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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA __ª VARA DA
FAMÍLIA DE CURITIBA– ESTADO DO PARANÁ

FULANO DE TAL, brasileiro, convivente, autônomo, portador da


cédula de identidade RG nº 000 – SESP/PR e inscrito no CPF/MF sob o nº 00, residente
e domiciliado junto a Rua ____________, por intermédio de sua advogada que esta
subscreve, vem mui respeitosamente perante Vossa Excelência, com fulcro nos artigos
1.669 do Código Civil e demais artigos aplicáveis ao caso, propor a presente:

AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS


com tutela antecipada

em face de FULANINHO, menor impúbere, neste ato representado por sua genitora
SICRANA, residente e domiciliado junto a ______________, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:

I. DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA

O Autor não se dispõe de condições financeiras para arcar com as


despesas de custas processuais e honorárias advocatícios, sem prejuízo do próprio
sustento ou de sua família, conforme comprovante de renda, em anexo.

Assim, por ser hipossuficiente, requer que lhe sejam concedidos os


benefícios da Assistência Gratuita, em consonância com o art. 98 e seguintes do Código
de Processo Civil.

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II. DA SÍNTESE DOS FATOS

Nos autos do processo nº ________, restou acordado que o


Requerente pagaria ao Requerido, a título de prestação alimentícia, o correspondente a
44,25% do salário mínimo nacional, atualmente equivalente a importância de R$ 536,31
(quinhentos e trinta e seis reais e trinta e um centavos), até o dia 10 de cada mês, na
conta bancária da genitora.

O valor foi homologado em 13 de março de 2013, conforme acordo


em anexo, todavia, na época, o Autor se encontrava empregado, percebendo boa
remuneração, tanto que foi ele quem deu ingresso a demanda e propôs tal quantia a ser
paga.

Ocorre que, ao longo do tempo, infelizmente a situação financeira do


Autor se alterou drasticamente, passando ele por intensas dificuldades e não
conseguindo adimplir com o montante anteriormente pactuado.

O Autor é autônomo e labora como gestor de mídias sociais e por


conta da crise financeira que assolou todo o mundo, em virtude da Covid-19, perdeu
inúmeros contratos e parcerias e atualmente presta serviços exclusivamente para a
empresa __________, recebendo em contraprestação a importância de R$ 3.000,00 (três
mil reais) mensais.

Ocorre que, tal valor não está sendo suficiente para o Autor adimplir
com todas as suas despesas, uma vez que constituiu nova família e recentemente teve
outro filho, atualmente com 07 meses de idade, conforme certidão de nascimento em
anexo, sendo ele o único responsável por todas as despesas do lar e da criança.

Com isso, o Autor vem encontrando sérias dificuldades em realizar os


pagamentos da quantia antes convencionada, realizando mensalmente o pagamento da
importância de R$ 350,00 mensais, conforme extratos também em anexo.

Consequentemente, fora ajuizado cumprimento de sentença em seu


desfavor, qual o Autor pactuou recentemente o pagamento da importância mensal de R$
300,00 (trezentos reais), sendo mais uma despesa mensal que o Autor está fazendo mais
que o possível para adimplir.

Excelência, em que pese o salário do Requerente ser de R$ 3.000,00


(três mil reais), é importante levar em consideração que o custo de vida elevou
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demasiadamente e conforme robusta documentação em anexo, fica perfeitamente
demonstrado que a manutenção dos alimentos em tal valor afeta substancialmente a sua
subsistência e de sua família, conforme planilha abaixo:

[planilha]

Ressalta-se que todos os boletos se encontram em anexo,


comprovando as despesas aqui relatadas e como se observa, estas superam e muito, os
rendimentos percebidos pelo Autor.

Assim, faz-se necessário o presente pedido de revisional de alimentos,


pelos fundamentos jurídicos a seguir expostos.

