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INSTITUTO POLITÉCNICO DE GESTÃO, LOGÍSTICA E

TRANSPORTES – IPGEST

LOGÍSTICA II

APROVISIONAMENTO E COMPRAS

2º Ano
Sala: Aud. B
Turma: LGLT2MA
Período: Manhã

DOCENTE
_________________________________
Prof. MSc Celina Nzinga Baba Miguel

Luanda/ 2024
INSTITUTO POLITÉCNICO DE GESTÃO, LOGÍSTICA E
TRANSPORTES - IPGEST

LOGÍSTICA II

APROVISIONAMENTO E COMPRAS

AUTORES

20210442 - Andrade Catete


20210542 - Alberto Agostinho Mendes
20210212 - Dias Mateus Bernardo Pedro
22230672 - Esperança Armando
20211466 - Fernando Muangombe
20210509 - Ivânio André
20210962 - Pascoal João Cardoso

Trabalho apresentado na Faculdade de Gestão,


Logística e Transportes, na cadeira de Logística II no
curso de Gestão de Logística e Transportes da
Universidade de Luanda.

Luanda 2024
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2
1. GESTÃO DE APROVISIONAMENTO................................................................... 3
1.1. O Papel Estratégico dos Aprovisionamentos ................................................. 4
1.2. Atribuições da Função Aprovisionamento ...................................................... 5
1.3. Importância do Aprovisionamento .................................................................. 5
1.4. Estruturação do Aprovisionamento ................................................................ 6
2. GESTÃO DAS COMPRAS ................................................................................... 6
2.1. Objectivos Fundamentais de Compras .......................................................... 7
2.2. Objectivos Específicos das Compras ............................................................. 7
2.3. Função Compra, a sua Organização e Gestão Administrativa ....................... 8
2.3.1. Problema e dos dados da compra ........................................................... 8
2.3.2. Os dados ou parâmetros da Compra....................................................... 8
2.4. Enquadramento Estrutural das Compras ....................................................... 9
2.4.1. Política de Aprovisionamento e de Compras ........................................... 9
2.5. Fases do Processo de Compra Tradicional.................................................... 9
2.6. Ciclo das compras ........................................................................................ 10
2.7. Modelos de compras .................................................................................... 11
2.8. Definições e Princípios Gerais de Contratação ............................................ 11
2.9. As Centrais de Compras .............................................................................. 12
2.10. A inteligência artificial e a análise de big data na Gestão de
Aprovisionamento e Compras ................................................................................ 13
CONCLUSÃO............................................................................................................ 14
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 15
INTRODUÇÃO

A gestão de aprovisionamento e compra é uma área vital para o sucesso de


qualquer organização, independentemente do seu tamanho ou sector de actuação.
Num ambiente empresarial cada vez mais dinâmico e competitivo, a capacidade de
adquirir os recursos certos, no momento certo e ao melhor preço tornou-se
fundamental para garantir a eficiência operacional e a vantagem competitiva.

Este trabalho propõe-se a explorar os conceitos, estratégias e práticas


envolvidas na gestão de aprovisionamento e compra. Desde a identificação das
necessidades da organização até à seleção de fornecedores e negociação de
contratos, cada etapa desempenha um papel crucial no funcionamento eficaz do
processo de aprovisionamento.

Além disso, à medida que a globalização e a digitalização continuam a moldar


o ambiente empresarial, surgem novos desafios e oportunidades na gestão de
aprovisionamento e compra. A integração de tecnologias emergentes, como a
inteligência artificial e a análise de big data, está a revolucionar a forma como as
organizações abordam o aprovisionamento, oferecendo insights mais profundos e
capacidades de tomada de decisão mais ágeis.

Neste contexto, este trabalho não só examinará os princípios tradicionais de


gestão de aprovisionamento e compra, mas também explorará as tendências e
inovações que estão a moldar o futuro desta disciplina fundamental. Ao fazê-lo, visa
fornecer uma visão abrangente e atualizada deste campo dinâmico, ajudando os
gestores e profissionais a navegar com sucesso pelos desafios e oportunidades que
enfrentam no mundo empresarial contemporâneo.

