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DIREITO

EMPRESARIAL E
TRIBUTÁRIO

Professora Esp. Renata Monteiro de Andrade

GRADUAÇÃO

Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida
Direção de Relacionamento
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Head de Produção de Conteúdos
Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli
Gerência de Produção de Conteúdo
Juliano de Souza
Supervisão do Núcleo de Produção de
Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Coordenador de Conteúdo
José Manoel da Costa
Lideranças de área
Angelita Brandão, Daniel F. Hey, Hellyery Agda
Design Educacional
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Isabela Agulhon Ventura
Distância; ANDRADE, Renata Monteiro de.
Iconografia
Direito Empresarial e Tributário. Renata Monteiro de Andrade. Ana Carolina Martins Prado
(Reimpressão)
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. Projeto Gráfico
188 p. Jaime de Marchi Junior
“Graduação - EaD”. José Jhonny Coelho

1. Direito. 2. Empresarial. 3. Tributário. 4. EaD. I. Título. Arte Capa
André Morais de Freitas
ISBN 978-85-459-0534-9
Editoração
CDD - 22 ed. 341
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Victor Augusto Thomazini
Revisão Textual
Daniela Ferreira dos Santos
Pedro Afonso Barth
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Ilustração
Bruno Cesar Pardinho
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um
grande desafio para todos os cidadãos. A busca
por tecnologia, informação, conhecimento de
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a
educação de qualidade nas diferentes áreas do
conhecimento, formando profissionais cidadãos
que contribuam para o desenvolvimento de uma
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais
e sociais; a realização de uma prática acadêmica
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização
do conhecimento acadêmico com a articulação e
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela
qualidade e compromisso do corpo docente;
aquisição de competências institucionais para
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade
da oferta dos ensinos presencial e a distância;
bem-estar e satisfação da comunidade interna;
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de
cooperação e parceria com o mundo do trabalho,
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou
seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de
Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista
às aulas ao vivo e participe das discussões. Além dis-
so, lembre-se que existe uma equipe de professores
e tutores que se encontra disponível para sanar suas
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza-
gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e
segurança sua trajetória acadêmica.
AUTORA

Professora Esp. Renata Monteiro de Andrade


Especialização em Empreendimentos e Negócios Imobiliários pelo Centro
Universitário Cesumar (Unicesumar/2015). Especialização em Direito
Empresarial pela Universidade Paranaense (UNIPAR/2006). Graduação em
Direito pela UNIPAR (2005). Atualmente é professora titular do Unicesumar.
Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Empresarial.

Lattes: <http://lattes.cnpq.br/9101607861095025>.
APRESENTAÇÃO

DIREITO EMPRESARIAL E TRIBUTÁRIO

SEJA BEM-VINDO(A)!
Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)!
Neste livro, trataremos de temas importantes tanto para o desenvolvimento profissional
quanto para o pessoal, tendo em vista que se trata do Direito Empresarial e Tributário,
duas esferas do direito de grande importância para desenvolvimento econômico e so-
cial, visto que, em nossa sociedade capitalista, as empresas possuem objetivo principal
em auferir lucro, e dessa forma por meio dos pagamentos dos impostos e salários mo-
vimentam a economia.
Dois ramos do Direito diferentes, mas relacionados entre si, e para tanto, imprescindível
entender conceito do Direito Empresarial, bem como os princípios específicos relacio-
nados à atividade, para entender quem pode exercer atividade empresarial, quais seus
requisitos diante do entendimento do que significa empresa e atividade, sem esquecer
do estabelecimento e da legalização da empresa.
Após visualizar conceitos sobre empresas e empresários, entendemos que alguns as-
pectos sobre as sociedades e suas classificações, formas de constituição e, principal-
mente, como constituir estabelecendo as diferenças entre cada uma delas, como ocorre
a administração de acordo com as leis aplicadas para discernir qual a melhor forma de
sociedade é mais adequada à sua necessidade, finalizando com as operações societárias
que podem ser realizadas.
Seguimos para as noções do Direito Tributário e seus aspectos relevantes principalmen-
te na existência da relação jurídica entre as pessoas e o ente público sendo primordial
entender o momento do surgimento dessa relação e o motivo pelo qual ela surge, par-
tindo do pressuposto de conceitos do direito tributário seguindo para fontes que são
essenciais para interpretação de qualquer direito.
Como funciona o sistema tributário nacional, como são instituídos os tributos e quais
são os princípios e limites desse poder tão relevante atualmente, são temas debatidos
atualmente em nossas câmaras legislativas.
Em seguida, passaremos a conhecer as principais leis aplicadas ao Direito Tributário para
entender sua aplicabilidade e conhecer as formas de aplicação. Para que não haja qual-
quer sanção, é necessário compreender o motivo do surgimento da obrigação tributária
para instituir a responsabilidade tributária a quem for de direito, finalizando esta unida-
de com formas de suspensão, exclusão e extinção do crédito tributário.
E, finalmente, conheceremos a competência tributária e as espécies de tributos, princi-
palmente, os principais tributos instituídos pela União, Estados e Municípios, apresen-
tando algumas regras encerrando nossos estudos com funcionamento das taxas, contri-
buições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais.
Bons estudos!
Prof.ª Renata Monteiro de Andrade
09
SUMÁRIO

UNIDADE I

DO DIREITO EMPRESARIAL

15 Introdução

16 Direito Empresarial

21 Conceitos de Empresário

27 Cônjuges

28 Empresa e Atividade Empresarial

33 Registro e Legalização das Empresas

39 Contabilista

40 Considerações Finais

45 Referências

47 Gabarito

UNIDADE II

SOCIEDADES

53 Introdução

54 Conceito de Sociedades

55 Classificação das Sociedades

73 Sociedade Comum

76 Desconsideração da Personalidade Jurídica

78 Considerações Finais

83 Referências

84 Gabarito
10
SUMÁRIO

UNIDADE III

NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO

87 Introdução

88 Noções de Direito Tributário

90 Fontes do Direito Tributário

95 Sistema Tributário Nacional

96 Funções dos Tributos 

100 Princípios e Limitações do Poder de Tributar

105 Considerações Finais

110 Referências

111 Gabarito

UNIDADE IV

DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS

115 Introdução

116 Legislação Tributária

126 Relação Jurídica Tributária

131 Capacidade Tributária

133 Crédito Tributário 

141 Considerações Finais

147 Referências

148 Gabarito
11
SUMÁRIO

UNIDADE V

DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E OS TRIBUTOS EM ESPÉCIE

153 Introdução

154 Competência Tributária

158 Espécies de Tributos

181 Considerações Finais

185 Referências

186 Gabarito

188 CONCLUSÃO
Professora Esp. Renata Monteiro de Andrade

I
UNIDADE
DO DIREITO EMPRESARIAL

Objetivos de Aprendizagem
■■ Entender os conceitos do Direito Empresarial.
■■ Compreender os princípios específicos da atividade empresarial.
■■ Conceituar empresário e saber quem possui capacidade para ser
empresário.
■■ Aprender quem não pode ser empresário.
■■ Assimilar conceito de empresa e atividade empresarial.
■■ Instruir-se de como se realiza o registro e legalização das empresas.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Direito empresarial
■■ Conceitos de empresário
■■ Cônjuges
■■ Empresa e atividade empresarial
■■ Registro e legalização das empresas
■■ Contabilista
15

INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a), esta unidade tem por objetivo a sua compreensão sobre
o Direito Empresarial, assunto que estará presente tanto na vida profissional de
qualquer gestor ou administrador.
Devemos entender os conceitos trazidos pelos grandes doutrinadores sobre
Direito Empresarial para que possamos delinear as obrigações estabelecidas na
legislação, principalmente motivos e as relações existentes entre as pessoas e a
empresa para que não haja qualquer prejuízo à empresa ou ao profissional.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Em sequência, entendemos as características próprias do Direito empresa-


rial, baseada na simplicidade e facilidade na compreensão, bem como princípios
constitucionais estabelecidos.
O conteúdo trazido nesta unidade não será utilizado apenas como forma de
avaliação ou em trabalhos posteriores, visto que faz parte de um universo repleto
de informações que serão utilizadas no cotidiano da vida de cada um.
O mundo da legislação é repleto de informações e, para que exista uma
compreensão desta, devemos absorver os conceitos de empresário, empresa,
atividade comercial e, principalmente, as exceções existentes, sem esquecer que
para todos os atos esbarramos na plena capacidade civil, visto que para exercí-
cio da atividade deve o empresário possuir requisitos legais para tal e proibições
que devem ser conhecidas.
Vamos aprender o conceito de empresário individual, a nova modalidade
de Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI). Após enten-
der conceitos essenciais e suas aplicações, teremos uma breve explanação sobre
registro e legalização das empresas, que será tratado mais profundamente na
próxima unidade.
Seria imprudente entender sobre espécies de empresa sem abranger os con-
ceitos de estabelecimento e ponto comercial, por isso, vamos também abordar
este tema.
Nosso objetivo é trazer o máximo de conhecimento e informação para que
haja a construção desse universo cheio de dúvidas que surgirão no decorrer de
nossos estudos, lembrando que estaremos juntos nesta busca incessante.
Vamos lá! Ótimo estudo!

Introdução
16 UNIDADE I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
©shutterstock

DIREITO EMPRESARIAL

Caro(a) aluno(a), precisamos compreender as mudanças ocorridas na legisla-


ção que foram muito importantes para o desenvolvimento do instituto. Antes da
vigência do Código Civil ocorrida em 2002, o Direito Empresarial era tratado
como Direito comercial, havendo inclusive um código específico que foi revo-
gado quase inteiramente pelo Código Civil de 2002, mantendo somente em vigor
a segunda parte que trata exclusivamente do comércio marítimo.
Essa modificação na terminologia se deve à modificação da teoria adotada
pelos códigos, ou seja, o Código Comercial adotava a teoria dos atos do comér-
cio, por isso, era tratado como Direito comercial. O Código Civil atualizado em
2002 adotou a teoria de empresa passando a ser mais abrangente que a teoria ante-
rior, não considerando atividade empresarial apenas as de natureza intelectual.
Para Teixeira (2013, p. 32):
Direito empresarial seria apenas a expressão ‘Direito Comercial’ atuali-
zada. Boa parte da doutrina continua a usar Direito Comercial, inclusi-
ve nos títulos das obras. Independentemente da terminologia, trata-se
de um ramo do Direito.

Segundo Santos (2010, p. 13): “[...] o Direito Empresarial é o ramo do Direito que
tem por objeto a regulamentação da atividade econômica daqueles que atuam na
circulação ou produção de bens, bem como na prestação de serviços”.

DO DIREITO EMPRESARIAL
17

Nossa Constituição Federal (1988) assegura autonomia do Direito Empresarial


estabelecida em seu artigo 22, inciso II que define: “Art. 22. Compete privativamente
à União legislar sobre: I - Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho” (BRASIL, 1988, on-line)1.
Coelho (2002, p. 04) nos ensina:
O direito comercial cuida do exercício dessa atividade econômica orga-
nizada de fornecimento de bens ou serviços, denominada empresa. Seu
objeto é o estudo dos meios socialmente estruturados de superação dos
conflitos de interesses envolvendo empresários ou relacionados às em-
presas que exploram. As leis e a forma pela qual são interpretadas pela
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

jurisprudência e doutrina, valores prestigiados pela sociedade, bem as-


sim o funcionamento dos aparatos estatal e paraestatal, na superação
desses conflitos de interesses e formam o objeto da disciplina.

