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NEGÓCIOS
JURÍDICOS
1. Fatos Jurídicos
1. Fatos Jurídicos
Gera efeitos para o direito
- Fato natural ou fato jurídico em sentido estrito: o sujeito que sofre os efeitos
não está envolvido diretamente com o evento.
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. DANOS MORAIS E MATERIAIS. VEÍCULO. ROUBO. EMPREGO DE
ARMA DE FOGO. ATACADISTA. ESTACIONAMENTO EXTERNO. GRATUITO. ÁREA PÚBLICA. CASO FORTUITO
OU FORÇA MAIOR. FORTUITO EXTERNO. SÚMULA Nº 130/STJ. INAPLICABILIDADE AO CASO.
1. A controvérsia a ser dirimida no recurso especial reside em definir se há responsabilidade civil da
empresa atacadista decorrente do roubo de veículo de seu cliente, com emprego de arma
de fogo, em estacionamento gratuito, localizado em área pública externa ao estabelecimento comercial
(...) 6. No caso, a prática do crime de roubo, com emprego inclusive de arma de fogo, de cliente de atacadista,
ocorrido em estacionamento gratuito, localizado em área pública em frente ao estabelecimento
comercial, constitui verdadeira hipótese de caso fortuito (ou motivo de força maior) que afasta da empresa o
dever de indenizar o prejuízo suportado por seu cliente (art. 393 do Código Civil).
7. Recurso especial provido.
(REsp 1642397 / DF - Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA)
1. Fatos Jurídicos
- Fato humano ou ato jurídico em sentido amplo: o sujeito que sente os efeitos,
contribui de alguma forma para o fato.
Lícitos: de acordo com a lei.
- Ato jurídico em sentido amplo: todo acontecimento natural ou humano capaz de
criar, modificar, conservar ou extinguir relações jurídicas.
Ato jurídico em sentido estrito ou meramente lícito: acontece em razão
da vontade do sujeito, mas o efeito é imposto por lei. (ex: emancipação)
Ato/fato jurídico: a ocorrência do evento não decorre da vontade da
pessoa e o efeito é determinado por lei. (ex: achar algo perdido -> a lei
obriga a devolver. – art. 169, II, CP)
OBS: é ato/fato jurídico aquilo realizado por menores absolutamente
incapazes, que não tenha potencial ofensivo. (ex: contrato de compra e
venda) – construção doutrinária.
1. Fatos Jurídicos
- Ato jurídico em sentido estrito:
negócio jurídico: o evento só acontece em razão da vontade das partes, assim
como os efeitos são denominados por elas. (es: contrato de compra e venda)
Fato Unilaterais: é necessária somente uma vontade para a produção de
Jurídico efeitos jurídicos.
Bilaterais: depende sempre da manifestação de duas ou mais vontades
- Ilícitos (arts. 186 a 188): tudo que atenta contra os bons costumes, a lei, a moral e
o princípio geral da boa-fé.
Caso fortuito / Ilícito
Força maior
Negócio jurídico
2. Ato Ilícito (arts.186 a 188)
- É o ato voluntário e consciente contrário ao direito. ATO ILÍCITO
Art. 186. Aquele que, por ação ou
- Ilícito civil X Ilícito penal omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano
- Requisitos para responsabilidade (artigo 186, CC): a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.
Ação ou omissão
Dano
Culpa ou dolo ABUSO DE DIREITO
Art. 187. Também comete ato ilícito o
Nexo causal entre a ação e o dano titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites
- Exceções (art. 188, CC) impostos pelo seu fim econômico ou
social, pela boa-fé ou pelos bons
- Ato ilícito gera responsabilidade civil (art. 927, CC) costumes.
3. Existência do negócio jurídico
I – Elementos de existência:
- Agentes: autor do ato; aquele que declara a vontade.
- Declaração de vontade: exteriorizar a vontade -> pessoa natural, jurídica ou entes coletivos
despersonalizados.
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
4. Validade do negócio jurídico I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou
determinável;
Pressupostos ou requisitos de validade (art. 104): III - forma prescrita ou não defesa em lei.
II - Objeto: lícito, que não atente contra a lei, os bons costumes, a moral e a boa-fé;
possível – impossibilidade física absoluta: é aquilo que nenhum sujeito pode cumprir;
– impossibilidade física relativa: a impossibilidade pode ser afastada e não
vicia o negócio jurídico.
– impossibilidade jurídica: está determinado em lei e anula o negócio
jurídico.
determinado: possui gênero, quantidade e qualidade determinados.
determinável: algo que pode ser determinado no futuro, de acordo com o presente.
4. Validade do negócio jurídico
RECURSO ESPECIAL AÇÃO ANULATÓRIA DE SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE ACORDO.
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA.
JULGAMENTO EXTRA PETITA. AUSÊNCIA. VÍCIO DE CONSENTIMENTO. INVALIDADE DO
NEGÓCIO JURÍDICO. ANULABILIDADE. PRAZO PRESCRICIONAL. CC/16. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL. PREJUDICADO.
(...)
