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ADMINISTRATIVO:
GÊNESE & EVOLUÇÃO
Um resumo esquemático
ORIGEM
Direito Administrativo = fruto de milagre (Prosper Weil)? Continuidade do
regime anterior (Paulo Otero)? Ou fruto da pressão social?
O nascimento do Direito Administrativo relaciona-se diretamente com a
consagração dos ideais da Revolução Francesa de 1789 e o surgimento do
Estado de Direito.
A partir dos ideais liberais revolucionários, o poder estatal é limitado e o
Direito Administrativo é concebido como um ramo especial do Direito,
regulador das relações envolvendo o Estado e o exercício das atividades
administrativas.
ORIGEM
As limitações ao poder estatal e a proteção dos cidadãos podem ser
justificadas por três conquistas revolucionárias:
A) princípio da legalidade: submissão do Estado à lei (Estado de Direito)
substituindo a liberdade absoluta e arbitrária do Antigo Regime pelo governo
das leis.
B) princípio da separação dos poderes: mecanismo de limitação do
exercício do poder estatal. Evitava a concentração de poderes nas mãos de um
mesmo órgão.
C) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão: consagra direitos
fundamentais que são oponíveis ao Estado.
ORIGEM
Célebre Julgamento do Caso Blanco de 1873: o Tribunal de Conflitos, ao
apreciar um conflito de competência entre o Conselho de Estado (jurisdição
administrativa) e a Corte de Cassação (jurisdição comum) fixou a competência
do Conselho de Estado tendo em vista a presença do serviço público naquele
caso e a necessidade de aplicação de regras publicísticas, diferenciadas das
aplicáveis aos particulares.
Lei do 28 pluviose do ano VIII de 1800: apontada como a “certidão de
nascimento” do Direito Administrativo. Estabeleceu normas de organização
administrativa e de solução de litígios contra a Administração Pública.
ORIGEM
O Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que tem por objeto
as regras e os princípios aplicáveis à atividade administrativa
preordenada à satisfação dos direitos fundamentais.
Atividade administrativa: caracterizada de forma residual para englobar, em
princípio, todas as atividades não legislativas e não judiciais (poder de polícia,
função regulamentar, fomento, serviços públicos, regulação, etc). Exercício
concreto, por meio de ações ou omissões estatais, da função administrativa.
Função administrativa: conjunto de prerrogativas e competências estatais
(difícil conceituação e diferenciação das demais funções estatais).
CONCEITO
Fundamento do Direito Administrativo: inicialmente concebido a partir da
noção de serviço público, foi alargado e encontrou fundamento na concepção
tradicional do interesse público. Atualmente, influenciado pelo fenômeno da
constitucionalização do ordenamento jurídico, seu principal objetivo é a
satisfação dos direitos fundamentais.
CONCEITO
Compreendem os mecanismos utilizados pelos diversos países para o controle
jurisdicional da atuação administrativa.
Em síntese, é possível mencionar duas espécies de sistemas administrativos
que podem ser encontrados no direito comparado: sistema da dualidade de
jurisdição (sistema do contencioso administrativo ou da jurisdição
administrativa) e sistema da jurisdição una (unidade de jurisdição).
SISTEMAS ADMINISTRATIVOS
Sistema da dualidade de jurisdição – Sistema Francês (sistema do
contencioso administrativo ou da jurisdição administrativa): adotado,
inicialmente, na França e utilizado por diversos países (Alemanha, Portugal, etc),
consagra duas ordens de jurisdição:
A) ordinária ou comum: exercida pelo Judiciário sobre os atos dos particulares em
geral.
B) administrativa: exercida por juízes e Tribunais administrativos, que tem na
cúpula o denominado Conselho de Estado, dotado de forte independência em
relação ao Poder Executivo. O Conselho de Estado exerce a função consultiva, com
a expedição de recomendações (avis), e a função contenciosa por meio de decisões
(arrêts) sobre conflitos envolvendo a juridicidade das atividades administrativas.
SISTEMAS ADMINISTRATIVOS
Sistema da jurisdição uma – Sistema Inglês (unidade de jurisdição):
de origem inglesa e norte-americana, o sistema confere ao Poder Judiciário a
prerrogativa de decidir de maneira definitiva sobre a juridicidade de todos os atos
praticados por particulares ou pela Administração Pública.
É o sistema adotado no Brasil por meio do princípio da inafastabilidade do controle do
Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, da CRFB).
SISTEMAS ADMINISTRATIVOS
França: o julgamento do caso Blanco (arrêt Blanco), de 1783, e a promulgação
da lei do 28 pluviose do ano VIII de 1800 reconheceram a autonomia científica
desse ramo do Direito, dotado de institutos, métodos e princípios próprios que
não se confundiam com o tradicional Direito Civil.
Alemanha: o Direito Administrativo alemão foi pautado pelo desenvolvimento
sistemático, científico e abstrato a partir da doutrina.
