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2 - EQUIVALENTES JURISDICIONAIS
Conceito: Equivalente jurisdicional é um método de solução de conflito que não seja
jurisdicional. Serve para resolver conflito, mas não é jurisdição. Estudaremos quatro
equivalentes:
1° - Autotutela: um dos conflitantes impe ao outro a solução do conflito. Em regra é
proibida, por se entender que se trata de modo bárbaro de solução de conflito, pois
estaria se resolvendo por meio de violência. Exercício arbitrário das próprias razões é
uma autotutela proibida. Existem, no entanto, algumas hipóteses de autotutela que são
permitidas: greve, desforço incontinenti, legitima defesa, guerra (por se entender que é
licita em certas ocasiões). Os atos administrativos podem ser realizados pela própria
administração;
2° - Autocomposição: a solução do conflito é construída pelos conflitantes de modo
negocial, a autocomposição é estimulada (exemplo se faz divórcio consensual em
cartório). ADR sigla em inglês, que significa Alternative Dispute Resolution (forma não
convencional para solução do conflito – designa tudo o que foi construída para sair do
modelo base da jurisdição). A autocomposição pode se dar em juízo, ou fora dele. A
transação é uma forma de composição – as partes cedem reciprocamente. A
submissão é outra espécie – se uma parte se submete a outra, voluntariamente
também é entendido como composição (exemplo confissão de divida, perdão de
divida). Essa submissão quando feita em juízo chama-se renúncia ou reconhecimento.
Se em juízo o autor se submeter ao réu, fala-se que houve renúncia. Se o réu se
submeter ao autor fala-se que houve reconhecimento.
3° - Mediação: um terceiro, normalmente escolhido pelas partes se coloca entre as
partes para ajudá-las a resolver o problema por autocomposição. O mediador é
alguém treinado para facilitar a composição. Há casos em que ambos querem fazer
acordo, mas os conflitantes não conseguem se entender. Assim a racionalidade
impera. As câmaras de composição trabalhista são um bom exemplo.
3° - Decisão de Tribunal Administrativo: na organização administrativa brasileira há
diversos tribunais administrativos a exemplo o Tribunal de Contas, Tribunal Marítimo,
Tribunal de Contribuintes, Tribunal de Ética da OAB; o CADE (Conselho Administrativo
de Defesa Econômica) Trata-se de exemplo de heterocomposição. Apesar de parecer,
não se trata de jurisdição porque é decisão que pode ser submetida a controle
jurisdicional e não faz coisa julgada.
*O CNJ , não é órgão jurisdicional, é órgão administrativo, que tem poder normativo.
3 - ARBITRAGEM:
A arbitragem não é equivalente jurisdicional, pois é jurisdição. A arbitragem é uma
jurisdição consensual. As partes escolhem o juiz da sua causa. O arbitro é um juiz não
estatal. É um processo fruto de um consenso, tanto que as regras processuais no
processo de arbitragem é conferido pelas partes. A fonte da arbitragem é a autonomia
privada, o poder de autorregrar-se. Qualquer um pode fazer arbitragem? Apenas
pessoa capazes podem optar pela arbitragem. Entes públicos podem? Sim, e há
muitas arbitragens envolvendo entes públicos (ex. lei de parceria público/privada). O
que pode ser objeto da arbitragem? Só pode dizer respeito a direitos disponíveis – não
é qualquer problema. Não há violação ao juiz natural porque o arbitro é investido
nesse caso para isso, se considera juiz de fato ou de direito. Quem pode ser arbitro?
Qualquer pessoa capas pode ser arbitro basta que as partes a escolham.
Normalmente, é mais de um arbitro, sendo três.
A relação entre o arbitro e o juiz estatal:
A decisão do arbitro é chamada de sentença arbitral – que é titulo executivo judicial,
como se fosse sentença Estatal; O arbitro pode decidir, mas não executar – que cabe
apenas ao juiz estatal. Nessa execução pode o juiz estatal rever a decisão arbitral?