5. O vício de consentimento - a exemplo do erro substancial cuja ocorrência foi admitida na
hipótese - é defeito que implica a anulabilidade do negócio jurídico viciado.
6. A pretensão de desconstituir o negócio jurídico eivado de vício de consentimento sujeita-se a
prazo decadencial de 4 anos, consoante o disposto no art. 178, I e II, do CC/02, ou prescricional
de 4 anos, segundo o art. 178, § 9º, V, "b", do CC/16, a contar do dia em que se realizou o ato
anulável.
7. Em virtude do exame do mérito, por meio do qual foi acolhida a tese sustentada pelos
recorrentes, fica prejudicada a análise da divergência jurisprudencial.
8. Recurso especial conhecido e provido.
(REsp 1630108 / MG - Ministra NANCY ANDRIGHI)
4. Validade do negócio jurídico
PRÓDIGO
ÉBRIO
4.1 Representação (arts. 115 a 120)
- É um acessório que possibilita o negócio jurídico de pessoa que não possa exprimir vontade
válida (consciente).
- incapaz
Legal - pessoa jurídica
- entes coletivos (espólio, condomínio, massa falida)
não há negócio jurídico, é imposto por lei
A B A
OBS: quando a lei não determinar prazo para anulação esta será de dois anos – arts. 178 e 179
5. Fatores de eficácia
1. Condição: a obrigação dependerá de um evento futuro e incerto. sempre resulta da vontade das
partes. Não é presumível e não advém da lei.
Efeitos ->
cessa a obrigação
5. Fatores de eficácia
2. Termo ou prazo: acontecimento futuro e certo que determina o início (termo a quo) ou o fim
(termo ad quem) da eficácia de determinado ato.
2. Modal ou com encargo: determinação do negócio jurídico que impõe ao beneficiário um ônus a
ser cumprido
ex: “te darei este terreno se você construir nele uma escola”
encargo
Art. 555. A doação pode ser revogada por
ingratidão do donatário, ou por inexecução do
encargo.
6. Defeitos do negócio jurídico (arts. 138 a 165)
1. Do erro ou ignorância (arts. 138 a 144): é a falsa de representação intelectual da realidade.
Ocorre sem intervenção da pessoa interessada.
- erro vício: o erro ocorre na formação da vontade
- erro obstáculo: o erro ocorre na manifestação da vontade
Art. 139. O erro é substancial quando:
Art. 138. São anuláveis os negócios
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração,
jurídicos, quando as declarações de ou a alguma das qualidades a ele essenciais;
vontade emanarem de erro
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem
substancial que poderia ser percebido se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de
por pessoa de diligência normal, em modo relevante;
face das circunstâncias do negócio.
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o
motivo único ou principal do negócio jurídico.
Quando um senhor que usa o computador Quando uma pessoa pensa estar comprando
somente para jogar paciência compra um uma estátua de ouro que na realidade é de
notebook exageradamente caro e com funções cobre ela incorre no vício erro ou ignorância
desnecessárias ao que deseja ele incorre no vício (art 138 e 139, I)
erro ou ignorância. (art. 138 e 139, I)
6. Defeitos do negócio jurídico (arts. 138 a 165)
2. Do dolo (arts. 145 a 150): artifícios usados por uma pessoa para induzir a outra em erro, a
fim de tirar proveito para si ou para terceiro. Emprego do ardil, da astúcia, da malícia.
- Elementos caracterizadores do dolo:
intenção de induzir o declarante a praticar o ato
causa determinante para formação do negócio
proceda da outra parte ou de terceiro, a fim de obter vantagem
- Espécies de dolo:
dolo malus dolo de terceiro (art.148)
dolo comissivo dolo de representante (art.149)
dolo omissivo (art.147) dolo bilateral (art. 150)
6. Defeitos do negócio jurídico (arts. 138 a 165)
2. Dolo: erro provocado por terceiro
Quando o vendedor vende a um senhor, que não Quando o alienante, sabendo que a estatua é
entende de tecnologia, um computador melhor e de cobre, vende a um preço mais elevado
com um preço muito mais alto do que o senhor afirmando ser um estátua de ouro.
realmente precisa para suprir suas necessidades
6. Defeitos do negócio jurídico (arts. 138 a 165)
3. Da coação (arts. 151 a 155): a coação como vício de consentimento é a moral, a coação física torna
o ato inexistente.
- Elementos (art. 151):
- relação de causalidade entre a coação e o negócio celebrado
- deve ser grave e injusta
- deve dizer respeito a dano atual ou iminente
- deve constituir ameaça de prejuízo à pessoa, a bens da vítima ou a pessoas de
sua família.
- Espécies de coação:
- Coação absoluta ou física: trata-se, em princípio, de ausência de consentimento,
sendo o negócio jurídico inexistente;
- Coação relativa ou moral: constitui vício da vontade, sendo o negócio anulável (artigo 171, II, CC);
- Coação principal: causa de anulação do negócio jurídico;
- Coação acidental: obriga somente o ressarcimento do prejuízo.
6. Defeitos do negócio jurídico (arts. 138 a 165)
- Coação exercida por terceiro:
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter
conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por
perdas e danos.
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que
aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por
todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.
