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DIREITO EMPRESARIAL: TEORIA DA

EMPRESA E SOCIEDADES EM
ESPÉCIE
PROFESSOR: LUIZ CARLOS VICK FRANCISCO

Teoria Geral da Empresa

1. Atividade empresarial
1.1. Objeto do direito comercial
- Bens e serviços.
- Fatores de produção: Capital, mão de obra, insumos e tecnologia.
- Definição de direito comercial: Trata de empresas; exercício da atividade
econômica organizada de fornecimento de bens ou serviços.
- Direito comercial (pré-CC/02) = direito empresarial (pós-CC/02, arts. 966 e
seguintes) [= mercantil = dos negócios].
- História: economia de subsistência/escambo/venda do excedente > povos
fenícios (maior prática comercial) > evolui na idade média (burgos vs. feudos) >
firma-se na França napoleônica (CC de 1804 e Código Comercial de 1808); daí
havia a teoria dos atos de comércio (apenas quem praticasse denominados atos
de maneira habitual seria considerado comerciante; caso contrário, aplicava-se
o Código Civil; por tempos, eram tais atividades: comércio [revenda], indústria,
bancos e seguros) > Código Comercial brasileiro de 1850 (seguiu a teoria dos
atos de comércio) > atualmente (conforme o CC/02) segue-se a teoria da
empresa (observa-se a forma da prática para definir atividade empresarial, e não
mais os tipos de atos).
1.2. Conceito de empresário
- Art. 966: “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.”
- Profissionalismo = habitualidade, pessoalidade, monopólio das informações;
- Atividade = empresa = empreendimento;
- Economia = lucro;
- Organizada = fatores de produção (capital, mão de obra, insumos e tecnologia).
1.3. Quem não é empresário:
- Atividade intelectual/científica/literária/artística (art. 966, p. único): “Não se
considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica,
literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo
se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.”
* Exceção do elemento de empresa: Caso a atividade possua os 4 fatores de
produção e ganhe complexidade, é possível que se torne atividade empresaria.
- Empresário individual (segundo Ulhoa; contra: André Santa Cruz).
- Empresário rural familiar vs. agronegócio/agroindústria (art. 971): “O
empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode,
observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos,
requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva
sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos,
ao empresário sujeito a registro.”
1.4. Cooperativas
- Cooperativas são sempre sociedades simples/civis, e não sociedades
empresárias.
* Art. 982: “Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade
que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a
registro (art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente
de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a
cooperativa.”
- Reguladas pela Lei 5764/71 (define a Política Nacional de Cooperativismo e
institui o regime jurídico das sociedades cooperativas) e pelos art. 1.093 a 1.09,
CC.
1.5. Empresário individual
- Deve ter capacidade (arts. 972 a 976) ou ser assistido.
- EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada): Incluído pela Lei
12441/11 e revogada pela Lei 14382/22.
- SLU (Sociedade Limitada Unipessoal; art. 1.052, § 1º e § 2º): “A sociedade
limitada pode ser constituída por 1 ou mais pessoas.” “Se for unipessoal, aplicar-
se-ão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as
disposições sobre o contrato social.”
- MEI (Microempreendedor individual).
1.6. Prepostos
- Responsabilidade: O empresário responde pelo preposto. Se este agiu com
culpa, há direito de regresso. Se agiu com dolo, há inclusive solidariedade.
- Gerentes e contabilistas são prepostos.
* Art. 1.182: “[...] a escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista
legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade.”
- Arts. 1.169 a 1.178.
2. Regime jurídico da livre iniciativa
2.1. Pressupostos constitucionais:
2.1.1. Art. 1º: “A República Federativa do Brasil [...] tem como fundamentos: IV - os
valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.”
2.1.2. Ordem econômica (art. 170): “A ordem econômica, fundada na valorização
do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios: [...]”
2.1.3. Função supletiva do Estado (art. 173): “Ressalvados os casos previstos nesta
Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será
permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a
relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
