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Direito privado - 2

Capítulo XXI CM- representação

● Representação indireta: a pessoa representa ela própria, mas por coisa alheia
● Representação de proteção: representação dos incapazes
● Representação imprópria: não há duplicidade de vontade; falta uma declaração volitiva
do representante em lugar da do representado (o representante não pode não
representar, visto que isso é um direito que emana do órgão superior)
● Representação convencional ou voluntária: quando uma pessoa encarrega outra de
praticar em seu nome negócios jurídicos

Capítulo XXII CM - invalidade no negócio jurídico

● Atos inválidos: nulidade, anulabilidade e inexistência


○ Nulidade: é nulo quando, em razão de defeitos graves, não pode produzir os
determinados efeitos. Está relacionado ao interesse público. Torna-se nulo
quando:
■ For praticado por um incapaz
■ for ilícito
■ Ser impossível identificar seu objeto
■ For preterida alguma solenidade que a lei considera essencial
■ Quando há simulação (desconformidade entre a declaração de vontade
dita e a real. Tem aparência normal, mas não cumpre juridicamente o que
deveria)
○ Anulabilidade: ineficácia sob aspiração de um direito privado. O ato é imperfeito,
mas não é tão grave. Se dá através da incapacidade relativa ou de algum evento
que aniquilam o negócio (erro, dolo, fraude).
○ Inexistência: verifica a ausência de elementos constitutivos do negócio jurídico,
de tal forma que não se chega a formar
● Quando se desfaz o ato, aqueles que foram injustiçados devem ser recompensados
● Rescisão. Forma de ineficácia. Ex: inadimplemento contratual gera rescisão
● Revogação: retira a eficácia da lei
● Resolubilidade: quando o ato atinge seu termo final ou muda sua condição, fazendo
com que afete a declaração de vontade inicial, podendo ser restituído
● Ineficácia Stricto Sensu: recusa dos efeitos que embora sejam legais, passam por
obstáculos extrínsecos, os quais impedem que o ato seja cumprido perfeitamente
● Validade do negócio jurídico: agente (quem), objeto (o que) e forma (como)
● Para o objeto ser válido necessita ser:
○ Lícito: de acordo com as normas jurídicas
○ Possível: executável. Ex de impossível: partilha de um imóvel que, no entanto,
pertence a um terceiro
○ Determinado: objeto certo, descrito pela quantidade, gênero e qualidade
○ Determinável: objeto incerto, descrito pela quantidade, gênero, mas não se sabe
a qualidade

Capítulo XXIII CM - ato ilícito

● Ato ilícito - violação do ordenamento jurídico, implicando no cumprimento de deveres


● O ato ilícito pode ser praticado por:
○ Omissão: quando se abstém de atuar quando deveria fazê-lo
○ Negligência: quando se deixa de tomar os cuidados necessários para evitar um
dano
○ Imprudência: não tomar os cuidados normais que deveriam ser tomados
○ Imperícia: quando se descumpre regras
● Em penal, o ato ilícito gera punição, mas em civil o ato ilícito gera uma reparação de
dano
● Culpa própria: quando o agente é obrigado à reparação motivada por seu procedimento
antijurídico
● Culpa de terceiro: conduta injurídica do agente repercute em outrem, admitindo-se o
dever de indenizar
● Sustentamos que a cláusula de não indenizar é aceitável:
○ Quando não haja um dever de reparação instituído em lei de ordem pública;
○ Quando não seja expressamente proibida em lei;
○ No caso de haver o agente causado o dano não intencionalmente
● Responsabilidade civil: gera o dever de indenização
● Responsabilidade objetiva ou sem culpa: somente pode ser aplicada quando existe lei
expressa que autorize. Não há necessidade comprobatória de culpa do agente
● Teoria do risco: aquele que exerce uma atividade perigosa deve ressarcir o dano
causado. O risco é inerente à atividade do Estado.
● Responsabilidade civil do Estado: o Estado tem o dever de indenizar particulares pelo
dano causado por seus agentes. Essa responsabilidade é objetiva, devendo ter conduta
(ato lesivo), nexo causal e dano
● Responsabilidade subjetiva do agente público: será punido quando houver dolo e culpa.
Ex: motorista da ambulância bate ela por imprudência. Depois que o Estado ressarcir o
dano causado por essa ambulância ele poderá entrar com uma ação contra o motorista.
● Excusativas da responsaabiidade:
○ Legítima defesa
○ Exercício regular de um direito reconhecido
○ Estado de necessidade: destruição de algo que representava um expresso
perigo
● Abuso do direito: O abuso de direito ocorre quando o agente, atuando dentro das
prerrogativas que o ordenamento jurídico lhe concede, deixa de considerar a finalidade
social do direito subjetivo e, ao utilizá-lo desconsideradamente, causa dano a outrem.
Ex: tendo um terreno, uma pessoa constrói nele a fim de dificultar a passagem do
vizinho

Capítulo XXIV CM- prescrição e decadência

● Prescrição aquisitiva ou usucapião: aquisição dos direitos conforme o tempo, é


adquirida por aquele que tiver as faculdades de fato do direito pertencente ao domínio
ou de outros direitos reais
○ Título justo e boa fé: 10 anos (sem é 15 anos)
○ Para coisa móvel - título justo: 3 anos (sem 5 anos)
○ Fatores fundamentais: tempo e posse
● Prescrição extintiva: a fim de certo lapso de tempo, perde-se a pretensão de seu titular
de exigir de alguém determinado comportamento
○ Elementos essenciais: tempo e inércia do titular
● Decadência ou caducidade: extinção de um direito que não foi exercido pelo seu titular
no tempo previsto em lei
○ Efeito do tempo aliado a falta de ação do titular
○ Se dá pela falta do direito em um tempo determinado, enquanto a prescrição
extintiva extingue um direito subjetivo que não tinha prazo para ser cumprido
○ Seu prazo não pode ser interrompido, não se suspende após ser iniciado
● Prazo geral ou comum é o da prescrição ao longo do tempo, abrangente de qualquer
direito para cuja pretensão a lei não estabelecer prazo de extinção mais curto

Negócio Jurídico - existência, validade e eficácia - Antônio


Junqueira Neto
Definição do negócio
jurídico

● Circunstâncias negociais: verdadeiro elemento definidor do negócio


● A doutrina, para definir o negócio, se prende à sua função. Ora o define como “ato de
vontade”, que visa produzir efeitos, a partir da vontade, ora como “norma jurídica
concreta”, a qual tira sua validade da norma abstrata superior, focando nos efeitos
● autonomia da vontade - voluntaristas - ligada a autonomia para praticar o ato
● auto-regramento da vontade - objetivistas - ligada ao momento final, aos efeito, regras
que resultam