III. DA REVISÃO DE ALIMENTOS – REDUÇÃO DO PODER AQUISITIVO

O Código Civil em seus artigos 1.669 e 1.708 do Código Civil


estabelecem um marco fático limitador do dever de garantir alimento pelo autor. Este
dever deve ser imediatamente revisto diante da assunção de nova condição financeira do
alimentante ou de quem os recebe:

Art. 1669. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação


financeira de quem os suprem ou na de quem os recebe, poderá o
interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração,
redução ou majoração do encargo.

No presente caso, como anteriormente narrado, o Requerente teve


drástica redução de seus vencimentos, uma vez por conta da crise financeira que assolou
o mundo, perdeu uma infinidade de trabalhos, bem como suas despesas aumentaram,
principalmente após a concepção do segundo filho.

Tal situação está preocupando demasiadamente o Autor, uma vez que


possui outras despesas mensais, como aluguel, condomínio, boletos de energia, água,
alimentação, entre outros e não sabe como irá manter o valor acordado até que consiga
se restabelecer financeiramente novamente.

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É cristalino que a manutenção do valor atual, irá prejudicar a
subsistência do Autor que certamente ficará inadimplente e pode tomar proporções
maiores do que as esperadas.

O binômio necessidade/capacidade deve sempre permear as decisões


que fixam os alimentos sob o viés da proporcionalidade, sob risco de grave dano ao
alimentando, conforme destaca a doutrina especializada sobre o tema:

Os alimentos devem sempre permitir que o alimentando viva de modo


compatível com a sua condição social. Ainda que seja esse o direito
do credor, na quantificação de valores, é necessário que se atente
as possibilidades do devedor de cumprir o encargo. Assim, de um
lado há alguém com direito a alimentos e, de outro, alguém obrigado a
alcança-los (BERENICE DIAS, Maria. Manual de direito das
famílias. 12. Ed. Editora RT, 2017. Versão e-book, 28.23)

Entendimento este amparado pela redação legal, ao afirmar que a


prestação de alimentos não pode inviabilizar o sustento do próprio alimentante:

Art. 1695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não


tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria
mantença, e aquele, de quem se reclama, pode fornecê-los, sem
desfalque do necessário ao seu sustento.

Afinal, conforme entendimento jurisprudencial, os alimentos devem


ser fixados com base na capacidade do alimentante, tanto para aumentar como para
diminuir os valores pactuados:

PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. APELAÇÃO CÍVEL.


AÇÃO DE OFERTAS DE ALIMENTOS. SENTENÇA QUE FIXOU
ALIMENTOS EM 1 (UM) SALÁRIO MÍNIMO E O PAGAMENTO DO
PLANO DE SAÚDE. INSURGÊNCIA DA ALIMENTANTE. REQUER A
MINORAÇÃO DO VALOR ARBITRADO COMO ALIMENTOS.
CONTRIBUIÇÃO ALIMENTAR QUE DEVE SER ARBITRADA
CONFORME TRINÔMIO NECESSIDADE-POSSIBILIDADE–
PROPORCIONALIDADE. DEMANDA REVISIONAL QUE POSSUI
COMO REQUISITO A DEMONSTRAÇÃO DE ALTERAÇÃO NO
REFERIDO TRINÔMIO. NECESSIDADES DO ALIMENTADO QUE
SÃO PRESUMIDAS EM RAZÃO DA SUA MENORIDADE.
ALIMENTANTE QUE COMPROVOU SUA IMPOSSIBILIDADE
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FINANCEIRA ATUAL DE ARCAR COM PENSÃO ALIMENTÍCIA
ARBITRADA. ALIMENTOS QUE MERECEM AJUSTE. DECISÃO
REFORMADA. 1. A fixação da obrigação alimentar deve ser realizada com
observância de seu trinômio formador: necessidade, possibilidade e
proporcionalidade. Deste modo, poderá o valor fixado a título de alimentos
ser revisto sempre que houver modificação em seu trinômio, com vistas a
garantir o princípio da proporcionalidade; 2. No caso, a alimentante
comprovou sua incapacidade financeira atual, o que acarreta
desequilíbrio na proporcionalidade e possibilidade do pagamento dos
alimentos, sendo as necessidades da alimentanda presumidas em razão da
menoridade; 3. Há demonstração de modificação do trinômio necessidade-
possibilidade-proporcionalidade, requisito do art. 1.699 do CC para
revisão/minoração da pensão alimentícia. APELAÇÃO CÍVEL
CONHECIDA E PARCIALMENTE PROVIDA.

