Jurídica; Personalidade e capacidade jurídica; As incapacidades. 1-Quais são as fontes de Direito?
2- O que é fonte no Direito?
A Relação jurídica pode ser entendida como uma espécie de relação social que emerge em uma sociedade organizada posto que há o contacto e o conflito de interesses entre indivíduos – em razão da busca pela obtenção de finalidades diversas. Diante deste contexto podemos conceituar a relação jurídica como uma relação intersubjectiva entre sujeitos jurídicos (denominados activo e passivo) que se vinculam, juridicamente, a um objecto. Generalizando a relação jurídica teríamos, em termos gerais, o sujeito activo (polo activo da relação) é o titular de um direito subjectivo, enquanto que o sujeito passivo (polo passivo) da mesma relação é o responsável pelo cumprimento de um dever jurídico. Temos, ainda o objecto da relação jurídica e o vínculo jurídico que une os sujeitos. ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA Toda relação jurídica possui quatro elementos fundamentais para a sua formação, quais sejam: São quatro os elementos da relação jurídica, que passamos a abordar: - Sujeito; Objecto, Facto, Garantia. 1)SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA
SUJEITOS -Tanto o sujeito activo quanto o
sujeito passivo, no contexto da relação jurídica, são denominados pessoa – que podem ser físicas (naturais) ou jurídicas (públicas ou privadas). Saliente-se que uma relação jurídica é sempre um vínculo entre duas ou mais pessoas, e toda pessoa que se insere em uma relação jurídica tem sempre direitos e deveres, e não apenas direitos, ou não apenas deveres. 2) OBJECTO DA RELAÇÃO JURÍDICA- No que concerne ao objecto da relação jurídica este pode ser imediato, pois se refere a efectiva prestação devida pelo sujeito passivo ao sujeito activo (dar, fazer, pagar e etc) e mediato, referente ao bem sobre o qual recai o direito inerente ao sujeito activo (bem móvel, imóvel, corpóreo, incorpóreo). O objecto pois é o objecto pois é a prestação, é aquilo que se deve em razão do vínculo estabelecido. O objecto imediato da relação jurídica é o binómio direito/dever. Diz-se sujeito activo o titular do direito e passivo o titular do dever. Isto, nas relações jurídicas simples. Há também relações jurídicas, ditas sinalagmática, em que existe um complexo de direitos e deveres recíprocos. Isto é, cada um dos sujeitos da relação é simultaneamente credor e devedor. OBJECTO MEDIATO DA RELAÇÃO JURÍDICA Objecto mediato da relação jurídica é aquilo sobre que incidem os direitos e as obrigações que compõem o objecto imediato e podem ser: - Pessoas: caso do poder paternal - Coisas: Corpóreas: “res quae tangi possunt” ou incorpóreas: direitos, por exemplo direitos sociais incorporados em acções de uma sociedade. - Prestações: actos do sujeito passivo da relação jurídica, consistentes em pagar certa quantia, entregar certo objecto ou fazer qualquer coisa (ou abster-se de fazer nos casos das prestações de facto negativo). As prestações podem ser fungíveis, quando qualquer um pode efectua-las, ou infungíveis quando só uma determinada pessoa as pode realizar. Toda a relação jurídica é desencadeada por um acontecimento, a que chamamos facto jurídico. O termo da relação jurídica resulta, ela também de um facto jurídico. Temos assim que, segundo os efeitos, os factos podem ser constitutivos, extintivos ou modificativos. Os factos jurídicos podem consistir em acontecimentos naturais ou actos praticados por vontade humana. Temos assim factos jurídicos “stricto sensu” e os actos jurídicos. A GARANTIA- consiste no conjunto de meios que a lei oferece ao titular de um direito para a sua efectivação e conservação. Numa sociedade civilizada, organizada em estado, a este cabe disponibilizar os meios acima referidos só por excepção cabendo aos interessados a auto-tutela dos seus direitos. Dispõe o artigo 1.º do Código do Processo Civil: “A ninguém é lícito o recurso á força com o fim de realizar ou assegurar o seu próprio direito, salvo nos casos e dentro dos limites declarados na lei”. Por seu lado o artigo 2.º n.º 2 do mesmo código dispõe: “A todo o direito corresponde uma acção adequada a fazê-lo reconhecer em juízo, a prevenir ou reparar a violação dele e a realiza-lo coactivamente, bem como os procedimentos necessários para acautelar o efeito útil da acção”. A Auto-tutela vem contemplada nos artigos 336.º e segs. Do Código Civil, sob a designação de “acção directa”, a qual consiste no recurso á força para realizar ou assegurar o direito próprio. Esclarece o n.