Definição pela gênese, ou voluntaristas +


crítica

● Segundo os voluntaristas, o negócio jurídico seria um ato de vontade que visa produzir
efeitos (autonomia da vontade). A declaração de vontade seria, assim, a manifestação
de vontade destinada a produzir efeitos jurídicos tutelados pelo ordenamento jurídico
● crítica da concepção voluntarista:
○ definições imperfeitas - ora abrange mais que o definido e ora deixam de
abranger todo o definido
○ mais que o definido - exemplo: ato de vontade ilícito, não negocial, que visa
produzir efeitos os quais a lei prevê - não é um negócio jurídico, como um
caçador que, no momento e atingir a caça, pensa em se tornar proprietário do
animal, atirando com dupla intenção. Nem por isso realiza um ato jurídico.
○ deixam de abranger todo o definido - exemplo: conversão substancial: se dá
quando o negócio realizado for ineficaz, mas continha pressupostos para que
seja eficaz, como outro negócio, não previsto. Aproveita-se o que for possível do
negócio nulo para ser tido como válido. O ordenamento jurídico, contudo, nem
sempre permite essa conversão, o que deve ser examinado no caso concreto.
Na conversão do negócio, mantida a vontade válida das partes (viés subjetivo),
altera-se o tipo do negócio jurídico para algum outro apto a aceitar tal vontade
(viés objetivo). Exemplo: As partes celebram venda e compra de um imóvel por
meio de instrumento particular, em desrespeito ao artigo 108 do CC (regra de
valor do bem acima de 30 salários mínimos). Evidenciada a necessidade da
formalização por meio de escritura pública, mas que não ocorreu. Então, tal
negócio jurídico poderá ser convertido, pelo juiz, em compromisso de venda e
compra.
● A vontade não é elemento necessário para a existência do negócio, tendo relevância
apenas para sua validade e eficácia. Por isso, ela não pode caracterizar o negócio.
Definição pela função ou objetiva + crítica

● o negócio jurídico constitui um comando concreto, ao qual o ordenamento jurídico


reconhece eficácia vinculante
● atenção voltada aos efeitos (função) e não à vontade (gênese)
● crítica:
○ a transformação do negócio em norma jurídica concreta e artificial
○ O negócio jurídico não pode ser considerado uma norma, pois ele vem de uma
norma. Assim, uma relação jurídica não pode ter o valor normativo, pois ela é o
efeito de uma norma.

Definição do negócio jurídico pela estrutura

● não se procura saber como o negócio surge (gênese), nem como ele atua (função), mas
sim o que ele é
● estruturalmente pode ser dividido como:
○ categoria - fato jurídico abstrato, o qual consiste em uma manifestação de
vontade, cercada de circunstâncias negociais, a qual fazem que a manifestação
seja vista socialmente como dirigida à produção e efeitos jurídicos - declaração
de vontade (característica primária), que a visão social atribui efeitos
constitutivos (característica secundária)
○ fato - fato jurídico concreto, que é o fato jurídico consistente em declaração de
vontade, a que o ordenamento jurídico atribui os efeitos designados como
queridos, respeitando a existência,a validade e a eficácia.
● No negócio jurídico não há manifestações de vontade, e sim uma declaração de
vontade. Ex: contrato - pode existir mais de uma manifestação de vontade, mas essas
manifestações unificam-se, socialmente, em uma declaração de vontade
● Ser lícito ou ilícito é uma qualificação que se dá aos negócios jurídicos, a qual não faz
parte da sua estrutura.
● Assim, crimes também são negócios jurídicos (não é por serem nulos que perdem esse
caráter)
● Há, até mesmo, negócios jurídicos ilícitos e válidos, como a venda de um imóvel próprio
que, antes, foi prometido a outra venda, diante da prestação de terceiro. Se o acordo da
primeira venda não estiver inscrita ou averbada, o segundo adquirente se tornará
proprietário
● Em suma, diferente da concepção voluntarista, a estrutural não se trata mais de
entender um negócio pelo ato de vontade, mas sim um ato que é visto socialmente
como de vontade, destinado a produzir efeitos jurídicos
● A visão passa de psicológica a social - o negócio não é o que o agente quer, e sim
como a sociedade vê essa declaração
● Vontade e causa não fazem parte do negócio jurídico, pois apenas evitam efeitos não
queridos (subjetivamente - pelo agente, vontade - ou objetivamente - pela ordem
jurídica, causa)

Existência, validade e eficácia

● existência: verificar se o negócios possui elementos de fato para que ele exista
● validade: declaração de vontade válida
● eficácia: produzir efeitos jurídicos

Elementos da existência, requisitos da validade e fatores da eficácia

● alguns elementos:
○ naturais: consequências que decorrem do próprio ato, sem que haja
necessidade de serem mencionados, como a obrigação do vendedor pelos
vícios redibitórios
○ acidentais: especulações que se adicionam ao ato, para modificar alguma de
suas consequências naturais, como o termo, o modo ou o encargo
○ essenciais: sem os quais o ato não existe. Ex: preço em uma compra e venda
■ gerais: comuns a todos os atos
■ particulares: para determinadas espécies
■ elementos categoriais

Plano da existência. Os elementos do negócio jurídico

● classificações do negócio jurídico:


○ elementos gerais: comuns a todos os negócios
■ são intrínsecos (forma, objeto e circunstâncias negociais) ou extrínseco
(agente, lugar e tempo)
○ elementos categoriais: próprios de cada tipo de negócio. Não resultam da
vontade da parte, mas sim da ordem jurídica
■ elementos categoriais essenciais ou inderrogáveis: caracterizam a
essência, servindo para definir cada categoria do negócio. Se
derrogados, já não teremos o negócio. Ex: consenso entre coisa e preço
na compra e venda
■ elementos categoriais naturais ou derrogáveis: podem ser afastados da
vontade da parte, sem que o negócio mude de tipo. Mesmo que repelidos
pela parte, seu regime jurídico continuará o mesmo. Ex: vícios
redibitórios
○ elementos particulares: existem em um negócio particular. São sempre
voluntários. (vídeo diz que eles podem ser considerados no plano da eficácia)
■ Condição: efeitos do negócio jurídicos a um evento futuro e incerto
■ termo: efeitos do negócio jurídico a um evento futuro e certo
■ Encargo: restringe uma liberdade
● somente aquilo que efetivamente constitui o negócio jurídico pode ser considerado seu
elemento, ou seja:
○ a forma: tipo de manifestação que veste a declaração (escrita, oral, mímica)
○ o objeto: seu conteúdo, como as cláusulas
○ as circunstâncias negociais: o que fica da declaração de vontade, despida de
forma e objeto
● esses são os três elementos gerais, intrínsecos e constitutivos do negócio
● existem mais elementos, que não faz parte integrante do negócio, mas são
indispensáveis: agente, lugar e tempo - esses são extrínsecos ou pressupostos
● dois primeiros são comum a todo fato jurídico e o último ao ato jurídico em sentido
amplo

Plano de validade. Os requisitos do negócio jurídico.

