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Contents

1. OS PODERES DOS MAGISTRADOS ................................................................................................. 2


1.1 IMPERIUM ............................................................................................................................................. 2
1.2. A IURISDICTIO .................................................................................................................................... 2
2. AACTIO ...................................................................................................................................................... 3
2.1. DEFINIÇÃO ............................................................................................................................................ 3
2.2. TIPOS DE ACTIONES........................................................................................................................ 3
2.3. AS ACTIONES DO PROCESSO DAS LEGIS ACTIONES ...................................................... 5
2.3.1. Legis actio per sacramentum ........................................................................................................ 5
2.3.2. Legis actio per iudicis arbitrive postulationem ....................................................................... 6
2.3.3. Legis actio per condictionem ...................................................................................................... 6
2.3.4. Legis actio per manus iniectionem ............................................................................................... 7
3. DEFICIENCIAS DO PROCESSO DAS LEGIS ACTIONES ................................................................... 7
4. AFORMULA ................................................................................................................................................ 8
4.1. Noção ..................................................................................................................................................... 8
4.2. Estrutura ................................................................................................................................................. 8
4.2.1. lntentio .......................................................................................................................................... 9
4.2.2. Condemnatio ................................................................................................................................. 9
4.2.3. Demonstratio ................................................................................................................................. 9
4.2.4. Adiudicatio .................................................................................................................................. 10
4.2.5. Exceptio ...................................................................................................................................... 10
4.2.6. Replicatio, duplicatio e triplicatio .............................................................................................. 10
4.2. 7. Praescriptio ................................................................................................................................. 11
4.3. Especies .............................................................................................................................................. 11

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1. OS PODERES DOS MAGISTRADOS

1.1 IMPERIUM

As fontes apresentam-nos o imperium como um poder supremo atribuído aos


magistrados considerados sucessores do monarca no governo da civitas.

Trata-se de um poder genérico que compreende uma serie de faculdades:

• Ius auspiciorum, o direito de consultar os auspicia;

• 0 Supremo comando militar;

• ius agendi cum populo;

• ius agendi cum patribus;

• a coercitio, faculdade de aplicar multas, reter bens, prender, impor castigos


corporais e ate de aplicar a pena de morte por pratica de certos delitos
devidamente comprovados;

• citar e fazer levar perante si qualquer cidadão;

• o ius ediciendi;

• a iurisdictio, faculdade de administrar a justiça.

1.2. A IURISDICTIO

Em termos gerais, a iurisdictio e a faculdade de determinados magistrados intervirem


nos processos normais de caracter civil que integram o ordo iudiciorum privatorum: os
processos das legis actiones e o do agere per fórmulas.

Nos primeiros tempos, a iurisdictio não designava a atividade processual do monarca ou


dos pontifices na resolução de litígios privados e tão-pouco é seguro que na época
republicana os cônsules exercessem uma verdadeira iurisdictio.
Em 367 a.C., com as Leges Liciniae Sextiae, foi criada urna magistratura, o pretor, com

a função de in urbe ius dicere.

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2. AACTIO

2.1. DEFINIÇÃO
Em sentido material, e o instrumento jurídico que permite a uma pessoa obter a
tutela de um direito subjetivo previamente reconhecido pelo ordenamento jurídico ou
de uma situação de facto que o magistrado prometeu proteger no seu edictum.

As actiones são típicas e o seu número cresceu com o reconhecimento de novas


relações jurídicas. Apesar da multiplicidade de actiones, podemos encontrar no
Digesto a seguinte definição de actio: "a Acão não é mais do que o direito de Perseguir
judicialmente O que é devido a alguém" (D. 44 . 7.71 ) .

2.2. TIPOS DE ACTIONES

Podemos distinguir as actiones em tipologias.


