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TEORIA DA DIREITO DE

EMPRESA EMPRESA
(CÓDIGO CIVIL 2002 – PARTE I)
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS COMPLEMENTAR
DO CC/2002 – PROF. SYLVIO MARCONDES
“O conceito econômico de empresa — como organização dos fatores da produção de bens ou de
serviços, para o mercado, coordenada pelo empresário, que lhe assume os resultados — tem
sido fonte de contínua discussão sobre a natureza jurídica da empresa, entre os autores que já
não consideram suficiente a lição de Vivante, aliás, consagrada na doutrina brasileira, de que ‘o
direito faz seu aquele conceito econômico’. Entretanto, suscitada na hermenêutica dos códigos
comerciais do tipo francês, e acirrada pela exegese no novo Código Civil italiano, a disputa
encontrou afinal seu remanso. Segundo esclareceu Asquini — apresentando o fenômeno de
empresa, perante o direito, aspectos diversos, não deve o intérprete operar com o preconceito
de que ele caiba , forçosamente, num esquema jurídico unitário, de vez que empresa é conceito
de um fenômeno econômico poliédrico, que assume, sob o aspecto
jurídico, em relação aos diferentes elementos nele concorrentes, não
um mas diversos perfis: subjetivo, como empresário; funcional, como
atividade; objetivo, como patrimônio; corporativo, como instituição”.
CONCEITO DE EMPRESÁRIO
CÓDIGO CIVIL (CC/2002):

Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade


econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
MUDANÇA LEGISLATIVA
■ CODIGO CIVIL/2002
– 1. para ser considerado empresário tem que praticar ATO DE EMPRESA (ato dinâmico).
– 2. com habitualidade.
– 3. com intuito de lucro.

■ CODIGO COMERCIAL/1850
– 1. para ser considerado comerciante tinha que praticar ATO DE COMÉRCIO (ato estático).
– 2. com habitualidade.
– 3. com intuito de lucro.
JURISPRUDÊNCIA
Pedido de insolvência civil de sociedade que tem por objeto compra e venda, administração,
incorporação e intermediação de imóveis.
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. 2004.001.20146 — APELAÇÃO CÍVEL. Des. Maldonado de
Carvalho — Julgamento: 07/12/2004 — Nona Câmara Cível. PROCESSUAL CIVIL. INSOLVÊNCIA
CIVIL. SOCIEDADE EMPRESARIAL. REGIME FALIMENTAR. DECRETO LEI Nº 7.661/45. EXTINÇÃO
DO PROCESSO SEM EXAME DO MÉRITO. Com a edição do novo Código Civil, ultrapassou-se a
distinção clássica entre sociedade civil e comercial. Hoje, a empresa não é mais caracterizada
pela natureza mercantil da pessoa jurídica, e sim pela exploração habitual e organizada de
atividade econômica. E o que se colhe do artigo 966 do Código Civil: “considera-se empresário
quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a
circulação de bens ou de serviços”. Não se enquadrando, pois, a ré,
nas exceções caracterizadoras da sociedade simples, tendo em vista
o seu objetivo comercial, passa a ter incidência o disposto no art.
2.037 do Código Civil. IMPROVIMENTO DO RECURSO.
CONCEITO JURÍDICO DE EMPRESA
■ Atividade econômica (lucro);

■ Organizada (fatores de produção);

■ Para a produção ou circulação de bens ou serviços (finalidade);

■ Exercida profissionalmente pelo empresário (habitualidade, pessoalidade, técnica);

■ Por meio de um estabelecimento empresarial (conjunto de bens).


REQUISITOS DO ARTIGO 966
DO CC/2002
■ PROFISSIONALISMO:

– Habitualidade;
– Pessoalidade;
– Monopólio de informações.

■ Atividade econômica organizada;

■ Produção ou circulação de bens ou serviços.


PROFISSIONALISMO
■ HABITUALIDADE
– A atividade econômica deve ser exercida de modo permanente.
– O exercício esporádico ou eventual da atividade econômica não caracteriza atividade
empresária.

■ PESSOALIDADE
– A atividade econômica é exercida diretamente pelo próprio empresário (pessoa física)
ou pela sociedade empresária (pessoa jurídica).
– Um investidor, empreendedor ou sócio de pessoa jurídica não necessariamente é
empresário no conceito jurídico do termo – art. 966 do CC.
– Empregados colaboram com o exercício da atividade
econômica, mas o fazem sob contrato de trabalho e em nome
do empresário / sociedade empresária.
PROFISSIONALISMO
■ MONOPÓLIO DE INFORMAÇÕES

– Informações “monopolizadas” pelo empresário são aquelas relativas ao “segredo do


negócio”, à técnica empresarial, às características do produto ou serviço, o “know-
how”.