● quanto aos elementos intrínsecos:


● a declaração de vontade deverá ser:
○ resultante de um processo volitivo (coação absoluta)
○ querida com plena consciência da realidade (erro ou dolo)
○ Pescolhida com liberdade (coação relativa)
○ deliberada sem má fé (simulação)
● o objeto deverá ser: lícito, possível, determinado ou determinável
● a forma deve ser: livre ou conforme a prescrição legal
● já quanto aos elementos extrínsecos:
● o agente deverá ser capaz e legitimado para o negócio
● o tempo deverá ser útil, seguido conforme o estipulado
● o lugar deve ser o apropriado
● quanto aos elementos categoriais:
● somente os inderrogáveis possuem requisitos: deverá seguir determinado regime
jurídico
● quanto aos elementos particulares:
● podem ser:
○ vitiantur et vitiant: tornam nulo todo o negócio. Mostram que as condições têm
tanta importância quanto a cláusula
○ vitiantur sed non vitiant: evento consiste em um fato fisicamente impossível

Plano de existência. Os fatores de eficácia do negócio jurídico

● não se pode confundir válido com eficaz e nulo como ineficaz


● a ineficácia pode ser dividida em duas modalidades principais:
○ ineficácia simples, ou pendente, ou negócio relativo - quando falta um elemento
integrativo à plena eficácia dum negócio em formação
○ ineficácia relativa - se o contrato não é oponível a terceiro
● o advento do evento futuro é um fator de eficácia, já que é extrínseco ao ato e contribui
para a produção de efeitos
● ratificação também é um fator de eficácia, pois o negócio adquire sua eficácia própria
● ato válido mas ineficaz: representante sem seus poderes
● “não vale em relação a” - como “não vale em relação a terceiros” - significam que o
negócio não produz efeitos para fulano ou ciclano. Assim, a questão não é de validade,
e sim de eficácia
● fatores de eficácia:
○ fatores de atribuição de eficácia em geral: sem os quais o ato, praticamente, não
produz nenhum efeito. Ex: outorga de poderes pelo representado, morte do
testador, no testamento
○ fatores de atribuição de eficácia diretamente visada: indispensáveis, para um
negócio que já é eficaz, para produzir efeitos por ele visado. Antes, o negócio já
produzia efeitos, mas não os efeitos normais
○ fatores de atribuição de eficácia mais extensa: indispensáveis para que um
negócio, já com plena eficácia, produzindo os efeitos visados, dilate seu campo
de atuação, tornando-se oponível a terceiros, ou, até mesmo, erga omnes
● existem duas espécies de legitimidade:
○ legitimidade-requisito de validade: age sobre a validade do negócio, obtida pelo
consentimento de outrem, para realizar validamente um negócio jurídico. Obtida
apesar de uma relação jurídica anterior. Existência de uma relação jurídica que
impede a realização do negócio
○ legitimidade-fator de eficácia: age sobre a eficácia do negócio. Consiste na
aptidão, obtida pelo fato de estar o agente na titularidade de um poder, para
realizar eficazmente um negócio jurídico. Existe por causa de uma relação
jurídica anterior. Ex: atos mandatários sem poder, alienação de bem próprio. Os
negócios são válidos, falta a eficácia
● ineficácia superveniente: uma vez que o ato existe, vale e produz efeitos e o negócio
venha depois, por causa superveniente (incidental), se tornar eficaz. Ex: contrato
bilateral que se torna excessivamente oneroso e é desfeito - há, nesses casos, fatores
de ineficácia, que podem ser:
○ ligados à formação do negócio: advento do evento futuro, não-realização da
causa final
○ não ligados à formação do negócio: impossibilidade superveniente

Inexistência, invalidade e ineficácia

● se, no plano da existência, faltar um dos elementos gerais, não há negócio jurídico
● se houver elementos, mas, passando no plano da validade, faltar um requisito neles
exigido, o negócio existe, mas não é válido
● se houver elementos e requisitos, mas faltar um fator de eficácia, o negócio existe e é
válido, mas é ineficaz
● objeção a) os negócios nulos, que, por produzirem eventualmente efeitos, parecem que
passam para o plano de eficácia, quando, na verdade, deveriam ficar no plano da
validade
● objeção b) os negócios anuláveis que, pelo menos aparentemente, também passam
para o plano da eficácia
● somente aos atos existentes se pode dar a qualificação de nulo
● princípio da conservação: tanto o legislador quanto o intérprete devem procurar
conservar, em qualquer dos três planos, o máximo possível do negócio realizado pelo
agente
○ plano da existência - se faltar um elemento categorial inderrogável abre a
possibilidade para o intérprete de convertê-lo em negócio de outro tipo, mediante
aproveitamento dos elementos presentes, é a conversão substancial.
○ No plano de validade - divisão dos requisitos em mais ou menos graves,
confirmação de atos anuláveis, nulo em casos excepcionais. A regra de nulidade
parcial (anula uma cláusula e não o negócio todo) admite que o negócio persista,
sem a cláusula defeituosa.
○ No plano da eficácia - construção dos negócios ineficazes em sentido restrito,
como negócios diversos dos nulos, resulta da aplicação do princípio de
conservação. Quando os efeitos do negócio não correspondem aos que estavam
previstos, a primeira alternativa não é ordenar a resolução, admitindo
correlações que levem a conservação dos efeitos do negócio. Ex: optar por ação
de abatimento do preço, em vez de ação redibitória, no caso dos vícios
redibitórios.

Análise do negócio jurídico no plano da existência

Vontade e Declaração de Vontade


● direito francês: teoria da vontade
● direito alemão: teoria da declaração
● ambas admitem a existência da vontade e da declaração no negócio jurídico, divergindo
quanto à prevalência de um ou de outro
● há apenas um elemento: a declaração de vontade
● a vontade não é elemento do negócio jurídico, já que o negócio consiste na declaração,
surge e nasce com ela
● a vontade poderá influenciar na validade e às vezes na eficácia (como em casos de
erro, dolo, coação, fraude)
● não há que discutir qual dos elementos deve prevalecer: apenas a declaração de
vontade é elemento do negócio
● teoria da responsabilidade: preponderância da vontade sobre a declaração. Se a
vontade for irregular, o ato será nulo ou anulável
● teoria da confiança: prevalência da declaração, devendo o declarante arcar com o ônus
da confiança. No entanto, se o destinatário confiou indevidamente, se pesquisa a
vontade interna do declarante

