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UNIFACOL Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), Lei Uniforme de Genebra (introduziu a

DISCIPLINA: DIREITO EMPRESARIAL I Lei dos Cheques No. 7.357/85), por isso que dizemos que o D. Empresarial não é
PROFESSOR BRUNO PIMENTEL codificado, ante a sua fragmentação em leis esparsas.
9º TARDE E NOITE 4. O Direito Comercial/Empresarial nascera da “Lex Mercatoria” (1ª fase), que
seria o direito dos mercadores, fonte mais legítima do D. Comercial, acrescida dos usos
e costumes, os quais continuam a influenciá-lo, deveras, ainda hoje; influenciando,
1. Vimos que na 3ª Fase, da Evolução Histórica do D. Empresarial, que o C. Civil outrossim, o legislador a legislar sobre comércio e a fazer assentamento desses usos e
italiano de 1942, adotara a “Teoria da Empresa”, em substituição aos “Atos de costumes comerciais nas Juntas Comerciais (Registro Público das Empresas Mercantis).
Comércio”, dos códigos oitocentistas. Nesse passo, a Itália foi o primeiro país a unificar, 5. Do ponto de vista do Direito Empresarial, à luz da legislação substantiva pátria,
por conseguinte, o C. Civil e o C. Com., sem, no entanto, que este último perdesse a sua a partir da leitura do art. 966, do CCB, temos: - a empresa como atividade econômica
autonomia como ramo do direito, por ter: institutos, princípios e características próprias. organizada; - empresa≠empresário≠sociedade empresária; - o conceito de empresa, a
2. Importante tecermos alguns comentários também, acerca do Código Comercial partir da definição do que vem a ser empresário. Então, a partir do caput do dispositivo
de 1850; que, apesar de ter a sua “Parte Geral” (Livro I) e “Das Quebras” (Livro III), legal supra, podemos dizer que o Direito Empresarial seria definido como um regime
totalmente revogadas pelo C. Civil de 2002, ainda possui a sua 2ª parte, que versa sobre jurídico do Direito Privado Especial que disciplina a empresa e os empresários, ou seja,
o “Comércio Marítimo”, em plena vigência. Mais tarde, o Brasil também seguiu o disciplina a atividade econômica organizada e aqueles que exercem profissionalmente
modelo, errado do direito italiano, e unificou o seu direito privado, ou seja, a partir do essas atividades. Já empresa, cujo conceito não está de forma explícita no CCB, seria a
C. Civil de 2002, o Código Comercial (na parte dos Livros I e III) está inserido no atividade exercida para a produção ou circulação de bens ou de serviços, visando lucro,
“Livro II – Do Direito da Empresa”, que vai dos arts. 966 a 1.195. Atualmente, há um de forma habitual (constante/diuturna/sem interrupção). Importante ressaltar que não
grande movimento dos grandes juristas comerciais-empresariais para separarem podemos confundir empresa com empresário, nem este último com sociedade. Por
novamente (Obs.: tramita no Congresso Nacional Anteprojeto de Lei do “Novo exemplo: uma pessoa não monta uma empresa; e, sim uma sociedade empresária (se
Comercial brasileiro, separando novamente o D. Privado; e, por conseguinte, unificando houver pelo menos 02 pesssoas naquela atividade). A empresa tem uma conotação
todas as normas fragmentadas em leis soltas e tbm. no CCB!!!) e voltar ao statu quo intrinsecamente abstrata.
ante, o Direito Empresarial a ser separado do Direito Civil, como outrora. 6. Partindo do pressuposto acima não podemos confundir, do ponto de vista
3. TEORIA GERAL DO DIREITO EMPRESARIAL: Nesse tópico, veremos, conceitual-prático, empresário individual (pessoa natural/física) com sociedade
inicialmente, que as Fontes do D. Empresarial, se apresentam compostas da seguinte empresária (mais de uma pessoa, exercendo uma atividade econômica), nesse caso:
forma: a) Normas Empresariais: C. Civil, C. Com. e microssistemas específicos (Lei pessoa jurídica de direito privado. Consequentemente, o sócio da sociedade não é
de Propriedade Industrial, Lei das Sociedades Por Ações, Lei de Falências e empresário, isto é, numa sociedade empresária o sócio é a própria pessoa jurídica. O
Recuperação de Empresas, etc...); e, b) Usos e Costumes Empresariais: uniformes, sócio, em si, não é empresário (stricto sensu= no sentido estrito).
