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DIREITO

EMPRESARIAL I
Professor:

Francisco Valdece Ferreira de Sousa

valdece10@gmail.com
DIREITO EMPRESARIAL I Aula nº. 01

BIBLIOGRAF
IA:
01.- CÓDIGO COMERCIAL;
02.- CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO;
03.- CONSTITUIÇÃO FEDERAL;
04.- DÓRIA, Dilson. CURSO DE DIREITO COMERCIAL. São Paulo: Saraiva;
05.- REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial, SP: Saraiva;
06.- RIBEIRO, Cláudia e MENEZES, Priscila. TEORIA GERAL DO DIREITO
EMPRESARIAL, Rio de
Janeiro: FGV;
07.- TEIXEIRA, Tarcisio. DIREITO EMPRESARIAL SISTEMATIZADO. SP: Saraiva.

08.- RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Empresa. Rio de Janeiro: Editora Forense.


DIREITO EMPRESARIAL I
01.- HISTÓRIA E FUNÇÃO DO COMÉRCIO.
O direito se alimenta das relações humanas e por meio destas promove
a metamorfose de seus elementos. No campo comercial essa
constatação se evidencia pela sofisticação das relações de troca: do
mercador ao comerciante, e deste ao empresário, os negociantes
tentam incessantemente suprimir entraves e otimizar receitas por meio
da criação de instrumentos / procedimentos que lhe tragam aumento
dos lucros.
As relações de troca se identificam desde a antiguidade (Babilônia, Fenícia,
Assíria, Egito, Grécia, Roma). Naturalmente o conhecimento humano e a
formação de padrões de regras se transmitiram e foram se
aperfeiçoando de geração para geração.
DIREITO EMPRESARIAL I
DIREITO EMPRESARIAL I
01.- HISTÓRIA E FUNÇÃO DO DIREITO COMERCIAL.
A formação de um sistema de regras e o direito de uma classe são
reconhecidas partir do éculo XII, eis que a derrocada do feudalismo, a
formação de cidades e as produções artesãs intensificaram as trocas. O
símbolo desse cenário são as feiras, espaços em que os interesses e as
necessidades se intercambiavam.
Esse tempo é reconhecido como sendo o marco de surgimento do
direito comercial, como um conjunto de regras especiais da profissão
de mercador, consolidando o direito profissional dos mercadores, que
perdurou por aproximados cinco séculos.
Surgiram no período instrumentos desenvolvido pelos mercadores que
se mostraram úteis para a mercancia, a exemplo do contrato de
câmbio, que antecedeu a lettera di cambio.
DIREITO EMPRESARIAL I
01.- HISTÓRIA E FUNÇÃO DO DIREITO COMERCIAL.
Na idade média existiam figuras das Corporações de Ofício, nas quais se
reuniam os comerciantes da época.
O Direito Comercial surgiu às margens do Direito Civil (Ligado principalmente
aos Senhores feudais), só aplicável àqueles inscritos nas Corporações de
Ofício, daí seu caráter subjetivo.
No início do século XIX, logo após a revolução francesa, surge o Código
Comercial (França, 1808), contendo um lista taxativa dos Atos de
Comércio, inaugurando a fase objetiva do Direito Comercial. As
atividades não incluídas na lista do Código Comercial Francês não eram
consideradas como atividades comerciais, sendo regidas, portanto, pelo
Código Civil.
DIREITO EMPRESARIAL I
DIREITO EMPRESARIAL I
02.- DIREITO COMERCIAL NO BRASIL.
Nosso primeiro e único Código Comercial foi promulgado em 1850, e
seguiu a orientação do Código Comercial Francês (1808), adotando o
caráter objetivo, com base na Teoria dos Atos de Comercio.
O Código Civil vigente (2002) adotou a orientação italiana da Teoria
da Empresa, classificada como teoria subjetiva.
Necessário destacar que o Código Civil de 2002 revogou apenas e tão
somente a primeira parte do Código Comercial (parte relativa ao comércio
terrestre), restando em vigor a segunda parte daquele diploma, que
trata do comércio marítimo.
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02.- DIREITO COMERCIAL NO BRASIL.


Com o surgimento de novas práticas e relações comerciais, nem
sempre alcançadas pela legislação, a exemplo das atividades
agrícolas, de mineração e prestação de serviços, e outros com base
tecnológica (Utilização de softwares mediante pagamento), sem exata
correspondência com o comerciante, fez com que os juristas se
dedicassem à observação de explicações provenientes da economia
para melhor definição do sujeito central da regulação, surgindo o
Empresário e, por consequência, o Direito Empresarial.
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03.- INTRODUÇÃO AO DIREITO EMPRESARIAL.
O Direito Empresarial, denominação adotada a partir do ano 2002,
quando da promulgação do Código Civil Brasileiro vigente (2002), é mais
amplo que o antigo Direito Comercial, açambarcando todo o exercício
profissional de atividade econômica organizada para produção ou
circulação de bens e serviços (Exceto intelectual, de natureza científica, literária ou
artística), surgindo a partir desta data, o empresário, em substituição ao
comerciante.
Código Civil, art. 966: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços.