Influência da vontade sobre a declaração no direito brasileiro

● tendência moderadora: o Código Civil restringe o papel da vontade e a doutrina e a


jurisprudência o ampliam. Acontece o inverso em casos de erro e interpretação
● conflito entre declarante e destinatário:
○ Se uma pessoa normal perceberia a falta de circunstâncias negociais não há
declaração de vontade e nem, consequentemente, negócio jurídico. Ex:
declaração de vontade num palco ou em um sala de aula - o problema não é a
nulidade, e sim a existência
○ se houver todas as circunstâncias negociais e faltando a seriedade do negócio,
ou seja, a vontade interna, o negócio existirá, mas será nulo
● critério objetivo: saber se ato existe
● critério subjetivo: saber se o ato vale
● simulação culposa: declaração prevalece contra a intenção
● diante da alegação da simulação, o juiz não prossegue na investigação, a vontade não
será julgada e não há necessidade de verificar se realmente houve simulação
● Problema para o réu: invocar ou não o art. 104 (não se pode alegar contra a simulação).
Mesmo que esse artigo o favoreça, fugir da acusação de simulação usando o art. 104
poderá parecer uma confissão de que realmente ocorreu a simulação
● em geral, o réu adota uma posição contrária e finge não saber do artigo supracitado,
defendendo-se pelo mérito, afirmando que não houve simulação
● o juiz ignora o artigo e investiga a vontade das partes
● art. 85: “nas declarações de vontade se atenderá mais à sua intenção do que ao sentido
literal da linguagem”
● Mas, jamais pode-se pesquisar a vontade independemente da declaração: parte-se da
declaração (objetivo) para descobrir a intenção (subjetivo)
● causa ilícita: legislação restringe a pesquisa da vontade interna, enquanto a doutrina e a
jurisprudência procuram buscar os motivos
● quanto à causa ilícita, há dois tipos de legislação:
○ toda causa ilícita influi sobre a validade, ainda que ela seja o único caráter ilícito
do negócio
○ a causa ilícita somente influi sobre a validade quando somada a outros
caracteres
● a jurisprudência procura apanhar negócios de motivo determinantemente ilícito, através
do “objeto ilícito”
● objeto é tudo aquilo que visa o agente, o conteúdo do negócio
● Os motivos estão no agente, na pessoa e fora do negócio
● quando a ilicitude está no objeto, há regra específica de nulidade
● quando a causa ilícita limita-se aos negócios cuja motivação é ilícito e o objeto é lícito, a
jurisprudência e a doutrina se decidiram pela nulidade, mas não há base legal para tal
● cobrança de pensão mensal vitalícia - não há obrigação de dar pensão vitalícia à
prostituta, mas, se o fizesse, a causa da obrigação seria imoral e contra aos bons
costumes
● a lei não diz ser nulos negócios cuja causa é imoral e, percebendo a falta de
fundamento legal para a nulidade, o Tribunal afirmou ser nulo o negócio por ter objeto
ilícito, quando, na verdade, o objeto do negócio era uma simples obrigação pecuniária
● segundo a lei não deveria haver nulidade, que é o oposto do propagado pela doutrina e
pela jurisprudência
● não é ideal que haja um artigo genérico sobre o motivo ilícito, já que o motivo nem é um
elemento intrínseco ao negócio

elementos constitutivos do negócio jurídico: circunstâncias negociais, forma e objeto

● os elementos intrínsecos são indissolúveis


● forma e objeto, sem circunstâncias negociais, formaria uma manifestação de vontade,
mas essa não seria qualificada

as circunstâncias negociais

● caso normal: encontrar em um negócio concreto a manifestação de vontade e a vontade


de conteúdo
● pode faltar a manifestação e, assim, faltará a vontade negocial
● pode estar somente viciada a manifestação e faltar a vontade negocial (declarar doar a
Tício, enquanto o benfeitor, na verdade, tem outro nome)
● perfeita a vontade de manifestação e faltar a vontade negocial (declaro doar a Tício
porque quero ele livre, mas na verdade não se quer doar)
● vontade de manifestação existe e está imune aos vícios, enquanto a negocial está
viciada (compro um objeto achado que é de ouro, mas é somente dourado)
● existe a vontade de declarar (quer declarar que quero comprar), a vontade de conteúdo
(quero comprar tal coisa) e a vontade de certo comportamento (quero fazer a
declaração por escrito)
● vontade de declarar tem por objeto as circunstâncias negociais, ou seja, circunstâncias
que fazem com que a declaração seja vista socialmente como manifestação jurídica, ou
seja, como declaração
● circunstâncias negociais são uma espécie de esquema, que forma um padrão cultural
de atitude, fazendo com que determinados atos sejam vistos como dirigidos à produção
de efeitos jurídicos
● assim, a pouca familiaridade de certas pessoas com os padrões culturais, como a dos
índios, fazem com que o ordenamento jurídico considere nulos os atos por eles
realizados dentro dos padrões da sociedade que não é a sua

a forma

● meio através do qual o agente expressa sua vontade (oral, escrita, através do
silêncio…)
● pode ser expressa ou tácita, ativa (agente modifica o mundo exterior) ou omissiva
(inércia, não há modificação no mundo exterior. Ex: votar permanecer como está,
aceitar uma herança pela não resposta do herdeiro)

O objeto

● conteúdo do negócio
● encerra em si elementos:
○ categoriais inderrogáveis, desde que a espécie que pode-se chamar de objetiva
ou causal (acordo sobre o preço de algo)
○ elementos categoriais derrogáveis que vão constituir o conteúdo implícito do
negócio e que, por isso, são chamados, muitas vezes, erroneamente, de
“cláusulas implícitas”
○ elementos particulares, isso é, diversas cláusulas expressamente incluídas no
negócio
● pode-se dizer que no objeto do negócio há um conteúdo expresso (referência
completa), um implícito (elementos categoriais derrogáveis) e um incompletamente
expresso (referência incompleta)
● há dois tipos de negócio per relationem:
○ negócios formalmente per relationem, cujo conteúdo já está todo determinado e
no qual não se repete, por economia
○ negócios substancialmente per relationem, em que parte do conteúdo é deixada
em branco, a fim de ser fixada no futuro, como o fornecimento de mercadorias,
cuja cotação deve ser determinada na bolsa

os elementos categoriais inderrogáveis do negócio jurídico e causa

Ensaio de classificações dos elementos categoriais inderrogáveis

● o elemento categorial inderrogável pode tanto ser formal (negócios abstratos) quanto
objetivo (negócios causais)
● abstratos antigamente: mancipatio, stipulatio (constitui qualquer tipo de obrigação, como
a doação, a compra) , injure censu - aquele cujos efeitos se produzem
independentemente da causa, se caracteriza pela forma e não pelo conteúdo.
● negócios relativamente abstratos: a causa pode ter consequências entre as partes
● no direito brasileiro não há negócios absolutamente abstratos, ou seja, a causa terá
relevância, sempre, entre as partes
● elemento categorial inderrogável objetivo, próprio dos negócios causais, pode ser típico,
ora por se referir a um fato anterior ao próprio negócio, ora por se referir a um fato futuro
ao qual tende. Ex: contratos, reconhecimento de um filho

