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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO

Profa. Amélia Azevedo


Tema 6.-A relação Jurídica

Sumário: Elementos da Relação


Jurídica;
 Personalidade e capacidade jurídica;
 As incapacidades.
1-Quais são as fontes de Direito?

2- O que é fonte no Direito?


A Relação jurídica pode ser entendida como uma
espécie de relação social que emerge em uma
sociedade organizada posto que há o contacto e o
conflito de interesses entre indivíduos – em razão da
busca pela obtenção de finalidades diversas.
Diante deste contexto podemos conceituar a relação
jurídica como uma relação intersubjectiva entre
sujeitos jurídicos (denominados activo e passivo) que
se vinculam, juridicamente, a um objecto.
Generalizando a relação jurídica teríamos, em termos
gerais, o sujeito activo (polo activo da relação) é o
titular de um direito subjectivo, enquanto que o sujeito
passivo (polo passivo) da mesma relação é o
responsável pelo cumprimento de um dever jurídico.
Temos, ainda o objecto da relação jurídica e o vínculo
jurídico que une os sujeitos.
ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA
Toda relação jurídica possui quatro elementos
fundamentais para a sua
formação, quais sejam:
São quatro os elementos da relação jurídica,
que passamos a abordar: - Sujeito; Objecto,
Facto, Garantia.
1)SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA

SUJEITOS -Tanto o sujeito activo quanto o


sujeito passivo, no contexto da relação jurídica,
são denominados pessoa – que podem ser
físicas (naturais) ou jurídicas (públicas ou
privadas). Saliente-se que uma relação jurídica
é sempre um vínculo entre duas ou mais
pessoas, e toda pessoa que se insere em uma
relação jurídica tem sempre direitos e deveres,
e não apenas direitos, ou não apenas deveres.
2) OBJECTO DA RELAÇÃO JURÍDICA- No que
concerne ao objecto da relação jurídica
este pode ser imediato, pois se refere a
efectiva prestação devida pelo sujeito
passivo ao sujeito activo (dar, fazer, pagar
e etc) e mediato, referente ao bem sobre o
qual recai o direito inerente ao sujeito
activo (bem móvel, imóvel, corpóreo,
incorpóreo). O objecto pois é o objecto
pois é a prestação, é aquilo que se deve em
razão do vínculo estabelecido.
O objecto imediato da relação jurídica é o
binómio direito/dever. Diz-se sujeito activo o
titular do direito e passivo o titular do dever.
Isto, nas relações jurídicas simples. Há também
relações jurídicas, ditas sinalagmática, em que
existe um complexo de direitos e deveres
recíprocos. Isto é, cada um dos sujeitos da
relação é simultaneamente credor e devedor.
OBJECTO MEDIATO DA RELAÇÃO JURÍDICA
Objecto mediato da relação jurídica é aquilo sobre que
incidem os direitos e as obrigações que compõem o
objecto imediato e podem ser:
- Pessoas: caso do poder paternal
- Coisas: Corpóreas: “res quae tangi possunt” ou
incorpóreas: direitos, por exemplo direitos sociais
incorporados em acções de uma sociedade.
- Prestações: actos do sujeito passivo da relação
jurídica, consistentes em pagar certa quantia, entregar
certo objecto ou fazer qualquer coisa (ou abster-se de
fazer nos casos das prestações de facto negativo).
As prestações podem ser fungíveis, quando qualquer
um pode efectua-las, ou infungíveis quando só uma
determinada pessoa as pode realizar.
Toda a relação jurídica é desencadeada por um
acontecimento, a que chamamos facto jurídico.
O termo da relação jurídica resulta, ela também de
um facto jurídico.
Temos assim que, segundo os efeitos, os factos
podem ser constitutivos, extintivos ou modificativos.
Os factos jurídicos podem consistir em
acontecimentos naturais ou actos praticados por
vontade humana. Temos assim factos jurídicos
“stricto sensu” e os actos jurídicos.
A GARANTIA- consiste no conjunto de meios que a lei
oferece ao titular de um direito para a sua efectivação e
conservação. Numa sociedade civilizada, organizada em estado,
a este cabe disponibilizar os meios acima referidos só por
excepção cabendo aos interessados a auto-tutela dos seus
direitos.
Dispõe o artigo 1.º do Código do Processo Civil: “A ninguém é
lícito o recurso á força com o fim de realizar ou assegurar o seu
próprio direito, salvo nos casos e dentro dos limites declarados
na lei”. Por seu lado o artigo 2.º n.º 2 do mesmo código dispõe:
“A todo o direito corresponde uma acção adequada a fazê-lo
reconhecer em juízo, a prevenir ou reparar a violação dele e a
realiza-lo coactivamente, bem como os procedimentos
necessários para acautelar o efeito útil da acção”.
A Auto-tutela vem contemplada nos artigos
336.º e segs. Do Código Civil, sob a designação
de “acção directa”, a qual consiste no recurso á
força para realizar ou assegurar o direito
próprio. Esclarece o n.º 2 deste artigo que “a
acção directa pode consistir na apropriação,
destruição ou deterioração de uma coisa, na
eliminação de resistência irregularmente oposta
ao exercício do direito, ou noutro acto análogo.
Como dissemos antes, a garantia visa realizar,
mas também acautelar a realização do direito.
Dai que existam meios preventivos como, por
exemplo, a polícia com o seu efeito dissuasor, as
vezes de simples presença
A garantia pode ainda ser específica ou
substitutiva.
Na Garantia Especifica, o tribunal substitui-se ao
devedor na realização da prestação. Supondo que
se trata de uma obrigação pecuniária o tribunal
apreende os bens do devedor necessários,
vende-os e, com o produto da venda, paga ao
credor, depois de satisfeitas as custas judiciais.
Na Garantia Substitutiva, que se verifica se a
prestação não puder ser especificamente
realizada, o tribunal obtêm, pelos meios atrás
referidos, o dinheiro necessário a perfazer,
quanto possível, o equivalente pecuniário da
prestação frustrada.
Pode ainda distinguir-se a garantia
directa da garantia indirecta.
Garantia directa- consiste na realização
coactiva da prestação, em espécie, ou no
sucedâneo pecuniário.
A garantia indirecta, prevista no artigo
829.º no Código Civil, traduz-se numa
forma de pressão sobre o devedor,
designado como adstrição condenando
este a pagar uma certa quantia por cada
dia de atraso ou por cada infracção.
Dependendo do vínculo formado entre os
sujeitos e a prestação devida –objecto –
temos diversas formas (espécies) de relação
jurídica, podendo-se destacar: simples ou
complexas; relativa ou absoluta; pública ou
privada; patrimonial ou extrapatrimonial;
abstrata ou concreta; principal ou
acessória; pessoal, real ou obrigacional e,
por fim, material ou processual.
a) SIMPLES ou COMPLEXAS- o primeiro caso quando há o
envolvimento de apenas duas pessoas (sujeitos, um em cada
poloda relação) já a complexa tem o envolvimento de meis de
duas pessoas em um ou em ambos os polos da relação;
b) RELATIVA e ABSOLUTA - será relativa quando sujeito passivo
encontra-se determinado (direito de crédito) e absoluta quando
o sujeito passivo é indeterminado (direitos personalíssimos).
d) PATRIMONIAL e EXTRAPATRIMONIAL -será patrimonial
quando o objecto apresenta valor pecuniário (compra e venda);
extrapatrimonial quando o objecto não possui valor pecuniário
(ofensa a dignidade e a honra);
e)ABSTRATA e CONCRETA- na relação abstrata não há
individualização dos titulares de direitos e deveres (direito a
vida). Em contrapartida, na relação concreta, os sujeitos estão
individualizados (credor e devedor);
g) PESSOAL, REAL e OBRIGACIONAL - Pessoal, vincula o
titular do direito a um número determinado de pessoas
(filiação), Real vincula o titular do direito a um número
indeterminado de pessoas(relação Estatal de segurança
pública) e obrigacional vincula entre si pessoas
determinadas (contrato de aluguel);

