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REGIME JURÍDICO

ADMINISTRATIVO
Resumo esquemático
Cáp.3 de Maria Sylvia Zanella Di Pietro

Discente: Guilherme Neves Stadtler


 A Administração Pública pode submeter-se a regime jurídico de
direito privado ou regime jurídico de direito público. A opção por
um regime ou outro é feita, em regra, pela Constituição ou pela
lei.
 Quando utilizado o regime de direito privado, este é parcialmente
derrogado por normas de direito público.
 A norma de direito público sempre impõe desvios ao direito
comum, para permitir à Administração Pública alcançar os fins
que o ordenamento jurídico lhe atribui e, ao mesmo tempo,
preservar os direitos dos administrados, criando limitações à
atuação do Poder Público.

REGIMES PÚBLICO & PRIVADO NA


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
 Conjunto de traços que tipificam o Direito Administrativo; abrange
prerrogativas (que garantem a autoridade necessária para a
consecução do interesse público) e restrições (necessárias para
proteger os direitos individuais perante o poder público).
 Segundo Rivero (1973:35), as particularidades do Direito
Administrativo decorrem de duas ideias opostas:
“as normas do Direito Administrativo caracterizam-se, em face das do
direito privado, seja porque conferem à Administração prerrogativas
sem equivalente nas relações privadas, seja porque impõem à sua
liberdade de ação sujeições mais estritas do que aquelas a que estão
submetidos os particulares.”

REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO


 O Direito Administrativo nasceu e desenvolveu-se baseado em
duas ideias opostas: proteção aos direitos individuais frente ao
Estado (fundamento ao princípio da legalidade), e a
necessidade de satisfação dos interesses coletivos.
 As prerrogativas públicas são, segundo Cretella Júnior (Revista
de Informação Legislativa, v. 97:13), “as regalias usufruídas pela
Administração, na relação jurídico-administrativa, derrogando o
direito comum diante do administrador, ou, em outras palavras,
são as faculdades especiais conferidas à Administração,
quando se decide a agir contra o particular.”

REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO


 Ao mesmo tempo que as prerrogativas colocam a
Administração em posição de supremacia perante o particular,
sempre com o objetivo de atingir o benefício da coletividade, as
restrições a que está sujeita limitam a sua atividade a
determinados fins e princípios que, se não observados, implicam
desvio de poder e consequente nulidade dos atos da
Administração.

REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO


 PRERROGATIVAS:
 Autoexecutoriedade, autotutela, poder de expropriar, de
requisitar bens e serviços, o de ocupar temporariamente imóvel
alheio, instituir servidão, aplicar sanções administrativas, alterar e
rescindir unilateralmente os contratos, impor medidas de polícia.
 Privilégios como imunidade tributária, prazos dilatados em juízo,
juízo privativo, processo especial de execução, presunção de
veracidade de seus atos.

REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO


 RESTRIÇÕES:
 Exigência de licitação para a celebração de contratos e de
concurso público para a seleção de pessoal.
 Submissão aos princípios da Administração Pública.

REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO


 “Princípios de uma ciência são as proposições básicas,
fundamentais, típicas que condicionam todas as estruturas
subsequentes. Princípios, neste sentido, são os alicerces da
ciência.” José Cretella Júnior (Revista de Informação Legislativa,
v. 97:7)
 O Direito Administrativo está informado por determinados
princípios, alguns deles próprios também de outros ramos do
direito público e outros dele específicos (setoriais).

PRINCÍPIOS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
 Princípio da Supremacia do interesse público:
Presente na elaboração da lei e em sua aplicação pela
Administração Pública, nas hipóteses previstas no ordenamento
jurídico; dele decorre a indisponibilidade do interesse público.
 Princípio da Legalidade:
A Administração Pública só pode fazer o que a lei prevê (arts. 5º, II
e 37, caput, da CF).

PRINCÍPIOS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
 Princípio da Impessoalidade:
Previsto no art. 37, caput, da CF: deve ser observada em relação
aos administrados (no sentido de que os atos da Administração
devem observar a finalidade pública) e à Administração Pública
(no sentido de que os atos administrativos são imputáveis ao órgão
ou à pessoa jurídica que os praticou e não aos servidores
públicos), conforme art. 2º, parágrafo único, III, da Lei n.º 9.7884/99
(Lei de Processo Administrativo Federal).

PRINCÍPIOS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
 Princípio da Presunção de Legitimidade ou de Veracidade:
Trata-se de presunção juris tantum (relativa), porque admite prova
em contrário; a de legitimidade faz presumir que todos os atos da
Administração Pública são praticados em consonância com a lei;
e a de veracidade diz respeito à certeza dos fatos; consequência:
autoexecutoriedade dos atos administrativos.

PRINCÍPIOS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
 Princípio da Autotutela:
Poder de que dispõe a Administração Pública de corrigir os próprios atos, pela anulação e
revogação (Súmula 473, do STF) e de zelar pelos bens de seu patrimônio, sem necessidade de
autorização judicial.

 Princípio do Controle ou Tutela:


Equivale à fiscalização que os órgãos da Administração Direta exercem sobre as entidades da
Administração Indireta, com o objetivo de garantir a observância de suas finalidades
institucionais.