relações entre elemento categorial inderrogável e causa

● ambos se diz que servem para fixar o tipo de negócio


● a causa é um fato externo ao negócio, mas que o justifica do ponto de vista social e
jurídico

o papel da causa no negócio jurídico

● a inexistência da causa acarretará, em regra, nulidade por falta da causa (ela é quesito,
então, de validade)
● quando a hipótese for de causa final, acarretará em ineficácia superveniente (causa
com fator de eficácia)
● predomina-se, atualmente, o que se chama de sentido objetivo da causa, ou seja, vê na
causa a função prático-social ou econômico-social do negócio
● o elemento categorial inderrogável dos contratos bilaterais é a convenção pela qual a
execução da prestação de uma parte depende da execução de contraprestação da
outra parte
● ex: se é realizado acordo sobre alimentos, porque uma das partes reconhece que a
outra delas necessita, não há contrato bilateral. Assim, uma vez cessada a necessidade
do alimentário (causa final), cessa também a eficácia do acordo
● a causa pode até mesmo ocorrer sobre contratos unilaterais e influenciar na sua
eficácia. Ex: criação de uma fundação, cujo fim deva ser a descoberta de um remédio
contra o câncer. O negócio deve ser considerado ineficaz se, antes da criação, o
remédio contra o câncer for descoberto

16 de agosto

● Fatos naturais + fatos humanos = fatos jurídicos


● esquema:

● fatos jurídicos: qualquer acontecimento humano ou natural que produza efeitos


jurídicos, causando o nascimento, a modificação ou extinção das relações jurídicas e de
seus direitos
● qualquer fato social é capaz de, em certas certas circunstâncias, produzir efeitos
jurídicos. Por isso, evita-se falar de fatos “não-jurídicos”, porque todo o fato pode acabar
sendo dotado de juridicidade
● relevância vs eficácia jurídica: fatos sociais são dotados de relevância, porque
produzem efeitos jurídicos, ou seja, a relevância é relativa ao caso concreto, a eficácia é
relativa a norma
● fatos naturais:
● extraordinários: São os fatos naturais que decorrem de “eventos não previsíveis” ou
“especiais”, tais como terremoto, maremoto, raio, tempestade destruidoras, ou seja,
casos fortuitos ou força maior.
● fatos naturais ordinários: nascimento de alguém
● Fatos humanos:
● atos jurídicos: fatos voluntários, com manifestação de vontade
● fatos jurídicos em sentido estrito: reconhecimento do filho - efeitos: passa a ser herdeiro.
Advindo de uma relação voluntária e produzem efeitos, não dependem da vontade de
quem praticou o ato. O reconhecimento do filho, então, pode ser contra a vontade,
como um pai que é obrigado é obrigado a reconhecer um filho
○ atos materiais: aqueles que a lei produz um efeito jurídico, como um tesouro.
○ participações: intimação, avisos, convites
● Negócios jurídicos: ações voluntárias que causam efeitos jurídicos a partir da
manifestação de vontade declarada, efeito depende da vontade que foi declarada. Ex:
recompensa - quem encontrar um cachorro ganhará x, casamento
○ pode produzir efeitos a partir da vontade declarada ou a partir da vontade, como
o testamento, que gerará efeitos depois da morte
○ unilaterais: testamento - declaração de vontade é apenas do testador para gerar
os efeitos
○ bilaterais: mais de uma parte necessária para produzir efeito, como o contrato de
compra e venda
● ato ilícito: também é considerado jurídico, no sentido de que ele produz efeitos. Código
de 16 não o considerou jurídico pela ilicitude, mas é considerado, sim, pelas suas
consequências
● ato fato jurídico: os efeitos não dependem da vontade, serão produzidos de acordo com
a lei, como o tesouro
● aquisição de direitos:
○ Originária: o direito nasce quando o titular se apropria do bem de maneira direta,
sem que haja a transferência. Não tem haver com o proprietário, e sim com o
cumprimento de requisitos necessários, como a boa fé. Ex: usucapião (defende
quem cumpre com a função social da propriedade)
○ derivada: quando ocorre a transmissão do direito de uma pessoa para a outra
Ex: doação, transmissão hereditária
○ gratuita: não há contraprestação, como a doação
○ onerosa: doação com um encargo, compra e venda
○ universal: adquire a totalidade dos direitos (responde pelas dívidas, no limite da
cota das heranças), ou uma cota necessária. Ex: herdeiros necessários
○ singular: aquisição de uma coisa ou de um bem específico. Ex: legado - casa da
praia vai ficar para tal pessoa
○ simples: único fato gerador, como uma nota emitida
○ complexa: decorre de vários fatos, como o usucapião

23 de agosto:

● Ato-fato jurídico: vontade não é relevante, a lei impõe efeitos jurídicos. Pontes de
Miranda: é um ato produzido pelo homem, mas nem sempre segue sua vontade. Fato
jurídico qualificado pela vontade humana, ou seja, há uma vontade humana, mas o
valor maior está no fato, na previsão da lei.
● eles são classificados em:
○ atos-fatos indenizatórios: surge uma obrigação de indenizar sem que haja,
necessariamente, uma ilicitude
○ atos-fatos reais: considerados apenas pelo seu resultado, independente da
vontade
○ estado de necessidade: conduta praticada para se livrar de uma situação de
perigo
○ atos-fatos extintivos de caducidade: se extingue um direito pelo decurso do
tempo, como a prescrição (extinguir da outra parte uma obrigação) e a
decadência (direito de exercer um poder, sendo que a outra parte não é obrigada
a nenhum tipo de prestação, condição potestativa). Ex: usucapião extraordinário
- decurso do prazo gera a aquisição. Em todo esse caso, o fato será o tempo
● atos jurídicos em sentido estrito: não coloca-se maior sentido no fato, e sim na vontade
(?)
● negócio jurídico: ato de vontade que visa negócios jurídicos (definição pela gênese,
teria voluntarista) ou um preceito que tira validade de uma norma
● Junqueira diz que as definições voluntaristas são imperfeitas de acordo com a lógica,
pois se pensa-se somente na vontade, para definir o negócio jurídico, sendo que
existem várias vontades que não podem produzir um negócio jurídico. Assim, a vontade
não é elemento para a existência do negócio jurídico, sendo que, na realidade, o
negócio tem efeito pela declaração, e não com a vontade. Assim, um negócio jurídico
seria melhor definido pelo elemento objetivo (declaração) do que por um elemento
subjetivo (vontade)
● Junqueira também diz que é uma visão muito unilateral olhando apenas pela vontade,
visto que, por exemplo, em uma declaração de contrato, há mais de uma vontade
● para junqueira, então, o negócio jurídico deve ser analisado pela existência, validade e
eficácia
● negócio jurídico categorial - visto através da declaração de vontade, que é uma
manifestação de vontade que, pela suas circunstâncias, é vista socialmente como
destinada a produzir efeitos jurídicos
● Junqueira também traz a visão da função social, sendo importante olhá-la no negócio
jurídico - concepção estrutural
● elemento do negócio jurídico é tudo aquilo que compõe a sua existência
30 de agosto