4. Do estado de perigo (art. 156): Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém,
premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela
outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
- Elementos:
existência de grave perigo
conhecimento do perigo pela outra parte (retirar proveito/vantagem)
obrigação excessivamente onerosa
objetivo se salvar-se ou salvar pessoa de sua estima
6. Defeitos do negócio jurídico (arts. 138 a 165)
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS MÉDICOS-HOSPITALARES. AÇÃO DE
COBRANÇA. ESTADO DE PERIGO. OCORRÊNCIA.
O estado de perigo é vício de consentimento dual, que exige para a sua caracterização, a premência da pessoa em se
salvar, ou a membro de sua família e, de outra banda, a ocorrência de obrigação excessivamente onerosa, aí
incluída a imposição de serviços desnecessários, conscientemente fixada pela contraparte da relação negocial.
(...) Atividades empresariais voltadas especificamente para o atendimento de pessoas em condição de perigo
iminente, como se dá com as emergências de hospitais particulares, não podem ser obrigadas a suportar o ônus
financeiro do tratamento de todos que lá aportam em situação de risco à integridade física, ou mesmo à vida,
pois esse é o público-alvo desses locais, e a atividade que desenvolvem com fins lucrativos é legítima, e
detalhadamente regulamentada pelo Poder Público.
Se o nosocômio não exigir, nessas circunstâncias, nenhuma paga exagerada, ou impor a utilização de serviços não
necessários, ou mesmo garantias extralegais, mas se restringir a cobrar o justo e usual, pelos esforços realizados
para a manutenção da vida, não há defeito no negócio jurídico que dê ensejo à sua anulação.
Recurso especial provido.
Art. 135-A – CP: Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de
formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial (Incluído pela Lei nº
12.653, de 2012)
6. Defeitos do negócio jurídico (arts. 138 a 165)
4. Do estado de perigo:
https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-
noticias/redacao/2014/05/20/mp-do-parana-
investiga-morte-de-bebe-apos-hospital-pedir-r-
65-mil-por-vaga.htm
- Ação revocatória ou pauliana: é a ação anulatória do negócio jurídico celebrado com fraude
contra credores
OBS: credor quirografário: não tem título legal de preferencia
6. Defeitos do negócio jurídico (arts. 138 a 165)
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO PAULIANA. FRAUDE CONTRA CREDORES CARACTERIZADA.
DOAÇÃO DE BEM IMÓVEL REALIZADA PELA DEVEDORA A SEUS FILHOS. A ação pauliana é
adequada para buscar o decreto judicial de anulação de doação de bem imóvel feita de mãe
para filhos quando há dívida pendente de pagamento e a devedora se desfaz do único bem de
que dispunha para garantir o débito. Em se tratando de transferência de propriedade para
descendente, descabe a alegação de boa-fé do adquirente que, presumidamente, tinha
conhecimento das condições financeiro-econômicas e das posses da genitora. PRELIMINARES
REJEITADAS. APELAÇÃO DESPROVIDA.
(Apelação Cível Nº 70074725466, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ana
Maria Nedel Scalzilli, Julgado em 22/03/2018)
Nulidade Anulabilidade
Efeito da invalidade absoluta Efeito da invalidade relativa
Protege interesse público Protege interesse privado
Podem requerer: qualquer interessado, Somente o prejudicado pode requerer
o Ministério Público ou o juiz ex officio
Não tem prazo para ajuizar a ação O prazo é de 2 ou 4 anos dependendo
do caso (arts. 178 3 179)
Não convalesce Convalesce
Ex tunc Ex nunc
7. Invalidades do negócio jurídico (arts. 166 a 184)
• Simulação (art. 167): É a prática de negócio jurídico que esconde a real intenção do negócio
(declaração falsa de vontade). Na simulação há a vontade mútua de enganar terceiros ou
fraudar a lei.
- Requisitos: Negócio jurídico bilateral;
Acordado com a outra parte (diferente do dolo) – vício social;
Declaração deliberadamente desconforme com a intenção;
Realizada com intuito de enganar terceiros ou fraudar a lei.
- Classificação:
Absoluta: o negócio não gera efeitos.
Relativa
objetiva: tem o propósito de encobrir ato ilícito diverso do pactuado.
subjetiva: ocorre a transferência de direitos para pessoa diversa do acordado.
7. Invalidades do negócio jurídico (arts. 166 a 184)
Nulidade (art. 166): É efeito da invalidade absoluta, deve estar previsto em lei.
- Podem requerer: I - qualquer interessado
(art. 168) II - o Ministério Público
III - o juiz ex officio
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for
- 16 ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere
Art. 169. O negócio jurídico essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
nulo não é suscetível de
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a
confirmação, nem prática, sem cominar sanção.
convalesce pelo decurso do
tempo.
7. Invalidades do negócio jurídico (arts. 166 a 184)
• Anulabilidade (art. 171): Trata-se de efeito da invalidade relativa. Protege interesse privado e por
isso o vício pode ser suprido.
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é
anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo,
lesão ou fraude contra credores.
- Prazos: Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio
jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se
realizou
o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para
pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.