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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO

AULA 05: FATOS JURÍDICOS (2ª Parte) = NEGÓCIO JURÍDICO


Prof. Lauro Escobar

AULA 05

= FATOS JURÍDICOS – 2ª Parte =

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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 05: FATOS JURÍDICOS (2ª Parte) = NEGÓCIO JURÍDICO
Prof. Lauro Escobar

Aula 05
Fatos Jurídicos – 2ª Parte
Negócio Jurídico

Itens específicos do edital publicado que serão abordados nesta aula


→ FATOS JURÍDICOS (2ª Parte). Negócio Jurídico. Conceito, classificação,
elementos essenciais gerais e particulares, elementos acidentais, defeitos, nulidade
absoluta e relativa, invalidade. Ato Jurídico lícito.

Legislação a ser consultada → Código Civil: arts. 104 até 184 (Negócio
Jurídico); art. 185 (Atos Jurídicos Lícitos); arts. 212 até 232 (Prova).

CAROS ALUNOS
Como esta aula é continuação da anterior, devemos recordar que a
expressão fato jurídico é bem ampla; ela refere-se a todo acontecimento natural
ou humano que a lei atribui efeitos jurídicos. Já analisamos o fato jurídico
natural (também chamado de fato jurídico em sentido estrito), sua classificação
e, em especial, a prescrição e a decadência. Hoje vamos nos ater ao FATO
JURÍDICO HUMANO, que é o acontecimento que depende da vontade
humana (há quem diga que o termo “vontade humana” seria uma redundância,
pois somente o homem tem vontade; no entanto a expressão é aceita pela
doutrina), abrangendo tanto os atos lícitos como os ilícitos.
Apesar de grande, a aula de hoje é mais “light” do que a anterior, pois é
menos teórica e mais dinâmica. Além disso, estaremos diante de muitos casos
que vivenciamos em nosso dia a dia. Por causa disso, nunca é demais lembrar que
este é um curso preparatório PARA CONCURSOS. Assim, não devemos nos
perder em fatos particulares que podem ocorrer em nossas vidas, mas que não
trazem repercussão nos concursos. Agora o importante é conhecer cada um dos
institutos dos quais falaremos e das suas particularidades.

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Sumário
ATO JURÍDICO (Sentido Estrito) .......................................................... 05
NEGÓCIO JURÍDICO ............................................................................. 06
Classificação dos Negócios Jurídicos ................................................ 08
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS .............................................................. 12
Elementos de existência, validade e eficácia ........................................ 13
Elementos Essenciais Gerais ............................................................ 14
Capacidade do Agente ................................................................. 15
Objeto ........................................................................................ 17
Consentimento ........................................................................... 18
Defeitos relativos ao Consentimento ................................................ 20
Erro ou Ignorância ...................................................................... 22
Dolo ............................................................................................ 27
Coação ....................................................................................... 31
Estado de Perigo ......................................................................... 33
Lesão .......................................................................................... 35
Fraude contra Credores ............................................................... 38
Simulação ................................................................................... 43
Elementos Essenciais Especiais ........................................................ 48
Forma Prescrita ou Não Defesa em Lei ......................................... 48
Elementos Naturais .......................................................................... 50
Elementos Acidentais ....................................................................... 51
Condição .................................................................................... 51
Termo ......................................................................................... 57
Modo ou Encargo ........................................................................ 60
Invalidade do Negócio Jurídico ............................................................ 62
Ato Inexistente, Nulo e Ato Anulável ........................................... 62
Conversão do Negócio Nulo ......................................................... 70
Prova do Negócio Jurídico .................................................................... 72
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ......................................................... 79
Bibliografia Básica ............................................................................... 89
EXERCÍCIOS COMENTADOS (FGV) ........................................................ 90
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES (FCC) .............................................. 108

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Como vimos, o fato jurídico humano (que depende da vontade) pode ser
subdividido em ato jurídico (em sentido amplo) e ato ilícito. O ato jurídico lícito é
o praticado em conformidade com a ordem jurídica. Sua consequência é a
obtenção de um direito. Já a prática do ato ilícito gera o dever de reparar os danos.
Vamos analisar as particularidades de cada item desta subdivisão:

1. ATO LÍCITO (também chamado de ato jurídico em sentido amplo ou ato


jurídico voluntário). É o praticado em conformidade com a ordem jurídica.
Subdivide-se em:
a) Ato Jurídico em Sentido Estrito (stricto sensu), também chamado de
ato jurídico meramente lícito ou ato não-negocial: há uma conduta humana
(voluntária, consciente e lícita), no entanto os efeitos são os impostos pela
lei e não pelas partes interessadas. Tem por objetivo a mera manifestação
de vontade do agente, sem conteúdo negocial, que determina a produção de
efeitos legalmente previstos. A vontade é importante para a realização do
ato, mas não quanto à produção dos efeitos desde ato, pois eles decorrem da
lei, não havendo regulamentação da autonomia privada. O ato surge como
mero pressuposto de efeito jurídico preordenado pela lei sem função e
natureza de autorregulamento. Exemplos mais comuns: o reconhecimento
de filiação, a emancipação voluntária feita pelos pais, a fixação de domicílio,
o perdão, a confissão, etc.
b) Negócio Jurídico: há um comportamento humano e os efeitos desse
comportamento são ditados pela própria manifestação de vontade; os efeitos
são desejados pelas partes. Há, portanto, autonomia privada;
autorregulação de interesses particulares, em maior ou menor grau. As partes
podem definir os efeitos que vão ocorrer em função da conduta praticada.
Exemplos mais comuns: contratos de uma forma geral (compra e venda,
locação, etc.) e testamentos.

2. ATO ILÍCITO (também chamado de fato jurídico involuntário). É o praticado


em desacordo com a ordem jurídica. Quando a conduta (consciente e voluntária)
do ser humano transgride um dever jurídico, acarreta consequências jurídicas
alheias à vontade do agente (efeitos jurídicos impostos pela lei). Daí dizermos
“fato jurídico involuntário”. Observem: não é a conduta que é involuntária, mas
sim os efeitos decorrentes dessa conduta, como a reparação do dano, pois
esta independe da vontade de quem praticou a conduta (esse ponto será
aprofundado na próxima aula, oportunidade em que analisaremos o ato ilícito e a
sua consequência, ou seja, a responsabilidade civil). O ato ilícito, embora seja um
fato jurídico (pois causa repercussão no direito) não é ato jurídico, pois a
característica essencial do ato jurídico é que este tem de ser lícito. O ato ilícito, ao
invés de direitos, cria deveres (indenização, reparação do dano).

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Observação. Parte da doutrina ainda se refere ao “ato-fato jurídico”, que
seria uma categoria intermediária entre o ato da natureza e o fato do homem.
Ocorre nas situações em que um ser humano pratica uma conduta lícita, sendo
que esta gera uma consequência jurídica, independentemente da vontade de
produzi-los. Exemplo clássico: criança de 10 anos que compra um doce em uma
padaria ou um salgado na lanchonete da escola. Outro exemplo: o doente mental
que pinta um quadro que se torna uma obra de arte; ao fazê-lo, ele adquire a
propriedade dessa obra, no entanto, não importa para o direito se ele teve vontade
de fazê-lo, basta a consequência do ato.

Vamos agora analisar o ato jurídico em sentido estrito e o negócio


jurídico, que são espécies do gênero ato jurídico lícito (ou ato jurídico em sentido
amplo).

ATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO

Como vimos, no ato jurídico em sentido estrito há uma realização de


vontade do agente, mas as suas consequências são as previstas em lei e não
as que porventura queiram as partes. Por isso ele é pobre em conteúdo. Quem
pratica um ato jurídico em sentido estrito obtém apenas o efeito já
preestabelecido na lei e não os desejados pelas partes interessadas.
O exemplo clássico é o reconhecimento de um filho. Digamos que
uma pessoa (“A”) teve um relacionamento amoroso fora do casamento. Desse
relacionamento nasceu um filho (“B”). “A” quer apenas reconhecer “B” como seu
filho. Mas ao fazê-lo, independentemente da sua vontade (e também da vontade
do filho), surgem diversos efeitos legais, obrigatórios, como o direito ao nome,
poder familiar, obrigação de prestar alimentos, direitos sucessórios, etc. Assim,
reconhecido um filho, os efeitos decorrentes do ato não dependem da vontade
da pessoa que fez o reconhecimento, mas sim da lei. Por tal motivo, não se pode
reconhecer um filho sob condições, a termo ou com encargos.
Vamos supor que no exemplo dado, o pai reconhece o filho, mas faz
algumas ressalvas: eu quero reconhecê-lo como meu filho, mas... eu sou casado...
tenho outros filhos com minha esposa... não gostaria que esta pessoa reconhecida
fosse meu herdeiro... (Pergunto: isso pode?) Mais... também não gostaria que
esta pessoa tivesse o meu nome... afinal de contas é um filho havido fora do
casamento... (Pergunto: isso pode?) E mais... além disso... não gostaria de ter
que pagar a pensão alimentícia... Mas o resto eu aceito... (Pergunto novamente:
isso pode? Aliás... o que seria este “resto”?). Resposta a todas as indagações:
NÃO!!! Lógico que o pai não pode fazer isso. Uma vez reconhecido um filho, o pai
não pode dizer que não deseja que ele seja seu herdeiro, ou que não tenha o seu

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nome, ou se escuse de pagar a pensão alimentícia. Como vimos, a situação
“reconhecer um filho”, traz como consequências legais e obrigatórias todos
aqueles efeitos acima citados. O pai pode desejar ou não aqueles efeitos. Tanto
faz... Os efeitos ocorrerão independentemente da vontade do agente, pois eles
são impostos pela lei.
Outros exemplos: 01) Emancipação voluntária: os pais que comparecem ao
tabelionato de notas para emancipar o filho (com dezesseis anos completos) não
podem estabelecer que a emancipação produzirá efeito apenas para uma
determinada situação, ou que terá um tempo certo de duração; o único poder de
disposição que eles possuem é o de manifestar a vontade de emancipar o filho,
pois todos os efeitos decorrentes da emancipação estão previstos em lei. 02)
Quando uma pessoa estabelece residência em determinado local, com ânimo de
ficar terá como consequência legal a fixação de seu domicílio civil, embora não
tenha se manifestado nesse sentido. 03) Quando uma pessoa notifica outra,
obtém o efeito previsto na lei de constituir o devedor em mora. Ainda que o
notificante não queira este efeito, ele ocorre independentemente de sua vontade.

Resumindo Ato jurídico em sentido estrito é o que gera consequências


jurídicas previstas em lei, independentemente da vontade das partes
interessadas, não havendo regulamentação da autonomia privada. A
doutrina acrescenta que estes atos são unilaterais, ou seja, basta uma única
manifestação de vontade para que se tornem perfeitos.

É interessante acrescentar que a doutrina ainda dá uma “complicada” na


classificação, subdividindo o ato jurídico em sentido estrito em duas espécies:
a) Atos materiais (ou reais): simples atuação humana que lhe dá existência
imediata; não se destinam ao conhecimento de determinada pessoa, não há um
destinatário. Ex.: fixação e transferência de domicílio, ocupação, abandono de
coisas (derrelição), descoberta de tesouro, acessão, etc.
b) Participações: atos de mera comunicação, sem conteúdo negocial; o
agente pratica o ato para dar conhecimento a outrem (destinatário
determinado) de que tem certo propósito ou que ocorreu determinado fato. Ex.:
notificações, intimações, interpelações, oposições, etc.

NEGÓCIO JURÍDICO

Negócio Jurídico é uma espécie do gênero ato jurídico em sentido amplo.


É o ato destinado à produção de efeitos jurídicos, desejados pelo agente e
tutelados pela lei. O agente escolhe os efeitos jurídicos que pretende alcançar.
Trata-se de toda manifestação de vontade com o propósito de atingir, dentro do

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campo da autonomia privada, os efeitos jurídicos pretendidos, ou seja, os
sujeitos de direito podem autorregular seus interesses, nos limites estabelecidos
pela lei. É necessário acrescentar que esta manifestação de vontade deve ser feita
sem haja qualquer vício (que veremos mais adiante).
O exemplo clássico de negócio jurídico é o contrato. Vamos tomar
como exemplo o contrato de locação. Nele, uma das partes se compromete a
fornecer a outra, durante certo lapso tempo, o uso e gozo de uma coisa infungível.
Por outro lado, a outra parte se obriga a remunerar este uso. Trata-se do aluguel.
Os efeitos deste negócio devem ser totalmente previstos e desejados pelas
partes. Qual o valor da locação? Qual o prazo da locação? Qual o dia que deve
ser efetuado o pagamento? Qual o local em que o pagamento vai ser efetuado? O
locatário deve pagar o IPTU? E o condomínio do prédio? Quais as obrigações de
cada parte durante o contrato? Todos estes itens (entre outros) são os efeitos do
contrato. Todos eles podem ser “negociados” entre os contratantes (ao menos em
tese). E, como regra, eles devem estar previstos e desejados pelas partes
interessadas. A mesma situação pode ocorrer em todas as espécies de contratos.
Por isso que o negócio jurídico é o principal instrumento que as pessoas têm para
realizar seus interesses.

Lembrando O contrato é apenas uma das várias espécies de negócio


jurídico. Aliás, o contrato é exemplo típico de um negócio jurídico bilateral. No
entanto, o negócio jurídico também pode ser unilateral. Neste caso o exemplo
clássico é o testamento. Quais os efeitos de um testamento? – Resposta: Tudo
aquilo que o testador desejar (desde que não contrarie a lei, a moral e os bons
costumes)! Embora no testamento se produza os mais diversos e variados efeitos,
temos apenas a vontade do testador, daí ele ser unilateral (diferentemente de um
contrato, em que se leva em consideração a vontade de ambos os contratantes).

DISTINÇÃO Negócio Jurídico X Ato Jurídico em Sentido Estrito


Vamos reforçar a ideia: não devemos confundir negócio jurídico com o
ato jurídico em sentido estrito. Ambos decorrem de uma manifestação de vontade.
No entanto no ato jurídico em sentido estrito o efeito da manifestação da vontade
está previsto na lei e não pode ser alterado. Este não é exercício de autonomia
privada. Logo, o interesse objetivado não pode ser regulado pelo particular e a
sua satisfação se concretiza no modo determinado pela lei. Já no negócio jurídico,
o efeito da manifestação da vontade é o desejado pelas partes; o fim procurado
pelas partes baseia-se na autonomia da vontade privada. O negócio leva em
consideração o fim procurado pela parte (ou partes) e a esse fim a ordem jurídica
adapta os efeitos.

Resumindo: no ato jurídico em sentido estrito a pessoa pratica uma conduta


e os efeitos desta conduta são automáticos, independente da vontade de quem o

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pratica; já no negócio jurídico a pessoa pratica uma conduta e os efeitos da
conduta são os desejados pelas partes.
No contrato de adesão existe autonomia privada? Alguns autores afirmam
que o contrato de adesão é mais fruto da “autoridade privada” do que da
autonomia privada. No entanto, embora limitada, existe autonomia, ainda que
seja apenas para assinar ou não o contrato (autonomia mínima).

CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

A classificação dos negócios jurídicos é muito grande. Levando-se em


consideração o que tem caído nos concursos públicos e segundo a melhor doutrina
sobre o tema (embora não haja uma uniformidade), classificamos os negócios
jurídicos em:

A) QUANTO AO NÚMERO DE MANIFESTAÇÕES DE VONTADE


1. Unilaterais: quando a declaração de vontade emana de uma ou mais
pessoas, mas sempre na mesma direção visando um único objetivo. Ou seja, o
ato se aperfeiçoa com uma única manifestação de vontade (uma parte),
havendo apenas um polo na relação jurídica. Por tal motivo é desnecessária a
aceitação de terceiros para que o ato seja válido e produza efeitos. Ex.:
testamento, renúncia, desistência, promessa de recompensa, confissão de dívida,
instituição de uma fundação, etc. Os negócios unilaterais podem ser subdivididos
em:
a) Receptícios (endereçada): quando a declaração é dirigida a determinada
pessoa, com a finalidade de se levar ao seu conhecimento a intenção do
declarante para que possa produzir os efeitos desejados. Ex.: a revogação de
mandato (ou seja, de uma procuração). Se eu revogo uma procuração, devo
comunicar isso à pessoa a quem eu outorguei os poderes. Percebam que o ato
é unilateral (pois a revogação só depende da minha vontade), mas eu devo
comunicar a minha decisão à outra parte para gerar efeitos jurídicos (por isso
o ato é chamado de receptício). Outros exemplos: a proposta de um contrato,
a escolha nas obrigações alternativas. Alguns contratos possuem um duplo
objeto alternativo: eu posso escolher uma coisa ou outra. Feita a escolha devo
comunicar à outra parte para surtir efeitos.
b) Não-receptícios (não endereçada): quando a declaração de vontade não é
dirigida a uma pessoa determinada, sendo que o conhecimento do fato por parte
da outra pessoa é irrelevante. Ex.: testamento. Quando eu faço o meu
testamento, nada mais precisa ser feito; não preciso comunicar ninguém desse
fato, nem mesmo os beneficiados. Outros exemplos: revogação de testamento
e renúncia de herança. Basta que eu renuncie à herança de forma expressa;

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não é necessário que os demais interessados na herança sejam comunicados
deste fato para que o ato seja válido e operante.
Obs.: ficou claro que pessoa não se confunde com parte? Por esse motivo é que
podemos ter mais de uma pessoa praticando um ato unilateral. No entanto todas
elas devem figurar no mesmo polo, integrando a mesma parte na relação
jurídica.
2. Bilaterais: quando a declaração de vontade emana de duas
manifestações de vontade em sentido contrário, mas coincidentes sobre o
objeto (consentimento mútuo ou acordo de vontades). Neste caso há dois polos
na relação jurídica. Exemplo clássico: compra e venda. Neste contrato temos
duas manifestações de vontade que estão em polos opostos (comprador e
vendedor), mas que firmam consentimento em relação ao objeto da venda. Outros
exemplos: além dos contratos em geral (locação, seguro, transporte, etc.) um
bom exemplo é o perdão (“A” pode perdoar “B”; mas este perdão somente surtirá
efeitos se “B” aceitar o perdão). O negócio jurídico bilateral ainda pode ser
subdividido em:
a) simples: quando somente uma das partes aufere vantagens, enquanto a
outra arca com os ônus (ex.: doação, depósito gratuito, etc.).
b) sinalagmático: quando há uma reciprocidade de direitos e obrigações
para as partes (gera obrigações para ambas), estando elas em situação de
igualdade (ex.: compra e venda, locação, etc.).
Obs.: mais uma vez percebam que pode haver várias pessoas no polo ativo e
outras várias no polo passivo e ainda assim teremos apenas duas partes.
3. Plurilaterais (ou plúrimos): contratos que envolvem uma pluralidade de
sujeitos (ou polos), buscando um fim comum para todos eles. Se um imóvel é
locado a um grupo de pessoas, o contrato é bilateral pois se de um lado temos o
locador, do lado oposto temos todos os inquilinos (que estão no mesmo polo). Já
nos contratos plurilaterais, temos várias partes (que estariam dispostas como
em um círculo). Exemplo: no contrato de constituição de sociedade cada sócio é
uma parte autônoma; assim se houver algum defeito em relação a um sócio, esse
vício não se estende para os demais. Outro exemplo: consórcios de bens (móveis
ou imóveis), etc.

B) QUANTO ÀS VANTAGENS PATRIMONIAIS (vantagem x sacrifício)


1. Gratuito: uma das partes suporta o sacrifício e a outra aufere vantagem;
a pessoa assume determinada obrigação sem aguardar qualquer espécie de
contraprestação. São atos de liberalidade. Ex.: doação simples.
2. Oneroso: ambos os contratantes possuem ônus e vantagens recíprocas;
há uma prestação e uma contraprestação. A pessoa somente assume a obrigação
por esperar em contrapartida a outra obrigação. Ex.: locação (paga-se o aluguel

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e usa-se a coisa alheia), compra e venda (paga-se o preço para se obter a coisa),
etc. Os contratos onerosos se dividem em:
a) comutativos: as prestações de cada um dependem de um acontecimento
certo e determinado (ex.: locação).
b) aleatórios: há uma incerteza em relação às vantagens e sacrifícios das
prestações; depende de um acontecimento incerto, havendo, portanto, uma
álea ou risco. Ex.: o contrato de seguro, para a seguradora é aleatório, pois o
pagamento ou não da indenização depende de um fato específico previsto no
contrato: o sinistro.

Observações
01) Alguns autores referem-se aos negócios bifrontes: são aqueles que a
rigor são gratuitos, mas podem se tornar onerosos de acordo com a vontade das
partes. Ex.: o contrato de mútuo (empréstimo de coisa fungível) em regra é
gratuito, mas as partes podem combinar uma remuneração. Outros exemplos:
depósito e mandato. A conversão só é possível se o contrato é definido na lei como
gratuito, pois a vontade das partes não pode transformar o contrato oneroso em
benéfico. Além disso, nem todos os contratos gratuitos podem ser convertidos
(ex.: a doação ficaria totalmente desfigurada se isso ocorresse).
02) A doutrina também se refere aos negócios neutros: quando não houver
atribuição patrimonial específica no negócio jurídico, não podendo ser
caracterizado nem como oneroso, nem como gratuito (ex.: instituição de bem de
família voluntário por meio de escritura pública).
03) Todo negócio oneroso é bilateral, pois a prestação de uma das partes
envolve uma contraprestação. Mas nem todo negócio bilateral é oneroso. Ex.:
doação pura e simples é negócio bilateral (possui duas vontades: doador e
donatário), porém gratuito.

C) QUANTO AO TEMPO EM QUE DEVAM PRODUZIR EFEITOS


1. Inter vivos: destinados a produzir efeitos durante a vida dos interessados.
Ex.: locação, compra e venda, mandato, casamento, etc.
2. Causa mortis: somente produz efeitos (criando o direito) após a morte
do declarante; o evento morte é pressuposto de sua eficácia. Ex.: testamento,
codicilo (que é uma disposição de última vontade de pequenas coisas, como um
anel, roupas, livros), etc.

Observações
01) O contrato de seguro de vida (ao contrário do que parece) é negócio
jurídico inter vivos, sendo que o evento morte funciona apenas como um termo.

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02) Os negócios jurídicos causa mortis são sempre típicos e nominados
(definidos em lei); ou seja, as partes não podem realizar negócios atípicos ou
inominados desta natureza.

D) QUANTO A SEUS EFEITOS


1. Constitutivos: sua eficácia opera-se ex nunc (ou seja, o negócio se torna
eficaz a partir de sua conclusão ou celebração). Ex.: contrato de compra e venda.
2. Declarativos (ou declaratórios): sua eficácia é ex tunc (ou seja, se
efetiva a partir do momento em que se operou o fato a que se vincula a declaração
de vontade, retroagindo no tempo). Ex.: divisão de condomínio, partilha,
reconhecimento de filho, etc.

Obs.: ainda na aula de hoje falarei mais sobre os efeitos ex tunc e ex nunc.
Estas expressões em latim merecem uma atenção toda especial da nossa parte
(não só no Direito Civil, mas no Direito como um todo).

E) QUANTO À SUBORDINAÇÃO
1. Principais: são aqueles que têm existência própria e não dependem de
qualquer outro. Ex.: compra e venda, locação, doação, etc.
2. Acessórios: são aqueles que têm a sua existência subordinada à de um
contrato principal. Exemplo clássico: fiança. A fiança só existe por causa de um
contrato principal; ela não tem existência jurídica autônoma (lembrem-se da
regra: “o acessório segue o principal”). Se eu sou o locador de um imóvel, quero
que o locatário (inquilino) apresente um fiador, que ficará responsável pelo
pagamento da dívida, caso o locatário não cumpra com a obrigação. Logo o
contrato de locação é o principal e a fiança é o contrato acessório, que somente
existe por causa do principal. Outro exemplo: cláusula penal (que é a multa que
pode ser pactuado no contrato, caso este não seja cumprido).

F) QUANTO ÀS FORMALIDADES
1. Solenes (formais): a lei exige uma forma especial para se aperfeiçoarem;
devem obedecer a uma solenidade específica, prevista em lei. A doutrina faz uma
pequena distinção:
a) Atos ad solemnitatem: quando a forma é exigida como condição de
validade do ato; a formalidade é a própria essência ou substância do ato. Ex.:
escritura pública de compra e venda de imóvel acima de 30 vezes o maior salário
mínimo vigente (art. 108, CC); testamento público ou cerrado que devem ser
escritos ou provado, respectivamente, pelo tabelião, etc.
b) Atos probationem tantum: a lei não determina uma forma para ser
celebrado o ato, mas determina o modo que o ato deve ser provado em juízo, se
isso for necessário em um processo; a solenidade é tida apenas como prova do
ato. Nesse sentido, estabelece o parágrafo único do art. 227, CC que: “qualquer

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que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é admissível como
subsidiária ou complementar da prova por escrito”.
2. Não solenes (forma livre): a lei não exige formalidades para seu
aperfeiçoamento, podendo ser celebrado por qualquer forma, inclusive verbal. Ex.:
locação, compra e venda de bens móveis, etc. Em regra os contratos têm forma
livre, salvo exceções expressas na lei.

G) QUANTO ÀS PESSOAS
1. Impessoais: independe de quem sejam as partes e de eventual qualidade
especial destas para a prática do ato. Ex.: contrato uma pessoa para pintar um
muro (qualquer pessoa pode pintar um muro; não há uma habilidade especial para
isso).
2. Intuitu personae: o ato se realiza em função das qualidades especiais de
uma pessoa. Ex.: desejo ser operado por cirurgião de minha confiança; desejo ser
defendido no Tribunal do Júri pelo advogado “X”; quero que o famoso pintor “Z”
pinte um quadro para mim, etc.

H) QUANTO À CAUSA
1. Causais: estão vinculados a uma causa. Ex.: o registro da escritura de um
imóvel está sempre ligado à existência da escritura de compra e venda deste
imóvel; se a compra e venda for defeituosa, o registro também o será.
2. Abstratos: estão desvinculados de qualquer outro negócio. Ex.: compro
uma casa pagando com um cheque; a emissão deste é desvinculada; se a compra
e venda for considerada nula, o cheque continuará valendo, principalmente se
estiver nas mãos de terceiros.

Obs.: Como se percebe, a mesma espécie de negócio jurídico pode se


enquadrar em mais de uma categoria de classificação, sem que haja
incompatibilidade nisso.

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

Alguns elementos do negócio jurídico são chamados de essenciais porque


constituem elementos de existência e validade. Se o negócio possui tais
elementos ele será válido e produzirá efeitos. Se faltar alguns desses elementos o
negócio será inválido e não produzirá efeitos. Já outros elementos são chamados
de acidentais, pois são requisitos de eficácia do negócio.
Para alguns autores como Pontes de Miranda, o negócio jurídico é
dividido em três planos, o que gera um esquema gráfico como uma escada com
três degraus, denominada, em sua homenagem, de escada ponteana. Vejamos.

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PRIMEIRO DEGRAU = Plano da existência. É onde se encontram os seus
elementos mínimos. Sem eles, o negócio simplesmente não existe. São os
substantivos (partes ou agentes, objeto, vontade e forma) sem qualquer adjetivo.
Se faltar um desses elementos o negócio simplesmente não existe.

SEGUNDO DEGRAU = Plano da validade. Neste plano os substantivos recebem


os adjetivos. Não basta haver partes... elas devem ser capazes. Não basta haver
objeto, ele deve ser lícito, possível, determinado ou determinável. Não basta haver
vontade, esta deve ser manifestada de forma livre e consciente e sem que
prejudique terceiros (isenta de vícios). Não basta haver forma... ela deve ser
prescrita ou não defesa em lei. Se surgir algum vício acerca da validade, o negócio
jurídico será nulo (arts. 166 e 167, CC) ou anulável (art. 171, CC).

TERCEIRO DEGRAU = Plano da eficácia. São as consequências do negócio


jurídico, seus efeitos práticos no caso concreto. São elementos acidentais:
condição, termo e encargo.

Dúvida doutrinária: O atual Código Civil adotou a tricotomia existência-


validade-eficácia? Resposta: Não! Nosso Código nada trata sobre o plano
da existência. Observem que o art. 104, CC já começa a tratar do plano de
validade. Além disso, como veremos, o Código apenas disciplinou regras sobre
nulidade relativa e a absoluta, não se referindo à inexistência do negócio.
CONCLUSÃO: segundo a doutrina dominante, o plano da existência ficou
embutido implicitamente no plano da validade.

Vamos agora apresentar um gráfico geral e panorâmico dos


elementos constitutivos do negócio jurídico. A seguir vamos analisar cada
um destes elementos de forma pormenorizada.

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
I. Elementos Essenciais: são os que dizem respeito à existência e
validade do negócio jurídico; são indispensáveis, pois lhes dão a estrutura e a
substância.
A) Gerais (comuns a todos os negócios):
1. Partes ou agentes: capazes.
2. Objeto: lícito, possível, determinado ou determinável.
3. Vontade (consentimento): livre e consciente, sem prejudicar
terceiros (sem vícios).
B) Especiais (aplicáveis somente a alguns negócios):
1. Forma: prescrita ou não defesa em lei.

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II. Elementos Naturais: são os efeitos ou as consequências decorrentes
do próprio negócio jurídico.

III. Elementos Acidentais: são elementos facultativos; podem ou não ser


estipulados e dizem respeito, não à existência ou validade propriamente dita do
negócio jurídico, mas sim a sua eficácia.
1. Condição.
2. Termo.
3. Modo ou Encargo.

I. ELEMENTOS ESSENCIAIS GERAIS

Como vimos, os elementos essenciais do negócio jurídico estão previstos


na lei (art. 104, CC). São eles: agente capaz (elemento subjetivo), objeto
lícito, possível, determinado ou determinável (elemento objetivo) e forma
prescrita ou não defesa em lei.
Apesar de não estar previsto expressamente no art. 104, CC, a doutrina
ainda acrescenta o consentimento (vontade livre e consciente que corresponda
efetivamente ao que almeja o agente). Isso porque caso não haja o
consentimento, o negócio estará viciado, tornando passível de anulação. A
capacidade, o objeto e a vontade são chamados de elementos gerais, porque são
elementos comuns a todos os negócios jurídicos. Já a forma é elemento especial,
pois diz respeito apenas alguns negócios. Nem todos os negócios jurídicos exigem
uma forma especial.

A) CAPACIDADE DO AGENTE
Se todo negócio jurídico pressupõe uma declaração de vontade, a
capacidade do agente é indispensável, pois é a aptidão para intervir nos
negócios jurídicos. Trata-se da capacidade de fato ou de exercício (pessoa
dotada de consciência e vontade reconhecida pela lei como apta a exercer todos
os atos da vida civil), já analisada anteriormente. Os arts. 3° e 4° do Código Civil
apresentam o rol dos incapazes (absoluta ou relativamente). Já analisamos quem
são essas pessoas. Se alguém ficou com dúvida, retorne a aula sobre pessoas
naturais. É imprescindível o conhecimento dessa matéria para a compreensão do
que falaremos a seguir.
No caso de eventual incapacidade, esta deverá ser suprida pelos meios
legais. Enquanto os absolutamente incapazes são representados em seus
interesses por seus pais, tutores e curadores, os relativamente incapazes (embora
já possam participar pessoalmente dos negócios jurídicos) devem ser assistidos
pelas pessoas a quem a lei determinar. O ato praticado pelo absolutamente

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incapaz sem representação é nulo. Já o ato realizado pelo relativamente incapaz
sem assistência é anulável. Ainda hoje veremos a distinção entre o ato nulo e o
anulável. Lembrando que o vício da incapacidade é um instrumento que age a
favor do incapaz, para protegê-lo.

Incapacidade
• Absolutamente incapazes (art. 3°, CC) → Devem ser representados →
Falta de representação → Negócio Jurídico Nulo (art. 166, I, CC).
• Relativamente incapazes (art. 4°, CC) → Devem ser assistidos → Falta
de assistência → Negócio Jurídico Anulável (art. 171, I, CC).
Estabelece o art. 1.634, CC: Compete aos pais, quanto à pessoa dos
filhos menores: (...) V. representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida
civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes
o consentimento.
É interessante acrescentar que o art. 105, CC determina que a
incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra
em benefício próprio, nem aproveita aos outros interessados. Isto porque a
intenção da lei é proteger o incapaz contra a maior experiência e má-fé de
terceiros que desejam tirar proveito desta situação. Assim não pode uma pessoa
capaz realizar um negócio com um relativamente incapaz e ele próprio (o capaz)
requerer a invalidade do negócio com fundamento de que a outra parte era
incapaz. A incapacidade é uma exceção (forma de defesa) pessoal. Por isso
somente pode ser alegada pelo próprio incapaz ou seu representante legal.
Lembrando que se a pessoa for absolutamente incapaz, o ato por ele praticado
será nulo (art. 166, I, CC), pouco importando se a incapacidade tenha sido
invocada pelo capaz ou pelo incapaz. Isso porque o art. 168, parágrafo único, CC
não permite, nem mesmo ao juiz suprir essa nulidade, ainda que os contratantes
assim pactuem.
Mas, como quase tudo, aqui também há uma exceção. Se a obrigação for
indivisível (ex.: entregar um cavalo), ainda que as demais partes sejam capazes,
não será possível separar o interesse dos contratantes. Neste caso, a incapacidade
de um deles poderá tornar anulável o ato praticado, mesmo que o vício tenha sido
alegado por uma pessoa capaz. Portanto, nesta hipótese, o vício se estenderá para
toda a obrigação, sendo o negócio anulado.
Resumindo
Pessoa sabia da incapacidade relativa da outra parte → o vício não pode
ser alegado em benefício próprio.
Pessoa não sabia da incapacidade relativa → o vício pode ser alegado.
Regra: a anulação não aproveita aos demais cointeressados. Exceção:
aproveita aos demais se a obrigação for indivisível.

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Há outro ponto interessante que iremos aprofundar mais à frente. Se o
menor entre 16 e 18 anos praticar um ato sem assistência, escondendo
dolosamente a sua condição de relativamente incapaz, não poderá alegar este
vício para anular o negócio e escapar da obrigação contraída (art. 180, CC).

Atenção Não confundir incapacidade com falta de legitimação, que é a


incapacidade para a prática de um determinado ato. Ex.: uma pessoa maior e
capaz não está legitimada a vender um bem, ainda que seja de sua propriedade
exclusiva, a um descendente seu, enquanto não obtiver o consentimento de seu
cônjuge e dos demais descendentes (art. 496, CC).

Recordando A pessoa jurídica deve ser representada por uma pessoa


física (ou natural) ativa e/ou passivamente, exteriorizando sua vontade, nos atos
judiciais ou extrajudiciais. Ou seja, é necessário que haja uma pessoa natural para
assumir os compromissos e assinar os contratos da pessoa jurídica, exprimindo
sua vontade e executando os seus objetivos. Em regra, essa pessoa é a indicada
no estatuto ou no contrato social da pessoa jurídica. Na sua omissão, a
representação será exercida por seus diretores. Trata-se, assim, de uma
representação imprópria.

REPRESENTAÇÃO
Os artigos de 115 a 120 CC tratam da representação. Esta é uma
relação jurídica pela qual certa pessoa se obriga diretamente perante terceiro, por
meio de ato praticado em seu nome por um representante. O art. 115, CC
delimita as situações possíveis para a sua realização: conferido por lei ou pelo
próprio interessado. São espécies de representantes:
a) Legais: a própria norma jurídica confere poderes para uma pessoa
administrar bens alheios; servem aos interesses do incapaz. Ex.: pais, tutores e
curadores, em relação aos bens dos filhos, tutelados e curatelados.
b) Convencionais (ou voluntários): são aqueles que têm um mandato,
expresso ou tácito, verbal ou escrito do representado. Ex.: procuração outorgada
(fornecida) a um advogado para patrocinar um processo judicial. Somente nesta
espécie de representação é possível o substabelecimento. Substabelecer
significa transferir a outra pessoa os poderes que o mandatário recebeu do
mandante. Ex.: “A” (representado ou mandante) outorgou poderes para “B”
(representante ou mandatário) defender seus interesses em um processo
trabalhista conta a empresa “X”. Como no dia designado para a audiência “B” não
irá comparecer, pode substabelecer (transferir) os poderes que recebeu para “D”,
que é outro Advogado.

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b) Judiciais: são as pessoas nomeadas pelo Juiz para exercer certo cargo
em um determinado processo. Ex.: administrador judicial de uma falência,
inventariante, etc.
Nos termos do art. 118, CC o representante deve provar às pessoas com
quem tratar (em nome do representado) a sua qualidade e a extensão de seus
poderes, sob pena de não o fazendo, responder pelos atos que excederem à
representação. Prevê o art. 116, CC que a manifestação de vontade pelo
representante, ao efetivar um negócio em nome do representado, nos limites dos
poderes que lhe foram conferidos, produz efeitos jurídicos em relação ao
representado. Ou seja, o representante pratica o ato; mas é o representado que
irá adquirir os direitos ou assumir as obrigações decorrentes da representação.
O art. 117, CC autoriza o chamado “contrato consigo mesmo” (ou
autocontrato), isto é, uma só pessoa está revestida das duas qualidades jurídicas
diferentes, de forma simultânea: ora por si, ora representando um terceiro. Mas
isso somente é possível se houver permissão da lei ou do representado, sob pena
de anulação. O exemplo clássico ocorre no cumprimento do chamado mandato
em causa própria, onde o mandatário é também o beneficiário. Ex.: A confere
mandato para B para vender seu apartamento, com autorização para que B venda
o imóvel para ele mesmo = B. Neste caso, quando for feita a escritura, B intervirá,
ora representando A (como mandatário), ora em seu próprio nome (comprando o
imóvel). Notem, que mesmo nesta hipótese, B manifesta sua vontade sob dois
ângulos diferentes (como vendedor, representando A e como comprador, em
nome próprio). Observem que são duas vontades jurídicas diferentes.
Já o art. 119, CC prevê que se o representante concluir um negócio e
houver um conflito de interesses com o representado, sendo que tal fato era ou
devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou, o negócio também será
anulável.

B) OBJETO LÍCITO, POSSÍVEL, DETERMINADO OU DETERMINÁVEL


O direito somente atribui efeitos à vontade humana quando se procura
alcançar objetivos lícitos. Assim, além da capacidade das partes, para que um
negócio jurídico se repute válido e perfeito, deverá versar sobre um objeto lícito,
ou seja, não atenta contra a lei, a moral e os bons costumes. Ex.: na locação de
um imóvel para fins residenciais, este é o objeto do contrato. Assim, eu não posso
desvirtuar o que foi pactuado e explorar naquele imóvel (que era para fins
residenciais) uma atividade ilícita, como por exemplo, a exploração da
prostituição. Desta forma, se o objeto do contrato foi ilícito, nulo será o negócio
jurídico. Outro exemplo: compra e venda de objeto roubado. Também neste caso
haverá a nulidade absoluta do ato.

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Além disso, o objeto deve ser possível, realizável. Se o negócio implicar
prestações impossíveis, também será considerado nulo. Esta impossibilidade pode
ser jurídica (proibida pelo ordenamento jurídico: venda de herança de pessoa viva
– art. 426, CC) ou física (desrespeito às leis naturais ou físicas: ir à lua e voltar
em duas horas, etc.). Segundo a doutrina, para tornar nulo o negócio, a
impossibilidade deve ser absoluta, ou seja, impraticável por quem quer que seja
(atinge a todos sem distinção). Se a impossibilidade for apenas relativa, isto é,
puder ser realizada por alguém (mesmo que não seja o devedor), não haverá
obstáculo para o negócio, que continua válido.
Finalmente deve ser o mesmo determinado ou, ao menos,
determinável. Determinado é o objeto previamente descrito, qualificado e
individualizado no início do negócio (compra do cavalo “furacão”). Determinável
é o objeto que ainda não está individualizado, mas o será no futuro. Em outras
palavras: o objeto deve ser previamente conhecido e individualizado ou devem
existir critérios que permitam sua futura individualização. Assim, admite-se a
venda de coisa incerta (mas não indeterminada). No entanto ela deve ser indicada
ao menos pelo gênero e pela quantidade, ainda que não seja mencionada a
qualidade, pois esta pode ser determinada posteriormente pela escolha.
Art. 106, CC
Um aspecto que deve ser levado em consideração em relação ao objeto é
o art. 106, CC. Vejamos: “A impossibilidade inicial do objeto não invalida o
negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que
ele estiver subordinada”. Explicando melhor:
Primeira parte do dispositivo: quando da celebração do contrato havia um
vício relativo em relação ao objeto, mas, durante a execução do contrato, este
defeito deixou de existir. Assim, nosso Código, consagrando o princípio da máxima
utilidade, prevê que tal vício deixa de existir (ex.: a prestação pode ser realizada
por outra pessoa). Reforçando: o defeito deve ser relativo, pois se for absoluto o
negócio será considerado nulo.
Segunda parte do dispositivo: se o negócio jurídico, contendo objeto
impossível, tiver sua eficácia subordinada a um evento futuro e incerto, e aquela
impossibilidade cessar antes de realizada aquela condição, o negócio será válido.

ATENÇÃO Objeto ilícito, impossível, ou indeterminado → Negócio


Jurídico Nulo (art. 166, II CC).

C) CONSENTIMENTO (Vontade). Da Interpretação do Negócio Jurídico.


A manifestação de vontade exerce papel imprescindível no negócio jurídico,
sendo um elemento básico. Portanto, é necessário que esta vontade seja
espontânea, livre de qualquer vício.

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Inicialmente perguntamos: o que interessa mais ao Direito: a intenção
ou a ação? Resposta: para o Direito o mais importante é a ação, ou seja, a
vontade declarada, pois a intenção, isoladamente, não tem valor algum.
Somente após a manifestação de vontade declarada (por escrito, palavras, gestos
ou sinais) é que a intenção será levada em consideração. Portanto, a declaração
de vontade é constituída de dois elementos: a) interno: real intenção do agente;
b) externo: vontade declarada.
O ideal é que a pessoa declare exatamente aquilo o que desejava. Deve
haver uma perfeita harmonia entre o que ela queria e o que ela fez. Mas nem
sempre um contrato traduz a exata vontade das partes. Por isso, algumas vezes
ele deve ser interpretado, para se chegar a real intenção das partes.
INTERPRETAR o negócio jurídico é delimitar o alcance da declaração de
vontade. No entanto as cláusulas contratuais não devem ser interpretadas de
forma isolada, mas sim dentro do contexto do contrato, em conjunto com as
demais cláusulas.
O consentimento pode ser expresso ou tácito. Será expresso quando for
declarado por escrito ou verbalmente, mas de maneira explícita. Será considerado
tácito se resultar de um comportamento do agente que demonstre,
implicitamente, sua anuência, sua concordância com a situação, desde que o
negócio, por sua natureza ou por disposição legal, não exija forma expressa.
O silêncio pode importar em anuência, se as circunstâncias e os
usos o autorizarem e não for necessária a declaração de vontade expressa
(art. 111, CC). Ou seja, o silêncio somente terá valor jurídico, como um fato
gerador de um negócio, se a lei assim o permitir. Caso contrário o silêncio não
tem força de declaração de vontade. Portanto, no Direito, não é totalmente aceito
o brocardo: “quem cala consente”. Em alguns casos (raros) ele se aplica, como na
hipótese da doação pura, onde o silêncio do beneficiário é considerado como
aceitação, concluindo o contrato. Na prática é o Juiz, diante de um caso concreto,
que deverá verificar se o silêncio representou ou não a vontade. No dizer de
Machado de Assis: “O silêncio... é um tumulto”.
Outro princípio básico relativo às declarações de vontade é de que se
atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal
da linguagem (art. 112, CC). Ou seja, os negócios, de uma forma geral, podem
conter alguma cláusula duvidosa ou algum ponto controvertido, sendo necessária
uma interpretação. Pelo Código esta interpretação deve procurar se situar mais
na vontade real dos contratantes (teoria da vontade ou voluntarista),
procurando as consequências e os efeitos desejados por eles, indagando sua real
intenção, do que no sentido literal do negócio (que seria o exame gramatical de
forma “fria” de um texto do contrato). Trata-se de um reflexo da teoria da
confiança, que mantém íntima relação com o princípio da boa-fé objetiva.

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Além disso, os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme
a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração (art. 113, CC). Trata-se de
referência à boa-fé objetiva que representa um dever de conduta das partes, de
acordo com a lealdade, honestidade, confiança, etc. (a expressão “boa-fé” deriva
do latim bona fide, que significa boa confiança, ou seja, é a convicção de alguém
que acredita estar agindo de acordo com a lei, na prática ou na omissão de
determinado ato). A boa-fé se presume; de forma contrária, a má-fé precisa ser
demonstrada.
O art. 114, CC estabelece uma ressalva. Os negócios jurídicos
benéficos (também chamados de gratuitos, pois envolvem uma liberalidade,
onde uma das partes se obriga e a outra aufere vantagens, como na doação pura
e simples) e a renúncia (ato unilateral em que a parte abre mão de um direito,
faculdade ou vantagem) interpretam-se estritamente. Ou seja, segundo a lei
tais atos se limitam apenas ao que foi estabelecido pelas partes, sem incluir outras
questões. Isto é, nem o Juiz poderá dar a estes negócios uma interpretação mais
ampla, devendo ficar restrito ao que foi estipulado pelas partes. Um exemplo
clássico disso é a fiança nos contratos de locação: sua natureza é gratuita,
portanto é considerado um negócio jurídico benéfico; por tal motivo, se houver
alguma dúvida quanto a sua abrangência, esta deve ser resolvida fazendo-se uma
interpretação restritiva, ou seja, em favor daquele que prestou a fiança (no caso
o fiador), não se ampliando as obrigações do mesmo (confiram o art. 819, CC).
Acrescente-se que há outros dispositivos estabelecendo regras sobre
a interpretação da vontade. O art. 423, CC, por exemplo, prevê que quando
houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, acolhe-se a
interpretação mais favorável ao aderente. Merece destaque especial também o
art. 47 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) que dispõe que “as cláusulas
contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”.
Outros: a intenção das partes pode ser apurada pelo modo como vinham
executando o contrato até então; na dúvida deve-se interpretar o contrato de
forma menos onerosa para o devedor; as cláusulas contratuais devem ser
entendidas como um todo e não interpretadas de forma isolada, etc. Finalmente,
se uma cláusula contratual permitir duas interpretações diferentes, prevalecerá a
que possa produzir algum efeito, pois não se deve supor que os contratantes
tenham celebrado um contrato inútil e sem seriedade.

DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO


Defeitos do negócio jurídico são os vícios relativos à formação da vontade
ou à sua declaração, tornando-o passível de anulação. Pode ser grave (quando
vicia o ato de forma definitiva) ou leve (quando o ato pode ser remediado pelo
interessado).

