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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO EGRÉGIO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO.

Autos: ATOrd 0000504-61.2020.5.09.0670


Reclamante: ANA MARIA VIDOTTI
Reclamada: VALE FERTIL INDUSTRIAS ALIMENTICIAS LTDA

ANA MARIA VIDOTTI, já qualificada nos autos nos autos supra, vem, por
seu procurador subscrito, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência,
data venia, sem se conformar com a decisão que denegou prosseguimento ao
Recurso de Revista, respeitosamente, com finalidade de interpor

AGRAVO DE INSTRUMENTO

para o Colendo Tribunal Superior do Trabalho.

Registra, outrossim, que o processo, no que tange à parte autora, encontra-se


demandanda sob o pálio da Justiça Gratuita conforme decisão de 1º grau de
jurisdição, não modificada em V. Acórdão proferido pelo Egrégio Tribunal Regional.

Tempestiva a medida processual e satisfeitos os requisitos de admissibilidade,


requer seja o presente agravo e suas razões remetidos ao C.TST, para
conhecimento e julgamento.

Termos em que,
r.
Pede Deferimento.

São José dos Pinhais, 14 de março de 2023

Guilherme Augusto de Araújo


OAB/PR 40.892

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RUA XV DE NOVEMBRO, Nº 2737, CENTRO – SÃO JOSÉ DOS PINHAIS – PARANÁ – CEP: 83.005-000 FONE: (41) 3282-2425
COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

Autos: ATOrd 0000504-61.2020.5.09.0670


Reclamante: ANA MARIA VIDOTTI
Reclamada: VALE FERTIL INDUSTRIAS ALIMENTICIAS LTDA

RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

Eméritos Julgadores:

Insurge-se a agravante contra o R. Despacho do E. TRT da 9ª Região, que


negou seguimento ao recurso de revista proposto pela parte autora.

Contudo, restou nitidamente evidenciado, no apelo em questão, que o r.


acórdão prolatado pelo I. Desembargador do TRT da 09ª Região, concessa venia,
deixou de imprimir, ao presente caso, o enquadramento jurídico e legal adequado,
no momento em que deixou de conhecer do Recurso de Revista da agravante.

Desta feita, vale-se a agravante do presente Recurso, porque confia na


reforma da r. decisão denegatória por esta Colenda Corte, a fim de obter o regular
processamento do referido apelo e o consequente exame das matérias postas em
debate perante esta Superior Instância.

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1. DO CABIMENTO DO PRESENTE AGRAVO

O presente recurso encontra guarida no artigo 897 Consolidado, a seguir


transcrito:

“Artigo 897 – Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:

(...)

b) de instrumento, dos despachos que denegarem a interposição de recursos.”

Diz a lei adjetiva processual que é cabível o Agravo de Instrumento


quando é denegado o processamento de recurso.

Inconformada, a ora Agravante interpõe o presente Agravo de


Instrumento para que seja o Recurso de Revista levado a julgamento.

2. DOS PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS DE ADMISSIBILIDADE

Encontram-se presentes todos os pressupostos extrínsecos de


admissibilidade recursal, inexistindo respaldo legal para que seja denegado
seguimento ao Agravo de Instrumento interposto.

O patrono subscritor encontra-se devidamente constituído através de


instrumento de mandato de poderes.

Registra, outrossim, que o processo, no que tange à parte autora,


encontra-se demandando sob o pálio da Justiça Gratuita conforme decisão de 1º
grau de jurisdição corroborada pelo V. Acórdão proferido pelo Egrégio Tribunal
Regional.

Conforme se extrai dos autos, foi a respeitável decisão agravada


devidamente publicada no Diário Oficial no dia 28/02/2023, iniciando-se, portando, o
prazo para interposição do presente Agravo de Instrumento no dia 02/03/2023,
primeiro dia útil subsequente à publicação.

Assim, respeitando o octídio legal o prazo final para interposição do Agravo


se dá no dia 14/03/2023.