● Elementos: necessário para negócio existir


○ podem ser: categoriais, gerais e particulares
■ elementos categoriais: elementos próprios
■ elementos particulares são sempre voluntários - posso ou não colocar
determinada coisa no contrato (condição, modo e encargo)
■ gerais: intrínsecos (forma, objeto e circunstâncias negociais) e
extrínsecos (tempo, lugar e agente)
● requisitos: necessário para o negócio ser válido
● fatores: necessário para o negócio ser eficaz
● Teoria da vontade (dentro da teoria voluntarista): a vontade, por si mesma, deve ser
considerada como único elemento importante e eficaz. Só pelo negócio não se pode
afirmar seus efeitos. Assim, Savigny coloca que deve-se analisar a intenção e a
consciência do declarante (se não houve erro). O papel da declaração, nesse caso,
seria só um meio de explicitar a vontade.
● há também a teoria da declaração, que dá maior importância àquilo que foi declarado
● Junqueira critica as duas teorias, visto que a vontade não é um elemento para o
negócio jurídico no plano da existência, apenas pode influenciar a validade do negócio e
a eficácia. Para que o negócio exista, então, é necessária a declaração.

13 de setembro

● no plano de vaidade
● anulabilidade:
○ interesse “privado” de parte prejudicada
○ depende da provocação
○ ocorre prescrição ou decadência
○ sanável
○ ex: nunc
● nulidade:
○ interesse e prejuízo coletivos
○ insanavel
○ pode ser reconhecida de ofício
○ não ocorre prescrição nem decadência
○ ex: tunc

14 de setembro

● contratos coligados vs mistos:


● nos coligados, a individualidade de cada contrato é mantida - representa uma finalidade
em comum, firmado por pessoas diferentes. A autonomia é mantida
● um depende do outro, de modo que, sozinhos, seriam desinteressantes
● já os contratos mistos vem de elementos diferentes em contratos diversos, elementos
heterogêneos, que formam um elemento final igualitário (contrato singular)

20 de setembro - monitoria

● art. 113 - boa fé subjetiva é a crença, instituto psicológico e individual, de temos de


estar agindo de boa fé, de acordo com a declaração de vontade, de acordo com o
ordenamento jurídico
● boa fé objetiva é um padrão de conduta esperado do homem íntegro, da pessoa no
negócio jurídico. Ex. ver a matrícula do terreno a ser comprado, consultar no site da
Cetesb se ele está contaminado. Leva em conta aspectos sociais daquele local.
● Tem a função de limitar o alcance do contrato, o que se aceita e o que não se aceita. A
boa fé estabelece limites art 187
● Tem função de integração do negócio jurídico, é uma parte do contrato. Faz com que
deveres acessórios ao contrato também passem a fazer parte do contrato. art 422. ex. a
transferência da matrícula é necessária e acessória ao objetivo central de compra e
venda

21 de setembro - interpretação do contrato e boa-fé

● busca-se a conservação do negócio jurídico ou do contrato


● o contrato tem caráter obrigacional, por isso deseja-se a sua conservação, quando
possível
● diferença entre pacto e contrato:
○ contrato é um acordo de declarações de vontade
○ pacto é a junção de duas vontades que não se contrapunham - há colaboração e
ambas as partes estariam na mesma direção de interesses, por isso não haveria
um inadimplemento pactual
○ O pacto pode surgir, também, para regular relações - pacto antenupcial: regula
certos bens para fins de separar, especificamente, os bens, que já foram
pré-determinados antes.
● distrato: convenção entre as partes para dar fim a um contrato
● interesses difusos são transindividuais, pois não diz respeito a uma parte específica,
mas sim a toda a sociedade. Ex: caso de Mariana e de Brumadinho
● no caso de brumadinho e mariana há interesses difusos e individuais homogêneos -
visam facilitar a ação, dado que abre-se somente um processo para várias pessoas
● socialização contratual: há uma interpretação altamente social do contrato - a renovação
teoria do contrato busca a equidade, a boa-fé e a segurança nas relações jurídicas
● a ideia é integrar o contrato de forma harmônica, visando impedir aqueles que
prejudicam a sociedade como um todo, mas também o consumidor individualmente
● ex: atraso das companhias aéreas em voos - poucas pessoas ajuizam a ação contra um
atraso. Junqueira, então, diz que é necessário uma forma de que as pessoas que
sofrem com essa situação sejam ressarcidas
● dessa maneira, criam-se três paradigmas:
○ boa-fé objetiva: o que se espera nos atos da contratação, expectativa de
cumprimento contratual.
■ artigos importantes: 110 a 114 do CC
○ conservação do contrato na interpretação contratual: deve tentar conservar os
efeitos do negócio
■ buscar, primeiramente, o conteúdo da declaração contratual e, se houver
lacunas, busca-se a segunda fase da interpretação, a interpretação
integrativa do contrato, a qual leva em conta outros critérios
○ regras hermenêuticas gerais - extrema ratio
■ a pessoa com menos no contrato será menos prejudicada - tentar achar
um equilíbrio contratual
○ Para os contratos de adesão (aqueles estabelecidos unilateralmente) têm-se
normas específicas - aderente é a parte mais fraca, que não discute as cláusulas
contratuais e, assim, interpreta-se em favor dele. Art 423
● consumidor profissional: aquele que sempre busca um “jeitinho” - exemplo do amigo da
Patrícia que comprou uma mala branca e barata no Japão que queria reclamar com a
empresa aérea a qual danificou a mala