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Podemos dizer que um ato é válido (quanto ao consentimento) “quando
eu faço exatamente aquilo que eu queria fazer, desejando seus efeitos, sem que
esta conduta prejudique terceiros”. Ou seja, às vezes eu posso ter feito algo que
não era o que eu queria fazer (e quantas vezes isso ocorre conosco...); quero
comprar algo e me engano... ou sou enganado. Outras vezes quero fazer algo e
faço aquilo que eu queria fazer. Mas o que eu fiz afeta direitos de terceiros,
prejudicando essas pessoas, que não foram partes do negócio principal, mas que
foram lesados com a minha conduta. É importante notar que em qualquer uma
destas duas situações (fiz algo que não queria ou fiz algo que eu queria, mas
prejudiquei interesses de terceiros) surgem os chamados defeitos relativos à
vontade.
Assim, se existe uma vontade, porém sem a correspondência com aquela
que o agente quer exteriorizar, o negócio jurídico será viciado ou deturpado,
tornando-se anulável (art. 171, II, CC), se no prazo decadencial de 04 anos
for movida ação de anulação (art. 178, II, CC). São os chamados vícios de
consentimento (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão). Nestes casos há
uma desavença entre a vontade real e a vontade declarada, sendo que o
prejudicado é um dos contratantes.
Existem outras hipóteses em que se tem uma vontade funcionando
normalmente, havendo a correspondência entre a vontade interna e a
manifestação, mas, no entanto, ela se desvia da lei ou da boa-fé. O que foi
colocado no contrato infringe a lei e prejudica terceiros. Também são passíveis de
anulabilidade no prazo decadencial de 04 (quatro) anos. São os chamados
vícios sociais (fraude contra credores). A simulação também é considerada por
parte da doutrina como um vício social, uma vez que objetiva iludir terceiros.
Porém o atual Código resolveu discipliná-la em outro capítulo, referente à
invalidade do negócio jurídico (e não no capítulo referente aos defeitos do
negócio).
Vamos, mais uma vez, apresentar um gráfico para melhor classificar os
defeitos relativos à vontade. Depois vamos analisá-los um a um. E vamos ver
qual a consequência deste ato viciado. Dependendo do vício o ato pode ser nulo,
anulável ou até mesmo válido. Mais adiante, ainda na aula de hoje, veremos as
diferenças entre o ato nulo e o anulável, as hipóteses que caracterizam uma e
outra situação, bem como os efeitos decorrentes destas situações. Esses tópicos
têm vital importância para efeito de concursos.

DEFEITOS
1) AUSENÊNCIA DE VONTADE → Negócio inexistente (ou nulo para
outra corrente doutrinária).

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2) VÍCIOS DE CONSENTIMENTO → A vontade não é expressada de
maneira absolutamente livre; a vontade declarada não representa a real
intenção do agente. Prejudicam a própria pessoa que exteriorizou a
vontade → Erro ou Ignorância, Dolo, Coação, Lesão e Estado de Perigo.

3) VÍCIOS SOCIAIS → há uma correspondência entre a vontade interna


do agente e a sua manifestação, no entanto, a vontade manifestada não
tem a intenção pura e de boa-fé que enuncia; o negócio é realizado em
desconformidade com a lei, pois a intenção é de prejudicar terceiros que
não participaram da relação negocial → Fraude contra Credores. Quanto à
Simulação, devemos tomar cuidado. Embora muitos doutrinadores ainda
afirmem ser um vício social, o atual Código Civil a coloca em outro capítulo
(da invalidade do negócio jurídico: art. 167, CC), conforme veremos
adiante.

Observação: em regra, o defeito deve ser alegado no prazo decadencial de


quatro anos; se o prazo não for respeitado, o defeito não poderá ser mais
alegado, sendo o ato convalidado por decurso de prazo.

ERRO OU IGNORÂNCIA (arts. 138 a 144, CC)


Este é o primeiro defeito relativo ao consentimento. O aluno que conseguir
entender o seu alcance não sentirá dificuldade de entender todos os demais
defeitos. Por isso muita atenção!
Primeiramente: erro e ignorância são sinônimos? Não!! O Código Civil
equipara o erro à ignorância quanto aos efeitos; ou seja, o Código não distingue
um instituto do outro, mas afirma que as suas consequências são idênticas no
campo do Direito. Assim, embora o Código não faça, a doutrina estabelece
distinções entre eles (esta diferença já caiu em concursos).
Erro é a falsa noção que se tem sobre um elemento que influencia a
formação de vontade do declarante. Pode recair sobre as qualidades de uma coisa
ou sobre uma pessoa. Ocorre quando o agente pratica o ato baseando-se em falso
juízo ou engano. Pensei que era uma coisa... mas na realidade é outra. Já
ignorância é o completo desconhecimento do declarante acerca do objeto ou
da pessoa. Assim, às vezes usamos a expressão “erro”, mas queremos nos referir
não só ao erro propriamente dito, como também à ignorância.
Na verdade, o erro é um registro falso da realidade. Observem que no
erro a pessoa se engana sozinha. Ninguém a induz a erro. Mas não é qualquer
erro (ou ignorância) que torna o negócio anulável. Ele há de ser a causa
determinante ou principal. Vejamos inicialmente um resumo sobre o tema. A
seguir aprofundaremos o assunto. O erro (ou a ignorância) pode ser:

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Essencial ou Substancial → razão determinante para a realização do
negócio → se a verdade fosse conhecida o negócio não seria realizado →
Ato Anulável.
Acidental ou Secundário → se a verdade fosse conhecida o negócio seria
realizado, porém de forma menos onerosa → Ato válido.

A) ERRO ESSENCIAL OU SUBSTANCIAL. Refere-se à natureza do próprio ato;


recai sobre circunstâncias e aspectos principais, relevantes do negócio de forma
que se eu soubesse do defeito jamais teria praticado o ato. O art. 138, CC
estabelece que o erro, para dar ensejo à anulação do negócio jurídico, há de ser
substancial, ou seja, essencial.
Divisão doutrinária. Parte da doutrina entende que além da essencialidade
do erro, deve haver a sua cognoscibilidade (qualidade do que é cognoscível; que
pode ser conhecido ou percebido pela outra parte), baseado na chamada teoria
da confiança, que tem tem por base a verificação da discrepância entre a vontade
real do agente e a sua equivocada manifestação. Por isso, torna-se fundamental
apreciar se o engano de um negociante poderia ter sido percebido pelo outro. A
outra corrente doutrinária entende que na realidade o erro essencial deve ser
escusável e real. Escusável porque ele é aceitável, desculpável dentro do que se
espera de um homem médio, que atue com grau normal de diligência; tem por
fundamento uma razão plausível, ou seja, qualquer pessoa com atenção ou
diligência normal seria capaz de cometê-lo em face das circunstâncias. Ex.: é
aceitável uma pessoa leiga confundir o diamante com zircônio. Mas não se admite
esta confusão para um joalheiro, que tem conhecimento técnico para fazer a
distinção (para ele seria um erro inescusável e, portanto, sem possibilidade de
anular o ato). Real porque deve acarretar um prejuízo efetivo para o interessado.
O Código Civil especificou as modalidades de erro substancial
(hipóteses de anulação do negócio jurídico) no art. 139, CC. Vejamos:
1. Erro sobre a natureza do negócio jurídico (error in ipso negotio) → o
erro recai sobre a modalidade de contrato que foi celebrado. Pensei fazer um
determinado contrato... mas fiz outro. Ex.: empresto um determinado bem para
uma pessoa, mas ela entende que houve uma doação. Observem que não houve
um acordo de vontades: uma das partes pensa que está realizando um contrato
(empréstimo) e o consentimento do outro se dirige a outro contrato (doação).
Outros exemplos: quero vender uma coisa, mas acabo doando; quero alugar um
apartamento (o aluguel é oneroso), mas acabo fazendo um comodato (que é um
empréstimo gratuito), etc. Esta situação é muito difícil de ocorrer na prática. No
entanto pode muito bem cair em concursos... como já caiu.
2. Erro sobre o objeto principal da declaração (error in ipso corpore) →
a manifestação de vontade recai sobre objeto diferente do que se tinha em

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mente. Ex.: comprei um lote em um condomínio que pensava ser muito
valorizado, no entanto trata-se de outro condomínio, que tem o mesmo nome,
mas está situado em local diverso, muito distante de onde eu queria. Notem, mais
uma vez, que ninguém me enganou. Eu errei sozinho (quando alguém me engana
trata-se de outro defeito, o dolo, que veremos adiante). O erro, neste caso, atingiu
a substância do ato; portanto o ato é anulável. No entanto, o art. 144, CC dispõe
que o erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem
a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade
da vontade real do manifestante. Aproveitando o exemplo acima: comprei o lote
no condomínio errado (erro substancial); no entanto o vendedor, entendendo a
situação, acaba entregando o lote no condomínio onde eu queria inicialmente. Ora,
o negócio acabou sendo executado conforme minha vontade inicial. Assim, não
havendo qualquer prejuízo, não se anula o negócio.
3. Erro sobre as qualidades essenciais do objeto principal (error in
substantia ou in qualitate) → a pessoa adquire o objeto que imaginava; porém
engana-se quanto as suas qualidades; o motivo determinante do contrato é a
qualidade essencial de um objeto que depois se constata que não existe. Ex.:
compro um relógio pensando que ele é de ouro, mas o mesmo é apenas
“folheado”; compro uma blusa pensando que é de lã animal, mas na verdade é
sintética (e a pessoa é alérgica e este tipo de tecido); compro um cavalo de carga
pensando ele era um legítimo “puro-sangue” de corridas, etc. Observem que
nestes exemplos eu também errei sozinho.
4. Erro quanto à identidade ou à qualidade da pessoa a quem se
refere a declaração de vontade (error in persona) → incide sobre a identidade
(física ou moral) ou características da pessoa. Geralmente recaem nos contratos
personalíssimos (intuitu personae). O negócio pode ser anulado, desde que a
consideração pessoal seja condição essencial para a realização do negócio.
Exemplo clássico: estou sendo processado por homicídio e contratei um Advogado
certo de que ele é um famoso criminalista, excelente orador e especializado em
fazer júri. No entanto constato que ele é um Advogado trabalhista. Notem que no
caso de um contrato em que a prestação pode ser cumprida por qualquer pessoa
(ex.: pintar um muro), mesmo que o contratante tenha se enganado na
designação da pessoa, tal fato não será suficiente para a anulação do negócio. O
erro quanto à pessoa também pode ser relativo ao:
a) Casamento (pode ser anulado por “vício essencial sobre pessoa”):
• Erro quanto identidade do outro cônjuge, sobre a sua honra, boa fama, etc.
(ex.: casar-se com pessoa e descobrir depois se tratar de criminoso
procurado, viciado em tóxicos, etc.).
• Ignorância de defeito físico irremediável ou moléstia grave, transmissível.

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b) Testamento
• Deixo uma joia para X, que salvou minha vida. Descubro, posteriormente,
que foi Z e não X quem salvou minha vida. Se eu soubesse que foi Z quem
me salvou, eu não teria doado aquela joia a X. Eu queria doar a joia a quem
realmente salvou minha vida, ou seja, Z. Neste exemplo o defeito é chamado
de “erro quanto ao fim colimado ou por falsa causa”. O art. 140, CC
determina que o falso motivo (ou falsa causa) somente vicia a declaração
de vontade, quando for expressamente declarado como razão determinante
da realização do negócio. Ou seja, o motivo somente tem relevância jurídica
se for instituído expressamente no contrato, como razão para celebração
deste. Outro exemplo: um homem já idoso recebe a notícia de que teve um
filho quando era mais moço, mas na ocasião a mãe não lhe informou do fato.
O idoso, tentando ajudar esta pessoa lhe doa uma casa, mas estabelece o
motivo: somente assim está procedendo porque esta pessoa seria seu filho.
Desta forma, caso comprovado posteriormente que a pessoa não era seu
filho, a doação pode ser anulada, pois havia um falso motivo que foi expresso
como razão determinante do negócio, viciando, assim, a vontade.

Lembrando “Ninguém pode se escusar de cumprir a lei alegando que não


a conhece”. Trata-se do Princípio da Obrigatoriedade (art. 3°, LINDB), que visa
garantir a estabilidade e a eficácia do sistema jurídico, que ficaria comprometido
se fosse admitida em toda e qualquer hipótese a alegação de ignorância de lei em
vigor.
Reforçando: somente o erro substancial, essencial, escusável, real, anula
o negócio jurídico. O erro deve ser de tal forma que, caso a verdade fosse
conhecida, o ato não seria realizado, importando efetivo prejuízo ao
interessado. Mas o contratante que se achou em erro e promove a invalidade do
contrato pode ser condenado a ressarcir eventuais prejuízos que causar à outra
parte por não ter procedido com a diligência necessária ao prestar o seu
consentimento. Somente a parte interessada (a que errou) pode arguir a anulação
do ato.
B) ERRO ACIDENTAL  é aquele concernente às qualidades secundárias ou
acessórias da pessoa ou do objeto. Ocorrendo esta espécie de erro, o negócio
jurídico não será anulado. O ato continua válido, produzindo efeitos, porque o
defeito não incide sobre a declaração de vontade. Ele decorre do não-emprego da
diligência ordinária que deve ter um “homem médio”. Mesmo sabendo do defeito,
a pessoa teria realizado aquele negócio. Ex.: comprar um carro de ano de
fabricação muito diferente é um erro essencial; porém comprar um carro de
número de série diferente é apenas um erro acidental. Da mesma forma, comprar
um carro usado com uma cor um pouco diferente (preto ou azul escuro) também
é acidental, não anulando o negócio. Outros exemplos: compro uma casa

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pensando que tem quatro janelas, mas só tem três; doei um relógio a uma pessoa
pensando que ela é solteira, mas é casada, etc.
O chamado erro de cálculo (que é a inexatidão material) também não é
causa de anulação do negócio, mas de simples retificação da declaração de
vontade, nos termos do art. 143, CC. Pode incidir sobre o peso, a medida, a
quantidade, o valor do bem, etc. É uma espécie de erro acidental, não incidindo
sobre a declaração de vontade e não viciando o consentimento. Ex.: comprei 12
camisas, sendo que o valor de cada uma delas é de R$ 45,00; logo deveria pagar
R$ 540,00, mas acabei pagando somente R$ 450,00. É evidente que houve um
erro na elaboração aritmética dos dados do negócio, pois as partes sabiam do
valor do negócio, errando apenas no momento da realização do cálculo final.

Erro de Fato X Erro de Direito


O erro de fato é aquele que recai sobre uma circunstância de fato, uma
situação concreta. Pode ser essencial ou acidental. Crê-se numa realidade que não
é verdadeira. Tudo o que falamos acima se refere a ele.
Já o erro de direito diz respeito à existência (ou não) de norma jurídica.
Consiste na ignorância da lei, no falso conhecimento e também na sua
interpretação errônea. Em regra, o erro de direito não admite escusa, não
podendo ser alegado. No entanto ele é admitido de forma excepcional (e, por
consequência, o negócio jurídico pode ser anulado), se o ato não implicar em
recusa à aplicação da lei e for o motivo único ou principal do negócio jurídico (art.
139, III, CC). Isto é, não pode o ato recair sobre a norma cogente (impositiva, de
ordem pública), mas sim sobre normas dispositivas (sujeitas ao livre acordo das
partes). Além disso, deve ser grave a ponto de afetar e viciar a manifestação de
vontade do agente. Na realidade esse dispositivo foi uma novidade do atual CC,
permitindo uma “brecha” para anulação de um contrato.

Art. 3° LINDB X Art. 139, III, CC


É importante saber diferenciar esses dois dispositivos. O art. 3°, LINDB
estabelece que: “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a
conhece”. Ou seja, uma pessoa não pode alegar o desconhecimento da lei para
fazer valer o seu pretenso “direito”. Já o art. 139, III, CC refere-se a uma ideia
equivocada sobre as consequências jurídicas da norma, viciando um contrato.
Exemplo clássico: eu contrato com uma pessoa a importação de determinada
mercadoria. Após a celebração do contrato descubro que nosso País proíbe a
importação dessa mercadoria (ex.: sementes transgênicas). Assim, eu não posso
alegar o desconhecimento da norma para justificar a validade do contrato e
possibilitar a entrada em nosso território das sementes (o art. 3°, da LINDB proíbe
essa conduta). O que eu posso fazer é a alegar o desconhecimento da norma
proibitiva para anular o contrato (art. 139, II, CC). Observem: como a ignorância

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da lei foi a causa determinante do ato, pode ser alegada para anular o contrato,
sem que se pretenda descumprir a lei.

Erro X Vício Redibitório


Essa é uma distinção muito importante, pois já vi cair em diversos
concursos. E pode confundir o candidato. O vício redibitório é o defeito oculto na
coisa, que a torne imprópria para o uso a que se destina ou lhe diminua o valor.
No vício redibitório não há qualquer erro no momento da celebração do negócio;
o que há é um defeito no objeto (e não na vontade do adquirente), que não foi
notado, já que era oculto. Já no erro há um engano por parte do adquirente; é um
vício de ordem subjetiva, pois foi a vontade que foi viciada pela falsa percepção
da realidade, não havendo vício no objeto.
Nosso Código prevê outras duas espécies de erro. Vejamos.
– Erro acidental in qualitate (art. 142, CC): “O erro de indicação da pessoa
ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio
quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou
pessoa cogitada”. Como diz respeito às qualidades secundárias ou acessórias da
pessoa (ex.: se é casada ou solteira) ou do objeto (ex.: comprei o lote 321, mas
recebi o 213 por erro de digitação), não induz a anulação do negócio.
– Erro na transmissão de vontade por meios interpostos (art. 141, CC):
o negócio é anulável quando na transmissão da vontade do declarante verifica-se
falha que a faz chegar ao seu destinatário com conteúdo diverso daquele emitido;
é o erro por defeito de intermediação que altera a vontade declarada, como se
tratasse de uma declaração direta. Ex.: uma pessoa utiliza rádio ou televisão para
transmitir uma declaração de vontade, mas o veículo utilizado, devido a
interrupção ou deturpação sonora, faz com que a divulgação saia com incorreções,
acarretando uma desconformidade entre a vontade interna e a sua declaração ou
manifestação. Somente anula o negócio se a alteração for substancial (art. 138,
CC), ou seja, prejudicar o real sentido da declaração expedida. Caso contrário,
será insignificante e o negócio será válido.

DOLO (arts. 145 a 150, CC)


Dolo é o artifício malicioso empregado por uma das partes ou por terceiro,
com o propósito de enganar a outra parte do negócio, causando-lhe prejuízo e
beneficiando o autor do dolo ou o terceiro. Para a sua caracterização exige-se a
vontade de enganar alguém (a doutrina chama isso de animus decipiendi).
O dolo inicialmente pode ser classificado em:
• Dolus Bonus (dolo bom): é um comportamento tolerado nos negócios em
geral. Consiste em reticências, realce e exageros nas boas qualidades da
mercadoria ou dissimulações de defeitos. É o artifício que não tem a finalidade de

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prejudicar ninguém... as pessoas não se sentem enganadas. Por tal motivo ele
não é anulável, desde que não venha a enganar o consumidor, mediante
propaganda abusiva. Aliás, o Código de Defesa do Consumidor proíbe a
propaganda enganosa, apta a induzir o consumidor em erro.
• Dolus Malus (dolo mau): consiste em manobras astuciosas (atos,
palavras ou até o próprio silêncio) para enganar alguém e lhe causar prejuízo.
Vicia o consentimento e por isso é anulável (na hipótese de ser essencial) ou
obriga a satisfação de perdas e danos (na hipótese de ser acidental, como veremos
adiante). O dolo mau pressupõe: a) prejuízo para o autor do ato; b) benefício
para o autor do dolo ou terceiro; c) pode ser praticado pelo silêncio.

Observação. Não há critérios absolutos para se distinguir na prática o dolus


bonus do dolus malus. É o Juiz quem vai decidir, analisando as peculiaridades de
cada caso concreto. Exemplo disso é a “mensagem subliminar” (atua
inconscientemente em face do consumidor, induzindo-o a determinado
comportamento) que pode se caracterizar em comportamento doloso e prática
comercial abusiva.
O dolus malus se divide em:
• Dolo Principal, essencial ou substancial (dolus causam): art. 145, CC
 é aquele que dá causa ao negócio jurídico, sem o qual ele não se teria concluído,
acarretando, então, a anulabilidade do negócio jurídico. Se não houvesse o
induzimento, a pessoa não faria o negócio. Para que seja possível a anulação é
necessário que: a) haja a intenção de induzir a outra parte a praticar um negócio
lesivo; b) os artifícios maliciosos sejam graves, por indicar fatos falsos, suprimir
ou alterar os verdadeiros ou por silenciar algum fato que se devesse relatar ao
outro contratante; c) seja a causa determinante na declaração de vontade; d)
haja uma relação de causa e efeito entre a indução do erro e a prática do negócio;
e) se o dolo foi proveniente de terceiro, que seja do conhecimento do outro
contratante.
• Dolo Acidental (dolus incidens) art. 146, CC  leva a vítima a realizar o
negócio jurídico, porém em condições mais onerosas (ou menos vantajosas), não
afetando sua declaração de vontade (embora venha a provocar desvios). Não se
constitui vício de consentimento porque não influi diretamente na realização do
negócio. O negócio teria sido praticado de qualquer forma, independentemente
das manobras astuciosas, embora de outra maneira, em condições menos
onerosas à vítima. O dolo acidental leva a distorções comportamentais que podem
alterar o resultado final do negócio, no entanto não anula o negócio, apenas
obriga a satisfação de perdas e danos ou a uma redução da prestação
pactuada.

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Dolo Essencial → dá causa ao negócio jurídico, sem o qual ele não teria sido
concluído → Ato Anulável.
Dolo Acidental → realiza o negócio jurídico em condições mais onerosas →
não afeta a declaração de vontade → Ato válido, mas enseja indenização por
perdas e danos.

O dolo ainda pode ser classificado em:


• Positivo (ou comissivo): resulta de uma ação dolosa; são os artifícios
positivos. Ex.: falsas afirmações sobre as qualidades de uma coisa: pode comprar
este “cachorrinho” que eu garanto... ele vai ficar bem pequeno... ele é da espécie
“toy”... passados alguns meses aquele “cachorrinho” se tornou um “cachorrão”.
• Negativo (ou omissivo): é a manobra astuciosa que constitui uma
omissão intencional, induzindo o outro contratante a realizar o negócio. Trata-se
da ocultação de uma circunstância relevante e que a parte contratante deveria
saber. E, sabedora, não teria efetivado o negócio. Ex.: seguro de vida em que se
omite uma doença grave e o segurado vem a falecer dias depois – neste caso
houve uma evidente intenção de lesar a seguradora, beneficiando os sucessores;
venda de um cavalo de raça já doente e que vem a morrer logo depois da
realização do negócio, etc. Nestas hipóteses o silêncio funciona como um
mecanismo de atuação dolosa (quebra da boa-fé objetiva). Acarretará a
anulação do negócio se o dolo for principal (motivo determinante), pois é
necessária a relação de causalidade entre a omissão intencional e a declaração de
vontade (art. 147, CC). Se for acidental enseja apenas perdas e danos.

Observações Importantes
01) Dolo de Terceiro (art. 148, CC). Em algumas situações o dolo pode
ser proveniente de uma terceira pessoa, estranha ao negócio. Em geral não afeta
o contrato, uma vez que o terceiro não é parte do negócio. Somente enseja a sua
anulação se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento.
Ex.: “C” instiga “A” a comprar o relógio de “B” assegurando que ele é de ouro;
porém o relógio é apenas dourado e “C” sabe disso, estando em conluio com “B”.
Neste caso o terceiro (“C”) e o contratante (“B”) são tidos como autores do dolo.
O negócio é anulável. No entanto se “B” (contratante favorecido) não tinha
conhecimento da conduta dolosa por parte do terceiro, não se anula o negócio,
mas “A” pode reclamar as perdas e danos de “C” (o terceiro causador da situação).
Resumindo:
Beneficiado pelo dolo de terceiro sabia ou deveria saber → negócio anulável.
Beneficiado pelo dolo não sabia e nem tinha como saber → negócio válido,
porém o terceiro responde pelas perdas e danos da parte que foi ludibriada.

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02) Dolo dos Representantes (art. 149, CC). Aqui a lei prevê duas
situações com soluções diferentes. No caso da representação obrigatória ou
legal (pais, tutores ou curadores), o representado fica obrigado a responder
civilmente somente até a importância do proveito que teve. Isto porque o seu
representante foi “imposto” pela lei (ou de forma judicial), sem que ele pudesse
se rebelar contra isso. Seria injusto responsabilizar o representado por tudo. Por
ser incapaz, ele não pode escolher o seu representante e nem vigiar os seus atos,
não tendo ciência se ele está agindo de forma maliciosa. No entanto, no caso de
representação convencional ou voluntária (que é o caso do mandato) o
representado responderá solidariamente com o representante por tudo, inclusive
perdas e danos. Isto porque aquele que escolhe um representante e lhe confere
uma procuração, cria um risco para o mundo exterior; o procurador irá agir usando
o nome do representado. Por tal motivo deve, inicialmente, escolher bem a pessoa
que irá representá-lo. Além disso, deve vigiar os atos da pessoa que escolheu para
ser seu representante. Escolhendo mal (culpa in eligendo) ou não fiscalizando
(culpa in vigilando) o seu representante, o representado responde solidariamente
pela reparação total do dano (e não apenas limitado à responsabilidade do proveito
que teve, como no caso da representação legal). Resumindo:
Dolo do representante legal (pais, tutores e curadores) →
responsabilidade do representado limitada até a importância do proveito que
teve com o dolo.
Dolo do representante convencional (mandatário) → responsabilidade
solidária entre o representante e o representado, inclusive nas perdas e
danos.
03) Dolo recíproco (ou bilateral). Ocorre quando ambas as partes agem
com dolo, desejando obter vantagem em prejuízo da outra. Configura-se a
chamada torpeza bilateral. Nesta hipótese ocorre a neutralização do delito,
pois há uma compensação entre os dois ilícitos. Isto é, não haverá a anulação do
ato, pois ninguém pode se valer da própria torpeza, sendo o ato considerado
válido para ambos (art. 150, CC). Não importa que a conduta seja comissiva ou
omissiva e que o dolo seja principal (essencial) ou acidental.

Dolo X Erro. O erro deriva de um equívoco da própria vítima, sem que a


outra parte tenha concorrido para isso. Já o dolo é intencionalmente provocado
na vítima pelo autor do dolo. Em outras palavras: no erro eu errei sozinho; no
dolo alguém me enganou, isto é, eu errei, mas fui induzido a cometer este erro
pela conduta (má-fé) da outra parte. Resumindo: o erro é espontâneo; o dolo é
provocado intencionalmente.
O dolo do direito civil (artifício para enganar alguém) não deve ser
confundido com o dolo do direito penal. Este é a intenção de praticar um ato que
se sabe contrário a lei. O sujeito quis ou assumiu o risco de produzir o resultado.

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Está previsto no art. 18 do Código Penal. Também não se confunde com o dolo do
direito processual. Este decorre de conduta processual contrária a boa-fé, sendo
reprovável; trata-se da chamada litigância de má-fé (prevista nos arts. 79 até
81 do Código de Processo Civil de 2015).
Não se admite invocação do dolo para se anular um casamento. Isto
porque em relação ao Direito de Família as regras são um pouco diferentes. O art.
1.550, inciso III, CC prevê que um casamento somente pode ser anulado por vício
de vontade nos termos dos artigos 1.556 a 1.558. Os dois primeiros artigos se
referem ao erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge. E o último se refere
a coação. Portanto, por exclusão, não se pode alegar dolo para se anular um
casamento. No entanto, observem que não há uma proibição expressa de se
reconhecer o dolo no casamento. Isto se extrai por dedução lógica. Por tal motivo,
é possível, na prática, que o Juiz reconheça o dolo de um dos cônjuges para a
realização do casamento. Imaginem a situação em que um homem se casa com
sua namorada, pois ela diz que está grávida. Depois do casamento, ele descobre
que a namorada mentiu. Diante dessa situação entendo que ele até poderia alegar
o dolo para anular seu casamento.

COAÇÃO (arts. 151 a 155, CC)


Coação é toda pressão física ou moral exercida sobre alguém (vida,
integridade física), seus bens ou honra, para forçá-lo, contra a sua vontade, a
praticar um ato ou realizar um negócio jurídico. O que caracteriza a coação é o
emprego da violência (física ou psicológica) para viciar a vontade, influenciando a
vítima a realizar negócio que sua vontade interna não deseja celebrar, por isso é
bem mais grave que o dolo. Na coação há uma intimidação. Oferecem-se à vítima
(também chamada de paciente ou coacto) duas alternativas: emitir declaração de
vontade que não pretendia originalmente ou resistir e sofrer as consequências
decorrentes da concretização da ameaça ou de uma chantagem.
Espécies
a) Coação Física (vis absoluta): é o constrangimento corporal que retira
toda capacidade de querer de uma das partes, implicando ausência total de
consentimento ou manifestação de vontade (ex.: amarrar a vítima, segurar sua
mão e fazê-la assinar contrato, etc.). A vítima não chega a manifestar uma
vontade, agindo de forma mecânica. Segundo a doutrina, a manifestação de
vontade é um requisito para a existência do negócio jurídico. Assim, não havendo
a vontade, o negócio não existiria, sendo considerado inexistente.
Doutrinariamente a coação física não é um vício de consentimento, pois sequer
houve a vontade. No entanto a questão é polêmica: há autores que sustentam
a nulidade absoluta do negócio (e não a sua inexistência).

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b) Coação Moral ou Psicológica (relativa ou vis compulsiva): atua sobre
a vontade da vítima, sem retirar-lhe totalmente o consentimento, pois ela
conserva uma relativa liberdade, podendo optar entre a realização do negócio
que lhe é exigido e o dano com que é ameaçada (ex.: se não assinar o contrato,
vou incendiar sua casa; vou estuprar sua mulher, vou mostrar uma foto sua em
uma situação constrangedora, etc.). Trata-se de modalidade de vício de
consentimento expresso na lei, uma vez que há manifestação de vontade, embora
sob pressão (consentimento viciado).
O art. 152, CC prevê que o Juiz, ao apreciar a coação, deve ter em conta
aspectos subjetivos, como o sexo, a idade, a saúde, a condição e o temperamento
do paciente, bem como as demais circunstâncias que possam influir na gravidade
da coação.

Observação: a jurisprudência entende ser possível a coação exercida


contra pessoa jurídica. Isso já foi objeto de questão em concurso do CESPE.
Entendimento do STJ: “O órgão diretivo da pessoa jurídica poderá ser vítima de
coação, desde que esta se refira a atos jurídicos contrários à finalidade daquela e
à sua reputação. Se a finalidade perseguida pela pessoa jurídica é objeto de
alguma modalidade de ameaça, o órgão diretivo, consequentemente, poderá
emitir ato jurídico invalido”.
Efeitos
Coação Física: não há consentimento algum → ausência de vontade → ato
inexistente (não há previsão expressa na lei, mas é mencionada pela
doutrina). Para alguns autores é hipótese de nulidade absoluta.
Coação Moral: há consentimento, mas ele é viciado → ato anulável
(expressamente prevista no Código Civil).

É importante deixar claro que nem toda ameaça se configura em um vício de


consentimento. Assim, são necessários os seguintes requisitos para a
caracterização da coação moral e a consequente anulação do negócio jurídico
(art. 151, CC):
• Seja a causa determinante do negócio jurídico: ou seja, nexo causal
entre o meio intimidativo e o ato realizado pela vítima; se não houvesse a
coação, não haveria o negócio.
• Temor justificado: deve causar um medo ou um fundado receio na vítima.
Os melhores exemplos a respeito são: ameaça de morte, chantagens,
cárcere privado, desonra, mutilação, escândalos públicos, etc. Ex.: se você
não me der tanto eu colocarei “aquelas” fotos suas na internet... Já o grau
de ameaça para o reconhecimento (ou não) do defeito e a consequente
anulação do ato deve ser apreciado pelo Juiz, caso a caso.

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• Dano iminente: suscetível de atingir a pessoa da vítima, sua família, seus
bens, etc. O termo família abrange não só a que resulta de casamento, como
também decorrente de união estável. O dano pode atingir pessoa não
pertencente à família da vítima, hipótese em que o Juiz decidirá se houve
ou não a coação, analisando cada caso concreto.
• Dano considerável e sério: a ameaça deve ser grave (vida, liberdade,
honra, patrimônio) e séria, capaz de assustar a vítima (ou paciente), nela
incutindo um fundado temor. O dano pode ser patrimonial ou moral. Se a
ameaça for indeterminada ou impossível não é capaz de anular o ato.
Coação exercida por terceiro
A coação exercida por terceiro vicia o negócio jurídico se dela tivesse ou
devesse ter conhecimento a parte a que aproveite (art. 154, CC). Assim, havendo
uma cumplicidade entre o coator e o beneficiário, além da anulação do negócio,
ambos ainda responderão solidariamente pelos prejuízos sofridos. Porém
prevalece o princípio da boa-fé, não se anulando o ato de que a parte não sabia
ou que não podia saber sobre eventual coação por parte de terceiro (art. 155, CC).
No entanto, mesmo nesta hipótese, o autor da coação responderá pelas perdas e
danos sofridos pela vítima.
Excluem a Coação, ou seja, não se configura coação (art. 153, CC):
• Ameaça do exercício normal de um direito (exercício regular de direito).
Ex.: se você não pagar a dívida, vou protestar o título e ingressar com uma
ação de execução ou requerer a sua falência. Ora, assim agindo
(protestando o título e ingressando com uma ação) eu apenas estarei
exercendo um direito que me é assegurado pela lei. Portanto não há coação.
• Temor reverencial: o simples receio de desgostar ou magoar os pais,
ou pessoas a quem se deve respeito e obediência também é incapaz de
viciar o negócio.

ESTADO DE PERIGO (art. 156, CC)


É uma inovação do atual Código. Configura-se o estado de perigo quando
alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família,
de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação
excessivamente onerosa (art. 156, CC). A vítima não errou, não foi induzida a
erro ou coagida, mas pelas circunstâncias de um caso concreto, foi compelida a
celebrar um negócio (unilateral ou bilateral) que lhe era extremamente
desfavorável. Trata-se de uma hipótese de inexigibilidade de conduta diversa, ante
a iminência do perigo por que passa o agente, não lhe restando outra alternativa
senão praticar o ato. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do
contratante o Juiz decidirá de acordo com as circunstâncias de um caso concreto.

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Uma pessoa, temerosa de grave dano moral ou material (situação
equiparada ao estado de necessidade, mas que com ele não se confunde), acaba
assinando contrato, mediante uma prestação exorbitante. Ex.: um pai teve filho
sequestrado, sendo o que bandido lhe pediu 100 mil reais para o resgate. Um
“amigo” sabendo do problema, se oferece para comprar suas joias; elas valem
500 mil, mas ele oferece apenas 100 mil reais, que é o valor do resgate. O que
faria um pai nesta hora?? Acaba vendendo as joias para o “amigo” (na verdade é
um ‘amigo da onça’, como costumamos dizer). Isto porque o valor oferecido é
muito inferior ao de mercado. Posteriormente o pai pode anular o negócio com
base no estado de perigo. Outros exemplos: vítima de acidente automobilístico
que assume obrigação exagerada para ser salva de imediato; venda de imóvel por
valor ínfimo para poder pagar cirurgia de filho, que corre risco de morte, etc. É
necessário, em todos os exemplos fornecidos, que a outra parte tenha
conhecimento da situação de desespero do primeiro e se aproveite dessa situação.
Em algumas situações é a própria pessoa em perigo quem promete uma
extraordinária recompensa para ser salva, como no exemplo de um náufrago. A
doutrina também sempre lembra o famoso exemplo histórico do rei inglês Ricardo
III quando lutava em uma batalha (Bosworth Field) e seu cavalo foi morto. Caído,
o rei gritava: “Um cavalo, um cavalo, meu reino por um cavalo!” (A horse, a horse,
my kingdom for a horse!) O rei prometeu seu reino por um cavalo, pois estava
premido por uma necessidade de salvar a si do perigo de estar em uma batalha
sem ter um cavalo e assim ofereceu todo seu reino em troca do animal. Portanto
acabou assumindo uma obrigação excessivamente onerosa, pois é evidente que
seu reino valia mais do que um cavalo. Só para completar a história: Ricardo III
acabou perdendo a batalha, o reino e também a própria vida. Mas eu pergunto:
se ele tivesse ganho a batalha será que cumpriria a obrigação??
Há alguns exemplos em que o perigo não foi provocado e nem houve má-
fé das partes. Ex.: pai que oferece uma quantia exorbitante para o tratamento de
seu filho, que sofre de uma grave doença; náufrago que oferece ao seu salvador
uma recompensa exagerada pelo seu salvamento. Nestes casos não seria correto
que o salvador ficasse sem uma remuneração e nem que o obrigado
empobrecesse. O contrato apenas foi celebrado de forma desvantajosa. Portanto
a doutrina (não há previsão legal) costuma afirmar que quando o prestador de
serviços está de boa-fé, não pretendendo tirar proveito do perigo de dano, o
negócio deve ser conservado, mas com a redução de eventual excesso
contido na obrigação assumida, equilibrando-se as prestações das partes.
Exemplo do STJ: a exigência de ‘cheque caução’ para tratamento hospitalar
emergencial é hipótese de estado e perigo. “Não é razoável em cheque dado como
caução para tratamento hospitalar ignorar sua causa, pois acarretaria desequilíbrio
entre as partes. O paciente, em casos de necessidade, quedar-se-ia à mercê do

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hospital e compelido a emitir cheque, no valor arbitrado pelo credor”. Aliás,
atualmente, essa conduta foi criminalizada (art. 135-A, Código Penal).
Requisitos para a configuração do estado de perigo:
• Situação de necessidade de salvar a si ou a pessoa de sua família. Se a
pessoa não for da família o juiz pode reconhecer o estado de perigo
dependendo das circunstâncias do caso concreto.
• Iminência de grave dano atual e grave, capaz de transmitir o receio de que,
se não for afastado, as consequências temidas ocorrerão. O risco de dano
pessoal pode ser: perigo de vida, lesão à saúde, integridade física, psíquico
ou moral (honra).
• Nexo de causalidade entre a declaração e o perigo de grave dano.
• Conhecimento do perigo pela outra parte, que se aproveita para tirar alguma
vantagem (é o chamado “dolo de aproveitamento”).
• Obrigação assumida excessivamente onerosa, ou seja, desproporcional,
causando grande desequilíbrio contratual. Lembrando que se a onerosidade
é razoável, o negócio pode ser considerado como válido.
Realizado um contrato sob estado de perigo, a sanção é a anulação deste
contrato (arts. 171, II e 178, II, CC). O prazo é decadencial (pois atinge o
direito propriamente dito) de 04 anos. A anulação se justifica pela ofensa ao
senso de justiça que deve estar presente nos contratos em razão da sua função
social; a parte agiu contra o princípio da boa-fé objetiva, pois se aproveitou da
situação de necessidade para tirar vantagem do negócio.

Observação: Segundo o Enunciado 148 da III Jornada de Direito Civil do CJF:


“Ao estado de perigo aplica-se, por analogia, o disposto no art. 157, §2°, CC”, ou
seja, não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento
suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito,
conforme veremos no instituto seguinte.

LESÃO (art. 157, CC)


Trata-se de outra inovação do atual Código. Lesão é o prejuízo que um
contratante experimenta quando, em um contrato comutativo (onde as partes
conhecem as prestações de cada um e há equivalência entre elas), deixa de
receber valor correspondente ao da prestação que forneceu. Este instituto visa
proteger o contratante em posição de inferioridade ante o prejuízo por ele
sofrido na conclusão do contrato, devido também à desproporção existente entre
as prestações. Decorre do abuso praticado em situação de desigualdade, punindo
a chamada “cláusula leonina” (alguns autores também a chamam de “cláusula
draconiana” – que é uma referência ao famoso e rigoroso legislador ateniense
Dracon) e o aproveitamento indevido na realização do contrato.

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Como se percebe, há uma deformação da declaração de vontade por
fatores pessoais do contratante, diante da inexperiência ou necessidade,
exploradas indevidamente pela outra parte. Exemplo: pessoa está em vias de ser
despejado e, premido pela necessidade de abrigar sua família e não ver seus bens
deixados ao relento, acaba realizando outro contrato por valor muito acima do
mercado, negócio esse que, se tivesse condição de melhor refletir sobre os seus
efeitos, jamais faria. O objetivo é reprimir o enorme desequilíbrio nas relações
contratuais. Outro exemplo da doutrina é o caso do empregado de uma fazenda
que compra mantimentos no armazém da própria fazenda, porém a preços
exorbitantes.
O art. 157, CC prescreve que ocorre a lesão quando uma pessoa, sob
premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Aprecia-se,
assim, a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em
que o contrato foi celebrado, pois o contrato é prejudicial desde o seu nascedouro.
Cabe ao Juiz (somente o Juiz pode rescindir ou modificar o contrato), diante de
um caso concreto, avaliar eventual desproporção entre as prestações. Segundo a
doutrina, para a caracterização da lesão dispensa-se a verificação de dolo ou de
má-fé da parte que se aproveitou, sendo que também não é relevante se a
desproporção foi superveniente à formação do negócio.
Requisitos para a configuração da lesão
• Objetivo (material): manifesta desproporção entre as prestações recíprocas
(desequilíbrio prestacional), gerando enriquecimento para uma das partes
(lucro exorbitante) e, consequentemente, o empobrecimento para outra.
• Subjetivo: premente necessidade ou inexperiência da pessoa lesada. Saliente-
se que a necessidade do contratante não está relacionada com sua condição
econômica, sendo que o lesado pode ser mais rico que o beneficiário; trata-
se da necessidade contratual. No mesmo sentido, a inexperiência também
deve ser relacionada ao próprio contrato. Inexperiência não significa falta de
cultura, pois a pessoa pode até ser culta e inteligente; o que ocorre é a falta
de conhecimentos técnicos ou habilidades relacionadas ao contrato.
Ocorrendo a lesão, a sanção é a anulação do ato – arts. 171, II e 178,
II, CC. O prazo é decadencial (atinge o direito em si) de 04 (quatro) anos.

É importante acrescentar que não se decretará a anulação do negócio se


for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a
redução do proveito (lesão especial ou qualificada – art. 157, §2°, CC). Ex.: a
pessoa favorecida reconhece que exorbitou e concorda com a redução da
prestação que lhe era extremamente favorável. Evita-se, assim, a anulação do ato
(princípio da conservação dos negócios jurídicos). No entanto, cabe ao Juiz

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averiguar se o suplemento foi suficiente. Desta forma prestigia-se o princípio da
conservação dos contratos.
• Enunciado 149 da III de Direito Civil do CJF: “Em atenção ao princípio da
conservação dos contratos, a verificação da lesão deverá conduzir, sempre que
possível, à revisão judicial do negócio jurídico e não à sua anulação, sendo
dever do magistrado incitar os contratantes a seguir as regras do CC 157, §2°”.
• Enunciado 150 da III Jornada de Direito Civil do CJF: “A lesão de que trata o
CC 157 não exige dolo de aproveitamento”. Segundo a doutrina, dolo de
aproveitamento é a intenção de uma parte de se aproveitar da necessidade
ou falta de experiência da outra parte para dela auferir vantagem exagerada
na celebração do contrato, ou seja, a situação de necessidade deve ser
conhecida da parte beneficiada pelo negócio que se está celebrando. Como
vimos, esse elemento não é essencial para o reconhecimento da lesão. Ele
pode até estar presente, mas não é essencial. Por isso se diz que a lesão é
mais objetiva.

Observação Importante Nos contratos aleatórios a lesão somente pode


ser alegada de forma excepcional, quando os riscos são consideráveis em relação
a uma das partes (e a vantagem que ela obteve é exagerada em relação ao risco
normal de um contrato) e ínfimos para a outra. Lembrando que contrato aleatório
é aquele em que a prestação de uma das partes não é conhecida com exatidão no
momento da celebração do contrato. Depende de uma álea (alea – do latim =
sorte, azar, incerteza, perigo, etc.), que é um fator desconhecido; depende de um
risco futuro e incerto.

Estado de Perigo X Lesão


A necessidade exigida no estado de perigo é diversa da exigida na
lesão. No estado de perigo há um risco pessoal (perigo de morte, integridade
física, etc.) próprio ou de membros de sua família, sendo que o contratante, entre
as consequências do perigo de dano (pessoal) e o pagamento de uma quantia
exorbitante, opta pelo último (com a intenção de minimizar ou sanar o mal). Já
na lesão o contratante, devido a um risco patrimonial (necessidade econômica)
realiza negócio desproporcional; há uma situação de hipossuficiência de uma das
partes e o aproveitamento desta circunstância pela outra.
Além disso, enquanto no estado de perigo exige-se o dolo de
aproveitamento, ou seja, vicia a própria oferta, sendo necessário o
conhecimento do perigo pela outra parte que se aproveita da situação para firmar
a obrigação vantajosa, na lesão esse elemento pode até existir, mas ele não é
essencial para o reconhecimento do vício, ou seja, não é necessário que a
necessidade ou a inexperiência seja conhecida da outra parte, pois o que ocorre é
uma “usura real”. Finalmente o estado de perigo pode se referir a negócios

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bilaterais ou unilaterais (o art. 156, CC, menciona apenas “obrigação
excessivamente onerosa”, não se referindo se esta obrigação é unilateral ou
bilateral). Já a lesão somente ocorre em contratos bilaterais e comutativos, pois o
art. 157, CC, menciona uma contraprestação (“prestação manifestamente
desproporcional ao valor da prestação oposta”).

Lesão X Teoria da Imprevisão


Na lesão o desequilíbrio nasce com o próprio negócio jurídico, tornando-o
passível de anulação (o vício nasce junto com o contrato). Na teoria da imprevisão
há um contrato válido, sendo que o desequilíbrio prestacional ocorre
posteriormente.

