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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 1ª

VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE SALVADOR-BA

MINION KELVIN, brasileiro, auxiliar de serviços gerais, portador do RG nº


16.365.147-52, inscrito no CPF sob nº 082.862.853-15, residente e domiciliado na endereço
Av. Luís Viana, 8544, Alphaville, Salvador – BA, por intermédio de sua Advogada Carla Lais
Aguiar, infrafirmada (Procuração anexa – doc.01), e regularmente inscrita na OAB/BA nº
01.040 com escritório profissional situado no Wall Street Empresarial - Av. Luís Viana,
Paralela - Patamares, Salvador - BA, onde recebe notificações e intimações, vem à presença
de Vossa Excelência com fulcro nos artigos 840 da CLT e 319 do CPC propor:

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

em face de Bananas e Produtos LTDA, pessoa jurídica de Direito privado, regularmente


constituída e inscrita no CNPJ sob o n° 14.937.362/0001-00, com sede na Rua Primeira
Estação da Mangueira, n°58, Ondina, Salvador/BA, pelas razões de fato e de direito a seguir
expostas:

I. DA JUSTIÇA GRATUITA

O benefício de justiça gratuita é garantido pela constituição de 1988, no art. 5°


inciso LXXIV, além de estar resguardado pelo art. 790 § 4° da CLT (Consolidação das Leis
de Trabalho), que garante o benefício se a parte comprovar insuficiência de recurso para
pagamento de custas. Deste modo, requer que seja deferido em face do reclamante, para que o
pagamento de valores não afete sua subsistência.

II. DA SÍNTESE DA RELAÇÃO DE TRABALHO

O reclamante não possuía carteira assinada com a empresa, nem mesmo tinha um
contrato de trabalho com a parte reclamada, pois o mesmo se mudou da cidade em que
morava para conseguir trabalhar nessa empresa que estava no momento oferecendo
empregos. Mas com o decorrer do tempo percebeu que não haveria direito sobre aquela
relação de emprego. Assim, o Reclamante começou no dia a dia a perceber que seu regime de
trabalho estava um pouco fora das regras da legislação brasileira de trabalho. A parte
reclamada em consulta com seus advogados identificou a infringência às normas da CLT,
sendo considerado seu trabalho excedente a carga horária prevista em lei, dentre outros
requisitos necessários que estavam sendo violados.

O Reclamante no dia 18 de novembro de 2022, recebeu a notícia que não precisaria prestar
os serviços, uma vez que já estavam sendo realizados desde dezembro de 2020. No entanto,
após ser comunicado da decisão, não recebeu aquilo que era seu por direito, como por
exemplo, horas extras trabalhadas, verbas rescisórias, e o vale alimentação. Depois disso, Sr,
Kelvin foi consultar um advogado, para tomar ciência o que podia pleitear em face do Sr, Gru
Santos, representante e dono da empresa Bananas e Produtos LTDA, ao ser questionado por
sua advogada sobre a rotina, Sr. Kelvin relata que iniciava sua jornada de trabalho às 7hrs da
manhã encerrando sua jornada às 17hrs, durante esse período de suas atividades laborais o
reclamante, não tinha direito as pausas intrajornada.

Sendo assim, cumpria integralmente seu período em 10hrs laborais, o reclamante também
relata que era extremamente insalubre as condições em que se trabalha, como por exemplo
componentes químicos que a maioria dos que trabalhavam não sabia a reação e não eram
fornecidas as proteções necessárias para trabalhar com esses materiais.

III. DO DIREITO

➢ DAS HORAS EXTRAS

A parte reclamante pleiteia as horas adicionais trabalhadas, pois o mesmo ultrapassava o


acordo que foi feito de forma oral pelo empregado e empregador. Seguindo as diretrizes da
CLT (Consolidação das Leis de Trabalho), vide o art. 59, que a duração diária de trabalho
somente pode exceder se o houver acordo entre as partes e que depois seja acrescido em sua
remuneração esse tempo a mais trabalhado. Fica claro que a parte requerente excedia além do
saudável a qualquer trabalhador e que sua jornada fora do comum pode facilmente provada
por testemunhas que presenciaram o fato.