Lembremo-nos que as regras do Direito também são estabelecidas por suas fon-
tes, de acordo com ensinamentos de Teixeira (2013) tratadas como primárias
ou secundárias em que as primeiras são as leis, por exemplo, Lei de falência,
Lei da franquia, Lei da Duplicata mercantil, inclusive a Constituição Federal,
entre outras. A segunda ou secundárias são usos e costumes que são as práticas
reiteradas que passam a ser aceitas pelos empresários como regras, passando a
vigorar quando não houver norma expressa sobre assunto, por exemplo, emis-
são de pagamento de boletos bancários.
Dentro do Direito Empresarial, tratamos de direito societário, direito falimen-
tar, direito industrial, direito cambiário, direito concorrencial, direito bancário,
direito de mercado de capitais, direito marítimo, direito securitário, entre outros.
Segundo Teixeira (2013, p. 38): “[...] objeto do direito empresarial é essen-
cialmente, regular as relações entre empresários e dispor sobre as regras das
sociedades empresariais”.
Gomes (2007) apresenta algumas características que diferenciam o Direito
Empresarial por apresentar características próprias que são:
■■ Simplicidade: afigura-se como um elemento próprio do comércio, visto
que ele atende às necessidades da sociedade e tais necessidades (como ali-
mentos, o vestuário e mesmo o crédito) são imediatas, daí a ausência de
formas rígidas para prática dos atos jurídicos no Direito comercial, que
valoriza as práticas adotadas, ou seja, os costumes.

Direito Empresarial
18 UNIDADE I

■■ Universalismo: todas as pessoas em qualquer lugar no mundo necessitam


de alimentos e de vestuário, tais necessidades são muitas vezes comuns e
universais, tudo isso, inegavelmente, imprimiu no direito comercial um
caráter universal ou cosmopolita e conduziu à padronização de muitas
das normas nesta matéria.
■■ Onerosidade: a onerosidade é um elemento incluído a toda relação
comercial. O empresário desenvolve sua atividade de produção de bens,
circulação de bens ou de serviços de forma a obter lucro. O elemento-
-chave nesse ponto é a especulação com a finalidade de lucro.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Individualismo: o lucro é a preocupação imediata do interesse individual.
■■ Fragmentarismo: há um conjunto de regras que os norteiam, pois, direito
empresarial vincula-se a outros ramos do direito, mesmo que haja carac-
terísticas próprias, ela deve estar em harmonia com outras leis.
■■ Dinamismo: o Direito Empresarial é dinâmico e está sempre em cons-
tante desenvolvimento, aderindo a novas tecnologias, o que resulta na
prática de novas práticas comerciais.

Como todos os ramos do Direito, atividade empresarial também possui seus prin-
cípios específicos, estes trazidos pela Constituição Federal (1988), que estabelece:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:

I - soberania nacional.

II - propriedade privada.

III - função social da propriedade.

IV - livre concorrência.

V - defesa do consumidor.

VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferen-


ciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus
processos de elaboração e prestação.

DO DIREITO EMPRESARIAL
19

IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte cons-


tituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração
no País.

Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer ati-


vidade econômica, independentemente de autorização de órgãos públi-
cos, salvo nos casos previstos em lei (BRASIL, 1988, on-line)1.

No caput, apresenta-se Valorização do Trabalho humano, em resumo, o empre-


sário realiza sua atividade empregando seu capital na valorização do trabalho
humano assumindo os riscos do negócio para obtenção do lucro.
O princípio da livre iniciativa nos ensinamentos de Coelho (2007) se
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

desdobra em quatro condições fundamentais para o funcionamento eficiente


do modo de produção capitalista: 1) imprescindibilidade da empresa privada
para que a sociedade tenha acesso aos bens e serviços de que necessita para
sobreviver; 2) busca do lucro como principal motivação dos empresários;
3) necessidade jurídica de proteção do investimento privado e 4) reconhe-
cimento da empresa privada como polo gerador de empregos e de riquezas
para a sociedade. Não havendo necessidade de autorização do Estado para
exercício da atividade econômica, o governo exerce somente a função de fis-
calização e regulamentação, lembrando que sem a livre iniciativa não há
economia de mercado.
O princípio da Soberania Nacional, diferentemente do apresentado pelo
art. 1.º da Constituição Federal, é o poder do Estado por meio dos instrumen-
tos legais para gerenciar a ordem econômica fazendo com que sejam cumpridas.
Princípio Função Social da propriedade: garantir e defender a proprie-
dade privada dos meios de produção é pressuposto fundamental do regime
capitalista de livre mercado. Ausente a propriedade privada, não há também
mercado, obviamente. “Não havendo mercado, não há como negociar os bens
e serviços em produção e circulação de forma legítima e eficiente” (RAMOS,
2014, p. 49).
Princípio da livre concorrência estabelecida pela Constituição Federal
(1988) em seu art. 173 § 4.º determina:

Direito Empresarial
20 UNIDADE I

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a explora-


ção direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quan-
do necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo, conforme definidos em lei.
[...]

§ 4.º A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação


dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário
dos lucros (BRASIL, 1988, on-line)1.

Esse princípio foi regulamentado pela Lei nº 12.529/2011, dispondo sobre sis-
tema brasileiro de defesa da concorrência e prevenção e repressão às infrações

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
contra a ordem econômica.
Os empresários possuem a garantia constitucional de concorrer livremente
entre si sem a intervenção do Estado, desde que não pratique qualquer infra-
ção legal.
Princípio da Defesa do consumidor: ganhou bastante importância no
decorrer dos tempos, tanto que passou a ser regulamentado pelo seu próprio
código. Este princípio determina que a atividade econômica deve sempre pro-
teger a parte mais fraca na relação.
Princípio da Defesa do meio ambiente: a partir da Emenda Constitucional
42, inovou o tratamento a esse princípio valorando àquele que se preocupa com
o meio ambiente e penalizando aquele que o desrespeita, trazendo obrigações
constitucionais e submetendo responsabilidades aos Estados de acordo com o
agente que o pratica.
Princípio do Tratamento favorecido às empresas de pequeno porte:
visando a redução das desigualdades, o Estado cria Leis para incentivar os
pequenos empresários para que exerçam sua atividade econômica em igual-
dade com as grandes empresas. Esse princípio foi regulamentado por uma Lei
complementar nº 123/2006, estabelecendo empresa de pequeno porte, criando
o sistema SIMPLES.
Contudo, nos ensina Teixeira (2013, p. 43):
[...] a todos é assegurado o direito de participar da economia, por meio
desenvolvimento de atividade industrial, comercial ou prestação de
serviço, desde que atendidos os requisitos de capacidade do agente e o
respeito aos impedimentos legais.

DO DIREITO EMPRESARIAL
21

©shutterstock
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

CONCEITOS DE EMPRESÁRIO

Coelho (2012, p. 145) define empresário como sendo:


[...] a pessoa que toma a iniciativa de organizar uma atividade econô-
mica de produção ou circulação de bens ou serviços. Essa pessoa pode
ser tanto a física, que emprega seu dinheiro e organiza a empresa indi-
vidualmente como a jurídica, nascida da união de esforços de seus in-
tegrantes. A pessoa jurídica empresária é cotidianamente denominada
‘empresa’, e os seus sócios são chamados ‘empresários’.

O conceito de empresário é apresentado pelo Código Civil em seu artigo 966 que
determina: “Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de
serviços” (BRASIL, 2002, on-line)2.
Para melhor compreensão, utilizaremos os ensinamentos de Coelho (2002,
p. 11) para entendermos a definição de cada parte:
Profissionalismo: a noção de exercício profissional de certa atividade
é associada, na doutrina, às considerações de três ordens. A primeira
diz respeito à habitualidade. Não se considera profissional quem reali-
za tarefas de modo esporádico. Não será empresário, por conseguinte,
aquele que organizar episodicamente a produção de certa mercadoria,
mesmo destinando-a à venda no mercado. Se está apenas fazendo um
teste, com o objetivo de verificar se tem apreço ou desapreço pela vida
empresarial ou para socorrer situação emergencial em suas finanças, e
não se torna habitual o exercício da atividade, então, ele não é empresá-
rio. O segundo aspecto do profissionalismo é a pessoalidade. O empre-
sário, no exercício da atividade empresarial, deve contratar empregados.
São estes que, materialmente falando, produzem ou fazem circular bens
ou serviços. O requisito da pessoalidade explica por que não é o em-

Conceitos de Empresário
22 UNIDADE I

pregado considerado empresário. Enquanto este último, na condição


de profissional, exerce a atividade empresarial pessoalmente, os empre-
gados, quando produzem ou circulam bens ou serviços, fazem-no em
nome do empregador. Estes dois pontos normalmente destacados pela
doutrina, na discussão do conceito de profissionalismo, não são os mais
importantes. A decorrência mais relevante da noção está no monopólio
das informações que o empresário detém sobre o produto ou serviço
objeto de sua empresa. Este é o sentido com que se costuma empre-
gar o termo no âmbito das relações de consumo. Como o empresário é
um profissional, as informações sobre os bens ou serviços que oferecem
ao mercado — especialmente as que dizem respeito às suas condições
de uso, qualidade, insumos empregados, defeitos de fabricação, riscos

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
potenciais à saúde ou vida dos consumidores — costumam ser de seu
inteiro conhecimento. Porque profissional, o empresário tem o dever de
conhecer estes e outros aspectos dos bens ou serviços por ele forneci-
dos, bem como o de informar amplamente os consumidores e usuários.
Atividade: se empresário é o exercente profissional de uma atividade
econômica organizada, então, empresa é uma atividade; a de produção
ou circulação de bens ou serviços. É importante destacar a questão. Na
linguagem cotidiana, mesmo nos meios jurídicos, usa-se a expressão
“empresa” com diferentes e impróprios significados. Se alguém diz “a
empresa faliu” ou “a empresa importou essas mercadorias”, o termo é
utilizado de forma errada, não técnica. A empresa, enquanto atividade,
não se confunde com o sujeito de direito que a explora, o empresário. É
ele que fale ou importa mercadorias. Similarmente, se uma pessoa ex-
clama “a empresa está pegando fogo!” ou constata “a empresa foi refor-
mada, ficou mais bonita”, está empregando o conceito equivocadamen-
te. Não se pode confundir a empresa com o local em que a atividade é
desenvolvida. O conceito correto nessas frases é o de estabelecimento
empresarial; este sim pode incendiar-se ou ser embelezado, nunca a
atividade. Por fim, também é equivocado o uso da expressão como si-
nónimo de sociedade. Não se diz “separam-se os bens da empresa e os
dos sócios em patrimônios distintos”, mas, “separam-se os bens sociais
e os dos sócios”; não se deve dizer “fulano e beltrano abriram uma em-
presa”, mas “eles contrataram uma sociedade”.
Econômica: a atividade empresarial é econômica no sentido de que
busca gerar lucro para quem a explora. Note-se que o lucro pode ser
o objetivo da produção ou circulação de bens ou serviços, ou apenas o
instrumento para alcançar outras finalidades. Religiosos podem prestar
serviços educacionais (em uma escola ou universidade) sem visar espe-
cificamente o lucro. É evidente que, no capitalismo, nenhuma atividade
econômica se mantém sem lucratividade e, por isso, o valor total das
mensalidades deve superar o das despesas também nesses estabeleci-

DO DIREITO EMPRESARIAL
23

mentos. Mas a escola ou universidade religiosa pode ter objetivos não


lucrativos, como a difusão de valores ou criação de postos de emprego
para os seus sacerdotes. Neste caso, o lucro é meio e não fim da atividade
econômica.
Organizada: a empresa é atividade organizada no sentido de que nela
se encontram articulados, pelo empresário, os quatro fatores de pro-
dução: capital, mão de obra, insumos e tecnologia. Não é empresário
quem explora atividade de produção ou circulação de bens ou servi-
ços sem alguns desses fatores. O comerciante de perfumes que leva ele
mesmo, à sacola, os produtos até os locais de trabalho ou residência dos
potenciais consumidores explora atividade de circulação de bens, fá-lo
com intuito de lucro, habitualidade e em nome próprio, mas não é em-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

presário, porque em seu mister não contrata empregado, não organiza


mão de obra. A tecnologia, ressalte-se, não precisa ser necessariamente
de ponta, para que se caracterize a empresarialidade.

