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DIREITO EMPRESARIAL

Exceções ao Conceito de Empresa + Empresa


Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online

EXCEÇÕES AO CONCEITO DE EMPRESA + EMPRESA

Sociedade entre Cônjuges

Como regra geral, os cônjuges podem formar sociedade entre si, mas há
vedações.
Os cônjuges não podem ser sócios na mesma sociedade se casados em
comunhão universal ou em separação obrigatória.
No caso da separação obrigatória, se a lei empresarial permitisse a um marido
maior de 70 anos montar uma sociedade com a esposa, ele transferiria bens
pessoais para a pessoa jurídica (PJ) e a esposa, sócia na PJ, receberia esses
bens, o que seria uma forma de burlar a separação obrigatória.
Nessa situação, a lei empresarial anda no mesmo compasso da lei civil.
No caso da comunhão universal, a razão é outra e puramente teórica. Como
os bens se comunicam, o sócio poderia exercer direitos da quota que lhe per-
tence e também os direitos do cônjuge. E vice-versa. Haveria uma superposição
na votação de exercícios de direito, que causaria uma confusão na assembleia
em momentos de votação no exercício dos direitos dos sócios.
Cônjuges em regime de comunhão parcial de bens, separação convencional,
podem ser sócios na mesma sociedade.
Cônjuges casados, mesmo em separação obrigatória ou em comunhão uni-
versal, podem ser sócios de terceiros, em sociedades distintas. É apenas vedado
que sejam sócios na mesma sociedade, mesmo que a sociedade seja composta
de mais membros.

Código Civil
Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros,
desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no
da separação obrigatória.

O conceito de Empresa

Uma empresa NÃO pode ser uma pessoa jurídica.


Existe a ideia de uma empresa ser um estabelecimento físico. EMPRESA
NÃO É ESTABELECIMENTO.
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Empresa é uma atividade profissional, de fins econômicos, organizada para


produção e/ou circulação de bens ou de serviços. É o conjunto desses quatro
elementos, todos conjugados.

Código Civil
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade eco-
nômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

O conceito de empresa é o que separa o Direito Empresarial do Direito Civil:


se a atividade for de empresa, é abrangida pelo Direito Empresarial; se faltar um
desses quatro requisitos, a abrangência será do Direito Civil, privada, porém civil.
• Atividade profissional
A atividade profissional é o mesmo que habitual, permanente no sentido de
que, por exemplo, quando alguém vende um relógio ou um smartphone, carro,
casa, pratica um ato eventual na vida civil. Para que o ato seja considerado
empresarial, essas atividades de venda devem ocorrer todos os dias, habitual-
mente, numa dedicação ao comércio.
Tudo o que o empresário possui está à venda, até os seus bens pessoais,
porque a cabeça de um empresário está organizada para efetuar vendas o tempo
todo.

• Atividade de fins econômicos


Uma entidade filantrópica, igrejas, associações e fundações, não tem fins
lucrativos e se tiver mais receita do que despesa não é lucro, é sobra de dinheiro,
que não pode sair do caixa da pessoa jurídica. Se sair é roubo, é crime, é apro-
priação indevida. Se a despesa for maior, essas entidades, em breve espaço de
tempo, fecham as portas.
O lucro acontece quando há uma autorização legal para que o excedente de
receita seja distribuído a terceiros. Isso ocorre nas sociedades civis ou empresa-
riais, nas EIRELIS e, presumidamente, no empresário individual. Os lucros divi-
didos entre os sócios são denominado dividendos.
O sócio não é remunerado pelo seu esforço, mas pelo risco do seu investimento.
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Todas as entidades sem fins lucrativos são civis, com registro em cartório,
nenhuma delas pode falir, nenhuma tem registro na Junta Comercial ou fins
lucrativos, conforme disposto nos incisos I, III, IV e V.

Código Civil
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I – as associações;
II – as sociedades;
III – as fundações.
IV – as organizações religiosas;
V – os partidos políticos;
VI – as empresas individuais de responsabilidade limitada.

Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem


para fins não econômicos.

• Atividade organizada
Não existe um conceito jurídico do que seja uma atividade organizada. Na
economia, a organização significa união de capital e trabalho.
É muito comum, na vida real, um empresário registrar-se na Junta Comer-
cial sem ter empregados, por exemplo, o caso do microempreendedor individual
(MEI).
Outro conceito de organização é o da administração de empresas que con-
sidera uma atividade organizada a atividade-fim voltada para o cliente, voltada
para o mercado.
A empresa não é o que é feito, mas sim o que é vendido.

• Atividade de produção e/ou circulação de bens ou de serviços.


Circulação de bens é o que já foi chamado no passado de comércio. Produ-
ção de bens é o que se chama a indústria. Prestação de serviços são as ativida-
des mais predominantes nos últimos 50 anos.
O comércio, a indústria e os prestadores de serviços são empresas.
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Fora do conceito de empresas ficam as atividades públicas de julgar, execu-


tar e legislar, e a atividade civil, o que não for profissional, o que estiver fora do
conceito de lucro e o que não for organizado, como nascer, viver, casar, morrer
e fazer vendas eventuais.
No componente estatal existem empresas, as denominadas empresas esta-
tais, que são profissionais, com fins econômicos, organizadas e que produzem
ou fazem circular bens ou serviços.
No artigo 173, § 1º, da Constituição Federal (CF), as empresas estatais são
tratadas como pessoas jurídicas de direito privado.
As estatais são pessoas jurídicas de direito privado porque exercem ativida-
des de empresa, estão registradas na Junta Comercial. A Lei de Falências não
se aplica a elas e não podem pedir recuperação nem sofrer falência. No caso
dos bancos estaduais, é possível solicitar falência.
Algumas estatais exercem serviços públicos, outras, atividades sujeitas a
monopólio, e outras, atividades econômicas em sentido estrito, sujeitas à livre-
-concorrência. Essa é uma vertente do Estado empresário formado por empresas
estatais, empresas públicas como quanto por sociedades de economia mista.

As três exceções ao conceito de empresa

O Direito Empresarial não é fruto apenas do raciocínio jurídico. É fruto dos


usos e costumes empresariais e também de questões culturais. Por vezes, em
decorrência de raciocínios culturais, alguém que poderia ser considerado empre-
sário não é, e a lei cria exceções:
• O exercício de profissão intelectual de natureza científica, literária ou artís-
tica que não seja considerado elemento de empresa.
A profissão de advogado e outras profissões intelectuais (regulamentadas)
são aquelas para as quais lei estipula exigência de diploma ou estudo para que
possam ser exercidas.
As profissões literárias são a dos escritores e jornalistas e as artísticas são
as manifestações artísticas em geral (entre outros, pintores, escultores, encena-
dores, cinegrafistas).
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Essas atividades intelectuais não constituem uma empresa, são atividades


civis com fins lucrativos.
O advogado é um profissional, tem fins econômicos, uma estrutura organi-
zada e presta serviços. Tem todos os requisitos para ser uma empresa, mas não
é empresário porque a lei assim o determina. Não há advogado falido, registrado
em Junta Comercial. O mesmo vale para o médico, engenheiro, contabilista,
economista, biólogo, farmacêutico e demais profissões existentes.

Código Civil
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade eco-
nômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão inte-
lectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de
auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir ele-
mento de empresa.

Elemento de empresa é um tema obscuro. A conceituação doutrinária ainda


está em construção, mas há duas situações básicas: quando profissional intelec-
tual atua como empregado ou quando existe uma junção de profissão intelectual
com atividade de empresa.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pelo professor Carlos Jacques.

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