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Direito Empresarial – Thiago Carapetcov

Aula 4 | Direito de empresa

SUMÁRIO
1. REQUISITOS PARA SER EMPRESÁRIO ............................................................ 2
1.1. APONTAMENTOS SOBRE O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL ......................... 4

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Direito Empresarial – Thiago Carapetcov
Aula 4 | Direito de empresa

1. REQUISITOS PARA SER EMPRESÁRIO


Para ser empresário é necessário ter capacidade, todavia, o artigo 974 do CC permite
uma paisagem excepcional, em que o juiz possa colocar um representante ou assistente para
continuar a atividade.
São pontos de prova: 1) nome do artigo: incapacidade superveniente; 2) compreender
que o MP está presente em todas as etapas processuais; 3) entender que este é um ato precário,
que pode ser revogado a qualquer tempo; 4) entender que se protege os bens pessoais do incapaz
anteriores à incapacidade, porque os pessoais posteriores e ligados à atividade empresarial
também podem ser atingidos.
Então se questiona: não pode haver uma paisagem de fraude a credores ou crise? Não.
Nunca faltará bens, porque o MP está do lado e se houver crise, deve-se fechar as portas da
empresa, porque o ato é precário, bem como porque é discricionário do juiz, que pode deixar
ou não continuar a atividade.
Voltando ao estudo, visualiza-se a incapacidade. O artigo 974 do CC pede um
representante. A pergunta é: se o único representante para uma menina é o tio, o qual é
impedido, por ser desembargador – que não pode estar na situação de representante – o que
acontece?
Não haverá problema. No caso de o representante ser impedido, basta deixar o sujeito
impedido na função de representante, mas se incluir um gerente. Então, haverá um incapaz, um
representante e um gerente, nos termos do artigo 975 do CC.
Art. 975. Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por disposição de lei, não puder
exercer atividade de empresário, nomeará, com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes.
§ 1o Do mesmo modo será nomeado gerente em todos os casos em que o juiz entender ser conveniente.
§ 2o A aprovação do juiz não exime o representante ou assistente do menor ou do interdito da
responsabilidade pelos atos dos gerentes nomeados.
Nessa paisagem, onde há a incapaz, o tio impedido e o gerente, quem é o empresário?
A primeira corrente vai dizer que o incapaz não é o empresário, porque para ser
empresário são necessários 3 requisitos, não tendo o incapaz a capacidade, o que seria o
primeiro requisito. Além disso, afirmam que não podem ser empresários os representantes e o
gerente, porque para ser empresário é necessário responder ilimitadamente. Aqui, ocorre algo
semelhante ao que há na responsabilidade pelo mandato, em que o representante apenas
responde com o patrimônio se cometer alguma falha grave.
Destarte, para esta corrente, não há empresário nessa empresa, está-se diante de uma
empresa acéfala. Isto é, o incapaz não pode ser empresário, porque não tem capacidade. O
representante e o gerente não respondem com o patrimônio, só se fizerem besteira, não havendo,
assim, empresário.
A segunda corrente, por sua vez, é majoritária. Essa corrente parte da ideia de que não
há empresa sem empresário, sequer etimologicamente, admitindo que ambas estão ligadas em
todos os sentidos. Essa corrente vai dizer que empresa é a atividade e empresário é aquele que
exerce a atividade da empresa, não tendo como haver o exercício da empresa sem o empresário
e nem o empresário sem o exercício da atividade.