FRAUDE CONTRA CREDORES (arts. 158 a 165, CC)


Constitui fraude contra credores a prática maliciosa de atos, pelo
devedor insolvente (ou por eles reduzidos à insolvência), que desfalcam seu
patrimônio, com o fim de colocá-lo a salvo de uma execução por dívidas em
detrimento dos direitos creditórios alheios. Em outras palavras: o devedor desfalca
seu patrimônio tornando-se insolvente, com o intuito de prejudicar seus credores.
Ressalvadas as hipóteses de credores com garantia real (ex.: penhor,
hipoteca e anticrese) os demais credores estão em idênticas condições no
recebimento de seus créditos. Se o patrimônio do devedor não for suficiente para
o pagamento de todos os credores haverá um rateio (chamado pela doutrina de
par conditio creditoris). E no caso do devedor praticar atos com a finalidade de
frustrar o pagamento devido, ou tendentes a violar a igualdade entre os
credores, ocorrerá a fraude contra credores.
Observem que não é a vontade que se encontra viciada, pois a pessoa faz
exatamente o que queria fazer; o vício reside na finalidade ilícita do ato, ou
seja, prejudicar seus credores. Por isso é que a fraude contra credores é chamada
de vício social (e não vício de consentimento, como vimos nos demais defeitos
até agora). Exemplo clássico: pessoa contrai um empréstimo; porém, em data
próxima ao vencimento da obrigação, doa todos os seus bens, ficando sem
patrimônio para saldar a dívida.
A garantia de um credor de que irá receber é o patrimônio do devedor. Se
este maliciosamente desfalca o seu patrimônio, a ponto de não mais garantir o
pagamento do que deve, colocando-se em uma situação de insolvência,
configurada está a fraude contra credores.
Elementos constitutivos da fraude contra credores
Objetivo (eventus damni): trata-se do prejuízo causado ao credor, que
deve provar que com a prática do ato o devedor se tornou insolvente ou já
praticou o ato em estado de insolvência, não tendo mais condições de honrar

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suas dívidas. Lembrando: a insolvência ocorre quando a soma do patrimônio
ativo do devedor é inferior à do passivo. Em outras palavras: o valor das dívidas
excede o valor dos bens.
Subjetivo (consilium fraudis): trata-se do “conluio fraudulento”, da má-fé, da
intenção deliberada (animus) de prejudicar, com a consciência de que de seu
ato advirão prejuízos a uma terceira pessoa (que é o credor). O art. 159, CC
prevê duas situações onde há presunção relativa (juris tantum: que admite
prova em contrário) de má-fé do terceiro adquirente: a) for notória a
insolvência do devedor; b) quando o terceiro adquirente tinha motivos para
conhecer a má situação financeira do devedor.
São suscetíveis de fraude os negócios realizados:
A TÍTULO GRATUITO: doação de bens, remissão (perdão) de dívidas,
renúncia de herança ou usufruto, etc. Basta a prática de um desses atos,
colocando o devedor em situação de insolvência, para se presumir a fraude.
O ato pode ser anulado pelos credores quirografários (do grego
chirografo: chiro = mão; grafo = grafia, escrito = escrito à mão, assinado; é
o credor sem garantias especiais que conta apenas com a garantia comum
a todos os credores: o patrimônio do devedor).
IMPORTANTE! Neste caso não é necessária a prova do consilium
fraudis (o conluio fraudulento, a má-fé). A simples prática do ato de
liberalidade já implica na presunção da má-fé (está implícito o propósito
de fraude). Exemplo clássico: estou devendo uma determinada importância,
mas não desejo pagá-la, embora tenha bens para saldar minha dívida. Começo
então a “doar” meus bens para sobrinhos e primos. Fazendo isso eu me coloco
em situação de insolvência. Portanto basta a “doação” para se presumir a
fraude, não se exigindo a prova da má-fé. Outro exemplo: tenho algumas
dívidas, mas não tenho dinheiro para pagá-las. De repente, um tio muito rico
falece e me deixa uma grande herança. Parte dela será para pagar meus
credores. Sabendo disso, eu renuncio à herança. Nesta hipótese também está
implícita a fraude; mesmo renunciando à herança, meus credores têm direito
a ela até o montante da dívida. Depois de pagas as dívidas, o que sobrar (se
sobrar algo) eu poderei fazer o que quiser, inclusive renunciar. Finalmente:
tenho algumas dívidas que estão próximas do vencimento. Por outro lado, sou
também credor de outras pessoas. Com o dinheiro que receberei destes
poderia pagar minha dívida. Porém eu renuncio aos créditos e com isso me
coloco em situação de insolvência. A minha renúncia pode ser anulada pelos
credores, sem que haja a prova de má-fé.
A TÍTULO ONEROSO: se o negócio foi oneroso, saiu um bem do patrimônio
do devedor (ex.: um imóvel), mas entrou outro bem (o dinheiro). Portanto,
em tese, ainda não está caracterizada a fraude. No entanto, desde que

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insolvente ou for notória a insolvência (ex.: já havia protestos contra o
devedor), ou há presunção (relativa) de que irá dissipar o que recebeu (ex.:
venda de imóveis em data próxima à do vencimento da dívida e não há outros
bens para solver o débito; venda realizada entre parentes próximos, amizade
íntima, o preço vil na venda do bem, etc.), será reputada uma venda
fraudulenta se não houver dinheiro suficiente para pagar o credor. Assim, se
houver sobra patrimonial que permita honrar seus débitos, não haverá fraude
contra credores. Se o comprador não tinha como saber o estado de insolvência
do vendedor (estava de boa-fé) não se anula o negócio (protege-se o
comprador, pois, como vimos, nosso Código protege quem age de boa-fé).
Concluindo: na hipótese de alienação onerosa deve-se provar tanto o eventus
damni, como o consilium fraudis.
PAGAMENTO ANTECIPADO DE DÍVIDAS (art. 162, CC): pagar uma dívida
antes de seu vencimento, por si só, não configura fraude contra credores. Mas
se o devedor insolvente paga uma dívida que ainda não venceu, em detrimento
de outras que já se venceram, frustrando a igualdade entre os credores, há
fraude contra credores, sendo que o primeiro pagamento deve ser anulado e
o beneficiário é obrigado a repor o que recebeu. Também configura fraude
contra credores quando o devedor, já insolvente, resolve privilegiar um dos
credores quirografários, dando-lhe uma garantia real (ex.: a hipoteca da casa).
Ora, como a garantia real se sobrepõe aos demais créditos, o devedor também
estará frustrando a igualdade entre os credores.
CONCESSÃO FRAUDULENTA DE GARANTIAS (art. 163, CC): presumem-se
fraudatórios dos direitos dos outros credores as garantias de dívida (ex.:
penhor ou hipoteca) que o devedor insolvente tiver dado a algum outro credor
(art. 163, CC). Neste caso anula-se a garantia, retornando aquele credor
favorecido à condição de quirografário.

Observação: presumem-se de boa-fé sendo válidos os negócios ordinários


indispensáveis à manutenção de estabelecimento empresarial ou à subsistência
do devedor e de sua família (art. 164, CC).

AÇÃO PAULIANA
Os atos eivados de fraude contra credores são anuláveis através de ação
específica, chamada de ação pauliana. Ela deve ser proposta pelos
credores quirografários (e que já o eram ao tempo da alienação fraudulenta:
credores preexistentes) contra (art. 161, CC) o devedor insolvente e
também contra a pessoa que celebrou negócio jurídico com o fraudador
(litisconsórcio passivo necessário). Aqui pode ocorrer um problema!
Digamos que o devedor insolvente vendeu a “A” e este tenha revendido este
bem para “B”. Como ficaria a situação de “B”, uma vez que ele não integrou
a relação jurídica de base? A saída é a seguinte: se “B” agiu com má-fé

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poderá integrar o processo no polo passivo, juntamente com o insolvente e
com “A”. Mas se ela agiu de boa-fé não deverá integrar o processo. O credor
deverá buscar outros bens dos demais envolvidos
O principal efeito da ação é revogar o negócio lesivo aos interesses dos
credores, repondo o bem no acervo sobre o qual se efetuará o concurso de
credores. O prazo decadencial para o ajuizamento da ação é de 04 anos
a contar da celebração do negócio (arts. 171, II e 178, II, CC).

Observações
Vimos que os negócios jurídicos, quando praticados com determinados
vícios (erro ou ignorância essencial, dolo essencial, coação moral, lesão, estado
de perigo, etc.) podem ser anulados. Mas, para que isso ocorra, é necessário
ingressar com uma ação própria. A única ação que tem um nome especial é a
proveniente de fraude contra credores (que chamamos de pauliana). Nos demais
casos de anulação fala-se apenas em “ação de anulação por erro essencial de
objeto”, “ação de anulação por dolo substancial”... tudo depende da hipótese
concreta. Segundo a corrente majoritária, a natureza jurídica da ação pauliana
é anulatória desconstitutiva do ato impugnado, pois ela anula as alienações
fraudulentas, determinando o retorno do bem ao patrimônio do devedor.
Alguns autores também chamam esta ação de revocatória. No entanto
tomem cuidado com este termo, pois o art. 130 da “Lei de Falências” (Lei n°
11.101/05) também há uma ação com este mesmo nome e pode confundir.

Fraude contra Credores X Fraude à Execução


Não podemos confundir esses institutos! Ambos possuem como elementos
comuns: a fraude na alienação de bens pelo devedor, com desfalque em seu
patrimônio, colocando-se em situação de insolvência e prejudicando o credor. No
entanto se diferenciam:
Fraude contra credores: tema referente ao Direito Civil (arts. 158 a 165,
CC); defeito no negócio jurídico (vício social, pois atinge terceiros). No
momento em que foi realizada a alienação fraudenta, ainda não havia sido
proposta nenhuma ação (embora já possam existir títulos protestados). Os
credores ingressam com a ação pauliana, visando a anulação do ato
fraudulento.
Fraude à execução (ou fraude de execução): é um incidente de Direito
Processual Civil (art. 792, CPC/2015). Ao tempo da prática do ato (alienação
de bens de forma fraudulenta), já corria contra o devedor ação judicial
capaz de reduzi-lo à insolvência (portanto, pressupõe-se uma ação já em
andamento). Os bens que foram alienados já estariam comprometidos tendo-
se em vista a ação proposta. Ou seja, o devedor já havia sido citado para
uma ação (de conhecimento ou de execução, é indiferente a espécie de ação)

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em que o autor persegue o recebimento de seu crédito. Na fraude à execução
o credor não precisa mover ação pauliana, uma vez que o ato (venda ou doação
do bem) não é apenas anulável, mas ineficaz perante o processo de execução.
Na fraude à execução o vício é mais grave (inclusive é crime: art. 179, CP),
sendo considerado como um ato atentatório à dignidade e administração da
Justiça, podendo ser declarado ineficaz e reconhecido pelo Juiz no próprio
processo, mediante um simples pedido da parte lesada. Vejamos um
quadro comparativo:

FRAUDE CONTRA CREDORES FRAUDE À EXECUÇÃO

1. Defeito do negócio jurídico (vício 1. Incidente do Processo Civil,


social), regulado pelo Direito Privado: regulado pelo Direito Público: art. 792,
arts. 158/165, CC. CPC/2015. É mais grave.

2. Quando praticado o ato pelo 2. A prática do ato ocorreu após a


devedor ainda não havia sido proposta propositura de uma ação judicial
ação alguma. (processo de conhecimento, de execução
ou cautelar).

3. Para combater a fraude deve ser 3. Independe da propositura de ação.


proposta ação pauliana (ou revocatória), Expõem-se os fatos e requer-se ao Juiz a
visando a anulação do negócio jurídico. ineficácia do ato, no curso do próprio
processo que está em andamento
(alegação incidental).

4. Tratando-se de alienação onerosa 4. Não se exige prova da má-fé do


exige-se prova da má-fé do adquirente terceiro adquirente, uma vez que esta é
(consilium fraudis). presumida (doutrina).

Observações
01. Embora a doutrina entenda que na fraude à execução não se exige prova
da má-fé, o STJ editou a Súmula 375: “O reconhecimento da fraude à execução
depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova da má-fé do terceiro
adquirente”.
02. A jurisprudência dominante em nossos Tribunais é de que a fraude à
execução somente se caracteriza quando o devedor é citado para a ação e a partir
daí realiza os atos fraudatórios. Antes disso seria apenas a fraude contra credores.
Pessoalmente entendo que não é necessária a citação, bastando a propositura da
ação. Com isso previne-se a hipótese em que a ação é proposta, mas o réu se
oculta para não ser citado e neste ínterim realiza os atos fraudatórios;
posteriormente, já em estado de insolvência, aparece para ser citado... sem bens.

Fraude contra credores X Simulação


Ambas atingem e prejudicam direitos de terceiros. No entanto, na
simulação a alienação é fictícia; na fraude contra credores a alienação é real.

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Fraude contra credores X Dolo
A fraude se consuma sem a participação do lesado no negócio (atinge um
terceiro); no dolo a pessoa lesada pelas manobras desleais é uma das partes do
negócio.

SIMULAÇÃO (art. 167, CC)


Simular significa fingir, mascarar, camuflar, esconder a realidade.
Juridicamente é a prática de ato ou negócio que esconde intencionalmente a real
intenção; há um acordo de vontades (conluio) entre os contratantes para dar
existência real a um negócio jurídico fictício ou para ocultar o negócio realmente
realizado, violando a lei ou enganando e causando prejuízo a terceiros. A intenção
dos simuladores é encoberta mediante disfarce, parecendo externamente negócio
que não é espelhado pela vontade dos contraentes.

Simulação é a declaração enganosa da vontade, visando obter


resultado diverso do que aparece, com o fim de criar uma aparência de
direito, iludindo terceiros ou burlando a lei. Ou seja, celebra-se um negócio
jurídico aparentemente normal, mas na verdade ele não pretende atingir o efeito
que juridicamente deveria produzir. Exemplo clássico: um homem, casado, possui
uma amante e deseja doar um apartamento para ela. No entanto a lei não permite
tal prática (e nem a sua esposa permitiria). Assim ele faz um contrato de compra
e venda, com escritura e registro, tudo aparentemente perfeito; mas na verdade,
ele não vendeu o bem, ele fez uma doação. Ele fingiu celebrar uma compra e
venda, mas na realidade realizou uma doação, uma vez que não houve uma
contraprestação em dinheiro.

ATENÇÃO IMPORTANTE

O atual Código Civil não trata mais a simulação como defeito


referente à vontade ou consentimento do negócio jurídico e sim como
causa de nulidade deste. Aliás, esta particularidade tem caído muito nos
concursos. Acompanhem. Nosso Código é todo dividido em livros, títulos,
capítulos, seções, etc. Na Parte Geral, o Livro III trata dos Fatos Jurídicos. De
imediato temos o Título I que trata do Negócio Jurídico (art. 104 e seguintes). Já
o Capítulo IV (art. 138 e seguintes) passa a tratar dos “defeitos do negócio
jurídico”. Observem que cada seção fala de um defeito: erro ou ignorância, dolo,
coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores. Observem que a
simulação não está prevista neste Capítulo, mas sim no art. 167, que faz parte do
Capítulo V, referente à invalidade do negócio jurídico (que veremos logo
adiante). Além disso, o art. 168, CC determina que a simulação é hipótese de
nulidade do ato (e não mais como anulação como no Código anterior). No entanto
parte da doutrina ainda a classifica como vício social.

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No concurso como eu faço? Se esta questão cair em um concurso,


observem a forma como foi redigido o cabeçalho da questão. Se ele afirma “... de
acordo com o disposto no atual Código Civil...” podemos concluir que não se trata
de um vício social (e, consequentemente, defeito do negócio jurídico).
Continuando... Na simulação há um desacordo entre a vontade declarada
e a vontade interna e não manifestada. As duas partes contratantes estão
combinadas (observem o exemplo clássico que demos a respeito ‘do marido e da
amante’) desejando iludir terceiros (a esposa ou os filhos). Desta forma o ato
somente estará viciado (causando a nulidade) quando houver intenção de
prejudicar terceiros ou violar disposição de lei.
Requisitos para a simulação
• Acordo entre as partes contratantes ou com a pessoa a quem ela se destina.
A regra: a simulação é ato jurídico bilateral.
• Declaração externada deliberadamente dissonante com a intenção (daí não
ser vício de consentimento, pois não houve vício na vontade do declarante;
ele assim procedeu conscientemente).
• Intenção de enganar terceiros ou violar a lei.
A doutrina classifica a simulação da seguinte forma:
1. Absoluta: ocorre quando a declaração enganosa de vontade exprime um
negócio jurídico, mas não há intenção de realizar negócio jurídico algum. Exemplo:
proprietário de uma casa alugada finge vendê-la a terceiro; sua real intenção com
isso é o de facilitar o despejo contra seu inquilino. Outro: marido, ante iminente
divórcio, simula negócio com um amigo, contraindo falsamente uma dívida e
transferindo-lhe bens em pagamento visando prejudicar a esposa na partilha.
Observem que em ambos os exemplos não houve negócio algum; tudo foi
fingido. Nestes casos o negócio é nulo e insuscetível de convalidação.
2. Relativa: as partes pretendem realizar um negócio; mas este é proibido
pela lei ou prejudica interesses de terceiros. Assim, para encobri-lo, praticam outro
negócio. Portanto, neste caso há dois negócios: a) o simulado ou fictício: é o
negócio aparente, aquele que se declarou, mas não se quer de verdade; e b) o
dissimulado ou real: é o oculto, aquele verdadeiramente desejado pelas das
partes. O negócio aparente serve apenas para ocultar a real intenção dos
contratantes. Ex.: marido que finge vender um imóvel a uma pessoa, mas na
verdade está doando o bem a sua amante; a simulação é relativa, pois há um ato
simulado, aparente (compra e venda) e outro dissimulado, real (doação). Outro
exemplo: pessoa realiza a venda de um imóvel com preço na escritura inferior ao
real para pagar menos imposto e burlar o Fisco.
A simulação (seja absoluta ou relativa) acarreta a nulidade do
negócio simulado (ou seja, do negócio aparente). No entanto, no caso da

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simulação relativa subsistirão os efeitos do negócio dissimulado (vontade real
do contratante), se ele for válido na substância e na forma. Enunciado 153 da III
Jornada de Direito Civil do CJF: “Na simulação relativa, o negócio simulado
(aparente) é nulo, mas o dissimulado será válido se não ofender a lei nem causar
prejuízo a terceiros”.
Resumindo
• Simulação absoluta → negócio jurídico nulo (nulidade absoluta).
• Simulação relativa → negócio simulado nulo; negócio dissimulado válido,
se respeitar a forma e a substância.

Exemplo clássico Pai deseja doar um imóvel a um de seus filhos (este é


o negócio real, dissimulado), mas não quer que este bem seja trazido à colação
quando de sua morte. Finge, então, uma compra e venda (este é o negócio
aparente, simulado). Neste caso, se não causar prejuízo a terceiros e se forem
obedecidos os requisitos legais da doação (que é o negócio real ou dissimulado,
pois esta era a intenção do pai desde o início), ela será mantida. Notem que neste
caso o bem doado deve sair da parte disponível do patrimônio do pai, não
prejudicando a herança dos demais filhos. Ou seja, ao contrário do que geralmente
se pensa, um pai pode favorecer um filho em detrimento de outro. Mas isso deve
ser feito de forma legal, dentro da chamada “parte disponível” do ascendente.

Concluindo: mesmo havendo simulação, o negócio real (dissimulado) pode


subsistir (não será considerado nulo) se for válido na forma e na substância (não
ofendeu a lei e nem prejudicou interesses de terceiros).
A simulação ainda pode ser classificada em:
a) Subjetiva (por interposta pessoa ou ad personam): ocorre quando a parte
contratante não é o indivíduo que tira proveito do negócio, pois é apenas um
sujeito aparente. É o “testa de ferro” (também chamado de “homem de palha”).
Ex.: “A” vende um imóvel a “B”, para que este transmita o bem posteriormente a
“C”, sendo que a intenção, desde o início, era transferir o bem para “C”, mas isto,
por algum motivo não era permitido. Tal simulação somente se efetivará quando
se completar a transmissão do bem ao real adquirente.
b) Objetiva (ou simulação de conteúdo): relativa à natureza do negócio
pretendido, ao objeto ou a um dos elementos contratuais. O ato contém uma
declaração, confissão ou cláusula não verdadeira. Ex.: as partes, em uma escritura
de compra e venda de um bem imóvel, declaram preço inferior ao do negócio real
com a intenção de pagar menos imposto sobre a transmissão do bem. Outros
exemplos: colocar data diversa em um documento (ex.: pré ou pós-datar
contratos); doação de bem imóvel pertencente a um homem casado à sua amante,
dando-se a aparência de uma compra e venda, etc.

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c) Inocente: quando não há a intenção de violar a lei ou de lesar outrem.
Exemplo clássico: uma senhora, sem herdeiros necessários, possui três sobrinhos
e deseja doar um imóvel para um deles. No entanto ela não quer ‘melindrar’ os
demais sobrinhos. Assim, finge fazer uma compra e venda em relação a este
sobrinho, mas na verdade o que ela fez foi doar o imóvel ao sobrinho preferido.
Observem que a senhora não lesou ninguém. Os sobrinhos não são seus herdeiros
necessários. Se ela quisesse doar diretamente o bem a um deles, poderia fazê-lo
sem problema algum. Outro exemplo: homem solteiro e sem herdeiros
necessários simula uma venda de bem imóvel à sua namorada; ora, como não há
impedimentos, se ele quisesse simplesmente doar o imóvel, poderia tê-lo feito.
d) Maliciosa: envolve o propósito deliberado de prejudicar terceiros ou de
burlar o comando legal, viciando o ato que perderá a validade, sendo considerado
nulo de pleno direito.
Hipótese legais de simulação: estabelece o art. 167, §1°, CC que haverá
simulação nos negócios jurídicos quando:
Aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às
quais realmente se conferem, ou transmitem. Trata-se da simulação por
intermediação de pessoa. A declaração de vontade é emitida aparentando
conferir direitos a uma pessoa, mas esta os transfere para terceiro não
integrante da relação jurídica (simulação relativa subjetiva).
Contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira
(simulação por ocultação da verdade).
Os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados (simulação
por ocultação da verdade).

ATENÇÃO Há quem entenda que como na simulação inocente não houve


prejuízo a quem quer que seja, a conduta deveria ser tolerada, não se anulando
o negócio. No entanto, estabelece o Enunciado 152 da III Jornada de Direito Civil
do CJF: “Toda simulação, inclusive a inocente, é invalidante”. Conclusão: como
o Código Civil não faz mais distinção entre a simulação inocente e a maliciosa, a
saída é aplicar a regra: “nulidade do negócio simulado e manutenção do negócio
dissimulado, se for válido na forma e na substância”.

Observações Importantes
01. Estabelece o art. 168 e parágrafo único, CC que as nulidades do art. 167,
CC (simulação) podem ser alegadas por qualquer interessado ou pelo Ministério
Público quando lhe caiba intervir. Se o Juiz conhecer do ato ou de seus efeitos e a
encontrar provada, deve pronunciar a nulidade, não lhe sendo permitido supri-las,
mesmo que haja requerimento das partes.

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02. A nulidade do ato simulado não pode prejudicar terceiros de boa-fé que
tenham negociado com um dos contratantes simuladores (art. 167, §2°, CC).

Curiosidade. O que é contrato de vaca-papel? Trata-se de um contrato


agrário (parceria rural), que, na realidade dissimula um empréstimo a juros
extorsivos. Há a simulação de empréstimo de vaca (que na realidade é somente
dinheiro e não a vaca), que possibilita, quando do pagamento, a cobrança de um
valor superior aos juros autorizados pela lei, sob o argumento de que se trata do
“resultado do investimento agropecuário”. A jurisprudência tem-se posicionado
no sentido não da nulidade absoluta do contrato, mas a submissão dos mesmos
às normas pertinentes ao verdadeiro contrato (mútuo de dinheiro), em
especial às cláusulas que limitam ou fixam as taxas de juros e multa contratual.

Simulação X Reserva Mental


Na simulação há um consenso entre os simuladores para enganar terceiros.
Já na reserva mental não há acordo entre as partes para enganar terceiros.
Vamos falar um pouco mais sobre a reserva mental (alguns autores a
chamam de reticência), pois se trata de um tema tormentoso. Na realidade uma
das partes, unilateralmente, manifesta uma vontade quando da celebração do
negócio, mas em seu íntimo a sua intenção é outra, diferente da declarada; em
seu íntimo ele não tem o propósito de cumprir o efeito jurídico pretendido com o
contrato. Representa uma emissão de declaração de vontade não desejada
em seu conteúdo e nem em seu resultado. O agente quer uma coisa e declara,
conscientemente, outra coisa. Portanto, há uma não-coincidência entre a vontade
real e a declarada. Ex.: uma pessoa empresta dinheiro a outra, sendo que esta
está desesperada, a ponto de cometer um suicídio. Na verdade, a primeira pessoa
não deseja realizar um contrato de mútuo (ou empréstimo), mas sim de ajudar a
segunda pessoa, doando-lhe o dinheiro. No entanto não quer que a outra saiba
que o empréstimo, na verdade, é uma doação. Assim, ela finge que está
emprestando, mas ela mesma já sabe que o devedor não terá condições de lhe
pagar o empréstimo. Portanto o empréstimo, na verdade foi a fundo perdido, ou
seja, uma doação. Outro exemplo: pessoa se casa, não com o intuito de contrair
matrimônio, mas sim para não ser expulsa do País. Para o Código, se a outra parte
desconhecia a real intenção da parte que manifestou a vontade fazendo reserva
mental, a vontade manifestada deve prevalecer e o negócio jurídico será
considerado válido (protege-se, assim, o contraente de boa-fé, dando-lhe
segurança e confiabilidade no negócio realizado). O art. 110, CC prescreve: a
manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito reserva
mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha
conhecimento. É importante deixar claro que a reserva mental pode ser
fraudulenta ou inocente, se houver ou não conhecimento prévio e intenção de
prejudicar. Podemos resumir o assunto da seguinte forma:

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A) Reserva mental lícita (desconhecida pelo destinatário) → o negócio
subsistirá (não se anula); o contratante deve cumprir a obrigação assumida.
B) Reserva mental ilícita (conhecida pelo destinatário) → ocorre a
invalidade de negócio jurídico, pois o destinatário tem ciência do que foi
premeditado pela outra parte (equipara-se à simulação, sendo causa de nulidade).

II. ELEMENTOS ESSENCIAIS ESPECIAIS

Já vimos todos os elementos essenciais gerais. Recordando: capacidade


das partes, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e consentimento.
Vimos também os possíveis defeitos em cada um desses elementos e os seus
efeitos. Vejamos agora o elemento essencial especial, que é a forma
prescrita ou não defesa em lei. Cuidado com esta expressão! Forma prescrita
é a determinada pela lei; forma não defesa em lei é a forma NÃO PROIBIDA pela
lei. Aqui, a expressão “defesa” tem o sentido de proibição.
Forma é o meio pelo qual se externa a manifestação de vontade nos
negócios jurídicos; é o conjunto de formalidades, solenidades, para que o ato
tenha eficácia jurídica. A forma pode ser: a) pública: o ato é celebrado por uma
terceira pessoa, estranha ao negócio para que se observe uma formalidade do
negócio (escritura lavrada pelo tabelião); b) privada: o ato é celebrado somente
pelos interessados, sem maiores formalidades.

FORMA PRESCRITA OU NÃO DEFESA EM LEI


Em regra, a vontade pode se manifestar livremente, não havendo uma
forma especial. Vigora o Princípio da Liberalidade das Formas. Pode-se
recorrer à palavra falada, escrita, ao gesto e até mesmo ao simples silêncio
(hipóteses excepcionais). O art. 107, CC determina que: “A validade da
declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a
lei expressamente a exigir”.
Todavia, em casos determinados, para dar maior segurança nas relações
jurídicas, a lei prescreve a observância de uma forma especial, como requisito
de validade do ato. Ex.: o art. 108, CC determina que qualquer negócio jurídico
que tenha por objetivo constituir, transferir, modificar ou renunciar direitos sobre
imóveis de valor superior a 30 vezes o maior salário mínimo vigente no País,
somente pode ser efetivado mediante escritura pública.

Reforçando. Consensualismo é a regra. Formalismo é a exceção.

Assim, forma especial (ou solene) é o conjunto de solenidades que a lei


estabelece como requisito para a validade de determinados atos jurídicos. Tem

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por finalidade garantir a autenticidade do ato, facilitando sua prova e assegurando
a livre manifestação de vontade das partes. As partes também podem
convencionar que um negócio seja realizado de uma determinada forma.

Importante Não confundir forma com prova. Enquanto a forma serve


para indicar a vontade interna do agente, a prova serve para demonstrar a
existência do ato.
Nulo é o negócio jurídico quando não se revestir da forma prescrita em lei
ou quando preterir alguma solenidade que a lei considere essencial para sua
validade (confiram o art. 166, inciso V, CC).

Concluindo. Se houver desobediência quanto à forma (prescrita ou


não defesa em lei) = Nulidade Absoluta do Negócio Jurídico.

Espécies de forma do negócio jurídico


1. Forma Livre (ou geral): para os contratos consensuais (também
chamados de não-formais) → pode ser usado qualquer meio de exteriorização da
vontade (desde que não prevista uma forma especial): como vimos, palavra
escrita ou falada, gestos e até mesmo o silêncio. Ex.: admite-se a forma verbal
para a doação de bens móveis de pequeno valor (art. 541, CC); mandato verbal
(art. 656, CC); mútuo, etc.
2. Forma Especial (ou solene): para os contratos formais ou solenes →
conjunto de formalidades que a lei estabelece como requisito para a validade de
certos atos. Não pode ser preterida por outra. Citamos alguns exemplos (entre
outros) de negócios jurídicos que exigem uma formalidade especial:
• Casamento: para se casar é imprescindível todo um conjunto de
formalidades, um rito totalmente formal e adequado, inclusive quanto ao
regime de bens escolhido.
• Pacto antenupcial: deve ser realizado por escritura pública.
• Adoção: é imprescindível o registro de pessoas naturais.
• Bem de família (hipótese prevista pelo Código Civil – arts. 1.711/1.722):
formalizado por meio de uma escritura pública e posterior registro.
Lembrando que se for o chamado bem de família instituído pela lei
8.009/90 dispensam-se as formalidades.
• Testamento: deve ser feito por escrito, com rito adequado e número de
testemunhas determinado.
• Hipoteca: formalizada no registro de imóveis.

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É interessante acrescentar que para alguns atos jurídicos a lei impõe apenas
uma forma para ser realizado. Já outros podem ser praticados por mais de uma
maneira (multiplicidade de forma). Vejamos:
2.1. Forma Especial (ou solene) Única: a lei prevê uma formalidade
essencial e não admite qualquer outra configuração. O exemplo clássico é o já
mencionado art. 108, CC (escritura pública em relação a negócios jurídicos que
envolvem imóveis de valor superior a 30 salários mínimos). Outros exemplos:
registro da propriedade imobiliária no Registro de Imóveis (arts. 1.227 e 1.245,
CC), pacto antenupcial por escritura pública (art. 1.653, CC), etc.
2.2. Forma Especial (ou solene) Plural: a lei exige a forma especial, mas
faculta a prática por meio de duas ou mais maneiras, sendo todas elas previstas
em lei. O exemplo clássico é o reconhecimento voluntário de filho havido fora
do matrimônio. Ele pode ser feito: a) no próprio termo do nascimento; b) por
escritura pública ou instrumento particular; c) por testamento ou d) por
manifestação expressa e direta perante o Juiz. Outro exemplo: criação de uma
fundação (art. 62, CC: escritura pública ou testamento).
3. Forma Contratual: é a pactuada pelas partes; às vezes um contrato
pode ser realizado por meio de instrumento particular, mas as partes
convencionam que ele será realizado por instrumento público. Ex.: posso realizar
um contrato de locação por instrumento particular. No entanto, para dar maior
segurança ao ato, podemos pactuar que o mesmo será feito em cartório, por
instrumento público.

Bem... com isso terminamos a análise dos elementos essenciais (gerais e


especiais), que dizem respeito à validade do negócio jurídico. Veremos agora os
elementos naturais, que são bem simples e dizem respeito apenas aos efeitos do
negócio. Logo a seguir veremos os elementos acidentais, que dizem respeito à
eficácia do negócio jurídico.
Vamos a eles.

III. ELEMENTOS NATURAIS

Os elementos naturais não são propriamente elementos, mas os efeitos


decorrentes da própria natureza do negócio jurídico, sem que seja
necessária a menção expressa a estes efeitos no contrato, pois a norma jurídica
já determina essas consequências. Assim, embora não façam parte da essência
do ato, decorrem naturalmente dele. Exemplo. Em uma compra e venda os
elementos naturais são: obrigação do comprador de pagar o preço e a obrigação
do vendedor de entregar a coisa. Percebam que ainda que não haja a entrega da

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coisa, o negócio existirá; mas celebrado o negócio a decorrência natural é o
pagamento do preço e a entrega da coisa. Além disso, o vendedor também tem
responsabilidade pela evicção da coisa (evicção é a perda da coisa em virtude
de sentença judicial), pelo vício redibitório (que é o defeito oculto na coisa), etc.
Outro exemplo. Em um contrato de locação há a obrigação do locador de entregar
o bem locado. Por outro lado, o locatário deverá pagar pontualmente os aluguéis.
Enfim, cada parte deverá cumprir o disposto nas cláusulas do contrato, ou seja,
as obrigações que assumiu.

IV. ELEMENTOS ACIDENTAIS


(arts. 121/137, CC)

O negócio jurídico é chamado de puro e simples quando seus efeitos se


produzem sem dependência de qualquer outra circunstância. No entanto o negócio
pode conter disposições que influem sobre seus efeitos. São os elementos
acidentais do negócio jurídico, que são as cláusulas que se lhe acrescentam
com o objetivo de modificar uma ou algumas de suas consequências naturais, ou
seja, na geração dos efeitos jurídicos que lhe sejam próprios. Não são exigidos
pela lei, mas podem ser convencionados de forma facultativa e acessória, pela
vontade espontânea das partes.
São elementos ditos acidentais porque o ato negocial pode estar perfeito
sem eles; sua presença é dispensável para a existência do negócio. Dizem
respeito à eficácia do negócio jurídico. No entanto, uma vez convencionados
possuem o mesmo valor dos elementos estruturais e essenciais, pois passam a
integrá-lo de forma indissociável. São autolimitações da vontade, admitidas nos
negócios de natureza patrimonial, não podendo integrar os de caráter pessoal,
como os direitos de família puros e os direitos personalíssimos (adoção,
reconhecimento de filho, etc.). São eles:
• Condição
• Termo
• Modo ou Encargo

A) CONDIÇÃO (arts. 121/130, CC)


Condição, nos termos do art. 121, CC, é a cláusula acessória que,
derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina a eficácia do ato
jurídico a evento FUTURO E INCERTO (ex.: eu lhe darei meu carro, se eu
ganhar na loteria). A condição é elemento acidental, pois ela pode não ocorrer.
Quando ocorrer fala-se em “negócio condicional”. Condição é sempre futura. A
condição afeta a eficácia (produção de efeitos) do negócio e não a sua
existência (uma vez que a vontade foi legítima).

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Requisitos para a configuração da condição:
Aceitação voluntária das partes (voluntariedade). Ou seja, só são
consideradas condições as que foram convencionadas pelas partes e não as
impostas pela lei.
Evento futuro do qual o negócio jurídico dependerá (futuridade). Fato
passado não caracteriza condição.
Incerteza do acontecimento (poderá ou não ocorrer). A incerteza abrange
o evento (se ele vai ou não ocorrer) e não o período em que ele vai se realizar.
Por isso, a morte (em regra) não é considerada condição. Não posso dizer “eu
lhe darei um carro se fulano morrer”. Não se trata de “se”, mas de “quando”
fulano morrer. No entanto podemos transformar em condição quando sua
ocorrência é limitada no tempo (ex.: eu lhe darei um carro se fulano morrer
este ano ou se fulano morrer antes de sicrano).
O titular de direito eventual, embora ainda não tenha direito adquirido, já
pode praticar alguns atos destinados à conservação, com o intuito de resguardar
seu futuro direito, evitando que eventualmente sofra prejuízos (ex.: requerer
inventário, pedir uma garantia, etc.). Antes de se realizar a condição, o ato é
ineficaz.

CLASSIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES

1. QUANTO AO MODO DE ATUAÇÃO (é a que tem maior incidência nos


concursos)
a) SUSPENSIVA (art. 125, CC): é aquela que suspende (protela, adia) os
efeitos do negócio jurídico (eficácia) até a realização do evento futuro e incerto.
Adia-se, temporariamente, a eficácia do negócio. Ex.: eu lhe darei uma joia se
você ganhar a corrida; enquanto você não ganhar, eu não preciso entregar o bem,
pois a condição suspende a doação. Outros exemplos: eu lhe darei uma casa logo
após o seu casamento; eu lhe darei um carro, se você passar no concurso...
Enquanto a condição não for verificada (realizada, concretizada) é chamada
de pendente. Lembrando que enquanto pender a condição suspensiva não
corre o prazo de prescrição (art. 199, I, CC). Ou seja, enquanto a condição
suspensiva não for realizada não se adquire o direito; se não houve a
aquisição do direito, ainda não há uma ação para proteger o direito; não
havendo ação que se possa exercitar o prazo prescricional não tem início.
O cumprimento (ou a ocorrência) da condição é chamado de implemento.
Quando a condição não é realizada chamamos de frustração

Pendente a condição, não há direito adquirido, mas uma simples


expectativa de direito ou um direito eventual. Ex.: “A” doa a “B” um objeto
sob uma condição suspensiva. Antes do implemento da condição, “B” vende o bem

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a “C”. Esta venda é considerada nula. “B” não poderia vender este bem antes da
ocorrência da condição. Somente com o implemento da condição aperfeiçoa-se o
ato negocial de forma retroativa, desde a celebração (efeito ex tunc – falarei
mais sobre esta expressão adiante), exceto nos contratos reais (que necessitam
da entrega da coisa ou do registro do contrato). Reforço: enquanto não
implementada a condição suspensiva o negócio ainda não produz direitos e
obrigações recíprocos. Por isso, se houve algum pagamento em dinheiro e a
condição não foi implementada, é possível a devolução deste dinheiro.
Pelo art. 126, CC é possível que, na pendência de uma condição suspensiva,
sejam feitas novas disposições. Mas estas somente terão validade se não forem
incompatíveis com a condição original.
b) RESOLUTIVA(art. 127, CC): é a condição que subordina a ineficácia do
negócio jurídico a um evento futuro e incerto. Ou seja, a ocorrência do evento
futuro e incerto resolve o direito transferido pelo negócio jurídico. A eficácia do
ato se opera desde logo (chamamos isso de entabulamento), mas se resolve com
a ocorrência da condição. Lembrando: resolver significa extinguir. Portanto o a
realização da condição extingue os efeitos do ato. Ex.: deixo-lhe uma renda
enquanto você estudar (se você parar de estudar, você perde esta renda; o direito
se resolve, extingue). Enquanto a condição não se realizar, vigorará o negócio
jurídico. Verificada a condição, extingue-se o direito para todos os efeitos. Outro
exemplo: empresto-lhe uma casa para você nela residir enquanto for solteiro. Isto
quer dizer que no dia em que você se casar perderá o direito de usar a casa. É
interessante esclarecer que pelo art. 128, CC esta extinção do direito, como regra,
não atinge os atos já praticados.

Diferença básica. Condição Suspensiva X Condição Resolutiva


• Condição suspensiva: subordina a aquisição do direito ao implemento
(ocorrência) de um evento futuro e incerto, ou seja, a condição deve ser
implementada para que o negócio jurídico tenha eficácia. Enquanto a
condição não se verificar, não se terá adquirido o direito a que o negócio
visa (art. 125, CC), há apenas uma expectativa de direito.
• Condição resolutiva: propicia a aquisição e o exercício de um direito desde
a celebração do negócio até que ocorra o implemento do evento futuro e
incerto; realizada a condição cessam os efeitos do negócio. Enquanto a
condição não se realizar, o negócio vigora normalmente, produzindo seus
efeitos e exercendo-se os direitos estabelecidos por ele (art. 127, CC).

2. QUANTO À PARTICIPAÇÃO DOS SUJEITOS


a) Casual: se depender do acaso, de fato alheio à vontade das partes, ou
seja, de um acontecimento fortuito. Ex.: eu lhe darei um anel de brilhantes se
chover amanhã.

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b) Potestativa: se decorrer da vontade (ou do poder) de uma das partes.
Subdivide-se em:
• Puramente potestativa: é aquela que sujeita todo o efeito do negócio
ao capricho ou puro arbítrio do proponente; decorre da vontade absoluta
de uma das partes, segundo um critério exclusivo de sua conveniência,
independentemente de qualquer fator externo. Ex.: eu lhe darei um carro
se eu levantar o braço, ou se eu quiser, ou se eu vestir determinada roupa.
A doutrina costuma chamar esta cláusula de “si voluero” (se me
aprouver). É ilícita e proibida pelo nosso Direito (ex.: art. 122, CC).
• Meramente (ou simplesmente) potestativa: é aquela que depende da
manifestação de vontade de uma das partes e de um fator externo. Assim,
além da vontade, exige-se uma atuação especial do sujeito. Ex.: eu lhe
darei uma joia se você cantar bem (não basta cantar... deve cantar
bem...); ou se você passar num concurso (não basta se inscrever... deve
passar...); ou se você for à Paris (não basta só a vontade, exige-se a
obtenção de tempo e de dinheiro para isso), etc. Um dos contratantes tem
poder sobre a ocorrência do evento, mas não um poder absoluto, pois
depende outros fatores externos. Por este motivo a cláusula é válida (ao
contrário da puramente potestativa em que decorre da vontade exclusiva,
do puro arbítrio de uma das partes). A condição meramente potestativa
pode-se tornar promíscua, quando inesperadamente ocorrer algum
problema (anteriormente inexistente) que a torne inexequível. Ex.: dou-
lhe uma importância em dinheiro se você escalar determinada montanha;
antes de realizar a condição a pessoa quebra a perna, impossibilitando a
escalada (que anteriormente seria possível).
c) Mista: deriva da vontade da parte e de uma terceira pessoa. Dou-lhe o
dinheiro que você necessita sob a condição de formar sociedade com meu irmão
(depende da vontade da pessoa e do meu irmão).

Observações
01) Existem situações em nosso Direito que aparentemente é condição puramente
potestativa, mas o próprio sistema jurídico a admite. O exemplo clássico é o art.
49 do Código de Defesa do Consumidor, que estabelece o chamado “prazo para
reflexão”: prazo de sete dias para ver se o consumidor gosta ou não do produto.
02) Pode haver uma combinação entre as espécies de condição. Ex.: a condição
pode ser suspensiva e casual ao mesmo tempo, ou suspensiva e potestativa.
Também resolutiva e casual ou resolutiva e potestativa.

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3. QUANTO À POSSIBILIDADE
a) Física e juridicamente possível: é a que pode ser realizada conforme as
leis físico-naturais e as normas jurídicas (não contrariam as leis da natureza e nem
a norma jurídica, a ordem pública e os bons costumes).
b) Física e juridicamente impossível: é a que não se pode efetivar por ser
contrária à natureza (ex.: eu lhe darei um carro se você filtrar toda a água do
mar; ou capturar vivo um dragão, etc.) ou à ordem legal (ex.: eu lhe darei um
carro se você renunciar à pensão alimentícia; faço um contrato de herança de
pessoa viva).

Importante
Invalidam os negócios jurídicos as condições físicas e juridicamente
impossíveis, quando suspensivas (art. 123, I, CC). Isto porque não haveria
seriedade na proposta. Além disso, nosso direito considera inexistentes as
condições impossíveis quando forem resolutivas (art. 124, CC) e também as
de não fazer coisa impossível (ex.: dou-lhe uma importância em dinheiro se você
não usar qualquer aparelho auxiliar para ir às profundezas do oceano). Assim:
• Condição suspensiva impossível (ex.: eu lhe darei um carro se você filtrar
toda a água do mar) → invalida (nulidade absoluta) o negócio jurídico, pois
como o evento nunca vai ocorrer (é impossível filtrar toda a água do mar), o
negócio não produzirá efeitos.

• Condição resolutiva impossível (ex.: dou-lhe um cavalo; mas se ele correr


a uma velocidade acima dos 200 km/h a venda estará desfeita) → considera-
se inexistente a condição (e não o negócio); como a condição nunca irá se
realizar (não há cavalo que galope a mais de 200 km/h), o negócio (doação)
continuará produzindo efeitos.

4. QUANTO À LICITUDE
a) Lícita: quando não for contrária à lei, à moral e aos bons costumes; ou
seja, a condição é permitida ou tolerada em nosso direito. É o que dispõe o art.
122, primeira parte, CC.
b) Ilícita: quando for condenada pela norma jurídica, pela ordem pública, pela
moral e pelos bons costumes. Ex.: eu lhe darei uma joia se você me deixar viver
em adultério; ou se você furtar alguns documentos, ou se você mudar de religião;
ou se você não se casar, etc. A condição que viola meu direito de ir e vir também
é considerada ilícita.
Nosso direito considera ilícita a condição perplexa, ou seja, a que é
contraditória em seus próprios termos, deixando o intérprete confuso, perplexo e
privando o ato de todo efeito (ex.: eu lhe vendo um apartamento, mas você não

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poderá alugá-lo, nem nele morar), bem como a puramente potestativa (já vista
acima).

Cuidado!! Invalidam o negócio jurídico as condições ilícitas ou de


fazer coisa ilícita (conforme o art. 123, II, CC).

É importante salientar que há condições que não são aceitas pelo nosso
Direito. Alguns atos que não admitem condição, pois são ligados a uma norma
de direito público, cogente. Estes atos geralmente estão presentes no Direito de
Família e Sucessões e são chamados de atos puros. Exemplos:
• Condição de não se casar: não é admissível uma condição proibindo o
casamento. Porém ela até pode ser aceita se for elaborada da seguinte maneira:
eu lhe darei um apartamento se você não se casar com Paulo. Ou eu lhe darei
uma casa se você casar com Leandro. Quanto à condição da obrigatoriedade de
permanecer em estado de viuvez, ainda causa muita polêmica, não sendo aceita
por todos.
• Exílio: não se pode proibir que uma pessoa more em uma cidade ou que ela
tenha morada perpétua em outro lugar. Porém nada impede de se pactuar a
condição de que a pessoa vá residir em outro lugar, fora de uma capital (ex.:
eu lhe darei uma casa se você se mudar da capital do Estado).
• Religião: a condição para mudança de religião atenta contra a liberdade de
consciência assegurada pela nossa Constituição, sendo, por tal motivo, proibida.
• Profissão: não pode haver condição para que não se exerça determinada
profissão. Porém pode haver para que se siga uma certa profissão (ex.: se você
se formar em Direito, eu lhe darei meu anel de grau).
• Aceitação ou renúncia de herança: este ato deve ser puro e simples, sem
nenhuma condição.
• Reconhecimento de filho ou emancipação: também não pode haver
qualquer condição para se reconhecer um filho (ex.: eu o reconheço como meu
filho, desde que você aceite não receber pensão alimentícia ou renuncie o direito
de eventual herança); ou emancipação (eu emancipo você, desde que você não
se case).

Observação. É preciso que não haja interferência maliciosa de qualquer dos


interessados no desfecho da situação prevista. Se um dos contratantes interferir
(dolosamente, intencionalmente) na ocorrência do evento, para que ele se realize
ou não se realize, a penalidade é a de que se considere realizado o fato no sentido
oposto daquele pretendido pelo agente malicioso (art. 129, CC). Ex.: eu lhe darei
determinada importância em dinheiro se o motorista chegar ao local combinado
até o meio dia; se a outra parte aprisiona o motorista para que ele não chegue no

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horário previsto, reputa-se verificada a condição, pois a mesma foi maliciosamente
obstada pela parte contrária.

B) TERMO (arts. 131/135, CC)


Termo é a cláusula contratual acessória que subordina os efeitos do
negócio jurídico a um acontecimento futuro e certo. Trata-se do dia em que
começa e/ou extingue a eficácia do negócio jurídico, subordinando-se a um
evento futuro e certo (embora a data deste evento possa ser determinada ou
indeterminada). Assim como na condição, alguns negócios não admitem o termo
(ex.: aceitação ou renúncia de herança, emancipação, reconhecimento de filhos,
etc.).
Requisitos para a configuração do termo:
Certeza quanto à ocorrência do fato: por este motivo não suspende a
aquisição do direito, sendo que o titular do direito pode praticar atos
conservatórios.
Futuridade: fato presente ou passado não caracteriza o termo, ainda que
ignorado pelas partes.
Espécies de Termo
Há várias espécies de termo: convencional (é o estabelecido pelas
partes), de direito (é o que decorre da lei), de graça (é a dilação de prazo
concedida ao devedor), etc. No entanto a classificação mais importante para
efeito de concursos é a divisão em:
a) Termo Inicial ou Suspensivo (dies a quo): quando fixa o momento
em que a eficácia do negócio deve ter início, retardando o exercício do direito
(ex.: a locação terá início dentro de dois meses; eu lhe darei um carro no Natal
deste ano, etc.). No termo inicial já há o direito adquirido (diferentemente da
condição suspensiva onde há uma mera expectativa de direito, impedindo-se a
sua aquisição). O termo inicial não suspende a aquisição do direito, que surge
imediatamente, mas só se torna exercitável com a superveniência do termo. Em
outras palavras: O termo suspende o exercício, mas não a aquisição do
direito (art. 131, CC). Assim, celebrado o negócio as partes têm, desde já, direitos
e obrigações recíprocos, mas que ainda não são exigíveis. O exercício do direito
fica suspenso até o instante em que o acontecimento futuro e certo previsto
ocorrer.

Observação: se o termo inicial for impossível, demonstra que não há uma


vontade real de criar a obrigação, gerando, portanto, a sua nulidade. Ex.: eu lhe
darei um carro no dia 31 de fevereiro; ou no dia de “São Nunca”.
b) Termo Final ou Resolutivo (dies ad quem ou ad diem): é aquele que
determina a data da cessação dos efeitos do negócio jurídico, extinguindo as

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obrigações dele oriundas (ex.: uma cláusula que diga que a locação se findará no
prazo de 30 meses). Antes de chegar o dia estipulado para seu vencimento, o
negócio, subordinado a um termo final, vigorará plenamente e seu titular poderá
exercer todos os direitos dele provenientes. Com a chegada do termo final não se
destrói o negócio; apenas lhe retira a eficácia.
A doutrina ainda menciona o termo de graça, que seria o termo judicial,
aquele que é fixado pelo Juiz em sua sentença.

Não confundir termo com condição suspensiva.