Quanto à fonte da tutela jurídica que actio consubstancia, distinguimos entre:

• Actio civilis ou actio in ius concepta: quando a actio constitui um meio que
protege um direito subjetivo pre-existente reconhecido pelo ordenamento
jurídico, ou seja, as actiones outorgadas pelo ius civile;

• Actiones praetori ou actio in factum concepta: meio criado pelo pretor para uma
situação de facto que este magistrado considerou merecedora de proteção
jurídica.

Quanto ao objeto da proteção, ou seja, quanto à natureza da relação jurídica e do


direito que é tutelado, podemos distinguir entre:

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• Actiones in rem: que protegem direitos sobre coisas;

• Actiones in personam: que protegem direitos de crédito;

• Actiones mixtae: cuja estrutura é, ao mesmo tempo, in rem e in personam.


Consideram-se in rem porque podem ser instauradas contra pessoas inicialmente
indeterminadas e in personam porque deduzem um dever a cargo do demandado.
Uma passagem das Institutiones de Justiniano: "Algumas ações parecem ter uma
natureza mista, tanto real como pessoal" (I. 4.6.20)

A distinção entre actiones in rem e actiones in personam, na época clássica, aplica-se


apenas as actiones civiles e não as actiones praetoriae. Na época pós clássica e
justinianeia, esta classificação estendeu-se também as actiones praetoriae.

No âmbito do Direito das Obrigações, podemos distinguir entre:

• Actio stricti iuris: as resultantes de neg6cios de direito estrito. Nestas o iudex


limita-se a apreciar a existência ou inexistência da obrigação e, na sentença,
deve observar rigorosamente o pactuado sem considerar alguma circunstância
que possa ter influenciado o conteúdo da obrigação. Por exemplo, o iudex não
aprecia circunstâncias como o dolo ou o medo, a menos que, já no âmbito do
processo formulário, o pretor tenha inserido essas circunstâncias na exceptio
da fórmula processual.

• Actio bonae fidei: as resultantes de neg6cios juridicos de boa fé. 0 iudex deve
precisar em que consiste aquilo que deve dar ou fazer segundo a boa fé,
transformando ou incerto em certo. Neste caso, o iudex terá de ponderar e
apreciar todas as circunstâncias que tenham ocorrido.

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Quanto ao tempo em que as actiones podem ser instauradas, distingue-se entre:

• Actio perperua: cujo exercício não estava sujeito a qualquer prazo. Com
algumas exceções, as actiones civiles eram, por regra, perpetuas.

• Actio temporaria: que só podiam ser instauradas dentro de um prazo


determinados. Com algumas exceções, as actiones praetoriae eram, por regra,
temporárias, A maioria deve ser instaurada no prazo de um ano.

Uma exceção é constituída pelas actiones utiles, que o pretor concedia


imitando o ius civile, as quais eram perpetuas também.

2.3. AS ACTIONES DO PROCESSO DAS LEGIS ACTIONES

2.3.1. Legis actio per sacramentum


Esta legis actio e classificada por Gaio como geral, ou seja, utilizava-se quando não
fosse possível recorrer a outro procedimento. Ela contem duas modalidades:

• Legis actio per sacramentum rn rem: protegia direitos absolutos do paterfamilias


sobre res e pessoas sujeitas a sua potestas. Portanto, servia para:

o Reivindicar uma res;

o Afirmar ou negar uma servidão sobre coisa alheia;

o Reclamar uma herança; '

o Afirmar, perante um terceiro, a patria potestas sobre os filhos, a manis


sobre a mulher e os direitos sobre pessoas sujeitas a sua potestas;

o Afirmar a dominica potestas sobre os escravos.

• Legis actio per sacramentum in personam: protegia direitos de crédito cujo


objeto não consistisse numa determinada res ou pecunia. Protegia também
direitos nascidos de alguns delitos, como furto não flagrante, o apoderamento
pelo tutor de bens do seu pupilo, o corte furtivo e arvores, etc.

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2.3.2. Legis actio per iudicis arbitrive postulationem

Segundo Gaio, esta ação utilizava-se para:

• Exigir o cumprimento duma obrigação contraída numa sponsio;

• Pedir a divisão de uma herança;

• Pedir a divisão de uma res communis.