(TJPR - 12ª C.Cível - 0008032-30.2019.8.16.0188 - Curitiba - Rel.:


DESEMBARGADORA IVANISE MARIA TRATZ MARTINS - J.
21.02.2022)

Dessa forma, até que o Autor consiga retomar a situação anterior,


necessária à revisão do valor de alimentos, para o patamar de 30% do salário mínimo
nacional, correspondente a R$ 363,60 (trezentos e sessenta e três reais e sessenta
centavos).

Também importante destacar que o menor não restará desamparado,


uma vez que além dos valores acima estabelecidos, passará a receber a quantia de R$
300,00 advindos do acordo entabulado no cumprimento de sentença anteriormente
destacado.

Assim, diante da comprovada impossibilidade de manter os valores


pactuados, a revisão é medida que se impõe.

IV. DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

Com efeito, verificam-se presentes, tanto os elementos que


evidenciam a probabilidade do direito quanto o perigo de dano ou risco ao resultado útil
do processo, nos exatos termos do art. 300 do Código de Processo Civil, vejamos:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e perigo de dano
ou risco ao resultado útil do processo.

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Os documentos carreados à inicial dão credibilidade à alegação do


Requerente, apresentando, de forma clara e cristalina, a probabilidade do direito
invocado, principalmente pela comprovação de sua situação financeira atual.

Já o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo podem ser


visualizados pela ineficácia da medida, em caso de uma possível prisão civil do
requerente, já que não terá condições de arcar com o valor anteriormente estipulado.

Dessa maneira, requer digne-se Vossa Excelência de antecipar,


liminarmente, a tutela pretendida, com fundamento no artigo 300 do CPC, decretando-
se a redução da pensão alimentícia devida pelo requerente ao requerido, para o valor
correspondente a 30% (trinta por cento) do salário mínimo nacional, atualmente
correspondente ao valor de R$ 363,60 (trezentos e sessenta e três reais e sessenta
centavos).

Assim, com a certeza que se encontram presentes todos os requisitos


autorizadores da concessão da tutela antecipada, esta é medida que se impõe.

V. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Pelo exposto, considerando a pretensão do Requerente, requer a Vossa


Excelência:

i. A concessão da Justiça Gratuita, nos termos do art. 98 e seguintes do CPC;

ii. A concessão da tutela provisória de urgência, para reduzir o valor pago a


título de pensão alimentícia para o patamar de 30% do salário mínimo
nacional, considerando a situação financeira atual do requerente;

iii. A intimação do ilustre representante do Ministério Público para acompanhar


e intervir no feito;

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iv. A citação do Requerido, na pessoa de sua genitora, para comparecer em
audiência de conciliação, bem como para contestar o feito no prazo legal;

v. Ao final, seja a presente ação julgada totalmente procedente, decretando-se a


revisão da pensão alimentícia devida pelo requerente ao requerido, fixando-
se o valor de 30% do salário mínimo nacional;

vi. A condenação do requerido em custas e honorários advocatícios, nos termos


do artigo 85 do CPC;

vii. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito,
em especial pela juntada de documentos, depoimento de testemunhas e
outras que se fizerem necessárias para o deslinde do feito;

Dá-se a causa o valor de R$ 2.072,52 (dois mil, setenta e dois reais e cinquenta e dois
centavos)

Termos em que, pede deferimento.

Curitiba, 11 de agosto de 2022.

ADVOGADO

OAB

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