalidade pública.
d) de uso especial aqueles destinados, por lei, a entidades integrantes da Administração indireta.
e) dominicais aqueles destinados à fruição de toda a coletividade, como, por exemplo, as praças e as vias públicas.

40. (PC-MG - 2011 - PC-MG - Delegado de Polícia) Sobre a Responsabilidade Civil do Estado é CORRETO afirmar, EXCETO:
a) As pessoas jurídicas de direito público respondem pelos danos que seus agentes, no exercício de suas funções, causarem a terceiros.
b) Cabível ao Estado ajuizar ação de regresso em face do agente causador do dano, desde que tenha agido dolosamente, mostrando-
-se inviável à pretensão se a conduta foi meramente culposa.
c) O princípio da repartição dos encargos também constitui fundamento da responsabilidade objetiva do Estado.
d) As pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviços delegados serão responsáveis pelos atos seus ou de seus prepostos,
desde que haja vínculo jurídico de direito público entre o Estado e o delegatário.

Didatismo e Conhecimento 57
DIREITO ADMINISTRATIVO
41. (CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador - conhecimentos específicos) Um indivíduo se encontrava preso em penitenciária esta-
dual, quando foi assassinado por um colega de cela. Nessa situação hipotética, o estado:
a) não poderá ser condenado a reparar os danos à família da vítima, pois o Estado não se responsabiliza por atos individuais de
terceiros.
b) não poderá ser condenado a reparar os danos à família da vítima, porque o dano não foi causado por agente estatal.
c) poderá ser responsabilizado pelos danos à família da vítima, desde que seja provada culpa dos agentes penitenciários na fiscali-
zação dos detentos.
d) não poderá ser condenado a reparar os danos à família da vítima, porque não houve vínculo causal entre o evento danoso e o
comportamento estatal.
e) poderá ser condenado a reparar os danos à família da vítima, ante sua responsabilidade objetiva.

42. (MPE-SP - 2012 - MPE-SP - Promotor de Justiça) - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado presta-
doras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
a) assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo.
b) salvo comprovação de ausência de dolo ou culpa do responsável.
c) assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
d) salvo comprovação de ausência de dolo do responsável.
e) salvo comprovação de culpa da vítima.

43. (Analista de Controle Área Jurídica TCE/PR – FCC 2012). Determinada empresa privada, concessionária de serviço
público, está sendo acionada por usuários que pleiteiam indenização por prejuízos comprovadamente sofridos em razão de falha na
prestação dos serviços. A propósito da pretensão dos usuários, é correto concluir que
(A) depende de comprovação de dolo ou culpa do agente, eis que as permissionárias e concessionárias de serviço público não
estão sujeitas à responsabilização objetiva por danos causados a terceiros na prestação do serviço público.
(B) atinge a empresa concessionária, independentemente de comprovação de dolo ou culpa, porém é afastada quando não com-
provado o nexo de causalidade, bem como quando comprovada culpa exclusiva da vítima.
(C) atinge apenas o concedente do serviço, o qual possui responsabilidade extracontratual de natureza objetiva por danos causa-
dos a terceiros na prestação do serviço concedido.
(D) atinge a concessionária apenas se comprovada conduta dolosa ou culposa, a qual, uma vez condenada, possui o direito de
regresso em face do poder concedente.
(E) atinge apenas o concedente do serviço, que somente será condenado em caso de comprovação de dolo ou culpa da empresa
concessionária e terá contra a mesma o correspondente direito de regresso.

44. (Analista de Controle Área Jurídica TCE/PR – FCC 2012). A respeito do controle dos atos administrativos pelo Poder
Judiciário, é correto afirmar:
(A) Em face da presunção de veracidade e de legitimidade, não admitem exame judicial no que diz respeito à motivação.
(B) Em face da presunção de legalidade, somente podem ser anulados judicialmente quando comprovada violação de norma de
competência ou de forma.
(C) Apenas os atos vinculados são passíveis de controle judicial, vedando-se o exame dos aspectos de conveniência, oportunida-
de e legalidade dos atos discricionários.
(D) Todos os aspectos do ato administrativo são passíveis de exame pelo Poder Judiciário, exceto o mérito administrativo dos
atos vinculados.
(E) Os atos discricionários são passíveis de controle pelo Poder Judiciário, no que diz respeito aos aspectos de legalidade e,
quanto ao mérito, podem ser invalidados se constatado desvio de finalidade ou ausência dos motivos determinantes para a sua prática.