§ único - Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica,
literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício
da profissão constituir elemento de empresa.
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...Código Civil, art. 966: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços.

PROFISSIONALMENTE  Exercer uma atividade profissionalmente tem relação


com habitualidade, ao contrário de quem a exerce de forma esporádica.
ATIVIDADE  É sinônimo de empresa. Empresa é a atividade, não o local onde
esta é desenvolvida.
ECONÔMICA  O empresário visa o lucro.
ORGANIZADA  É aquela atividade que conjuga os quatro fatores de produção:
mão de obra, insumos, capital e tecnologia (Know how)
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ATIVIDADES
INTELECTUAIS
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DAS ATIVIDADES INTELECTUAIS  Segundo a Teoria da Empresa,
qualquer atividade pode ser considerada empresária, a depender da
forma como é exercida. Quando a atividade for exercida de forma
pessoal não será considerada empresária.
EXEMPLO: o médico que atende no seu consultório não exerce atividade
empresarial, contudo, se e quando exerce atividade médica cumprindo
plantão em um hospital, atendendo às pessoas que procuram
atendimento médico e/ou hospitalar, sem o critério de pessoalidade
(paciente não procurou um médico específico), referida atividade será classificada
como atividade empresária. O mesmo raciocínio pode ser aplicado aos
advogados, engenheiros, etc.
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04.- DA NOMENCLATURA: POR QUE DIREITO EMPRESARIAL?


A noção de “ato de comércio”, ainda que alargada por formulação
doutrinária, equiparação legislativa ou construção jurisprudencial, se
mostrou ultrapassada, não servindo mais para identificar o ramo do
direito objeto do nosso estudo.
De observar que de há muito a noção de empresa, como “atividade
econômica organizada para produção ou circulação de bens e ou
serviços”, é muito mais adequada para identificar, na atualidade o
objeto do antigo jus mercatorum e, consequentemente, defini-lo,
surgindo aí a nova denominação: Direito Empresarial.
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05.- DIREITO EMPRESARIAL. CONCEITO.
É o conjunto específico de de normas ( regras e princípios) que disciplinam
atividade econômica organizada para produção ou circulação de bens e ou
serviços (Empresa) e daqueles que a exercem profissionalmente ( Empresários).
06.- ORIGEM DO DIREITO EMPRESARIAL.
Não obstante saber que nas eras priscas as atividades econômicas
restrigiam-se aos ato de comércio. As civilizações mais remotas, a exemplo
dos fenícios, destacaram-se no exercício da atividade mercantil, fazendo-
o, contudo, sem que houvessem normas jurídicas reguladoras dessa
atividade. O certo é que o jus merctorum, hoje Direito Empresarial,
nasceu na Idade Média, predominantemente nas comunas italianas que,
pela boa localização, transformaram-se em importantes entrepostos
comerciais.
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07.- A EVOLUÇÃO DO DIREITO EMPRESARIAL NO BRASIL.

CODIGO VIVIL DE 2002

ORDENAÇÕES DO REINO CODIGO CIVIL DE 1850 1- Transição da teoria dos


atos de comércio para
1- Aplicação das leis de 1- Inspiração do Code de teoria da empresa,
Portugal, Commerce napoleônico,
2- Tentativa de unificação
2- Inspiração do Direito 2- Adoção da teoria dos o formal do direito privado,
Estatutário Italiano. atos de comércio, 3- Definição do empresário
como aquele que exerce
3- Regulamento 737: rol dos profissionalmente
atos de comércio
4- Atividade econômica
organizada.
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08.- FONTES DO DIREITO EMPRESARIAL.
As fontes materiais do direito são as constituídas por fenômenos
sociais e por dados extraídos da realidade social, das tradições e dos
ideais dominantes, com os quais o legislador, resolvendo questões que
dele exigem solução, dá conteúdo ou matéria, às regras jurídicas, isto
é, às fontes formais do direito (lei, regulamento, etc.).
A Constituição Federal,
 O Código Comercial (Parte não revogada),
 Código Civil (Especialmente no campo das obgações e dos contratos),
 A jurisprudência,
 Usos e costumes mercantis.
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Código Comercial

(Parte não revogada)

 Primárias ou  Código Civil 2002


Diretas
Exemplos:

Legislação Esparsa  Lei 8.934/94 –Registro empresa;
Lei 6.404/79 – Direito societário;
Fontes LC 132/2006 Estatuto ME

Fontes Formais
do
Direito Usos e costumes
 Usos de fato e de direito
Empresarial  mercantis
Subsidiárias ou

indiretas Normas civis, em
 especial obrigações e
contratos
Fontes
 Materiais Exemplo: Fatores econômicos

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09.- O CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E O DIREITO EMPRESARIAL.