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1. GESTÃO DE APROVISIONAMENTO

Aprovisionamento ou também referido pelo termo em inglês Procurement é o


processo que abrange vários aspectos na relação entre fornecedores e a empresa,
constituindo um conjunto de actos administrativos.

➢ A administração, negociação e abastecimento da empresa;


➢ Abastecimento em relação a matérias-primas, componentes de produção
sobressalentes, módulos, produtos acabados e semi-acabados, linhas de
montagem e armazém.

A função aprovisionamento compreende o conjunto de operações que


permitem colocar à disposição da empresa em tempo oportuno, na quantidade e na
qualidade definidas, todos os recursos materiais e serviços necessários ao seu
funcionamento, ao menor custo.

Para levar a bom termo o conjunto destas operações, é necessário, antes de mais,
definir de forma precisa as necessidades.

➢ Em qualidade (especificações/requisitos);
➢ Em quantidade (económica);
➢ Em prazo (útil).

Para satisfazer aquelas necessidades, nas melhores condições, deve efectuar-


se a pesquisa sistemática daas possibilidades oferecidas pelo mercado.

Convém, no entanto, que essa pesquisa seja feita em tempo útil, ist6o é, que
os fornecedores sejam selecionados criteriosa e antecipadamente (antes da
necessidade imediata ocorrer) e que com eles sejam estabelecidos contratos que
ofereçam vantagens para as partes.

A gestão de aprovisionamento, disponibiliza, com a máxima eficiência, os bens


e os serviços necessários ao bom funcionamento da organização.

Conhecendo as necessidades dos vários serviços, este sistema gere:

➢ A abertura do procedimento de aquisição;


➢ A emissão de consulta ao mercado;
➢ A recepção e estudo comparativo das propostas dos fornecedores;

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➢ A emissão e controlo das encomendas.

1.1. O Papel Estratégico dos Aprovisionamentos

O papel estratégico dos aprovisionamentos é fundamental para o sucesso e a


competitividade de uma organização. Maneiras pelas quais os aprovisionamentos
desempenham um papel estratégico:

Garantia da continuidade operacional: Os aprovisionamentos garantem que


uma organização tenha acesso contínuo aos materiais e serviços necessários para
suas operações. Isso é essencial para evitar interrupções na produção e manter a
satisfação do cliente.

Redução de custos: Uma gestão eficaz dos aprovisionamentos pode ajudar a


reduzir os custos de aquisição de materiais e serviços, negociando melhores
condições com fornecedores, identificando fontes alternativas e otimizando processos
de compra e estoque.

Melhoria da qualidade: A escolha adequada de fornecedores e a


implementação de padrões de qualidade podem contribuir para a melhoria da
qualidade dos produtos ou serviços finais. Os aprovisionamentos desempenham um
papel importante na seleção e avaliação de fornecedores quanto à qualidade de seus
produtos e serviços.

Inovação e diferenciação: Parcerias estratégicas com fornecedores podem


facilitar o acesso a novas tecnologias, materiais e conhecimentos, promovendo a
inovação e a diferenciação dos produtos ou serviços oferecidos pela organização.

Gestão de riscos: Os aprovisionamentos também estão envolvidos na


identificação e mitigação de riscos associados à cadeia de suprimentos, como
flutuações de preços, instabilidade política ou problemas de qualidade dos
fornecedores. Uma abordagem estratégica permite desenvolver planos de
contingência para lidar com esses riscos.

Contribuição para os objectivos estratégicos: Os aprovisionamentos devem


estar alinhados com os objectivos estratégicos da organização, contribuindo para o
alcance de metas relacionadas à competitividade, rentabilidade, crescimento e
sustentabilidade.

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Desenvolvimento de parcerias duradouras: Uma abordagem estratégica dos
aprovisionamentos envolve o desenvolvimento de parcerias duradouras e
colaborativas com fornecedores-chave. Isso pode resultar em relações mais estáveis,
maior confiança e benefícios mútuos a longo prazo.

1.2. Atribuições da Função Aprovisionamento

Para além das actividades de selecção e qualificação de fornecedores, de


negociação, de contratação e de compra de recursos materiais e serviços, de gestão
de stocks, a função aprovisionamento ainda inclui nas suas atribuições, a recepção
de materiais, o armazenamento, o despacho de requisições e o envio/transportes de
materiais para estaleiros onde decorrem obras ou a expedição para subempreiteiros.