Exige-se apenas que o empresário se valha dos conhecimentos próprios aos bens
ou serviços que pretende oferecer ao mercado — sejam estes sofisticados ou de
amplo conhecimento — ao estruturar a organização econômica.
■■ Produção de bens ou serviços: produção de bens é a fabricação de
produtos ou mercadorias. Toda atividade de indústria é, por definição,
empresarial. Produção de serviços, por sua vez, é a prestação de serviços.
São exemplos de empresários que produzem bens: os donos de monta-
dora de veículos, fábrica de eletrodomésticos, confecção de roupas; e dos
que produzem serviços: os de banco, seguradora, hospital, escola, esta-
cionamento, provedor de acesso à internet.
■■ Circulação de bens ou serviços: a atividade de circular bens é a do comér-
cio, em sua manifestação originária: ir buscar o bem no produtor para
trazê-lo ao consumidor. E a atividade de intermediação na cadeia de esco-
amento de mercadorias. O conceito de empresário compreende tanto o
atacadista como o varejista, tanto o comerciante de insumos como o de
mercadorias prontas para o consumo. Os donos de supermercados, con-
cessionárias de automóveis e lojas de roupas são empresários. Circular
serviços é intermediar a prestação de serviços. A agência de turismo não
presta os serviços de transporte aéreo, traslados e hospedagem, mas, ao
montar um pacote de viagem, os intermedia.

■■ Bens ou serviços: até a difusão do comércio eletrônico via internet, no

Conceitos de Empresário
24 UNIDADE I

fim dos anos 1990, a distinção entre bens ou serviços não comportava, na
maioria das vezes, maiores dificuldades. Bens são corpóreos, enquanto os
serviços não têm materialidade. A prestação de serviços consistia sem-
pre em uma obrigação de fazer. Com a intensificação do uso da internet
para a realização de negócios e atos de consumo, certas atividades resis-
tem à classificação nesses moldes.

Para Teixeira (2014, p. 58):


As modalidades podem ser desenvolvidas individualmente ou conco-
mitantemente pelo empresário. Hipoteticamente, uma empresa pode

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
produzir e circular bens ao mesmo tempo (como uma fábrica que man-
tém loja varejista na porta do seu estabelecimento industrial); ou pode
circular bens e prestar serviço concomitantemente (por exemplo, uma
concessionária que vende veículos e realiza assistência técnica).

CAPACIDADE DE SER EMPRESÁRIO

A Lei determina que poderá exercer atividade como empresário aquele que esteja
em pleno gozo da capacidade civil (art. 972 Código Civil), e não haja qualquer
impedimento legal para exercício. Desse modo, primeiro, vamos entender o que
apresenta o Código Civil acerca da capacidade em seu art. 5.º e parágrafo único:
Art. 5.º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pes-
soa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante


instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou
por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos
completos.

II - pelo casamento.

III - pelo exercício de emprego público efetivo.

IV - pela colação de grau em curso de ensino superior.

V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de re-


lação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis
anos completos tenha economia própria (BRASIL, 2002, on-line)2.

DO DIREITO EMPRESARIAL
25

Observa-se o inciso V, “[...] se o menor tem autonomia econômica, o juiz deve


reconhecer essa autonomia para que uma situação de fato passe a ser de direito,
devendo assim ser levado a registro” (FERREIRA, 1962, p. 109).
Ainda com relação à capacidade, importante observar que poderá um inca-
paz por meio de seu representante ser empresário, de acordo com a legislação,
conforme art. 974 do Código Civil:
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente
assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz,
por seus pais ou pelo autor de herança.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

§ 1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame


das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência
em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos
os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem
prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.

§ 2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz


já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos
ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder
a autorização.

§ 3º O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Co-


merciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de socie-
dade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjun-
ta, os seguintes pressupostos:

I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade.

II – o capital social deve ser totalmente integralizado.

III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente


incapaz deve ser representado por seus representantes legais (BRASIL,
2002, on-line)2.

No entanto, existem alguns impedimentos legais para exercício da atividade, tra-


zidos pela legislação:
O Falido não reabilitado de acordo com Lei de falências nº 11.101/2005
em seu art. 102 e 181 § 1.º:
Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade em-
presarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue
suas obrigações, respeitado o disposto no § 1o do art. 181 desta Lei.

Conceitos de Empresário
26 UNIDADE I

Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá re-


querer ao juiz da falência que proceda à respectiva anotação em seu
registro.

Art. 181. São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei:

[...]

§ 1º Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo


ser motivadamente declarados na sentença, e perdurarão até 5 (cinco)
anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes
pela reabilitação penal (BRASIL, 2005, on-line)3.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Funcionário Público: eis que não devem se preocupar com situações que não
se referem ao cargo que ocupam, e ainda dependendo do cargo, o exercício da
atividade pode favorecer uma empresa ou pessoa, o que é vedado por lei, neste
sentido estabelece a Lei nº 8.112/90:
Art. 117. Ao servidor é proibido: X - participar de gerência ou adminis-
tração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exer-
cer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditá-
rio (BRASIL, 1990, on-line)4.

Caso o funcionário público descumpra o que estabelece a legislação, estará sujeito


à sanção administrativa, podendo até perder seu cargo.
Militar: considerado um funcionário público, valendo-se da mesma justifica-
tiva, no entanto, há disposição específica Decreto-lei nº 1.001/69 em seu art. 204:
Art. 204. Comerciar o oficial da ativa, ou tomar parte na administração
ou gerência de sociedade comercial, ou dela ser sócio ou participar,
exceto como acionista ou cotista em sociedade anônima, ou por cotas
de responsabilidade limitada:

Pena - suspensão do exercício do pôsto, de seis meses a dois anos, ou


reforma (BRASIL, 1969, on-line)5.

Devedor do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS): Lei nº 8.212/91, art.


95, § 2º:
[…]§ 2º A empresa que transgredir as normas desta Lei, além das
outras sanções previstas, sujeitar-se-á, nas condições em que dis-
puser o regulamento: d) à interdição para o exercício do comércio,
se for sociedade mercantil ou comerciante individual[…] (BRA-
SIL,1991, on-line)6.

DO DIREITO EMPRESARIAL
27

Há outras restrições aos devedores do INSS, como o impedimento para participar


de licitações públicas; além de eventuais dificuldades para realizar o encerra-
mento da atividade econômica, entre outras.
Estrangeiros podem exercer atividade comercial, mas os limites estão estabeleci-
dos na Constituição Federal (1988), especificamente art. 176 §1.º e 222 que determina:
Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e
os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta
do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à
União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos


potenciais a que se refere o “caput” deste artigo somente poderão ser
efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse
nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras
e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que esta-
belecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvol-
verem em faixa de fronteira ou terras indígenas.

Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão so-


nora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturali-
zados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob
as leis brasileiras e que tenham sede no País (BRASIL, 1988, on-line,
grifo nosso)1.

CÔNJUGES

De acordo com o Código Civil,


os cônjuges podem constituir
sociedades empresárias entre
si ou com terceiros, mas a lei
reserva uma exceção para
aqueles casados em regime
comunhão universal de bens
ou em separação obrigatória, ©shutterstock

Cônjuges
28 UNIDADE I

conforme estabelece o artigo: “Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar socie-
dade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da
comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória” (BRASIL, 2002,
on-line)2.
Caro(a) aluno(a), para explicar as exceções, pensemos que no caso da união
com comunhão universal de bens, ou seja, comunicam-se todos os bens adqui-
ridos antes ou depois do casamento, de modo que seria como uma sociedade a
uma só pessoa, portanto, não haveria segurança jurídica, já que se trata de uma
universalidade de bens, além da falha na administração acarretaria um grande

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
prejuízo familiar. Já o regime de separação obrigatória é para evitar fraudes, um
ficar transferindo para outros os bens e prejudicando terceiros.
Todos os atos (inclusive os da vida civil) que envolvam o empresário
devem ser registrados no Registro Público das Empresas Mercantis,
como doação, pacto antenupcial, separação etc. (CC, arts. 979 e 980),
visando que aqueles que contratem com o empresário possam ter aces-
so às informações e noção de como está o seu patrimônio, para fins de
cumprimento das obrigações, principalmente no caso de desconsidera-
ção da personalidade jurídica (TEIXEIRA, 2016, p. 88).

EMPRESA E ATIVIDADE EMPRESARIAL

Caro(a) aluno(a), diante


do conceito de empresário,
ficou evidente a definição de
empresa que é atividade eco-
nômica organizada exercida
profissionalmente. Asquini
(apud TEIXEIRA, 2016, p.
58) define empresa segundo
teoria poliédrica explicita-
dos da seguinte forma: ©shutterstock

DO DIREITO EMPRESARIAL
29

1) objetivo: a empresa significa patrimônio, ou melhor, estabeleci-


mento, enquanto conjunto de bens destinados ao exercício da empresa
(nesse sentido: art. 1.142 do Código Civil).

2) subjetivo: a empresa é entendida como sujeito de direitos, no caso, o


empresário, individual (pessoa natural) ou sociedade empresária (pes-
soa jurídica), que possui personalidade jurídica, com a capacidade de
adquirir direitos e contrair obrigações (nesse sentido: arts. 966 e 981 do
Código Civil).

3) corporativo: a empresa significa uma instituição, como um conjun-


to de pessoas (empresário, empregados e colaboradores) em razão de
um objetivo comum: um resultado produtivo útil.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

4) funcional (ou dinâmico): a empresa significa atividade empresa-


rial, sendo uma organização produtiva a partir da coordenação pelo
empresário dos fatores de produção (capital, trabalho, matéria-prima e
tecnologia) para alcançar sua finalidade (que é o lucro).