Diante do preenchimento dos pressupostos de admissibilidade do presente


Agravo de Instrumento, requer seja o mesmo conhecido e, ao final provido,
conforme razões que passa a aduzir.
3. CABIMENTO E ADMISSIBILIDADE
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Submetido à apreciação do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região,
entendeu-se por denegar seguimento a todos os itens do Recurso de Revista
interposto por esta agravante, pelos fundamentos expostos na decisão de id.
0cca447, senão vejamos:

“RECURSO DE: ANA MARIA VIDOTTI


(...)

RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO (2620) / REINTEGRAÇÃO /


READMISSÃO OU INDENIZAÇÃO (2656) / ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA
Alegação(ões):
- contrariedade à(ao): item II da Súmula nº 378 do Tribunal Superior do
Trabalho.
- violação da(o) artigo 118 da Lei nº 8213/1991.
- divergência jurisprudencial.
A alegação de divergência jurisprudencial não viabiliza o recurso. De acordo
com o artigo 896, § 8º, da CLT, incluído pela Lei 13.015/2014, a parte que
recorre deve mencionar "as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os
casos confrontados". Não tendo a parte Recorrente observado o que determina o
dispositivo legal, é inviável o processamento do recurso de revista.
Além disso, considerando as premissas fático-jurídicas delineadas no acórdão,
especialmente as de que “O art. 118 da Lei 8.213/91 assegura ao empregado que
sofreu acidente de trabalho a garantia provisória de emprego pelo prazo mínimo
de 12 meses após a cessação do auxílio-doença acidentário. Assim, o empregado
que, após sofrer acidente de trabalho ou for acometido por doença profissional,
tenha ficado afastado por mais de 15 dias consecutivos, terá direito à garantia em
apreço. No caso em tela, considerando-se a data da última alta médica
em 16/04/2014 (último benefício previdenciário gozado pela reclamante - fls.
194/195 e 270), a autora teria direito à permanência no emprego até 16/04/2015.
Tendo em vista que o contrato de trabalho da autora permaneceu vigente até a
data de 20/12/2019 (fls. 5), data em que a obreira não era mais detentora da
garantia provisória de emprego prevista no artigo 118 da Lei 8.213/91, pois
transcorrido o período de garantia provisória em 16/04/2015, não remanesce o
direito à reintegração postulada”, não se vislumbra potencial violação direta e
literal ao dispositivo da legislação federal invocado ou contrariedade ao
enunciado de súmula mencionado.
Denego.”
(Decisão de id. 0cca447)

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Discorda a agravante dos fundamentos expostos no despacho
denegatório ora agravado e requer sejam estes superados e, ato contínuo, seja
admitido e provido o recurso de revista outrora aviado, em face das razões a seguir
expostas:

4. ADMISSIBILIDADE – DO PREQUESTIONAMENTO - SUMULA 297 DO C. TST


- Aplicação e intepretação do art. 118 da Lei 8.213/91 e item II da Súmula
378/TST:

No que tange ao prequestionamento, necessário para julgamento do


presente Recurso de Revista interposto pela recorrente, foram debatidas as
seguintes matérias e teses jurídicas, as quais já foram expressamente consignadas
no V. Acórdão proferido:

“REINTEGRAÇÃO
(...)

Concessa venia o entendimento exposto pelo MM. Juízo de origem, tendo em


vista que o processo do trabalho é informado pelo princípio da simplicidade,
compreende-se que em realidade o autor formulou pedidos de cumulação
sucessiva, quando o acolhimento de um pedido pressupõe o do pedido anterior,
nos moldes do art. 327 do CPC.

E, por força do disposto no art. 1.013, §1º do CPC, aplicável ao processo laboral
de forma supletiva, e art. 899 da CLT, o recurso ordinário tem efeito devolutivo
amplo e profundo, razão pela qual passo a apreciar a matéria

O art. 118 da Lei 8.213/91 assegura ao empregado que sofreu acidente de


trabalho a garantia provisória de emprego pelo prazo mínimo de 12 meses após
a cessação do auxílio doença acidentário. Assim, o empregado que, após sofrer
acidente de trabalho ou for acometido por doença profissional, tenha ficado
afastado por mais de 15 dias consecutivos, terá direito à garantia em apreço.

No caso em tela, considerando-se a data da última alta médica em 16/04 /2014


(último benefício previdenciário gozado pela reclamante - fls. 194/195 e 270), a
autora teria direito à permanência no emprego até 16/04/2015.