h) MATERIAL e PROCESSUAL - material é a relação entre


pessoas, relação corriqueira estabelecida pela
convivência social e Processual se desenvolve com a
prestação jurisdicional do Estado na resolução de
conflitos em juíz.
No âmbito da relação jurídica, portanto, temos que
quem possui uma situação jurídica onde se detém
um direito subjectivo, um direito potestativo, um
poder jurídico ou uma faculdade jurídica, ocupa uma
posição jurídica activa, sendo denominada essa
pessoa de sujeito activo (credor, proprietário,
possuidor ou detentor). Em contrapartida, quem
possui uma situação jurídica onde se detém um
dever jurídico, uma obrigação, um ônus ou qualquer
outro tipo de sujeição, ocupa uma posição jurídica
passiva, sendo denominada tal pessoa de sujeito
passivo (devedor,locatário).
Temos pois:
1)Posição Jurídica Passiva- ocupada por quem
detém algum tipo de:
a) Obrigação (dever jurídico patrimonial);
b) Ônus (necessidade de que uma pessoa se
comporte de uma determinada maneira, para
garantir-lhe a realização de um desejo);
c) Dever jurídico (observância de um determinado
comportamento compatível com o interesse do
sujeito activo, para que o interesse deste seja
satisfeito);
d) Sujeição (ao domínio ou à dependência de outra
coisa ou pessoa).
Posição Jurídica Activa - ocupada por quem detém, na
relação jurídica, algum tipo de:
a) Direito subjectivo (poder ou uma faculdade em favor de
uma pessoa, podendo esta exigir ou pretender de outrem
um determinado comportamento positivo - dar, pagar,
fazer - ou negativo - não fazer, abster-se);
b) Direito potestativo (poder de se praticar determinado
acto em conformidade com o Direito, poder que é exercido
unilateralmente e não pode ser contestado, provocando a
sujeição da coisa ou da pessoa - o divórcio);
c) Poder jurídico (pessoa com poderes sobre outra, os
quais são exercíveis em favor e no interesse desta - poder
familiar, tutela e curatela);
d) Faculdade jurídica (obtenção, por acto próprio, de
resultado jurídico independente da actuação de outrem -
adopção).
RELAÇÃO JURÍDICA - “é qualquer
relação da vida socialregulada e
tutelada pelo Direito”. (Galvão Telles).
Portanto, sinteticamente, Relação
jurídica é toda e qualquer relação da
vida social (real) disciplinada pelo
Direito - juridicamente relevante -
produtora de consequências jurídicas

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