1.3. Importância do Aprovisionamento

Segundo Philip Kotler destaca a importância do aprovisionamento como parte


fundamental da cadeia de suprimentos. Ele ressalta que uma gestão eficaz de
compras não apenas garante a disponibilidade de matérias-primas e produtos, mas
também contribui para a redução de custos, otimização de processos e melhoria da
qualidade dos produtos finais.

Segundo autor Peter Kraljic que introduziu a matriz de Kraljic, uma ferramenta
de análise que ajuda as organizações a entenderem melhor suas categorias de
compras e a desenvolverem estratégias adequadas para cada uma delas. Ele destaca
que a função de aprovisionamento é crucial para identificar fornecedores confiáveis,
negociar contratos vantajosos e gerenciar riscos relacionados à cadeia de
suprimentos.

David Burt e Donald Dobler, esses autores enfatizam a importância do


aprovisionamento estratégico, que vai além da simples compra de produtos e
serviços. Eles argumentam que as organizações devem adotar uma abordagem
proativa para o aprovisionamento, alinhando-o com os objectivos estratégicos da
empresa e buscando constantemente melhorias na gestão de fornecedores, na
qualidade dos produtos e na eficiência dos processos.

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1.4. Estruturação do Aprovisionamento

A estruturação do aprovisionamento varia de acordo com a natureza e a


complexidade das operações de uma organização, mas geralmente envolve várias
etapas e elementos-chave como:

➢ A Programação estabelece as ligações ao Planeamento Geral de Operações e


disponibiliza informação relativa a quantidade necessárias e prazos, aos outros
órgãos do Departamento de Aprovisionamento;
➢ A Contratação pesquisa o mercado, avalia e seleciona os fornecedores, com
quem estabelece contratos de fornecimento, após a negociação;
➢ A Gestão de Materiais determina quanto e quando encomendar e mantém
actualizado o inventário (gestão económica e administrativa);
➢ As Compras processam as encomendas e asseguram o cumprimento dos
contratos com os fornecedores;
➢ A Recepção e Armazenagem asseguram a gestão e organização física dos
materiais. Nas empresas de maior dimensão, estas atribuições repartem-se por
diferentes órgãos da estrutura, mas nas pequenas empresas, é frequente
encontrar estas atribuições concentradas em duas ou três pessoas,
assumindo-as frequentemente o empresário ou o gerente.

2. GESTÃO DAS COMPRAS

O sector de compras exerce um papel fundamental na estratégia das


organizações, devido ao alto volume de recursos envolvidos, principalmente
financeiro, a gestão de compras pode ser o factor determinante em busca da
competitividade no mundo moderno. O uso de ferramentas estratégicas em uma
organização, segundo Atkearney (2015) são fundamentais para apoiar o sector de
compras, eles podem desempenhar um papel importante no problema de reorganizar
os processos internos do sector, redefinindo estratégias focando na economia de
materiais e na eficiência de seus produtos.

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2.1. Objectivos Fundamentais de Compras

As Compras, como órgão de Aprovisionamento ao qual foi delegada a missão


de negociar e comprar bens ou serviços, tem como objectivo fundamental:

➢ Aprovisionar, nas melhores condições, as quantidades indicadas no pedido de


compra (requisição interna de compra), dos bens e serviços específicos, ao
fornecedor selecionado;

➢ Os materiais devem satisfazer integralmente todas as especificações, normas


técnicas, requisitos de qualidade, certificações de ensaios e garantias técnicas,
explícitos nos pedidos de compra;

➢ Os prazos de tratamento da encomenda, de fornecimento, de transportes, de


desalfandegamento e de recepção (componentes do prazo de
aprovisionamento indicado no pedido de compra) devem ser estritamente
respeitados, a fim das datas limites, indicadas no plano mestre da produção
que resulta do planeamento geral, não serem ultrapassadas;

➢ Os preços de compra devem ser os melhores do mercado;

➢ As condições de pagamento negociadas com os fornecedores devem estar


cobertas, sempre que possível, pelas condições de recebimento dos clientes,
acordadas pelas vendas.