A condição suspensiva trata de evento futuro e incerto. Além de suspender


o exercício do direito, ela suspende também sua aquisição. Já o termo se vincula
a um evento futuro e certo. Não suspende a aquisição do direito, apenas adia o
seu exercício.
O termo ainda pode ser classificado em:
c) Data determinada (termo certo): quando estabelece uma data
determinada do calendário. O evento é certo e eu sei o dia em que ele vai ocorrer.
Ex.: a locação terá início no dia 1° de janeiro do próximo ano; alugo uma roupa
para ser usada no dia do seu casamento, eu lhe darei um carro no dia em que
completar 18 anos, etc.
d) Data indeterminada (termo incerto): se se referir a um
acontecimento futuro, mas com uma data incerta. Eu que o evento vai ocorrer,
mas não sei exatamente quando. Ex.: eu lhe darei um imóvel quando fulano
falecer; o evento é futuro e certo (pois a morte é sempre certa), porém a data é
incerta. Arrendo suas terras após a primeira chuva do ano (o evento é certo, pois
vai chover, no entanto o prazo é indeterminado, pois não sei quando virá essa
primeira chuva), etc.

Não confundir Termo com Prazo.

Prazo é o lapso de tempo compreendido entre a declaração de vontade e


a superveniência do termo em que começa o exercício do direito ou extingue o
direito até então vigente. Ou seja, prazo é o intervalo entre o termo inicial e
o termo final. É contado por unidade de tempo (hora, dia, mês e ano), excluindo-
se o dia do começo (dies a quo) e incluindo-se o dia do vencimento (dies ad quem),
salvo disposição legal ou convencional em contrário (art. 132, CC). Para resolver
algumas questões relativas ao prazo, o Código Civil apresenta as seguintes
regras (arts. 132, 133 e 134, CC):
• Se o vencimento se der em feriado ou domingo, prorroga-se até o primeiro
dia útil subsequente.

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• Se o termo vencer em “meados” de um mês, isto deve ser entendido como
sendo o seu 15° dia, qualquer que seja o mês, pouco importando que ele
tenha 29 ou 31 dias.
• Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou
no imediato, se faltar exata correspondência. Ex.: prazo de mês estabelecido
no dia 10 de abril se expira no dia 10 de maio. No entanto há a ressalva:
quando não há a exata correspondência no ano ou mês posterior. Ex.: fiz um
contrato de ano no dia 29 de fevereiro (ano bissexto). No ano seguinte não
haverá o dia 29 de fevereiro. Logo o vencimento recairá no dia 1° de março.
Outro exemplo: fiz um contrato de mês no dia 31 de maio. Não existe o dia
31 de junho. Portanto o prazo recairá no dia 1° de julho.
• Prazo fixado em hora é contado de minuto a minuto.
• Nos testamentos presumem-se os prazos em favor do herdeiro.
• Nos contratos, presumem-se em favor do devedor (salvo se do teor do
instrumento ou das circunstâncias resultar que se estabeleceu em benefício
do credor, ou de ambos os contratantes). Sendo estabelecido em favor do
devedor, este poderá pagar o débito antes do vencimento, mesmo contra a
vontade do credor (ainda que este não possa exigir o pagamento antes do
vencimento).
• Nos negócios jurídicos entre vivos, onde não foi estabelecido um prazo, o
mesmo pode ser executado desde logo. A doutrina entende que a expressão
“desde logo” não deve ser entendida “ao pé da letra”, como sinônimo de
imediatamente, pois às vezes é necessário que haja um certo tempo (por
menor que seja) para que a prestação seja cumprida. E isso irá depender da
natureza do negócio, do lugar onde a obrigação será cumprida (pode ser em
lugar distante do local da celebração do negócio) ou mesmo de suas
circunstâncias.

Observação A exemplo da condição, também é possível haver uma


combinação entre todas as espécies de termo. Ex.: o termo pode ser inicial e certo
ao mesmo tempo; inicial e incerto; final e certo; final e incerto. Alguns atos
também não admitem termo, como aceitação ou renúncia de herança, adoção,
emancipação, reconhecimento de filho, etc.
Finalmente. Fala-se em termo essencial quando o efeito pretendido deva
ocorrer em um momento determinado, sob pena de, verificado depois, não ter
mais valor. Ex.: data para a entrega de um vestido para uma cerimônia
(casamento); se o vestido somente for entregue após a data da cerimônia é
evidente não há mais o interesse visado pelo credor.

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C) ENCARGO OU MODO (arts. 136 e 137, CC)
Encargo (também chamado de modo) é a cláusula acessória, que em
regra, aparece em atos de liberalidade inter vivos (ex.: doação) ou causa mortis
(ex.: herança, legado), impondo um ônus ou uma obrigação à pessoa (natural
ou jurídica) contemplada pelos referidos atos, mas sem caráter de contraprestação
exata. Resumindo: é um ônus que se atrela a uma liberalidade.
O encargo deve ser sempre menor que o benefício concedido. Na realidade
é uma limitação trazida a uma liberalidade. Trata-se, geralmente, de uma
obrigação de fazer. Ex.: dou um terreno à municipalidade para que nele seja
edificado um hospital; dou-lhe dois terrenos desde que em um deles seja
construída uma escola, etc. Também poderá ser instituído nas declarações
unilaterais de vontade, como por exemplo, na promessa de recompensa (“perdeu-
se cachorrinho... recompensa-se bem”). Observem que o benefício vem
acompanhado de um encargo. Um exemplo muito comum, inclusive em nossa vida
particular é o comodato. Este é um contrato de empréstimo de coisa infungível
(que não pode ser substituída por outra igual). É um contrato gratuito. Porém eu
posso colocar um encargo. Ex.: deixo você morar de graça em meu apartamento
(se eu cobrar por isso, deixa de ser um comodato e passa a ser locação). No
entanto eu posso colocar o seguinte encargo: desde que você pague o condomínio
e o IPTU. O pagamento destas despesas trata-se de um encargo, que não irá
retirar a natureza gratuita do comodato, pois não estará havendo uma
contraprestação.
Uma característica do encargo é a sua obrigatoriedade. Por isso, caso o
encargo não seja cumprido (inexecução), há mecanismos de coerção (ato de
induzir, pressionar ou compelir alguém a fazer algo), como a revogação da doação
(art. 555, CC), ou a ação de obrigação de fazer (art. 553 e parágrafo único, CC),
etc.
O art. 136, CC dispõe que o encargo não suspende a aquisição nem o
exercício do direito (salvo quando expressamente imposto no negócio). Ex.:
aberta a sucessão o domínio e a posse dos bens transmitem-se desde logo aos
herdeiros nomeados, com a obrigação de cumprir o encargo; se este não for
cumprido a liberalidade será revogada. Assim, se uma pessoa receber o terreno
para a construção de uma creche, a propriedade se transmite de imediato, pois a
construção da creche não suspende a aquisição do direito (a propriedade do
terreno).
Interessante a análise do art. 137, CC. Se o objeto do encargo for ilícito
ou impossível, é tido como não escrito, libertando o negócio jurídico de
qualquer restrição e ele vale normalmente (como se fosse uma doação pura e
simples). Exemplo: eu dou um terreno a Pedro desde que ele assuma a
paternidade de um filho que eu tive fora do casamento. Esta cláusula seria

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juridicamente impossível. No entanto não há uma ligação entre o encargo (assumir
a filiação) e a doação em si. Portanto se Pedro aceitar a doação e depois não
assumir a paternidade, o negócio valeu. A cláusula é tida como não escrita. Isto
porque não há uma ligação entre aceitar a doação e reconhecer o filho. Outro
exemplo: eu lhe dou uma casa com o encargo de se construir uma escada até o
céu. Ora, como isso é impossível, vale a doação pura e simples, como se não
houvesse o encargo. No entanto o dispositivo contém uma ressalva: salvo se
o encargo se constituir no motivo determinante da liberalidade. Ex.: eu lhe dou
uma casa, no entanto esta deve ser mantida como depósito de entorpecente.
Observem que nesta hipótese a casa (objeto da doação) possui uma ligação
imediata com o encargo (manutenção como depósito de entorpecente). Por isso o
efeito é a nulidade total do negócio jurídico. Concluindo: devemos analisar cada
caso em concreto se o encargo é o motivo principal ou secundário do negócio. Se
for principal (razão determinante da liberalidade) ocorre a invalidade de todo
negócio; se for secundário, mantém a validade do negócio.

Atenção Não confundir encargo com condição!


A condição suspensiva impede a aquisição do direito e o encargo não
impede a aquisição e nem suspende o exercício do direito. Difere da condição
resolutiva, porque não conduz, por si, à revogação do ato; o instituidor do
benefício poderá ou não propor a ação revocatória, cuja sentença não terá efeito
retroativo.
Como as diferenças entre os três institutos (condição, termo e encargo)
são sutis e o examinador gosta de aproveitar esse fato para confundir o candidato,
costumo fornecer o quadrinho comparativo abaixo, realçando as principais
diferenças entre os elementos acidentais e facilitando o estudo.

CONDIÇÃO SUSPENSIVA TERMO ENCARGO

1. Evento futuro e incerto. 1. Evento futuro e certo. 1. Impõe sempre um ônus.

2. Enquanto não verificada, 2. Adquire-se, de imediato, 2. Não se suspende a


não se adquire o direito a o direito, apenas se retarda aquisição nem o exercício do
que o ato visa. o seu exercício. direito.

3. Emprego da conjunção se 3. Emprego da conjunção 3. Emprego das locuções:


(eu lhe darei isso, se você quando (eu lhe darei isso para que, a fim de que,
fizer aquilo). quando você fizer 18 anos). com a obrigação de, mas,
etc.

4. Pode ser aplicada a 4. Pode ser aplicada a 4. Aplica-se aos atos de


quaisquer atos. quaisquer atos. liberalidade (doação,
herança, etc.).

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INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

Vimos até agora os elementos constitutivos do negócio jurídico (essenciais,


naturais e acidentais). A partir daqui veremos o que causa a invalidade de um
negócio jurídico. Como sabemos, para a realização de um negócio, a lei impõe que
sejam observados determinados preceitos. Se estes não forem rigorosamente
obedecidos, o negócio pode não produzir os efeitos desejados; ele será
considerado inválido. Assim, para a doutrina tradicional a expressão invalidade
(ou ineficácia) é empregada genericamente para designar o negócio que
não produziu os efeitos desejados pelas partes. No entanto dependendo da
natureza da norma ofendida, haverá um grau de invalidade. A doutrina aponta
três categorias de atos inválidos:
Inexistência → Negócio Jurídico Inexistente.
Nulidade Relativa → Negócio Jurídico Anulável.
Nulidade Absoluta → Negócio Jurídico Nulo.
Vejamos melhor cada uma das categorias.

A) ATO INEXISTENTE
Ocorre quando falta algum elemento estrutural ao negócio; é inidôneo
à produção de qualquer efeito jurídico. Ex.: compra e venda na qual não se
estipulou preço; ou não se identificou o comprador ou o vendedor; ou
simplesmente não há objeto; ou praticado com coação física, etc. Costuma-se
dizer: “ato inexistente é o nada no mundo jurídico”. O vício é tão sério que o ato
é considerado como inexistente. Não é necessária a declaração da ineficácia por
decisão judicial, porque o ato jamais chegou a existir. No entanto, na prática, se
alguém ingressar em juízo para requerer a inexistência do negócio, os efeitos
serão os mesmos da nulidade absoluta.

B) NULIDADE
De uma forma ampla nulidade é a sanção imposta pela lei que
determina a privação de efeitos jurídicos do ato negocial, praticado em
desobediência ao que ela prescreve. Para que se possa declarar um negócio
jurídico nulo ou anulável, é preciso que ele ao menos tenha entrado (embora com
vícios) no mundo jurídico para surtir os efeitos manifestados. Duas são as espécies
de nulidades: nulidade absoluta e nulidade relativa (ou anulabilidade). Ambas
pressupõem previsão legal e prejuízo. No final deste tema fornecerei um
quadro comparativo entre ambos (ato nulo e anulável).

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1. NULIDADE ABSOLUTA (ato nulo): é mais grave, pois o ato não produz
qualquer efeito, por ofender princípios de ordem pública. Há um interesse social
para que se prive o negócio de seus efeitos. O ato é absolutamente inválido; não
precisa ser anulado, pois já nasce nulo; o Juiz somente declara o ato nulo.
Características das nulidades absolutas
Podem ser alegadas (por meio de ação declaratória) por qualquer
interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir (art. 168,
CC).
Devem ser pronunciadas (declaradas) pelo Juiz de ofício (sem que haja uma
provocação específica), quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus
efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las
(consertar ou remediar a situação), ainda que a requerimento das partes (art.
168, parágrafo único, CC).
O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação (exceção feita à
hipótese do art. 170, CC, que veremos mais adiante: conversão), nem se
convalesce pelo decurso de tempo (art. 169, CC).
Como consequência do item anterior, o negócio nulo é imprescritível, ou
seja, a nulidade pode ser requerida e declarada a qualquer tempo. No
entanto, apesar de ser imprescritível, os efeitos patrimoniais decorrentes que
dele decorrem podem prescrever. Em outras palavras: a declaração de
nulidade não prescreve; o que prescrevem são os eventuais efeitos
patrimoniais decorrentes dessa declaração. Ex.: digamos que duas
pessoas celebraram um contrato nulo. Passados 10 anos um dos contratantes
percebe que foi lesado no negócio e descobre a nulidade. Pergunto: até
quando ele poderia requerer a nulidade? Resposta: a qualquer tempo, pois
sendo a nulidade absoluta, não se convalesce com o tempo; é imprescritível.
Portanto mesmo que passados 10 anos ele poderia requerer a nulidade. Agora
digamos que essa pessoa que se sentiu lesada deseja também ser indenizada
por eventuais perdas e danos por conta da nulidade. Ora esses efeitos
patrimoniais decorrentes da nulidade (perdas e danos) prescrevem no prazo
que a lei estabelece (no caso em três anos: art. 206, §3°, V, CC). Concluindo:
o lesado pode, a qualquer tempo, buscar a declaração de nulidade absoluta
do contrato, mas os efeitos patrimoniais desse contrato nulo prescrevem nos
prazos estabelecidos na lei.
Efeitos ex tunc (natureza declaratória), que veremos mais adiante.

SÃO NULOS OS NEGÓCIOS JURÍDICOS QUANDO (art. 166, CC):


• Praticados por absolutamente incapaz (elemento subjetivo). Ex.:
venda realizada por menor de 16 anos. É interessante deixar claro que se
um contrato foi assinado por uma pessoa de 15 anos, este contrato será nulo,

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não se convalidando pelo tempo. Se quando essa pessoa completar 18 anos
quiser confirmar o negócio, isso não será possível, pois o ato continua sendo
nulo. Assim, o advento da maioridade não faz o contrato se
convalescer. Nesse caso a pessoa deverá fazer outro negócio após sua
maioridade, pois aquele “não valeu”.
• O objeto for ilícito, impossível ou indeterminável (elemento
objetivo). Ex.: contrato para fazer uma viagem até a estrela Alfa-Centauro,
venda de um carro roubado, etc.
• Não se revestir da forma prescrita em lei (ex.: pacto antenupcial feito
por contrato particular, testamento feito de forma verbal, etc.) ou for
preterida solenidade que a lei considere essencial para sua validade (ex.:
testamento realizado sem testemunhas, compra e venda de imóvel sem fazer
a escritura, etc.). Trata-se do elemento formal.
• O motivo determinante (a finalidade do negócio), comum a ambas as
partes for ilícito.
• Tiver por objeto fraudar lei imperativa.
• A lei taxativamente o declarar nulo ou lhe negar efeito (nulidade
textual). Ex.: casamento de pai com filha adotiva; cláusula que permite ao
credor ficar com o imóvel hipotecado, etc. Na prática devemos ficar atentos a
uma dica: sempre que a lei disser que “é vedado”, “é proibido”, sem dizer
qual é a sanção a ser aplicada, devemos concluir que a consequência é a
nulidade absoluta do ato praticado.
• O negócio jurídico for simulado (art. 167, CC): pessoa finge vender
uma casa a terceiro somente com o objetivo de facilitar o despejo do inquilino
(na verdade não houve intenção de praticar negócio algum). Lembrando que
poderá subsistir o que se dissimulou se válido na substância e na forma.

2. NULIDADE RELATIVA (anulabilidade do ato): quando a ofensa não


atinge de forma direta o interesse social, mas sim o interesse particular de
pessoas que o legislador pretendeu proteger. O ato anulável prende-se a uma
desconformidade que a norma considera menos grave, pois viola preceitos
individuais, provocando uma reação menos extrema. Enquanto não for declarado
como tal pelo Juiz, produz efeitos normalmente. Neste caso a lei oferece aos
interessados as seguintes alternativas: a) requerer a anulação do ato; b)
confirmar ou sanar o vício (evitando-se o seu desfazimento); c) deixar que
continue a produzir seus efeitos normalmente, pois o próprio decurso de tempo
convalidará o negócio.
Características
O Juiz não pode pronunciar (reconhecer) a anulação de ofício; exige-se uma
provocação, ou seja, uma ação anulatória proposta pelo legítimo

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interessado. Somente os interessados a podem alegar, e aproveita
exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou
indivisibilidade (art. 177, CC).
O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de
terceiro (art. 172, CC). O ato de confirmação deve conter a substância do
negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo (trata-se da
confirmação expressa, prevista no art. 173, CC). Admite-se a
confirmação tácita quando o negócio já foi cumprido em parte pelo
devedor, ciente do vício que tornava o negócio anulável; a vontade de
confirmar está implícita, pois mesmo sabendo do vício que tornaria o negócio
anulável, a parte não se importou com isso e praticou o ato, cumprindo a sua
obrigação (art. 174, CC). A confirmação expressa, ou a execução voluntária
de negócio anulável (confirmação tácita), importa a extinção de todas as
ações, ou exceções, de que contra ele dispusesse o devedor (art. 175, CC).
A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que este
puder ser provado por outro meio (art. 183, CC).
Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio
jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável. A
invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a
destas não induz a da obrigação principal (art. 184, CC). Esse dispositivo está
baseado na Teoria da Conservação do Negócio Jurídico. Assim, sempre
que puder, o Juiz deve tentar conservar o negócio (ainda que ele seja
inválido), aplicando a chamada “redução do negócio jurídico”. Ex.: se um
contrato imenso contiver uma nulidade em uma de suas cláusulas, o Juiz
reconhece a nulidade apenas desta cláusula, mantendo íntegro o restante do
contrato.
Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro,
será validado se este a der posteriormente (art. 176, CC).
Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes
dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o
equivalente (art. 182, CC).
A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, ou seja, só
atinge os atos após a declaração de anulação (art. 177). Efeitos ex nunc
(veremos melhor adiante).

SÃO ANULÁVEIS OS NEGÓCIOS JURÍDICOS QUANDO (art. 171, CC).


Inicialmente convém esclarecer que o dispositivo citado estabelece: “Além dos
casos expressamente declarados na lei (...)”. Isso quer dizer que o art. 171, CC
não exaure todas as hipóteses de nulidade relativa. Ele é a base da nulidade
relativa (anulabilidade), mas existem no Código outras hipóteses. Exemplos: a)
Art. 496, CC: “É anulável a compra e venda de ascendente a descendente sem o

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consentimento dos outros herdeiros necessários e sem o consentimento do
cônjuge do alienante, dependendo do regime de bens”; b) Art. 550, CC: “É
anulável a doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice de adultério pelo outro
cônjuge ou seus herdeiros, até dois anos depois de dissolvida a sociedade
conjugal”; c) falta de legitimação (ex.: venda de imóvel sem outorga do outro
cônjuge, casados sob o regime em comunhão universal de bens).
Fiquemos por enquanto com as hipóteses do art. 171, CC:
• Por incapacidade relativa do agente, sem a devida assistência de seus
representantes legais (ex.: venda feita por pródigo sem ser assistido).
• Por vício resultante de erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo ou fraude
contra credores (ex.: venda sob coação moral; com erro essencial, etc.).

PRAZO DECADENCIAL
Nos termos do art. 178, CC é de quatro anos o prazo de decadência
para pleitear-se a anulação do negócio jurídico. Conta-se esse prazo: a) no
caso de coação (moral), do dia em que ela cessar; b) no de erro, dolo, fraude
contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio
jurídico; c) no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
É importante salientar que quando a lei dispuser que determinado ato é
anulável, sem estabelecer um prazo para pleitear-se essa anulação, este prazo
será de dois anos, a contar da conclusão do ato (art. 179, CC). O exemplo
clássico, novamente, é o art. 496, CC. Ele prevê que é anulável a venda de
ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do
alienante expressamente houverem consentido. Reparem que o dispositivo diz que
o ato é anulável, mas não prevê o prazo para se requerer a anulação. Logo,
entende-se que este prazo é de dois anos, por força do art. 179, CC. Outro
exemplo: art. 533, II, CC (que trata da troca ou permuta).

Resumindo
1. Inexistência do Ato: não há vontade; o negócio jurídico não chega a se
formar por faltar-lhe elemento constitutivo essencial (ex.: coação física).
2. Nulidade: há uma declaração de vontade, mas esta não traduz a verdadeira
intenção do agente ou persegue resultado contrário às determinações legais.
a) Absoluta (ato nulo): vício mais grave, pois decorre de ofensa a preceitos
de ordem pública.
b) Relativa (ato anulável): vício menos grave, pois decorre de violação de
interesses privados.
Convalescença do Ato Anulável
Segundo a doutrina (não há unanimidade quanto a terminologia) a
convalescença pode ocorrer de três formas: confirmação (ou ratificação),

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convalidação e prescrição. Embora o atual Código não seja explícito, entende a
doutrina que os efeitos da convalescença do negócio são retroativos (ex tunc).
Vejamos.
• Confirmação ou ratificação: consiste na renúncia (ato jurídico unilateral)
à faculdade de se requerer a anulabilidade do negócio, salvo direito de terceiros
(art. 172, CC). Pode se dar de forma expressa ou tácita. Expressa (art. 173,
CC): o ato de confirmação deve conter a substância da obrigação confirmada
e a vontade expressa de confirmá-la. Portanto, deve ser a mesma clara e
precisa, para que não paire qualquer dúvida a respeito. Tácita (art. 174, CC):
quando o devedor, mesmo ciente do vício que poderia anular o negócio,
cumpriu voluntariamente a obrigação (art. 174, CC). A confirmação (expressa
ou tácita) implica em renúncia a todas eventuais ações judiciais.
• Convalidação: consiste no advento de requisito faltante à formação do
contrato anulável, ou seja, aquilo cuja ausência importava na anulabilidade do
contrato passa a se fazer presente. Ex.: uma venda realizada por
relativamente incapaz foi efetivada sem a assinatura de seu assistente; a
posterior anuência dele, assinando o instrumento, sana o vício e convalida o
negócio.
• Prescrição ou decadência: houve o transcurso de tempo superior ao previsto
em lei. Ex.: o ato foi praticado mediante erro essencial sobre o objeto;
determina o art. 178, II, CC que este defeito deve ser alegado no prazo de
quatro anos, sob pena de decadência; superado este prazo o defeito não
poderá ser mais alegado e o negócio se convalesce.

GRÁFICO DAS DIFERENÇAS

A decisão que declara a nulidade


retroage à data da celebração do negócio
Ato Nulo Efeitos ex tunc nulo. Efeito erga omnes (contra todos).
Matéria de ordem pública.

Não retroage. A decisão de anulabilidade


Ato Anulável opera efeitos a partir da anulação. Efeitos
Efeitos ex nunc
somente entre as partes contratantes.
Matéria de ordem privada.

Percebam as duas expressões em latim (ex tunc e ex nunc). Elas são muito
importantes. Não só no Direito Civil, como também em todos os ramos do Direito.
Já vi estas expressões caírem em quase todas as matérias. Portanto, muita
atenção. Vamos reforçar.
EX NUNC  Significa “de agora em diante”, desde agora. Portanto quando
dizemos que algo tem efeito ex nunc, queremos dizer que os efeitos decorrentes

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serão daqui para frente. Quando se anula um negócio jurídico os efeitos dessa
anulação iniciam-se a partir dessa declaração de anulabilidade (em outras
palavras: os efeitos não retroagem). Para ajudar a fixação desta expressão, há
um “macete” muito usado pelos professores: ex nunc (não retroage) = a
expressão nunc “lembra” nunca. No entanto, cuidado: nunc não significa nunca.
Nunc significa agora, no momento presente (portanto, de agora em diante). A dica
é só para ajudar uma melhor associação. Vejamos o que diz o art. 177, CC,
reforçando o que já falamos: “A anulabilidade não tem efeito antes de
julgada por sentença, (...)”.
EX TUNC  Significa “desde então”, desde aquele momento. (lembrem-se do
macete: ex Tunc – Tudo; Tunc–Trás, vai para trás). Ou seja, os efeitos da
declaração da nulidade do negócio retroagem à data da celebração desse
negócio, como se ele nunca tivesse existido. Esta expressão também pode se
referir a uma cláusula que admite a retroatividade da lei, alcançando situações já
consolidadas sob o império de lei anterior. Implica na anulação do ato alcançado
por seus efeitos.
ERGA OMNES  é uma expressão latina que significa: contra todos; o que é
válido em relação a todos; que é extensível ou oponível a todos.

Observações
01) Um negócio jurídico nulo pode produzir efeitos? Segundo a
professora Maria Helena Diniz a resposta é afirmativa, pois o negócio pode
produzir efeitos enquanto não decretada a sua nulidade. Ou seja, sendo nulo ou
anulável o negócio jurídico é imprescindível a manifestação do Poder Judiciário a
respeito, porque a nulidade, ainda que absoluta, não se opera ipso iure (ou seja,
de imediato, por simples força de lei). A nulidade só se repercute se for decretada
judicialmente; caso contrário, surtirão os efeitos aparentemente desejados pelas
partes. Portanto, se a ação de nulidade não for proposta, o ato continuará válido
e operante.
02) A teoria das nulidades sofre algumas exceções no que diz respeito ao
casamento. Assim, ainda que um casamento seja considerado nulo, pode gerar
efeitos em algumas situações especiais (especialmente em relação à filiação e ao
cônjuge inocente).
Regras comuns à nulidade e à anulabilidade
• Pelo art. 182, CC, anulado um negócio jurídico as partes serão restituídas
ao estado em que se encontravam antes do negócio (status quo ante). Ex.:
anulada a compra e venda de um relógio, tanto a importância em dinheiro
eventualmente paga, como o relógio (objeto do negócio), devem ser devolvidos
às partes. Se for um bem imóvel, o registro imobiliário deve ser cancelado. Não

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sendo possível a restituição (ex.: a coisa não existe mais), o lesado será
indenizado com o valor equivalente à coisa.
• A nulidade (absoluta ou relativa) pode ser total (atingindo todo o negócio
jurídico) ou parcial (afeta somente parte do negócio). A nulidade parcial de um
ato não prejudicará a parte válida do negócio, se for destacável, ou seja, se esta
puder existir autonomamente (art. 184, CC). Trata-se da aplicação do princípio
da conservação do negócio jurídico. Por esse princípio o Juiz, sempre que
possível, deve conservar ou manter o negócio impugnado por invalidade. Desta
forma, o Juiz pode afastar uma cláusula inválida do contrato, mas mantendo o
restante da avença. Exemplo: a taxa de juros estabelecida em um contrato foi
muito acima da legal; neste caso o contrato pode ser mantido havendo apenas a
redução da taxa para sanar a invalidade parcial do contrato. Outro exemplo: a
declaração de nulidade da cláusula de fiança não atinge todo o contrato de locação.
• A nulidade relativa do instrumento não induz à do ato se este puder
ser provado por outro meio (art. 183, CC). Ou seja, mesmo que viciado um
contrato, este pode ser provado de outras maneiras. Ex.: anulação do contrato de
locação não anula a própria locação; esta pode ser provada por meio de recibos e
testemunhas.
• A nulidade da obrigação principal implica a nulidade das acessórias.
Mas o contrário não. Ex.: a nulidade de cláusula onde se estabelece a locação
residencial porque o locatário é menor de idade invalida todas as demais cláusulas
(inclusive a fiança). Já a nulidade da fiança (acessório) não atinge o contrato de
locação propriamente dito (considerado principal).

QUADRO COMPARATIVO

ATO NULO ATO ANULÁVEL


(Nulidade Absoluta) (Nulidade Relativa – Anulabilidade)

1. Interesse da coletividade; matéria 1. Interesse do prejudicado; matéria


de ordem pública. Efeitos erga omnes de ordem privada. Efeitos inter partes;
(extensíveis a todos); opera-se de pleno afeta apenas as pessoas que o alegaram,
direito. salvo nas hipóteses de indivisibilidade e
solidariedade.

2. Natureza declaratória. 2. Natureza desconstitutiva.

3. Pode ser arguida por qualquer 3. Somente pode ser alegada pelo
interessado, inclusive o Ministério Público interessado (prejudicado) ou por seus
quando lhe couber intervir (art. 168, CC). legítimos representantes (art. 177, CC).

4. Deve ser pronunciada 4. O Juiz não pode reconhecer de


(reconhecida) de ofício pelo Juiz ofício (art. 177, CC). No entanto, se
quando conhecer do negócio jurídico; alegada, ele pode saná-la. Só aproveita

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mas ele não pode supri-la, ainda que a aos que a alegaram (salvo solidariedade
requerimento da parte (art. 169, CC). e indivisibilidade).

5. Não se admite convalidação, nem 5. O vício pode ser sanado pela


ratificação. O vício não pode ser confirmação expressa (art. 173, CC) ou
sanado pela confirmação, nem se tácita (art. 174, CC). Art. 175, CC: a
convalesce pelo decurso do tempo (art. confirmação expressa ou a execução
169, CC). Admite-se a conversão (art. voluntária do negócio anulável importa a
170, CC). extinção de todas as ações.

6. Pode ser alegada a qualquer tempo 6. Só pode ser alegada no prazo


e em qualquer grau de jurisdição. Em previsto em lei. Prescreve em prazos
regra não prescreve (o que prescrevem mais ou menos exíguos ou em prazos
são os efeitos patrimoniais decorrentes). decadenciais (art. 178, CC: 04 anos;
Exceções: quando a lei assim o permitir, art. 179, CC: 02 anos).
negócios de fundo patrimonial, etc.

7. Efeitos ex tunc (desde aquele 7. Efeitos ex nunc (de agora em


momento). A declaração de nulidade diante). Produz efeitos até o momento
retroage à data da celebração do em que foi decretada a sua invalidade.
negócio (emissão da vontade). Não retroage. Os efeitos se operam
somente a partir da anulação.

CONVERSÃO DO NEGÓCIO NULO


O art. 170, CC admite a conversão do negócio jurídico nulo em outro
negócio de natureza diferente: “Se o negócio jurídico nulo contiver requisitos de
outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o
teriam querido, se houvessem previsto a nulidade”. Observem: o negócio não
pode prevalecer da forma como pretendida pelas partes; é nulo. Mas como seus
elementos são idôneos para caracterizar outro negócio, pode ocorrer a
transformação, desde que não haja uma proibição expressa.
Observem que nosso Código somente se refere ao negócio nulo e não ao
anulável. Porém, aqui há uma discussão doutrinária. Para alguns autores, se a
conversão é medida de salvamento do negócio nulo, logicamente poderia ser
aplicável ao anulável porque se pode ser usada para o mais, também pode para o
menos. No entanto outros autores sustentam que esse dispositivo somente deve
ser aplicado ao negócio nulo, pois o negócio anulável possui outras medidas
terapêuticas muito mais eficazes, como a confirmação. Para efeito de concurso,
em todas as provas que vi até hoje, esse instituto é exclusivo ao negócio nulo,
como estabelecido na lei.
Elementos: a) prática de negócio nulo; b) intenção das partes, ou seja, a
convicção de que as partes teriam querido este novo contrato (em lugar do
anterior) se houvessem previsto sua nulidade (elemento subjetivo); c) o negócio

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contém os requisitos necessários de outro negócio; d) aproveitamento do material
ou fático do negócio inválido.
Como essa matéria é bem teórica, vamos exemplificar bem. Duas pessoas
celebram um contrato de compra e venda de um imóvel por meio de um
instrumento particular. Ora, esse negócio é nulo (nulidade absoluta), pois a
compra e venda de um imóvel exige instrumento público (e não particular), que
no caso é a escritura pública (para imóveis com valor superior a 30 salários
mínimos: art. 108, CC). Um negócio nulo, como regra, não gera efeitos. Mas neste
caso, é possível salvar este negócio, aplicando a teoria da conservação do
negócio (pois visa a manutenção da vontade externada), mediante atividade de
requalificação do negócio jurídico: basta considerá-lo como sendo uma
promessa de compra e venda (e não como um contrato de compra e venda
propriamente dito). A promessa é um compromisso bilateral de contrato ou um
contrato preliminar. O art. 462, CC não exige as mesmas formalidades do contrato
definitivo: o contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os
requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. No entanto é necessário que os
contratantes queiram o outro contrato, se soubessem da nulidade daquele que
celebraram e que o negócio nulo tenha os elementos do outro negócio a ser
convertido.
Resumindo: o contrato de compra e venda é nulo; porém a vontade das partes
fica preservada convertendo-se a compra e venda em uma promessa de compra
e venda, sendo que o negócio requalificado é considerado válido (o compromisso
não exige a forma pública), gerando efeitos. Outros exemplos: uma nota
promissória considerada nula (não respeitou requisitos de validade) pode ser
aproveitada como confissão de dívida; a doação de um bem inalienável pode ser
considerada como um usufruto, etc.

Reforçando Aproveitamento do Negócio Jurídico


A) Ato Nulo: não pode ser confirmado ou convalidado e nem se convalesce
pelo decurso de tempo; admite-se, no entanto, a conversão (arts. 169 e 170,
CC).
B) Ato Anulável: pode se convalescer pela: confirmação (ou ratificação),
pela convalidação ou pela prescrição ou decadência.

Obrigações Contraídas por Menores


• As obrigações contraídas por menores entre 16 e 18 anos são anuláveis se
contraídas sem assistência de seus representantes (os quais devem intervir
pessoalmente nos atos).
• Os menores devem ser assistidos por curadores especiais quando
intervierem em atos nos quais possa haver um conflito de interesse com seus
representantes legais (art. 119, CC). Ex.: pai e filho, este com 17 anos,

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querem vender imóvel que possuem em condomínio. Neste caso, para a
venda do bem o filho deve ser assistido por um curador especial, pois ‘pode’
haver um conflito de interesses entre o menor e seu pai. O prazo decadencial
para pleitear-se a anulação do ato praticado com esta infringência é de 180
dias a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade.
• Quanto aos atos ilícitos em que forem culpados, os menores entre 16 e 18
anos, são equiparados aos maiores. Vamos deixar claro: somente se o
ilícito for civil; isso não se aplica ao ilícito penal, pois a imputabilidade penal
é com 18 anos, conforme o art. 228, CF/88: “São penalmente inimputáveis
os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial”.
• O menor entre 16 e 18 anos não pode eximir-se de uma obrigação ou requerer
a anulação da mesma, invocando a sua idade, se dolosamente a ocultou
quando inquirido pela outra parte, ou se espontaneamente se declarou maior
ao assumir a obrigação (art. 180, CC). Ex.: rapaz com 17 anos queria alugar
um apartamento (seria inquilino). Para isso seria necessária a assistência de
seus pais. Porém, falsifica seu documento de identidade e se apresenta como
maior. Passados alguns meses, deixa de pagar o aluguel. Acionado, alega ser
incapaz. Tal argumento não será cabível, pois ele se apresentou como maior
quando assumiu a obrigação.
• Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um
incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga
(art. 181, CC). Ou seja, uma pessoa celebrou um contrato com um incapaz.
Este negócio foi anulado. O incapaz não será obrigado a restituir eventual
quantia paga. Exceto se a outra pessoa provar que a quantia reverteu em
proveito dele mesmo (o menor).

PROVA DO NEGÓCIO JURÍDICO

Uma vez praticado determinado negócio jurídico, pode surgir a necessidade


de prová-lo. Não basta alegar um fato. Exige-se a prova deste fato. Há um
brocardo de diz: allegare nihil et allegatum et non probare paria sunt (nada alegar
e alegar algo e não o provar se equivalem). Deve-se provar apenas o fato e
não o direito a ser aplicado, pois é atribuição do Juiz conhecer e aplicar o Direito
(iura novit curia). As Ordenações do Reino (Filipinas) já mencionavam que “a
prova é o farol que deve guiar o Juiz nas suas decisões sobre as questões de fato”.

PROVA é o conjunto de meios empregados para demonstrar,


legalmente, a existência de atos e de negócios jurídicos. No processo a prova
serve para estabelecer a verdade diante do Juiz.

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PRINCÍPIOS
• O ônus da prova, em regra, incumbe a quem alega o fato. Ex.: se o autor
alegar um fato, mas nada provar, o réu será absolvido. Art. 373, CPC/2015:
O ônus da prova incumbe: I. ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu
direito; II. ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor.
• Art. 373, §1°, CPC/2015: Nos casos previstos em lei ou diante de
peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva
dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade
de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da
prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada,
caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus
que lhe foi atribuído. §3° A distribuição diversa do ônus da prova também
pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando: I. recair sobre direito
indisponível da parte; II. tornar excessivamente difícil a uma parte o
exercício do direito.
• Segundo o art. 374, CPC/2015, alguns fatos independem de prova, tais
como: a) fatos notórios, que são os fatos da cultura geral, de conhecimento
de todos (ex.: datas históricas tais como Natal, ano novo, etc., personagens
históricos, como Tiradentes, D. Pedro II, etc.); b) fatos afirmados por uma
parte e confessados pela parte contrária; c) admitidos no processo como
incontroversos; d) em cujo favor milita presunção legal de existência ou de
veracidade.
• Se, para a validade do negócio jurídico a lei exige forma especial, sua
prova só poderá ser feita pela exibição do documento (ex.: a compra e venda
de imóveis só se prova pela escritura pública).
• Se o negócio for de forma livre (não solene), a prova pode ser feita por
qualquer meio permitido pela ordem jurídica (até mesmo verbal).
REQUISITOS. A prova deve ser:
a) Admissível → não proibida por lei e aplicável ao caso em análise. Art. 5°,
LVI, CF/88: “são inadmissíveis no processo, as provas obtidas por meios
ilícitos”. Prova ilegal é aquela obtida com violação de normas legais ou
princípios gerais do ordenamento, seja de natureza processual ou material.
Prova ilegítima: quando a violação for de norma de direito processual; a
ilegalidade ocorre no momento da produção, ou seja, no momento de sua
introdução no processo (ex.: documento juntado na fase de alegações finais).
Prova ilícita: quando violar proibição de direito material; ocorre a ilicitude no
momento da colheita da prova (ex.: violação de correspondência,
interceptação telefônica, violação de domicílio, tortura, etc.).

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b) Pertinente → idônea para demonstrar os fatos relacionados com a questão
que se discute.
c) Concludente → apta a esclarecer pontos controvertidos ou confirmar as
alegações feitas no processo.
O art. 212, CC enumera de forma exemplificativa (e não taxativa) quais são
os meios de prova: confissão, documento, testemunha, presunção e perícia.
Vejamos cada item em separado:

A) CONFISSÃO
É o reconhecimento do fato pela parte que pratica o ato contrário a seu
interesse e favorável ao adversário. Ela pode ser judicial (feita em juízo) ou
extrajudicial (feita fora de um processo); espontânea ou provocada; expressa ou
presumida (ou ficta, no caso da revelia: arts. 341 e 344, CPC/2015). Em regra, só
pode ser produzida por pessoa capaz e no gozo do direito que se discute. Ou seja,
a confissão de pessoa sem capacidade para dispor do direito relativo ao fato
confessado não produz efeito jurídico (art. 213, CC). Além disso, se a confissão
for feita pelo representante do incapaz somente terá eficácia dentro dos limites
em que puder vincular o representado. Ou seja, uma procuração deve conferir
poderes especiais para a confissão. Se o mandatário tiver apenas poderes de
administração, não poderá confessar. A confissão não valerá se foi feita por um
só dos cônjuges quando o fato versar sobre bens imóveis. Finalmente: a confissão
é irrevogável, mas pode ser anulada se for oriunda de erro de fato ou coação
(art. 214, CC).

B) DOCUMENTOS (públicos ou particulares)


As declarações constantes de documentos assinados presumem-se
verdadeiros em relação aos signatários (art. 219, CC). Documentos públicos
são os elaborados por autoridade pública no exercício de suas funções. Ex.:
certidão (reprodução do que se encontra transcrito em determinado livro ou
documento), traslado (cópia do que se encontra lançado em um livro ou em um
processo). Documentos particulares são os elaborados pelas pessoas em geral
(ex.: cartas, telegramas, exame médico para frequentar piscina, etc.).

☺ Lembrando: documento é uma expressão genérica; instrumento é uma


espécie do gênero documento, são eles que “dão vida” ao negócio jurídico.
• Nos contratos celebrados com a cláusula de não valerem sem instrumento
público, este passa a ser da substância do ato, e só ele poderá provar este
mesmo ato.
• As obrigações convencionais de qualquer valor, constantes de instrumentos
particulares, e assinados pelas partes, fazem prova se assinados por duas
testemunhas.

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• Para fazer prova perante terceiros, os documentos precisam ser registrados
no registro público (Cartório de Títulos e Documentos).
• Todos os documentos e instrumentos de contrato que tiverem de produzir
efeitos no Brasil devem ser escritos em língua portuguesa (art. 215, §3°,
CC). Se feito em outra língua devem ser traduzidos por tradutor
juramentado (art. 224, CC).

C) TESTEMUNHAS
Testemunha é a pessoa natural (física) que, não sendo parte diretamente
interessada no objeto do litígio (estranha ao feito), é chamada para depor sobre
fato ou para atestar um ato jurídico, assegurando, perante outra, sua veracidade
(testemunha judiciária) ou para se pronunciar sobre o conteúdo do documento
que subscrevem (testemunha instrumentária), como as testemunhas que são
colocadas na realização de um testamento, nas certidões de nascimento, nas
escrituras públicas, etc.
Segundo o art. 442 CPC/2015, a prova testemunhal é sempre
admissível, não dispondo a lei de modo diverso. Nesse sentido, estabelece o
parágrafo único do art. 227, CC que: “qualquer que seja o valor do negócio
jurídico, a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar
da prova por escrito”.
Obs.: O novo Código de Processo Civil revogou expressamente o caput
deste dispositivo, que dizia: “Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente
testemunhal só se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o
décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram
celebrados”.
Já o art. 444, CPC/2015 estabelece que nos casos em que a lei exigir
prova escrita da obrigação, é admissível a prova testemunhal quando houver
começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se pretende
produzir a prova.
A prova testemunhal para surtir efeitos no âmbito do Processo Civil deve
atender aos seguintes requisitos: a) deve ser pessoa física, não se admitindo o
testemunho de pessoa jurídica, cujas informações integram a prova documental;
b) deve ser pessoa estranha ao feito, não se confundindo com as partes; c) deve
ter conhecimento dos fatos, direta ou indiretamente, para atestar sobre sua
existência; d) deve ter capacidade jurídica para depor, preenchendo os
respectivos pressupostos legais. Este tema é tratado pelo atual Código de Processo
Civil (2015), sendo que o art. 447 estabelece quem pode ser testemunha e quem
é incapaz, impedido ou suspeito.
Segundo o art. 228, CC, não podem ser admitidos como testemunhas
(redação da Lei n° 13.146/2015) o(s):

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• Menores de 16 anos.
• Interessados no objeto do litígio (ex.: fiador de um dos litigantes;
sublocatário em ação de despejo, etc.).
• Amigo íntimo ou inimigo capital das partes.
• Cônjuges, os ascendentes e os descendentes (inclusive adotivos), em
qualquer grau.
• Colaterais até o terceiro grau, por consanguinidade (irmãos, tios, sobrinhos,
etc.) ou afinidade (sogra, genro, cunhado, etc.) de alguma das partes.

Observações
01. O art. 228, §1°, CC estabelece que para a prova de fatos que só elas
conheçam, pode o juiz admitir o depoimento das pessoas acima
mencionadas. Nesse sentido é o teor do art. 447, §4°, CPC/2015: Sendo
necessário, pode o juiz admitir o depoimento das testemunhas menores,
impedidas ou suspeitas.
02. O art. 228, §2°, CC (inserido pela Lei n° 13.146/2015 – Estatuto da
Pessoa Deficiente) estabelece que a pessoa com deficiência poderá testemunhar
em igualdade de condições com as demais pessoas, sendo-lhe assegurados todos
os recursos de tecnologia assistiva. Portanto, caíram aquelas restrições quanto a
cegos e surdos, bem com a impossibilidade da pessoa com alguma enfermidade
ou deficiência mental para depor. Ocorre, entretanto, que essas alterações ainda
não foram inseridas no novo Código de Processo Civil.
03. Quando um menor de 16 anos presta declarações em juízo, eles são
considerados como informantes (e não como testemunhas, propriamente ditas).
A contrário senso, as pessoas com 16 anos ou mais já podem ser testemunhas.
Se a testemunha tiver entre 16 e 18 anos, pode prestar depoimento mesmo sem
a assistência de seus representantes legais. No entanto, apesar de ser considerada
testemunha, se ela mentir não irá responder pelo crime de falso testemunho, uma
vez que é inimputável.
04. Devemos acrescentar que nos termos do art. 448, CPC/2015, a
testemunha não é obrigada a depor sobre fatos: I. que lhe acarretem grave
dano, bem como ao seu cônjuge ou companheiro e aos seus parentes
consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau; II. a cujo
respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo. O CPC de 2015 revogou
expressamente o art. 229, CC.

D) PRESUNÇÃO
É a ilação que se extrai de um fato conhecido para se demonstrar um
desconhecido. Ex.: um credor somente entrega o título ao devedor (ex.: uma nota
promissória) quando a dívida foi paga. Portanto, se um devedor estiver de posse
do título, há a presunção de que ele pagou a dívida. Classifica-se a presunção em:

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Absoluta ou juris et de jure (literalmente significa “de direito e por direito”):
é a que não admite prova em contrário; é a presunção de verdade atribuída
pela lei a certos fatos. Ex.: presunção de maternidade (mater sempre certa
est), de incapacidade jurídica daquele que foi interditado; de conhecimento da
lei por todos; de simulação de venda de ascendente para descendente sem
consentimento dos demais descendentes, etc.
Relativa ou juris tantum (literalmente significa “apenas ou somente de
direito”; resultante do direito): a lei estabelece um fato como verdadeiro, mas
admite prova em contrário, a título de quem alega o fato. Exemplo: filho
havido pela mulher casada presume-se do marido, mas permite que o marido
conteste a paternidade, por meio de ação negatória de paternidade. Outro
exemplo: estabelece o art. 344, CPC/2015: Se o réu não contestar a ação,
será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações formuladas
pelo autor.