As regras do CPC aplicam-se, indistintamente, aos litígios de natureza civil
e aos de natureza empresarial, a despeito de haver ações e procedimentos
que são próprios de cada regime, como sói ocorre com a ação de divórcio
em contraposição às ações de falência.
O certo é que as modificações implementadas no processo civil produziu
impactos no direito empresarial, merecendo destaque o incidente da
desconsideração da personalidade jurídica, a ação de dissolução parcial de
sociedade e as normas sobre a penhora de cotas de sociedade e ou a
penhora de faturamento da empresa.
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10.- AUTONOMIA DO DIREITO EMPRESARIAL.
Necessário observar que o Direito Objetivo é constituído por um conjunto
de normas de observância obrigatória, num determinado território. O
Direito Subjetivo, por sua vez, consiste na faculdade de agir dentro dos
limites estabelecidos pelas normas que compõem o Direito Objetivo.
Para afirmar que um conjunto específico de normas constitui um regime
jurídico autônomo, é mister que haja identificação entre elas.
Desta forma, considerando que o Direito Empresarial tem por objeto a
regulação da atividade destinada à produção e circulação da riqueza
mobiliária e a qualificação dos sujeitos dessas relações, dúvidas não
quanto a sua autonomia, principalmente em relação ao Direito Civil.
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10.- AUTONOMIA DO DIREITO EMPRESARIAL.


...Assim, pode-se dizer que cabe ao...
...Direito Civil a disciplina geral dos direitos e obrigações de ordem
privada concernentes às pessoas, aos bens e às suas relações.
...Direito Empresarial cabe disciplinar os direitos e obrigações de ordem
privada, concernentes às atividades econômicas organizadas.
Durante longo tempo o Direito Civil foi o próprio direito privado, realidade
que mudou radicalmente a partir do desenvolvimento das atividades
mercantis, o que fez surgir o direito empresarial como ramo especial
destinado a regular interesses especiais dos agentes econômicos.
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11.- CARACTERÍSTICAS DO DIREITO EMPRESARIAL.
O Direito Empresarial tem características próprias, que o distinguem como
disciplina autônoma.
a) COSMOPOLITISMO  o comércio tem sido historicamente um fator de
integração entre os povos.
b) ONEROSIDADE  dado o caráter econômico e especulativo das
atividades mercantis, que faz com que o lucro seja algo intrínseco às
atividades empresariais.
c) INFORMALISMO  o dinamismo das atividades empresariais exige meios
ágeis e flexíveis para realização e difusão das práticas
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11.- CARACTERÍSTICAS DO DIREITO EMPRESARIAL.


...
d) FRAGMENTARISMO  o Direito Empresarial possui uma série de sub-
ramos a exemplo do direito falimentar, direito cambiário, direito
societário, direito de propriedade industrial, etc.

e) ELASTICIDADE  o Direito Empresarial é um ramo jurídico que


permanece em constante processo de mudança, para melhor se adequar ao
dinamismo ds atividades econômicas.
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12.- PRINCÍPIOS DO DIREITO EMPRESARIAL.


A livre-iniciativa é o princípio fundamental do Direito Empresarial,
conforme dispõe o art. 170 da Constituição Federal:
CF/88, art. 170  Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados
os seguintes princípios:
I - soberania nacional,
II - propriedade privada,
III - função social da propriedade,
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor,
VI – defesa do meio ambiente,
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12.- PRINCÍPIOS DO DIREITO EMPRESARIAL.


A livre-iniciativa é o princípio fundamental do Direito Empresarial,
conforme dispõe o art. 170 da Constituição Federal:
CF/88, art. 170  Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados
os seguintes princípios:
...
VII – redução das desigualdades regionais e sociais,
VIII – busca do pleno emprego,
IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte.

Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,


independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.
DIREITO EMPRESARIAL I
11.- PRINCÍPIOS DO DIREITO EMPRESARIAL.
A CF/88 possui outro dispositivos que tratam, direta ou indiretamente, da
livre iniciativa, com destaque para os artigos 1º e 5º.
Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa

Artº. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
...
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
estabelecer;
Dúvidas?

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