Não, não pode a decisão arbitral ser revista pelo juiz arbitral. Não cabe nem
recurso, pois a arbitragem é voluntaria. A decisão arbitral, portanto, é definitiva. O
único recurso previsto em lei para a arbitragem são os embargos de declaração. O juiz
não tem que homologar decisão arbitral (há 16 anos). Existe apenas um instrumento
para controle das decisões arbitrais: ação anulatória da sentença arbitral – pretende a
anulação, no prazo de 90 dias (que é prazo legal, decadência, e não Poe ser
prorrogado por vontade das partes), NÃO É REVISÃO, busca-se a anulação da
sentença para que outra seja proferida pelo arbitro. FRISE-SE QUE SE TRATA DE
ANULAÇAO POR MATÉRIA DE VALIDADE – NÃO POR MATÉRIA DE DIREITO – o
juiz não decide, não entra no mérito da questão. Não configura controle externo, mas é
controle da própria jurisdição. É uma decisão para invalidar. Então, se pode falar em
coisa julgada na arbitragem.
O árbitro pode se negar a decidir?
Pode. Pois é o senhor de sua competência, a base para ele decidir se pode ou não
julgar a matéria esta na convenção de arbitragem- que é o negocio jurídico onde as
partes decidem a levar o caso à arbitragem. Ë possível anular a convenção de
arbitragem (ex. incapaz o fazendo, objeto ilícito). Há duas espécies: 1- Cláusula
Compromissória e o Compromisso Arbitral.
Cláusula compromissória: cláusula que existe no contrato determinando que
qualquer litígio que decorra daquele contrato será resolvido por arbitragem, sendo
genérica e para o futuro – frise-se que a cláusula compromissória em contrato de
adesão é abusiva, pois elimina a voluntariedade. Cláusula compromissória cheia:
está pronta, permitindo sua instauração apenas extraindo o conteúdo daquele
ato.
Compromisso arbitral: é uma convenção arbitral em um conflito já existente. É por
meio dele que se convenciona qual será o prazo, quem serão os árbitros, ou seja,
quais são os objetivos e regras gerais.
Pode acontecer de se levar questão fora do âmbito arbitral, podendo a parte, levar ao
judiciário. O arbitro ainda pode determinar medidas cautelares, mas quem as executa
é o juiz estatal. Em regra, é sigilosa. Carta Arbitral é o nome do procedimento de
pedido de colaboração entre árbitro e juiz.
Durante o processo no meio de jurisdição estatal e as partes quiserem passar para a
arbitragem é possível.
A responsabilidade civil do árbitro é contratual.
4 - PRINCÍPIOS JURISDICIONAIS
Princípio da investidura: A jurisdição deve ser exercida por quem tenha sido
investido na função jurisdicional
Ordinatório – pôr o processo para andar – esse poder pode ser delegado – pode
delegar ao escrivão, por exemplo, de mandar citar o réu, de ouvir parte, a pratica de
atos de andamento do processo (art. 93, inc. XIV CF – autoriza expressamente que o
juiz delegue poderes ao servidor, e art. 162, §4° do CPC) podem ser delegados;
Instrutório – o poder que o juiz tem para determinar produção e a colheita de provas.
Poderes relacionados à instrução. Pode ser delegado, pois os Tribunais admitem
poderes instrutórios para os juízes a eles vinculados. Ex. caso do “mensalão”, que
tramitava no Supremo, com mais de 400 testemunhas que foram ouvidas por juízes
federais;
Decisório – o juiz não pode delegar o poder de julgar a causa para outro. Esse poder é
indelegável.
PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE
Esta no inc. XXXV do art. 5° da CF. A CF fala em lesão ou ameaça – pode-se ir ao
judiciário para impedir a lesão e para obter tutela preventiva (limitória). Pela primeira
vez na historia há menção a tutela limitória na CF. Direito – qualquer direito pode ser
levado a apreciação pelo poder judiciário. Não existe no Brasil direito que tenha sido
afastado pelo poder judiciário. Incluindo-se pelo verbo direito tanto direitos individuais
ou coletivos.