2.2. Proteção da ordem econômica e da concorrência:
2.2.1. Infrações contra a ordem econômica:
2.2.1.1. Lei 12.529/11 (LIOE/Lei das Infrações à Ordem Econômica; Sistema
Brasileiro de Defesa da Concorrência); art. 36, caput e § 3º.
2.2.1.2. Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE): Função
preventiva (autorizando ou não concentrações empresariais; vide art.
88 da r.l.) e punitiva a manter a ordem econômica.
2.2.2. Concorrência desleal
2.2.2.1. Lei 9.279/96 (Lei da Propriedade Industrial); possui infrações
decorrentes de responsabilidade contratual e extracontratual.
2.3. Proibidos de exercer empresa
Restrições que protegem em regra os consumidores e o mercado.
Vide art. 973: “A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria
de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas.”
2.3.1. Incapacidade civil (no caso, protege-se o próprio empresário);
2.3.2. Falido não reabilitado (vide Lei 11.101/05; regula a recuperação judicial, a
extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária);
2.3.3. Empresário condenado por crime que vede acesso a atividade empresária
(LIOE);
2.3.4. Leiloeiro;
2.3.5. Funcionário público (alguns casos);
2.3.6. Devedor do INSS.
2.4. Microempresa (ME) e empresa de pequeno porte (EPP)
2.4.1. Art. 179, CF: “A União, os Estados, o DFe os Municípios dispensarão às MEs
e às EPPs, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando
a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas,
tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução
destas por meio de lei.”
2.4.2. LC 123/06 (Estatuto Nacional da ME e da EPP).
2.4.3. Limite de faturamento anual: ME = R$ 360.000,00; EPP = 4.800.000,00.
2.4.4. Podem optar pelo SIMPLES Nacional; caso contrário, deverão manter o livro-
caixa em que será escriturada sua movimentação financeira e bancária (art.
26, § 2º da LC). [ambos ainda devem emitir NF]
2.5. MEI
2.5.1. Art. 18-A, § 1º, LC 123/06: “[...] considera-se MEI quem tenha auferido
receita bruta [anual] de até R$ 81.000,00, que seja optante pelo Simples
Nacional [...].”
2.5.2. Art. 18-A: O MEI poderá optar pelo recolhimento do Simples em valores fixos
mensais, independentemente da receita bruta por ele auferida no mês
(varia; ~R$ 75,00).
3. Registro de empresas
3.1. Órgãos de registro
- Ser empresário independe de registro; o registro apenas torna a empresa
regular.
- Art. 967: “É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de
Empresas Mercantis [RPEM] da respectiva sede, antes do início de sua
atividade.”
3.1.1. Lei 8.934/94 (LRE/Lei do Registro de Empresas; dispõe sobre o Registro
Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins).
3.1.2. Nível federal: Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração
(DREI; órgão do Ministério do Empreendedorismo).
3.1.3. Nível estadual: Junta Comercial estadual respectiva.
3.2. Atos de registro
3.2.1. Matricula (tradutores públicos, interpretes comerciais, leiloeiros,
administradores etc).
3.2.2. Arquivamento: Constitui a empresa; arquiva-se o ato constitutivo da
empresa.
* averbação: arquivamento de alteração.
3.2.3. Autenticação: Registro dos instrumentos de escrituração contábil do
empresário (livros empresariais).
3.3. Processos decisórios de registro de empresa
3.3.1. Junta comercial: 11 a 23 vogais. Presidente, vice-p., turmas de 3 vogais.
3.3.2. Decisão singular (regra aos atos de registro): prazo de 2 dias.
3.3.3. Decisão colegiada: 5 dias (turmas e plenário).
3.4. Antiga inatividade de empresa (art. 60, LRE): A empresa que não procedesse a
qualquer arquivamento no período de 10 anos consecutivos deveria comunicar
à junta comercial que deseja manter-se em funcionamento, sob pena de
revogação de ofício (art. revogado pela Lei 14.195/21).
3.5. Empresário irregular
3.5.1. Art. 418, CPC: “Os livros empresariais que preencham os requisitos exigidos
por lei provam a favor de seu autor no litígio entre empresários.” No CPC/73,
art. 379: “Os livros comerciais, que preencham os requisitos exigidos por lei,
provam também a favor do seu autor no litígio entre comerciantes.”
3.5.2. Sociedade em comum (de fato ou irregular; art. 986): “Enquanto não
inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em
organização, pelo disposto neste Capítulo [arts. 986 ao 990], observadas,
subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da
sociedade simples.
Termos, expressões e outros:

- ...: ...

. Bibliografia e exemplos:
- COELHO, Fábio. Manual de Direito Comercial.
- CRUZ, André. Manual de Direito Empresarial.

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