Você está na página 1de 12

Trabalho - NEGÓCIOS JURÍDICOS

Integrantes: Gabriella Carvalho, Paula Carvalho e Maria Eduarda Proença.

Fato, Ato e Negócios Jurídicos

O que é Fato?
É qualquer acontecimento da vida social. Porém,nem todo fato social é jurídico, ele pode ser
ajurígeno ou jurídico, o que separa eles é o seu efeito.

O que é Fato Jurídico?


É o acontecimento gerador do direito subjetivo. Por exemplo: compra e venda, nascimento,
morte, entre outras coisas. Todo fato, para ser considerado jurídico, deve passar por um juízo
de valoração.
O ordenamento jurídico, que regula a atividade humana, é composto de normas jurídicas,
que prevêem hipóteses de fatos e consequentes modelos de comportamento considerados
relevantes e que, por isso, foram normalizados.
Estes, depois de concretizados, servem de suporte fático para a incidência da norma e o
surgimento do fato jurídico.
Fato jurídico em sentido amplo é, portanto, todo acontecimento da vida que o ordenamento
jurídico considera relevante no campo do direito.
Para se constituir à categoria de fato jurídico basta que esse fato do mundo, mero evento ou
conduta, seja relevante à vida humana em sua interferência intersubjetiva,
independentemente de sua natureza. Tanto o simples evento natural como o fato do animal e
a conduta humana podem ser suporte fático de norma jurídica e receber um sentido jurídico.

•São fatos jurídicos todos os acontecimentos que, de forma direta ou indireta, ocasionam
efeito jurídico.

● Efeitos jurídicos:

1.1- Aquisição: é a união do direito ao titular, ou seja, momento em que o direito passa a ter
um titular, qualquer pessoa pode ser titular de direito.
1.2- Aquisição originária: direito nasce no momento em que o titular se apropria do bem de
maneira direta, sem interposição ou interferência por outra pessoa.
Exemplos: Usucapião, latinha, a aquisição se dá quando alguém pegar, não há transmissão.

1.3- Aquisição derivada: Tem transmissão, há uma relação jurídica entre o anterior de titular
do direito e o atual titular.
Exemplo: doação

1.4- Aquisição gratuita: aquela onde não há contraprestação.


Exemplo: sucessão hereditária (herança).

1.5- Aquisição onerosa: aquela que há contraprestação, quando há o enriquecimento de uma


ou de ambas as partes, pela contraprestação, como é o caso da compra e venda ou permuta.

1.6- Aquisição singular: quando adquire uma ou várias coisas determinadas, sem que haja
um conjunto.
Exemplo: compra de um carro.

1.7- Aquisição universal: aquisição de todo ou parte (cota) de um conjunto de bens ou


direitos.
Exemplo: herança.

1.8 - Aquisição simples: o surgimento da relação jurídica se dá por um único fato.


Exemplo: Compra de alimentos em um supermercado: quando você vai a um supermercado
e compra alimentos, está adquirindo esses produtos de forma simples. Você escolhe os itens
que deseja comprar, paga por eles e obtém a propriedade imediata dos produtos.

2.0 - Modificação: É a alteração na relação jurídica. Pode ser:

2.1 - Subjetiva: alteração da pessoa, altera o sujeito. A modificação dos direitos é subjetiva
quando concerne à pessoa do titular, permanecendo inalterada a relação jurídica primitiva.
Exemplo: pai que assume dívida do filho, responsabilidade do herdeiro dentro das forças da
herança (assunção de dívidas).
2.2 - Objetiva: alteração do objeto.
Exemplo: dívida com o banco.

* A modificação objetiva pode ser:

- Qualitativa: Muda a qualidade. Exemplo: Doação em pagamento.


- Quantitativa: Geralmente, essa modificação ocorre em contratos, acordos ou situações em
que a quantidade de algo precisa ser ajustada de acordo com certos critérios ou condições.
Exemplo: Contrato de Compra e Venda: Imagine que duas partes celebram um contrato para
a compra de produtos. Se o contrato estabelecer que a quantidade de produtos a ser entregue
pode ser ajustada com base na demanda do comprador, uma modificação objetiva
quantitativa ocorrerá sempre que o comprador solicitar uma quantidade específica de
produtos diferente da quantidade inicialmente acordada.