Serviria ainda, provavelmente, para:

• Pedir a demarcação;

• Demandar o proprietário de um terreno vizinho que desviasse o curso das


águas pluviais

2.3.3. Legis actio per condictionem

Segundo Gaio, esta legis actio foi introduzida por uma Lex Silla (aproximadamente
250 a.C.) para reclamar créditos que tivessem por objeto uma determinada soma de
dinheiro e posteriormente, através de uma Lex Calpurnia (aproximadamente 200 a.C.)
foi estendida aos créditos sobre coisa determinada.

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2.3.4. Legis actio per manus iniectionem
é muito provável que esta legis actio constitua um resíduo da antiga vingança privada e
um indício do caracter materialistico da primeira obligatio romana: o direito do credor
sobre o corpo do obrigado.

Esta legis actio desenvolvia-se na presença do magistrado, a quem o demandante pedia


autorização para executar os seus direitos sobre a pessoa do vinculado. Nas dívidas de
dinheiro reconhecidas por sentença, esta funcionava como uma espécie de título
executivo e a manus iniectio exercia-se sobre o iudicatus vencido.

3. DEFICIENCIAS DO PROCESSO DAS LEGIS ACTIONES

O sistema das legis actiones era tao formalista e rigoroso que, nas palavras de Gaio,
"pouco a pouco tornaram-se odiadas: quem cometesse o m ínimo erro perderia o
litígio".

Podemos identificar outras deficiências:

• Insuficiência - para responder as necessidades do tráfico sempre mais


crescentes por efeito da progressiva extensão que territ6rio de Roma foi
adquirindo, o ius gentium e o ius honorarium foram criando novos institutos, mas
não encontravam enquadramento processual no sistema das legis actiones,
que só se aplicavam a direitos reconhecidos pelo ius civile;

• Onerosidade - sobretudo nos tempos iniciais do processo das legis actiones,


era necessário depositar na legis actio per sacramentum o valor da aposta
(sacramentum), pelo que o caminho da justiça era difícil para quem não tivesse
capacidade econ6mica suficiente;

• Imperfeição - o proprietário tinha dificuldade em recuperar uma coisa cuja


propriedade lhe fora reconhecida na legis actiones per sacramentum in rem.
Provavelmente teria de contentar-se com o pagamento da sua estimação em
dinheiro;

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• Falta de sinceridade - se uma relação jurídica não tivesse uma adequada legis
actio, o seu enquadramento forçoso numa legis actio implicava a não
correspondência entre a realidade e essa legis actio, dificultando o trabalho do
juiz.

4. AFORMULA

4.1. Noção

A fórmula e uma ordem que, por escrito, o pretor dirige ao juiz, juízes ou árbitros, para
condenarem ou absolverem o demandado se provarem ou não determinado facto.
Fixa os termos do litígio de forma hipotética e condicional.

Exemplo: "Titius seja juiz. Se resulta que Numério Negidio deve dar dez mil sestercios
a Aulo Agerio, tu, juiz, condena Numerio Negidio a dar dez mil sestercios a Aulo
Agerio. Se não resulta, absolve."

4.2. Estrutura

Na estrutura das fórmulas, os romanistas costumam distinguir três partes:

• Partes ordinárias - assim designadas por figurarem, em regra, em qualquer


fórmula. As partes ordinárias são a intentio e a condemnatio;

• Partes eventuais - que tipificam determinadas formulas. As partes eventuais são


a demonstratio e a adiudicatio;

• Partes extraordinárias - que podem ser inseridas por vontade das partes.
As partes extraordinárias são a exceptio, replicatio, duplicatio e triplicatio e a
praescriptio.

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4.2.1. lntentio

Gaio define a intentio como a parte da fórmula em que o demandante manifesta a sua
pretensão. E a descrição hipotética da situação de facto que consubstancia a pretensão
do demandante.