Atenção O art. 231, CC prevê que aquele que se nega a submeter-se


a exame médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa. Este
dispositivo, somado ao art. 232, CC, pelo qual “a recusa à perícia médica
ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame”
tem grande aplicação aos casos de investigação de paternidade. Assim,
negando-se o pretenso pai a submeter-se ao exame de DNA e havendo mais
alguns elementos de prova (ex.: prova-se que houve um relacionamento amoroso
entre o investigando e a mãe da criança), gera a presunção de veracidade,
comprovando-se a paternidade. Portanto, neste caso, há uma inversão do ônus
da prova. Observe-se que não se pode conduzir alguém coercitivamente para a
realização do exame, como já decidiu o Supremo Tribunal Federal. No entanto,
esta recusa traz implícita a realização da prova com resultado que desfavorece
aquele que se recusou a realizar a perícia. Súmula 301 do STJ: “Em ação de
investigação de paternidade, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de
DNA induz presunção juris tantum (relativa) de paternidade”.
Simples ou Hominis: não estão previstas na lei, mas sim na essência do ser
humano como ideia de coletividade (e não como indivíduo). Não são absolutas
e se fundam na experiência de vida, naquilo que ordinariamente acontece, na
“sabedoria popular”, ou no espírito de um povo. É utilizada pelo Juiz para
formar sua convicção quando não pode se respaldar em normas jurídicas. Está
intimamente ligada ao Processo. “Art. 375, CPC/2015: O juiz aplicará as
regras de experiência comum subministradas pela observação do que
ordinariamente acontece e, ainda, as regras de experiência técnica,
ressalvado, quanto a estas, o exame pericial. Exemplo: a presunção do amor
familiar leva a crer que a mãe não queira prejudicar seu filho; quem está
desempregado e pleiteia seguro desemprego, presumivelmente faz jus à

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concessão dos benefícios da justiça gratuita. Devemos salientar que o CPC de
2015 revogou o art. 230, CC (As presunções, que não as legais, não se
admitem nos casos em que a lei exclui a prova testemunhal).

Observação
Não confundir presunção com indício. Indício (do latim indicium =
rastro, sinal) é apenas um meio para se chegar à presunção. A reunião de indícios
pode dar corpo à presunção.

E) PERÍCIAS
É uma prova decorrente das análises de especialistas ou peritos. Costumam
ser classificados em:
1. Exame (apreciação de algo pelo perito para esclarecimento de determinado
fato: exame de corpo de delito, exame de DNA, exame de sanidade mental, exame
grafotécnico, confronto balístico, residuográfico, etc.), vistoria (é a mesma
operação, porém restrita à inspeção ótica: vistoria veicular, vistoria nas ações
possessórias, demarcatórias, etc.) e avaliação (tem por objetivo a perícia em
relação a valores: avaliação de danos causados em um veículo após um acidente
automobilístico, verificação de contas, etc.).
2. Arbitramento: geralmente é a perícia realizada para determinar o valor de
uma indenização por ato ilícito e nas desapropriações.
3. Inspeção judicial: o Juiz para melhor formar sua convicção faz a verificação
pessoal no objeto ou na pessoa. É ato formal e público.

Observações
01) Segundo o art. 479, CPC/2015, “o Juiz apreciará a prova pericial de acordo
com o disposto no art. 371, indicando na sentença os motivos que o levaram a
considerar ou a deixar de considerar as conclusões do laudo, levando em
conta o método utilizado pelo perito”.
02) A lei não estabelece uma hierarquia entre os meios de prova. Cada
prova tem seu valor intrínseco, segundo seu modo de ser e segundo os resultados
que em cada processo são aptas a produzir. No entanto, na prática, é evidente
algumas provas são mais eficazes do que outras.

Devemos reforçar. A prova deve ser admissível, ou seja, não proibida pela
lei. Além disso, o ônus da prova incumbe a quem alega o fato e não a quem o
contesta.
A escritura pública é um documento dotado de fé pública, lavrado por
tabelião de notas, redigido em língua nacional e contendo todos os requisitos
(objetivos e subjetivos) exigidos pela lei: qualificação das partes, manifestação de

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vontade, data e local da efetivação e assinatura dos contratantes, das
testemunhas e do tabelião. Segundo o art. 215, caput, CC ela faz prova plena.
O instrumento particular é o realizado somente com a assinatura dos
próprios interessados, desde que estejam na livre disposição e administração de
seus bens, sendo subscrito por duas testemunhas. Possui força probante entre as
partes. O reconhecimento da firma representa apenas a autenticação do ato. Para
ter efeito contra terceiros (erga omnes) deve ser registrado no Cartório de Títulos
e Documentos.
Em relação à interpretação, citamos como regras:
• Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem, ou seja, deve-
se procurar conhecer qual a real intenção da pessoa quando manifestou sua
vontade.
• Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos
do lugar de sua celebração.
• Os negócios jurídicos benéficos (gratuitos) e a renúncia interpretam-se
restritivamente.

Vamos agora apresentar o nosso RESUMO DA AULA, que tem a função de


ajudar o aluno a melhor assimilar os conceitos fornecidos e também facilitar a
revisão da matéria.

Resumo Esquemático da Aula


I. FATO COMUM. Ação humana ou fato da natureza sem repercussão na órbita do Direito.
II. FATO JURÍDICO. Todo acontecimento relevante da vida ao qual o Direito atribui
efeitos: aquisição, resguardo, modificação, transmissão e extinção.
III. CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS FATOS JURÍDICOS
A) Fato Jurídico Natural (fato jurídico em sentido estrito ou stricto sensu) →
acontecimento natural do qual decorrem efeitos jurídicos (visto na aula anterior):
1. Ordinário: normalmente ocorrem, previsíveis (ex.: nascimento, morte, etc.).
2. Extraordinário: inesperados ou imprevisíveis (caso fortuito ou força maior:
terremoto, tempestade, etc.).
B) Fato Jurídico Humano (ATO)
1. Ato Lícito (ato jurídico em sentido amplo ou ato jurídico voluntário): praticado
de acordo com o ordenamento jurídico (art. 185, CC).
a) Ato Jurídico em Sentido Estrito (stricto sensu): os efeitos da
manifestação de vontade estão predeterminados pela lei.
b) Negócio Jurídico: os efeitos da manifestação de vontade decorrem da
vontade das partes (autonomia privada).

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2. Ato Ilícito (ou Involuntário): praticado em desacordo com a ordem jurídica
- Penal → sanção pessoal.
- Administrativo → sanção pessoal.
- Civil (arts. 186 e 187, CC)→→ sanção patrimonial – reparação do dano
(art. 927, CC).
C) Ato-fato Jurídico (doutrina) → a lei encara a ação humana como um fato, sem
levar em consideração a vontade, intenção ou a consciência do agente. Ex.: criança
que compra um lanche na escola.

IV. ATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO (ou fato jurídico humano voluntário).
A) Ato Lícito (Ato Jurídico em Sentido Estrito)
• Realização de vontade do agente, mas que gera consequências jurídicas
previstas em lei (não depende da vontade das partes; não há liberdade na
escolha dos efeitos jurídicos; não há autonomia da vontade). Geralmente eles
são unilaterais (possuem apenas uma manifestação de vontade) e
potestativos (influem na esfera jurídica de outra pessoa sem que esta pessoa
possa evitar). Ex.: reconhecimento de filho. Atos materiais ou reais (simples
atuação humana, sem destinatário: fixação de domicílio) e Participações (atos
de comunicação, com destinatário: notificações e intimações).
B) Negócio Jurídico
1. Conceito: manifestação de vontade sem vícios, com propósito de atingir,
dentro do campo da autonomia privada, os efeitos jurídicos desejados pelo
agente e tutelados pela lei. O agente pode escolher os efeitos jurídicos que
pretende alcançar. Trata-se de toda ação humana, com a qual o particular
regula por si, os próprios interesses, havendo uma composição de interesses.
Podem ser bilaterais (ex.: contratos) e unilaterais (testamentos).
2. Classificação doutrinária (principais)
a) Quanto ao número de manifestações de vontade: unilateral
(aperfeiçoa-se com apenas uma manifestação de vontade: testamento,
renúncia, desistência, etc.) Divide-se em receptício (dirigido a uma pessoa
determinada para lhe dar conhecimento da declaração: revogação de
mandato) e não receptício (não se dirige a um destinatário especial:
testamento); bilateral (necessita de duas manifestações de vontades em
sentido oposto, mas coincidente sobre o objeto: contratos); plurilateral
(mais de duas partes em sentido paralelo: consórcio de um veículo).
b) Quanto às vantagens: gratuito (só uma das partes aufere vantagem)
ou oneroso (ambos os contratantes possuem ônus e vantagens recíprocas).
Este ainda se divide em: comutativo (prestações certas e determinadas) ou
aleatório (há uma incerteza em relação às vantagens e ônus das partes –
risco). Fala-se também em bifrontes (em regra são gratuitos, mas podem
ser onerosos: mútuo, mandato e depósito) e neutros (não são gratuitos e
nem onerosos: instituição de bem de família).
c) Quanto ao tempo em que devem produzir efeitos: inter vivos
(efeito estando as partes vivas) ou causa mortis (produz efeitos após a
morte do agente).
d) Quanto aos efeitos: constitutivo (eficácia a partir do momento da
celebração: ex nunc) ou declaratório (eficácia desde o momento em que
se operou o fato, retroativa: ex tunc).

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e) Quanto à subordinação: principal (possui existência própria) ou
acessório (sua existência se subordina a do principal).
f) Quanto às formalidades: solene (obedece a uma formalidade especial)
ou não-solene (não se exige formalidades para seu aperfeiçoamento).
g) Quanto às pessoas: impessoais (independem de quem sejam as
partes e de eventual qualidade) ou intuitu personae (o ato se realiza em
função da qualidade especial de um dos contratantes).
h) Quanto à causa: causais (vinculados a uma causa) ou abstratos
(desvinculados de qualquer outro negócio).

V. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO


A) Elementos Essenciais (art. 104, CC): dizem respeito à existência e validade
do negócio jurídico, dando-lhe a estrutura e a substância. Dividem-se em:
1. Gerais: comuns a todos os negócios jurídicos.
a) Partes (ou agentes) capazes.
b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável.
c) Vontade (ou consentimento) livre e consciente (sem vícios) – item não
previsto no art. 104, CC, mas aceito pela doutrina.
2. Especiais: dizem respeito à forma prescrita ou não defesa em lei, aplicáveis a
apenas alguns negócios.
B) Elementos Naturais: são os efeitos ou as consequências decorrentes do próprio
negócio jurídico.
C) Elementos Acidentais: são elementos facultativos; podem ou não ser
estabelecidos e dizem respeito, não à existência ou validade propriamente dita do
negócio jurídico, mas sim à sua eficácia: a) condição; b) termo; e c) encargo (ou
modo).
VI. ELEMENTOS ESSENCIAIS GERAIS
1. Capacidade do Agente (art. 104, I, CC) → aptidão para intervir nos negócios
jurídicos. Maiores de 18 anos ou emancipados (art. 5° e parágrafo único, CC). Defeitos
relativos à capacidade:
a) Absolutamente incapazes (art. 3°, CC) → necessitam de representação.
Caso não haja → ato nulo (art. 166, I, CC).
b) Relativamente incapazes (art. 4°, CC) → necessitam de assistência. Caso
não haja → ato anulável (art. 171, I, CC).
Obs.: não confundir com falta de legitimação, que é a incapacidade para a
prática de um ato específico (ex.: pai que não pode vender um imóvel ao filho,
sem que haja o consentimento do cônjuge e dos outros filhos).
2. Objeto (art. 104, II, CC) → lícito, possível, determinado ou determinável. Defeito
no objeto → Ato nulo (art. 166, II, CC).
3. Vontade (consentimento) → a declaração de vontade possui papel preponderante,
pois se destina à produção de efeito. Expressa: realizada por meio de linguagem (fala,
escrita, etc.). Tácita: resulta de um comportamento do agente que demonstra o seu
querer.
3.1. Elementos: a) interno (real intenção do agente); b) externo (vontade
declarada).

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3.2. Regras para a interpretação dos negócios jurídicos em geral: a) nas
declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao
sentido literal da linguagem (art. 112, CC); b) os negócios jurídicos devem ser
interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração (art. 113, CC); c)
os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente (art. 114, CC);
d) o silêncio não é forma de manifestação, porém importa anuência, quando as
circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade
expressa (art. 111, CC); e) quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou
contraditórias, deve-se adotar a interpretação mais favorável ao aderente; f) a intenção
das partes pode ser apurada pelo modo como vinham executando o contrato até então;
g) na dúvida deve-se interpretar o contrato de forma menos onerosa para o devedor; h)
as cláusulas contratuais devem ser entendidas como um todo e não interpretadas de
forma isolada.
3.3. Defeitos em relação à vontade: a) ausência de consentimento → ato
inexistente (para alguns autores: ato nulo); b) vícios de consentimento → erro ou
ignorância, dolo, coação, lesão e estado de perigo. c) vícios sociais → fraude contra
credores (para o Código Civil a simulação é hipótese de invalidade do negócio jurídico).

VII. ELEMENTOS ESSENCIAIS ESPECIAIS


1. Forma prescrita ou não defesa em lei (art. 104, III, CC) → em regra a forma é
livre (a validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial) salvo
quando a lei expressamente exigir (art. 107, CC). Negócios jurídicos que visam à
constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis
de valor superior a trinta vezes o salário mínimo → escritura pública (art. 108, CC).
• Defeitos na forma → ato nulo (art. 166, IV e V, CC).
VIII. ELEMENTOS NATURAIS
• Decorrência normal dos contratos → são os efeitos do negócio jurídico.
IX. ELEMENTOS ACIDENTAIS (arts. 121/137, CC): são declarações acessórias de
vontade, modificando uma ou algumas das consequências naturais; dizem respeito à
eficácia do negócio jurídico. Em regra, atingem os atos de natureza patrimonial (não
atingem os atos relativos ao Direito de Família e os personalíssimos).
A) Condição: subordina a eficácia do negócio jurídico a um evento futuro e incerto
(art. 121, CC). Embora ainda não haja direito adquirido, já se podem praticar atos
destinados à conservação do direito futuro. Classificação:
1. Quanto ao modo de atuação
a) Suspensiva: a eficácia do ato fica suspensa até a realização do evento
futuro e incerto. Enquanto ela não ocorre há apenas a expectativa de direito.
Ao titular de direito eventual é permitido praticar atos destinados a conservar
esse direito.
b) Resolutiva: a aquisição e o exercício do direito ocorrem desde a celebração
do negócio. Enquanto esta não se realizar, vigorará o negócio jurídico. Com o
implemento da condição (evento futuro e incerto) ocorre a resolução (extinção)
do direito.
2. Quanto à participação dos sujeitos
a) Casual: a realização da condição depende do acaso, do fortuito, de fato
alheio à vontade das partes (“se chover amanhã...”).

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b) Potestativa: a realização da condição decorre da vontade das partes.
Puramente potestativa: decorre de puro arbítrio de uma das partes, sem
qualquer influência externa (“se eu quiser...”); são proibidas. Simplesmente
(ou meramente) potestativa: depende da vontade de uma das partes e também
de outros fatores externos.
Observação: Tem-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas,
e as de não fazer coisa impossível. Geram a invalidade do negócio as condições que:
a) física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; b) ilícitas, ou de fazer
coisa ilícita; c) incompreensíveis ou contraditórias.
B) Termo: é o momento em que começa e/ou se extingue a eficácia do negócio
jurídico; subordina a eficácia do negócio jurídico a um evento futuro e certo.
Classificação:
a) Inicial ou suspensivo (dies a quo): quando fixa o momento em que a
eficácia do negócio tem seu início. Já houve a aquisição do direito, mas o seu
exercício é adiado (diferido).
b) Final ou resolutivo (dies ad quem): quando fixa o momento em que a
eficácia do negócio termina (extingue o direito).
c) Certo: estabelece uma data determinada.
d) Incerto: o acontecimento é futuro e certo, porém a data é indeterminada.
C) Modo ou Encargo: cláusula acessória que pode impor ônus a atos de mera
liberalidade (doações ou testamento). Impõe uma obrigação ao favorecido, em
benefício do instituidor ou de terceiros (ex.: doações de determinada importância,
sendo que com parte dela deve-se construir uma escola). Não suspende a aquisição
e nem o exercício do direito (art. 136, CC). Obs.: considera-se não escrito o encargo
ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso
em que se invalida o negócio jurídico (art. 137, CC).
X. DEFEITOS RELATIVOS AO CONSENTIMENTO: são os vícios relativos à formação
da vontade ou à sua declaração.
A) AUSÊNCIA DE VONTADE → negócio inexistente (ou nulo para alguns autores)
B) VÍCIOS DE CONSENTIMENTO: a vontade declaração não representa a real
intenção do agente; há uma divergência entre a vontade real do agente e a vontade
por ele externada, que prejudicam a própria pessoa que exteriorizou vontade.
1. IGNORÂNCIA OU ERRO (arts. 138/144, CC). O Código Civil equipara ambos
quanto aos seus efeitos. Porém a doutrina assim os distingue: Erro é a falsa noção
que se tem de um objeto ou de uma pessoa. Ocorre quando o agente pratica o ato
baseando-se em falso juízo ou engano. Já a Ignorância é o completo
desconhecimento acerca do objeto ou da pessoa.
1.1. Erro Essencial ou Substancial: quando se refere à natureza do próprio
ato; recai sobre circunstâncias e aspectos principais, relevantes do negócio de
forma que se eu soubesse do defeito jamais teria praticado o ato. Consequência
→ ato anulável (art. 171, II, CC); prazo decadencial de 04 (quatro) anos
(art. 178, II, CC). Modalidades:
a) Erro sobre a natureza do negócio jurídico: o erro recai sobre a modalidade
do contrato que eu celebrei. Ex.: penso fazer um contrato de locação (oneroso)
e a outra pessoa entende que houve um comodato (gratuito).
b) Erro sobre o objeto principal da declaração: a manifestação de vontade
recai sobre objeto diferente do que se tinha em mente. Ex.: comprei um lote em
um condomínio que pensava ser muito valorizado, no entanto trata-se de outro

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condomínio, com o mesmo nome, mas em local diverso, muito distante de onde
eu queria.
c) Erro sobre as qualidades essenciais do objeto principal: a pessoa adquire o
objeto que imaginava, porém engana-se quanto as suas qualidades; o motivo
determinante do contrato é a qualidade de um objeto que depois se constata que
não existe. Ex.: penso comprar um relógio de ouro, mas o mesmo é apenas
“folheado” a ouro, compro cavalo de carga pensando se tratar de “puro-sangue”,
etc.
d) Erro quanto à identidade ou à qualidade da pessoa a quem se refere a
declaração de vontade: somente é anulável se a consideração pessoal era
condição essencial para a realização do negócio. O erro quanto à pessoa pode ser
relativo ao: casamento (erro quanto identidade do outro cônjuge, sobre a sua
honra, boa fama, etc.) ou testamento.
1.2. Erro de Direito: é o engano quanto à existência ou interpretação da norma
jurídica. Em regra não pode ser alegado (art. 3°, LINDB). Admite-se,
excepcionalmente se o ato não implicar em recusa à aplicação da lei e for o motivo
único ou principal do negócio jurídico (art. 139, III, CC). Não pode o ato recair
sobre a norma impositiva, mas tão-somente sobre normas dispositivas (ou seja,
sujeitas ao livre acordo das partes).
1.3. Erro Acidental: é o concernente às qualidades secundárias ou acessórias
da pessoa ou do objeto. O ato continua válido, produzindo efeitos, porque o
defeito não incide sobre a declaração de vontade. O erro de cálculo é acidental
(não anula o ato).
2. DOLO (arts. 145/150, CC). Artifício empregado para enganar a outra parte.
Emprego de manobras ardilosas ou maliciosas, para levar alguém à prática de um
ato que o prejudica, beneficiando o autor do dolo ou terceiros. Se recair sobre
aspectos essenciais ou substanciais → ato anulável (art. 171, II, CC); prazo
decadencial (art. 178, II, CC). Se recair sobre aspectos acidentais ou secundários
→ ato válido, porém obriga a satisfação de perdas e danos (art. 146, CC).
Modalidades:
2.1. Dolo Principal, Essencial ou Substancial: é o que recai sobre aspectos
essenciais do negócio; é o que dá causa ao negócio jurídico, sem o qual ele não
se teria concluído (o ato é anulável).
2.2. Dolo Acidental (incidens): é o que leva a vítima a realizar o negócio, porém
em condições mais onerosas, não afetando sua declaração de vontade. O negócio
teria sido praticado de qualquer forma, embora de outra maneira. Não anula o
negócio, apenas obriga a satisfação de perdas e danos ou uma redução da
prestação pactuada.
2.3. Dolus Bonus (dolo bom): é um comportamento tolerado nos meios
comerciais. Consiste em reticências, exageros nas boas qualidades da mercadoria
ou dissimulações de defeitos. Não é anulável, desde que não venha a enganar
o consumidor mediante propaganda abusiva.
2.4. Dolus Malus (dolo mau): consiste em manobras astuciosas para enganar
alguém e lhe causar prejuízo. Por isso é anulável. Pressupõe: a) prejuízo para o
autor do ato; b) benefício para o autor do dolo ou uma terceira pessoa.
2.5. Positivo (ou comissivo): resulta de uma ação dolosa; são os artifícios
positivos. Ex.: falsas afirmações sobre as qualidades de uma coisa.
2.6. Negativo (ou omissivo): resulta de uma omissão dolosa; ocultação de algo
que a parte contratante deveria saber no momento da realização do contrato.

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Ex.: em seguro de vida o segurado omite doença grave e vem a falecer dias
depois.
2.7. Dolo recíproco: quando ambas as partes agem com dolo, configurando-se
torpeza bilateral; ocorre a neutralização do delito. Isto é, no caso de dolo
recíproco não haverá a anulação para nenhuma das partes. O ato é considerado
válido (art. 150, CC).
2.8. Dolo de Terceiro: oriundo de terceira pessoa que não é parte no negócio.
Se o beneficiado pelo dolo de terceiro sabia ou deveria saber → negócio anulável.
Se o beneficiado pelo dolo não sabia e nem tinha como saber → negócio válido,
porém o terceiro responde pelas perdas e danos da parte que foi ludibriada.
2.9. Dolo do Representante: a) representante legal (pais, tutores e curadores)
a responsabilidade do representado é limitada ao proveito obtido do dolo; b)
representante convencional (mandatário) a responsabilidade é solidária entre
representante e representado nas perdas e danos.
3. COAÇÃO (arts. 151 a 155, CC). É a pressão física ou moral exercida sobre alguém
para obrigá-lo a praticar (ou deixar de praticar) determinado ato. Na coação há
intimidação; oferecem-se à vítima duas alternativas: emitir a declaração de vontade
que não pretendia originalmente ou não o fazer o ato e sofrer as consequências
decorrentes da concretização de uma ameaça ou de uma chantagem. Modalidades:
3.1. Coação Física (vis absoluta): é o constrangimento corporal que retira toda
capacidade de querer, implicando ausência total de consentimento (ex.:
amarrar a vítima, segurar sua mão e fazê-la assinar contrato). Não está prevista
na lei.
3.2. Coação Moral (vis compulsiva): atua sobre a vontade, sem aniquilar-lhe o
consentimento, pois se conserva uma relativa liberdade, podendo optar entre a
realização do negócio que lhe é exigido e o dano com que é ameaçada (ex.: se
não assinar o contrato, vou incendiar sua casa; vou estuprar sua mulher, vou
mostrar uma foto sua em uma situação constrangedora, etc.).
3.3. Coação exercida por terceiro: só acarreta a anulabilidade se o beneficiado
a conhecia; se não conhecia cabe apenas pedido de perdas e danos contra o autor
da coação (art. 155, CC).
3.4. Efeitos
a) Coação Física (ou absoluta): não há consentimento algum (ausência de
vontade). Doutrina dividida: parte entende que o ato é inexistente e parte
que o ato é nulo.
b) Coação Moral (ou relativa): há um consentimento viciado → ato anulável
(art. 171, II, CC); prazo decadencial de 04 (quatro) anos, contado do dia
em que cessar a coação (art. 178, I, CC).
3.4. Excluem a Coação (art. 153, CC):
a) ameaça do exercício normal de um direito → exercício regular de direito.
b) simples temor reverencial → receio de desgostar os pais, ou pessoas a
quem se deve respeito e obediência.
4. ESTADO DE PERIGO (art. 156, CC). Configura-se o estado de perigo quando
alguém, premido da necessidade de salvar a si, ou a pessoa de sua família, de grave
dano (que pode ser físico ou moral) conhecido pela outra parte (dolo de
aproveitamento), assume obrigação excessivamente onerosa. A vítima não errou,
não foi induzida a erro ou coagida, mas pelas circunstâncias de um caso concreto,
foi compelida a celebrar um negócio que lhe era extremamente desfavorável.
Tratando-se de pessoa não pertencente à família do contratante o Juiz decidirá

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AULA 05: FATOS JURÍDICOS (2ª Parte) = NEGÓCIO JURÍDICO
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segundo as circunstâncias. Não se anula o contrato se a obrigação não for
excessivamente onerosa, sendo que nesse caso o juiz, para evitar o enriquecimento
sem causa apenas reduz a obrigação a uma proporção razoável, anulando o
excesso e não todo o negócio. Realizado um contrato sob um Estado de Perigo, a
sanção é a anulação (arts. 171, II, CC); prazo decadencial de 04 (quatro) anos
(art. 178, II, CC).
5. LESÃO (art. 157, CC). Ocorre quando uma pessoa, sob premente necessidade,
ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao
valor da prestação oposta. Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os
valores vigentes ao tempo em que o contrato foi celebrado. Tem o intuito de
proteger o contratante em posição de inferioridade ante o prejuízo por ele sofrido
na conclusão do contrato, devido a desproporção existente entre as prestações.
Decorre do abuso praticado em situação de desigualdade, punindo a chamada
“cláusula leonina”. Não se exige má-fé da outra parte (que pode até existir); basta
a obtenção da vantagem desproporcional. Ocorrendo a lesão, a sanção é a anulação
do ato (arts. 171, II, CC); prazo decadencial de 04 (quatro) anos (art. 178, II,
CC).
5.1. Não se decretará a anulação do negócio se for oferecido suplemento
suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito (art.
157, §2°, CC).
5.2. Não se exige o dolo de aproveitamento da parte beneficiada (consciência
da necessidade ou inexperiência da outra parte para dela auferir vantagem
exagerada).
C) VÍCIOS SOCIAIS: há uma correspondência entre a vontade interna do agente e
a sua manifestação; porém são realizados em desconformidade com a lei, pois a
intenção é de prejudicar terceiros, não participantes do negócio.
1. FRAUDE CONTRA CREDORES (arts. 158 a 165, CC). Devedor, maliciosamente,
desfalca o seu patrimônio, com o fim de colocá-lo a salvo de uma execução por
dívidas em detrimento dos direitos creditórios alheios. Se o patrimônio do devedor
não for suficiente para o pagamento de todos os credores haverá um rateio. E, no
caso do devedor praticar atos com a finalidade de frustrar o pagamento devido ou
tendentes a violar a igualdade entre os credores, ocorrerá a fraude contra credores.
Não é a vontade que se encontra viciada (o agente fez exatamente o que desejava);
o vício reside na finalidade ilícita do ato, com o objetivo de prejudicar terceiros (por
isso trata-se de um vício social). Elementos:
a) Objetivo (eventus damni): o credor deve provar que com a prática do ato o
devedor se tornou insolvente ou já praticou o ato em estado de insolvência, não
tendo mais condições de honrar suas dívidas.
b) Subjetivo (consilium fraudis): trata-se da má-fé; da intenção deliberada de
prejudicar, com a consciência de que de seu ato advirão prejuízos a uma terceira
pessoa (que é o credor).
Observação. Em regra, para a configuração da fraude contra credores é necessária
a prova dos dois elementos (objetivo e subjetivo). Porém o art. 159, CC prevê
duas situações onde há presunção relativa (juris tantum – que admite prova em
contrário) da má-fé do terceiro adquirente: 1) quando for notória a insolvência do
devedor; 2) quando o terceiro adquirente tinha motivos para conhecer a má situação
financeira do devedor. Ex.: estou devendo determinada importância e não desejo
pagá-la. Tenho bens para saldar a dívida. Começo, então, a “doar” esses bens. Basta
a prática de um ato de liberalidade em estado de insolvência, para se presumir a
fraude, não se exigindo a prova do consilium fraudis (má-fé), pois ela está implícita.

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1.1. Ação Pauliana: os atos eivados de fraude contra credores são anuláveis
através de ação própria, chamada de pauliana. Deve ser proposta pelos credores
(e que já o eram ao tempo da alienação fraudulenta) contra o devedor insolvente
e também contra a pessoa que celebrou negócio jurídico com o fraudador ou
contra terceiros adquirentes que hajam procedido de má fé. A consequência é a
anulabilidade (arts. 171, II, CC); prazo decadencial de 04 (quatro) anos
(art. 178, II, CC). Não confundir com fraude à execução, que é um incidente
do processo civil, quando o ato fraudulento é praticado quando já está em
andamento uma ação (nesse caso o ato é considerado ineficaz).
2. SIMULAÇÃO (art. 167, CC). É a declaração enganosa da vontade, visando obter
resultado diverso do que aparece, com o fim de criar uma aparência de direito, para
iludir terceiros ou burlar a lei. O atual Código Civil não trata mais a simulação
como um defeito social, pois a situou no Capítulo V, referente à invalidade do
negócio jurídico. Além disso, determina que a simulação é hipótese de nulidade do
ato. Na simulação há um desacordo entre a vontade declarada e a vontade interna
e não manifestada. As partes fingem, criando uma aparência, uma ilusão externa,
que oculta a real intenção dos contratantes. Na simulação as duas partes
contratantes estão combinadas para enganar terceiros.
2.1. Simulação Absoluta: as partes não pretendem celebrar negócio algum;
elas apenas fingem, para criar uma aparência, uma ilusão externa. Ex.: confissão
ficta de dívida com garantia real perante um amigo para esquivar-se de execução
de credores quirografários.
2.2. Simulação Relativa: sob a aparência de um negócio, realiza-se outro. Há
dois negócios: a) simulado: é o aparente, destinado a enganar (é nulo); b)
dissimulado: é o que está oculto, mas representa a real intenção do agente
(dependendo da situação este pode subsistir se for válido na substância e forma,
ou seja, se não ofendeu a lei e nem prejudicou interesses de terceiros). Ex.:
homem casado que, para contornar a proibição legal de doação à amante, simula
venda a um terceiro, para que este transmita o bem à amante posteriormente.
2.3. Resumo: Simulação absoluta → negócio jurídico nulo. Simulação relativa
→ negócio simulado nulo e negócio dissimulado válido, se respeitar a forma e a
substância.
2.4. O atual Código não reconhece a simulação inocente (a que não objetiva
violar a lei ou prejudicar terceiros). Enunciado 152: “Toda simulação, inclusive a
inocente, é invalidante”.
XI. PRAZO
É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio
jurídico, contados (arts. 171, II e 178, I e II, ambos do CC): a) no caso de coação,
do dia em que ela cessar; b) no erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo
ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; c) nos atos de incapazes, do
dia em que cessar a incapacidade.

XII. INVALIDADE (INEFICÁCIA) DO NEGÓCIO JURÍDICO


A expressão “invalidade” abrange a nulidade e anulabilidade e, para alguns autores,
também a inexistência do negócio jurídico.
1. Ato Inexistente: quanto falta algum elemento estrutural do negócio; é inidôneo
à produção de quaisquer efeitos jurídicos.
2. Nulidade: sanção imposta pela lei, determinando a privação de efeitos jurídicos
do negócio, praticado em desobediência ao que ela prescreve. Espécies:

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2.1. Nulidade Absoluta (arts. 166/170, CC): o ato é nulo, não produzindo
qualquer efeito, por ofender gravemente princípios de ordem pública (efeito erga
omnes). Pode ser alegada por qualquer das partes, Ministério Público, sendo que o
Juiz deve declará-la de ofício, não podendo supri-la, ainda que a requerimento das
partes. Não é suscetível de confirmação e nem se convalesce pelo decurso de tempo
(imprescritível). Efeito ex tunc (a decisão retroage desde a prática do ato, como
se ele não tivesse sido praticado). Conversão do ato nulo (art. 170, CC): teoria
da conservação do negócio → o negócio não pode prevalecer da forma como
pretendida inicialmente (é nulo), mas como seus elementos são idôneos para
caracterizar outro negócio, admite-se a transformação, desde que não haja
proibição expressa.
2.2. Nulidade Relativa (arts. 171/179, CC): o ato é anulável. Enquanto não for
declarado como tal pelo Juiz, produz efeitos normalmente. Matéria de ordem
privada (efeito inter partes). O Juiz não pode pronunciá-la de ofício (somente os
interessados podem requerê-la). Aproveita somente aos que alegaram (salvo se
houver solidariedade ou indivisibilidade). Pode ser confirmado pelas partes, de
forma expressa ou tácita. Convalesce pelo decurso de tempo (prescrição e
decadência). Efeito ex nunc (os efeitos da anulação se operam a partir de sua
declaração; não retroagem).
Obs.: a nulidade também pode ser classificada em expressa (ou textual), quando
a lei declara nulo determinado negócio ou implícita (ou virtual), quando a lei se
utiliza de expressões como “não pode”, “não se admite”, etc.

XIII. PROVA DO NEGÓCIO JURÍDICO


1. Prova → conjunto de meios empregados para demonstrar, legalmente, a existência
de atos ou de negócios jurídicos.
2. Requisitos: a) admissível (não proibida pela lei); b) pertinente (adequada à
demonstração dos fatos em questão); c) concludente (esclarecedora dos fatos
controvertidos).
3. Princípios → a) não basta alegar; deve-se provar; b) o ônus da prova (em regra)
incumbe a quem alega o fato; c) o que se prova são os fatos (e não o direito); d)
independem de prova os fatos notórios; consideram-se verídicos os fatos incontroversos.
4. Forma Especial → quando a lei exigir forma especial (ex.: instrumento público)
para a validade do negócio, nenhuma outra prova, por mais especial que seja pode suprir-
lhe a falta (art. 107, CC).
5. Espécies → O art. 212, CC enumera as provas de forma exemplificativa:
confissão; documentos; testemunhas; presunções e perícia. Não há hierarquia entre os
meios de prova. Espécies:
5.1. Confissão: não tem eficácia a confissão se provém de quem não é capaz de
dispor do direito a que se referem os fatos confessados. A confissão é irrevogável, mas
pode ser anulada se decorreu de erro de fato ou de coação.
5.2. Documentos públicos ou particulares: a escritura pública, lavrada em
tabelião de notas, é documento de fé pública, fazendo prova plena. A prova por
instrumento partícula pode suprir-se de outras de caráter geral.
5.3. Testemunhas: art. 442 CPC/2015: a prova testemunhal é sempre
admissível, não dispondo a lei de modo diverso. Nesse sentido, estabelece o
parágrafo único do art. 227, CC que: “qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a
prova testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar da prova por
escrito”. Não podem ser admitidas como testemunhas as pessoas arroladas no art. 228,

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CC. Pessoas com deficiência poderão testemunhar em igualdade de condições. Há casos
em que a testemunha não é obrigada a depor (art. 448, CPC/2015).
5.4. Presunções. a) absoluta: juris et de jure (não admite prova em contrário);
b) relativa: juris tantum (admite prova em contrário); c) simples ou hominis: baseia-
se na experiência de vida, ficando a critério do Juiz (art. 375, CPC/2015).
5.5 Perícias: exames, vistorias, inspeção judicial, etc.
6. Observações: aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não
poderá aproveitar-se de sua recusa (art. 231, CC). A recusa à perícia médica ordenada
pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame (art. 232, CC).

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

Para a elaboração desta aula foram consultadas as seguintes obras:

DINIZ, Maria Helena – Curso de Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.


FARIAS, Cristiano Chaves de e ROSENVALD, Nelson – Curso de Direito Civil. Editora
JusPODIVM.
GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA, Rodolfo Filho – Novo Curso de Direito Civil.
Editora Saraiva.
GOMES, Orlando – Direito Civil. Editora Forense.
GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.
MAXIMILIANO, Carlos – Hermenêutica e Aplicação do Direito. Editora Freitas Bastos.
MONTEIRO, Washington de Barros – Curso de Direito Civil. Editora Saraiva.
NERY, Nelson Jr. e Rosa Maria de Andrade – Código Civil Comentado. Editora Revista
dos Tribunais.
PEREIRA, Caio Mário da Silva – Instituições de Direito Civil. Editora Forense.
RODRIGUES, Silvio – Direito Civil. Editora Saraiva.
SERPA LOPES, Miguel Maria de – Curso de Direito Civil. Editora Freitas Bastos.
SILVA, De Plácido e – Vocabulário Jurídico. Editora Forense.
VENOSA, Silvio de Salvo – Direito Civil. Editora Atlas.

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Exercícios Comentados Específicos da Banca


Fundação Getúlio Vargas

01) (FGV – PGE/RO – Analista da Procuradoria – 2015) Celina é credora


quirografária de Márcia de um montante de R$ 50.000,00. Celina ingressou com
Ação Revocatória para ver anulado ato praticado por Márcia que a levou à
insolvência, qual seja, a transmissão gratuita por meio de contrato de doação para
sua filha Elisa de uma propriedade imóvel avaliada em R$ 100.000,00. Sobre os
fatos narrados, é correto afirmar que:
(A) o caso traz hipótese de fraude à execução, que constitui defeito do negócio
jurídico, por vício de consentimento, gerando a sua anulação;
(B) o caso traz hipótese de fraude contra credores, que constitui defeito do
negócio jurídico, por vício social, gerando a sua nulidade;
(C) a procedência da ação revocatória implica a anulação da doação, sendo que
esta aproveitará a Celina e aos demais credores de Márcia;
(D) a procedência da ação revocatória implica a anulação da doação, sendo que
esta aproveitará somente a Celina e não aos demais credores de Márcia;
(E) Celina tem o prazo prescricional de dois anos para pleitear a anulação do
negócio jurídico de doação, contado do dia em que tomar conhecimento da
realização do negócio.
COMENTÁRIOS. Se Celina ingressou com ação revocatória (ou pauliana) contra
Márcia, é sinal que houve uma fraude contra credores. Esta ação funda-se no
direito que assiste aos credores de revogarem ou anularem os atos praticados por
seu devedor em prejuízo de seu crédito. De fato, o art. 158, CC estabelece que
“Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar
o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore,
poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus
direitos”. Completa o art. 165, CC no sentido de que “Anulados os negócios
fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que
se tenha de efetuar o concurso de credores”. Trata-se de um prazo decadencial
de quatro anos. Art. 178, CC: É de quatro anos o prazo de decadência para
pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I. no caso de coação, do dia
em que ela cessar; II. no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo
ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico. Gabarito: “C”.

02) (FGV – Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro – Estágio


Forense – 2014) O ato jurídico será considerado anulável:
(A) quando for praticado por pessoa absolutamente incapaz;
(B) quando o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;

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(C) quando praticado mediante simulação;
(D) por erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores;
(E) quando não revestir a forma prescrita em lei.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 171, CC, “Além dos casos expressamente
declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I. por incapacidade relativa do
agente; II. por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou
fraude contra credores”. As demais alternativas são hipótese de ato jurídico nulo.
Gabarito: “D”.

03) (FGV – MPE/MS – Analista – Direito – 2013) Pedro, insolvente notório,


sabendo que não terá condições de arcar com o pagamento de todas as
suas dívidas, resolve vender todos os seus bens com o objetivo de causar
prejuízos aos seus credores, impossibilitando-os de receber os
respectivos créditos. Considerando o contexto fático apresentado,
assinale o instituto jurídico que se amolda à hipótese.
(A) lesão.
(B) dolo.
(C) estado de perigo.
(D) fraude contra credores.
(E) simulação.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 158, CC, que trata da fraude contra credores, os
negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o
devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore,
poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus
direitos. Completa o art. 159, CC no sentido de que serão igualmente anuláveis
os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou
houver motivo para ser conhecida do outro contratante. Note-se que como no caso
concreto o negócio é oneroso (compra e venda), é necessária a presença dos dois
elementos: a) objetivo (eventus damni), que é o prejuízo causado aos credores;
b) subjetivo (consilium fraudis), que é a má-fé, a intenção deliberada de
prejudicar. Se a transmissão fosse gratuita (doação), bastaria a presença do
elemento objetivo, não sendo necessária a prova do consilium fraudis, pois a
simples prática do ato de liberalidade já implica na presunção da má-fé. Gabarito:
“D”.

04) (FGV – Assembleia Legislativa do Maranhão – Técnico de Gestão


Administrativa – Advogado – 2013) A respeito da validade dos negócios
jurídicos, analise as afirmativas a seguir.
I. A nulidade pode ser alegada por qualquer interessado, ou pelo Ministério
Público, quando lhe couber intervir e pode ser pronunciada de ofício pelo Juiz.
II. A anulabilidade somente pode ser alegada pelos interessados e aproveita,
sem exceções, apenas aos que a alegarem.
III. É nulo o negócio jurídico quando não revestir a forma prescrita em lei e a
validade da declaração da vontade é, em regra, livre de forma especial.

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Assinale:
(A) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(C) se somente a afirmativa II estiver correta.
(D) se somente a afirmativa III estiver correta.
(E) se somente a afirmativa I estiver correta.
COMENTÁRIOS. A afirmativa I está correta nos termos do art. 168 e seu
parágrafo único, CC: As nulidades dos artigos antecedentes (nulidades absolutas)
podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando
lhe couber intervir. Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo
juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar
provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes.
A assertiva II está errada, pois dispõe o art. 177, CC: A anulabilidade não tem
efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os
interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem,
salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade. A afirmação III está correta.
Inicialmente porque o art. 166, IV, CC determina que é nulo o negócio jurídico
quando (...) não revestir a forma prescrita em lei. Além disso, prescreve o art.
107, CC: A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial,
senão quando a lei expressamente a exigir. Gabarito “A” (estão corretas as
afirmações I e III).

05) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2013) João, credor quirografário


de Marcos em R$ 150.000,00, ingressou com ação pauliana, com a
finalidade de anular ato praticado por Marcos, que o reduziu à insolvência.
João alega que Marcos transmitiu gratuitamente para seu filho, por
contrato de doação, propriedade rural avaliada em R$ 200.000,00.
Considerando a hipótese acima, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) caso o pedido da ação pauliana seja julgado procedente e seja anulado o
contrato de doação, o benefício da anulação aproveitará somente a João, cabendo
aos demais credores, caso existam, ingressarem com ação individual própria.
(B) o caso narrado traz hipótese de fraude de execução, que constitui defeito no
negócio jurídico por vício de consentimento.
(C) na hipótese de João receber de Marcos, já insolvente, o pagamento da dívida
ainda não vencida, ficará João obrigado a repor, em proveito do acervo sobre
que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.
(D) João tem o prazo prescricional de dois anos para pleitear a anulação do
negócio jurídico fraudulento, contado do dia em que tomar conhecimento da
doação feita por Marcos.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois havendo outros credores eles não
necessitam ingressar cada qual com uma ação individual própria. Nos termos do
art. 165, CC, anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá
em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores. A
letra “b” está errada, pois o caso concreto traz hipótese de fraude contra credores

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(e não fraude à execução), nos termos do art. 158, CC. A letra “c” está correta
nos exatos termos do art. 162, CC. A letra “d” está errada, pois no caso trata-se
de um prazo decadencial (e não prescricional) de quatro anos (e não dois anos),
nos termos do art. 178, II, CC. Gabarito: “C”.

06) (FGV – Advogado do Banco de Santa Catarina – BESC – 2012)


Denominam-se vícios do consentimento:
(A) erro, simulação e fraude.
(B) dolo, simulação e coação.
(C) fraude, coação e dolo.
(D) erro, dolo e coação.
(E) erro, dolo e simulação.
COMENTÁRIOS. A doutrina costuma classificar os defeitos do negócio jurídicos
em duas espécies: a) vícios de consentimento (erro, dolo, coação, estado de
perigo e lesão); b) vícios sociais (fraude contra credores). A simulação também é
considerada por parte da doutrina como um vício social, uma vez que objetiva
iludir terceiros. Porém o atual Código resolveu discipliná-la em outro capítulo,
referente à invalidade do negócio jurídico (e não no capítulo referente aos defeitos
do negócio). Gabarito: “D”.

07) (FGV – TCE/BA – Analista de Controle Externo – 2013) A respeito dos


defeitos do negócio jurídico, analise as afirmativas a seguir
I. O erro é considerado substancial quando, sendo de direito e não implicando
recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
II. A coação consiste na ameaça do exercício normal de um direito, assim como
o simples temor reverencial.
III. A lesão é configurada quando uma pessoa, sob premente necessidade ou
por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao
valor da prestação oposta.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa III estiver correta.
(C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
COMENTÁRIOS. A assertiva I está correta. Segundo o art. 139, CC: "O erro é
substancial quando: I. interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da
declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; II. concerne à identidade
ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade,
desde que tenha influído nesta de modo relevante; III. sendo de direito e não
implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio
jurídico". A afirmativa II está errada. Segundo o art. 153, CC: "Não se considera
coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor
reverencial". O item III está correto. Dispõe o art. 157, CC: "Ocorre a lesão

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quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga
a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta".
Gabarito: “C” (somente as afirmações I e III estão corretas).

08) (FGV – Delegado de Polícia do Estado do Maranhão – 2012) A respeito


do plano de validade dos negócios jurídicos, assinale a afirmativa
CORRETA.
(A) a nulidade de um negócio jurídico decorrente de fraude de lei imperativa pode
ser alegada pelo Ministério Público quando lhe couber intervir.
(B) as hipóteses de anulabilidade devem ser pronunciadas pelo juiz, quando
conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, sendo-
lhe permitido supri-las.
(C) o negócio jurídico nulo convalesce pelo decurso do tempo por razões de
segurança jurídica.
(D) o erro, o dolo e a coação são as únicas hipóteses de anulabilidade do negócio
jurídico previstas pelo Código Civil.
(E) é anulável um negócio jurídico que não revestir a forma prescrita em lei.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta, pois dispõe o art. 166, IV, CC que é nulo
o negócio jurídico quando tiver por objetivo fraudar lei imperativa. Completa o art.
168, CC que tal nulidade podem ser alegada por qualquer interessado, ou pelo
Ministério Público, quando lhe couber intervir. A letra “b” está errada, pois segundo
o parágrafo único, do art. 168, CC as nulidades absolutas devem ser pronunciadas
pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar
provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes.
A letra “c” está errada, pois é o negócio anulável que se convalesce pelo decurso
de tempo; segundo o art. 169, CC, o negócio jurídico nulo não é suscetível de
confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. A letra “d” está errada, pois
a lesão, o estado de perigo e a fraude contra credores também são hipóteses
prevista no Código Civil sobre anulabilidade do negócio jurídico. Finalmente a letra
“e” está errada, pois se o negócio não revestir a forma prescrita em lei será
considerado nulo (art. 166, IV, CC). Gabarito: “A”.

09) (FGV – Advogado do Senado Federal – 2008) Solange de Paula move


ação anulatória em face do Hospital das Clínicas. Ocorre que, necessitando
internar seu marido, não encontrou vaga no SUS, logrando êxito em conseguir a
internação em hospital da rede privada, não integrante da rede SUS. O hospital
exigiu o depósito de R$ 3,5 mil para a internação e mais R$ 360,00 para exames.
Entregues os cheques, após o atendimento, Carmem ingressou em juízo para
anular o negócio jurídico. Assinale o melhor fundamento para sua pretensão.
(A) onerosidade excessiva.
(B) lesão.
(C) estado de perigo.
(D) enriquecimento sem causa.
(E) venire contra factum proprium.