Para Coelho (2012, p. 145):


A pessoa jurídica empresária é cotidianamente denominada “em-
presa”, e os seus sócios são chamados “empresários”. Em termos téc-
nicos, contudo, empresa é a atividade, e não a pessoa que a explora;
e empresário não é o sócio da sociedade empresarial, mas a própria
sociedade. É necessário, assim, acentuar, de modo enfático, que o
integrante de uma sociedade empresária (o sócio) não é empresário;
não está, por conseguinte, sujeito às normas que definem os direitos
e deveres do empresário.

Atividade empresarial é “[...] o elemento da empresa que implica a organização


racional dos fatores de produção” (GOMES, 2007, p. 36). Já Teixeira (2016, p. 60)
esclarece que “[...] pode-se dizer que a atividade é uma organização profissional
para produção ou circulação de bens ou de serviços com a finalidade de lucro”.
No entanto, existem atividades que não são consideradas empresariais em
razão das exceções trazidas pelo Código Civil no parágrafo único do artigo 966
que estabelece:
Art. 966 [...]

Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão


intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profis-
são constituir elemento de empresa (BRASIL, 2002, on-line)2.

Empresa e Atividade Empresarial


30 UNIDADE I

Para Teixeira (2016, p. 61):


As atividades intelectuais são aquelas que necessitam de um esforço
criador que, por sua vez, está na mente do profissional que a realiza,
como no caso de médicos, arquitetos etc. São atividades personalíssi-
mas, por não se admitir, via de regra, a fungibilidade do devedor quan-
to à sua prestação, ou seja, o devedor não pode ser substituído.

Para melhor entender, o autor complementa com conceitos de atividades cien-


tífica, literária e artística:
A atividade de natureza científica está relacionada com quem é pesqui-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sador ou cientista, ou seja, alguém especializado em uma ciência (co-
nhecimentos sistêmicos). As atividades realizadas pelos profissionais de
uma das áreas do conhecimento (humanas, exatas e biológicas) podem
se enquadrar na atividade intelectual, citando-se, como exemplos, o
preparador físico, o fisioterapeuta, o psicólogo, o químico, médico etc.
Pode-se dizer que esses são cientistas nas suas respectivas áreas.
Já a atividade de natureza literária está relacionada com a expressão
da linguagem, ideias, sentidos e símbolos, especialmente por meio da
escrita. Nesse sentido, o escritor, o compositor, o poeta, o jornalista etc.
São exemplos de profissionais que exercem atividade de natureza literá-
ria. O literário é intelectual, mas pode não ser universitário.

Por sua vez, a atividade de natureza artística está relacionada com a


arte, que é a produção de algo extraordinário com a utilização de ha-
bilidades e certos métodos para a realização. Também está relacionada
com a expressão de sentidos e símbolos por meio de linguagem não es-
crita. Exercem atividade de natureza artística o ator e o cantor (que são
intérpretes), o desenhista, o fotógrafo, o artista plástico etc. A contra-
tação de auxiliares ou colaboradores pelo profissional intelectual não
caracteriza sua atividade como empresarial (TEIXEIRA, 2016, p. 64).

Para ilustrar os conceitos, podemos citar o exemplo do médico, se ele atuar sozi-
nho, mesmo que contrate uma secretária e uma enfermeira ou auxiliar ainda
continua a exercer atividade intelectual, pois é em razão do trabalho “específico
daquele médico” que ele é procurado por seus pacientes, por isso, não desenvolve
atividade empresarial. Entretanto, se este médico passar a ser uma clínica ou um
hospital passará a exercer uma atividade empresarial, visto que será conhecido
por sua empresa e não pelo seu trabalho, ele passou a ser organizador na fun-
ção de médico fundador deixando sua profissão intelectual em segundo plano.

DO DIREITO EMPRESARIAL
31

EMPRESÁRIO INDIVIDUAL

Para o exercício da atividade empresarial individual, é necessário possuir capa-


cidade plena de exercício no qual de acordo com nossa legislação pátria ocorre
aos 18 anos de idade, ou o incapaz que for emancipado ou ainda pelas hipóte-
ses legais trazidas pelo parágrafo único do artigo 5º do Código Civil. Além da
capacidade, ainda devemos considerar que inexiste qualquer impedimento para
o exercício da atividade.
Campinho (2009, p. 12):
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

[...] chama a atenção para o fato de que o empresário individual é a


pessoa física titular de uma atividade empresarial, que por sua vez não
se confunde com o sócio da sociedade empresária. O sócio não é em-
presário, mas, sim, integrante do quadro social de uma sociedade em-
presária.

Ressalta-se que o empresário individual não goza de limitação de responsabili-


dade e da separação patrimonial. Os benefícios de se tornar empresário individual
restringe-se a alguns direitos assegurados como: recuperação de empresas, uso
dos livros contábeis como prova em processo judicial; vantagens tributárias (que
somente são possíveis se tiver um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ)
mantido pela Receita Federal do Brasil, sem prejuízo de outros requisitos).

EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA


(EIRELI)

Essa figura de empresa surgiu em razão da dificuldade de encontrar sócios em


caso de dissolução parcial da empresa, para evitar o fechamento que ocorria após
180 dias, agora, surgiu a faculdade da transformação da empresa em EIRELI,
regulamentada pela lei nº 12.441/2011.
Como a própria designação apresenta, embora seja uma empresa individual,
responsabilidade limitada, desde que o capital esteja integralizado, este capital
não poderá ser inferior a 100 salários mínimos. A designação também apre-
senta-se pelo termo EIRELI conforme estabelece o art. 980-A do Código Civil.

Empresa e Atividade Empresarial


32 UNIDADE I

Santos (2012) apresenta um quadro explicativo sobre as diferenças entre as


regras aplicáveis ao empresário individual e EIRELI:
Quadro 01 - Diferenças entre empresário individual e EIRELI

EMPRESÁRIO INDIVIDUAL EIRELI


Não adquire personalidade jurídica Adquire personalidade jurídica.
Patrimônio do titular: responde pelas
Patrimônio: dívidas pessoais e dívidas dívidas pessoais.
empresariais. Patrimônio da EIRELI: responde pelas
dívidas empresariais.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Não é possível desconsideração da É possível desconsideração da pessoa
pessoa jurídica. jurídica nas hipóteses legais.
Capital social mínimo de 100 salários
Não possui capital social mínimo.
mínimos.
Nome: Firma individual. Nome: firma ou denominação + EIRELI.
Fonte: Santos (2012, p. 24).

Os Direitos e as Obrigações do Titular do Capital Social da Empresa Individu-


al de Responsabilidade Limitada (EIRELI)
A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI), instituída pela
Lei nº 12.441, de 11 de julho de 2011, que entrou em vigor em 8 de janeiro
de 2012, constitui a mais recente espécie de pessoa jurídica no Direito brasi-
leiro a ser analisada no presente trabalho.
Ocorre, porém, que se tem procurado identificar na EIRELI uma proximidade
com o empresário individual, embora as normas que disciplinam tal pessoa
jurídica prevejam a aplicação subsidiária da sociedade limitada.
Independentemente da alusão ao “empresário individual”, contida na ex-
pressão que identifica a EIRELI e a aplicação subsidiária da disciplina da
sociedade limitada, em vista de se tratar de uma pessoa jurídica, há de se
precisar as características e as funções que lhe são próprias, a exemplo do
que se faz com as demais espécies de pessoa jurídica.
Fonte: Pigliesi et al. (2013, p. 306, on-line)7.

DO DIREITO EMPRESARIAL
33

©shutterstock
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

REGISTRO E LEGALIZAÇÃO DAS EMPRESAS

A inscrição é uma obrigação legal estabelecida também pelo Código Civil em


seu art. 1.150 que estabelece:
Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Re-
gistro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais,
e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual
deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade
simples adotar um dos tipos de sociedade empresária (BRASIL, 2002,
on-line)2.

A regularidade do exercício da atividade empresarial depende do registro de sua


atividade, de acordo com a Lei nº 8.934/1994 que estabelece quais são os órgãos
responsáveis pelo registro:
Art. 3º Os serviços do Registro Público de Empresas Mercantis e Ativi-
dades Afins serão exercidos, em todo o território nacional, de manei-
ra uniforme, harmônica e interdependente, pelo Sistema Nacional de
Registro de Empresas Mercantis (Sinrem), composto pelos seguintes
órgãos:

I - O Departamento Nacional de Registro do Comércio, órgão central


Sinrem, com funções supervisora, orientadora, coordenadora e norma-
tiva, no plano técnico; e supletiva, no plano administrativo.

II - As Juntas Comerciais, como órgãos locais, com funções executora e


administradora dos serviços de registro (BRASIL, 1994, on-line)8.

Lembremos que para ser levado a registro o ato constitutivo deve obedecer aos
requisitos trazidos pelos artigos 997 a 1.000 do Código Civil. Teixeira (2016, p.
66) explica que a inscrição do empresário tem como finalidade:

Registro e Legalização das Empresas


34 UNIDADE I

a) tornar pública a sua atividade, bem como sua finalidade empresarial


e suas disposições do ato constitutivo.

Conforme os arts. 29 e 30 da Lei nº 8.934/94, qualquer pessoa, sem


precisar demonstrar a razão, pode consultar os registros existentes nas
Juntas Comerciais desde que pague o preço fixado pelo órgão, podendo
assim requerer a expedição de certidões.

b) efetuar o cadastro do empresário, o que gera um número de matrí-


cula conhecido como Número de Inscrição no Registro de Empresas
(NIRE) que, entre outras coisas, servirá para a obtenção do Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) – junto à Receita Federal.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
c) proteger sua identificação e seu nome empresarial, o que é garantido
pelo princípio da anterioridade, ou seja, quem primeiro registrar aque-
le nome goza de proteção.

d) estabelecer o início de sua existência (CC, art. 45) e assegurar a se-


paração patrimonial e a limitação de responsabilidade patrimonial dos
sócios por dívidas sociais, pois com a inscrição a sociedade adquire
personalidade jurídica (CC, art. 985).

Como a toda regra há uma exceção, a sociedade de advogados, embora não


seja considerada atividade empresarial, ela deve ser registrada e regulamentada
pelo Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) (Lei nº 8.906/94) que
estabelece:
Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de pres-
tação de serviços de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de
advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no regulamento geral.

§ 1.º A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advocacia


adquirem personalidade jurídica com o registro aprovado dos seus atos
constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial
tiver sede.

[...]

Art. 16. Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas
as espécies de sociedades de advogados que apresentem forma ou ca-
racterísticas de sociedade empresária, que adotem denominação de
fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam
como sócio ou titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa não
inscrita como advogado ou totalmente proibida de advogar (BRASIL,
1994, on-line)9.

DO DIREITO EMPRESARIAL
35

Sendo assim além da Junta Comercial a OAB também é responsável pelo regis-
tro apenas das sociedades de advogados. Além do registro, a Lei ainda prevê
algumas obrigações ao empresário que são ensinadas por Teixeira 2016, p. 67:
1. a escrituração uniforme de livros mercantis (CC, art. 1.179, caput,
1ª parte) significa que a escrituração deve ser feita respeitando os
princípios da Contabilidade, como a ordem crescente de datas em
dia, mês e ano.

