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Direito Empresarial – Thiago Carapetcov

Aula 1 | Evolução histórica do direito comercial

SUMÁRIO
1. INFORMAÇÕES GERAIS ................................................................................. 2
2 APONTAMENTOS SOBRE A PARTE GERAL ..................................................... 2
2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA ................................................................ 2
2.2 TERMINOLOGIA .................................................................................................... 4
2.3 PRINCÍPIOS ............................................................................................................. 4

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Direito Empresarial – Thiago Carapetcov
Aula 1 | Evolução histórica do direito comercial

1. INFORMAÇÕES GERAIS
Vamos iniciar o curso de Direito Empresarial, sendo que o professor espera que os alunos
tenham assistido ao vídeo de raio-X, em que ele se apresentou, explicou os tópicos mais
importantes para as carreiras desta turma e falou do seu contato via página de facebook ou via
curso Ênfase, agora, chegou o momento de iniciarmos o estudo.
O professor apresenta um sumário do nosso encontro. No primeiro momento, o professor
tratará de apontamentos sobre a parte geral do Direito Empresarial. Hoje, falará sobre a origem,
evolução histórica, abordará princípios e focará o estudo em conceitos basilares, como a ideia
de empresa, empresário e temas habituais da prova.

2 APONTAMENTOS SOBRE A PARTE GERAL


O primeiro tema a ser estudado é a origem e as fases do Direito Empresarial.

2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA


A literatura do Direito Empresarial apresenta 4 (quatro) grandes etapas ou fases do Direito
Empresarial.
A primeira etapa ocorre quando do feudalismo, quando, na burguesia italiana,
começamos a compreender uma regra diferenciada aplicada às corporações de ofício, grupo
de artesanato.
Quem fazia parte do grupo, corporações, tinham um regramento dinâmico, célere e
eficiente. Caso um membro discordasse de algo, deveria procurar um juiz da corporação, que
seria o cônsul. Caso desejasse recorrer, o faria para o sobrecônsules, sendo um sistema rápido
e dinâmico.
No entanto, caso a pessoa não fizesse parte do grupo ou da corporação (artesanato), não
poderia se utilizar do sistema rápido e dinâmico, deveria se utilizar do sistema comum.
Aqui, há regras consuetudinárias, baseadas nos costumes e nas práticas da corporação de
ofício. Justamente por isso, caso a pessoa não fizesse parte da corporação, ela deveria recorrer
ao Direito Comum.
A primeira fase não costuma ser muito cobrada em prova, sendo mais didática do que
técnica.
A segunda etapa ocorre entre os séculos XVII a XVIII, com a Revolução Industrial. A
literatura coloca a segunda etapa nessa fase, na mesma época de Charles Chaplin e seus filmes.
Com a Revolução Industrial, as coisas não são mais feitas com as mãos, mas por
máquinas. O aspecto social se complica, há luta de classes, há exploração de mulheres e
crianças, há a ebulição do Direito do Trabalho e do Direito Constitucional, mas o Direito
Empresarial ainda não tinha se desenvolvido.
A segunda fase é mais didática do que técnica.

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A terceira fase do Direito Empresarial ocorre com o Código Napoleônico. O professor