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COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois se refere não de um vício do negócio
jurídico, mas sim da onerosidade excessiva prevista no art. 478, CC, que trata da
“teoria da imprevisão”, que está relacionada com a ocorrência de um fato
superveniente e extraordinário que traga vantagem excessiva para uma das
partes e prejuízo excessivo para a outra, podendo o contrato ser rescindido. A
letra “b” está errada, pois a lesão (art. 157, CC) ocorre quando uma pessoa, em
premente necessidade ou por inexperiência, se obriga a prestação
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. A letra “c” está
certa. A questão retrata um bom exemplo do estado de perigo (art. 156, CC) que
ocorre quando alguém premida da necessidade de salvar-se ou a pessoa de sua
família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação
excessivamente onerosa. A letra “d” está errada, pois o enriquecimento sem causa
(art. 884, CC) é o acréscimo de bens que se verifica no patrimônio de um sujeito,
em detrimento de outrem, sem que para isso haja uma explicação plausível.
Finalmente a letra “e” também está errada. A expressão venire contra factum
proprium encontra respaldo nas situações em que uma pessoa, por certo período
de tempo, comporta-se de determinada maneira, gerando expectativas em outra
de que seu comportamento permanecerá inalterado. No entanto após um lapso
temporal ela simplesmente altera seu comportamento inicial, gerando, com isso,
a quebra da boa-fé objetiva (confiança). Esse tema já vem sendo aplicado por
nossos Tribunais. Em um caso concreto constatou-se que uma empresa
administradora de cartão de crédito mantinha a prática de aceitar o pagamento
de valores atrasados, mas, repentinamente, alegou a rescisão contratual com base
em cláusula contratual que previa a extinção do contrato em caso de
inadimplemento. O TJ/SP mitigou a força obrigatória dessa cláusula, ao apontar
que a extinção do negócio jurídico não seria possível. De maneira indireta, acabou
por aplicar o princípio da conservação do contrato, que mantém relação com a
função social dos negócios jurídicos patrimoniais. Vejamos a ementa do julgado:
Dano moral. Responsabilidade civil. Negativação no Serasa e constrangimento pela recusa
do cartão de crédito, cancelado pela ré. Caracterização. Boa-fé objetiva. Venire contra
factum proprium. Administradora que aceitava pagamento das faturas com atraso.
Cobrança dos encargos da mora. Ocorrência. Repentinamente invoca cláusula contratual
para considerar o contrato rescindido, a conta encerrada e o débito vencido
antecipadamente. Simultaneamente providencia a inclusão do nome do titular no Serasa.
Inadmissibilidade. Inversão do comportamento anteriormente adotado e exercício
abusivo da posição jurídica. Recurso improvido (Tribunal de Justiça de São Paulo, Ap.
Cível n. 174.305-4/2-00, 3ª Câmara de Direito Privado A, Relator: Enéas Costa Garcia, J.
16.12.05, V. U., Voto n. 309). Neste sentido, também estabelece o Enunciado 362
da IV Jornada de Direito Civil do CJF: “Art. 422. A vedação ao comportamento
contraditório (venire contra factum proprium) funda-se na proteção da confiança,
tal como se extrai dos arts. 187 e 422 do Código Civil”. Gabarito: “C”.

10) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado de Mato Grosso do Sul – 2006)


Com a intenção deliberada de prejudicar outrem, pós-data-se o
instrumento de negócio jurídico. Aponte o vício ligado a esse
procedimento.
(A) dolo acidental.
(B) erro substancial.

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(C) simulação.
(D) erro acidental.
(E) fraude.
COMENTÁRIOS. Pós-datar é datar um documento em tempo posterior àquele em
que ele realmente foi elaborado. Ou seja, o documento é feito numa data, mas
nele consta uma data posterior, para que somente nesta última venha a ser
exigido. Os dicionários jurídicos costumam dar como sinônimas as expressões pré-
datar e pós-datar. Se esta prática (bem como a de antedatar o documento) tiver
objetivo de prejudicar direito de outrem, é caso de simulação e, portanto, nulidade
absoluta do negócio. Confiram o art. 167, III, CC. Lembrando que simular é fingir,
mascarar, camuflar, esconder a realidade. Juridicamente, é a prática de ato ou
negócio que esconde a real intenção. A intenção dos simuladores é encoberta
mediante disfarce, parecendo externamente negócio que não é espelhado pela
vontade dos contraentes. Gabarito: “C”.

11) (FGV – Agente Tributário Estadual/MS – 2006) A emissão de título de


crédito visando a encobrir ato ilegal configura:
(A) simulação relativa subjetiva.
(B) simulação relativa objetiva.
(C) simulação absoluta.
(D) dolo.
(E) erro.
COMENTÁRIOS. Como se trata da emissão de um título visando encobrir,
esconder outro ato, trata-se da simulação (excluem-se as letras “d” e “e”). Na
simulação absoluta não há intenção de realizar negócio jurídico algum. Já na
relativa (é esta a situação) as partes pretendem realizar um negócio. Mas como é
proibido pela lei ou prejudica interesses de terceiros, para encobri-lo praticam
outro negócio. Portanto exclui-se a letra “c”. Na simulação subjetiva a parte
contratante não é o indivíduo que tira proveito do negócio, pois é apenas um
sujeito aparente (não foi isso o que ocorreu na questão). A simulação objetiva diz
respeito à natureza do negócio pretendido, ao objeto ou a um dos elementos
contratuais; o ato contém uma declaração, confissão ou cláusula não verdadeira.
Sintetizando: simulação relativa objetiva. Gabarito: “B”.

12) (FGV – TJ/GO – Analista Judiciário – 2014) Vanildo, ciente de que seu
veículo apresentava sério problema no motor, que se manifestaria a
qualquer momento, cujo conserto seria quase o valor do carro, colocou-o
a venda. Eduardo, tomando conhecimento de que o carro seria vendido,
procurou Vanildo, que disponibilizou totalmente o automóvel para que
Eduardo o experimentasse e o analisasse. Por fim, Eduardo realizou a
compra, mantendo-se Vanildo em silêncio quanto ao problema no motor.
É correto afirmar que esse negócio jurídico é:
(A) inexistente.
(B) nulo de pleno direito.
(C) ineficaz.

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(D) anulável.
(E) perfeitamente válido.
COMENTÁRIOS. No caso da questão ocorreu o chamado dolo negativo, pois ficou
caracterizado o silêncio intencional de Vanildo a respeito do vício que o carro
continha, ainda que tenha deixado Eduardo experimentar o carro. De se observar
que o defeito era oculto (motor) e que o valor do conserto “seria quase o valor do
carro”. Prevê o art. 147, CC: “Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio
intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte
haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio
não se teria celebrado”. O vício de dolo é anulável, conforme o art. 171, CC: Além
dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: (...) II.
por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra
credores. Gabarito: “D”.

13) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2012) Em relação aos defeitos dos
negócios jurídicos, assinale a afirmativa INCORRETA.
(A) a emissão de vontade livre e consciente, que corresponda efetivamente ao
que almeja o agente, é requisito de validade dos negócios jurídicos.
(B) o erro acidental é o que recai sobre características secundárias do objeto,
não sendo passível de levar à anulação do negócio.
(C) a simulação é causa de anulação do negócio, e só poderá ocorrer se a parte
prejudicada demonstrar cabalmente ter sido prejudicada por essa prática.
(D) o objetivo da ação pauliana é anular o negócio praticado em fraude contra
credores.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta. Segundo o art. 104, CC, a validade do
negócio jurídico requer: agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou
determinável e forma prescrita ou não defesa em lei. A doutrina ainda acrescenta
a vontade como requisito de validade dos negócios jurídicos. Esta vontade deve
ser livre e consciente. Podemos dizer que um ato é válido (quanto ao
consentimento) quando eu faço exatamente aquilo que eu queria fazer, desejando
seus efeitos, sem que esta conduta prejudique terceiros. Assim, se eu fiz algo que
não queria ou fiz algo que eu queria, mas prejudiquei interesses de terceiros,
surgem os chamados defeitos relativos à vontade. A letra “b” está correta. De
fato, o erro acidental é aquele concernente às qualidades secundárias ou
acessórias da pessoa ou do objeto. Ocorrendo esta espécie de erro, o negócio
jurídico não será anulado. O ato continua válido, produzindo efeitos, porque o
defeito não incide sobre a declaração de vontade. Mesmo sabendo do defeito, a
pessoa teria realizado aquele negócio. Observem que o art. 138, CC estabelece
que são anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade
emanarem de erro substancial (e não acidental) que poderia ser percebido por
pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. A letra “c”
está errada, principalmente porque a simulação, nos termos do art. 167, CC, é
causa de nulidade (e não anulação) do negócio. A letra “d” está certa. Os atos
praticados contra credores são anuláveis através de ação própria, chamada de
pauliana. O principal efeito da ação é “revogar” o negócio lesivo aos interesses

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dos credores (daí ser chamada também de revocatória), repondo o bem no acervo
sobre o qual se efetuará o concurso de credores. Gabarito: “C”.

14) (FGV – TJ/PA – Juiz de Direito – 2008) Assinale a alternativa


CORRETA.
(A) no apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a
saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que
possam influir na gravidade dela.
(B) o simples temor reverencial é capaz de caracterizar uma das modalidades de
coação.
(C) a insolvência notória não é motivo para tornar anuláveis os contratos
onerosos do devedor insolvente.
(D) é nulo o negócio jurídico simulado, não subsistindo o que se dissimulou, ainda
que válido na substância e na forma.
(E) é de 05 (cinco) anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do
negócio jurídico.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta, nos exatos termos do art. 152, CC. A
letra “b” está errada, pois estabelece o art. 153, CC que não se considera coação
a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial. A
letra “c” está errada, pois a notória insolvência é, sim, motivo para anular os
contratos, tratando-se de hipótese de fraude contra credores, nos termos do art.
159, CC. A letra “d” está errada, pois o correto, nos termos do art. 167, CC seria
afirmar que é nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá, o que se
dissimulou, se válido for na substância e na forma. Finalmente a letra “e” está
errada, pois, em regra, o prazo para se pleitear a anulação do negócio jurídico é
de quatro anos (art. 178, CC). Gabarito: “A”.

15) (FGV – TJ/AM – Juiz de Direito – 2013) João, premido pela necessidade
de conseguir dinheiro para purgar a mora referente a alugueis e encargos da casa
em que reside e evitar o despejo, vendeu uma joia de família a Ricardo, por
R$5.000,00, embora o seu preço de mercado seja de aproximadamente
R$50.000,00. Posteriormente, não conseguindo desfazer amigavelmente o
negócio realizado, propõe ação para anular a venda da joia. De acordo com as
informações apresentadas, assinale a alternativa que indica, em tese, o
defeito do negócio jurídico.
(A) lesão.
(B) dolo.
(C) coação.
(D) estado de perigo.
(E) erro.
COMENTÁRIOS. No caso concreto ocorreu a lesão. O dispositivo que embasa a
resposta é o art. 157, CC: Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente
necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente
desproporcional ao valor da prestação oposta. §1° Aprecia-se a desproporção das
prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio

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jurídico. §2° Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento
suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. Nesse
caso o negócio jurídico é anulável (art. 171, II, CC). Gabarito: “A”.

16) (FGV – TJ/AM – Juiz de Direito – 2013) Em relação aos negócios


jurídicos realizados na vigência do Código Civil de 2002, assinale a
afirmativa CORRETA.
(A) é anulável o negócio jurídico simulado.
(B) é nulo o negócio jurídico realizado por menor relativamente incapaz.
(C) é anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros
descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
(D) é nulo o negócio jurídico realizado em estado de perigo.
(E) é inadmissível, no direito brasileiro, a conversão de negócios jurídicos nulos.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois estabelece o art. 167, CC que é nulo
o negócio jurídico simulado. A letra “b” está errada, pois dispõe o art. 171, I, CC
prevê que é anulável o negócio jurídico praticado por incapacidade relativa do
agente. Por outro lado prescreve o art. 166, I, CC que é nulo o negócio jurídico
quando celebrado por pessoa absolutamente incapaz. A letra “c” está correta nos
exatos termos do art. 496, CC. A letra “d” está errada, pois estabelece o art. 171,
II, CC: Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio
jurídico (...) por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou
fraude contra credores. A letra “e” está errada, pois o art. 170, CC admite a
conversão do negócio jurídico nulo: “Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver
os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes
permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade”.
Gabarito: “C”.

17) (FGV – ADVOGADO – SENADO FEDERAL – 2008) Na sistemática do


novo Código Civil, se o erro é escusável, o negócio:
(A) prevalecerá.
(B) será declarado nulo.
(C) poderá ser anulado.
(D) será tido por inexistente.
(E) fica sujeito à ratificação.
COMENTÁRIOS. Erro é a falsa noção sobre um objeto ou de determinada pessoa.
Para acarretar a anulação do negócio jurídico, o erro deve ser substancial,
escusável e real. Substancial é aquele de tamanha importância que, se fosse
conhecida a verdade, o negócio não seria realizado. Ou seja, funciona como razão
determinante para a realização do negócio jurídico (de forma diferente é o erro
acidental, onde mesmo que fosse conhecida a verdade, ainda assim o ato negocial
se realizaria, embora de maneira menos onerosa, não sendo causa de anulação).
Escusável (ou justificável) é aquele que, em face das circunstâncias do negócio,
não poderia ser percebido por pessoa de diligência normal ou atenção ordinária.
Ou seja, o “homem médio” teria praticado, sendo o negócio anulável. Também é
chamado de erro invencível ou insuperável. Real é o erro que recai sobre o
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objeto (o bem) do negócio jurídico e não simplesmente sobre o nome ou
qualificações da pessoa. Além disso, deve provocar um efetivo prejuízo para o
interessado. Sintetizando: se o erro é escusável o negócio pode ser anulado.
Gabarito: “C”.

18) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2008) Quando


a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para
pleitear-se a anulação, será esta de:
(A) 1 ano.
(B) 5 anos.
(C) 3 anos.
(D) 2 anos.
(E) 4 anos.
COMENTÁRIOS. Trata-se do texto literal do art. 179, CC: o prazo é de dois anos,
a contar da data da conclusão do ato. Gabarito: “D”.

19) (FGV – Advogado do Senado Federal – 2008) Em relação à fraude,


avalie as afirmativas a seguir, atribuindo V para verdadeiro e F para falso.
( ) A fraude contra credores representa a frustração do direito potestativo do
credor em receber o que lhe é devido.
( ) O animus de prejudicar não é elemento constitutivo da fraude contra
credores.
( ) Para que a fraude à execução possa ser reconhecida é indispensável haver
uma lide proposta.
( ) Para o reconhecimento da fraude contra credores é necessário propor a ação
pauliana.
( ) A fraude à execução tem como consequência a anulabilidade do ato
fraudulento.
Assinale a sequência correta de cima para baixo.
(A) V – F – V – F – V
(B) F – F – V – V – F
(C) F – V – V – F – F
(D) F – V – F – V – F
(E) V – V – F – V – F
COMENTÁRIOS. A primeira afirmativa, embora bem teórica, é Falsa, pois a
fraude contra credores representa a frustração de um direito subjetivo (e não de
um direito potestativo). Reveja a diferença na aula sobre prescrição e decadência.
A segunda afirmativa é Falsa. Para a caracterização da fraude contra credores é
necessária a presença de dois elementos: a) objetivo (eventus damni), ou seja, o
prejuízo efetivamente causado pelo devedor; b) subjetivo (consilium fraudis) que
é a intenção deliberada (animus) de prejudicar. De fato, o animus de prejudicar
não é elemento essencial para a caracterização da fraude nos negócios a título
gratuito, como a doação de bens, remissão (perdão) de dívidas, renúncia de
herança ou usufruto, etc. Basta a prática de um desses atos, colocando o devedor

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em situação de insolvência, para se presumir a fraude. No entanto, nos negócios
onerosos (compra e venda), o elemento subjetivo é indispensável para que se
configure a fraude contra credores. A terceira afirmação é Verdadeira. A fraude à
execução (ou de execução) é um incidente do Processo Civil (art. 792, CPC/2015)
em que ao tempo da prática do ato (alienação de bens de forma fraudulenta), já
corria contra o devedor ação judicial capaz de reduzi-lo à insolvência. A quarta
afirmação também é Verdadeira, como vimos na resposta anterior. Finalmente a
afirmação última afirmação é Falsa, pois enquanto na fraude contra credores
deve-se mover a ação pauliana, visando a anulação do ato, na fraude à execução
basta a parte lesada elaborar um pedido incidental na ação proposta para que o
juiz declare o ato ineficaz. Gabarito: “B”.

20) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2010) Com


relação à validade dos negócios jurídicos, analise as afirmativas a seguir.
I. Quando a lei dispõe que determinado negócio jurídico é anulável, sem
estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, este prazo será de dois anos, a
contar da data da conclusão do ato.
II. Quando a lei proíbe a prática de um negócio jurídico sem, no entanto,
cominar sanção, o negócio jurídico será nulo.
III. O prazo para pleitear-se a anulação de negócio jurídico no caso de erro,
dolo, coação, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão é contado do
dia em que se realizou o negócio jurídico.
Assinale:
(A) se todas as afirmativas estiverem corretas.
(B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se somente a afirmativa III estiver correta.
COMENTÁRIOS. A afirmativa I está correta nos termos do art. 179, CC. A
assertiva II está correta nos termos do art. 166, VII, CC: É nulo o negócio jurídico
quando: (...) a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem
cominar sanção. Finalmente o item III está errado, pois embora o prazo para
pleitear-se a anulação de negócio jurídico no caso de erro, dolo, fraude contra
credores, estado de perigo ou lesão é contado do dia em que se realizou o negócio
jurídico (art. 178, II, CC), na coação o prazo é contado de forma diferente (conta-
se a partir do dia em que a coação cessar), nos termos do art. 178, I, CC.
Gabarito: “B”.

21) (FGV – Advogado da Fundação Pro-Sangue Hemocentro/SP – 2013)


Com relação ao negócio jurídico, analise as afirmativas a seguir.
I. Quando a lei proibir a prática de determinado negócio, sem cominar sanção,
este deve ser considerado nulo.
II. As nulidades absolutas podem ser alegadas somente pelos interessados.
III. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do
negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas.

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Assinale:
(A) se somente a afirmativa III estiver correta.
(B) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(C) se somente a afirmativa II estiver correta.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se somente a afirmativa I estiver correta.
COMENTÁRIOS. O item I está correto, pois prevê o art. 166, VIII, CC: “É nulo o
negócio jurídico quando: (...) a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a
prática, sem cominar sanção”. O item II está errado, pois nos termos do art. 168,
caput, CC, as nulidades absolutas (referidas nos arts. 166 e 167, CC) podem ser
alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber
intervir. O item III está correto, nos exatos termos do parágrafo único do art.
168, CC. Gabarito: “B” (somente as afirmativas I e III estão corretas).

22) (FGV – Ministério Público do Estado do Amazonas – 2012) Analise as


afirmativas a seguir. Todo ato jurídico será considerado nulo de pleno
direito:
I. Quando for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para
a sua validade.
II. Quando for praticado com vício resultante de erro, dolo, coação e fraude
contra credores.
III. Quando praticado por pessoa relativamente incapaz.
IV. Quando o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito.
Assinale
(A) se nenhuma afirmativa estiver correta.
(B) se somente a afirmativa I estiver correta.
(C) se somente a afirmativa IV estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e IV estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
COMENTÁRIOS. A expressão “nulo de pleno direito” significa nulidade absoluta,
cujas hipóteses estão previstas do art. 166, CC. A afirmativa I está correta nos
termos do art. 166, V, CC. A assertiva II está errada, pois os vícios resultantes
de erro, dolo, coação e fraude contra credores são causas de nulidade relativa
(anulabilidade), nos termos do art. 171, II, CC. O item III está errado, pois a
prática de ato por relativamente incapaz sem ser assistido é causa de anulabilidade
do ato, nos termos do art. 171, I, CC. O item IV está correto nos termos do art.
166, III, CC. Gabarito: “D”.

23) (FGV – Advogado do Banco de Santa Catarina/BESC – 2012) Todo ato


jurídico será considerado NULO de pleno direito:
I. Quando for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para
a sua validade.
II. Quando praticado com vício resultante de erro, dolo e simulação.

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III. Quando praticado com vício resultante de coação ou fraude.
IV. Quando praticado por pessoa relativamente incapaz.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente a afirmativa IV estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
COMENTÁRIOS. A afirmativa I está correta nos termos do art. 166, V, CC. As
assertivas II e III estão erradas, pois os vícios resultantes de erro, dolo, coação
e fraude são causas de nulidade relativa (anulabilidade), nos termos do art. 171,
II, CC. Finalmente o item IV está errado, pois a prática de ato por relativamente
incapaz sem assistência é causa de anulabilidade do ato (art. 171, I, CC).
Gabarito: “A”.

24) (FGV – AL/MT – Procurador da Assembleia Legislativa do Estado de


Mato Grosso – 2013) A cláusula que, derivando exclusivamente da
vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro
e incerto, é denominada
(A) simulação.
(B) termo.
(C) lesão.
(D) condição.
(E) erro ou ignorância.
COMENTÁRIOS. Prevê o art. 121, CC: Considera-se condição a cláusula que,
derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio
jurídico a evento futuro e incerto. Gabarito: “D”.

25) (FGV – TCE/RJ – Auditor Substituto – 2015) Anos após a celebração


de uma doação sob condição suspensiva, até hoje não implementada, é
CORRETO afirmar que:
(A) o donatário tem um direito adquirido, embora esteja suspenso o seu exercício
até que a condição seja implementada;
(B) o não-implemento do fato futuro e incerto caracteriza a revogação da doação;
(C) tendo a condição sido expressa como razão determinante, a doação
considera-se inexistente;
(D) admite-se, em caráter excepcional, que a condição seja maliciosamente
levada a efeito pela parte a quem aproveita o seu implemento;
(E) enquanto a condição não se verificar, não se terá adquirido o direito a que
visa o negócio jurídico.

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AULA 05: FATOS JURÍDICOS (2ª Parte) = NEGÓCIO JURÍDICO
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COMENTÁRIOS. Segundo o art. 125, CC, “Subordinando-se a eficácia do negócio
jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá
adquirido o direito, a que ele visa”. Gabarito: “E”.

26) (FGV – Fiscal de Rendas – MS – 2006 - Adaptada) Assinale o nome do


fato jurídico em que a eficácia de negócio jurídico depende da vontade e
prática de algum ato do contraente e de um fator externo, portanto,
evento futuro e incerto
(A) condição puramente potestativa.
(B) condição resolutiva.
(C) condição meramente potestativa.
(D) encargo.
(E) termo final.
COMENTÁRIOS. A questão foi adaptada, pois na ocasião surgiu muita
controvérsia a respeito. Como o enunciado fala em evento futuro e incerto, trata-
se de uma condição (eliminam-se as letras “d” e “e”). Elimina-se também a letra
“b”, resolutiva é a condição que subordina à ineficácia do negócio jurídico a um
evento futuro e incerto. A condição puramente potestativa decorre do capricho ou
arbítrio de uma das partes, segundo um critério exclusivo de sua conveniência,
independente de qualquer fator externo, sendo proibida pelo nosso Direito.
Gabarito: “C”.

27) (FGV – Procurador do Tribunal de Contas do Município do Rio de


Janeiro – 2008) A afirmativa “Pagarei a coisa adquirida quando a
revender” representa condição:
(A) puramente potestativa.
(B) simplesmente potestativa.
(C) eventual.
(D) resolutiva.
(E) suspensiva.
COMENTÁRIOS. Como a questão conjuga a vontade de uma das partes em
querer revender a coisa adquirida, com fatores externos, ou seja, o fato de alguém
efetivamente comprá-la, trata-se de uma condição simplesmente ou meramente
potestativa. Gabarito: “B”.

28) (FGV – Procurador do Tribunal de Contas do Município do Rio de


Janeiro – 2008) A escritura pública, lavrada em tabelião, que não
contenha a assinatura no livro de notas será:
(A) nula.
(B) inexistente.
(C) anulável.
(D) incompleta.
(e) ineficaz.

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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
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COMENTÁRIOS. Segundo o art. 215, VII, CC, um dos requisitos da escritura é
que a mesma seja assinada pelas partes e pelo tabelião, encerrando o ato.
Portanto, uma escritura pública só é considera perfeita quando escrita nos livros
de notas pelo próprio tabelião, ou por serventuários legalmente autorizados, mas
em todos os casos assinada pelo tabelião (ou seu substituto legal). Basta que as
leis digam que a escritura pública deve ser feita por tabelião para que a respectiva
assinatura no livro de notas se torne indispensável. Faltando a assinatura é caso
de nulidade absoluta do documento (ato nulo), pois ele não se reveste da forma
prescrita em lei, de acordo com o art. 166, IV, CC. Gabarito: “A”.

29) (FGV – PGE/RO – Analista da Procuradoria – 2015) Catarina,


percebendo que sua mãe, Daniela, estava com algum mal súbito, levou-a ao
hospital mais próximo de sua casa. Enquanto sua mãe aguardava na sala de
espera do hospital, Catarina preenchia o formulário de atendimento. Quando
indagou ao funcionário do hospital o motivo pelo qual sua mãe ainda não havia
sido atendida por um médico, ele informou que antes seria necessário o depósito
de R$ 5 mil, a título de garantia, através de um cheque pós-datado. Apesar de
reconhecer que não possuía esse valor em conta-corrente, Catarina emitiu o
cheque de pronto para possibilitar o atendimento de emergência de sua mãe.
Sobre a situação descrita, é correto afirmar que Catarina poderá:
(A) anular o negócio jurídico por vício resultante de estado de perigo, no prazo
decadencial de quatro anos, contados da data da celebração do contrato;
(B) anular o negócio jurídico por estado de perigo, no prazo prescricional de
quatro anos, a contar da data da celebração do contrato;
(C) requerer a declaração de nulidade do negócio jurídico, por vício resultante de
coação, não convalescendo pelo decurso do tempo;
(D) requerer a declaração de nulidade do negócio jurídico, por dolo, tendo em
vista a demora no atendimento de Daniela;
(E) anular o negócio jurídico por lesão, no prazo de dois anos, a contar da data
da celebração do contrato.
COMENTÁRIOS. Trata-se de uma situação de estado de perigo. Art. 156, CC:
Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de
salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra
parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Art. 178, CC: É de quatro
anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico,
contado: (...) II. no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou
lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico. Gabarito: “A”.

30) (FGV – Companhia Docas da Bahia – CODEBA – Advogado – 2016)


Mariana está internada em hospital da rede particular de saúde em estado grave.
Rodrigo, seu pai, promete recompensa de R$ 100.000,00 à equipe médica, caso
a sua filha seja curada. Operada a cura, os médicos reivindicam o pagamento da
recompensa prometida. Assinale a opção que indica o vício que contaminou essa
manifestação de vontade.
(A) Estado de perigo.

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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
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(B) Lesão.
(C) Erro.
(D) Fraude contra credores.
(E) Dolo por omissão.
COMENTÁRIOS. Art. 156, CC: Configura-se o estado de perigo quando alguém,
premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano
conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Gabarito: “A”.

31) (FGV – Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal de Cuiabá/MT –


2016) Francisco deseja doar seu apartamento para Joaquim, seu sobrinho
mais novo. Ao realizar a transferência, exige que o sobrinho pinte o
apartamento, a cada 6 meses, na cor que ele determinar. Joaquim aceita
a oferta. Assinale a opção que indica o elemento acidental presente no
negócio jurídico.
(A) Condição suspensiva.
(B) Condição resolutiva.
(C) Encargo.
(D) Termo inicial.
(E) Termo final.
COMENTÁRIOS. Encargo (também chamado de modo) é a cláusula acessória,
que em regra, aparece em atos de liberalidade inter vivos (ex.: doação) ou
causa mortis (ex.: herança, legado), impondo um ônus ou uma obrigação à
pessoa (natural ou jurídica) contemplada pelos referidos atos, mas sem caráter
de contraprestação exata. Há previsão legal nos arts. 136 e 137, CC. E é
exatamente essa a situação que ficou caracterizada na questão. Francisco deseja
doar o apartamento, desde que o donatário o pinte a cada 6 meses na cor que ele
determinar. Gabarito: “C”.

32) (FGV – Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal de Cuiabá/MT –


2016) Justina, oriunda de uma pequena cidade do interior do Brasil, chega
a São Paulo sem conhecer ninguém e procura de imediato, e com
urgência, um apartamento para residir. O proprietário do imóvel
desejado, percebendo a pouca experiência de Justina e reconhecendo a
sua necessidade de moradia, cobra-lhe valor três vezes superior ao
usualmente praticado naquele bairro. Considerando tais fatos, assinale a
afirmativa correta.
(A) O contrato de locação realizado é válido, tendo em vista a proteção ao
princípio da autonomia privada.
(B) O contrato de locação realizado é nulo, tendo em vista a existência de dolo
por parte do proprietário do imóvel.
(C) O contrato de locação realizado é nulo, tendo em vista a existência de erro
por parte de Justina.

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(D) O contrato de locação realizado é anulável, tendo em vista a existência de
estado de perigo.
(E) O contrato de locação realizado é anulável, tendo em vista a existência de
lesão.
COMENTÁRIOS. No problema retratado houve o vício da lesão, previsto no art.
157, CC: Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor
da prestação oposta. Segundo o art. 171, II, entre outras situações, é anulável
o negócio jurídico por vício resultante de lesão. Gabarito: “E”.

33) (FGV – Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal de Cuiabá/MT –


2016) Fábio comprometeu-se a doar uma casa aos noivos Roberto e Carla,
desde que viessem a contrair matrimônio. Um mês antes do casamento,
Carla descobriu que o vizinho do imóvel vem danificando o bem de Fábio,
podendo a continuação destruir o imóvel. Diante do ocorrido, assinale a
afirmativa correta.
(A) Roberto e Carla nada poderão fazer, visto que só possuem uma mera
expectativa de direito, sendo de Fábio a legitimidade para a propositura de
qualquer ação.
(B) Roberto e Carla poderão promover ação judicial que impeça o ato do vizinho,
visto que o termo inicial gera a aquisição do direito.
(C) Fábio, Roberto e Carla não poderão promover ação judicial, pois será preciso
aguardar a realização do casamento para a propositura da ação.
(D) Roberto e Carla poderão agir, inclusive judicialmente, pois ao titular do direito
eventual, nos casos de condição suspensiva, é permitido praticar os atos
destinados a conservá-lo.
(E) A doação celebrada por Fábio está sujeita a uma condição suspensiva, o que
gera a suspensão da aquisição do direito, inibindo a ação dos noivos.
COMENTÁRIOS. Fábio estipulou uma condição suspensiva para a doação nos
termos do art. 121, CC: Considera-se condição a cláusula que, derivando
exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a
evento futuro e incerto (que é o casamento). Portanto, percebendo os donatários
Roberta e Carla que o vizinho estava danificando seu futuro imóvel, ainda que não
sejam proprietários do mesmo, podem praticar atos para evitar a continuação de
tal deterioração, nos termos do art. 130, CC: Ao titular do direito eventual,
nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos
destinados a conservá-lo. Gabarito: “D”.

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Exercícios Complementares
Fundação Carlos Chagas

01) (FCC – TCE/SP – Auditor do Tribunal de Contas – 2013) De acordo


com o Código Civil,
(A) o silêncio sempre importa anuência.
(B) nas declarações de vontade, deve-se atender, primordialmente, ao sentido
literal da linguagem.
(C) os negócios jurídicos benéficos são interpretados restritivamente.
(D) considera-se inexistente a manifestação de vontade quando o declarante
houver feito reserva mental de não querer o que manifestou, tenha ou não
conhecimento da reserva mental o destinatário.
(E) os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme os usos do lugar de
sua celebração, salvo se envolverem pessoa jurídica de direito público.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois de acordo com o art. 111, CC, o
silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e
não for necessária a declaração de vontade expressa (portanto, nem sempre o
silencio importa anuência). A letra “b” está errada, pois segundo o art. 112, CC,
nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada
do que ao sentido literal da linguagem. A letra “c” está correta nos termos do art.
114, CC. A letra “d” está errada, pois segundo o art. 110, CC, a manifestação de
vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer
o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. A letra “e” está
errada, pois o art. 113 não faz a ressalva “salvo se envolverem pessoa jurídica de
direito público”. Gabarito: “C”.

02) (FCC – TCE/AM – Analista de Controle Externo – 2013) A declaração


de vontade
(A) é válida mesmo que feita por absolutamente incapaz.
(B) deve ser feita, em regra, na forma escrita.
(C) deve observar mais o sentido literal da linguagem do que a intenção nela
consubstanciada.
(D) deve ser interpretada de maneira estrita, no caso de negócio jurídico
benéfico.
(E) não subsiste quando o declarante houver feito a reserva mental de não querer
o que declarou.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois segundo o art. 104, I, CC, a validade
do negócio jurídico requer agente capaz. Se a mesma for feita pelo absolutamente
incapaz será considerada nula. A letra “b” está errada, pois nos termos do art.

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107, CC a validade da declaração de vontade não depende de forma especial,
senão quando a lei expressamente a exigir. A letra “c” está errada, pois o art. 112,
CC dispõe que nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas
consubstanciadas do que não sentido literal da linguagem. A alternativa “d” está
correta nos estritos termos do art. 114, CC. Finalmente a letra “e” está errada,
pois o art. 110, CC prevê que a manifestação de vontade subsiste ainda que o seu
autor haja feito a reserva mental de não querer o que declarou, salvo se dela o
destinatário tinha conhecimento. Gabarito: “D”.

03) (FCC – Defensoria Pública/SC – Analista Técnico – 2013) Assinale a


alternativa CORRETA de acordo com o Código Civil brasileiro.
(A) interpreta-se restritivamente o ato jurídico formal.
(B) a validade da declaração de vontade dependerá de forma especial, salvo
quando a lei não exigir expressamente.
(C) em decorrência do princípio das formas, o silêncio não poderá ser
interpretado como manifestação de vontade.
(D) a manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva
mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha
conhecimento.
(E) nos negócios jurídicos benéficos e na renúncia se atenderá mais à intenção
nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois nos termos do art. 114, CC a
interpretação restritiva é feita nos negócios jurídicos benéficos e na renúncia. A
letra “b” está errada, pois nos termos do art. 107, CC, a validade da declaração
de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente
a exigir. A letra “c” está errada, pois nos termos do art. 111, CC o silêncio pode
ser interpretado como manifestação de vontade: “O silêncio importa anuência,
quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a
declaração de vontade expressa”. A letra “d” está correta, pois se trata transcrição
literal do art. 110, CC. A letra “e” está errada, pois segundo o art. 112, CC nas
declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que
ao sentido literal da linguagem. Gabarito: “D”.

04) (FCC – TRT/9ª Região/PR – Analista Judiciário – 2013) Em relação à


interpretação do negócio jurídico, é CORRETO afirmar que
(A) quaisquer negócios jurídicos onerosos interpretam-se estritamente.
(B) na vontade declarada atender-se-á mais à intenção das partes do que à
literalidade da linguagem.
(C) a renúncia interpreta-se ampliativamente.
(D) o silêncio da parte importa sempre anuência ao que foi requerido pela outra
parte.
(E) como regra geral, não subsiste a manifestação da vontade se o seu autor
houver feito a reserva mental de não querer o que manifestou.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois não é qualquer negócio oneroso que
se interpreta estritamente; nos termos do art. 114, CC somente assim se

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interpretam os negócios benéficos e a renúncia. A letra “b”está correta, nos exatos
termos do art. 112, CC. A letra “c” está errada, pois como vimos a renúncia se
interpreta de forma estrita. A letra “d” está errada, em especial pela expressão
“sempre”, uma vez que dispõe o art. 111, CC no sentido de que o silêncio importa
em anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for
necessária a declaração de vontade expressa. A letra “e” está errada, uma vez
que o art. 110, CC dispõe que a manifestação de vontade subsiste ainda que seu
autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo de dela
o destinatário tinha conhecimento. Gabarito: “B”.

05) (FCC – TRT/12ª Região/SC – Analista Judiciário – 2013) Acerca dos


negócios jurídicos:
(A) nas declarações de vontade importa considerar e fazer prevalecer apenas o
sentido literal da linguagem.
(B) os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se ampliativamente.
(C) a manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva
mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha
conhecimento.
(D) se forem eles celebrados com a cláusula de não valer sem instrumento
público, este passa a ser incidental e secundário ao ato.
(E) o silêncio de uma parte importa sempre anuência à vontade declarada pela
outra parte.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois estabelece o art. 112, CC que nas
declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que
ao sentido literal da linguagem. A letra “b” está errada, pois estabelece o art. 114,
CC que os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
A letra “c” está correta nos exatos termos do art. 110, CC. A letra “d” está errada,
pois segundo o art. 109, CC, no negócio jurídico celebrado com a cláusula de não
valer sem instrumento público, este é da substância do ato. Finalmente a letra “e”
está errada conforme o art. 111, CC: O silêncio importa anuência, quando as
circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de
vontade expressa. Gabarito: “C”.

06) (FCC – TCE/SP – Auditor do Tribunal de Contas – 2013) O negócio


jurídico simulado
(A) é nulo, invalidando sempre o que dissimulou.
(B) não pode ser pronunciado de ofício.
(C) convalesce com o decurso do tempo.
(D) não pode ser confirmado pela vontade das partes.
(E) pode ser invalidado somente se o requerer aquele a quem prejudica.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois o art. 167, CC, prevê que é nulo o
negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na
substância e na forma. A letra “b” está errada, pois, por ser uma nulidade absoluta,
a simulação deve ser pronunciada de ofício pelo juiz, não lhe sendo permitido

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supri-la (parágrafo único do art. 168, CC). A letra “c” está errada, pois a nulidade
absoluta não é suscetível de confirmação, nem se convalesce pelo decurso de
tempo (art. 169, CC). A letra “d” está certa nos termos do próprio art. 169, CC. A
letra “e” está errada, pois nos termos do art. 168, CC a nulidade absoluta pode
ser alegada por qualquer pessoa interessa, ou pelo Ministério Público, quando lhe
couber intervir, além de poder ser reconhecido de ofício. Gabarito: “D”.

07) (FCC – MPE/MA – Analista Ministerial – Direito – 2013) Nos termos


preconizados pelo Código Civil brasileiro, quando a lei dispuser que
determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a
anulação, será este, a contar da data da conclusão do ato, de
(A) 1 ano.
(B) 2 anos.
(C) 3 anos.
(D) 4 anos.
(E) 5 anos.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 179, CC, quando a lei dispuser que determinado
ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de
dois anos, a contar da data da conclusão do ato. Gabarito: “B”.

08) (FCC – TJ/SC – Analista Jurídico – 2013) Segundo o Código Civil, o


prazo de quatro anos para o interessado pleitear a anulação de negócio
jurídico originado de coação é considerado:
(A) decadencial.
(B) peremptório.
(C) preclusivo.
(D) condicional.
(E) prescritivo.
COMENTÁRIOS. Dispõe o art. 178, I, CC, é de quatro anos o prazo de decadência
para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado, no caso de coação, do
dia em que ela cessar. Gabarito: “A”.

09) (FCC – MPE/CE – Analista Ministerial – Direito – 2013) Sobre negócio


jurídico, da condição, do termo e do encargo, é CORRETO afirmar:
(A) em regra, o encargo suspende a aquisição e o exercício do direito.
(B) considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade
das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e certo.
(C) invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados as condições física
ou juridicamente impossíveis, quando resolutivas.
(D) se a condição for resolutiva, não tem efeito o negócio jurídico enquanto esta
não se realizar.
(E) o termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.

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COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois segundo o art. 136, CC o encargo
não suspende a aquisição nem o exercício do direito. A letra “b” está errada, pois
a condição subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. A letra
“c” está errada, pois segundo dispõe o art. 123, CC, invalidam os negócios
jurídicos que lhes são subordinados: I. as condições física ou juridicamente
impossíveis, quando suspensivas (e não quando resolutivas, como afirma a
alternativa); II. as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; III. as condições
incompreensíveis ou contraditórias. A letra “d” está errada. Na realidade, nos
termos do art. 127, CC, se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar,
vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito
por ele estabelecido. Por outro lado, dispõe o art. 125, CC que subordinando-se a
eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar,
não se terá adquirido o direito, a que ele visa. A letra “e” está correta, pois é o
que estabelece o art. 131, CC. Gabarito: “E”.

10) (FCC – MPE/CE – Analista Ministerial – 2013) Considere a seguinte


proposição: Momentos antes de cirurgia para colocação de prótese,
representante de seguradora de saúde exige assinatura de aditivo contratual
majorando o preço pago pelo segurando, sob pena de não cobrir a cirurgia a ser
realizada. Está-se diante de
(A) coação.
(B) estado de perigo.
(C) dolo.
(D) simulação.
(E) erro ou ignorância.
COMENTÁRIOS. Tendo-se em vista as alternativas apresentadas, a letra “b”
(estado de perigo) é a “menos errada”. Isso porque o art. 156, CC exige, para a
caracterização deste vício de consentimento de ameaça de grave dano à própria
pessoa ou a pessoa de sua família. A questão é muito genérica em relação à
colocação da prótese. Ela não disse que prótese é essa e nem em que situação a
mesma seria colocada. Em regra, a intervenção cirúrgica de colocação de prótese
não é um procedimento de emergência ou urgência, mas tem como objetivo
melhorar a qualidade de vida do paciente. Como a questão não é específica,
devemos levar em consideração a regra geral e não a exceção. Assim, a princípio,
também não seria hipótese de estado de perigo. Mas não havendo outra
alternativa melhor, ficaria com essa. No entanto, penso que o correto seria a
anulação da questão (o que não ocorreu). Gabarito oficial: “B”.

11) (FCC – MPE/CE – Analista Ministerial – 2013) Sobre negócio jurídico,


da condição, do termo e do encargo, é CORRETO afirmar:
(A) considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade
das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e certo.
(B) invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados as condições física
ou juridicamente impossíveis, quando resolutivas.
(C) se resolutiva a condição, não tem efeito o negócio jurídico enquanto esta não
se realizar.

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(D) o termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.
(E) em regra, o encargo suspende a aquisição e o exercício do direito.
COMENTÁRIOS. A letra “a” forneceu o conceito de termo (e não condição). A
letra “b” está errada, pois estabelece o art. 123, I, CC que invalidam os negócios
jurídicos que lhes são subordinados as condições física ou juridicamente
impossíveis, quando suspensivas (e não resolutivas). A letra “c” está errada, pois
dispõe o art. 127 que se a condição for resolutiva, enquanto esta não se realizar,
vigorará o negócio jurídico. A letra “d” está correta nos exatos termos do art. 131,
CC. A letra “e” está errada, pois em regra o encargo não suspende a aquisição
nem o exercício do direito (art. 134, CC). Gabarito: “D”.

12) (FCC – TCE/AM – Analista de Controle Externo – 2013) Compra e


venda de dados bancários sigilosos é ato
(A) nulo, mas que convalesce com o tempo.
(B) válido, porém ineficaz.
(C) nulo e passível de conhecimento de ofício.
(D) anulável e suscetível de confirmação.
(E) anulável, assim como a simulação.
COMENTÁRIOS. Dados cadastrais bancários são as informações mantidas pelos
bancos e referentes aos seus correntistas, tais como número de conta corrente,
nome completo, CPF, RG, endereço e número de telefone. Já o sigilo bancário é
um meio de se resguardar a privacidade do correntista, pois veda a publicidade
sobre movimentação da conta corrente bancária, das aplicações financeiras, etc.
Sendo sigilosos, não pode ser objeto de compra e venda. Se eventualmente o
foram, este negócio é ilícito e, nos termos do art. 166, II, CC, será considerado
nulo: “É nulo o negócio jurídico quando (...) II. For ilícito, impossível ou
indeterminado o seu objeto”. Além disso, nos termos do parágrafo único desse
dispositivo, “as nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do
negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo
permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes”. Gabarito: “C”.

13) (FCC – Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia –


HEMOBRÁS – Analista Jurídico – 2013) É nulo o negócio jurídico
(A) quando for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a
sua validade.
(B) por incapacidade relativa do agente.
(C) por vício resultante de erro ou dolo.
(D) praticado com fraude contra credores.
(E) por vício resultante de coação.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 166, V, CC, pois é a
única que retrata hipótese de ato nulo (nulidade absoluta). As demais alternativas
são todas hipóteses de anulabilidade (nulidade relativa). Gabarito: “A”.

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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 05: FATOS JURÍDICOS (2ª Parte) = NEGÓCIO JURÍDICO
Prof. Lauro Escobar
14) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) Sobre os Fatos
Jurídicos, de acordo com o Código Civil Brasileiro, considerar as seguintes
assertivas:
I. A manifestação de vontade, em regra, não subsiste se o seu autor haja feito
a reserva mental de não querer o que manifestou.
II. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for
relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver
subordinado.
III. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela
outra em benefício próprio, nem aproveita aos cointeressados capazes, salvo
se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II.
(D) II e III.
(E) III.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, pois segundo o art. 110, CC, a
manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva
mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha
conhecimento. O item II está correto nos termos do art. 106, CC. O item III está
correto nos termos do art. 105, CC. Gabarito: “D” (estão corretos os itens II e
III).

15) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) Sobre o erro


ou ignorância, de acordo com o Código Civil Brasileiro, é INCORRETO
afirmar:
(A) o erro será substancial quando sendo de direito e não implicando recusa à
aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
(B) o falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão
determinante.
(C) o erro de indicação da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não
viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder
identificar a coisa.
(D) o erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.
(E) a transmissão errônea da vontade por meios interpostos não é anulável ao
contrário do que ocorre nos casos de declaração direta.
COMENTÁRIOS. A letra está correta nos termos do art. 139, III, CC. A letra “b”
está correta nos termos do art. 140, CC. A letra “c” está correta nos termos do
art. 142, CC. A letra “d” está correta nos termos do art. 143, CC. A letra “e” está
errada, pois o art. 141, CC dispõe que a transmissão errônea da vontade por meios
interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta.
Gabarito: “E”.

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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 05: FATOS JURÍDICOS (2ª Parte) = NEGÓCIO JURÍDICO
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16) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) Sobre os
defeitos dos negócios jurídicos, de acordo com o Código Civil brasileiro,
considere:
I. A coação sempre vicia o ato, ainda que exercida por terceiro, e se a parte
prejudicada com a anulação do ato não soube da coação exercida por terceiro,
só este responde por perdas e danos.
II. Tratando-se de negócios gratuitos, a anulação por fraude contra credores
dispensa que o estado de insolvência do devedor seja conhecido por qualquer
uma das partes, mas no caso de contrato oneroso do devedor insolvente é
necessário, para a anulação, que a insolvência seja notória ou houver motivo
para que ela seja conhecida do outro contratante.
III. O dolo do representante legal ou convencional de uma das partes só obriga
o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II.
(D) II e III.
(E) III.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, pois a coação exercida por terceiro nem
sempre vicia o negócio jurídico; apenas se a parte de que se beneficia, tinha ou
devesse ter conhecimento dela. Porém, mesmo que não seja anulável o negócio,
o coator responde por perdas e danos que causar. Vejamos os dispositivos
aplicáveis: Art. 154, CC: Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro,
se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta
responderá solidariamente com aquele por perdas e danos. Art. 155, CC:
Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a
que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação
responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto. O item II
está correto. Nos negócios jurídicos gratuitos, dispensa-se o elemento subjetivo
(consilium fraudis) para caracterizar a fraude contra credores (causando a
anulação do negócio), bastando apenas a prova do elemento objetivo (eventus
damni). Dispõe o art. 158, CC que os negócios de transmissão gratuita de bens
ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido
à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores
quirografários, como lesivos dos seus direitos. No entanto, em relação aos
negócios onerosos, exige-se tanto o elemento objetivo como o subjetivo (ou seja,
é necessário o conhecimento do outro contratante). Dispõe o art. 159, CC que
serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando
a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro
contratante. O item III está errado. Somente na representação legal o
representado é obrigado a responder até a importância do proveito que teve. Na
convencional, o representado responde solidariamente. Dispõe o art. 154, CC que
vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse

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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
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ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com
aquele por perdas e danos. Gabarito: “C” (está correto somente o item II).

17) (FCC – Assembleia Legislativa/PB – Consultor Legislativo – 2013) É


de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação de
negócio jurídico, contado, no caso de
(A) estado de perigo ou lesão, do dia em que forem reconhecidos em juízo por
sentença definitiva.
(B) atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
(C) coação, do dia em que se realizou o negócio jurídico.
(D) fraude contra credores, do dia em que a fraude foi descoberta.
(E) erro, do dia em que o erro foi constatado.
COMENTÁRIOS. Estabelece o art. 178, CC que: “É de quatro anos o prazo de
decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I. no caso de
coação, do dia em que ela cessar; II. no de erro, dolo, fraude contra credores,
estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; III. no de
atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade”. Portanto, a única
alternativa que se amolda perfeitamente ao dispositivo é a relativa aos atos dos
incapazes (dia em que cessar a incapacidade). Gabarito: “B”.

18) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Jurídico – 2013) Considere as


seguintes assertivas sobre a nulidade e anulabilidade dos atos jurídicos:
I. Se o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este
quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se
houvessem previsto a nulidade.
II. Tratando-se de negócio anulável é escusada a confirmação expressa,
quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que
o inquinava.
III. É de cinco anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do
negócio jurídico, contado no caso de erro, dolo, fraude contra credores, estado
de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) I, II e III.
(C) I e II, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I e III, apenas.
COMENTÁRIOS. A assertiva I está correta. Trata-se da conversão do negócio
jurídico. Para que seja possível a conversão são necessários dois elementos: a)
objetivo (o segundo negócio deve ter os mesmos elementos fáticos do primeiro);
b) subjetivo (as partes queiram esse novo negócio). Dispõe o art. 170, CC: Se,
porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este
quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se
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houvessem previsto a nulidade. A afirmação II está correta. Trata-se da
confirmação tácita (lembrando que a confirmação faz desaparecer os vícios que
contaminam determinado negócio). Dispõe o art. 174, CC: É escusada a
confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor,
ciente do vício que o inquinava. O item III está errado, pois o prazo é de quatro
anos (e não cinco), nos termos do art. 178, CC: É de quatro anos o prazo de
decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I. no caso de
coação, do dia em que ela cessar; II. no de erro, dolo, fraude contra credores,
estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; III. no de
atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. Gabarito: “C” (corretos
os itens I e II).

19) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Jurídico – 2013) No que concerne


à nulidade e anulabilidade dos atos jurídicos, é CORRETO afirmar:
(A) o ato anulável pode ser ratificado pelas partes, salvo direito de terceiro, mas
a ratificação não retroage à data da celebração do ato.
(B) a parte poderá reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um
incapaz, mesmo se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga.
(C) a invalidade parcial de um negócio jurídico sempre prejudicará a parte válida.
(D) a invalidade dos atos por incapacidade relativa do agente ou por vício
resultante de erro, dolo, coação, simulação ou fraude, não tem efeito antes de
julgada por sentença, e poderá ser pronunciada de ofício pelo juiz.
(E) a invalidade da obrigação principal implica o das obrigações acessórias, mas
a destas não induz a da obrigação principal.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois a confirmação (que pode ser
expressa ou tácita) tem efeito ex tunc, retroagindo à data da celebração do ato.
Art. 172, CC: O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito
de terceiro. A letra “b” está errada, nos termos do art. 181, CC: Ninguém pode
reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar
que reverteu em proveito dele a importância paga. A letra “c” está errada, pois a
invalidade parcial de um negócio jurídico nem sempre prejudicará a parte válida,
se dela for separável. Dispõe o art. 184, CC: Respeitada a intenção das partes, a
invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta
for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações
acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal. A letra “d” está
errada, pois a anulação de um negócio jurídico não pode ser pronunciada de ofício
pelo Juiz. A única exceção da alternativa é a simulação, por ser um vício que torna
o negócio nulo. Art. 177, CC: A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por
sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e
aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou
indivisibilidade. Finalmente a letra “e” está correta. Trata-se da aplicação do
princípio da gravitação jurídica (o acessório segue o principal). Art. 184.
Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não
o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação
principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da
obrigação principal. Gabarito: “E”.

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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 05: FATOS JURÍDICOS (2ª Parte) = NEGÓCIO JURÍDICO
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20) (FCC – MPE/SE – Analista Ministerial – Direito – 2013) Em relação à
nulidade e à anulabilidade dos negócios jurídicos:
(A) a anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se
pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, beneficiando
exclusivamente aos que a alegarem, salvo os casos de solidariedade ou
indivisibilidade.
(B) o negócio nulo pode ser confirmado ou ratificado pelas partes, salvo direito
de terceiro.
(C) é anulável o negócio jurídico por vício resultante de erro, dolo, coação e
simulação, além de outros casos previstos expressamente em lei.
(D) pode-se reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou-se a um incapaz,
desde que se reclame diretamente a seu representante legal.
(E) para eximir-se de uma obrigação contraída irregularmente, basta ao menor
entre dezesseis e dezoito anos invocar a sua idade, em qualquer situação ou
circunstância, o que o isentará de responsabilidade.
COMENTÁRIOS. A letra "a" está correta nos termos do art. 177, CC: A
anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de
ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a
alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade. A letra "b" está errada,
pois dispõe o art. 172, CC: O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes,
salvo direito de terceiro. A letra "c" está errada, pois a simulação não é hipótese
de anulação, mas sim de nulidade absoluta, nos termos do art. 167, CC: É nulo o
negócio jurídico simulado (...). Por outro lado, estabelece o art. 171, CC: Além
dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I - por
incapacidade relativa do agente; II - por vício resultante de erro, dolo, coação,
estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. A letra "d" está errada, pois
estabelece o art. 181, CC: Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação
anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a
importância paga. A letra "e" está errada, pois estabelece o art. 180, CC: O menor,
entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação,
invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte,
ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. Gabarito: “A”.

21) (FCC – DPE/AM – Defensor Público – 2013) São nulos os atos


(A) praticados com a reserva mental de se descumprir a avença, tenha ou não
conhecimento do fato o destinatário da manifestação.
(B) emanados de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de
diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.
(C) quando a lei taxativamente os declarar nulos ou lhes proibir a prática sem
cominar sanção.
(D) praticados sob coação moral ou em fraude contra credores.
(E) praticados pelos relativamente incapazes.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Se a reserva mental for desconhecida
pelo destinatário, ela será considerada lícita sendo que o negócio subsistirá e o

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contratante deve cumprir a obrigação assumida. No entanto se a reserva mental
for conhecida pelo destinatário, será considerada ilícita, sendo que neste caso
ocorre a invalidade de negócio jurídico, pois o destinatário tem ciência do que foi
premeditado pela outra parte. A letra “b” está errada, pois o erro substancial torna
o negócio anulável (art. 138, CC) e não nulo. A letra “c” está correta nos termos
do art. 166, VII, CC. A letra “d” está errada, pois os atos praticados sob coação
moral (art. 151, CC) e fraude contra credores (art. 158, CC) são considerados
anuláveis. A letra “e” está errada, pois os atos praticados pelos relativamente
incapazes são anuláveis (art. 171, I, CC). Gabarito: “C”.

22) (FCC – TJ/PE – Juiz de Direito – 2013) Invalidam os negócios jurídicos


que lhes são subordinados as condições
(A) ilícitas, mas não as de fazer coisa ilícita, porque, neste caso, apenas a
condição é inválida e não os negócios.
(B) física ou juridicamente impossíveis, quando resolutivas.
(C) incompreensíveis ou contraditórias.
(D) impossíveis e as de não fazer coisa impossível, quando resolutivas.
(E) suspensivas quando juridicamente impossíveis, mas não as que forem apenas
fisicamente impossíveis.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 123, CC, invalidam os negócios jurídicos que lhes
são subordinados: I. as condições física ou juridicamente impossíveis, quando
suspensivas; II. as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; III. as condições
incompreensíveis ou contraditórias. Gabarito: “C”.

23) (FCC – TJ/SC – Analista Jurídico – 2013) De acordo com a lei civil, o
fato jurídico naqueles negócios que independem de forma especial podem
ser provados por alguns meios, EXCETO pela(o):
(A) presunção.
(B) perícia.
(C) confissão.
(D) documento.
(E) silêncio.
COMENTÁRIOS. O silêncio é a única alternativa que não se encontra no rol do
art. 212, CC: Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode
ser provado mediante: I. confissão; II. documento; III. testemunha; IV.
presunção; V. perícia. No entanto é interessante acrescentar que segundo o
art. 111, CC, o silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o
autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. Gabarito:
“E”.

24) (FCC – MPE/SE – Analista Ministerial – Direito – 2013) Em relação à


prova dos negócios jurídicos:
(A) os menores de dezoito anos não podem ser admitidos como testemunhas.

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(B) aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá
aproveitar-se de sua recusa.
(C) a confissão é possível em face de direito de qualquer natureza, é irrevogável
e não é passível de anulação em nenhuma hipótese.
(D) as pessoas que não podem ser admitidas como testemunhas não poderão
ser ouvidas em juízo, salvo se prestarem compromisso de veracidade de suas
declarações.
(E) o instrumento particular, feito e assinado por quem esteja na livre disposição
e administração de seus bens, prova as obrigações convencionais de qualquer
valor e, independente de registro público, operam seus efeitos em relação a
terceiros de imediato.
COMENTÁRIOS. A letra "a" está errada, pois estabelece o art. 228, I, CC, que
não podem ser admitidos como testemunhas: I. os menores de dezesseis anos
(...). A letra "b" está correta, nos termos do art. 231, CC: Aquele que se nega a
submeter-se a exame médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa.
A letra "c" está errada, com base em dois dispositivos legais: Art. 213. Não tem
eficácia a confissão se provém de quem não é capaz de dispor do direito a que se
referem os fatos confessados. Parágrafo único. Se feita a confissão por um
representante, somente é eficaz nos limites em que este pode vincular o
representado. Art. 214, CC: A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se
decorreu de erro de fato ou de coação. A letra "d" está errada. De fato o art. 228,
CC arrola diversas pessoas que não podem ser ouvidas como testemunhas. No
entanto, estabelece em seu parágrafo único que "para a prova de fatos que só
elas conheçam, pode o juiz admitir o depoimento das pessoas a que se refere este
artigo". A letra "e" está errada, pois estabelece o art. 221, CC: O instrumento
particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja na livre
disposição e administração de seus bens, prova as obrigações convencionais de
qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a
respeito de terceiros, antes de registrado no registro público. Gabarito: “B”.

25) (IBFC – EBSERH – Advogado – 2013) Considerando os dispositivos


referentes à prova, no Código Civil, indique a alternativa CORRETA:
(A) a confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de simulação ou
de coação.
(B) salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser
provado mediante presunção.
(C) possui eficácia a confissão, mesmo que efetuada por quem não seja capaz
de dispor do direito a que se referem os fatos confessados.
(D) os menores de 16 (dezesseis) anos podem ser admitidos como testemunhas,
desde que representados por seus representantes legais.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Segundo o art. 214, CC: A confissão é
irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de fato ou de coação (o
dispositivo não menciona a simulação). A letra “b” está correta, pois há
determinados negócios que exigem uma forma especial (ex.: compra e venda de
imóveis com valor superior a 30 vezes o maior salário mínimo vigente:

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instrumento público). Já há outros negócios em que a forma é livre, podendo
provar inclusive por presunção, nos termos do art. 212, IV, CC. A letra “c” está
errada nos termos do art. 213, CC: Não tem eficácia a confissão se provém de
quem não é capaz de dispor do direito a que se referem os fatos confessados. A
letra “d” está errada, pois dispõe o art. 228, I, CC: Não podem ser admitidos como
testemunhas: I. os menores de dezesseis anos (...). Parágrafo único. Para a prova
de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o depoimento das pessoas a
que se refere este artigo. Gabarito: “B”.

26) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Jurídico – 2013) Quanto à forma


e à prova dos atos jurídicos, é INCORRETO afirmar:
(A) a recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se
pretendia obter com o exame.
(B) a prova não supre a ausência do título de crédito, ou do original, nos casos
em que a lei ou as circunstâncias condicionarem o exercício do direito à sua
exibição.
(C) os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a
que pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou
intrínseco, forem confirmados por outros subsídios.
(D) qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é
admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito.
(E) a prova do instrumento particular pode suprir-se pelas outras de caráter legal.
COMENTÁRIOS. Apesar dessa prova ter sido realizada em 2013, a questão foi
adaptada em face da Lei n° 13.105/2015 (Novo Código de Processo Civil). Letra
A, correta, nos termos do art. 232, CC. Letra B, correta, nos termos do parágrafo
único do art. 223, CC. Letra C, correta, nos termos do parágrafo único, do art.
226, CC. Letra D, correta nos termos do parágrafo único do art. 227, CC. Letra E,
incorreta. Art. 221, CC: O instrumento particular, feito e assinado, ou somente
assinado por quem esteja na livre disposição e administração de seus bens, prova
as obrigações convencionais de qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os
da cessão, não se operam, a respeito de terceiros, antes de registrado no registro
público. Parágrafo único. A prova do instrumento particular pode suprir-se pelas
outras de caráter legal. Gabarito: “E”.

27) (FCC – TRT/11ª Região/AM e RR – Magistratura do Trabalho – 2013)


O negócio jurídico cuja prática seja proibida por lei, sem cominar sanção
é
(A) nulo.
(B) nulo, se a violação for de lei de ordem pública e anulável se a violação for de
lei supletiva.
(C) inexistente.
(D) anulável.
(E) ineficaz.
COMENTÁRIOS. Estabelece o art. 166, VII, CC que é nulo o negócio jurídico
quando a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar

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sanção. Não se faz diferença se a lei é de ordem pública ou supletiva. Gabarito:
“A”.

28) (FCC – AL/RN – Assessor Técnico de Controle Interno – 2013) Paulo


e Augusto simulam um contrato de compra e venda de queijo cheddar,
que representava na verdade uma doação de Paulo para Augusto. Mais
tarde, Paulo sente-se prejudicado e procura anular o negócio, o que é
negado pelo juiz, baseado em lei e no princípio geral do direito
(A) da proteção da boa-fé alheia.
(B) do equilíbrio contratual das partes.
(C) que diz ser proibido a alguém alegar em benefício próprio a torpeza com que
tenha agido.
(D) que veda o enriquecimento ilícito.
(E) da congruência ou adstrição.
COMENTÁRIOS. Segundo a jurisprudência de nossos Tribunais, se uma pessoa
pratica um ato que pode ser considerado nulo (no caso simulação), não pode,
posteriormente, ela mesma requerer a nulidade do ato por se sentir prejudicada.
Adota-se neste caso o princípio geral de direito implícito em nosso ordenamento
jurídico no tocante ao comportamento das partes, de que “ninguém pode alegar a
sua própria torpeza para dela tirar proveito”. Gabarito: “C”.

29) (TRT/3ª Região/MG – Magistratura do Trabalho – 2013)


Relativamente às regras gerais sobre a invalidade dos negócios jurídicos,
com base no Código Civil, é CORRETO afirmar que:
(A) a invalidade do instrumento induz necessariamente a do negócio jurídico.
(B) é anulável o negócio jurídico sempre que a lei civil proibir-lhe a prática, sem
cominar sanção.
(C) ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um
incapaz.
(D) no caso de coação, é de cinco anos o prazo de decadência para pleitear-se a
anulação do negócio jurídico, contado do dia em que ela cessar.
(E) se o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este
quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se
houvessem previsto a nulidade.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada nos termos do art. 183, CC, pois a
invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que este puder
provar-se por outro meio. A letra “b” está errada, pois segundo o art. 166, VII CC
é nulo o negócio jurídico quando a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-
lhe a prática sem cominar sanção. A letra “c” está errada, pois o art. 181, CC,
possui uma ressalva: ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada,
pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância
paga. A letra “d” está errada, pois conforme o art. 178, I, CC é de quatro anos o
prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado, no

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caso de coação, do dia em que ela cessar. A letra “e” está correta, pois é o que
prevê expressamente o art. 170, CC. Gabarito: “E”.

30) (FCC – TJ/PE – Titular de Serviços de Notas e de Registros – 2013)


Quanto à invalidade do negócio jurídico é CORRETO afirmar:
(A) o negócio jurídico anulável pode ser pronunciado de ofício e pode ser alegado
por qualquer interessado, bem como pelo Ministério Público.
(B) o negócio jurídico anulável não se confirma, nem se convalesce pelo decurso
do tempo.
(C) é anulável o negócio jurídico simulado, subsistindo o que se dissimulou, se
válido for na substância e na forma.
(D) a invalidade do instrumento induz à do negócio jurídico, ainda que este possa
provar-se por outro meio.
(E) o negócio jurídico é nulo quando for preterida alguma solenidade que a lei
considere essencial para sua validade, bem como se a lei taxativamente o
declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois segundo o art. 177, CC, a
anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia só
os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem,
salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade. A letra “b” está errada, pois
segundo o art. 172, CC: O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes,
salvo direito de terceiro. A letra “c” está errada, pois dispôs o art. 167, CC: É
nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for
na substância e na forma. A letra “d” está errada, pois segundo o art. 183, CC a
invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que este puder
ser provado por outro meio. Finalmente a letra “e” está correta uma vez que o art.
166, V e VII, CC estabelece que: É nulo o negócio jurídico quando: (...) V. for
preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para sua validade; VII.
a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Gabarito: “E”.

31) (TRT/14ª Região/RO e AC – Magistratura do Trabalho – 2013) Leia


as proposições a seguir e marque a alternativa CORRETA:
I. O fato jurídico pode ser provado por meio de confissão, documento,
testemunha, presunção e perícia, salvo nos casos em que a lei estabeleça
forma especial para o negócio.
II. A confissão é irrevogável, no entanto é nula de pleno direito se decorreu de
erro de fato ou de coação.
III. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de
fé pública, porém não faz prova plena.
(A) apenas as proposições I e II são falsas.
(B) apenas as proposições I e III são falsas.
(C) apenas as proposições II e III são falsas.
(D) todas as proposições são verdadeiras.

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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
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(E) todas as proposições são falsas.
COMENTÁRIOS. A proposição I está correta, pois estabelece o art. 212, CC:
Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado
mediante: I. confissão; II. documento; III. testemunha; IV. presunção; V. perícia.
A proposição II está errada, pois segundo o art. 214, CC, de fato a confissão é
irrevogável, no entanto pode ser anulada (nulidade relativa e não nula de pleno
direito, que seria a nulidade absoluta), se decorreu de erro de fato ou de coação.
A proposição III está errada, pois o art. 215, CC dispõe que a escritura pública,
lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé pública, fazendo prova
plena. Gabarito: “C” (apenas as proposições II e III são falsas).

32) (FCC – TCE/PI – Auditor Fiscal de Controle Externo – 2014) Ao


constatar ter caído em insolvência, Mateus vende todos seus bens antes
que credores quirografários ajuízem ações. O ato de Mateus configura
fraude
(A) contra credores, vício social que tem como possível consequência a anulação
das alienações.
(B) à execução, vício do consentimento que tem como possível consequência a
ineficácia das alienações.
(C) contra credores, vício do consentimento que tem como possível consequência
a nulidade das alienações.
(D) à execução, vício social que tem como possível consequência a nulidade das
alienações.
(E) contra credores, vício social que tem como possível consequência a nulidade
das alienações.
COMENTÁRIOS. Trata-se de fraude contra credores, nos termos dos art. 158 e
159, CC. Art. 158: Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de
dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência,
ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como
lesivos dos seus direitos. Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos
onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver
motivo para ser conhecida do outro contratante. Tal vício torna o negócio anulável
(e não nulo), nos termos do art. 171, II CC: Além dos casos expressamente
declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: II. por vício resultante de erro,
dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. Lembrando que
a fraude à execução é uma forma de vício praticado durante o processo civil,
quando o devedor dissipa seu patrimônio, durante a execução, a fim de que não
possuir bens suficientes cumprir com as suas obrigações. Fraude contra credores
é considerado um vício social; a ação correspondente para atacar esse tipo de
vício é a ação pauliana; há a presunção de má-fé se praticado por devedor
insolvente. Gabarito: “A”.

33) (FCC – Procurador do Município de Cuiabá – 2014) Por ocasião de


forte seca na região centro-oeste, Manoel passou a vender água potável
a preço cinco vezes superior ao que praticava anteriormente. Temendo
perder produção de soja, Jair celebrou vultoso contrato, adquirindo

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grande quantidade de água pelo preço cobrado por Manoel. O negócio
celebrado entre Manoel e Jair é
(A) válido, pois a Constituição Federal garante o direito de propriedade e estimula
a livre-iniciativa.
(B) anulável, em razão de vício denominado lesão.
(C) nulo, em razão de vício denominado lesão.
(D) anulável, em razão de vício denominado estado de perigo.
(E) nulo, em razão de vício denominado coação.
COMENTÁRIOS. A lesão é o prejuízo que um contratante experimenta quando,
em um contrato comutativo (onde as partes conhecem as prestações de cada um
e há equivalência entre elas), deixa de receber valor correspondente ao da
prestação que forneceu. Este instituto visa proteger o contratante em posição de
inferioridade ante o prejuízo por ele sofrido na conclusão do contrato, devido
também à desproporção existente entre as prestações. Decorre do abuso
praticado em situação de desigualdade, punindo a chamada “cláusula leonina” ou
“draconiana”. Estabelece o art. 157, CC: Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob
premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Completa o art.
171, CC: Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio
jurídico: (...) II. por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de
perigo, lesão ou fraude contra credores. Gabarito: “B”.

34) (FCC – TRT/2ª Região – Analista Judiciário – 2014) Robinho foi ao


shopping com a intenção de comprar um relógio de ouro, para combinar
com suas inúmeras correntes do mesmo metal. De pouca cultura, adquiriu
um relógio folheado a ouro, apenas, que tentou devolver, mas a loja não
aceitou, alegando terem vendido exatamente o que Robinho pediu e não
terem agido de má-fé. Se Robinho procurar a solução judicialmente, seu
advogado deverá pleitear a
(A) anulação do negócio jurídico, alegando lesão por inexperiência.
(B) nulidade do negócio jurídico, por erro essencial quanto ao objeto principal da
relação jurídica.
(C) anulação do negócio jurídico, alegando erro substancial no tocante a uma
qualidade essencial do relógio adquirido.
(D) nulidade do negócio jurídico, por embasamento em falso motivo.
(E) ineficácia do negócio jurídico, por erro incidental e abusividade do funcionário
da loja ré.
COMENTÁRIOS. Erro é a falsa noção que temos acerca de uma coisa; a falta de
concordância entre a vontade interna (comprar um relógio de ouro) e a vontade
declarada (comprar um relógio folheado a ouro). Trata-se de hipótese de anulação
do negócio jurídico por erro substancial (qualidade essencial da coisa) e não de
nulidade ou ineficácia. Dispõe o art. 138, CC que são anuláveis os negócios
jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que

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poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias
do negócio. Completa o art. 139, CC que o erro é substancial quando interessa a
alguma das qualidades a ele essenciais. Gabarito: “C”.

35) (FCC – TCE/PI – Assessor Jurídico – 2014) Maria e Dorival adquiriram


um imóvel que seria pago em prestações fixas e mensais. Após o
pagamento da primeira parcela, verificou-se o erro de cálculo do valor das
prestações mensais estabelecidas. Neste caso, o erro de cálculo
(A) praticado sem observância da forma legal torna nulo o negócio jurídico.
(B) possibilita a anulação do negócio porque seu objeto é um bem imóvel.
(C) possibilita a anulação do negócio jurídico.
(D) poderá ser alegado pelas partes, se provado o dolo, para nulificar o negócio,
ou como fundamento para reclamar indenização.
(E) apenas autoriza a retificação da declaração de vontade do negócio realizado.
COMENTÁRIOS. Segundo dispõe o art. 143, CC, “O erro de cálculo apenas
autoriza a retificação da declaração de vontade”. Gabarito: “E”.

36) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2014) No


Direito Civil, as nulidades absolutas
(A) só podem ser pronunciadas pelo juiz a partir de requerimento das partes,
podendo supri-las se houver pedido expresso nesse sentido, tendo em vista a
finalidade almejada pelas partes.
(B) dependem sempre da prova de má-fé das partes que celebraram o negócio
jurídico.
(C) devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou
dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las,
ainda que a requerimento das partes.
(D) só podem ser alegadas pelas partes interessadas, defesa a intervenção de
terceiros ou do órgão ministerial.
(E) não são suscetíveis de ratificação, mas convalescem pelo decurso do tempo.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 168, CC, as nulidades dos artigos antecedentes
(absolutas) podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério
Público, quando lhe couber intervir. Parágrafo único. As nulidades devem ser
pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e
as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a
requerimento das partes. Gabarito: “C”.

37) (FCC – TRF/4ª Região – Analista Judiciário – 2014) No tocante ao


negócio jurídico,
(A) é anulável, quando não revestir a forma prescrita em lei.
(B) as nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio
jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, sendo-lhe, em qualquer
hipótese, permitido supri-las, quando requerido por ambas as partes.

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(C) em regra, a anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem
se pronuncia de ofício, sendo que só os interessados a podem alegar.
(D) o vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude
contra credores, é nulo.
(E) o nulo é suscetível de confirmação, mas não convalesce pelo decurso do
tempo.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois nesse caso o negócio é nulo (art.
166, IV, CC). A letra “b” está errada, pois a nulidade absoluta deve ser
pronunciada pelo juiz, mas ele não pode supri-las (art. 168, CC). A letra “c” está
correta nos termos do art. 177, CC. A letra “d” está errada, pois esse caso é
hipótese e anulabilidade (art. 171, II, CC). A letra “e” está errada, pois segundo o
art. 169, CC: O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem
convalesce pelo decurso do tempo. Gabarito: “C”.

38) (FCC – TRT/18ª Região/GO – Magistratura do Trabalho – 2014) Igor,


menor com dezessete anos de idade, obriga-se contratualmente em uma
escola de inglês, dizendo-se maior de idade quando inquirido e assinando
sozinho o contrato, que será
(A) eficaz, pois Igor não pode, para eximir-se da obrigação, invocar sua idade se
declarou-se maior, dolosamente, no ato de obrigar-se.
(B) nulo, porque a vontade de Igor não poderia gerar qualquer efeito,
independentemente de sua declaração de idade pessoal.
(C) anulável, somente se Igor for executado judicialmente, ocasião em que a
declaração judicial surtirá efeitos imediatos, sem retroação.
(D) ineficaz, por se tratar de obrigação em face de uma entidade de ensino.
(E) anulável, somente se os representantes legais de Igor arguirem a invalidade.
COMENTÁRIOS. O ato será válido e eficaz. Segundo o art. 180, CC, o menor,
entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação,
invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte,
ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. Gabarito: “A”.

39) (FCC – TRF/3ª Região – Técnico Judiciário – 2014) De acordo com o


Código Civil brasileiro, no tocante às provas, em regra, a confissão
(A) é irrevogável.
(B) não pode ser anulada se decorreu de erro de fato.
(C) é revogável mediante termo expresso.
(D) é revogável por qualquer meio inequívoco de expressão da vontade.
(E) é revogável se imediata e na presença de no mínimo duas testemunhas
idôneas.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 214, CC, “A confissão é irrevogável, mas pode
ser anulada se decorreu de erro de fato ou de coação”. Gabarito: “A”.

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40) (FCC – TRT/8ª Região/PA e AP – Magistratura do Trabalho – 2014)
Analise as proposições abaixo e assinale a alternativa CORRETA:
I. A fixação de domicílio é ato jurídico em sentido estrito, tendo efeitos ex lege.
II. A conversão é a operação pela qual se retiram de um determinado negócio
jurídico as partes inválidas, desde que separáveis e respeitada a intenção das
partes, sendo decorrente do princípio da conservação.
III. É de três anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do
negócio jurídico, contado, no caso de coação, do dia em que ela cessar.
IV. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra
em benefício próprio, nem aproveita aos cointeressados capazes, salvo se,
neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.
(A) as alternativas II e III estão corretas.
(B) as alternativas I e II estão corretas.
(C) as alternativas III e IV estão corretas.
(D) as alternativas I e IV estão corretas.
(E) as alternativas II e IV estão corretas.
COMENTÁRIOS. A afirmativa I está correta. No ato jurídico em sentido estrito
há a participação humana, voluntária e consciente, mas os efeitos são os impostos
pela lei e não pelas partes interessadas. A partir do momento em que se fixa o
domicílio em determinado lugar, as consequências dai advindas decorrem da lei.
A afirmação II está errada. Nos termos do art. 170, CC admite-se a conversão do
negócio jurídico nulo em outro de natureza diferente: “Se o negócio jurídico nulo
contiver requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes
permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade”.
Observem: o negócio não pode prevalecer da forma como pretendida pelas partes.
Mas como seus elementos são idôneos para caracterizar outro negócio, pode
ocorrer a transformação, desde que não haja uma proibição expressa.
Diferentemente do afirmado na questão, não se retiram as partes inválidas do
negócio e sim o transforma em outro de natureza diversa. O item III está errado.
Segundo o art. 178, I, CC, é de quatro anos o prazo decadencial para anulação do
negócio jurídico, contado, no caso de coação, do dia em que ela cessar. O item IV
está correto. A afirmação está prevista expressamente no art. 105, CC. Gabarito:
“D” (os itens I e IV estão corretos).

41) (FCC – TRT/8ª Região/PA e AP – Magistratura do Trabalho – 2014)


Em consonância com a teoria das nulidades do negócio jurídico, é
CORRETO afirmar:
(A) é possível o convalescimento do negócio jurídico se o erro na indicação da
pessoa ou da coisa for suprível pelo seu conteúdo e pelas circunstâncias.
(B) presumem-se em fraude contra credores os negócios ordinários praticados
pelo devedor insolvente, ainda que indispensáveis à manutenção de
estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e
de sua família.

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(C) o negócio jurídico simulado é anulável porque é formado a partir de uma
declaração de vontade ou de uma confissão de dívida emitida para não gerar
nenhum efeito jurídico, com o fito de lesar interesse de terceiro.
(D) o falso motivo vicia a declaração de vontade, em qualquer caso, tornando
anulável o negócio jurídico.
(E) no estado de perigo, ao contrário do que ocorre na lesão, o contraente, por
razões essencialmente econômicas, ou por sua evidente inexperiência, é levado,
inevitavelmente, a contratar, prejudicando-se.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está certa. Trata-se do erro, ou seja, a noção inexata
ou não verdadeira sobre alguma coisa, objeto ou pessoa. O erro de indicação não
leva a anulação do negócio se pelas suas circunstâncias identificar a coisa ou
pessoa, nos termos do art. 142, CC. A letra “b” está errada. A manutenção do
estabelecimento ou a subsistência do devedor constituem exceção, não sendo
considerados atos fraudatórios aos direitos dos credores. Porém, por ser uma
presunção, admitem prova em contrário. Estabelece o art. 164, CC: Presumem-
se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção
de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e
de sua família. A letra “c” está errada, pois o negócio simulado é nulo, nos termos
do art. 167, CC. A letra “d” está errada, pois nos termos do art. 140, CC o falso
motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão
determinante. O motivo pode ser definido como sendo a razão
subjetiva/psicológica que levou a pessoa a celebrar determinado negócio (ex.:
pessoa vende a casa pois deseja com o dinheiro resultante comprar uma casa em
outra cidade). Em regra o motivo não é relevante para o negócio. Mas há
determinadas situações que ele pode exercer influência. Ex.: João doa uma casa
a Pedro declarando expressamente que o motivo da doação é o fato de Pedro ter
lhe salvo a vida; passado um tempo, descobre-se que não foi o Pedro que salvou
a vida do João, mas sim Carlos, daí negócio pode ser anulado, já que o motivo foi
a razão determinante da celebração do negócio. Finalmente a letra “e” está errada,
pois ela inverteu, definindo a lesão e não o estado de perigo. Recordando: art.
157, CC: Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da
prestação oposta; art. 156, CC: Configura-se o estado de perigo quando alguém,
premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano
conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Gabarito: “A”.

42) (FCC – TRT/14ª Região/RO e AC – Magistratura do Trabalho – 2014)


No que diz respeito aos atos e negócios jurídicos analise as afirmações
seguintes, assinalando ao final a única alternativa CORRETA.
I. A manifestação de vontade subsite ainda que o seu autor haja feito a reserva
mental de não querer o que manifestou, mesmo que dela o destinatário tivesse
conhecimento.
II. O ato nulo é o ato que embora reúna os elementos necessários a sua
existência, foi praticado com violação à lei, à ordem pública, aos bons
costumes ou com inobservância da forma legal. O ato inexistente é aquele que
não reúne os elementos necessários à sua formação; ele não produz qualquer

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consequência jurídica. O ato nulo precisa de decisão judicial para a retirada da
sua eficácia.
III. João Emanuel, 17 anos de idade, pessoalmente e sem assistência, redigiu
o seu testamento, nos moldes do art. 1860, parágrafo único do Código Civil. O
ato jurídico é nulo de pleno direito, porque ausente o requisito de validade
jurídica do negócio jurídico referente à capacidade do agente. O relativamente
incapaz deveria ter sido assistido por outrem.
IV. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou
devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá
solidariamente com aquele por perdas e danos.
(A) estão corretas apenas as afirmações I, II e IV.
(B) estão corretas apenas as afirmações I, III e IV.
(C) estão corretas apenas as afirmações I, II e III.
(D) estão corretas apenas as afirmações II, III e IV.
(E) estão corretas apenas as afirmações II e IV.
COMENTÁRIOS. A afirmativa I está errada. Ela trata da chamada “reserva
mental”, prevista no art. 110, CC. Ocorre que o examinador colocou na alternativa
a expressão “mesmo”, quando o correto é “salvo”. A assertiva II está correta;
trata-se de entendimento doutrinário acerca do ato nulo e do ato inexistente. O
item III está errado. Primeiro porque sendo Emanuel relativamente incapaz
(maior de 16 e menor de 18 anos), deve ser assistido nos negócios jurídicos em
geral, sob pena de anulabilidade (nulidade relativa) e não ato nulo como na
afirmação, nos termos do art. 171, I, CC. Segundo porque a elaboração de
testamento é uma exceção, pois nos termos do art. 1860, parágrafo único, CC, os
maiores de 16 anos podem testar sem assistência. Finalmente a afirmação IV está
correta, nos termos do art. 154, CC. Gabarito: “E”.

43) (FCC – TCE/GO – Analista Jurídico – 2015) Os negócios jurídicos em


que a declaração de vontade emana apenas de uma parte, com um único
objetivo, denominam-se negócios jurídicos
(A) impessoais.
(B) unilaterais.
(C) consensuais.
(D) inter vivos.
(E) plurilaterais.
COMENTÁRIOS. Letra “a”: impessoal é o negócio jurídico em que a
prestação poderá ser cumprida pela própria pessoa ou por terceiro. Letra “b”:
correta: o negócio unilateral se aperfeiçoa com uma única manifestação de
vontade dirigida para um único objetivo. Letra “c”: consensual: negócios que
produzem efeitos a partir do acordo entre as partes. Letra “d”: inter
vivos: negócios realizados para produzir efeitos durante a vida dos interessados.
Letra “e”: plurilaterais são os contratos que envolvem mais de 2 partes
(sociedades). Gabarito: “B”.

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44) (FCC – SEFAZ/PE – Julgador Administrativo Tributário do Tesouro
Estadual – JATTE – 2015) Pode ser pronunciada de ofício pelo Juiz e
alegada por qualquer interessado ou pelo Ministério Público, quando lhe
couber intervir, a nulidade
(A) da doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice.
(B) da venda de um imóvel de ascendente a descendente, sem o consentimento
dos outros descendentes.
(C) que inquina os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de
dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência.
(D) de negócio, quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da
prestação oposta.
(E) de um contrato que tenha por objeto herança de pessoa viva.
COMENTÁRIOS. A única alternativa que traz um exemplo de negócio nulo
(nulidade absoluta) é o contrato que tenha por objeto herança de pessoa viva
(chamado de pacta corvina). Tal proibição encontra-se prevista no art. 426, CC:
Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. As demais alternativas
são hipóteses de anulabilidade. Letra “a” = art. 550, CC. Letra “b” = Art. 496, CC.
Letra “c” e “d” = art. 171, II, CC. Gabarito: “E”.

45) (FCC – SEFAZ/PI – Analista do Tesouro Estadual – 2015) Durante


processo de divórcio, Tício simulou ter vendido todos seus bens móveis a
Mévio, a fim de fraudar a partilha de bens. O negócio celebrado entre
Mévio e Tício é
(A) nulo e cognoscível de ofício, pelo juiz, não podendo ser convalidado pelas
partes.
(B) anulável, mas passível de convalidação pelas partes, a quem cabe a iniciativa
exclusiva do pedido de invalidação.
(C) nulo, não cognoscível de ofício, pelo juiz, e passível de convalidação pelas
partes.
(D) nulo, cognoscível de ofício, pelo juiz, e passível de convalidação pelas partes.
(E) anulável e cognoscível de ofício, pelo juiz, não podendo ser convalidado pelas
partes.
COMENTÁRIOS. Nos termos do art. 167, CC esse negócio jurídico é nulo (É nulo
o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na
substância e na forma). Já o parágrafo único, do art. 168, CC dispõe que as
nulidades absolutas devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do
negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo
permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes. Gabarito: “A”.

46) (FCC – TCM/GO – Auditor Conselheiro – 2015) No tocante ao negócio


jurídico nulo e anulável, é CORRETO afirmar que

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(A) é de quatro anos o prazo de prescrição para pleitear-se a anulação, no caso
de coação contado do dia em que ela cessar, ou da prática do ato nos casos de
erro, dolo e fraude contra credores.
(B) é anulável o negócio jurídico simulado, mas válido o que se dissimulou se
regular for na substância e na forma.
(C) é nulo o ato praticado em estado de perigo ou lesão.
(D) a anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se
pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, aproveitando
exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou
indivisibilidade.
(E) quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro,
não haverá sua validação em nenhum caso.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois segundo o art. 178, CC: É de quatro
anos o prazo de decadência (e não de prescrição, como na questão) para pleitear-
se a anulação do negócio jurídico, contado: I. no caso de coação, do dia em que
ela cessar. A letra “b” está errada, pois nos termos do art. 169, CC, é nulo o
negócio jurídico simulado. A letra “c” está errada, pois o ato praticado em estado
de perigo ou lesão é anulável (art. 171, II, CC). A letra “d” está correta nos exatos
termos do art. 177, CC: A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por
sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e
aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou
indivisibilidade. A letra “e” está errada nos termos do art. 176, CC: Quando a
anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, será validado se
este a der posteriormente. Gabarito: “D”.

47) (FCC – SEFAZ/PI – Auditor Fiscal da Fazenda Estadual – 2015) Por


meio de contrato escrito, Henrique prometeu dar ao filho Pedro, então
com 18 anos, um veículo no dia de seu casamento, que ocorreu 12 anos
depois. No entanto, Henrique negou-se a entregar o veículo, alegando
prescrição. Pedro
(A) poderá exigir cumprimento do contrato, pois não corre a prescrição pendendo
condição resolutiva.
(B) não poderá exigir o cumprimento do contrato, pois, passados 4 anos, ocorreu
decadência.
(C) poderá exigir cumprimento do contrato, pois não corre a prescrição pendendo
condição suspensiva.
(D) não poderá exigir cumprimento do contrato, pois, passados 10 anos, ocorreu
prescrição.
(E) poderá exigir o cumprimento do contrato, pois não corre a prescrição entre
pais e filhos.
COMENTÁRIOS. Quando eu estabeleço uma cláusula “lhe darei X no dia do seu
casamento” estou colocando uma condição, pois se trata de um evento futuro e
incerto (art. 121, CC). É futuro, pois a pessoa ainda não se casou; é incerto, pois
a pessoa pode ou não se casar. Trata se uma condição suspensiva, pois suspende

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(protela, adia) os efeitos do negócio jurídico até a realização do evento.
Estabelece o art. 199, I, CC que não corre prescrição pendendo condição
suspensiva. Observem: enquanto a pessoa não se casar (ou seja, enquanto a
condição suspensiva não for realizada) não se adquire o direito. Se não houve a
aquisição do direito, ainda não há uma ação para proteger o direito. E se não há
uma ação que se possa exercitar o prazo prescricional não tem início. Gabarito:
“C”.

48) (FCC – TCM/RJ – Auditor-Substituto de Conselheiro – 2015) Os


negócios sob condição suspensiva
(A) não permitem que o titular eventual do direito pratique atos destinados à sua
conservação.
(B) subordinam-se a evento futuro e certo.
(C) operam efeitos desde logo, os quais são suspensos em caso de implemento
da condição.
(D) são protegidos contra o advento de lei nova, em caso de conflito de leis no
tempo, mesmo que ainda não tenha havido o implemento da condição.
(E) geram, no que toca aos conflitos de lei no tempo, meras expectativas de
direito, não protegidas contra o advento de lei nova.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Art. 130, CC: Ao titular do direito
eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os
atos destinados a conservá-lo. A letra “b” está errada. Art. 121, CC: Considera-se
condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes,
subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. A letra “c” está
errada, pois se refere à condição resolutiva. Art. 127, CC: Se for resolutiva a
condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo
exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido. No entanto,
ainda assim estaria errada, pois estabelece o art. 128, CC: Sobrevindo a condição
resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe. A letra
“d” está correta. Estabelece o art. 6°, §2°, LINDB que: consideram-se adquiridos
assim os direitos (são protegidos contra o advento de lei nova) que o seu titular,
ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha
termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de
outrem. À primeira vista parece que este dispositivo está em conflito com o art.
125, CC: Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva,
enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa. No
entanto, não há antagonismo algum, pois os dispositivos disciplinam hipóteses
diversas. A regra do Código Civil diz respeito ao exercício do direito, que
fica obstado na pendência de condição suspensiva. Caso não se verifique o
implemento da condição o negócio jurídico será tido por ineficaz. Ex.: darei um
“carro de coleção” ao meu filho com a condição de que ele passe em um concurso;
enquanto ele não passar não poderá exercer o direito de receber o carro. Já a
regra da LINDB é de direito intertemporal, significando dizer que embora
pendendo condição e ainda que o direito não possa ser exercido, ele já se
considera adquirido para efeito de não mais poder ser alcançado pela lei
nova. Aproveitando o exemplo anterior: eu pactuei a doação do carro em janeiro,

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com a condição do donatário ser aprovado no concurso a ser realizado em junho.
Ocorre que em abril foi aprovada uma lei impedindo doações de veículos de
coleção. Essa lei não atingirá o direito do donatário; se ele passar no concurso em
junho poderá ficar com o carro, pois esse direito condicional se equipara a um
direito adquirido, para efeito de não poder ser alcançado pela lei nova. A letra “e”
está errada pelos motivos explanados na letra “d”. Gabarito: “D”.

49) (FCC – TCE/CE – Analista de Controle Externo/Jurídica – 2015) Os


negócios jurídicos nulos
(A) prescrevem em 10 anos.
(B) decaem em 4 anos.
(C) são cognoscíveis de ofício, inclusive em segunda instância.
(D) podem ser confirmados pela vontade das partes, desde que capazes.
(E) podem ser confirmados pela vontade das partes, ainda que incapazes.
COMENTÁRIOS. Eventual nulidade absoluta (negócio jurídico nulo) por ser
matéria de ordem pública, não está sujeita à preclusão temporal e pode ser
alegada e/ou reconhecida, ainda que de ofício pelo juiz, a qualquer tempo e em
qualquer grau de jurisdição. Estabelece o parágrafo único do art. 168, CC: As
nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico
ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las,
ainda que a requerimento das partes. Gabarito: “C”.

50) (FCC – TCM/GO – Procurador do Ministério Público de Contas – 2015)


O negócio jurídico simulado é
(A) válido se posteriormente ratificado pelas partes interessadas.
(B) nulo, sendo igualmente nulo o negócio dissimulado, pelo vício de origem.
(C) nulo, mas é válido o que se dissimulou, se válido for na substância e na
forma.
(D) anulável, mas válido o que se procurou dissimular, se válido for na essência
e na forma.
(E) ineficaz, por não ter potencial para gerar quaisquer consequências jurídicas.
COMENTÁRIOS. Art. 167, CC: “É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá
o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma”. Gabarito: “C”.

51) (FCC – TCM/RJ – Auditor-Substituto de Conselheiro – 2015) Francisco


simulou ter vendido imóvel a Carla, sua amante, a quem, em verdade,
doara referido bem. De acordo com o Código Civil, tal ato,
(A) diferentemente dos demais defeitos do negócio jurídico, é anulável, não
podendo ser invalidado de ofício, pelo juiz.
(B) diferentemente dos demais defeitos do negócio jurídico, é nulo, devendo ser
invalidado de ofício, pelo juiz.
(C) assim como os demais defeitos do negócio jurídico, é nulo, devendo ser
invalidado de ofício, pelo juiz.

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(D) assim como os demais defeitos do negócio jurídico, é anulável, não podendo
ser invalidado de ofício, pelo juiz.
(E) assim como os demais defeitos do negócio jurídico, é anulável, devendo ser
invalidado de ofício, pelo juiz.
COMENTÁRIOS. Em regra, os vícios que maculam os negócios jurídicos os
tornam anuláveis (art. 171, II, CC). No entanto a simulação passou a ser um
defeito que torna o negócio nulo. Estabelece o art. 167, CC: É nulo o negócio
jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância
e na forma. Segundo o parágrafo único do art. 168, CC, as nulidades devem ser
pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e
as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a
requerimento das partes. Gabarito: “B”.

52) (FCC – SEFAZ/PI – Auditor Fiscal da Fazenda Estadual – 2015) Tício,


diretor de uma construtora, celebrou com Mévio, funcionário público,
contrato por meio do qual este lhe garantiria privilégios em licitações
públicas em troca de pagamento mensal de R$ 5.000,00. Trata-se de
negócio
(A) nulo, podendo ser invalidado a pedido de qualquer interessado ou do
Ministério Público, porém não de ofício, e não convalescendo pelo decurso do
tempo.
(B) nulo, devendo ser invalidado de ofício e não convalescendo pelo decurso do
tempo.
(C) anulável, devendo ser invalidado de ofício e não convalescendo pelo decurso
do tempo.
(D) válido, por atender aos usos e costumes.
(E) anulável, podendo ser invalidado a pedido de qualquer interessado ou do
Ministério Público, porém não de ofício, e convalescendo com o decurso do
tempo.
COMENTÁRIOS. O mencionado contrato estabelece o pagamento de um
“mensalinho” de R$ 5.000,00 por privilégios em licitações. Trata-se,
evidentemente, de um contrato, cujo objeto é ilícito. Mais do um simples ilícito
civil... trata-se de um negócio criminoso. Sendo assim, nos termos do art. 166, I,
CC, tal negócio será reputado nulo de pleno direito. Tal nulidade, no termos do
parágrafo único, do art. 168, CC, deve ser pronunciada pelo juiz, quando conhecer
do negócio jurídico ou dos seus efeitos e a encontrar provada, não lhe sendo
permitido supri-la, ainda que a requerimento das partes. Acrescente-se, nos
termos do art. 169, CC que tal negócio não é suscetível de confirmação, nem
convalesce pelo decurso do tempo. Gabarito: “B”.

53) (FCC – TCE/CE – Conselheiro Substituto Auditor – 2015) O menor


relativamente incapaz
(A) não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se
dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de
obrigar-se, declarou-se maior.

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(B) que assumir uma obrigação sempre poderá pleitear-lhe a anulação, depois
que atingir a maioridade, pois cabe à outra parte pedir a comprovação da
capacidade da pessoa com quem contrata.
(C) que celebrar contrato com outra pessoa relativamente incapaz em nenhuma
circunstância poderá pedir-lhe a anulação, porque se presume o dolo bilateral.
(D) que celebrar negócio jurídico assistido por seus pais, poderá pleitear sua
anulação, depois que atingir a maioridade, provando o prejuízo, porque a lei
garante-lhe o benefício da restituição.
(E) não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade, ainda que
não a tenha ocultado quando inquirido pela outra parte, ou se no ato de obrigar-
se tenha se declarado menor, porque a lei presume que o relativamente incapaz
não é totalmente privado de entendimento.
COMENTÁRIOS. Estabelece o art. 180, CC: O menor, entre dezesseis e dezoito
anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se
dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-
se, declarou-se maior. Gabarito: “A”.