2. o levantamento anual do balanço patrimonial e do resultado eco-


nômico (CC, art. 1.179, caput, 2ª parte). O balanço patrimonial re-
flete todo o histórico da empresa, ativo passivo e patrimônio líqui-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

do. Já o balanço de resultado econômico mostra apenas as receitas


e as despesas de determinado período, por exemplo, o último ano
de exercício.

3. a adoção de livros obrigatórios (CC, art. 1.180, caput) – o Diário


é obrigatório para todos os empresários; porém, dependendo da
circunstância, existem outros livros obrigatórios, como o Livro de
Registro de Duplicatas para empresários que emitem duplicatas.

4. a boa guarda da escrituração, da correspondência e dos demais


documentos concernentes à atividade empresarial (CC, art. 1.194)
– a conservação deve ocorrer pelo período mínimo dos prazos de
prescrição e decadência, dependendo de cada tipo de obrigação.

O registro para a atividade empresarial não é requisito para o exercício dessa ati-
vidade; apenas delineia a sua regularidade.
Santos nos enriquece ressaltando que:
[...] cooperativa por ser uma sociedade simples, o local adequado para
seu registro deveria ser no Cartório de Registro Civil de Pessoas jurídi-
cas, de acordo com o art. 998, caput, do CC, mas, de acordo com o art.
18 da Lei nº 5.764/1971 - Lei do Cooperativismo - e com o art. 32, II,
da Lei nº 8.934/1994, o registro da cooperativa deve ocorrer na Junta
Comercial, o que faz com que, na prática, a cooperativa continue tendo
seus atos registrados na Junta Comercial (SANTOS, 2010, p. 23).

E complementa que quem exerce atividade “rural” pode requerer seu registro na
junta Comercial do Estado no qual se encontra (art. 971 do CC). “Quem exerce
a atividade rural tem, portanto, a faculdade de registrar sua atividade e não a
obrigação de registrar sua atividade. E nesse caso, só será considerado empre-
sário, se for realizado o registro na junta Comercial” (SANTOS, 2010, p. 23).

Registro e Legalização das Empresas


36 UNIDADE I

LIVROS EMPRESARIAIS

Além da regularidade com registro da empresa, é necessário adotar, de acordo


com o que estabelece o nosso Código Civil, que determina: “Art. 1.179., em cor-
respondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço
patrimonial e o de resultado econômico” (BRASIL, 2002, on-line)2.
O sistema deve demonstrar anualmente os balanços contábeis e o resultado
econômico.
A obrigatoriedade se apresenta em apenas um livro que pode ser substitu-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ído pelo livro de balancetes Diários e Balanços, se adotados o sistema de fichas
de lançamento, de acordo com Art. 1.185 do Código Civil:
Art. 1.185. O empresário ou sociedade empresária que adotar o siste-
ma de fichas de lançamentos poderá substituir o livro Diário pelo livro
Balancetes Diários e Balanços, observadas as mesmas formalidades ex-
trínsecas exigidas para aquele (BRASIL, 2002, on-line)2.

Além dos livros obrigatórios, o empresário ou sociedade empresária podem ado-


tar outros livros que acharem necessários (parágrafo único do art. 1.181 do CC),
por exemplo, o Livro de Contas Correntes, o Livro de Vendas etc.

Diante do cenário brasileiro, o empreendedor precisa compreender os fato-


res que interferem na decisão. É melhor manter a empresa na informalidade
ou regularizar?

ESTABELECIMENTO COMERCIAL E PONTO COMERCIAL

Estabelecimento comercial é um elemento essencial para o desenvolvimento do


negócio. Filho definiu como um “[...] complexo de meios materiais e imateriais,
pelos quais o comerciante explora determinada espécie de comércio” (BARRETO
FILHO, 1969, p. 73).

DO DIREITO EMPRESARIAL
37

Nosso Código Civil define em seu artigo 1.142: “Considera-se estabelecimento


todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário,
ou por sociedade empresária” (BRASIL, 2002, on-line)2.
Ao tratar do estabelecimento, Bulgarelli (1999, p. 320) transcreve interes-
sante lição de Barreto Filho:

Economicamente, o capital é a base do estabelecimento e se compõe de


elementos estáticos (os bens) e de elementos dinâmicos (os serviços).
Daí conclui Oscar Barreto Filho:
Os bens (oriundos do capital) e serviços (provenientes do trabalho) são
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

conjugados com função do fim colimado, e aí surge o elemento estru-


tural: a organização - a combinação do capital, trabalho e organização
para o exercício da atividade produtiva é que se denomina estabeleci-
mento comercial.
[...]
Com base no exame da doutrina e das várias legislações, o professor
Oscar Barreto Filho alinhou os seus elementos principais, a saber:
1. é um complexo de bens, corpóreos e incorpóreos, que constituem os
instrumentos de trabalho do comerciante, no exercício de sua atividade
produtiva.
2. não se configura com o complexo de relações jurídicas do comer-
ciante no exercício do comércio, e não constitui um patrimônio comer-
cial distinto do patrimônio civil.
3. é formado por bens econômicos, ou seja, por elementos patrimo-
niais, sendo duvidoso se compreende elementos pessoais.
4. é uma reunião de bens ligados por uma destinação unitária que lhe é
dada pela vontade do comerciante.
5. apresenta um caráter instrumental em relação à atividade econômica
exercida pelo comerciante.

Constituem como elementos do estabelecimento comercial os bens móveis e


imóveis como balcões, vitrines, máquinas, veículos e imóveis. Os bens incor-
póreos que não possuem expressão propriamente física ainda que podem ser
visualmente perceptíveis: ponto comercial, nome empresarial, título de esta-
belecimento, marcas e patentes, tecnologia, contratos, créditos, clientela e
freguesia.

Registro e Legalização das Empresas


38 UNIDADE I

Importante entender com as palavras de Gomes (2007, p. 34) que ensina a


definição de estabelecimento comercial:
[...] é um ativo totalmente incorpóreo, integrante do estabelecimento
empresarial, e como tal se reveste de extrema importância, não somen-
te na hipótese em que o imóvel seja de propriedade do empresário ou
sociedade empresária, mas também naquelas hipóteses, muito comuns
na prática empresarial, em que o imóvel ocupado pelo empresário ou
pela sociedade empresária seja alugado. Em ambos os casos é comum
surgir a cobrança das chamadas “luvas”.

É interessante a esse respeito a lição de Silva (2001, p. 132):

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
São chamadas popularmente de “luvas” as quantias pagas pelos locatá-
rios para obtenção do contrato de locação.
Em princípio, pode-se argumentar que a cobrança de “luvas” por parte
do locador está vedada pela Lei de Locações: “Art. 43. Constitui con-
travenção penal, punível com prisão simples de 5 (cinco) dias a 6 (seis)
meses ou multa de 3 (três) a 12 (doze) meses do valor do último aluguel
atualizado, revertida em favor do locatário: I - exigir, por motivo de
locação ou sublocação, quantia ou valor além do aluguel e encargos
permitidos; [...]”.
Contudo, é de se admitir a cobrança de “luvas” por parte do locatário
que pretenda vender o seu direito ao ponto comercial ou mesmo todo
o estabelecimento a terceiro. Essas “luvas” correspondem ao valor eco-
nômico do ponto comercial.

O ponto comercial, elemento incorpóreo do estabelecimento, é juridicamente


protegido porque também é dotado de valor econômico. Trata-se do endereço
em que o empresário desenvolve sua atividade. É o local onde está a empresa,
lugar físico em que foi fixado o estabelecimento. Quando o empresário ou a
sociedade empresária desenvolve suas atividades econômicas em imóvel alu-
gado, essa locação será chamada de não residencial e estará amparada pela Lei
de Locações (Lei nº 8.245/91), nos arts. 51 e 52 e 71 a 75.

DO DIREITO EMPRESARIAL
39
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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CONTABILISTA

Contabilista é o profissional responsável por toda a escrituração dos livros do


empresário. Ele pode ser empregado contratado da empresa ou apenas presta-
dor de serviços. Deve ser profissional inscrito no órgão competente, estando
legalmente habilitado (art. 1.182 do Código Civil) . A atuação de contabilista é
obrigatória, mas a lei dispensa sua presença se na localidade não houver pro-
fissional da área.
O contabilista faz os assentos em livros e fichas da empresa e, salvo se fei-
tos de má-fé, valem como se tivessem sido elaborados pelo próprio preponente
(art. 1.177 do Código Civil).

Os resultados provêm do aproveitamento das oportunidades e não da solu-


ção dos problemas. A solução de problemas só restaura a normalidade. As
oportunidades significam explorar novos caminhos.
(Peter Drucker)

Contabilista
40 UNIDADE I

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Querido(a) aluno(a), nesta unidade, podemos compreender os aspectos do Direito


Empresarial, sua evolução de acordo com o tempo e por qual motivo houve alte-
ração na forma de tratar Direito Empresarial ou Direito Comercial. Vimos que
estão relacionados com a teoria adotada que devemos entender para compreen-
der o funcionamento deste ramo do direito atualmente.
Em seguida, passou-se ao estudo do Conceito e a finalidade desse direito,
compreendendo como devemos tratar e de que maneira vamos reconhecer essa

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
disciplina dentre tantas outras relacionadas ao Direito, principalmente em sua
autonomia trazida pela Constituição Federal de 1988.
Ainda tratamos das fontes das últimas atualizações legislativas e inovações,
bem como as fontes do Direito Comercial, importantes pois nele são aceitas
práticas reiteradas. Depois vêm os princípios importantes para vislumbrar e
interpretar as leis de acordo com as situações que serão vivenciadas no dia a dia
do profissional.
O Sistema legislativo brasileiro passa por constantes modificações, pois
muito embora saibamos que o processo na maioria das vezes se torna demo-
rado, passamos por grandes transformações nos últimos 15 anos. As mudanças
não pararam por aí, o processo ainda continua evoluindo, e com isso o profissio-
nal deve acompanhar todas essas modificações sendo imprescindível conhecer
o passado e as evoluções para entender o presente.
Adentramos sobre o universo do Direito Comercial apresentado por suas
características e princípios específicos descritos na nossa Constituição Federal
de 1988 e, posteriormente, entender quem pode ser empresário, quais as exigên-
cias legais e, o melhor, quais são os impedimentos e exceções.
Vimos ainda os conceitos de Empresa e atividade empresarial, notáveis dife-
renças necessárias para aplicabilidade na vida profissional exemplificando com
casos práticos. Finalizamos com as formas de registro e legalização das empresas.

DO DIREITO EMPRESARIAL
41

1. O que é Direito Empresarial?

2. A que se deve a mudança na utilização dos termos Direito empresarial e Direi-


to comercial?

3. Quais são as fontes do Direito Comercial?

4. Quais são as características próprias do Direito Empresarial?

5. Quais os princípios específicos do Direito Empresarial?

6. Qual a definição de empresário e empresa segundo Asquini?

7. Quem possui capacidade para ser empresário? Podem cônjuges participarem


juntos da sociedade?