2.2. Objectivos Específicos das Compras

Como objectivos específicos podem considerar-se os seguintes:

➢ Fazer cumprir todos os compromissos negociados com os fornecedores em


cada contrato;

➢ Ter no ficheiro de fornecedores, eventualmente, numa base de dados


(informática), um leque de fornecedores para cada material, embora se opte
por um fornecedor preferencial cujo nível de serviço logístico seja o mais
elevado;

➢ Manter actualizada a informação relativa aos itens de compra corrente, face à


evolução e desenvolvimento de novos materiais e técnicas;
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➢ Assegurar o acesso à informação técnica a todos os interessados, sobre
materiais que habitualmente são adquiridos.

Os objectivos do processo de compras em termos gerais relacionam-se com a


compra dos artigos certos, na quantidade certa, no momento correcto, ao preço certo,
ao fornecedor correcto. No momento da compra o departamento de compras deve ter
em consideração a qualidade e o serviço prestado pelos fornecedores, deve planear
a entrega dos artigos de forma a não haver interrupções na produção, evitando o
excesso ou a escassez de stocks e o risco de obsolescência. Este departamento deve
ainda efectuar pesquisa no mercado de artigos e fornecedores alternativos que
possam melhorar a eficiência e aumentar os lucros da organização (Heinritz et al.,
1991 e Simões e Michel, 2004).

2.3. Função Compra, a sua Organização e Gestão Administrativa

2.3.1. Problema e dos dados da compra

O problema a equacionar e a resolver no âmbito de uma compra é um acto


jurídico de natureza comercial. Um contrato de fornecimento oneroso na medida em
que obriga o contraente vendedor a transferir a propriedade do bem para o contraente
comprador, mediante a obrigação deste à retribuição ou pagamento do preço
convencionado ou acordado, em valor monetário e nas condições expressas no
contrato, formalizado por uma encomenda ou nota de encomenda.

Para se firmarem contratos de fornecimento é necessário:

➢ Analisar o mercado;
➢ Negociar com fornecedor.

2.3.2. Os dados ou parâmetros da Compra

Os parâmetros-chave a considerar numa encomenda são os seguintes:

1. O preço;
2. O prazo;
3. A quantidade;
4. A qualidade;
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5. A garantia;
6. O nível de serviço logístico.

2.4. Enquadramento Estrutural das Compras

A função compra executa a política de aprovisionamento e é o elo de ligação


entre a empresa e o mercado na cadeia de abastecimento ou cadeia logística externa,
a montante. São as compras que representam a empresa nos contactos formais com
os fornecedores

As Compras constituem, normalmente, um órgão autónomo do Departamento


de Aprovisionamentos, situando-se ao mesmo nível dos outros órgãos operacionais,
seus parceiros na função de aprovisionamento. No entanto, num enquadramento
lógico em empresas de pequena ou média dimensão, as Compras dependem da
Gestão de Materiais (considerada o cérebro do corpo que o Aprovisionamento forma),
atendendo à sua característica de executora da política de aprovisionamento
(segundo a estratégia da Logística Total) enquanto a Gestão de Materiais traça as
linhas mestras dessa política.

2.4.1. Política de Aprovisionamento e de Compras

Uma política de aprovisionamento e de compras é um conjunto de diretrizes e


procedimentos que orientam as decisões e as práticas relacionadas à aquisição de
bens e serviços por uma organização. Essa política é fundamental para garantir que
as compras sejam realizadas de forma eficiente, transparente e em conformidade com
os objetivos estratégicos da empresa. Uma empresa, normalmente, aprovisiona
diversos tipos de materiais. Existe numa empresa industrial, tendencialmente, um
grupo de materiais centrais que são incorporados na maioria dos produtos finais e
apresentam forte impacto no resultado financeiro da empresa.

2.5. Fases do Processo de Compra Tradicional

O processo de compra tradicional desenvolve-se através de uma sequência de


actividades, das quais se destacam:

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1. Formalização das especificações;
2. Análise de pedido de compra;
3. Selecção de fornecedores;
4. Classificação de fornecedores;
5. Consulta de fornecedores;
6. Análise de propostas;
7. Adjudicação da encomenda;
8. Seguimento da encomenda;
9. Recepção da encomenda;
10. Conferência de facturas;
11. Tratamento de reclamações;
12. Ordem de pagamento.