Exemplos:

• "Se resultar que Numerio Negidio deve dar dez mil sestercios a Aulo
Agedio."

• "Se resultar q ue o escravo pertence, segundo o direito do Quirites, a Aulo


Agerio."

4.2.2. Condemnatio

Na condemnatio o magistrado outorga ao juiz a faculdade de condenar ou absolver o


demandado, conforma se prove ou não a verdade do conteúdo da intentio.

No processo formulário, qualquer que seja o objeto do litigio, a condemnatio e


Sempre pecuniária, isto é, o iudex deve condenar o demandado a pagar ao demandante
uma soma de dinheiro. No processo das legis actiones nao
sabemos se existia também esta limitação e desconhecemos a origem desta
peculiaridade da condenação em dinheiro.

4.2.3. Demonstratio

Quando as formulas contem uma intentio in ius concepta, é necessária uma parte
complementar que refira o facto ou factos em que demandante baseia o direito que
invoca.

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Formula:
• Demonstratio - "Posto que Aulo Agerio vendeu o escravo, de que se trata, a
Numerio Negidio"

• Intentio - "tudo o que resultar que, por esta causa, Numerio Negidio deve
dar ou fazer a Aulo Agerio, segundo a boa- f é "

• Condemnatio - "Juiz, condena Numerio Negidio a agar a Aulo Agerio. Se não


resultar, absolve."

4.2.4. Adiudicatio

Em algumas fórmulas encontramos uma cláusula especial denominada adiudicatio em


que se outorga ao iudex a faculdade de atribuir ou adjudicar uma res a algum dos
litigantes.

4.2.5. Exceptio

Atendendo as circunstancias do caso em debate, pode ser necessário inserir, em


qualquer tipo de formula, uma nova clausula que contenha alguma circunstancia
relevante para a decisão do juiz.

A grande maioria das exceptiones figuram no edictum do pretor a propósito dos casos
concretos em que podem ser alegadas. Todavia, o pretor não esta impedido de conceder
uma exceptio pela primeira vez.

As exceptiones podem ser inseridas em fórmulas civis e em fórmulas pretorias.

4.2.6. Replicatio, duplicatio e triplicatio

O demandante pode contestar a exceptio do demandado, utilizando uma replicatio.

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4.2. 7. Praescriptio
A praescriptio é uma parte da fórmula que se insere no princípio, antes da eventual
demonstratio e da intentio e tem por função limitar ou afastar os efeitos da litis
contestatio.

Nela se ordena ao juiz que tenha em conta determinadas circunstancias para evitar
uma sentença injusta ou lesiva para o autor ou para o demandado.

4.3. Especies

Existem as seguintes espécies de fórmulas:

• Formula civil (ou in ius concepta): contem uma intentio concebida in ius porque
o Direito invocado pertence ao ius civile;

• Formula in factum concepta: através desta fórmula o pretor protegeu


situações de facto não protegidas pelo ius civile, mas que considerava dignas de
proteção jurídica.

• Formula util: as fórmulas uteis constituem um meio que o pretor utilizou para
ampliar casos de aplicação das actiones civilis e praetoriae. As fórmulas uteis
podiam ser:

o Ficticiae: através desta o pretor estendia as actiones civiles a situações


semelhantes, mas diferentes das previstas no ius civile afastando
obstáculos que impediam a sua imediata aplicação.

o Translativae: esta fórmula permitia ao magistrado resolver dificuldades


que se apresentavam em actiones do ius civile e do ius praetorium.
Exemplo: Caio seja juiz. Se resulta que NN deve dar dez mil sestercios
a PM, tu, juiz, condena NN a pagar dez mil sestercios a LT. Se não
resultar, absolve.

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o Ad exemplum: esta fórmula caracteriza um actio in factum criada a
imagem doutra actio, cujo regime se deseja aplicar: civil, translativa ou
mesmo in factum. Estamos perante actiones in factum criadas para estender,
por analogia, os efeitos jurídicos previstos noutras actiones.

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