Tendo em vista que o contrato de trabalho da autora permaneceu vigente até a


data de 20/12/2019 (fls. 5), data em que a obreira não era mais detentora da
garantia provisória de emprego prevista no artigo 118 da Lei 8.213/91, pois
transcorrido o período de garantia provisória em 16 /04/2015, não remanesce o
direito à reintegração postulada.

Ante o exposto, nega-se provimento.”


(Acórdão de fls. 403/405)
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Destarte, demonstrado que as teses foram explicitamente manifestadas
nas razões do V. Acórdão, superado o requisito específico prequestionamento,
essencial para o julgamento da presente medida recursal, adentrar-se-á, em tópicos
separados, ao que se busca a discussão, debate e reforma das matérias acordadas
e recursais.

5. DA TRANSCEDENCIA

A questão discutida nos autos da presente demanda é provida de clara


transcendência a ensejar a admissibilidade do Recurso de Revista, atendendo aos
preceitos legais do artigo 896-A, caput, incisos II e III da CLT, inseridos pela Lei
13.467/17.

Como é sabido, pode-se inferir que tem transcendência, tudo aquele que
tiver o sentido de relevância e que transcende o interesse subjetivo das partes na
solução da questão, ou seja, uma causa é provida de transcendência quando há
interesse geral pelo seu desfecho; interesse público e não somente dos envolvidos
naquele litígio. No momento em que o julgamento daquele recurso deixar de afetar
apenas as partes do processo, mas também uma gama de pessoas fora dele,
despertando interesse público.

Em outras palavras, entende-se por transcendência a que se origina de


questões que ultrapassem os interesses subjetivos da causa, por envolver
discussões que vão além do direito individual ou pessoal das partes que litigam no
processo.

Portanto, a transcendência deve ser, objetivamente, de questão que


repercuta fora do processo e se mostre relevante do ponto de vista econômico,
político, social ou jurídico.

No presente caso, é clara a relevância jurídica, posto estarem em jogo


conceitos e noções básicas em nosso ordenamento jurídico.

Dessa maneira, o direito discutido nos presentes autos e, por


consequência, os artigos constitucionais estudados, transcendem ao interesse
subjetivo da Recorrente e dos Recorridos, razão pela qual a análise das razões
recursais transporta efeito a toda sociedade, e não somente entre as partes.

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Assim, em razão dos fundamentos da presente demanda transcenderem
o direito subjetivo das partes nela envolvidas o Recurso de Revista merece ser
conhecido para se decidir o mérito da demanda.

6. ADMISSIBILIDADE – ESPECIFICIDADE E ATUALIDADE DOS ACÓRDÃOS


PARADIGMAS – Aplicação e intepretação do art. 118 da Lei 8.213/91 e item II
da Súmula 378/TST

Não pode prosperar o r. despacho denegatório, posto que a revista


interposta pela agravante claramente preencheu os requisitos elencados no
consagrado artigo 896, § 6º e 8º celetista.

Em Recurso de Revista, demonstrou-se, minuciosamente, o dissenso


jurisprudencial entre o Acórdão atacado e Acórdãos proferidos pela da SDI-I desse
Colendo Tribunal Superior e a literal violação à legislação (art. 118 da Lei 8.213/91).

Conforme decisão anteriormente transcrita E. Tribunal da 9ª Região


entendeu que:

“No caso em tela, considerando-se a data da última alta médica em 16/04 /2014
(último benefício previdenciário gozado pela reclamante - fls. 194/195 e 270), a
autora teria direito à permanência no emprego até 16/04/2015.”

Contudo, com todo respeito ao decidido, resta claro em laudo pericial


constante nos autos que a reclamante sofreu entorse do joelho conforme história
clínica e documentos nos autos resultando em lesão ligamentar do joelho; que a
lesão promove instabilidade articular com redução parcial e temporária da
capacidade laboral aproximadamente em 10% de acordo com a Tabela Nacional de
Incapacidade portuguesa e que a lesão pode ser tratada com procedimento
cirúrgico.