– Nem todas as informações podem ser monopolizadas, a exemplo de algumas situações


de defesa do consumidor.
ATIVIDADE ECONÔMICA ORGANIZADA
■ ATIVIDADE ECONÔMICA:

– É aquela exercida com intuito de lucro.


– Atividade empresária sempre é atividade econômica.
– O lucro deve ser buscado pelo empresário.

■ ATIVIDADE ORGANIZADA:

– Na organização empresarial estão articulados os 4 fatores de produção:


capital, mão-de-obra, insumos e tecnologia.
PRODUÇÃO OU CIRCULAÇÃO DE
BENS OU SERVIÇOS
■ Produção de bens – produção industrial;

■ Circulação de bens – comércio atacadista ou varejista; supermercados, concessionárias


de veículos;

■ Produção de serviços – bancos, hospitais, escolas;

■ Circulação de serviços – agências de turismo, corretoras de seguros.


EXCLUSÕES – ARTIGO 966,
PARÁGRAFO ÚNICO
■ Profissionais intelectuais / profissionais liberais:

■ CC/2002, art. 966:

Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se
o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
ENUNCIADOS 193, 194, 195 E 199 DO
CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL
193 — Art. 966: O exercício das atividades de natureza exclusivamente intelectual está
excluído do conceito de empresa.
194 — Art. 966: Os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a
organização dos fatores da produção for mais importante que a atividade pessoal
desenvolvida.
195 — Art. 966: A expressão “elemento de empresa” demanda interpretação econômica,
devendo ser analisada sob a égide da absorção da atividade intelectual, de natureza
cientifica, literária ou artística, como um dos fatores da organização empresarial.
199 — Art. 967: A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador da
sua regularidade e não da sua caracterização.
JURISPRUDÊNCIA
Ação declaratória de inexigibilidade tributária precedida de ação cautelar inominada. Sentença
de improcedência. Clínica ortopédica. Além de a apelada ser uma sociedade simples
uniprofissional formada por médicos ortopedistas, não há indícios de que sua atividade esteja
organizada de modo a caracterizar uma empresa (reunião dos fatores de produção); portanto,
faz jus ao tratamento diferenciado previsto no artigo 9º, §3º do Decreto-lei 406/68, que se
destina às sociedades uniprofissionais sem caráter empresarial. Dá-se provimento ao recurso,
nos termos do acórdão, invertendo-se a sucumbência. (TJSP; Apelação 0472662-
48.2010.8.26.0000; Relator (a): Beatriz Braga; Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Público;
Foro Central - Fazenda Pública/Acidentes - 5ª Vara de Fazenda Pública; Data do Julgamento:
10/10/2013; Data de Registro: 17/10/2013).
JURISPRUDÊNCIA
Hospital. Opção pelo Simples. (Informativos STJ nº 268 — 14 a 18/11/2005)
O recorrido impetrou mandado de segurança insurgindo-se contra o posicionamento da Fazenda
Nacional de que ele estaria impossibilitado de optar pelo Simples, por prestar serviços
hospitalares, que seriam análogos aos de médicos e enfermeiros. A Turma, ao prosseguir o
julgamento, negou provimento ao recurso da Fazenda Nacional, ao entendimento de que o
regime do Simples e extensível aos hospitais de pequeno porte, mormente tendo em vista a
prevalência do aspecto humanitário e do interesse social sobre o interesse econômico das
atividades desempenhadas. Os hospitais não são prestadores de serviços médicos e de
enfermagem, mas, dedicam-se a atividades que dependem de profissionais que prestem os
referidos serviços, uma vez que há diferença entre a empresa que presta serviços médicos e
aquela que contrata profissionais para consecução de sua finalidade. Nos hospitais, os médicos
e enfermeiros não atuam como profissionais liberais, mas como parte de um sistema voltado a
prestação de serviço publico de assistência a saúde, motivo pelo qual
não se pode afirmar que os hospitais são constituídos de prestadores
de serviços médicos e de enfermagem, porquanto esses prestadores
tem com a entidade hospitalar relação empregatícia e não societária.
REsp 653.149-RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/11/2005.

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