3- Conservação de direitos: É a preservação da relação jurídica. Para resguardar ou


conservar seus direitos, muitas vezes necessita o titular tomar certas medidas ou
providências preventivas ou repressivas, judiciais ou extrajudiciais. As relações econômicas
e sociais tornam inevitáveis e constantes o conflito de interesses e a violação de direitos.
Exemplo: Medidas de caráter preventivo que visam garantir e acautelar o direito contra
futura violação, como a penhora de bens.

4- Reconhecimento de direitos: Reconhecer direitos já existentes.


Exemplo: reconhecimento de paternidade

5- Defesa de direitos: Atos praticados com o propósito de resguardar o direito. Exemplo:


legítima defesa.

6- Extinção de direitos: Término da relação jurídica ( quando a relação jurídica acaba).


Exemplo: falecimento, renúncia.

● Fato jurídico em sentido estrito (fatos naturais) ou simplesmente fatos jurídicos. Se


divide em:
- Ordinários: são os acontecimentos naturais previsíveis que ocorrem normalmente
(ordinariamente). Exemplo: morte

- Extraordinários: são aqueles imprevisíveis e inevitáveis. Exemplo: nevasca em Bangú.


Obs: São requisitos para ser um caso fortuito e força maior, a imprevisibilidade,
irresistibilidade e inevitabilidade.

● Distinção entre Caso Fortuito e Força Maior:


“Muito já se discutiu sobre a diferença entre o caso fortuito e a força maior, mas até hoje não
se chegou a um entendimento uniforme. O que um autor diz que é força maior, outro diz que
é caso fortuito e vice-versa. Outros chegam a concluir que não há diferença substancial entre
ambos.” (Sérgio Cavalieri Filho). Sendo assim, o caso fortuito ou de força maior verifica-se
no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.

1. Caso Fortuito:

1.1 - Interno: ato imprevisível e inevitável ocorrido no momento da prestação do serviço ou


da fabricação do produto. Inerente ao risco.
Exemplo: Suponhamos que uma empresa de manufatura de eletrônicos esteja funcionando
normalmente e produzindo seus produtos. Um dia, devido a uma falha no sistema de
refrigeração das máquinas de produção, ocorre um superaquecimento em uma das linhas de
montagem. Isso leva a danos significativos nas máquinas, que precisam ser reparadas ou
substituídas.
Nesse cenário: A falha no sistema de refrigeração das máquinas é uma questão interna da
empresa, não causada por fatores externos, como desastres naturais. A empresa não poderia
ter previsto ou evitado completamente a falha no sistema de refrigeração. A consequência
desse caso fortuito interno é a interrupção da produção e os custos associados ao reparo ou
substituição das máquinas danificadas. No exemplo dado, o caso fortuito interno é a falha no
sistema de refrigeração das máquinas de produção, que não poderia ter sido previsto ou
evitado pela empresa de forma razoável.
Isso demonstra como os casos fortuitos internos podem afetar as operações de uma empresa
e a importância de ter planos de contingência em vigor para lidar com tais situações
imprevistas.
1.2 - Externo: Fortuito externo é uma expressão usada no contexto jurídico para se referir a
eventos imprevisíveis e independentes da vontade das partes envolvidas em um contrato ou
de uma situação. Em geral, são eventos que fogem ao controle das pessoas e que não
poderiam ser previstos ou evitados. Esses eventos podem incluir desastres naturais, como
terremotos, enchentes e furacões, ou acontecimentos imprevisíveis, como greves, guerras,
atos terroristas, entre outros. Em contratos e acordos legais, a existência de um fortuito
externo pode eximir as partes de cumprir suas obrigações, desde que seja comprovado que o
evento foi realmente imprevisível e inevitável. Em resumo, fortuito externo se refere a
eventos imprevistos e incontroláveis que podem afetar o cumprimento de obrigações
contratuais ou legais.

O que é Ato Jurídico?


Ato Jurídico é quando não se consegue regular a produção de efeitos. Se trata de toda
conduta lícita que tem por objetivo a aquisição, o resguardo, a transmissão, modificação ou
extinção do direito (Art. 81 do CC/1916). Contudo, não incide a autonomia privada na
produção de efeitos. Como por exemplo: Aviso prévio.