27 de setembro - teoria da aparência

● o centro do momento em que vai se fazer a interpretação não diz respeito ao ânimo das
partes, mas sim algo que socialmente é aceitável
● a boa-fé, na interpretação do negócio jurídico, é objetiva
● a boa-fé subjetiva tem haver com o Estado de consciência, intenção do agente - está
ligada com a posse - para usucapião, por exemplo, analisa-se a boa-fé subjetiva
● A boa-fé objetiva está relacionada àquilo que seria esperado em determinadas
circunstâncias - confiança no contrato, expectativa de atuação, comportamentos
esperados. Assim, quando se faz um contrato de compra e venda tem-se o que espera
do credor e do devedor. É aspecto de interpretação do negócio jurídico
● teoria da aparência: leva em conta um erro comum, analisando a boa-fé do terceiro.
Reconhece-se um comportamento considerado “natural”, a qual seria feita por um bom
pater-familia
● requisitos para se considerar da teoria da aparência:
○ fato gerador: materialidade
○ imputação ao titular de um direito
○ obrigação de fazer ou não fazer
○ existência de um nexo causal entre o fato da aparência e a conduta do terceiro
○ existência de boa-fé por parte do terceiro
○ âmbito de atuação de aparência circunscrito a atos ou negócios jurídicos
onerosos
● teoria da aparência: uma situação de fato que manifesta como verdadeira uma situação
jurídica não verdadeira e que, por causa do erro escusável de quem, de boa-fé, tomou o
fenômeno real como manifestação de uma jurídica verdadeira, cria um direito subjetivo
novo, mesmo à custa da própria realidade
● casos que já têm uma solução: aparência NO direito)
● casos que não têm solução: teoria da aparência
● não se pode obrigar um terceiro a fazer uma avaliação preventiva da realidade
● hipóteses de aplicação para a teoria da aparência:
○ representante aparente
○ expiração do mandato dos administradores e eles continuam mandando
○ se os administradores ultrapassam seu poder
● A teoria da aparência tem relação com a simulação, mas a ultrapassa

4 de outubro

● dolo, erro, coação - constatação de um vício no processo volitivo (vontade) - art 138 a
165
● não deve-se buscar a vontade geral, e sim a declarada - teoria
● há exceções, pois em alguns defeitos no negócio a vontade é investigada, como na
simulação e na fraude contra credores
● o sistema jurídico brasileiro é bem equilibrado em relação a declaração de vontade e
vontade real
● Erro:
○ deformação do conhecimento, relativo às circunstâncias da manifestação da
vontade. A declaração seria diferente se houvesse conhecimento dos fatos
○ Deve ser substancial - causar impacto relevante para o negócio jurídico - e
perceptível por pessoa com capacidade normal
○ Erro próprio: tomar o que é verdadeiro por falso ou falso por verdadeiro
○ Erro obstativo: erro entre a deliberação e a execução de um ato
○ Erros de fato: erro quando a natureza do negócio, objeto ou quanto as
informações essenciais
○ Erro subjetivo: quando a identidade física ou moral da pessoa com quem se
contrata
● Dolo:
○ agir com má-fé, intencionalmente, por ação ou omissão.
○ Dolus bonus: relacionados ao comércio e “perdoados” pela jurisdição. Ex:
propaganda que seduz a vítima
○ O dolo deve ser um elemento essencial, se for acidental se preserva o negócio e
a parte responde por perdas e danos
● Coação: declaração que não seria manifestada se o agente não estivesse sob uma
pressão externa irresistível, sendo ela moral ou física
● Estado de perigo: assumir obrigação excessivamente onerosa para salvar a si ou outro
membro da família de grave dano
● vícios de consentimento:
● Gera anulabilidade - plano de validade
● erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão - ruptura entre a vontade real e a vontade
manifestada
● Vício social:
● Também gera anulidade
● fraude contra credores - desfazer-se de bens de seu patrimônio de forma que
prejudique credores. Aqui não há problema quanto o processo volitivo, mas sim uma
dificuldade de reconhecer a vontade real
● Simulação: na doutrina não se trata de anulação, mas sim de nulidade

18 de outubro - representação

● “posso adquirir direitos por ato próprio ou de outra pessoa” - quem pratica o ato é
representante, no direito do representado
● em uma representação legal, sempre deve se atuar no interesse do representado
● a representação voluntária pode ser diversa - às vezes defende o interesse próprio do
representante
● Hipóteses decorrentes da lei: pais, tutores, curadores
● Hipóteses decorrentes de negócios jurídicos (convencional): em regra, por meio da
procuração - outorga uma procuração para determinada atuação - a atuação do
representante dependerá das circunstâncias, podendo ser no próprio interesse -
procuração em causa própria
● representação indireta - participante age em nome próprio, mas por conta alheia,
adquirindo primeiramente o representante os direitos somente mais tarde o
representado vindo a recebê-los. Ex: pesquisar
● pode-se falar em representação no negócio jurídico ou dentro do direito de família -
devido a isso, a representação está na parte geral, já que pode aplicá-la em várias
partes do direito civil
● Representação vs mandato:
● Representação é mais ampla do que o contrato de mandato
● A representação está muito presente no mandato
● Onde mais aplicamos a representação? Nos negócios jurídicos, por isso ela está muito
presente no mandato. Ex: dá a representação para um comerciante e, depois, o
mandato de que ele atue em determinada região
● a base para se ter a representação é a autonomia privada - as partes poderão delegar
poderes a um representante que agirá em seu nome
● há na representação a substituição de uma pessoa por outra na prática de um ato
jurídico ou negócio jurídico
● a atuação deve conceder dentro dos limites concebidos - caso o ultrapasse, poderá cair
em anulação
● Tem-se 180 dias para pedir a anulação, ao contrário, cai-se em caso decadencial
● A pessoa que for representante deve-se se identificar ao realizar seu mandato
● mandato: contrato por meio do qual alguém recebe de outrem poderes para, em seu
nome, praticar atos ou administrar interesses, sendo uma modalidade do contrato de
prestação de serviços
● Pode-se ter mandato sem representação, como quando a pessoa age em nome próprio,
mas no interesse do mandante
● a representação pode ser
○ legal: dependente da lei, pressupondo a incapacidade (ainda que relativa) do
representado (tutor) ou deficiência mental (curador). Tem-se que conservar o
patrimônio do representado
■ Ex: representação sindical
○ voluntaŕia: surge da vontade do representado, que emana outra pessoa praticar
negócios em seu nome, definindo limites de atuação. Depende da capacidade
de ambas as partes.
■ A representação voluntária surge a partir da procuração, em que se
passa poder para outra pessoa atuar - há um desdobramento da
capacidade de fato da pessoa. É dada a partir da autonomia privada e
necessita-se de capacidade para exercer tal função. Não depende da
autorização do outorgado (unilateral), apenas deve ter ciência
● Se diferencia no mandado, já que neste todas as partes devem
aceitar (bilateral)
● pluralidade de representantes na procuração: pode atuarem
conjuntamente ou cada um individualmente
● Apesar de não precisar de aceitação, a mesma pode ser tácita.
Ex: praticar atos que confirmam que aceitou a procuração
● Incapazes só podem fazer parte caso acione o direito público
○ imprópria: típica a entes abstratos, tais como pessoas jurídicas, que não detém
capacidade volitiva própria e, portanto, não pode fundar duplicidade de vontade
○ especial (gestão de negócios): quando gestor age em nome alheio sem ter
recebido poder ou competência para tanto.
○ Judicial: quando o juiz decide. Ex: inventário
● em um inventário, o representante, escolhido pelo juiz, representa os
interesses daqueles no inventário e, para isso, deve ter capacidade
● O que pode e não pode ser feito dentro da representação?
● o representante não pode alienar bens, apenas sob poderes especiais
● representante responde por excesso de poder e precisa demonstrar os limites de seus
poderes
● O representado responde apenas por aquilo que foi estabelecido, aquilo que está nos
limites
● a aceitação da representação pode ser tácita: quando uma pessoa começa a praticar
um ato e a pessoa “aceita”
● Poderes gerais: administração voluntária de bens, não podendo aliená-los, salvo
contrário em disposição
● Poderes especiais: analisados e entendidos em favor do representado