2.6. Ciclo das compras

O ciclo de compras inicia-se quando o departamento de compras recebe um


pedido interno para compra de produtos e matérias-primas (Stevenson, 1999). Este
pedido deve conter a descrição detalhada dos artigos a comprar, quantidade,
qualidade, data de entrega desejada e, eventualmente, do fornecedor a quem deve
ser efectuada a compra (Stevenson, 1999).

As fases intermédias consistem na identificação e escolha do fornecedor que


virá a fornecer os artigos desejados. Se não houver fornecedores capazes de
satisfazer o pedido, devem ser procuradas novas soluções. Após efectuada a
selecção de fornecedor deve ser emitida o pedido da compra. Todos os pedidos
devem ser supervisionados pelo departamento de compras, em especial aqueles que
apresentem grande impacto financeiro, de modo a prever possíveis atrasos que
possam afectar o departamento de operações (Stevenson, 1999).

A última fase consiste na recepção da encomenda. Nesta fase são aferidas as


quantidades recebidas, assim como é feita uma análise qualitativa aos artigos
recepcionados. Se os artigos comprados não forem aprovados, devem ser devolvidos
ao fornecedor para troca ou para emissão de uma nota de crédito (Stevenson, 1999).
O fluxograma apresentado na Figura 3.2 representa o processo de compras descrito.

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2.7. Modelos de compras

As organizações, de um modo geral, tentam assegurar a quantidade e


variedade necessária de matérias-primas para garantir o cumprimento do seu plano
de produção. No entanto, o processo de compras para além de implicar tempo e
recursos financeiros para a organização, também apresenta um grau de risco para a
mesma. Desta forma, a estratégia implementada pela organização nas compras pode
influenciar fortemente o desempenho das mesmas (Padhi et al., 2012). o. Existe, no
entanto, um modelo desenvolvido por Kraljic em 1983 (Caniels, 2005), que é
considerado por diversos autores, nomeadamente, Gelderman e Van Weele (2003)
como o pioneiro na abordagem de modelos de gestão de compras.

2.8. Definições e Princípios Gerais de Contratação

Para que nas relações comercias entre fornecedores e clientes haja condições
para um bom entendimento, devem ser evitados equívocos ou diferentes
interpretações dos termos usados nos contratos, pelo que se recomenda a preparação
de um suplemento a cada contrato com o significado das expressões utilizadas no
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respectivo contrato. Certas abreviaturas de uso corrente no comércio interno podem
não ser de fácil interpretação no comércio internacional, pelo que devem ser evitadas.
Se as partes contratantes adoptam os incoterms, devem clarificar as respectivas
regras, mas também podem especificar variantes ou adicionais. Devem, no entanto,
ter sempre presentes que quaisquer disposições especiais num contrato, anulam
outras que lhes estejam em contradição ou desacordo.

2.9. As Centrais de Compras

As Centrais de Compras, também conhecidas como centrais de


aprovisionamento ou centros de compras, são unidades organizacionais
especializadas responsáveis por coordenar e gerenciar as atividades de compras em
nome de várias unidades ou departamentos de uma organização

Vantagem da utilização de uma central de compras

➢ Ao consolidar o poder de compra de várias unidades ou departamentos, as


centrais de compras podem negociar volumes maiores com os fornecedores, o
que pode resultar em preços mais baixos e condições mais favoráveis.

➢ A centralização das atividades de compras pode levar a uma maior eficiência e


redução de custos administrativos, uma vez que os processos de compras são
padronizados e centralizados.

➢ As centrais de compras podem desenvolver relacionamentos mais fortes com


os fornecedores e monitorar seu desempenho de forma mais eficaz, garantindo
a qualidade dos produtos e serviços adquiridos.

Desvantagens da utilização de uma central de compras

As centrais de compras podem também apresentar algumas desvantagens:

➢ A centralização das compras pode resultar em uma menor flexibilidade para


atender às necessidades específicas de cada unidade ou departamento, uma
vez que as decisões são tomadas de forma centralizada, gerando assim a falta
de flexibilidade.

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➢ Dependendo da forma como é implementada, uma central de compras pode
limitar a diversidade de fornecedores, aumentando o risco de dependência
excessiva de um único fornecedor.