● Sentidos do ato jurídico:

1- Sentido Amplo:
Abrange não apenas as condutas de um indivíduo, mas também os negócios jurídicos são
considerados atos jurídicos, pois, de alguma forma, modificam o direito.

2-Sentido Estrito:
Diferente do sentido amplo, o sentido estrito alcança apenas a conduta pessoal, realizada
pelo indivíduo.

*A CC/1916 adotava a teoria do ato jurídico de forma ampla. Porém, o Código Civil atual
permanece com a teoria do negócio jurídico, mantendo a teoria do ato jurídico.

● Elementos do Ato Jurídico:


1- Elementos acidentais: aqueles que eventualmente podem fazer parte do ato jurídico, mas
a sua ausência não provoca a invalidade dele.

2- Elementos essenciais: agente capaz, objeto lícito, e forma prescrita ou não proibida na lei.

● Classificações do Ato Jurídico:

1- Quanto aos fatos: Caso haja apenas uma conduta ou integração de outro elemento
(simples ou complexo).

2- Quanto à execução: Ato de execução imediata (quando a execução ocorre logo após a sua
realização), ato de execução diferida (a execução é adiada) e ato de execução pretérita (a
execução possui efeito retroativo).

3- Quanto à ação: Ato comissivo (fazer algo) ou ato omissivo (não fazer algo).

4- Quanto à subsunção: Se está em conformidade com o ordenamento jurídico ou não (ato


lícito ou ilícito).

5- Quanto à declaração de vontade: Em ato unilateral (se constitui pela vontade de apenas
uma pessoa) e ato bilateral (aquele que é formado por acordo de vontades).

6- Quanto à onerosidade: Ato oneroso e ato gratuito.

7- Quanto aos efeitos: O ato pode ser inter vivos ou mortis causa, tendo efeitos durante a
vida do agente ou apenas após a sua morte.

8- Quanto aos atos reciprocamente considerados: Ato principal e ato acessório (caso
dependa de outro ato).

9- Quanto à natureza: Ato subjetivo (declaração de vontade unilateral ou bilateral), ato


condição (aplicação de estatuto imposto por lei. Exemplo: casamento), ato regra (vincula a
pessoa que não manifestou sua vontade) e ato jurisdicional (declarado pelo Poder Judiciário
na solução dos litígios que são apresentados).

10- Quanto aos atos considerados em si mesmos: Ato material/real (é realizado de forma
concreta sobre determinado bem) e ato de participação (possui alteração psíquica em virtude
da cientificação de algum fato).

Obs: Alguns autores ainda disciplinam a terceira categoria, como o Ato-fato jurídico: em
que consiste em uma conduta, atuação humana que ocorre com a vontade da pessoa, sem
permitir, no entanto, que ela disponha sobre as consequências de seu proceder.

O que é Negócios Jurídicos?

Negócios jurídicos são manifestações de vontades, geralmente bilaterais, como os contratos,


que buscam no ordenamento jurídico uma composição de interesses. Ou seja, é quando se
consegue regular, prever e estabelecer os conceitos. Contudo, incide a autonomia privada na
produção de efeitos. Como por exemplo: Contratos, franquia.

● Classificação dos negócios jurídicos:

1- Quanto à Manifestação de Vontade:

→ Unilateral: possui uma única manifestação de vontade ou várias vontades numa mesma
direção.
→ Bilateral: a declaração de vontade se faz mediante concurso de duas ou mais partes, mas
em sentido opostos.

pessoa ≠ parte

2- Quanto às Vontades:

→ Gratuito: aquele que não tem contraprestação, é a doação.

]→ Oneroso: quando há contraprestação, troca de dinheiro.

Oneroso se divide em Comutativo (quando a contraprestação é certa, ou seja, caso a pessoa


não cumpra, a outra parte pode exigir em juízo que seja cumprido) e Aleatório ( 1- Emptio
Spei- espaço vazio, cumpre a prestação, mas a próxima pode não acontecer. 2- Rei Sperate-
coisa inesperada).

3- Quanto às Formalidades:

→ Solene: a validade depende da obediência formal, estabelecida em lei. Exemplo: compra


de imóvel.

→ Não-solene: forma livre. Exemplo: união estável.