A jurisprudência pacífica desta Corte, cristalizada no item II da Súmula


378/TST, é no sentido de que "São pressupostos para a concessão da estabilidade
o afastamento superior a 15 dias e a consequente percepção do auxílio-doença
acidentário, salvo se constatada, após a despedida, doença profissional que guarde
relação de causalidade com a execução do contrato de emprego".

No caso, a teor do acórdão embargado, foi reconhecido em juízo o nexo


de causalidade entre a doença que acomete o reclamante e os serviços prestados
em benefício da reclamada, estando presentes, pois, os pressupostos para a
concessão da estabilidade provisória.

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Nesse contexto, e não havendo notícia de que o reclamante esteja
usufruindo de benefício previdenciário ou de que tenha recebido a alta respectiva,
não há falar em início ou exaurimento de período estabilitário do art. 118 da lei
8.213/91.

A situação dos autos não se amolda, pois, àquela de que trata a Súmula
396, I, do TST ("Exaurido o período de   estabilidade, são devidos ao empregado
apenas os salários do período compreendido entre a data da despedida e o final do
período de   estabilidade, não lhe sendo assegurada a   reintegração   no emprego"),
sendo devida a reintegração postulada.

A respaldar esse entendimento, consignou-se, em Recurso de Revista, os


seguintes julgados da Subseção SDI-I do C. TST:

"EMBARGOS. DOENÇA OCUPACIONAL. RECONHECIMENTO APÓS A DISPENSA.


RECURSO DE REVISTA CONHECIDO E PROVIDO. CONDENAÇÃO EM INDENIZAÇÃO
SUBSTITUTIVA. PRETENSÃO DO EMPREGADO NA REINTEGRAÇÃOAO EMPREGO.
APLICAÇÃO DA SÚMULA 378, II, DO C. TST. AUSÊNCIA DE EMISSÃO DE CAT
INCONTROVERSA. INEXISTÊNCIA DE AFASTAMENTO PELA PREVIDÊNCIA SOCIAL.
PROTEÇÃO AO EMPREGO Nos termos da Súmula 396, I, do c. TST, a indenização
substitutiva, decorre da impossibilidade de reintegração do empregado, quando já exaurido o
período de estabilidade. Se há incapacidade, mesmo que parcial para o trabalho, em razão
de doença ocupacional, em concausa, gerada em face de descumprimento pelo empregador
da obrigação de manter ambiente de trabalho saudável, incumbe-lhe adotar as medidas para
reintegrar o empregado e viabilizar sua reabilitação junto à previdência social, pela emissão
da devida CAT, não cabendo apenas o pagamento de indenização estabilitária, em
desrespeito à dignidade do empregado que, por sua vez, não terá a proteção do empregado
quando acometido de doença decorrente do trabalho. Entendimento diverso estaria a relegar
o empregado a estado de necessidade, em momento em que mais demanda proteção, inclusive
para o fim de realizar o tratamento médico. É de se aplicar o que dispõe o item II da Súmula
378do c. TST, devendo ser determinada reintegração da empregada. Embargos conhecidos e
providos" (Processo: E-ED-RR - 1252-55.2011.5.02.0007 Data de Julgamento:
22/09/2016, Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT
30/09/2016).