➢ A centralização das compras pode resultar em um aumento da burocracia e da


complexidade dos processos, especialmente se não forem implementados
sistemas eficazes de comunicação e coordenação.

2.10. A inteligência artificial e a análise de big data na Gestão de


Aprovisionamento e Compras

A integração de tecnologias emergentes, como inteligência artificial (IA) e


análise de big data, na gestão de aprovisionamento e compras está revolucionando a
forma como as empresas gerenciam seus processos de aquisição e fornecimento de
produtos e serviços.

A análise de big data pode ajudar as empresas a prever com mais precisão a
demanda por produtos, levando a um planejamento de compras mais eficiente e
redução de estoques desnecessários. A IA pode ser usada para refinar essas
previsões, incorporando uma variedade de dados, como histórico de vendas,
sazonalidade, tendências do mercado e até mesmo dados externos, como clima e
eventos econômicos.

A análise de big data pode ser usada para avaliar o desempenho dos
fornecedores com base em uma variedade de métricas, como qualidade, tempo de
entrega, preço e histórico de relacionamento. A IA pode automatizar esse processo,
identificando padrões nos dados e recomendando os melhores fornecedores para
atender às necessidades específicas da empresa.

A IA pode ajudar na análise de contratos de fornecimento, identificando


cláusulas importantes, termos de preços e condições que podem afetar o
desempenho e os custos. Além disso, a análise de big data pode fornecer insights
sobre o desempenho passado dos fornecedores em relação aos termos contratuais,
ajudando as empresas a negociar contratos mais favoráveis.

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CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho, exploramos os fundamentos, desafios e inovações na


área da gestão de aprovisionamento e compra. Constatamos que, em um ambiente
empresarial cada vez mais complexo e competitivo, a eficácia deste processo
desempenha um papel crucial no sucesso organizacional.

A gestão de aprovisionamento e compra não se resume apenas a adquirir


produtos ou serviços pelo menor custo possível. Envolve uma série de etapas
interligadas, desde a identificação das necessidades da organização até a seleção de
fornecedores, negociação de contratos, gestão de estoques e avaliação de
desempenho.

Além disso, observamos as tendências emergentes que estão a moldar o futuro


desta disciplina, como a digitalização, a inteligência artificial e a análise de big data.
Estas tecnologias oferecem oportunidades emocionantes para aumentar a eficiência,
reduzir os riscos e fornecer insights valiosos para a tomada de decisões estratégicas.

No entanto, também é importante reconhecer os desafios associados a essas


inovações, como a necessidade de gerir grandes volumes de dados, garantir a
segurança cibernética e adaptar-se a um ambiente de negócios em constante
mudança.

Em última análise, uma gestão de aprovisionamento e compra eficaz requer


uma abordagem holística, que integre tanto os princípios tradicionais quanto as novas
tecnologias e estratégias. Ao adotar uma mentalidade de melhoria contínua e estar
atento às tendências do mercado, as organizações podem posicionar-se de forma
mais competitiva e sustentável no cenário empresarial global.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Compras e Gestão da Cadeia de Abastecimento. Cengage Learning.

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Comprador e Vendedor na Satisfação da Cadeia de Suprimentos. Journal of
Operations Management, 23(1), 1-22.

3. Christopher, M., & Peck, H. (2004). Construindo a Aadeia de Suprimentos


Resiliente. The International Journal of Logistics Management, 15(2), 1-14.

4. Ellram, L. M., Tate, W. L., & Billington, C. (2008). Compreensão e Gestão da


Cadeia de Suprimentos de Serviços. Journal of Supply Chain Management,
44(1), 3-18.

5. van Weele, A. J. (2010). Gestão de Compras e Cadeia de Suprimentos: Análise,


Estratégia, Planejamento e Prática. Cengage Learning EMEA.

6. Kraljic, P. (1983). Compras Devem se Tornar Gestão de Suprimentos. Harvard


Business Review, 61(5), 109-117.

7. BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimento/Logística


Empresarial; tradução Raul Rubenich. 5ª edição, Porto Alegre. Bookman 2006.

8. FRANCISCO, C. Logística; 2ª edição, Bc Livtec - agosto de 2015, 39-66.

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