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Para essa corrente, o representante e o gerente não são empresários, porque o patrimônio
deles não está em jogo, mas apenas o patrimônio do incapaz. Aliás, o professor até disse que o
patrimônio pessoal do incapaz anterior à incapacidade era protegido, sendo o patrimônio
posterior e decorrente da atividade passível de execução.
Diante disso, a segunda corrente vai dizer que o empresário é o incapaz. Então, aqui há
uma hipótese de exceção acerca de quem pode exercer a atividade da empresa, fundada no
princípio da preservação da empresa.
É uma pergunta tradicionalista de prova: o incapaz pode ser empresário no Brasil? Em
regra, não, mas excepcionalmente, na única paisagem, que está no artigo 974 do CC, o incapaz
pode ser empresário.
Isso é bem aprofundado, porque fica claro que não existe empresa sem empresário,
sendo permitido que o incapaz seja empresário, em razão do princípio da preservação da
empresa, com um apoio ministerial, sendo ato precário e havendo inúmeros atos de segurança,
conforme o professor já mencionou.
O professor continua o estudo. Vimos que para que alguém seja empresário, é necessário
que: 1) exerça a empresa, nos termos do artigo 966 do CC, o que já estudamos; 2) tenha
capacidade, com a exceção do artigo 974 do CC; e 3) inexistir impedimentos.
Falta estudar o requisito do impedimento. Impedido é aquele que é regulado por lei
própria, que o proíbe de exercer a empresa, como ocorre com o Delegado de Polícia, o Juiz, o
Promotor, o Procurador, Militar, Defensor Público estadual e federal e o Falido. Então,
impedido é aquele que tem uma lei própria, que diz que pode exercer a atividade de empresa,
havendo uma lista de casos.
Exemplo: Digamos que o aluno passe no concurso da AGU e queira abrir uma padaria
sozinho, sem sócios e sem ser EIRELI, mas empresário individual, isto é, sozinho quer exercer
a atividade da padaria, contratando funcionários, entre outros. É importante ficar claro que é
possível ser sócio, mas não é possível exercer a atividade de empresário.
É importante notar que o ato do impedido é diferente do incapaz. O ato do incapaz
é nulo, enquanto o ato do impedido é válido. Se o impedido contrata empregados e
fornecedores, ele terá que pagar aos funcionários e os fornecedores, mas este impedido sofrerá
consequências que podem ser na esfera administrativa (um militar pode até ser preso) e civil,
porque haverá irregularidade, por haver desarmonia com a lei e o registro público. A
irregularidade civil causa inúmeras penalidades, como o impedimento de se participar de
licitações, de pedir a falência de alguém, etc., mas, mesmo assim, é caso de empresário
irregular.
Justamente em razão do fato de o impedido constituir um empresário irregular, a
doutrina vai dizer que não é um requisito para a sua existência como empresário. Isso porque,
existe um empresário, mas este está irregular. Desse modo, não ser impedido não é requisito
para ser empresário, porque mesmo impedido, pode-se chamar o impedido de empresário.

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Essa visão é da corrente majoritária, que entende que os requisitos para ser
empresário é exercer empresa e ter capacidade. Agora, os requisitos para regular o exercício
da empresa são muitos outros, sendo um deles não ser impedido.
O professor pensa dessa maneira e, independentemente disso, é a forma que se deve
pensar em prova. Esses pontos são de extrema relevância.

1.1. APONTAMENTOS SOBRE O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL


Analisando o tripé (empresa, empresário e estabelecimento), já estudamos o conceito de
empresa e observações sobre empresários, falta estudarmos sobre os empresários em espécie
que são: individual, sociedade e EIRELI.
Na próxima aula estudaremos sobre o empresário INDIVIDUAL, sendo os seguintes
tópicos abordados:
- Introdução
- Empresário individual e sua vida privada
- Pontos relevantes
- Falecimento e empresário individual
Na próxima aula, o professor tratará apenas da introdução ao empresário individual,
sendo que na aula seguinte tratará dos demais pontos. Por exemplo: é possível desconsiderar a
personalidade do empresário individual? O empresário individual deve ter dedicação exclusiva?
O empresário individual apenas pode ter uma loja? São diversos os apontamentos a serem
feitos, sendo ainda importante estudar o que ocorre após a morte do empresário individual.
Até aqui, vimos os princípios do Direito Empresarial e ainda estamos tentando aprender
os conceitos basilares do Direito Empresarial, que são Empresa, Empresário e Estabelecimento.

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