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"RECONHECIMENTO JUDICIAL DA DOENÇA OCUPACIONAL E A CONSEQUENTE
NULIDADE DA DESPEDIDA SEM JUSTA CAUSA. REINTEGRAÇÃO E
IMPOSSIBILIDADE DE SUA CONVERSÃO EM INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA.
INAPLICABILIDADE DO ITEM I DA SÚMULA Nº 396DO TST AO CASO. Discute-se, in
casu, a possibilidade de conversão da reintegração deferida ao reclamante em indenização
substitutiva, diante do exaurimento do prazo estabilitário de doze meses, previsto no artigo
118 da Lei nº 8.213/91. Esse dispositivo legal trata da estabilidade acidentária e tem a
seguinte redação: ‘O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo
mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a
cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-
acidente’. Esta colenda Corte superior, interpretando essa norma legal, editou a Súmula nº
378, item I, do TST, que prevê: ‘São pressupostos para a concessão da estabilidade o
afastamento superior a 15 dias e a conseqüente percepção do auxílio-doença acidentário,
salvo se constatada, após a despedida, doença profissional que guarde relação de
causalidade com a execução do contrato de emprego’. No caso ora em análise, ficou
comprovado o nexo causal entre a doença acometida pela reclamante - LER - e o trabalho
executado, o que assegura à empregada a estabilidade acidentária estabelecida pelo artigo
118 da Lei nº 8.213/91. Por outro lado, é também entendimento pacífico deste Tribunal que a
circunstância de o INSS haver negado o benefício de auxílio-doença acidentário por
considerar inexistente a moléstia profissional não vincula o juiz da causa em que se discute a
estabilidade acidentária, o qual apreciará livremente as provas produzidas nos autos,
decidindo na forma do seu convencimento, nos termos do artigo 131 do CPC. Ademais, é
também pacífico que a dispensa do empregado acometido de doença ocupacional,
equiparada a acidente de trabalho pelo artigo 20 da Lei nº 8.213/90, é nula, pois a rescisão
do contrato de trabalho terá ilegalmente ocorrido quando este deveria estar suspenso em
razão da concessão do auxílio-doença acidentário, nos exatos termos do artigo 476 da CLT.
A nulidade da dispensa do empregado, nessas condições, tem como inevitável consequência o
direito à sua reintegração ao emprego, não sendo aplicável, nestes casos, o item I da Súmula
nº 396do TST (antiga Orientação Jurisprudencial nº 116 da SBDI-1 do TST), que prevê:
‘Exaurido o período de estabilidade, são devidos ao empregado apenas os salários do
período compreendido entre a data da despedida e o final do período de estabilidade, não lhe
sendo assegurada a reintegração no emprego. (ex-OJ nº 116 da SBDI-1 - inserida em
01.10.1997)’. Isso porque a nulidade em comento não decorre propriamente de dispensa
imotivada procedida na vigência do período estabilitário, hipótese de que trata o verbete
anterior, mas do fato distinto de o empregado ter sido dispensado enquanto estava doente, ou
seja, em período no qual seu contrato de trabalho estava legalmente suspenso, antes,
portanto, do termo a quo da estabilidade em debate. Aliás, nenhum dos precedentes indicados
como base para a edição desta Orientação Jurisprudencial nº 116 da SBDI-1 do TST,
convertida na Súmula nº 396, item I, do TST, trata do caso dos autos, em que a dispensa da
reclamante ocorreu no curso do período de afastamento do empregado em decorrência de
acidente de trabalho ou de doença profissional, sou seja, antes do início do período de
estabilidade que somente se inicia, nos termos da lei, a partir da data do retorno do
empregado ao serviço, após sua alta e a cessação do pagamento do auxílio-doença
acidentário. Como já dito, todos os julgados em que se baseou o mencionado verbete
jurisprudencial se referem a hipóteses em que os reclamantes foram desligados dentro do
período estabilitário, isto é, após o término da suspensão de seu pacto laboral. Nesse
contexto, não há falar na possibilidade de conversão da reintegração em indenização
substitutiva, na forma da antiga Orientação Jurisprudencial nº 116 da SBDI-1 do TST,

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indicada como contrariada pela reclamada, atual item II da Súmula nº 396do TST, porque
esse verbete simplesmente não se amolda à diversa hipótese dos autos. Na mesma linha e
pelos mesmos motivos, fica também afastada a alegada ofensa ao artigo 118 da Lei nº
8.213/91. Por fim, verifica-se que o recurso de embargos também não merece conhecimento
por divergência jurisprudencial, pois, igualmente pelas mesmas razões até aqui expostas, não
foi demonstrada, em relação aos paradigmas jurisprudenciais apresentados pela recorrente,
à identidade dos fatos que teriam ensejado a existência de teses divergentes na interpretação
de um mesmo dispositivo legal, não tendo sido cumprida a exigência da Súmula nº 296, item
I, do TST. Embargos não conhecidos" (Processo: E-ED-RR - 149700-
47.1997.5.17.0005 Data de Julgamento: 14/05/2015, Relator Ministro: José
Roberto Freire Pimenta, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais,
Data de Publicação: DEJT 29/05/2015).