25 de outubro

● prescrição e decadência: como o tempo opera em relação ao direito


● poder que o ordenamento confere a alguém para ter, fazer ou exigir de outrem um
determinado comportamento
● prescrição: perda de um direito, uma ação ou uma pretensão a uma ação - a ideia de
perda de pretensão é a mais adequada
● a prescrição é considerada uma exceção material
● para direitos potestativos não se aplica a prescrição, mas sim a decadência - não são
deveres. ex: demitir um empregado
● exigibilidade: qualidade do direito que pode ser reclamado em pagamento - típico do
direito das obrigações, em que se pode exigir seu cumprimento
● exercício: uso de determinado direito
● para direitos subjetivos os prazos são maiores, podendo ser interrompidos e pausados -
prescrição
● sobre prescrição:
● perda da pretensão em virtude da inércia do titular no prazo fixado em lei
● o interesse na prescrição não é das partes, e sim ago público - buscar segurança e
deixar as relações estáveis
● Também pode ser dada de forma a punir um credor negligente ou como forma de
perdão da dívida, além do motivo de segurança jurídica supracitado
● não se aplica sobre direitos de família que sejam irrenunciáveis e em direitos de
personalidade
● as relações jurídicas que se aplicam prescrição são objeto de ações condenatórias
● os prazos de prescrição não podem ser modificadas por acordo entre as partes

1 de novembro

● na prescrição o prazo começa a correr quando o direito subjetivo é violado


● na decadência a violação não ocorre
● prazos decadenciais são fatais, ou seja, não há como fugir dele
● prazos decadenciais são contados em dias e meses, já prazos prescricionais são
contados em anos - não é uma afirmação 100% absoluta, pois alguns prazos
decadenciais são contados em anos
○ É de quatro anos a decadência para pleitear-se da anulação (se encaixa coação,
erro, dolo, etc)
● a prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição e, em caso de incapazes,
quem deve alegar é o representante
● das causas que impedem ou suspendem os prazos da prescrição
○ impedimento é um obstáculo ao curso do prazo antes do início
○ suspensão: pausa temporária do curso do prazo sem prejuízo do tempo já
decorrido
○ não corre a prescrição - impedimento
■ entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal
■ Entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar
■ Em relações de tutela e curatela
■ Contra incapazes
■ Contra a ausentes do país em serviço da União
■ Contra os que servem as Forças Armadas em tempos de guerra
○ interrompem a prescrição - suspensão
■ Por protesto
■ Por mora
■ Por despacho do juiz, que ordenar a citação
● em obrigações solidárias pode-se suspender a prescrição quando é cumprida por uma
pessoa apenas (acontece apenas quando não se pode dividir o débito)
● na decadência não se aplicam regras gerais de interrupção do prazo

8 de novembro - responsabilidade
● em toda a manifestação pode-se olhar para a responsabilidade, mas, aqui, olharemos
apenas para a responsabilidade no âmbito jurídico
● é a obrigação de assumir as consequências jurídicas de uma determinada atuação
● tem ligação com a obrigação derivada - descumprimento de uma obrigação primária,
gerando uma obrigação derivada
● pode vir do dever - não causar dano - ou do contrato - descumprí-lo
● responsabilidade: obrigação de reparar danos
● Funções
○ Reparar o dano
○ Punir o agressor
○ Dar exemplo, mostrar a reprovabilidade da conduta
● tipos de responsabilidade:
○ obrigação ampla (bifurcada posteriormente): reparar um dano causado por
outrem, vem do descumprimento de um dever, podendo ser omissiva ou positiva,
vinda até mesmo de acontecimentos naturais
○ natural ex: o motorista de um ônibus sofreu um infarto, um acidente. A empresa
terá que responder, já que a finalidade (chegar ao destino com segurança) fora
descumprida
○ outro ex: fábrica que produz algo perigoso em um lugar propício a acontecer
fenômenos naturais
● responsabilidade contratual e extracontratual
● responsabilidade civil de forma estrita: extracontratual - ato ilícito - bater o carro, não se
conhece a pessoa
● negócios jurídicos: responsabilidade contratual - quebra de um contrato, geralmente as
pessoas já se conhecem
● Responsabilidade objetiva e subjetiva:
● Na subjetiva analisa-se o que a pessoa pensou na hora. Leva-se em conta a conduta, o
dano, o nexo e a culpa
● Na objetiva não se importa com o que a pessoa pensava. Há somente a conduta, o
dano e o nexo. A culpa pode até existir, mas não se considera a mesma no julgamento
● responsabilidade ampla bifurcação:
○ negocial: art 389
○ extracontratual - ato ilícito > sentido estrito
● responsabilidade em sentido estrito - ligação com dano
● três máximas: viver honestamente, dar a cada um o que é seu e a ninguém se deve
lesar
● na responsabilidade tem-se o prejuízo e o dano-evento
● dano-evento é a previsão de que um dano poderá ocorrer
● art 186 do CC - quando se causa um prejuízo a outrem, terá que reparar esse dano
● art 187 do CC: quem comete abuso de direito também comete ato ilícito. Ex: chaminé
para tirar sol o vizinho
● responsabilidade civil (ideia de dano moral, dano material, ideia de retornar ao estado
de antes, recompensar - mesmo que haja danos não compensáveis) e penal (lógica
mais pessoal, quem praticou o crime é punido)
● Defesa:
○ Direta: se ataca o fato - inexistência do fato (provar que nunca houve calúnia) ou
inércia de autoria (provar que o cliente acusado de homicídio não estava no
local)
○ Indireta: se ataca um dos quatro elementos geradores de responsabilidade. São
eles: legítima defesa, estado de necessidade, culpa exclusiva da vítima,
exercício regular do direito, cláusula de não indenizar e caso fortuito ou força
maior

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