nos convida a ir ao ano de 1806 e observar que na França foi editado o Code de Commerce ou
Código Napoleônico.
Apenas com o Código Napoleônico os eventos passam a interessar para a prova e
começam a ser importantes para nós, porque a matéria se torna uma disciplina jurídica, o
chamado Direito Comercial.
O Direito Comercial recebeu esse nome porque a França adota a Teoria dos Atos de
Comércio, que dita que se deve adotar as regras do Direito Comercial todas as vezes em que
se estivesse diante de uma lista taxativa de atividades ou atos de comércio. Isto é, toda vez que
alguém praticar um ato previsto em uma lista taxativa, haverá a prática do comércio.
O grande problema do Código Napoleônico é que deixava de lado duas atividades
econômicas que ocorriam na Europa: o agronegócio e a prestação de serviço, que eram as duas
atividades comerciais mais importantes para Europa. Ter enquadrado essas atividades no
Direito Comum e não no Direito do Comerciante gerou insatisfações.
Por ter deixado de fora as duas referidas atividades, a sociedade europeia se insurge contra
o Código e surge a quarta fase do Direito Empresarial, a qual ocorreu no século XIX por meio
do Codice Civile italiano, promulgado em 1942.
Esse Código é significativo e muda muita coisa. Para muitos, é fascista, influenciado por
políticas agressivas e imperdoáveis, mas o professor salienta que, tecnicamente, ele é brilhante,
sendo, inclusive, adotado no Brasil.
O Código Italiano muda tudo sobre o Direito Empresarial. Ele não adota mais a teoria dos
Atos do Comércio, não havendo mais uma lista taxativa de atividades, mas diante do conceito
de empresa. Então, passou-se a adotar a Teoria da Empresa, que diz que se deve abrir a
“gaveta” e se aplicar as regras do Direito Empresarial todas as vezes em que se deparar com o
conceito de empresa e não uma lista taxativa. O Brasil adota a Teoria da Empresa.
O Código Civil italiano unificou o Direito Privado, o que foi um ponto da prova oral da
magistratura de São Paulo.
Ao se acessar o Código Civil italiano, se observará que ele é dividido entre direito civil e
direito do trabalho. O Brasil copia o Direito Civil italiano e adota a Teoria da Empresa, mas ele
não unificou o Direito privado.
Então, nós adotamos a Teoria da Empresa, mas não unificamos o Direito Privado, porque
não se vê no Direito Civil várias matérias de cunho trabalhista. De um lado temos o Direito
Civil e de outro temos o Direito do Trabalho, regulado pela CLT. Não fosse isso, a insolvência
empresarial estaria no código civil.
A única coisa que o Brasil unificou foi o Direito Obrigacional. O professor Silvio
Marcondes escreveu o direito obrigacional, prevendo a unificação. A unificação do direito
privado foi realizada em 1942 na Itália, mas já tinha sido unificado em 1891, na Suíça. Mas o
Brasil, até hoje, não unificou o Direito Privado.

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O professor poderia terminar aqui o relato das fases, mas ele gostaria de acrescentar que,
hoje, existe um pensamento, dentro da matéria de Direito Empresarial, que gostaria de trazer
para o Brasil um ordenamento apenas para o Direito Empresarial, o que talvez poderia ser uma
nova fase.
Há o projeto de Lei 1572/2011, que entende que o Direito Empresarial precisa ser
modernizado e ter um regulamento apenas para ele. Hoje o projeto está parado, dependendo de
aprovação em uma votação especial na Câmara dos Deputados.
Não existe harmonia quanto à necessidade ou não do Código. O professor Fabio Ulhoa,
talvez principal coordenador, é favorável a esse projeto, assim como outros professores da FGV
do RJ e de SP também o são. De outro lado, professores da USP, como a professora Raquel
Stein, Haroldo Verçosa, Erasmo Valladão, não são favoráveis.
A USP e PUC-RJ, em sua maioria, são contra o projeto. A UFRGS é a favor. A UFRJ
está dividida. A UFBA é contra. Não há harmonia quanto a necessidade do Código, os críticos
estão discutindo a forma como o Direito Empresarial tem sido conversado.
Diante disso, não há como dizer se essa quinta fase ocorrerá ou não no Brasil, porque não
há como saber se o projeto será aprovado.
De um lado, há necessidade de modernização. Criticou-se tanto a teoria dos atos do
comércio da França, por terem deixado de lado algumas atividades comerciais, mas hoje o
Código Brasileiro e o Italiano são insuficientes para abranger todas as atividades.
Em prova, é possível dizer que há agentes econômicos que não estão abrangidos pelo
Direito Comercial, como as cooperativas. Das maiores empresas no Brasil, 14 são cooperativas
e não estão abrangidas pelo Direito Comercial.

2.2 TERMINOLOGIA
Para finalizar esse ponto, é necessário estudar a terminologia, porque há dúvidas se a
matéria se chama Direito Comercial ou Direito Empresarial. O professor afirma que o aluno
não deve se preocupar com isso.
O Brasil adota a Teoria da Empresa, logo, tecnicamente, a matéria se chama Direito
Empresarial, mas não há problema em falar em Direito Comercial, porque a legislação, em
vários pontos, usa a expressão Direito Comercial.
Então, pouco importa a nomenclatura, desde que o aluno saiba que foi adotada a teoria da
Empresa.

2.3 PRINCÍPIOS
É importante saber que a disciplina de Direito Empresarial tem uma série de princípios
espalhados no Código Civil, como princípios constitucionais, como a livre iniciativa, a livre
associação, função social da empresa, livre empreendimento, entre outros que apoiam o Direito
Empresarial.

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