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FACULDADE CESMAC DO SERTÃO

CLEVISSON RAMOS ARAÚJO


GISLAINE DE OLIVEIRA AMORIM
HUGO SANTOS ARAÚJO
ISABELLE PONTES PIMENTEL
IVONALDO VANDERLEI DE CARVALHO
LAÍS FERREIRA SOBRINHO

DIREITO CIVIL VI: USUCAPIÃO FAMILIAR

PALMEIRA DOS ÍNDIOS – AL


2020/2
QUESTÕES: USUCAPIÃO FAMILIAR

1. No que consiste a usucapião familiar? Quais são os seus objetivos?

A usucapião familiar é uma espécie de aquisição da propriedade que foi


criada no Brasil pela Lei n° 12.424/2011, ao incluir o artigo 1.240-A no Código
Civil, prevendo que aquele que exercer por dois anos ininterruptamente e sem
oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano próprio de até
duzentos e cinquenta metros quadrados, cuja propriedade dividia com ex-
cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua
moradia ou de sua família, terá adquirido o domínio integral, desde que não
seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
Em outras palavras, pode-se dizer que a usucapião familiar conhecido
também por títulos como Usucapião pró-família e usucapião por abandono de
lar, surgiu como forma de proteger o cônjuge que sofreu com o abandono do
lar pelo parceiro.
A usucapião familiar tem dois objetivos, sejam eles: salvaguardar o
direito à moradia daquele cônjuge ou companheiro que permaneceu no imóvel
e também proteger a família que foi abandonada.

2. Se o ex-cônjuge ou ex-companheiro, que se distanciou fisicamente do


imóvel, continua a exercer seu dever de cuidado com a família, pagando
os alimentos eventualmente devidos, mantendo a convivência com os
filhos e contribuindo com o pagamento de tributos e taxas relativas ao
imóvel, ainda assim se caracteriza o abandono para fins de usucapião
familiar?

O caso tratado na questão fala sobre o Usucapião Familiar, onde esse


diz que a simples separação de fato, com afastamento do lar, quando o
cônjuge ausente continua a cumprir com os deveres de assistência material e
imaterial, não dará ensejo à usucapião, ou seja, abandono não se caracteriza,
por exemplo, se o ex-cônjuge ou ex-companheiro, que se distanciou
fisicamente do imóvel, continua a exercer seu dever de cuidado com a família,
pagando os alimentos eventualmente devidos, mantendo a convivência com os
filhos e contribuindo com o pagamento de tributos e taxas relativas ao imóvel.
Tudo isso demonstra que, mesmo fora da residência conjugal, o outro cônjuge
ou companheiro mantém o seu interesse tanto pelo imóvel, como pela família,
por conseguinte, não podendo caracterizar usucapião familiar.

3. Quais são os requisitos subjetivos e objetivos da usucapião familiar?

Há requisitos subjetivos, que são pessoais, e objetivos reais, para a


usucapião familiar, os requisitos subjetivos referem-se à pessoa do
usucapiente, que precisa estar casada ou conviver em união estável com o
cônjuge ou companheiro que abandonou o lar, não havendo distinção, caso se
trate de pessoas de mesmo sexo ou de sexo diverso. O instituto abrange e
protegem todas as entidades familiares baseadas na conjugalidade, inclusive
as famílias poliafetivas, quando reconhecidas.
Por isso, somente o ex-cônjuge ou ex-companheiro, e não os demais
membros da família desfeita detém legitimidade para pleitear a aquisição
originária do imóvel residencial, por meio dessa modalidade de usucapião. Nos
casos de união estável, entendo possível a cumulação dos pedidos de
reconhecimento e dissolução com o pedido de usucapião familiar, bem como a
sua arguição em reconvenção.
Os requisitos objetivos ou reais, por sua vez, dizem respeito ao objeto da
usucapião familiar, que vem a ser a meação de imóvel urbano pertencente, em
condomínio ou mancomunhão, à parte que abandonou o lar. A usucapião
conjugal exige a co-propriedade do bem, ou seja, o imóvel usucapiendo deve
obrigatoriamente pertencer a ambos os parceiros conjugais, por força de
condomínio tradicional ou do regime de bens do casamento ou da união
estável. Se o bem pertencer com exclusividade ao cônjuge que abandonou o
lar, descabe a invocação da usucapião conjugal.

4. A pessoa que, antes de implementado o prazo de dois anos, deixa o


imóvel fechado ou alugado, poderá invocar a usucapião familiar?

Não, pois se optado, antes de implementado o prazo de dois anos,


por deixar o imóvel fechado ou alugado, não poderá mais invocar a usucapião
familiar, que exige a posse direta e ininterrupta, a implicar a
permanência do abandonado no imóvel. A posse também precisa ser exercida
sem oposição.
Se, antes de acabarem os dois anos, o parceiro conjugal que deixou o
imóvel ingressar, por exemplo, com uma notificação extrajudicial ou com
qualquer medida judicial que demonstre interesse em exercer os atributos da
propriedade, restará afastado o direito à usucapião familiar.

5. Como a usucapião familiar se relaciona com a função social da


posse/propriedade?

A usucapião familiar é uma espécie de usucapião que tem por finalidade


a efetivação do direito social constitucional à moradia e o atendimento à função
social da propriedade, em casos em que a dignidade da pessoa humana é
violada, princípio basilar e fundamental de todos os princípios jurídicos e um
dos objetivos da República Federativa do Brasil. Tratando-se de um misto de
direito real, devido à sua origem no tradicional instituto da usucapião, e de
direito de família, no sentido de tutelar as relações familiares, em especial o
cônjuge ou companheiro abandonado em seu lar.
No entanto, a posse da usucapião familiar, o que vai importar é a
propriedade do imóvel, entendida como o registro imobiliário, e não simples ato
de posse. A propriedade deve ser do casal, em comunhão decorrente do
regime de bens do casamento ou da união estável, ou em condomínio. A posse
comum não enseja o direito à usucapião. Se um casal invadiu um imóvel
urbano de até 250 m2 e reúne todos os requisitos da usucapião familiar, se
houver abandono por um deles por mais de dois anos, o direito à usucapião
será de ambos, pois desta forma não se configura a usucapião familiar, que
exige a copropriedade do bem, assim, será um direito de ação de usucapião
relacionada às outras espécies legais previstas.

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