 Princípio da Especialidade:
As entidades da Administração Indireta não podem desvincular-se dos fins previstos em sua lei
instituidora.

PRINCÍPIOS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
 Princípio da Continuidade do Serviço Público:
O serviço público não pode parar, porque atende a necessidades
essenciais da coletividade. Consequências: restrições à greve no
serviço público, inaplicabilidade da exceptio non adimpleti
contractus, encampação ou caducidade da concessão, etc.

 Princípio da Hierarquia:
Relação de coordenação e subordinação entre os órgãos que
compõem a estrutura da Administração Pública.

PRINCÍPIOS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
 Princípio da Publicidade:
A regra geral na Administração Pública é a divulgação de seus atos; o sigilo
somente é admissível nas hipóteses previstas na Constituição (art. 5º, X, XI, XII,
XIV, XXXIII, XXXIV, LX, LXXII); o direito à informação disciplinado é pela Lei n.º
12.527/11.

 Princípio da Moralidade Administrativa:


Exige atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé (art. 2º,
caput, e parágrafo único, IV, da Lei n.º 9.784); aplicação dos arts. 5º, LXXIII; 14,
§ 9º; 15, V; 37, caput, e § 4º, da CF; seu descumprimento caracteriza desvio de
poder e ato de improbidade administrativa (Lei n.º 8.429/92, art. 11, inciso I).

PRINCÍPIOS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
 Princípio da Razoabilidade e proporcionalidade:
Exige relação e proporção entre meios e fins (art. 2º, parágrafo
único, incisos VI, VIII, e IX da Lei n.º 9.784/99); exigência de razoável
duração dos processos judiciais e administrativos (art. 5º, LXXVIII, da
CF).
 Princípio da Motivação:
Exige que todos os atos administrativos indiquem os fundamentos
de fato e de direito (arts. 2º, caput, e parágrafo único, VII, e 50 da
Lei n.º 9.784).

PRINCÍPIOS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
 Princípio da Eficiência:
Diz respeito ao modo de atuação do agente público, do qual se espera o melhor
desempenho no exercício de suas atribuições, sob pena de demissão, e ao modo de
organizar, estruturar, disciplinar a Administração Pública, com o objetivo de alcançar os
melhores resultados (arts. 37, caput, da CF, e 2º, caput, da Lei n.º 9.784); corresponde ao
dever da boa administração.

 Princípio da Segurança Jurídica, proteção à confiança e boa-fé:


Dois aspectos: objetivo (estabilidade das relações jurídicas) e subjetivo (proteção à
confiança). Correlação com o princípio da boa-fé.
Aplicação: manutenção de atos administrativos inválidos, manutenção de atos
praticados por funcionário de fato, fixação de prazo para invalidação, regulação dos
efeitos já produzidos pelo ato ilegal, regulação dos efeitos de súmula vinculante.

PRINCÍPIOS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
 PODER NORMATIVO
Emanação de atos com efeitos gerais e abstratos, que não podem
contrariar a lei. Expressão mais ampla que poder regulamentar (o que
cabe ao Chefe do Poder Executivo de editar normas complementares
à lei, para sua fiel execução); expressa-se por meio de regulamentos,
resoluções, portarias, deliberações, instruções.
Tipos de regulamento: executivo (complementa a lei) e independente
ou autônomo (inova na ordem jurídica); falta de fundamento
constitucional para a segunda modalidade; competência normativa
dos órgãos reguladores do petróleo e das telecomunicações.

PODERES
DA ADMINISTRAÇÃO
Regulamentos jurídicos ou normativos (estabelecem normas sobre
relações de supremacia geral, que atingem a todos os cidadãos)
e administrativos ou de organização (contêm normas sobre a
organização administrativa ou sobre as relações da Administração
com particulares em situação de submissão especial).

Medidas judiciais cabíveis em caso de omissão do poder


regulamentar:
Mandado de injunção (art. 5º, LXXI, da CF) e ação de
inconstitucionalidade por omissão (art. 103, § 2º, da CF).

PODERES
DA ADMINISTRAÇÃO
 PODER DISCIPLINAR
Apuração de infrações e aplicação de penalidades aos servidores
públicos e outras pessoas sujeitas à disciplina interna administrativa.

Como se distingue da sanção de polícia: esta é aplicada a particulares.

Necessidade de procedimento legal para apuração de penalidade:


observância do devido processo legal ( art. 5º, LV, da Constituição)

PODERES
DA ADMINISTRAÇÃO
Existência de certa margem de apreciação na escolha da sanção
cabível: não há discricionariedade no sentido de opção segundo
critérios de oportunidade e conveniência.

Necessidade de relação e proporção entre os fatos apurados e a


sanção, devidamente motivada.

PODERES
DA ADMINISTRAÇÃO
 PODERES DECORRENTES DA HIERARQUIA
Como relação de subordinação e coordenação entre os órgãos
administrativos:
o de editar atos normativos, o de dar ordens, o de controlar os
órgãos inferiores, o de anular os atos ilegais e revogar os atos
inoportunos ou inconvenientes, o de aplicar sanções, o de avocar
e delegar atribuições não privativas.

Inexistência de hierarquia nos Poderes Judiciário e Legislativo no


que diz respeito ao exercício de suas funções institucionais.

PODERES
DA ADMINISTRAÇÃO

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