8. Quem não pode ser empresário?

9. Qual a diferença entre a empresa individual e EIRELI?

10. Explique em que consiste Estabelecimento Comercial.


42

Fórum permanente se reúne para debater lei geral


Durante dois dias, integrantes do Fórum vão discutir sobre Desoneração e
Desburocratização para facilitar a vida das micro e pequenas empresas
Em Brasília, na sede da Secretaria da Micro e Pequena Empresa (SMPE), a Reunião de
Grupos de Trabalho do Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Peque-
no Porte, que tem o objetivo de divulgar e promover o fortalecimento das micro e pe-
quenas empresas brasileiras. A pauta principal abordada no encontro é a questão da
desoneração e desburocratização, temas que têm sido discutidos e que são de extrema
importância para simplificar as atividades das MPEs.
Na abertura da Reunião de Grupos o secretário executivo da SMPE, Nelson Hervey, falou
sobre a importância da realização desse encontro tão perto do sanção da Lei Geral das
MPE (LC nº 123/2006). “Estamos vivendo um momento muito importante, próximo da
sanção. Já tivemos muitos avanços, mas ainda é preciso fazer mais. Temos limitações,
a questão da substituição tributária, limitação de produtos. Precisamos continuar de-
batendo no Fórum para fazermos um esforço conjunto com objetivo de simplificar e
facilitar a vida das micro e pequenas empresas”, disse Nelson Hervey.
O secretário de Racionalização e Simplificação da SMPE, José Constantino de Bastos Jú-
nior, também esteve na abertura e lembrou a importância de se criar mecanismos para
facilitar o processo de encerramento de empresas. “Os pontos de simplificação são de
extrema importância. É preciso ter um cadastro único, um sistema virtual para que não
haja burocracia na abertura e encerramento de uma empresa. Outro assunto importan-
te é o licenciamento, os estados ainda não tiveram avanço nisso. A ideia é que tudo seja
feito pela internet e que as empresas que não representam risco, ou seja 95% dos casos,
possam tirar seu licenciamento. E também regularizar a situação de quem precisa do
licenciamento ao invés de impedir a licença”, afirmou.
Entre outros assuntos que serão tratados nas reuniões do Fórum estão as compras pú-
blicas, comércio exterior, Redesim, faixa das tabelas, ESocial e mudança de microempre-
endedor para microempresário.
Após a realização dos debates, no encerramento das atividades do Fórum, o Grupo de
Trabalho formado por Instituições e Órgãos Governamentais Federais, Fóruns Estaduais
das MPE e as Entidades de Apoio e de Representação Nacional do segmento, irá reunir
sugestões que poderão ser regulamentadas no âmbito da desoneração e desburocra-
tização.
Sobre o Fórum
Como espaço de debates e conjugação de esforços entre o governo federal e as entida-
des nacionais de apoio e representação nacional, o Fórum Permanente é responsável
por tratar dos aspectos não tributários da LC nº 123/06, excetuando-se a competência
legal do Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Le-
galização de Empresas e Negócios (CGSIM), também vinculado à SMPE/PR.
43

O Fórum Permanente tem apresentado propostas que se consolidaram em efetivas me-


lhorias para o segmento em todo o país. Entretanto, a própria evolução da organização
definiu a necessidade de criação de um ponto focal governamental capaz de receber e
transformar as propostas do Fórum Permanente em resultados positivos mais rápidos
e consolidados. Nesse sentido, uma das propostas do Fórum Permanente era a criação
no governo federal de uma sede das políticas públicas para o segmento das micro e
pequenas empresas.
Sobre a Lei Geral n° 123/06 – Simples Nacional
O Projeto de Lei permite ao Simples ampliar o acesso a novos setores. É a chamada uni-
versalização do Simples, que apoia o princípio de que é o porte (receita) que determina
o que é a microempresa e a empresa de pequeno porte, não a atividade. Isso porque
essas empresas geram mais formalização, emprego, cidadania, proteção previdenciária
para empresários e suas famílias, renda fluindo na sociedade, além de trazer desenvol-
vimento econômico e social. Essa medida, segundo as primeiras projeções, deve bene-
ficiar mais de 400 mil empresas.
Outro aspecto importante é a proposta de impedir que a substituição tributária conti-
nue anulando os efeitos do Simples Nacional. Quando foi estabelecido pela Lei Geral
que a MPE pagaria o ICMS pelo faturamento, e não pelo valor agregado, imediatamente
as Fazendas estaduais implantaram o contragolpe, expandindo a substituição tributária
antes restrita às cadeias econômicas homogêneas (cigarros, bebidas, pneus, combustí-
veis, sorvetes etc.).
Nessas cadeias, o preço final é conhecido e as margens também, portanto é racional a
substituição. Outro ponto fundamental é a vedação da substituição tributária incidindo
sobre a micro e pequena empresa para uma série de produtos, na verdade ela fixa que
só aqueles produtos podem incidir.
Fonte: Fernandes (2014, on-line)10.
MATERIAL COMPLEMENTAR

O Dilema da Inovação: Quando as Novas Tecnologias Levam Empresas ao Fracasso


Clayton M. Christensen
Editora: M Books
Sinopse: este livro assume a posição radical de que grandes empresas
fracassam exatamente porque fazem tudo certo. Ele demonstra porque boas
empresas, mesmo mantendo sua antena competitiva ligada, ouvindo os
clientes e investindo agressivamente em novas tecnologias, perderam sua
liderança no mercado quando se confrontaram com mudanças tecnológicas
de ruptura e incrementais na estrutura do mercado. E conta como evitar um
destino semelhante. Usando as lições de sucesso e fracasso de companhias
líderes, ‘O Dilema da Inovação’ apresenta um conjunto de regras para capitalizar
o fenômeno da inovação de ruptura/incremental. Esses princípios ajudarão os
administradores a determinarem quando é certo não ouvir os clientes, quando
investir no desenvolvimento de produtos com menor desempenho que
prometem margens menores e quando podem buscar mercados menores às
custas daqueles aparentemente maiores e mais lucrativos.
45
REFERÊNCIAS

BARRETO FILHO, O. Teoria do estabelecimento comercial. São Paulo: Max Limo-


nad, 1969.
BRASIL. Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de
Custeio, e dá outras providências. Lei 8.212/1991.
BULGARELLI, W. Sociedades Comerciais. 08. ed., São Paulo: Atlas, 1999.
CAMPINHO, S. O direito de empresa à luz do novo Código Civil. 10. ed., Rio de
Janeiro: Renovar, 2009.
COELHO, F. U. Manual do Direito Comercial. 13. ed., São Paulo: Saraiva 2002.
_____. Manual do Direito Comercial. 18. ed., São Paulo: Saraiva 2007.
_____. Curso de direito comercial. 16. ed., São Paulo: Saraiva, 2012.
FERREIRA, W. M. Tratado de direito comercial. São Paulo: Saraiva, 1962.
GOMES, F. B. Manual de Direito Comercial. 02. ed., Barueri/SP: Manole, 2007.
RAMOS, A. L. S. C. Direito empresarial esquematizado. 04. ed., Rio de Janeiro: Fo-
rense, 2014.
SANTOS, E. T. V. dos. Direito empresarial. 10. ed., rev e atual. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2010.
______. Direito empresarial. 11. ed. rev e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2012.
SILVA, B. M. Curso elementar de direito comercial: parte geral e contratos mercan-
tis. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2001.
TEIXEIRA, T. Direito empresarial sistematizado: Doutrina e Prática. 02. ed., São
Paulo: Saraiva: 2013.
_____. Direito empresarial sistematizado: Doutrina e Prática. 05. ed., São Paulo:
Saraiva, 2016.
REFERÊNCIAS

Referências on-line

1
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Aces-
so em: 14 out. 2016.
2
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 14
out. 2016.
3
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20042006/2005/lei/l11101.htm>.
Acesso em: 14 out. 2016.
4
Em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8112cons.htm>. Acesso em: 14
out. 2016.
5
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1001.htm>. Acesso em:
14 out. 2016.
6
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8212orig.htm>. Acesso em: 14 out.
2016.
7
Em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/sequencia/article/view/2177-7055.2013v-
34n66p305/25070>. Acesso em: 14 out. 2016.
8
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8934.htm>. Acesso em: 14 out.
2016.
9
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8906.htm>. Acesso em: 14 out.
2016.
10
Em: <http://www.smpe.gov.br/noticias/forum-permanente-se-reune-para-deba-
ter-lei-geral-das-mpes>. Acesso em: 15 out. 2016.
47
GABARITO

1. É o ramo do Direito que tem por objeto a regulamentação da atividade econô-


mica daqueles que atuam na circulação ou produção de bens, bem como na
prestação de serviços.

2. Esta modificação na terminologia se deve à modificação da teoria adotada pe-


los códigos, ou seja, o Código Comercial adotava teoria dos atos do comércio,
por isso, era tratado como Direito comercial. O Código Civil, atualizado em 2002,
adotou a teoria de empresa passando a ser mais abrangente que a teoria ante-
rior, não considerando atividade empresarial apenas as de natureza intelectual.

3. Tratadas como primárias ou secundárias em que as primeiras são as leis, por


exemplo, Lei de falência, Lei da franquia, Lei da Duplicata mercantil, inclusive a
Constituição Federal, entre outras. A segunda ou secundárias são usos e costu-
mes que são as práticas reiteradas que passam a ser aceitas pelos empresários
como regras, passando a vigorar quando não houver norma expressa sobre o
assunto, por exemplo, emissão de pagamento de boletos bancários.

4. Simplicidade: afigura-se como um elemento próprio do comércio, visto que


ele atende às necessidades da sociedade e tais necessidades (como alimentos,
o vestuário e mesmo o crédito) são imediatas, daí a ausência de formas rígidas
para prática dos atos jurídicos no Direito comercial, que valoriza as práticas ado-
tadas, ou seja, os costumes.
Universalismo: todas as pessoas em qualquer lugar no mundo necessitam de
alimentos e de vestuário; tais necessidades são muitas vezes comuns e universais
e tudo isso, inegavelmente, imprimiu no direito comercial um caráter universal
ou cosmopolita e conduziu à padronização de muitas das normas nessa matéria.
Onerosidade: é um elemento incluído a toda relação comercial. O empresário
desenvolve sua atividade de produção de bens, circulação de bens ou de servi-
ços de forma a obter lucro. O elemento-chave nesse ponto é a especulação com
a finalidade de lucro.
Individualismo: o lucro é a preocupação imediata do interesse individual.
Fragmentarismo: há um conjunto de regras que os norteiam, pois, direito em-
presarial vincula-se a outros ramos do direito; mesmo que haja características
próprias, ela deve estar em harmonia com outras leis.
Dinamismo: o Direito Empresarial é dinâmico está sempre em constante de-
senvolvimento, aderindo a novas tecnologias o que resulta na prática de novas
práticas comerciais.
GABARITO

5. Soberania nacional; propriedade privada; função social da propriedade; livre


concorrência; defesa do consumidor; defesa do meio ambiente, inclusive me-
diante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e
serviços e de seus processos de elaboração e prestação; tratamento favorecido
para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que
tenham sua sede e administração no país.