º 2 deste artigo que “a acção directa pode consistir na apropriação, destruição ou deterioração de uma coisa, na eliminação de resistência irregularmente oposta ao exercício do direito, ou noutro acto análogo. Como dissemos antes, a garantia visa realizar, mas também acautelar a realização do direito. Dai que existam meios preventivos como, por exemplo, a polícia com o seu efeito dissuasor, as vezes de simples presença A garantia pode ainda ser específica ou substitutiva. Na Garantia Especifica, o tribunal substitui-se ao devedor na realização da prestação. Supondo que se trata de uma obrigação pecuniária o tribunal apreende os bens do devedor necessários, vende-os e, com o produto da venda, paga ao credor, depois de satisfeitas as custas judiciais. Na Garantia Substitutiva, que se verifica se a prestação não puder ser especificamente realizada, o tribunal obtêm, pelos meios atrás referidos, o dinheiro necessário a perfazer, quanto possível, o equivalente pecuniário da prestação frustrada. Pode ainda distinguir-se a garantia directa da garantia indirecta. Garantia directa- consiste na realização coactiva da prestação, em espécie, ou no sucedâneo pecuniário. A garantia indirecta, prevista no artigo 829.º no Código Civil, traduz-se numa forma de pressão sobre o devedor, designado como adstrição condenando este a pagar uma certa quantia por cada dia de atraso ou por cada infracção. Dependendo do vínculo formado entre os sujeitos e a prestação devida –objecto – temos diversas formas (espécies) de relação jurídica, podendo-se destacar: simples ou complexas; relativa ou absoluta; pública ou privada; patrimonial ou extrapatrimonial; abstrata ou concreta; principal ou acessória; pessoal, real ou obrigacional e, por fim, material ou processual. a) SIMPLES ou COMPLEXAS- o primeiro caso quando há o envolvimento de apenas duas pessoas (sujeitos, um em cada poloda relação) já a complexa tem o envolvimento de meis de duas pessoas em um ou em ambos os polos da relação; b) RELATIVA e ABSOLUTA - será relativa quando sujeito passivo encontra-se determinado (direito de crédito) e absoluta quando o sujeito passivo é indeterminado (direitos personalíssimos). d) PATRIMONIAL e EXTRAPATRIMONIAL -será patrimonial quando o objecto apresenta valor pecuniário (compra e venda); extrapatrimonial quando o objecto não possui valor pecuniário (ofensa a dignidade e a honra); e)ABSTRATA e CONCRETA- na relação abstrata não há individualização dos titulares de direitos e deveres (direito a vida). Em contrapartida, na relação concreta, os sujeitos estão individualizados (credor e devedor); g) PESSOAL, REAL e OBRIGACIONAL - Pessoal, vincula o titular do direito a um número determinado de pessoas (filiação), Real vincula o titular do direito a um número indeterminado de pessoas(relação Estatal de segurança pública) e obrigacional vincula entre si pessoas determinadas (contrato de aluguel);
h) MATERIAL e PROCESSUAL - material é a relação entre
pessoas, relação corriqueira estabelecida pela convivência social e Processual se desenvolve com a prestação jurisdicional do Estado na resolução de conflitos em juíz. No âmbito da relação jurídica, portanto, temos que quem possui uma situação jurídica onde se detém um direito subjectivo, um direito potestativo, um poder jurídico ou uma faculdade jurídica, ocupa uma posição jurídica activa, sendo denominada essa pessoa de sujeito activo (credor, proprietário, possuidor ou detentor). Em contrapartida, quem possui uma situação jurídica onde se detém um dever jurídico, uma obrigação, um ônus ou qualquer outro tipo de sujeição, ocupa uma posição jurídica passiva, sendo denominada tal pessoa de sujeito passivo (devedor,locatário). Temos pois: 1)Posição Jurídica Passiva- ocupada por quem detém algum tipo de: a) Obrigação (dever jurídico patrimonial); b) Ônus (necessidade de que uma pessoa se comporte de uma determinada maneira, para garantir-lhe a realização de um desejo); c) Dever jurídico (observância de um determinado comportamento compatível com o interesse do sujeito activo, para que o interesse deste seja satisfeito); d) Sujeição (ao domínio ou à dependência de outra coisa ou pessoa). Posição Jurídica Activa - ocupada por quem detém, na relação jurídica, algum tipo de: a) Direito subjectivo (poder ou uma faculdade em favor de uma pessoa, podendo esta exigir ou pretender de outrem um determinado comportamento positivo - dar, pagar, fazer - ou negativo - não fazer, abster-se); b) Direito potestativo (poder de se praticar determinado acto em conformidade com o Direito, poder que é exercido unilateralmente e não pode ser contestado, provocando a sujeição da coisa ou da pessoa - o divórcio); c) Poder jurídico (pessoa com poderes sobre outra, os quais são exercíveis em favor e no interesse desta - poder familiar, tutela e curatela); d) Faculdade jurídica (obtenção, por acto próprio, de resultado jurídico independente da actuação de outrem - adopção). RELAÇÃO JURÍDICA - “é qualquer relação da vida socialregulada e tutelada pelo Direito”. (Galvão Telles). Portanto, sinteticamente, Relação jurídica é toda e qualquer relação da vida social (real) disciplinada pelo Direito - juridicamente relevante - produtora de consequências jurídicas