45. (FCC - 2011 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Execução de Mandados) O controle legislativo dos atos do
Poder Executivo, em matéria contábil, financeira e orçamentária, é exercido pelo Poder Legislativo
a) por meio de seus auditores.
b) com autorização do Poder Judiciário.
c) com auxílio do Tribunal de Contas.
d) com auxílio do Ministério Público.
e) por meio de comissões parlamentares de inquérito.

Didatismo e Conhecimento 58
DIREITO ADMINISTRATIVO
46. (CESPE - 2011 - TRE-ES - Técnico Judiciário - Área Administrativa – Específicos) No que concerne ao controle da adminis-
tração pública, julgue os itens a seguir.
O recurso interposto fora do prazo não será conhecido, o que não impede que a administração reveja, de ofício, o ato ilegal.
( ) Certo
( ) Errado

47. (CESPE - 2011 - FUB - Secretário Executivo – Específicos) Acerca de direito administrativo, julgue os itens subsecutivos.
O controle interno da administração pública é realizado pelo Poder Judiciário, com o apoio do Poder Legislativo; o controle externo está
a cargo da Controladoria Geral da República.
( ) Certo
( ) Errado

48. (CESPE - 2013 - Polícia Federal - Delegado de Polícia) O pregão, modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços
comuns, independentemente do valor estimado da contratação, aplica-se tanto aos órgãos da administração direta quanto às entidades inte-
grantes da administração indireta, inclusive aos fundos especiais.
( ) Certo
( ) Errado

49. (FCC - 2013 - PGE-BA - Analista de Procuradoria - Área de Apoio Administrativo) Em 2002 entrou em vigor a Lei federal
no10.520 estabelecendo uma nova modalidade licitatória, própria para aquisição de bens e serviços ditos “comuns”, aplicável não somente
no âmbito da União, mas também a Estados e Municípios. De acordo com esta lei.
a) entende-se por bens e serviços comuns aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos no
edital e cujo valor seja igual ou inferior a R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).
b) os documentos de habilitação são apreciados depois de encerrada a etapa competitiva e ordenadas as ofertas, sendo analisados
somente os documentos do licitante que tiver apresentado a melhor proposta.
c) para julgamento e classificação das propostas, será adotado, como regra, o critério da melhor técnica, observados os prazos máxi-
mos para fornecimento e o valor médio de mercado para bens ou serviços similares ao licitado.
d) o prazo fixado para apresentação das propostas, contado a partir da publicação do aviso de convocação dos interessados, não será
inferior a 15 dias úteis.
e) aquele que apresentar documentação falsa exigida para o certame ou executar o contrato de forma fraudulenta incorre em crime
de responsabilidade, além de ficar impedido de licitar e contratar com a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, pelo prazo de até 8
anos, sem prejuízo das multas previstas no edital e no contrato.

50. (FCC - 2013 - TRT - 18ª Região (GO) - Analista Judiciário - Área Administrativa) Dentre os benefícios e vantagens advindos
da utilização da modalidade de pregão, destaca-se a
a) inversão de fases, com a análise da documentação pertinente à habilitação antes da análise das propostas.
b) existência de uma sessão pública para julgamento e classificação das propostas, com imediata abertura dos envelopes, com com-
binação de lances verbais.
c) possibilidade de escolha de mais de um vencedor, classificados pelo valor da proposta apresentada, para subsequente análise da
documentação pertinente à habilitação.
d) possibilidade de análise conjunta de todas as propostas e da documentação de habilitação dos licitantes, para definição do vencedor
combinando-se critério de julgamento de preço e técnica.
e) preferência pelo pregão eletrônico ao presencial, com inversão de fases, quando se tratar de aquisição de bens cuja especificidade
demande demonstração e detalhamento técnico de maior complexidade.

Didatismo e Conhecimento 59
DIREITO ADMINISTRATIVO
GABARITO:

01 CERTO
02 CERTO
03 ERRADO
04 B
05 B
06 A
07 E
08 CERTO
09 CERTO
10 ERRADO
11 A
12 E
13 A
14 B
15 D
16 A
17 ERRADO
18 ERRADO
19 B
20 B
21 CERTO
22 B
23 C
24 C
25 A
26 E
27 ERRADO
28 C
29 B
30 A
31 B
32 E
33 C
34 CERTO
35 ERRADO
36 A
37 A
38 E
39 C
40 B
41 E
42 C
43 B

Didatismo e Conhecimento 60
DIREITO ADMINISTRATIVO
44 E
45 C
46 CERTO
47 ERRADO
48 CERTO
49 B
50 B

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 61
DIREITO ADMINISTRATIVO

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 62

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