Itália: o Direito Administrativo italiano sofreu influências do Direito alemão e
francês, pois conciliou a metodologia científico-abstrata germânica e a casuística
francesa. O primeiro livro da disciplina surge na Itália em 1814 (Principii
fondamentali di diritto amministrativo, de Giandomenico Romagnosi).
DIREITO ADMINISTRATIVO
COMPARADO & BRASILEIRO
Espanha: o Direito Administrativo espanhol, inspirado nas tradições francesa
e italiana, tem se desenvolvido com bastante intensidade nos últimos anos,
especialmente a partir de doutrinadores importantes.
Portugal: a doutrina administrativa portuguesa tem influenciado o Direito
Administrativo pátrio, com destaque para autores importantes, tais como:
Marcelo Caetano, Diogo Freitas do Amaral, Vital Moreira, entre outros.
Argentina: o Direito Administrativo, que também exerce forte influência no
Brasil, tem avançado com imensa desenvoltura, especialmente no campo
doutrinário.
DIREITO ADMINISTRATIVO
COMPARADO & BRASILEIRO
Inglaterra e Estados Unidos: pertencem ao sistema Common Law, marcado
pela força dos costumes, da equidade e dos precedentes judiciais.
Direito administrativo comunitário e Direito administrativo global: o
Direito Administrativo tradicional, vinculado à concepção da noção de Estado,
vem passando por profundas transformações ao longo do tempo, destacando-
se, por exemplo, o seu processo de internacionalização e crescente
desvinculação aos limites dos Estados nacionais, em razão da globalização
econômica e jurídica (Direito Administrativo comunitário). Por outro lado, o
fenômeno da globalização do Direito Administrativo e a crescente importância
da atuação regulatória de organizações justificam a existência do denominado
Direito Administrativo global.
DIREITO ADMINISTRATIVO
COMPARADO & BRASILEIRO
Brasil: o Direito Administrativo surge e se desenvolve no Brasil após o período
colonial, com a declaração de independência e a instituição de uma monarquia limitada
pela ordem jurídica. Com a Revolução de 1930 e a promulgação da Constituição de
1934, percebe-se a crescente intervenção do Estado na ordem econômica e social, o que
acarreta a instituição de novas entidades administrativas, a assunção de novas tarefas
pelo Estado e o aumento do quadro de agentes públicos, demonstrando, dessa forma, a
importância no desenvolvimento do Direito Administrativo brasileiro.
Após o período ditatorial e com a promulgação da Constituição de 1988, o Direito
Administrativo é inserido no Estado Democrático de Direito, passando por importante
processo de constitucionalização, com o reconhecimento da centralidade dos direitos
fundamentais e da normatividade dos princípios constitucionais.
DIREITO ADMINISTRATIVO
COMPARADO & BRASILEIRO
Ao contrário de outros ramos do Direito, o Direito Administrativo brasileiro
não é codificado. A autonomia legislativa reconhecida aos Entes federados fez
surgir normas federais, estaduais, distritais e municipais, o que demonstra sua
heterogeneidade e pluralidade.
É possível perceber uma espécie de codificação parcial por meio de normas
sobre o processo administrativo.
A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO
ADMINISTRATIVO & A VALORIZAÇÃO DOS
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
O novo constitucionalismo (“neoconstitucionalismo”, “constitucionalismo
contemporâneo” ou “constitucionalismo avançado”) é caracterizado pela
crescente aproximação entre o Direito e a moral, especialmente a partir do
reconhecimento da normatividade dos princípios constitucionais e da crescente
valorização dos direitos fundamentais.
Os princípios constitucionais e os direitos fundamentais passam a ter posição
de destaque na ordem constitucional.
A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO
ADMINISTRATIVO & A VALORIZAÇÃO DOS
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
O fenômeno da constitucionalização do ordenamento jurídico abalou alguns dos mais
tradicionais dogmas do Direito Administrativo:
A) a redefinição da ideia de supremacia do interesse público sobre o privado e a ascensão do
princípio da ponderação de direitos fundamentais;
B) a superação da concepção do princípio da legalidade como vinculação positiva do
administrador à lei e a consagração da vinculação direta à Constituição;
C) a possibilidade de controle judicial da discricionariedade a partir dos princípios
constitucionais, deixando-se de lado o paradigma da insindicabilidade do mérito
administrativo;
D) a releitura da legitimidade democrática da Administração, com a previsão de instrumentos
de participação dos cidadãos na tomada de decisões administrativas (consensualidade na
Administração).
A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO
ADMINISTRATIVO & A VALORIZAÇÃO DOS
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
O Direito Administrativo tem sofrido profundas transformações nos últimos
anos, sendo possível destacar:
A) Constitucionalização e o princípio da juridicidade;
B) Relativização de formalidades e ênfase no resultado;
C) Elasticidade do Direito Administrativo;
D) Consensualidade e participação;
E) Processualização e contratualização da atividade administrativa;
F) Publicização do Direito Civil e a privatização do Direito Administrativo;
G) Aproximação entre a Civil Law e a Common Law.