Quando a CF fala em poder judiciário leia-se jurisdição, pois há questões em que a
competência é do Senado (ex. julgamento de crime de responsabilidade cometido pelo
presidente da república – não se configura, portanto, exceção ao princípio da
inafastabilidade).
Em relação aos atos políticos – dizem que este não pode ser controlado pelo judiciário
– o ato político em si não pode ser controlado, mas se esse ato jurídico causar dano a
alguém ele estará causando lesão a direito, ai sim permitido. Para o professor, os atos
administrativos discricionários podem ser questionados na justiça – não tendo
problema – mas para se questionar esse ato administrativo discricionário é necessário
demonstrar a desnecessidade da escolha, foi uma escolha desproporcional, irrazoavel,
injusta.
Outro ponto a ser abordado é o tema da justiça desportiva, a CF no art. 217, §1°, diz
que só pode-se ir ao judiciário se esgotar-se o tema na justiça desportiva. Essa regra
excepcional é dada pela própria CF. Pode uma lei infraconstitucional criar outros casos
em que só se possa ir ao judiciário depois que esgotada administrativo da
controversa? 1 – A CF anterior, autorizava expressamente isso. 2- Na CF de 88 o
assunto não foi tratado. Muitas leis foram editadas a época de vigência da CF antiga, a
exemplo da relação de trabalho e do mandado de segurança. Hoje a lei de habeas
data e a lei que cuida da reclamação por desrespeito à súmula vinculante são no
mesmo sentido. As leis podem fazer isso, por significar uma limitação a um direito
fundamental. Essa limitação, contudo, deve ser razoável. Se no caso concreto, o autor
demonstrar que não pode esperar o âmbito administrativo, por se caracterizar uma
situação de urgência, o juiz deve aceitar a causa, mesmo se a lei condicionar.
A indeclinabilidade é a impossibilidade do juiz deixar de julgar.
Registre-se que o princípio da inafastabilidade garante o direito de ação, o direito de
acesso a justiça.
JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
(exemplos: interdição, mudança de nome, adoção, retificação de registro, opção
de nacionalidade, divorcio consensual, naturalização)
3- Costuma ser necessária: significa no mais das vezes, a jurisdição voluntaria cabe
em situações em que o sujeito só pode exercer indo a juízo. Aqui fica a critica ao nome
do instituto, pois não se pode chamar de voluntário o que normalmente é necessário.
4 – É essencialmente uma jurisdição constitutiva: cria,altera ou extingue situações
jurídicas.
5 - Se estrutura em um processo que segue o modelo inquisitivo: exemplos disso
os procedimentos que o juiz pode instaurar de oficio, art. 1129, 1160, 1171 todos do
CPC.
7 – Se decide por sentença apelável: é texto expresso no código, art. 1110 CPC.
O artigo 1109 – surge uma clausula geral, abrindo para uma justiça de equidade –
permite ao juiz não observar a legalidade estrita, pois permite que se utilize da
interpretação que achar mais conveniente, se aplica tanto no processo como na hora
de decidir. Permite flexibilizar o processo e a sentença.
Exemplos:
1- interdição – diz o CPC que o juiz tem que ouvir o interditando, mas se ele estiver em
coma, ele pode usar dessa flexibilidade processual a partir do artigo 1109.
2- guarda compartilhada – antes, não havia previsão legal sobre esse instituto, mas
com a concordância de ambas as partes foi permitido a guarda compartilhada,
flexibilizando assim a sentença, a disposto no artigo 1109.