constantes, observados por certo tempo, exercidos de boa-fé, não contrários à lei. Diante 7. ELEMENTOS INDISPENSÁVEIS PARA CARACTERIZAR O
disso, podemos então asseverar que o D. Empresarial não é codificado (voltará a ser “EMPRESÁRIO” ("LATO SENSU"): a) que profissionalmente a atividade tem o
num tempo futuro, com a edição de um novo C. Com.), uma vez que possui normas caráter habitual; b) exercício de uma atividade econômica, com lucratividade, ou seja,
muito espalhadas. Ou seja, uma parte no C. Civil, uma parte no C. Com., na Lei de busca incessante do lucro, mesmo que especulativo; c) seja organizada, no que tange à
Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96), Lei das Soc. Por Ações (6.404/76), Lei de articulação dos fatores de produção: capital, trabalho, insumo e tecnologias (inovações
Registro de Empresa (Lei nº 8.934/94), Lei Complementar nº 123/20 (que versa sobre as tecnológicas); e, d) por último, que seja produzido ou que circule bens ou serviços,

abrangendo, assim, a “Teoria da Empresa” (geração emprego e renda; desenvolvimento 9.1.1. Profissionais Intelectuais: Também chamados de profissionais
de uma determinada região=circulabilidade de riqueza). liberais: médicos, advogados, engenheiros, arquitetos, etc...; não são
8. DIFERENÇA ENTRE EMPRESÁRIO INDIVIDUAL E SOCIEDADE considerados empresários, salvo se o exercício da profissão
EMPRESÁRIA: Atualmente, prevalece a atuação, no Brasil, da Sociedade Empresária “constituir elemento de empresa” (organização dos fatores de
(Ltda., S/A.), em relação ao Empresário Individual, visto que o segundo tem a questão produção é mais importante que o trabalho pessoal).
da ilimitação (comunicação de bens pessoais+empresariais) das responsabilidades do 9.1.2. Atividade Rural: Registro facultativo/opcional (de natureza, pois,
empresário; enquanto, no primeiro seria uma forma mais inteligente, pelo fato de você constitutiva); por outro lado, diferentemente, a atividade urbana
limitar as responsabilidades da atividade econômica e reduzir os riscos. Outro fator NECESSARIAMENTE, para ser considerada como regular, TERÁ
preponderante em favor da Sociedade Empresária é o poder de aglutinação de mais QUE REGISTRAR O ATO CONSTITUTIVO (contrato social ou
capital (Ex.: Lease Back é o empréstimo que proporciona ao empresário de estatuto social) na junta comercial.
aglutinar/angariar/tomar emprestado de uma instituição financeira (atuante no ramo do 9.1.3. Sociedades Anônimas ou Companhias: Sempre de natureza
arrendamento mercantil), fazendo com que tal empresário invista em capital de giro na empresarial, independente do objeto.
sua atividade empresarial). Portanto, repetimos que hoje em dia é muito mais comum o 9.1.4. Cooperativas e Sociedades de Advogados: Sempre sociedades
exercício da Sociedade Empresária do que a Empresa Individual, uma vez que simples (não necessitam de registro do ato constitutivo na Junta
haverá sempre uma limitação no que tange à responsabilidade dos sócios em relação à Comercial, pois a sua regularidade de se dá no Cartório de Registo de
primeira. Em princípio, os bens pessoais dos sócios não poderão ser executados (Atos Títulos e Documentos-CRTD + no respectivo órgão de classe do
de Constrição do Poder Judiciário: arrestados, sequestrados, penhorados on-line cooperado/profissional liberal OAB/PE; as sociedades simples
(SISBAJUD, RENAJUD e INFOJUD), no momento em que a sociedade (pessoa adotam o contrato social como ato constituição.