“EMBARGOS. DOENÇA OCUPACIONAL. REINTEGRAÇÃO. RECURSO DE REVISTA DA


RECLAMADA NÃO CONHECIDO. PRETENSÃO DE LIMITAÇÃO À INDENIZAÇÃO DO
PERÍODO DE ESTABILIDADE, A CONTAR DA RESCISÃO DO CONTRATO.
INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 396DO TST A jurisprudência do C. TST se firmou, no
sentido do item II da Súmula 378, de que a ausência de afastamento do empregado portador
de doença do trabalho não afasta o direito ao período de garantia no emprego, eis que ônus
da empresa que em vez de providenciar a CAT procede à dispensa do empregado. Assim
sendo, não há se falar no conflito da decisão com a Súmula 396do C. TST, que é direcionada
a situação em que o direito à garantia de emprego tem limitação no tempo e não como no
caso em exame, em que houve determinação de reintegração, porque a autora é portadora de
doença ocupacional. Embargos não conhecidos" (Processo: ED-RR - 58400-
47.1996.5.17.0002 Data de Julgamento: 12/11/2009, Relator Ministro: Aloysio
Corrêa da Veiga, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de
Publicação: DEJT 20/11/2009).

"EMBARGOS. DOENÇA OCUPACIONAL. REINTEGRAÇÃO. RECURSO DE REVISTA


CONHECIDO E PROVIDO. LIMITAÇÃO À INDENIZAÇÃO DO PERÍODO DE
ESTABILIDADE, A CONTAR DA RESCISÃO DO CONTRATO. A jurisprudência do C. TST
se firmou, no sentido do item II da Súmula 378, de que a ausência de afastamento do
empregado portador de doença do trabalho não afasta o direito ao período de garantia no
emprego, eis que ônus da empresa que em vez de providenciar a CAT procede à dispensa do
empregado. A determinação de reintegração, portanto, atende ao fim social a que se destina
e ao que dispõe o art. 118 da Lei 8213/91. A limitação de indenização ao período de
estabilidade apenas pode se dar quando do julgado se depreende que o empregado já obteve
alta previdenciária, não incumbindo a limitação ao pagamento da indenização contando-se
um ano a partir da data de dispensa, como período de estabilidade. Embargos conhecidos e
providos para restabelecer a decisão regional" (Processo: E-RR - 56800-
29.2003.5.17.0007 Data de Julgamento: 08/10/2009, Relator Ministro: Aloysio
Corrêa da Veiga, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de
Publicação: DEJT 16/10/2009).
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Portanto, comprovada a especificidade e atualidade das decisões
emanadas da SDI desse C. Tribunal bem como a frontal violação do art. 118 da Lei
8.213/91 e item II da Súmula 378/TST, demonstrou-se minuciosamente o
dissenso jurisprudencial entre o Acórdão atacado e entendimentos
paradigmas proferidos pela SDI do C. TST , bem como a literal violação à
legislação e OJ 411/TST.

Requer-se, portanto, com base nos argumentos postos, a admissão e o


deferimento do presente Agravo de Instrumento a fim de que seja apreciado o
Recurso de Revista interposto com a finalidade de discussão acerca de questões
eminentemente de direito, consubstanciadas no incorreto enquadramento jurídico
conferido à hipótese pelo E. Regional e que evidenciam incontestavelmente o erro
de julgamento originado na complexa tarefa de aplicar o direito à situação fática
delineada, equívoco que possibilita ou abre a oportunidade ao conhecimento do
Recurso de Revista, notadamente por ser unicamente de direito a operação judicial
pertinente à qualificação jurídica dos fatos apurados.

7. CONCLUSÃO

A agravante requer seja conhecido o presente agravo de instrumento e que


no mérito seja acolhido, com reforma da r. decisão denegatória e consequente
conhecimento do Recurso de Revista, levando-o a julgamento, por ser esta Corte a
medida da mais lídima Justiça.

Nestas circunstâncias, e por prática de direito imparcial e justo, requer seja


DADO PROVIMENTO ao Agravo, na forma da fundamentação, para que o Recurso
de Revista interposto, seja conhecido e, posteriormente, provido.

Termos em que,
r.
Pede Deferimento.

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Guilherme Augusto de Araújo


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