4- Quanto ao Conteúdo:

→ Patrimonial: versa sobre questões suscetíveis de aferição econômica


→ Existencial (extrapatrimonial): versa sobre questões insuscetíveis de aferição econômica.

5- Quanto ao Tempo que produzem os efeitos:

→ Inter Vivos: produz efeito em vida.

→ Causa Mortis: produz efeito após a morte.

6- Quanto à Existência:

→ Principal: independentemente de qualquer outro.

→ Acessório: subordina-se à existência do principal.

→ Derivado (subcontrato): deriva de outro negócio jurídico.

● Elementos do Negócio Jurídico:

1- Naturais: são os elementos do negócio jurídico que podem ser afastados pela vontade
individual.

2- Acidentais: são os elementos do negócio jurídico que podem ser acrescentados pela
vontade individual.

3- Essenciais: dividem-se em elementos de existência e elementos de validade. Os elementos


de existência do negócio jurídico são: sujeito, objeto materialmente existente, vontade e,
para alguns, idoneidade do objeto.

* De acordo com Pontes de Miranda, a formação do negócio jurídico depende da passagem


pelos seguintes planos de formação, representados pela Escada Ponteana:

■ Plano da Existência: é o primeiro degrau, logo o primeiro passo na Escada


Ponteana para o cumprimento dos pressupostos de um negócio jurídico.

Esse plano é conhecido por conter os chamados elementos mínimos ou essenciais no


negócio jurídico, sendo eles:

- Partes (Diz respeito à pessoa ou pessoas que participam da relação jurídica.)


- Objeto (Diz respeito ao bem jurídico que se busca com a realização do negócio. O
objeto deve transparecer o objetivo das partes.)
- Vontade (É a declaração do agente que firma o negócio.)
- Forma ( É o meio pelo qual se exterioriza a vontade das partes. É a forma pela qual a
vontade se manifesta.)

O plano da existência da Escada Ponteana não possui representação no Código Civil de


2002, o qual traz menção apenas ao plano de validade, em seu artigo 104.

■ Plano da Validade;

O segundo degrau da escada ponteana é o plano de validade. Tratam-se de adjetivações


aos substantivos previstos no plano de existência. Explica-se:

- Agente Capaz: deve ser capaz, isto é, deve ter aptidão para realizar pessoalmente os
atos da vida civil. Regra geral, a pessoa com 18 anos é maior e capaz, salvo se presente uma
das causas geradoras da incapacidade civil. Aquele absolutamente incapaz é representado, e
o relativamente incapaz é assistido.
- Objeto: precisa ser lícito, possível, determinado ou determinável;
- Vontade: precisa ser livre, sem vício, e haver consentimento;
- Forma: tem que ser adequada, prescrita ou não defesa por lei.
Obs: Art 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for
relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado.

■ Plano da Eficácia.

O terceiro e último degrau da Escada Ponteana. Enquanto nos planos da existência e da


validade estão presentes os elementos essenciais do negócio jurídico, no plano da eficácia
encontram-se os elementos acidentais.

Elementos acidentais são aqueles que servem para estabelecer diretrizes sobre os efeitos que
serão gerados no negócio jurídico para as partes e para terceiros, são eles:

- Condição (evento futuro e incerto)


- Termo (evento futuro e certo)
- Encargo (ônus introduzido em ato de liberalidade)

● Interpretação dos Negócios Jurídicos:

1- Teoria da Vontade: a vontade é o elemento principal do negócio jurídico (Friedrich Carl


von Savigny). Entende-se que se não houver concordância entre a vontade e a declaração, o
negócio jurídico deve ser afastado do mundo jurídico, por lhe faltar um elemento essencial:
a presença da vontade efetiva do agente.

2- Teoria da Declaração: consideração do conteúdo da declaração de vontade de modo


independente da vontade interna do declarante, visando proteção de terceiros e de acordo
com a compreensão objetiva.

3- Teoria Preceptiva: o negócio jurídico é explicado não como uma realidade individual,
mas como uma estrutura fática de natureza social, contrapondo-se às teorias voluntaristas.
4- Teoria da Confiança: a vontade negocial, resulta da manifestação expressa, e de outros
comportamentos que permitam concluir o propósito das partes.

Você também pode gostar