jurídica) for executada-devedora, salvo naqueles casos de Desconsideração da Pessoa 10. Nem toda atividade econômica é empresa. Existem atividades econômicas
Jurídica: - por fraude; ou – por ato ilícito. Conclusão: regra geral não podem ser não-empresariais. Urge esclarecer, ademais, que aqueles que exercerem atividade
confundidos-comunicados os patrimônios dos sócios. Existe uma grande incidência econômica não-empresariais não serão considerados empresários. É o que o prof.
muito crescente na abertura de Sociedades Empresárias (Ltda. e S/A.), ante ao número Fábio Ulhôa Coelho chama de “Atividades Econômicas Civis”.
reduzido de Empresas Individuais. Importante frisar que, atualmente, a legislação já 11. PARÁGRAFO ÚNICO, DO ART. 966, DO CCB: A palavra “salvo” contida
prevê a Sociedade Unipessoal Jurídica (Lei nº 13.874/2019), instituto jurídico no caput do parágrafo único, do art. 966, se dará quando o exercício da atividade
largamente utilizado pelas codificações comerciais de outros países (principalmente na intelectual não for a mais importante. Ex. Um músico que é dono de uma empresa de
Europa ocidental). Por isso, muitos preferem a Soc. Empresária (mínimo de duas eventos, no qual todos os meses monta festas, shows, eventos de formatura, etc...
pessoas), onde o capital social dos sócios pode ser dividido da seguinte forma: 99% para Ainda interpretando o dispositivo suso mencionado, toda sociedade que não for
um sócio e 1% para outro. Outra desvantagem que a Empresa Individual apresenta é que empresária será considerada SIMPLES, porque o objeto de exploração dela é a
o empresário responderá com todos os seus bens, sejam pessoais (particulares; não atividade intelectual dos seus sócios. Nesse diapasão, a Sociedade Simples é registrada
empresariais) ou da empresa, enquanto devedor numa ação executiva no Cartório Registro de Títulos e Documentos (RTD) e no respectivo órgão de classe do
(comunicabilidade intrínseca dos bens pessoais + patrimoniais do empresário). profissional liberal (Ex. soc. de adv. na respectiva seccional da OAB onde atuar); e, não
9. PARTE GERAL NO C. CIVIL: nas Juntas Comerciais como os empresários individuais e sociedades empresariais.
9.1. Situação Excepcional de Alguns Agentes Econômicos: 12. ARTIGO 967: Nesse texto legal, o legislador quis dizer que o registro, leia-se,
Junta Comercial, é conditio sine qua non para que o empresário exerça suas atividades
regularmente. Agora, o fato de não ser registrado não significa que o empresário não
possa exercer suas atividades. Nesse caso, o empresário exercerá suas atividades de
forma IRREGULAR. O registro é obrigatório, mas tem natureza meramente
declaratória. Ainda que eu, por exemplo, não me registre, mesmo assim, serei
empresário; de forma irregular, porém empresário.
13. ARTIGO 971: Pode, ou seja, tem a faculdade de se registrar, é o que diz a
interpretação desse texto legal. Para o empresário rural, o registro é facultativo e tem
natureza constitutiva, isto é, se ele optar pelo registro será considerado como
empresário; por outro lado, se ele não optar não será considerado. Essa regra vale tanto
para pessoa física (Empresa Individual) quanto para a Sociedade Empresária Rural
(vide, art. 984). Então, para a sociedade, caso venha a optar pelo registro será
considerada como Sociedade Empresária; se não optar pelo registro será Sociedade
Simples. Em regra, quem exerce uma atividade rural tem a faculdade de se registrar
ou não. Se optar pelo registro é empresário; se não optar não é empresário. O mesmo
vale para uma sociedade, cujo objeto social é a exploração de uma atividade rural, caso
opte pelo registro na Junta Comercial, será considerada Sociedade Empresária Rural; se
optar por não se registrar na junta, nesse caso, terá que se registrar no Cartório do RTD
e será uma Sociedade Simples.
14. Sobre as Sociedades Anônimas, pouco importa se a S/A exerça atividade
econômica ou não; ainda que a S/A não exerça atividade econômica ela será
considerada como empresária. Nas Cooperativas e Sociedades de Advogados (tipos de
agentes econômicos excepcionais!!!) ainda que exerçam uma atividade econômica elas
serão Sociedades Simples, independentemente do objeto.

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