54) (FCC – Prefeitura de Manaus/AM – MANAUSPREV – Procurador


Autárquico – 2015) O negócio jurídico praticado sob coação
(A) é nulo, não se convalidando com o decurso do tempo nem podendo ser
confirmado pela vontade das partes.
(B) equipara-se aos praticados sob temor reverencial.
(C) é nulo, podendo ser invalidado, a pedido da parte prejudicada, no prazo
decadencial de 4 anos, contado da celebração do negócio.
(D) deve ser interpretado tendo em conta o que, na mesma circunstância, teria
feito o homem médio.
(E) é anulável, convalidando-se com o decurso do tempo e podendo ser
confirmado pela vontade das partes.
COMENTÁRIOS. Art. 171, CC: Além dos casos expressamente declarados na lei,
é anulável (e não nulo) o negócio jurídico: I. por incapacidade relativa do agente;
II. por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude
contra credores. Art. 172, CC: O negócio anulável pode ser confirmado pelas
partes, salvo direito de terceiro. Art. 178, CC: É de quatro anos o prazo de
decadência (após isso convalida-se o negócio por decurso de tempo) para pleitear-
se a anulação do negócio jurídico, contado: I. no caso de coação, do dia em que
ela cessar. Gabarito: “E”.

55) (FCC – TRT/6ª Região/PE – Magistratura do Trabalho – 2015) Em


relação ao negócio jurídico,
(A) quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo
para pleitear-se a anulação, será este de quatro anos, a contar sempre da data
da conclusão do ato.

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(B) a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, bem
como a destas induz à invalidade da obrigação principal, dado o princípio da
correspondência nos negócios jurídicos em geral.
(C) a incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra
em beneficio próprio, nem aproveita aos cointeressados capazes, salvo se, neste
caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.
(D) não ocorrendo a condição objetiva do negócio jurídico, ou seja, objeto lícito,
possível, determinado ou determinável, a consequência jurídica será sua
anulabilidade.
(E) ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um
incapaz, mostrando-se irrelevante eventual prova de que reverteu em proveito
desse incapaz a importância paga.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois o prazo é de dois anos, nos termos
do art. 179, CC. A letra “b” está errada, pois segundo o art. 184, segunda parte,
CC “a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas
a destas não induz a da obrigação principal”. O exemplo clássico é o da fiança. Se
houver alguma nulidade no contrato de locação, a fiança (obrigação acessória)
também será reputada como inválida; no entanto se houver alguma nulidade na
fiança, o contrato de locação será preservado. A letra “c” está correta nos exatos
termos do art. 105, CC. A letra “d” está errada, pois se o vício atingir o objeto do
negócio jurídico a consequência será a sua nulidade (e não anulabilidade), nos
termos do art. 166, II, CC. A letra “e” está errada, pois estabelece o art. 181, CC:
Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz,
se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga. Gabarito: “C”.

56) (FCC – TJ/AL – Juiz de Direito – 2015) É anulável


(A) o negócio que tenha por objetivo fraudar lei imperativa.
(B) o contrato que tem por objeto herança de pessoa viva.
(C) a troca de bens com valores desiguais entre ascendentes e descendentes sem
o consentimento dos outros descendentes.
(D) o negócio jurídico simulado.
(E) o negócio proibido por lei, que não lhe comina sanção.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 533, CC: Aplicam-se à troca as disposições
referentes à compra e venda, com as seguintes modificações: I. salvo disposição
em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despesas com o
instrumento da troca; II. é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes
e descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do
alienante. Complementando, o Enunciado 368 das Jornadas de Direito Civil
estabelece que: “O prazo para anular venda de ascendente para descendente é
decadencial de dois anos (art. 179 do Código Civil)”. As demais alternativas são
hipóteses de nulidade (letras “a” e “e” nos termos do art. 166, CC; letra “b” nos
termos do art. 426, CC; e letra “d” nos termos do art. 167, CC). Gabarito: “C”.

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57) (FCC – TCM/RJ – Procurador – 2015) Rogério adquire o cavalo “Run like
the Wind” sob condição de que tenha que vencer uma corrida turfística em 90
dias. Sendo o cavalo favorito no nonagésimo dia após a compra, seu vendedor,
Francisco, arrependido da venda por achar que pediu preço baixo demais, dopa
“Run like the Wind” e o cavalo chega em último lugar. Considerando que Rogério
tem interesse na eficácia do negócio jurídico e que tem provas da atitude de
Francisco para evitar a vitória do animal,
(A) a condição não terá sido implementada e o contrato será desfeito, mas
Rogério poderá pleitear indenização por meio de ação autônoma, com
fundamento na má-fé de Francisco.
(B) nada poderá fazer, tendo-se como não verificada a condição e desfeito o
contrato, pois lhe caberia ter vigiado melhor o animal para evitar seu doping.
(C) poderá reputar a condição como potestativa e tê-la como se houvesse
ocorrido, para o único efeito jurídico de pleitear perdas e danos do vendedor,
pela má-fé, mas o contrato será desfeito.
(D) poderá reputar como verificada a condição suspensiva, como se o cavalo
houvesse vencido, pois seu implemento foi maliciosamente obstado pelo
vendedor, a quem não interessava a vitória do animal.
(E) nada poderá ser feito, pois a condição era resolutiva e objetiva e a conduta
do vendedor, sendo subjetiva, em nada alterou os efeitos jurídicos do
inadimplemento ocorrido.
COMENTÁRIOS. Art. 129, CC: Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos,
a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem
desfavorecer (...). Assim, se o próprio Francisco obsta o implemento da condição,
esta já se considera verificada. Ou seja, o negócio deixa de ser condicional (“se”
vencer a corrida), para ser considerado negócio jurídico com eficácia plena.
Gabarito: “D”.

58) (FCC – TCM/RJ – Procurador – 2015) No tocante ao regime das


nulidades no Código Civil, considere:
I. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se
válido for na substância e na forma, podendo essa nulidade ser alegada por
qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
II. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio
jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, podendo, porém, supri-
las, se assim for requerido pelas partes.
III. Se o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este
quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se
houvessem previsto a nulidade.
IV. O negócio jurídico é anulável quando o agente for relativamente incapaz,
quando for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para sua
validade ou por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão
ou fraude contra credores.
Está correto o que se afirma APENAS em

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(A) I e IV.
(B) II e III.
(C) II e IV.
(D) III e IV.
(E) I e III.
COMENTÁRIOS. O item I está correto nos exatos termos do art. 167, CC. O item
II está errado. Art. 168, parágrafo único, CC: As nulidades devem ser
pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e
as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a
requerimento das partes. O item III está correto. Art. 170, CC: Se, porém, o
negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim
a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem
previsto a nulidade. O item IV está errado. Quando for preterida alguma
solenidade que a lei considere essencial para sua validade é hipótese de nulidade
absoluta (ano nulo) do negócio jurídico (e não anulável), nos termos do art. 166,
V, CC. Gabarito: “E” (corretos os itens I e III).

59) (FCC – TCM/RJ – Procurador – 2015) Em relação aos defeitos dos


negócios jurídicos tem-se que
(A) são nulos os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem
de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal,
em face das circunstâncias do negócio.
(B) os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os
praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando
o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos
seus direitos.
(C) o dolo acidental anula o negócio jurídico ou, alternativamente, obriga à
satisfação de perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio
seria realizado, embora por outro modo.
(D) considera-se coação o temor reverencial, embora não o seja a ameaça do
exercício normal de um direito.
(E) ocorre o estado de perigo quando alguém, sob premente necessidade ou por
inexperiência, obriga-se a prestação manifestamente desproporcional ao valor da
prestação oposta.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Art. 138, CC: São anuláveis os negócios
jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que
poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias
do negócio. A letra “b” está correta nos exatos termos do art. 158, CC. A letra “c”
está errada. Art. 146, CC: O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e
danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora
por outro modo. A letra “d” está errada. Art. 153, CC: Não se considera coação a
ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial. A
letra “e” está errada. Art. 157, CC: Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob

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premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Gabarito: “B”.

60) (FCC – TJ/SE – Juiz de Direito – 2015) A escritura pública lavrada em


notas de Tabelião,
(A) faz prova plena, mas não é documento dotado de fé pública, podendo ser
impugnada por qualquer interessado.
(B) é documento dotado de fé pública, mas não faz prova plena, porque o
convencimento do juiz é livre.
(C) é documento dotado de fé pública, fazendo prova plena.
(D) firma presunção absoluta de veracidade do que nele constar, por ser
documento dotado de fé pública.
(E) é documento público, mas não dotado de fé pública, porque o Tabelião exerce
suas funções em caráter privado, por delegação do Estado, por isso, também,
não faz prova plena.
COMENTÁRIOS. Art. 215, CC: A escritura pública, lavrada em notas de tabelião,
é documento dotado de fé pública, fazendo prova plena. Gabarito: “C”.

61) (FCC – TRT/14ª Região/RO/AC – Analista Judiciário – 2016) Sobre o


negócio jurídico, na forma estabelecida pelo Código Civil, é INCORRETO
afirmar:
(A) A impossibilidade inicial do objeto sempre invalida o negócio jurídico.
(B) Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
(C) Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
(D) O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o
autorizaram e não for necessária a declaração de vontade expressa.
(E) No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento
público, este é da substância do ato.
COMENTÁRIOS. A afirmação contida na letra “a” está errada (portanto, essa é a
alternativa que deve ser assinalada). Art. 106, CC: A impossibilidade inicial do
objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de
realizada a condição a que ele estiver subordinado. A letra “b” está correta nos
termos do art. 114, CC. A letra “c” está correta nos termos do art. 112, CC. A letra
“d” está correta nos termos do art. 111, CC. A letra “e” está correta nos termos
do art. 109, CC. Gabarito: “A”.

62) (FCC – Técnico de Nível Superior – Analista Administrativo – PGM –


Teresina/PI – 2016) O vício do ato jurídico, resultante de coação
(A) impede que o ato produza os seus efeitos, independentemente de sentença
judicial que o reconheça.
(B) não precisa ser a causa determinante do ato, devendo, porém, ser grave e
injusta.

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(C) só impede a produção de seus efeitos se julgado por sentença, reclamando
provocação da parte.
(D) pode ser reconhecido de ofício pelo juiz, por se tratar de causa de nulidade.
(E) não permite a anulação do ato, resguardado ao coacto o direito a perdas e
danos.
COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. É imprescindível que haja uma sentença
judicial reconhecendo a existência da coação para que esta surta os efeitos legais
(anulação do negócio sem haja retroatividade), como veremos a seguir. Letra B,
incorreta. Requisitos para a caracterização da coação (moral) e a consequente
anulação do ato (art. 151, CC): a) seja a causa determinante do negócio
jurídico (ou seja, nexo causal entre o meio intimidativo e o ato realizado pela
vítima; se não houvesse a coação, não haveria o negócio; b) temor justificado; c)
dano iminente; d) dano considerável e sério. Letra C, correta. Como a coação
moral torna o negócio anulável (art. 171, I, CC). Assim, nos termos do art. 177,
CC: A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se
pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita
exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou
indivisibilidade. Letra D, incorreta. Como mencionado no art. 177, CC, a coação
moral não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, por ser causa de anulabilidade
(e não nulidade). Letra E, incorreta. Art. 171, CC: Além dos casos expressamente
declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I. por incapacidade relativa do
agente; II. por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou
fraude contra credores. Gabarito: “C”.

63) (FCC – Técnico de Nível Superior – Analista Administrativo – PGM –


Teresina/PI – 2016) O dolo civil produz a
(A) anulabilidade do ato, apenas quando for a causa deste.
(B) nulidade do ato, em quaisquer circunstâncias.
(C) nulidade do ato, quando for a causa deste.
(D) anulabilidade do ato, em quaisquer circunstâncias.
(E) inexistência do ato, desde que seja sua causa.
COMENTÁRIOS. Art. 145, CC: São os negócios jurídicos anuláveis por dolo,
quando este for a sua causa. Gabarito: “A”.

64) (FCC – SEGEP/MA – Técnico da Receita Estadual – Arrecadação e


Fiscalização de Mercadorias em Trânsito – 2016) Raul foi picado por uma
cobra e levado às pressas para hospital particular. Ao chegar ao local,
informaram-lhe que, para que recebesse tratamento, teria que realizar
depósito no valor de R$ 50.000,00 em favor do hospital. Premido pela
necessidade de salvar-se, Raul realizou o depósito, apesar de julgar a
obrigação excessivamente onerosa. O negócio jurídico padece do vício
(A) coação, que é causa de nulidade.
(B) lesão, que é causa de nulidade.
(C) estado de perigo, que é causa de anulabilidade.

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(D) dolo, que é causa de anulabilidade.
(E) coação, que é causa de anulabilidade.
COMENTÁRIOS. Art. 156, CC. Configura-se o estado de perigo quando alguém,
premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano
conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Art. 171,
CC. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio
jurídico: (...) II. por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão
ou fraude contra credores. Gabarito: “C”.

65) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2016) A


respeito dos defeitos dos negócios jurídicos previstos no Código Civil,
considere:
I. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade
emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de
diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.
II. O erro é substancial quando sendo de direito e não implicando recusa à
aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
III. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como
razão determinante.
IV. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.
Está correto o que se afirma em
(A) I, II, III e IV.
(B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e IV, apenas.
COMENTÁRIOS. Item I, correto. Art. 138, CC: São anuláveis os negócios
jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que
poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias
do negócio. Item II, correto. Art. 139, CC: O erro é substancial quando: (...) III.
sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou
principal do negócio jurídico. Item III, correto. Art. 140, CC: O falso motivo só
vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. Item
IV, correto. Art. 143, CC: O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da
declaração de vontade. Gabarito: A.

66) (FCC – Técnico de Nível Superior – Advogado – Prefeitura de


Teresina/PI – 2016) O elemento acidental do negócio jurídico,
estabelecido pelas partes, que faz com que a eficácia desse negócio fique
subordinada à ocorrência de evento futuro e certo denomina-se
(A) termo convencional.
(B) termo legal.
(C) condição suspensiva.

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(D) condição resolutiva.
(E) encargo.
COMENTÁRIOS. Termo é a cláusula contratual (daí ser convencional e não
legal) acessória que subordina os efeitos do negócio jurídico a um acontecimento
futuro e certo. Trata-se do dia em que começa e/ou extingue a eficácia do
negócio jurídico, subordinando-se a um evento futuro e certo (embora a data deste
evento possa ser determinada ou indeterminada). Gabarito: “A”.

67) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2016)


Necessitando, com urgência, comprar remédios muito caros para o tratamento de
um doença da qual padecia e não possuindo rendas ou economias para tanto, o
proprietário de certo imóvel o alienou a terceiro por cerca de 1/5 de seu valor de
mercado. Agravando-se o quadro do mesmo ex-proprietário cerca de três anos
após a alienação, seu procurador, constituído por escritura pública para
representá-lo em todos os atos da vida civil enquanto estivesse em nosocômio,
substabeleceu a procuração por instrumento particular e o substabelecido ajuizou
ação em face de terceiro para anulação da alienação do imóvel, depositando em
juízo, à disposição do mesmo terceiro, o valor recebido pelo falecido pela venda
do imóvel, com juros e correções legais. Nesse caso,
(A) teria ocorrido já decadência do direito de promover a referida ação.
(B) o substabelecido poderia mover a ação e o fundamento dela seria a lesão
sofrida pelo vendedor.
(C) a compra e venda já estaria perfeita e acabada quando em nosocômio o
vendedor, não havendo fundamento legal para a anulação, se ele era maior e
capaz ao tempo do negócio.
(D) o substabelecido seria representante da parte legítima e o fundamento da
ação seria a venda efetuada durante estado de perigo.
(E) para que o substabelecido pudesse promover a ação, seria necessário que o
substabelecimento também tivesse sido feito por instrumento público.
COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. No caso concreto ocorreu o vício da lesão,
uma vez que alienou seu imóvel por 1/5 do valor real para a compra de remédios
para tratamento de sua doença. Art. 157, CC: “Ocorre a lesão quando uma pessoa,
sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta”. Nesse caso o
prazo decadencial é de quatro anos (e não três como constou na alternativa).
Art. 178, CC: É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação
do negócio jurídico, contado: (...) II. no de erro, dolo, fraude contra credores,
estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico. Letra B,
correta. A pessoa lesada constituiu um procurador e este substabeleceu os
poderes recebidos. Portanto o substabelecido poderia ingressar com a demanda
baseado no fato da lesão sofrida pelo vendedor. Acrescente-se que, nos termos
do art. 655, CC: Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público,
pode substabelecer-se mediante instrumento particular. Letra C, incorreta.
Ainda que o vendedor seja maior e capaz e somente estava em nosocômio
(hospital) após a realização do negócio, como vimos, houve a lesão, vício de

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consentimento, previsto no art. 157, CC. Letra D, incorreta. De fato, o
substabelecido é o representante da parte legítima (vendedor). No entanto o
fundamento da ação é a venda efetuada sob o vício da lesão (e não estado de
perigo). E isso, basicamente, por dois motivos. No estado de perigo (art. 156, CC)
exige-se o requisito “premido da necessidade de salvar-se”. A questão, embora
diga que a pessoa estava doente, não afirmou que ela estava em perigo e
necessitava salvar-se. Já a lesão (art. 157, CC) apenas exige que a pessoa esteja
“sob premente necessidade”. Por isso a situação encaixa-se melhor na situação da
lesão. Além disso, o estado de perigo (ao contrário da lesão) exige que o “grave
dano seja conhecido pela outra parte”, sendo que esta situação não fica clara no
problema. Letra E, incorreta. Como vimos, de acordo com o art. 655, CC, ainda
quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-se
mediante instrumento particular. Gabarito: “B”.

68) (FCC – Procurador da Prefeitura de Campinas/SP – 2016) Antevendo


que se divorciaria de Márcia, Marcos transferiu parte de seu patrimônio a
Cíntia, de maneira graciosa, declarando, no entanto, ter realizado uma
compra e venda. Tal ato é
(A) nulo, em razão de simulação, sujeitando-se a prazo decadencial de 4 anos.
(B) nulo, em razão de simulação, não convalescendo com o decurso do tempo.
(C) anulável, em razão de fraude contra credores, sujeitando-se a prazo
decadencial de 4 anos.
(D) anulável, em razão de simulação, sujeitando-se a prazo prescricional de 4
anos.
(E) nulo, em razão de fraude contra credores, não convalescendo com o decurso
do tempo.
COMENTÁRIOS. Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o
que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. §1° Haverá simulação
nos negócios jurídicos quando: I. aparentarem conferir ou transmitir direitos a
pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II.
contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira. Art. 169,
CC: O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce
pelo decurso do tempo. Gabarito: “B”.

69) (FCC – PGE/MT – Procurador do Estado – 2016) Pedro adquiriu de João


veículo que, segundo afirmou o vendedor, a fim de induzir o comprador em erro,
seria do tipo “flex”, podendo ser abastecido com gasolina ou com álcool. Mas Pedro
não fazia questão desta qualidade, e teria realizado o negócio ainda que o veículo
não fosse bicombustível. No entanto, em razão do que havia afirmado João, Pedro
acabou por abastecer o veículo com combustível inapropriado, o que causou avaria
no motor. O negócio jurídico
(A) é anulável e obriga às perdas e danos, em razão do vício denominado dolo,
não importando tratar-se de dolo acidental.
(B) é nulo, em razão de vício denominado dolo.
(C) é nulo, em razão de vício denominado lesão.

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(D) é anulável, em razão do vício denominado dolo, mas não obriga às perdas e
danos, por tratar-se de dolo acidental.
(E) não é passível de anulação, pois o dolo acidental só obriga às perdas e danos.
COMENTÁRIOS. Art. 145, CC: São os negócios jurídicos anuláveis por
dolo, quando este for a sua causa. Art. 146, CC. O dolo acidental só obriga à
satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio
seria realizado, embora por outro modo. A compra realizada por Pedro não teve
como motivo o fato do veículo ser “flex” (espécie de combustível). Portanto, o
negócio jurídico (compra do veículo) não será anulado. No entanto, embora a
questão não entre nesse aspecto, o vendedor poderia ser responsabilizado por
perdas e danos em decorrência da avaria causada no motor por causa da falsa
informação prestada. Gabarito: “E”.

70) (FCC – TRE/SP – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2017) Para se


furtar à legislação eleitoral, Paulo transferiu para si patrimônio da
empresa na qual é sócio. Na sequência, simulou doar o dinheiro a
candidato, pela pessoa física. Na verdade, porém, foi a empresa quem
realizou, de fato, a doação. O negócio simulado é
(A) válido, se atender à forma prescrita em lei e não prejudicar direito de
terceiros.
(B) nulo, matéria cognoscível de ofício, não se sujeitando a declaração de
nulidade a prazo de decadência ou de prescrição.
(C) anulável, dependendo, a sua invalidação, de provocação da parte, sujeita a
prazo decadencial de quatro anos.
(D) anulável, matéria cognoscível de ofício e não sujeita a prazo de decadência
ou de prescrição.
(E) nulo, dependendo a sua invalidação de provocação da parte, sujeita a prazo
decadencial de quatro anos.
COMENTÁRIOS. O negócio é nulo nos termos do art. 167, CC: “É nulo o negócio
jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância
e na forma”. Pode ser conhecido de ofício nos termos do parágrafo único do art.
168, CC: “As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do
negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo
permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes”. Além disso tais prazos
não se sujeitam à prescrição ou decadência nos termos do art. 169, CC: O
negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo
decurso do tempo. Gabarito: “B”.

71) (FCC – TRT/11ª Região – AM/RR – Técnico Judiciário – Área


Administrativa – 2017) A respeito dos defeitos dos negócios jurídicos,
considere:
I. O erro de cálculo autoriza a parte prejudicada a obter o desfazimento do
negócio.

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II. Se ambas as partes tiverem procedido com dolo, qualquer delas pode alegá-
lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.
III. Presumem-se fraudatórios dos direitos de outros credores as garantias
reais de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) III.
(B) I e II.
(C) I e III.
(D) II e III.
(E) I.
COMENTÁRIOS. Item I, incorreto. Art. 143, CC: O erro de cálculo apenas autoriza
a retificação da declaração de vontade. Item II, incorreto. Art. 150, CC: Se ambas
as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio,
ou reclamar indenização. Item III, correto. Art. 163, CC: Presumem-se
fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor
insolvente tiver dado a algum credor. Gabarito: “A” (somente o item III está
correto).

72) (FCC – TRT/24ª Região/MS – Analista Judiciário – Área Judiciária –


2017) À luz do Código Civil, NÃO é nulo o negócio jurídico celebrado entre
duas partes quando
(A) for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua
validade.
(B) o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito.
(C) tiver por objetivo fraudar lei imperativa.
(D) for indeterminável o seu objeto.
(E) houver vício resultante de coação.
COMENTÁRIOS. As letras A, B, C e D estão incorretas, pois são hipóteses de
nulidade. Art. 166, CC: É nulo o negócio jurídico quando: I. celebrado por pessoa
absolutamente incapaz; II. for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III. o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; IV. não revestir
a forma prescrita em lei; V. for preterida alguma solenidade que a lei considere
essencial para a sua validade; VI. tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII. a
lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. A
letra E está correta, pois é causa de anulação (portanto o negócio não é nulo, de
acordo com o cabeçalho da questão). Art. 171, CC: Além dos casos expressamente
declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: (...) II. por vício resultante de
erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. Gabarito:
“E”.

73) (FCC – DPE/PR – Defensor Público – 2017) Considere as assertivas


abaixo.

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I. É possível confirmar um ato a priori anulável, tornando-o válido a posteriori,
como na hipótese em que um menor relativamente incapaz compra um bem
e, ao atingir a sua maioridade civil, confirma esse negócio jurídico, ressalvado
direito de terceiro.
II. Um determinado contrato nulo pode ser convertido em contrato válido,
como na hipótese de compra e venda de bem imóvel, com valor superior a
trinta vezes o maior salário-mínimo vigente no país, sem a lavratura de
escritura pública; perfazendo-se apenas em compromisso de compra e venda.
III. A invalidade parcial de um negócio jurídico o prejudicará em sua totalidade,
ainda que seja possível separar a parte válida da inválida.
IV. Entre duas interpretações possíveis da declaração de vontade, uma que
prive de validade e outra que lhe assegure a validade, há de ser adotada a
última.
Segundo o Código Civil, está correto o que se afirma APENAS em
(A) III e IV.
(B) II, III e IV.
(C) I, II e IV.
(D) II e IV.
(E) I e III.
COMENTÁRIOS. Item I, correto. Art. 172, CC: O negócio anulável pode ser
confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro. Item II, correto. Art. 170, CC:
Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este
quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se
houvessem previsto a nulidade. Item III, incorreto. Art. 184, CC: Respeitada a
intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará
na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica
a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.
Item IV, correto. Segundo o princípio da conservação ou aproveitamento do
contrato, temos que se uma cláusula contratual permitir duas interpretações
diferentes, prevalecerá a que lhe assegure a validade, ou seja, que possa produzir
algum efeito. Não se deve supor que os contratantes tenham celebrado um
contrato inutilmente e sem seriedade. Gabarito: “C” (estão corretos os itens I,
II e IV).

74) (FCC – TRT/11ª Região – AM/RR – Técnico Judiciário – Área


Administrativa – 2017) Rafael vendeu uma fazenda para Valdir,
estabelecendo que o comprador só entrará na posse do imóvel quando
tiver construído uma igreja para os colonos. Tal negócio está sujeito
(A) a termo final.
(B) a termo inicial.
(C) à condição resolutiva.
(D) à condição suspensiva.
(E) a encargo.

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COMENTÁRIOS. Trata-se de uma condição suspensiva, pois a mesma protelou
(suspendeu, adiou) os efeitos do negócio jurídico até a realização do evento futuro
e incerto (construção da igreja). Art. 125, CC: “Subordinando-se a eficácia do
negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta não se verificar, não se terá
adquirido o direito, a que ele visa”. Observem que o próprio contrato estabeleceu
que “o comprador só entrará na posse do imóvel quando tiver construído uma
igreja para os colonos”. Não se trata de uma condição resolutiva, pois esta
subordina à ineficácia do negócio jurídico a um evento futuro e incerto. Ou seja, a
ocorrência do evento futuro e incerto resolve (extingue) o direito transferido pelo
negócio jurídico. Não se trata de termo (seja inicial ou final), pois este se subordina
a um evento futuro e certo e não ficou determinado um dia específico para a
realização da obra. Não se trata de um encargo por dois motivos. Primeiro porque
o encargo é uma cláusula acessória que aparece em atos de liberalidade (como a
doação) e não em negócios onerosos (como a compra e venda, hipótese da
questão). Segundo porque o encargo não suspende a aquisição nem o exercício
do direito e no caso concreto a cláusula impede a posse até que a igreja seja
construída. Reforçando isso, estabelece o art. 136, CC: O encargo não suspende
a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no
negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva. Gabarito: “D”.

LISTA DE EXERCÍCIOS SEM COMENTÁRIOS


(Somente exercícios referentes à FGV)

01) (FGV – PGE/RO – Analista da Procuradoria – 2015) Celina é credora


quirografária de Márcia de um montante de R$ 50.000,00. Celina ingressou com
Ação Revocatória para ver anulado ato praticado por Márcia que a levou à
insolvência, qual seja, a transmissão gratuita por meio de contrato de doação para
sua filha Elisa de uma propriedade imóvel avaliada em R$ 100.000,00. Sobre os
fatos narrados, é correto afirmar que:
(A) o caso traz hipótese de fraude à execução, que constitui defeito do negócio
jurídico, por vício de consentimento, gerando a sua anulação;
(B) o caso traz hipótese de fraude contra credores, que constitui defeito do
negócio jurídico, por vício social, gerando a sua nulidade;
(C) a procedência da ação revocatória implica a anulação da doação, sendo que
esta aproveitará a Celina e aos demais credores de Márcia;
(D) a procedência da ação revocatória implica a anulação da doação, sendo que
esta aproveitará somente a Celina e não aos demais credores de Márcia;
(E) Celina tem o prazo prescricional de dois anos para pleitear a anulação do
negócio jurídico de doação, contado do dia em que tomar conhecimento da
realização do negócio.

02) (FGV – Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro – Estágio


Forense – 2014) O ato jurídico será considerado anulável:
(A) quando for praticado por pessoa absolutamente incapaz;
(B) quando o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;

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(C) quando praticado mediante simulação;
(D) por erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores;
(E) quando não revestir a forma prescrita em lei.

03) (FGV – MPE/MS – Analista – Direito – 2013) Pedro, insolvente notório,


sabendo que não terá condições de arcar com o pagamento de todas as suas
dívidas, resolve vender todos os seus bens com o objetivo de causar prejuízos aos
seus credores, impossibilitando-os de receber os respectivos créditos.
Considerando o contexto fático apresentado, assinale o instituto jurídico
que se amolda à hipótese.
(A) lesão.
(B) dolo.
(C) estado de perigo.
(D) fraude contra credores.
(E) simulação.

04) (FGV – Assembleia Legislativa do Maranhão – Técnico de Gestão


Administrativa – Advogado – 2013) A respeito da validade dos negócios
jurídicos, analise as afirmativas a seguir.
I. A nulidade pode ser alegada por qualquer interessado, ou pelo Ministério
Público, quando lhe couber intervir e pode ser pronunciada de ofício pelo Juiz.
II. A anulabilidade somente pode ser alegada pelos interessados e aproveita,
sem exceções, apenas aos que a alegarem.
III. É nulo o negócio jurídico quando não revestir a forma prescrita em lei e a
validade da declaração da vontade é, em regra, livre de forma especial.
Assinale:
(A) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(C) se somente a afirmativa II estiver correta.
(D) se somente a afirmativa III estiver correta.
(E) se somente a afirmativa I estiver correta.

05) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2013) João, credor quirografário de


Marcos em R$ 150.000,00, ingressou com ação pauliana, com a finalidade de
anular ato praticado por Marcos, que o reduziu à insolvência. João alega que
Marcos transmitiu gratuitamente para seu filho, por contrato de doação,
propriedade rural avaliada em R$ 200.000,00. Considerando a hipótese acima,
assinale a afirmativa CORRETA.
(A) caso o pedido da ação pauliana seja julgado procedente e seja anulado o
contrato de doação, o benefício da anulação aproveitará somente a João, cabendo
aos demais credores, caso existam, ingressarem com ação individual própria.
(B) o caso narrado traz hipótese de fraude de execução, que constitui defeito no
negócio jurídico por vício de consentimento.

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(C) na hipótese de João receber de Marcos, já insolvente, o pagamento da dívida
ainda não vencida, ficará João obrigado a repor, em proveito do acervo sobre
que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.
(D) João tem o prazo prescricional de dois anos para pleitear a anulação do
negócio jurídico fraudulento, contado do dia em que tomar conhecimento da
doação feita por Marcos.

06) (FGV – Advogado do Banco de Santa Catarina – BESC – 2012)


Denominam-se vícios do consentimento:
(A) erro, simulação e fraude.
(B) dolo, simulação e coação.
(C) fraude, coação e dolo.
(D) erro, dolo e coação.
(E) erro, dolo e simulação.

07) (FGV – TCE/BA – Analista de Controle Externo – 2013) A respeito dos


defeitos do negócio jurídico, analise as afirmativas a seguir
I. O erro é considerado substancial quando, sendo de direito e não implicando
recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
II. A coação consiste na ameaça do exercício normal de um direito, assim como
o simples temor reverencial.
III. A lesão é configurada quando uma pessoa, sob premente necessidade ou
por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao
valor da prestação oposta.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa III estiver correta.
(C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

08) (FGV – Delegado de Polícia do Estado do Maranhão – 2012) A respeito


do plano de validade dos negócios jurídicos, assinale a afirmativa
CORRETA.
(A) a nulidade de um negócio jurídico decorrente de fraude de lei imperativa pode
ser alegada pelo Ministério Público quando lhe couber intervir.
(B) as hipóteses de anulabilidade devem ser pronunciadas pelo juiz, quando
conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, sendo-
lhe permitido supri-las.
(C) o negócio jurídico nulo convalesce pelo decurso do tempo por razões de
segurança jurídica.
(D) o erro, o dolo e a coação são as únicas hipóteses de anulabilidade do negócio
jurídico previstas pelo Código Civil.
(E) é anulável um negócio jurídico que não revestir a forma prescrita em lei.
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09) (FGV – Advogado do Senado Federal – 2008) Solange de Paula move
ação anulatória em face do Hospital das Clínicas. Ocorre que, necessitando
internar seu marido, não encontrou vaga no SUS, logrando êxito em conseguir a
internação em hospital da rede privada, não integrante da rede SUS. O hospital
exigiu o depósito de R$ 3,5 mil para a internação e mais R$ 360,00 para exames.
Entregues os cheques, após o atendimento, Carmem ingressou em juízo para
anular o negócio jurídico. Assinale o melhor fundamento para sua pretensão.
(A) onerosidade excessiva.
(B) lesão.
(C) estado de perigo.
(D) enriquecimento sem causa.
(E) venire contra factum proprium.

10) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado de Mato Grosso do Sul – 2006)


Com a intenção deliberada de prejudicar outrem, pós-data-se o
instrumento de negócio jurídico. Aponte o vício ligado a esse
procedimento.
(A) dolo acidental.
(B) erro substancial.
(C) simulação.
(D) erro acidental.
(E) fraude.

11) (FGV – Agente Tributário Estadual/MS – 2006) A emissão de título de


crédito visando a encobrir ato ilegal configura:
(A) simulação relativa subjetiva.
(B) simulação relativa objetiva.
(C) simulação absoluta.
(D) dolo.
(E) erro.

12) (FGV – TJ/GO – Analista Judiciário – 2014) Vanildo, ciente de que seu
veículo apresentava sério problema no motor, que se manifestaria a
qualquer momento, cujo conserto seria quase o valor do carro, colocou-o
a venda. Eduardo, tomando conhecimento de que o carro seria vendido,
procurou Vanildo, que disponibilizou totalmente o automóvel para que
Eduardo o experimentasse e o analisasse. Por fim, Eduardo realizou a
compra, mantendo-se Vanildo em silêncio quanto ao problema no motor.
É correto afirmar que esse negócio jurídico é:
(A) inexistente.
(B) nulo de pleno direito.
(C) ineficaz.
(D) anulável.
(E) perfeitamente válido.

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13) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2012) Em relação aos defeitos dos
negócios jurídicos, assinale a afirmativa INCORRETA.
(A) a emissão de vontade livre e consciente, que corresponda efetivamente ao
que almeja o agente, é requisito de validade dos negócios jurídicos.
(B) o erro acidental é o que recai sobre características secundárias do objeto,
não sendo passível de levar à anulação do negócio.
(C) a simulação é causa de anulação do negócio, e só poderá ocorrer se a parte
prejudicada demonstrar cabalmente ter sido prejudicada por essa prática.
(D) o objetivo da ação pauliana é anular o negócio praticado em fraude contra
credores.

14) (FGV – TJ/PA – Juiz de Direito – 2008) Assinale a alternativa


CORRETA.
(A) no apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a
saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que
possam influir na gravidade dela.
(B) o simples temor reverencial é capaz de caracterizar uma das modalidades de
coação.
(C) a insolvência notória não é motivo para tornar anuláveis os contratos
onerosos do devedor insolvente.
(D) é nulo o negócio jurídico simulado, não subsistindo o que se dissimulou, ainda
que válido na substância e na forma.
(E) é de 05 (cinco) anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do
negócio jurídico.

15) (FGV – TJ/AM – Juiz de Direito – 2013) João, premido pela necessidade
de conseguir dinheiro para purgar a mora referente a alugueis e encargos da casa
em que reside e evitar o despejo, vendeu uma joia de família a Ricardo, por
R$5.000,00, embora o seu preço de mercado seja de aproximadamente
R$50.000,00. Posteriormente, não conseguindo desfazer amigavelmente o
negócio realizado, propõe ação para anular a venda da joia. De acordo com as
informações apresentadas, assinale a alternativa que indica, em tese, o
defeito do negócio jurídico.
(A) lesão.
(B) dolo.
(C) coação.
(D) estado de perigo.
(E) erro.

16) (FGV – TJ/AM – Juiz de Direito – 2013) Em relação aos negócios


jurídicos realizados na vigência do Código Civil de 2002, assinale a
afirmativa CORRETA.
(A) é anulável o negócio jurídico simulado.
(B) é nulo o negócio jurídico realizado por menor relativamente incapaz.

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(C) é anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros
descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
(D) é nulo o negócio jurídico realizado em estado de perigo.
(E) é inadmissível, no direito brasileiro, a conversão de negócios jurídicos nulos.

17) (FGV – Advogado do Senado Federal – 2008) Na sistemática do novo


Código Civil, se o erro é escusável, o negócio:
(A) prevalecerá.
(B) será declarado nulo.
(C) poderá ser anulado.
(D) será tido por inexistente.
(E) fica sujeito à ratificação.

18) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2008) Quando


a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para
pleitear-se a anulação, será esta de:
(A) 1 ano.
(B) 5 anos.
(C) 3 anos.
(D) 2 anos.
(E) 4 anos.

19) (FGV – Advogado do Senado Federal – 2008) Em relação à fraude,


avalie as afirmativas a seguir, atribuindo V para verdadeiro e F para falso.
( ) A fraude contra credores representa a frustração do direito potestativo do
credor em receber o que lhe é devido.
( ) O animus de prejudicar não é elemento constitutivo da fraude contra
credores.
( ) Para que a fraude à execução possa ser reconhecida é indispensável haver
uma lide proposta.
( ) Para o reconhecimento da fraude contra credores é necessário propor a ação
pauliana.
( ) A fraude à execução tem como consequência a anulabilidade do ato
fraudulento.
Assinale a sequência correta de cima para baixo.
(A) V – F – V – F – V
(B) F – F – V – V – F
(C) F – V – V – F – F
(D) F – V – F – V – F
(E) V – V – F – V – F

20) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2010) Com


relação à validade dos negócios jurídicos, analise as afirmativas a seguir.

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I. Quando a lei dispõe que determinado negócio jurídico é anulável, sem
estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, este prazo será de dois anos, a
contar da data da conclusão do ato.
II. Quando a lei proíbe a prática de um negócio jurídico sem, no entanto,
cominar sanção, o negócio jurídico será nulo.
III. O prazo para pleitear-se a anulação de negócio jurídico no caso de erro,
dolo, coação, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão é contado do
dia em que se realizou o negócio jurídico.
Assinale:
(A) se todas as afirmativas estiverem corretas.
(B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se somente a afirmativa III estiver correta.

21) (FGV – Advogado da Fundação Pro-Sangue Hemocentro/SP – 2013)


Com relação ao negócio jurídico, analise as afirmativas a seguir.
I. Quando a lei proibir a prática de determinado negócio, sem cominar sanção,
este deve ser considerado nulo.
II. As nulidades absolutas podem ser alegadas somente pelos interessados.
III. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do
negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa III estiver correta.
(B) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(C) se somente a afirmativa II estiver correta.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se somente a afirmativa I estiver correta.

22) (FGV – Ministério Público do Estado do Amazonas – 2012) Analise as


afirmativas a seguir: Todo ato jurídico será considerado nulo de pleno
direito:
I. Quando for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para
a sua validade.
II. Quando for praticado com vício resultante de erro, dolo, coação e fraude
contra credores.
III. Quando praticado por pessoa relativamente incapaz.
IV. Quando o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito.
Assinale
(A) se nenhuma afirmativa estiver correta.
(B) se somente a afirmativa I estiver correta.
(C) se somente a afirmativa IV estiver correta.

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(D) se somente as afirmativas I e IV estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

23) (FGV – Advogado do Banco de Santa Catarina/BESC – 2012) Todo ato


jurídico será considerado NULO de pleno direito:
I. Quando for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para
a sua validade.
II. Quando praticado com vício resultante de erro, dolo e simulação.
III. Quando praticado com vício resultante de coação ou fraude.
IV. Quando praticado por pessoa relativamente incapaz.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente a afirmativa IV estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

24) (FGV – AL/MT – Procurador da Assembleia Legislativa do Estado de


Mato Grosso – 2013) A cláusula que, derivando exclusivamente da
vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro
e incerto, é denominada
(A) simulação.
(B) termo.
(C) lesão.
(D) condição.
(E) erro ou ignorância.

25) (FGV – TCE/RJ – Auditor Substituto – 2015) Anos após a celebração


de uma doação sob condição suspensiva, até hoje não implementada, é
CORRETO afirmar que:
(A) o donatário tem um direito adquirido, embora esteja suspenso o seu exercício
até que a condição seja implementada;
(B) o não-implemento do fato futuro e incerto caracteriza a revogação da doação;
(C) tendo a condição sido expressa como razão determinante, a doação
considera-se inexistente;
(D) admite-se, em caráter excepcional, que a condição seja maliciosamente
levada a efeito pela parte a quem aproveita o seu implemento;
(E) enquanto a condição não se verificar, não se terá adquirido o direito a que
visa o negócio jurídico.

26) (FGV – Fiscal de Rendas – MS – 2006 - Adaptada) Assinale o nome do


fato jurídico em que a eficácia de negócio jurídico depende da vontade e

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prática de algum ato do contraente e de um fator externo, portanto,
evento futuro e incerto
(A) condição puramente potestativa.
(B) condição resolutiva.
(C) condição meramente potestativa.
(D) encargo.
(E) termo final.

27) (FGV – Procurador do Tribunal de Contas do Município do Rio de


Janeiro – 2008) A afirmativa “Pagarei a coisa adquirida quando a
revender” representa condição:
(A) puramente potestativa.
(B) simplesmente potestativa.
(C) eventual.
(D) resolutiva.
(E) suspensiva.

28) (FGV – Procurador do Tribunal de Contas do Município do Rio de


Janeiro – 2008) A escritura pública, lavrada em tabelião, que não
contenha a assinatura no livro de notas será:
(A) nula.
(B) inexistente.
(C) anulável.
(D) incompleta.
(e) ineficaz.

29) (FGV – PGE/RO – Analista da Procuradoria – 2015) Catarina,


percebendo que sua mãe, Daniela, estava com algum mal súbito, levou-a ao
hospital mais próximo de sua casa. Enquanto sua mãe aguardava na sala de
espera do hospital, Catarina preenchia o formulário de atendimento. Quando
indagou ao funcionário do hospital o motivo pelo qual sua mãe ainda não havia
sido atendida por um médico, ele informou que antes seria necessário o depósito
de R$ 5 mil, a título de garantia, através de um cheque pós-datado. Apesar de
reconhecer que não possuía esse valor em conta-corrente, Catarina emitiu o
cheque de pronto para possibilitar o atendimento de emergência de sua mãe.
Sobre a situação descrita, é correto afirmar que Catarina poderá:
(A) anular o negócio jurídico por vício resultante de estado de perigo, no prazo
decadencial de quatro anos, contados da data da celebração do contrato;
(B) anular o negócio jurídico por estado de perigo, no prazo prescricional de
quatro anos, a contar da data da celebração do contrato;
(C) requerer a declaração de nulidade do negócio jurídico, por vício resultante de
coação, não convalescendo pelo decurso do tempo;
(D) requerer a declaração de nulidade do negócio jurídico, por dolo, tendo em
vista a demora no atendimento de Daniela;

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(E) anular o negócio jurídico por lesão, no prazo de dois anos, a contar da data
da celebração do contrato.

30) (FGV – Companhia Docas da Bahia – CODEBA – Advogado – 2016)


Mariana está internada em hospital da rede particular de saúde em estado grave.
Rodrigo, seu pai, promete recompensa de R$ 100.000,00 à equipe médica, caso
a sua filha seja curada. Operada a cura, os médicos reivindicam o pagamento da
recompensa prometida. Assinale a opção que indica o vício que contaminou essa
manifestação de vontade.
(A) Estado de perigo.
(B) Lesão.
(C) Erro.
(D) Fraude contra credores.
(E) Dolo por omissão.

31) (FGV – Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal de Cuiabá/MT –


2016) Francisco deseja doar seu apartamento para Joaquim, seu sobrinho
mais novo. Ao realizar a transferência, exige que o sobrinho pinte o
apartamento, a cada 6 meses, na cor que ele determinar. Joaquim aceita
a oferta. Assinale a opção que indica o elemento acidental presente no
negócio jurídico.
(A) Condição suspensiva.
(B) Condição resolutiva.
(C) Encargo.
(D) Termo inicial.
(E) Termo final.

32) (FGV – Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal de Cuiabá/MT –


2016) Justina, oriunda de uma pequena cidade do interior do Brasil, chega
a São Paulo sem conhecer ninguém e procura de imediato, e com
urgência, um apartamento para residir. O proprietário do imóvel
desejado, percebendo a pouca experiência de Justina e reconhecendo a
sua necessidade de moradia, cobra-lhe valor três vezes superior ao
usualmente praticado naquele bairro. Considerando tais fatos, assinale a
afirmativa correta.
(A) O contrato de locação realizado é válido, tendo em vista a proteção ao
princípio da autonomia privada.
(B) O contrato de locação realizado é nulo, tendo em vista a existência de dolo
por parte do proprietário do imóvel.
(C) O contrato de locação realizado é nulo, tendo em vista a existência de erro
por parte de Justina.
(D) O contrato de locação realizado é anulável, tendo em vista a existência de
estado de perigo.

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(E) O contrato de locação realizado é anulável, tendo em vista a existência de
lesão.

33) (FGV – Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal de Cuiabá/MT –


2016) Fábio comprometeu-se a doar uma casa aos noivos Roberto e Carla,
desde que viessem a contrair matrimônio. Um mês antes do casamento,
Carla descobriu que o vizinho do imóvel vem danificando o bem de Fábio,
podendo a continuação destruir o imóvel. Diante do ocorrido, assinale a
afirmativa correta.
(A) Roberto e Carla nada poderão fazer, visto que só possuem uma mera
expectativa de direito, sendo de Fábio a legitimidade para a propositura de
qualquer ação.
(B) Roberto e Carla poderão promover ação judicial que impeça o ato do vizinho,
visto que o termo inicial gera a aquisição do direito.
(C) Fábio, Roberto e Carla não poderão promover ação judicial, pois será preciso
aguardar a realização do casamento para a propositura da ação.
(D) Roberto e Carla poderão agir, inclusive judicialmente, pois ao titular do direito
eventual, nos casos de condição suspensiva, é permitido praticar os atos
destinados a conservá-lo.
(E) A doação celebrada por Fábio está sujeita a uma condição suspensiva, o que
gera a suspensão da aquisição do direito, inibindo a ação dos noivos.

GABARITO SECO = FGV


01) C 12) D 23) A
02) D 13) C 24) D
03) D 14) A 25) E
04) A 15) A 26) C
05) C 16) C 27) B
06) D 17) C 28) A
07) C 18) D 29) A
08) A 19) B 30) A
09) C 20) B 31) C
10) C 21) B 32) E
11) B 22) D 33) D

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GABARITO SECO = FCC

01) C 16) C 31) C 46) D 61) A


02) D 17) B 32) A 47) C 62) C
03) D 18) C 33) B 48) D 63) A
04) B 19) E 34) C 49) C 64) C
05) C 20) A 35) E 50) C 65) A
06) D 21) C 36) C 51) B 66) A
07) B 22) C 37) C 52) B 67) B
08) A 23) E 38) A 53) A 68) B
09) E 24) B 39) A 54) E 69) E
10) B 25) B 40) D 55) C 70) B
11) D 26) E 41) A 56) C 71) A
12) C 27) A 42) E 57) D 72) E
13) B 28) C 43) B 58) E 73) C
14) D 29) E 44) E 59) B 74) D
15) E 30) E 45) A 60) C

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