NATUREZA JURIDICA
A quem entenda que jurisdição voluntária não é jurisdição, é administração de
interesses privados exercida pelo juiz – que seria um ente com função administrativa
(VISÃO TRADICIONAL do tema, ainda majoritária). Partem da premissa de que não
se configura jurisdição porque não há lide. Suas conseqüências lógicas da não
existência de lide, por conseguinte não havendo ação (o certo seria falar em
requerimento). Não se poderia falar tampouco, em processo de jurisdição voluntária
(aqui o certo seria falar em procedimento da jurisdição voluntária. Não se poderia falar
ainda em partes, mas apenas em interessados. Dizem ainda que não se pode falar em
coisa julgada na jurisdição voluntária, mas apenas em preclusão;
COMPETÊNCIA
Kumpetenzkϋmpetenz
(Regra básica sobre competência) Todo juiz pode decidir sobre sua competência.
Por mais incompetente que seja o juiz, sempre terá ao menos a competência de se
dizer incompetente.
DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA:
A primeira distribuição da competência é feita pela Constituição da Republica ao criar
cinco justiças. Que são a Justiça Federal, Justiça do Trabalho, Justiça Militar, Justiça
Eleitoral e Justiça Estadual (competência residual).
# O juiz que pega uma causa de outra justiça (juiz do trabalho que julga causa militar).
O juiz que julga causa fora da sua justiça (competência constitucional) é um juiz
incompetente ou é um não juiz? Ada Pelegrini Grinover defende que seria um não juiz,
diferente da posição majoritária que é causa de incompetência constitucional.
Ainda, distribuindo-se as competência a tarefa agora será das leis (constituição dos
Estados). Os regimentos internos dos tribunais também distribuem competência, só
que com a diferença de que o regimento interno pega a competência que coube ao
Tribunal advinda da CF e das lei e as distribui internamente.
O regimento não cria competência, mas sim a distribui. O STF já julgou
inconstitucional normas regimentais que atribuíam competência a um Tribunal sem lei.
A fixação ou determinação da competência esta regulado no artigo 87. No momento
em que a ação é proposta (aqui se considera proposta: na data da distribuição, ou se
não haver necessidade de distribuição na data do despacho inicial) se irá saber qual é
o juiz competente. Identificado que o juízo da causa é aquele, é irrelevante o que vai
acontecer depois, vai ficar portanto, naquele juízo, não importando o que aconteça
depois (regra da perpetuação da jurisdição – uma vez identificado o juízo competente
da causa lá ficará, pouco importando o que aconteça depois, se consubstancia em
regra de estabilidade do processo, para evitar que o processo fique “pulando”de vara
em vara). Ë claro que lá ficará é caso competente, o pressuposto é que o juízo é
competente. Há duas exceções a regra de perpetuação:
* supressão do órgão judiciário; se o juízo ou vara deixou de existir é necessário
redistribuir a causa;
* alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia: onde se lê
competência em razão da matéria ou da hierarquia, leia-se competência absoluta.
Sempre que durante o processo houver mudança de competência absoluta a causa
deve ser redistribuída. Não é qualquer mudança superveniente. Ex: Emenda
Constitucional 45 transferiu competência da Justiça Estadual para a Justiça do
Trabalho. # o juiz estadual estava coma causa em mãos, ele julgou a causa antes da
emenda constitucional, a parte apelou foi para o TJ. Vai apelação para a justiça do
Trabalho. Não porque não houve mudança da competência para processar o recurso.
Se já houve decisão não há que se falar mudança da competência. Processos já
julgados não são redistribuídos. Só se quebra a perpetuação se o processo estiver
para ser julgado.
A súmula 367 do STJ – ler.
Classificação da competência
Divide a competência em originária e competência derivada.
Competência originária: é a competência para conhecer e julgar a causa pela
primeira vez. A regra é de que a competência originaria é do juízo singular (juiz),
embora haja casos de competência originária de um Tribunal, a exemplo a
competência originária para uma ação rescisória de sentença
Competência derivada: é a competência para julgar a causa em grau de recurso, a
regra é de que essa competência seja exercida por Tribunal (instância recursal),
excepcionalmente, há casos em que um juízo singular tenha competência recursal a
exemplo os embargos de declaração.
3 – Critério territorial: