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DIREITO ADMINISTRATIVO

Princípios da Adm. Pública Não Expressos II


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PRINCÍPIOS DA ADM. PÚBLICA NÃO EXPRESSOS II

Quando um administrador pratica um ato, em regra, deve motivar, explicar por escrito o
porquê de sua prática. Ex.: em uma fiscalização, um estabelecimento é interditado. O fiscal
não pode apenas interditar, precisando explicar o motivo da interdição (como falta de alvará,
venda de produtos piratas).
A motivação é importante a nível de ter status de princípio (princípio da motivação dos
atos administrativos). Quando um policial aplica uma multa de trânsito, por exemplo, anota a
placa do carro, onde o mesmo está estacionado, a hora da notificação, ou seja, motivando o
ato administrativo.

Princípio da motivação
Os atos devem ser motivados. A não motivação é a exceção. Ex.: nomeação e exonera-
ção de servidor em cargo em comissão. Esse ato não precisa ser motivado – a autoridade
nomeia e não precisa explicar o porquê de ter escolhido a pessoa, da mesma forma que não
precisa explicar o motivo da exoneração. O princípio da motivação representa a justificativa
por escrito do por que da prática do ato. O objetivo é que se o particular um dia for contes-
tar se apoiará justamente na motivação expressa. Se o fato não tiver ocorrido, o ato deve
ser anulado.

DIRETO DO CONCURSO
1. (CESPE/TCU/AUDITOR FEDERAL DO CONTROLE EXTERNO/2015) A exoneração dos
ocupantes de cargos em comissão deve ser motivada, respeitando-se o contraditório e a
ampla defesa.

COMENTÁRIO
Quando a administração for anular, revogar, convalidar um ato administrativo ou retirar
direito de alguém, sempre precisa que explicar o porquê. A não motivação é a exceção, e
engloba a nomeação e a exoneração de servidor em cargo de comissão.
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Princípio da razoabilidade
Para Celso Antônio Bandeira de Mello a Administração, ao atuar no exercício de des-
crição, terá de obedecer a critérios aceitáveis do ponto de vista racional, em sintonia com
o senso normal de pessoas equilibradas. A conduta desarrazoada não é apenas inconve-
niente, mas também ilegítima (inválida).
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Quando se fala em razoabilidade, é preciso lembrar-se de bom senso. A razoabilidade é o
que se espera do homem médio. Quando o administrado age, precisa de atitude equilibrada,
agir com bom senso, ser razoável, ponderado.
A razoabilidade tem relação com bom senso, com uma atividade ponderada, enquanto
a proporcionalidade tem relação com a proibição de excessos pela administração pública. A
medida aplicada pela administração não pode ser superior à estritamente necessária, senão
o ato será desproporcional. O Poder Judiciário pode realizar controle no ato administrativo e,
posteriormente realizar sua anulação se o ato for desarrazoado ou desproporcional.

Princípio da proporcionalidade

Art. 2º, VI, Lei n. 9.784/1999: “adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações,
restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do
interesse público”. O administrador não pode utilizar de força maior que a estritamente necessária.

A edição do ato deve ser proporcional ao dano ou ao perigo. Os meios utilizados devem
ser proporcionais ao fim visado: “princípio da proibição de excessos”.
A proporcionalidade é um aspecto da razoabilidade e representa adequação entre meios
e fins, sendo uma medida justa diante da situação concreta. Ex.: um supermercado tem
milhares de itens e a fiscalização encontra 10 itens vencidos e por isso, interdita o estabele-
cimento. Essa medida é proporcional à gravidade do fato? Se a ilegalidade for leve, a força
utilizada pela administração deve ser leve, e a mesma adequação se for grave. Não há como
o administrador ser proporcional se ele não for razoável.
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Súmula Vinculante n. 11 teve como justificativa do STF o princípio da proporcionalidade.
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada
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a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do


agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
O agente público só pode algemar o preso se a medida for proporcional ao fim visado
(o preso pode tentar fugir, ou isso pode ser feito para proteger a integridade do preso ou de
terceiros), que precisa ser explicado.

DIRETO DO CONCURSO
2. (FCC/SANASA/ANALISTA-SERVIÇOS JURÍDICOS/2019) No que concerne aos princí-
pios constitucionais, explícitos e implícitos na Constituição Federal de 1988, aplicáveis à
Administração pública, tem-se

a. a prevalência do princípio da moralidade sobre todos os demais princípios, podendo


ser invocado para afastar, em situações de restrição de direitos individuais, os princí-
pios da razoabilidade e da legalidade estrita.
b. que o princípio da legalidade impede a edição de atos normativos pelo Poder Executi-
vo, salvo no estrito âmbito do poder regulamentar, apenas nos limites para fiel execu-
ção de lei.
c. que o princípio da eficiência aplica-se, de forma autônoma, exclusivamente às entida-
des sujeitas ao regime jurídico de direito privado, aplicando-se às entidades de direito
público apenas em caráter subsidiário.
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d. como decorrência do princípio da razoabilidade, a possibilidade de afastamento do
princípio da legalidade quando presentes razões de interesse público, devidamente
comprovadas.
e. que a aplicação dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade na prática de
atos discricionários pela Administração demanda a adequação entre meios e fins de
forma a evitar restrições desnecessárias a direitos individuais.

COMENTÁRIO
Não há qualquer hierarquia na prevalência de um princípio em relação ao outro.
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Ato normativo representa lei em sentido amplo (a lei em sentido estrito é a editada pelo
Legislativo). São atos normativos decreto, resolução, regimento interno, deliberação.
O princípio da eficiência é aplicado em toda a administração pública e se relaciona com
os demais princípios.
O princípio da legalidade não pode ser afastado para se usar o princípio da razoabilidade.
Em relação aos princípios aplicáveis à administração pública, julgue o próximo item.

DIRETO DO CONCURSO
3. (CESPE/STJ/ANALISTA JUDICIÁRIO/2018) O princípio da proporcionalidade, que deter-
mina a adequação entre os meios e os fins, deve ser obrigatoriamente observado no pro-
cesso administrativo, sendo vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em
medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público.

COMENTÁRIO
O princípio da proporcionalidade é expresso na Lei n. 9.784/99 (Lei do Processo Admi-
nistrativo).

Quando o administrador vai aplicar multa, deve observar a razoabilidade e a proporciona-


lidade. Ex.: uma pessoa proprietária de pequena área rural provoca pequeno dano ambiental
(é um produtor pequeno, produz para auto sustento, e se por ventura há sobra da produção,
ele vende ou troca). Um fiscal do IBAMA aplica a ele uma multa de 10 milhões de reais. O
valor é desarrazoado, a medida utilizada é superior à situação concreta (um pequeno pro-
dutor não tem como pagar essa multa). Se a multa é aplicada a um grande produtor de soja,
que exporta, fatura milhões – o valor seria justificado nesse caso. O Judiciário pode avaliar
a proporcionalidade e a razoabilidade do ato administrativo, mas o ato ao fim é anulado com
base no princípio da legalidade. Não representa controle de mérito administrativo.
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DIRETO DO CONCURSO
4. (FCC/DPE-SP/ADMINISTRADOR/2015) Considere a seguinte situação hipotética. Em
uma manifestação popular pacífica, centenas de policiais militares dispararam bombas
de gás e balas de borracha por horas ininterruptas contra os manifestantes que reivindi-
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cavam direitos trabalhistas ao governo. Por considerar exagerada a reação dos policiais,
que deixou centenas de feridos, o Ministério Público sustenta que os agentes públicos
responsáveis pela operação violaram princípios da Administração pública, em especial o
princípio da

a. especialidade, uma vez que o excesso de violência dos policiais anula os objetivos de
sua função, de garantir a ordem.
b. segurança jurídica, porque a ação dos policiais colocou em risco a vida dos manifes-
tantes, afetando a ordem social.
c. proporcionabilidade, pois os policiais utilizaram medidas de intensidade superior à es-
tritamente necessária à situação.
d. impessoalidade, já que os policiais promoveram tratamento diferenciado, atingindo so-
mente parte dos manifestantes.
e. eficiência, em razão dos resultados da repressão policial acarretarem ônus financeiros
para a Administração pública.

COMENTÁRIO
Na questão, a ação policial não foi proporcional ao dano. Se a ilegalidade praticada for
leve, a ação deve ser leve. Se é grave, a ação deve ser severa.

5. (CESPE/TRE-PE/ANALISTA JUDICIÁRIO/2017) O princípio da razoabilidade

a. se evidencia nos limites do que pode, ou não, ser considerado aceitável, e sua inobser-
vância resulta em vício do ato administrativo.
b. incide apenas sobre a função administrativa do Estado.
c. é autônomo em relação aos princípios da legalidade e da finalidade.
d. comporta significado unívoco, a despeito de sua amplitude, sendo sua observação pelo
administrador algo simples.
e. pode servir de fundamento para a atuação do Poder Judiciário quanto ao mérito admi-
nistrativo.
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COMENTÁRIO
O princípio da razoabilidade orienta toda a atividade, inclusive na elaboração das leis.
A razoabilidade deve atender ao interesse público e ao princípio da legalidade.
Mérito gera revogação do ato, controle de legalidade gera anulação do ato.
25m

GABARITO
1. E
2. e
3. C
4. c
5. a

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Rodrigo Cardoso.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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