6. É a pessoa que toma a iniciativa de organizar uma atividade econômica de pro-


dução ou circulação de bens ou serviços. Essa pessoa pode ser tanto a física, que
emprega seu dinheiro e organiza a empresa individualmente como, a jurídica,
nascida da união de esforços de seus integrantes.
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Define-se empresa segundo a teoria poliédrica explicitados da seguinte forma:
1) objetivo – a empresa significa patrimônio, ou melhor, estabelecimento, en-
quanto conjunto de bens destinados ao exercício da empresa (nesse sentido:
art. 1.142 do Código Civil).
2) subjetivo – a empresa é entendida como sujeito de direitos, no caso o empre-
sário, individual (pessoa natural) ou sociedade empresária (pessoa jurídica),
que possui personalidade jurídica, com a capacidade de adquirir direitos e
contrariar obrigações (nesse sentido: arts. 966 e 981 do Código Civil).
3) corporativo – a empresa significa uma instituição, como um conjunto de pes-
soas (empresário, empregados e colaboradores) em razão de um objetivo
comum: um resultado produtivo útil.
4) funcional (ou dinâmico) – a empresa significa atividade empresarial, sendo
uma organização produtiva a partir da coordenação pelo empresário dos fa-
tores de produção (capital, trabalho, matéria-prima e tecnologia) para alcan-
çar sua finalidade (que é o lucro).

7. Àquele que esteja em pleno gozo da capacidade civil (art. 972 Código Civil), e
não haja qualquer impedimento legal para exercício. Os cônjuges podem cons-
tituir sociedades empresárias entre si ou com terceiros, mas a lei reserva uma
exceção para aqueles casados em regime comunhão universal de bens ou em
separação obrigatória.

8. O Falido não reabilitado, Funcionário Público, militar, devedor de INSS, Estran-


geiros.
49
GABARITO

9.
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL EIRELI
Não adquire personalidade jurídica. Adquire personalidade jurídica.
Patrimônio do titular: responde pelas dí-
Patrimônio: dívidas pessoais e dívi- vidas pessoais.
das empresariais. Patrimônio da EIRELI: responde pelas dí-
vidas empresariais.
Não é possível desconsideração da É possível desconsideração da pessoa ju-
pessoa jurídica. rídica nas hipóteses legais.
Capital social mínimo de 100 salários mí-
Não possui capital social mínimo.
nimos.
Nome: Firma individual. Nome: firma ou denominação + EIRELI.

10. Nosso Código Civil define em seu artigo 1.142: “Considera-se estabelecimento
todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário,
ou por sociedade empresária”.
Professora Esp. Renata Monteiro de Andrade

II
UNIDADE
SOCIEDADES

Objetivos de Aprendizagem
■■ Entender o conceito de sociedades.
■■ Compreender a classificação das sociedades.
■■ Aprender sobre as espécies de sociedades.
■■ Assimilar as formas de administração das sociedades.
■■ Instruir-se sobre as operações societárias.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Conceito de sociedades
■■ Classificação das sociedades
■■ Sociedade comum
■■ Desconsideração da personalidade jurídica
53

INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a), esta unidade tem por objetivo a sua compreensão sobre
o conceito das sociedades empresárias, seguindo pela classificação das socieda-
des, as formas, pois é imprescindível entendê-las para saber qual melhor espécie
de sociedade constituir.
Passaremos pela Sociedade Comum, aquela que ainda não possui persona-
lidade jurídica, seguindo para sociedade em conta de participação que também
não possui personalidade jurídica. Em seguida, a sociedade Simples, que não
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

pode ser considerada empresária, seguindo pela sociedade em nome coletivo,


que é assim determinada em razão das responsabilidades dos sócios.
Posteriormente, temos a comandita simples sendo uma sociedade perso-
nificada com suas próprias características; em sequência procede a sociedade
limitada, a mais utilizada atualmente seguida pela Sociedade Anônima, que é
regida por lei própria, para depois entender como funciona a comandita por ações.
Ainda existem as sociedades regulamentadas pelo novo código civil como
sociedade cooperativa e a sociedade coligada, pouco conhecidas, mas muito
utilizadas.
Após entender conceitos essenciais e suas aplicações, teremos as operações
societárias. Esses conceitos irão ajudá-los na profissão e será de grande valia
para prática negocial.
Vamos lá! Bons estudos!

Introdução
54 UNIDADE II

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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CONCEITO DE SOCIEDADES

Para Coelho (2007, p. 109):


A construção do conceito de sociedade empresária é dada de dois ins-
titutos jurídicos que servem de alicerces. De um lado, a pessoa jurídi-
ca, de outro, a atividade empresarial. Uma primeira aproximação ao
conteúdo deste conceito se faz pela ideia de pessoa jurídica empresá-
ria, ou seja, que exerce atividade econômica sob a forma de empresa. É
uma ideia correta, mas incompleta ainda. Somente algumas espécies de
pessoa jurídica que exploram atividade definida pelo direito como de
natureza empresarial é que podem ser conceituadas como sociedades
empresárias. Além disso, há pessoas jurídicas que são sempre empresá-
rias, qualquer que seja o seu objeto. Um ponto de partida, assim, para a
conceituação de sociedade empresária é o da sua localização no quadro
geral das pessoas jurídicas.

Já Teixeira (2013, p. 208) define: “[...] sociedade como ente que tem natureza
contratual, ou seja, sociedade é um contrato”. Diante desse conceito, é impor-
tante relembrar alguns conceitos como a pessoa poder ser física (natural) ou
jurídica. Pessoa jurídica é a entidade legalizada; um ente criado pela técnica
jurídica como uma unidade orgânica e estável de pessoas para fins de natureza
pública ou privada. É completamente distinta dos indivíduos que a compõem,
tendo personalidade jurídica, como a pessoa física, visando obter direitos e con-
trair obrigações.
O “nascimento” (criação) da sociedade legalizada acontece com o registro do
seu contrato social no órgão competente, o que lhe confere personalidade jurídica.

SOCIEDADES
55

Contrato significa o acordo (ato) de duas ou mais partes para constituir, regu-
lar ou extinguir entre elas uma relação jurídica de direito patrimonial. Ainda,
cabe destacar que a palavra “patrimonial” do conceito está relacionada ao fato
de que os contratos necessariamente devem ter um conteúdo econômico, pois,
do contrário, não são considerados contratos, o que tem aplicação direta ao con-
trato de sociedade.
Nosso Código Civil estabelece em seu art. 981, apresentando conceito de
sociedade: “Art. 981., com bens ou serviços, para o exercício de atividade eco-
nômica e a partilha, entre si, dos resultados” (BRASIL, 2002, on-line)1.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Em relação a esse conceito, salienta-se que, quando trata da partilha dos


resultados, está se referindo aos resultados decorrentes da exploração da ativi-
dade econômica. Esses resultados podem ser lucros ou prejuízos.

Antes de qualquer empreendimento, importante ter em mente que a esco-


lha do tipo de sociedade faz toda diferença para obtenção do sucesso, mas
qual o tipo de sociedade ideal para seu negócio?

CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES

Teixeira (2016) classifica as


sociedades de três formas: pela
responsabilidade dos sócios,
condição de alienação fiduci-
ária, personificação ou ainda
por ser ou não empresária.
Para compreender as dis-
posições legais trazidas pelo
Código Civil vejamos o qua-
dro a seguir:
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Classificação das Sociedades


56 UNIDADE II

Quadro 01 - Quadro geral das sociedades

Profissionais Liberais e sociedade de


Simples (atividades atividades intelectuais
não empresariais)
Cooperativa
Sociedades Comandita por Ações
Personificadas Nome Coletivo
Empresárias Limitada
Sociedade Anônima (S.A.)
Comandita Simples
Sociedades não Comum

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Personificadas Conta de participação
Fonte: Santos (2010, p. 55).

De acordo com ensinamentos de Teixeira (2016), quando classificamos a sociedade


pela responsabilidade dos sócios ela pode ser limitada quando a responsabili-
dade dos sócios fica limitada às quotas ou ações, não alcançando o patrimônio
pessoal. Já a ilimitada, os sócios respondem pelo patrimônio pessoal, pelas obri-
gações assumidas pela sociedade, por exemplo, a empresa individual. Quando
classificamos em mista, a responsabilidade é limitada para alguns e ilimitada
para outros, por exemplo, na comandita simples ou por ações.
A sociedade pode ser de pessoas ou de capital. Na primeira, a figura da pes-
soa do sócio é importante, sendo que a formação da sociedade é realizada pela
afinidade existente entre eles o chamado affectio societatis, as regras da socie-
dade são definidas no contrato social.
A sociedade de capital não está relacionada com os atributos de cada sócio,
pois se quiser participar da sociedade, basta adquirir as ações.
Classificamos ainda a sociedade de acordo com sua personificação, que
pode ser não personificada quando a sociedade não possui personalidade jurí-
dica, pois não foi registrada no órgão competente, subdividem-se em sociedade
de fato quando possuem acordo verbal entre os sócios, e sociedade irregular
quando possui contrato escrito, mas não foi registrado. A sociedade personifi-
cada detém personalidade jurídica própria, pois está registrada no órgão próprio.
As sociedades que se referem às atividades intelectuais são tratadas como
sociedade simples, aquelas que são formadas pelos profissionais que desenvol-
vem atividades intelectuais de natureza cientifica, literária ou artística.

SOCIEDADES
57

SOCIEDADE NÃO PERSONIFICADA - SOCIEDADE COMUM

A sociedade Comum apresenta-se no artigo 986 do Código Civil que estabelece:


Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a so-
ciedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítu-
lo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis,
as normas da sociedade simples (BRASIL, 2002, on-line)1.

Teixeira (2016, p. 293):


[...] apresenta que a sociedade comum deve ser compreendida por algo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

que não é especial. Significa dizer que, por não ter registro, a sociedade
em comum não tem personalidade jurídica, logo, não pode ser a ela
atribuída a condição de tipo societário personificado específico.

Já para Ramos (2014, p. 231):


[...] a sociedade em comum é a sociedade contratual em formação, isto
é, aquela que tem contrato escrito e que está realizando os atos prepa-
ratórios para o seu registro perante o órgão competente, antes de iniciar
a exploração do seu objeto social.

Diante dos ensinamentos de Ramos (2014), a personalidade jurídica se inicia


apenas com o registro dos atos constitutivos da sociedade no órgão competente,
a sociedade em comum é despida de personalidade jurídica dessa forma todos
os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações.

SOCIEDADE NÃO PERSONIFICADA - SOCIEDADE EM CONTA DE


PARTICIPAÇÃO

De acordo com ensinamentos de Coelho (2007), a disciplina está especificamente


nos artigos 991 a 996 do nosso Código Civil. Possui algumas características espe-
cíficas: nesta sociedade um sócio permanece oculto, outro em posição ostensiva,
eles não possuem personalidade jurídica, pois não assumem nenhuma obriga-
ção em seu nome. Sendo uma sociedade despersonalizada e secreta, não adotará
nenhum nome empresarial.

