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ILUSTRÍSSIMO SENHOR SUPERINTENDENTE DO INSTITUTO NACIONAL DE

METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE INDUSTRIAL - INMETRO - DO


ESTADO DE SÃO PAULO

Auto de Infração nº:


Processo Administrativo nº:

EMPRESA, pessoa jurídica inscrita no CNPJ sob nº XXXX, com sede na XXXX, por meio
do seu advogado infra-assinado, vem, à presença de Vossa Excelência, nos termos da
Lei nº 9.933/99 e Resolução nº 08/2016 do CONMETRO, apresentar sua IMPUGNAÇÃO
nos termos seguintes:

I - DO AUTO DE INFRAÇÃO

Segundo consta no aludido auto de infração, o Impugnante foi autuado pelo


seguinte fato:

Assim, enquadrou a empresa nas irregularidades contidas nos artigos 1º, 5º e


7ºartigo 3º da Portaria INMETRO 04/2013.

No entanto, a conclusão que se pretende chegar com a devida impugnação


será distinta daquela até então obtida no Auto de Infração nº XXXX. Para tanto requer o
recebimento da presente defesa e documentos probatórios com o condão de demonstrar
o manifesto descabimento da presente autuação infracional.

II – DA REALIDADE FÁTICA

Em que pese o quanto alegado pelo fiscal, a Impugnante informa que exerce
sua atividade de forma regular, obedecendo todas as normas impostas pelo INMETRO e
CONMETRO, e não pratica nenhuma ação que gere prejuízo ao consumidor, desta feita,
espera o imediato arquivamento do processo administrativo sancionador, pelos seguintes
motivos:

No caso em análise, é de uma clareza solar que a Impugnante não possui


intenção de infringir regulamento, pelo contrário, sempre agiu e cumpriu com todas as
determinações do INMETRO, atuando de forma regular. A diligência para solucionar os
problemas detectados por esta fiscalização são provas da boa fé da Impugnante.

Logo, eventuais indicações de irregularidade, além de pontuais, são


prontamente verificadas e sanadas, evitando que a prestação dos serviços seja
prejudicada.

Desta forma, não se evidencia má fé por parte da empresa,


consequentemente, exige-se da Administração Pública uma razoabilidade na sua
avaliação conforme ensina Maria Silvia Zanella Di Pietro:

“Mesmo quando o ilegal seja praticado, é preciso verificar se


houve culpa ou dolo, se houve um mínimo de má fé que revele
realmente a presença de um comportamento desonesto”. (in
Direito Administrativo, 12ª edição, p.675)

Por isto, mesmo que se demonstrasse comprovada irregularidade, é crucial


que seja evidenciada a inexistência de má fé para fins de adequação de penalidade a ser
imposta em observância à previsão da Lei nº 9784/1999:

Art. 2º - A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos


princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.

(...)
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão
observados, entre outros, os critérios de:

(...)

VI- adequação entre meios e fins, vedada a imposição de


obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas
estritamente necessárias ao atendimento do interesse
público.

Segundo Joel Menezes Niebuhr, a sanção deve estar intimamente atrelada às


circunstâncias do ato, em observância ao princípio da proporcionalidade:

“O princípio da proporcionalidade aplica-se sobre todo o


Direito Administrativo e, com bastante ênfase, em relação às
sanções administrativas. [...]. Ao fixar a penalidade, a
Administração deve analisar os antecedentes, os prejuízos
causados, a boa fé ou má fé, os meios utilizados, etc. Se a pessoa
sujeita a penalidade sempre se comportou adequadamente, nunca
cometeu qualquer falta, a penalidade não deve ser a mais grave. A
penalidade mais grave, nesse caso, é sintoma de violação ao
princípio da proporcionalidade.” (Licitação Pública e Contrato
Administrativo. Ed. Fórum: 2011; p. 992):

Em perfeita harmonia com este entendimento, Eduardo Arruda Alvim tece em


seus comentários acerca da relevância da conjuntura entre razoabilidade e
proporcionalidade dos atos administrativos, em especial nos que refletem em
penalidades:

“Na fixação da pena (que se dará mediante processo


administrativo, para o qual a Constituição Federal, assegura o
contraditório e a ampla defesa, sob pena de nulidade do processo
respectivo – (art. 5º, LV) de multa, assim, tomar-se ao por base
três verdadeiros conceitos vagos (gravidade da infração, vantagem
auferida, e condição econômica do fornecedor), que se inter-
relacionam, e devem ser preenchidos diante do caso concreto,
pela autoridade competente, que poderá ser federal, estadual, do
Distrito Federal, ou municipal, conforme a infração específica e seu
âmbito (parágrafo primeiro do art. 55 deste Código).” (Código do
Consumidor Comentado; 2ª ed., Biblioteca de Direito do
Consumidor, Editora RT, p. 274).

Na mesma linha, Antônio José Calhau afirma:

consiste em agir com bom senso, prudência, moderação, tomar


atitudes adequadas e coerentes, levando-se em conta a relação
de proporcionalidade entre os meios empregados e a finalidade a
ser alcançada, bem como as circunstâncias que envolvem a
pratica do ato (RESENDE, Antonio José Calhau. 2009)

Com efeito, o Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade não só ratificam


o P. da Legalidade, como permitem sua aplicação de forma mais ponderada e assertiva.
Juntos, estes princípios indicam que o poder público está obrigado à mostrar
correspondência de seus atos com a ideia de coerência, racionalidade e sensatez.

Chama atenção deste Julgador, para o fato de que, como pontuado por Celso
Antônio Bandeira de Melo, violar um princípio é muito mais grave do que transgredir uma
norma, visto que a desatenção a uma norma é pontual e sujeita a uma advertência.
Enquanto que a inobservância de um princípio é insurgência contra todo um sistema.

Ao tratamos da gradação da pena, o ilustre julgador deve observar o que


fundamenta o artigo 9º, §1º e §3º da Lei 9933/99, vejamos:

§1º Para a gradação da pena, a autoridade competente deverá


considerar os seguintes fatores:

I – a gravidade da infração;
II – a vantagem auferida pelo infrator;
III – a condição econômica do infrator e seus antecedentes;
IV – o prejuízo causado ao consumidor; e
V – a repercussão social da infração

§3º São circunstâncias que atenuam a infração

I – a primariedade do infrator, e
II – a adoção de medidas pelo infrator para minorar os efeitos
do ilícito ou para repará-lo.

Assim, o Agente fiscal, responsável pela aplicação da norma, está restrito a


ela, assim como, aos princípios da razoabilidade, proporcionalidade, finalidade,
moralidade e legalidade, evitando que a multa aplicada se torne em um latente abuso de
poder, o que é vedado à administração pública no exercício do poder de polícia. Logo,
deve observar a particularidade de cada caso a fim de atuar de forma racional, sensata e
coerente, sob pena de ofensa ao art. 78, parágrafo único, da Lei 5.172 de 1966:

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração


pública que limitando ou disciplinando direito, interesse ou
liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem,
aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício
de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
respeito à propriedade e nos direitos individuais ou coletivos.
(Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 1966)

Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de


polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos
limites da lei aplicável, com observância do processo legal e,
tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionário,
sem abuso ou desvio de poder.

Ao demonstrar a boa-fé da empresa, atuando imediatamente para solucionar


a irregularidade, não há que se cogitar uma penalidade tão gravosa, devendo existir
ponderação dos princípios aplicáveis ao processo administrativo por parte da Autoridade.

Resta claro que a Impugnante atende a todas as normas do INMETRO,


inclusive realiza manutenções preventivas de seus equipamentos. Quando detectado um
problema, atuou de forma diligente e sanou imediatamente o problema. Da mesma sorte,
não possui qualquer intenção em ludibriar seu consumidor, justamente para garantia de
um pleno funcionamento e uma boa prestação do serviço.

Destarte, arrimado nos argumentos aduzidos e à luz do ordenamento jurídico,


se observa que o cancelamento do auto de infração em referência é medida que se
impõe.

DOS PEDIDOS

À vista de todo exposto, e demonstrada a insubsistência e improcedência do


ato administrativo ora impugnado, espera e requer o Impugnante o recebimento da
presente Impugnação, e o seu acolhimento para o fim de ser declarado insubsistente o
aludido auto de infração, sendo, consequentemente, cancelado, por se tratar de medida
da mais lídima justiça.

Requeri, para fins de amplo exercício do contraditório e da ampla defesa a


produção de todas as provas admitidas em direito.

Requer, ainda, que as intimações, citações e demais atos de ciência sejam


feitas exclusivamente em nome do patrono

Nestes termos,
Pede e espera Deferimento.
São Paulo, 05 de maio de 2022

ADVOGADO
OAB Nº

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