Segue o teor da Súmula n° 347 do TST, sobre o direito a horas extras trabalhadas que não
foram ressarcidas:
Súmula 347: Essa súmula estabelece que o cálculo do valor das horas
extras habituais, para efeito de reflexos em verbas trabalhistas,
observará o número das horas efetivamente prestadas e o respectivo
valor. Isso significa que, para calcular o impacto das horas extras em
outras verbas salariais, é a realidade do serviço prestado que deve ser
levada em consideração, uma vez que se trata de uma verba de
natureza salarial recebida de forma condicional.

➢ DA RELAÇÃO DE EMPREGO

O Reclamante demonstra em seu relato que claramente não seguia o vínculo tradicional
previsto no art. 4° da CLT, mas isso não exclui a relação de emprego existente entre suas
funções e a empresa citada acima.

Fica evidente a não eventualidade do empregado, o mesmo ia de segunda a sexta para


prestar seus serviços, de modo que não batia ponto, mas realizava suas tarefas das 7hrs da
manhã até as 17hrs da tarde, fazendo presente a rotina de sua prestação de serviços laborais.

Havia ainda a subordinação sobre o representante e dono da empresa, o Sr. Gru, que
ordenava onde cada um trabalharia e o modo, não fornecia qualquer tipo de instrumento ou
informações de como manejar os produtos que faziam parte da função do empregado e de
outros.

Há também de forma inequívoca a onerosidade que era recebida pelo Sr. Kelvin, que
conforme anexo 1, era sem qualquer adicional de horas extras e era um valor que era
acrescentado em sua conta todo dia 25 do mês.

➢ DO VALE ALIMENTAÇÃO

O reclamante requer também aquele acréscimo que é seu por direito a ser posto no salário que
recebia, que é o de alimentação, previsto no art. 458 da CLT. Todos sabemos que não é de
caráter obrigatório para o empregador fornecer, mas é de suma importância visto que o
requerente reside em cidade diversa da que nasceu, no momento que prestava seus serviços, o
valor que era recebido não contemplava toda sua subsistência.

➢ DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
O Reclamante no desempenho de suas atividades tinha contato com componentes
químicos, não obtendo devidas orientações sobre a reação causada após o uso. Frisa-se, que
para tanto o Reclamante não fazia o uso de EPIs (Equipamento de Proteção Individual), tendo
em vista que o Reclamado não disponibilizava destes para nenhum funcionário.
Consequências que não poderão ser mensuradas a curto prazo, pela grande exposição a esses
compostos químicos sem qualquer tipo de cuidado ou proteção, como protege o empregado o
art. 189 da legislação trabalhista.

Também é possível falar que a mesma legislação traz parâmetros de compensação de


acordo com o risco e grau de exposição do agente nocivo ao empregado. No entanto, o
reclamante não era remunerado em seu salário de forma proporcional ao risco que foi exposto
por mais de 2 anos.

Trazemos também como a jurisprudência vem julgando tal assunto, que visa
principalmente à proteção do empregado e de sua saúde:

ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. EXPOSIÇÃO À
RADIAÇÃO. REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO A 24 HORAS
SEMANAIS. PAGAMENTO RETROATIVO DE HORAS EXTRAS EM
RELAÇÃO A TODO O PERÍODO TRABALHADO EXCEDENTE.
CABIMENTO. AGRAVO INTERNO DO SERVIDOR A QUE SE DÁ
PROVIMENTO. AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1565474
- RJ (2019/0249141-3) RELATOR: MINISTRO MANOEL ERHARDT
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF5).

IV. DOS PEDIDOS

Requer a Vossa Excelência a condenação do reclamado:

● Ao pagamento das verbas rescisórias faladas acima, como vale alimentação, adicional
de insalubridade, das horas extras.

● Do reconhecimento da relação de emprego

● Do benefício da justiça gratuita

V. DOS REQUERIMENTOS
● Produção de prova documental, depoimento pessoal de preposto da Reclamada, sob
pena de confissão, oitiva de testemunhas, juntada de documentos.

● Requerer a notificação da parte para que apresente a defesa sob pena de revelia.

● Pede a condenação da Reclamada, com o valor da causa de R$ 10.000,00 (dez mil


reais)

● Nos termos do art. 791-A da CLT, requer o Reclamante a condenação da Reclamada


ao pagamento de 15% a títulos de honorários advocatícios.

Termos em que pede deferimento.

25 de novembro de 2023

Salvador/Ba

Carla Laís Aguiar


OAB/BA nº 01.040

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