Classificação das Sociedades


58 UNIDADE II

Os sócios participantes não mantêm qualquer relação jurídica com os cre-


dores por obrigações decorrentes do empreendimento comum. A sociedade em
conta de participação é, além de despersonalizada, também secreta. O contrato
entre os sócios, que deu início à conjugação de esforços no desenvolvimento de
empresa comum, não pode ser registrado no Registro das empresas.
Teixeira (2016, p. 295) destaca que o “[...] contrato social somente produz
efeitos entre os sócios e mesmo que haja registro, não será conferida persona-
lidade jurídica”. Quanto ao regime jurídico, aplica-se as regras da sociedade
simples que veremos a seguir.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
SOCIEDADE SIMPLES

Ressalta-se que a sociedade simples não é considerada sociedade empresária,


pois essa sociedade é formada pelos profissionais que desenvolvem atividades
intelectuais de natureza científica, literária ou artística, conforme estabelece o
parágrafo único do artigo 966 do Código Civil:
Art. 966 Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce
profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda
com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício
da profissão constituir elemento de empresa (BRASIL, 2002, on-line)1.

Teixeira (2016, p. 299) destaca o significado do trecho da lei:


[...] a palavra “intelectual” está relacionada ao que abrange o intelecto
(inteligência); mental; erudito, estudioso, pensador. E que profissional
intelectual não é necessariamente o mesmo que profissional liberal. Li-
beral é o profissional independente, sem vínculo de exclusividade, que
pode ser empresário (se exercer profissionalmente atividade econômi-
ca organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços)
ou intelectual. Intelectual é aquele cuja profissão tem natureza cientí-
fica (p. ex., químico, médico, arquiteto, engenheiro), literária (p. ex.,
escritor, poeta, compositor, articulista) e artística (p. ex., desenhista,
fotógrafo, músico, produtor gráfico, artista plástico).

Essas sociedades possuem personalidade jurídica, o que a enquadra como uma


das sociedades personificadas, sendo que em sua denominação deverá constar
a expressão “sociedade simples” ou sua abreviação “S/S”.

SOCIEDADES
59

Contrato social é o ato constitutivo de uma sociedade, que pode ocorrer


por instrumento privado ou público. O empresário individual, por sua vez, faz
requerimento de inscrição. É no contrato social que deve estar disposto o objeto
da sociedade; a formação do capital social, com as respectivas quotas de cada
sócio; os deveres e direitos de cada sócio etc. Os atos e contratos que visem à
constituição de pessoas jurídicas somente podem ser levados a registro quando
assinados por advogado.
Trata-se de uma das atividades privativas da advocacia, conforme o Estatuto
da Advocacia – Lei nº 8.906/1994, art. 1º, II. Porém, essa regra fica dispensada
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

no caso de Microempresa (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP), as quais


poderão ser constituídas sem o visto do advogado por força do art. 9º, § 2º, da
Lei Complementar nº 123/2006. Quanto à assinatura de testemunhas, elas são
facultativas, mas, se houver, será preciso que haja a devida identificação, com
nome completo e o número de identidade.
De acordo com nosso Código Civil em seu artigo 998, a sociedade deve ser
registrada no Registro Civil de Pessoas Jurídicas no prazo de 30 (trinta) dias a
contar da celebração do contrato, e as alterações também devem ser averbadas.
Devemos lembrar que no caso da sociedade de advogados, está regida por
lei especial nº 8.906/1994, sendo que tanto os atos constitutivos quanto as modi-
ficações são registradas na OAB do estado em que está sendo registrada.

SOCIEDADES EMPRESÁRIAS - SOCIEDADE EM NOME COLETIVO

Encontra-se disposta em nosso Código Civil, especificamente no artigo 1039


a 1044. Dentre as determinações legais, estabelece que as responsabilidades
dos sócios são solidárias e ilimitadas pelas suas obrigações sociais e somente as
pessoas físicas podem formar uma sociedade coletiva e ao contrário de outras
sociedades nesta somente o sócio pode administrar.
Com relação ao nome empresarial, é integrado pelo nome pessoal de um ou
de todos os sócios seguida da expressão & Cia. E com relação ao regime jurídico
segue-se as regras das sociedades simples.

Classificação das Sociedades


60 UNIDADE II

SOCIEDADES EMPRESÁRIAS - SOCIEDADE EM COMANDITA


SIMPLES

A sociedade em comandita simples está disposto em nosso Código Civil, espe-


cificamente nos artigos 1045 a 1051, aplicando as regras da sociedade em nome
coletivo no que não for incompatível. Trata-se de uma sociedade personificada, pois
é registrada na Junta comercial ou no cartório de registro civil de pessoas jurídicas.
A partir do Código Civil, Teixeira (2013) diz que nesse tipo societário,
existe uma mistura das responsabilidades, pois existem os sócios comanditados

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e comanditários, explica:
Sócios comanditados são aqueles com responsabilidade solidária e ilimita-
da, que necessariamente devem ser “pessoas físicas” (CC, art. 1.045, caput).
Já os sócios comanditários têm responsabilidade limitada ao valor de suas
quotas sociais e podem ser “pessoas físicas ou jurídicas” (CC, art. 1.045,
caput). Comandita significa administrada ou comandada. É um termo de-
rivado do italiano accomandita, cujo significado era guarda ou depósito,
uma vez que no passado pessoas confiavam seu capital a outrem para que
este o administrasse em seu nome e risco (TEIXEIRA, 2013, p. 313).

Os sócios responderão apenas pelas suas quotas integralizadas de forma limitada


e o contrato social deve estabelecer os comanditados e os comanditários, pois,
somente pode administrar a sociedade os comanditados da sociedade simples.
Para entender, segue a figura 1.
Somente pessoa Responsabilidade
Comanditados
física ilimitada
Sociedade
Simples
Pessoa física e Responsabilidade
Comanditários
pessoa jurídica limitada

Figura 01 - Responsabilidades na administração comandita simples


Fonte: Ramos (2014, p. 346).

Caro(a) aluno(a), devemos lembrar ainda que existem dois tipos de comandita:
a simples e a comandita por ações, que se assemelha à sociedade anônima. Esse
tipo de sociedade é muito pouco utilizada, caindo até em desuso.

SOCIEDADES
61

SOCIEDADES EMPRESÁRIAS - SOCIEDADE LIMITADA

A Sociedade Limitada:
[...] é o tipo societário de maior presença na economia brasileira. Intro-
duzida no nosso direito em 1919, ela representa hoje mais de 90% das
sociedades empresárias registradas nas Juntas Comerciais. Deve-se o
sucesso a duas de suas características: a limitação da responsabilidade
dos sócios e a contratualidade (COELHO, 2007, p. 153).

Dessa forma, não há confusão entre patrimônio particular e patrimônio social,


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

desde que o patrimônio da empresa esteja integralizado. Para entender melhor,


Gonçalves (2012) explica no quadro a seguir:
Quadro 02 - Exemplo de Divisão de Sociedade

EXEMPLO DIVISÃO SOCIEDADE


SÓCIO SUBSCREVEU
A 30
B 40
C 20
D 10
TOTAL 100
Fonte: Gonçalves (2012, p. 151).

Caro(a) aluno(a), se o patrimônio da empresa for insuficiente para responder pelas


dívidas sociais, não estando completamente integralizado o capital social, os credo-
res da sociedade poderão executar o patrimônio pessoal dos sócios, até o limite do
valor por eles subscrito e ainda não integralizado. Assim, os credores poderão exe-
cutar qualquer dos sócios (A, B, C ou D) pelo montante ainda não integralizado,
que é de 40 cotas. Veja-se que a lei é clara: os sócios têm responsabilidade solidária
limitada ao montante do capital social subscrito e não integralizado. A limitação
da responsabilidade dos sócios, portanto, está justamente nessa quantia faltante. Os
sócios A e D já integralizaram as cotas por eles subscritas. Todavia, como respondem
solidariamente com os demais sócios pela quantia ainda não integralizada, poderão
ser executados pelos credores da sociedade pelas 40 cotas restantes. Na hipótese de
o sócio A ou D pagar as 40 cotas aos credores, como eles não possuíam mais cotas

Classificação das Sociedades


62 UNIDADE II

a integralizar, tendo pago o montante de responsabilidade dos outros sócios, terão


direito de regresso contra estes para obter o que pagaram. Assim, poderão exigir
do sócio B e do sócio C o equivalente a 20 cotas de cada um.
Está disposto em nosso Código Civil nos artigos 1052 e 1087, que as socieda-
des limitadas, por serem contratuais, também devem seguir ao que estabelece o
código para as regras sobre elaboração do contrato social, constituição e dissolução.
A Sociedade pode ser de pessoas ou de capital, de acordo com o previsto
no contrato social. Para elaboração do contrato social, estabelece o Art. 997 do
Código Civil, que apresenta as cláusulas essenciais:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a) identificação e qualificação dos sócios (nacionalidade, estado civil,
profissão, residência, número do RG e do CPF) se pessoas físicas e, se
pessoas jurídicas, firma ou denominação, nacionalidade e sede;

b) nome empresarial, objeto, sede e prazo;

c) capital social, cota de cada sócio e modo de integralizá-la;

d) identificação e qualificação dos administradores, seus poderes e atri-


buições;
e) participação de cada sócio nos lucros e perdas (BRASIL, 2002, on-line)1.

Para que possua valor, é necessário registro do contrato social na Junta Comercial.
Para designação da empresa, podemos utilizar o patronímico de um ou mais
sócios seguidos da terminação “limitada” ou sua abreviatura de acordo com o
que estabelece artigo 1158 do Código Civil.
Lembremos que a sociedade limitada está dividida em capital social com-
posto pela somatória dos recursos trazidos dos sócios à empresa.
O Controle da sociedade pode ser definido por quem possui mais valor das
quotas, de acordo com o que estabelece o contrato social. Com relação à admi-
nistração, pode ser realizada por alguém designado pela sociedade, ou ainda ser
um dos sócios ou todos, sendo responsável civil e criminalmente se praticar atos
ilegais ou contra a sociedade.
Para que sejam tomadas as decisões serão realizadas assembleias ou reu-
niões, as primeiras quando a sociedade estiver composta por mais de dez
sócios e a segunda quando composta por menos de dez sócios. As soleni-
dades para convocação estão estabelecidas no artigo 1152 do Código Civil.

SOCIEDADES
63

A Lei também estabelece qual quórum necessário para aprovação de cada


matéria a ser votada em seu artigo 1071 e seguintes do Código Civil, sendo
conselho fiscal um órgão facultativo.
A Dissolução da sociedade pode acontecer por vontade dos sócios, decurso
do prazo determinado, falência, inexequibilidade do objeto social, unipessoa-
lidade por mais de 180 dias, ou pela morte dos sócios. A dissolução pode ser
parcial ou total, a parcial ocorre quando apenas um dos sócios decide se retirar.
Sempre que houver a dissolução, haverá um balanço patrimonial da sociedade
e apuração de haveres em que serão distribuídos, de acordo com a quota (parte)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

de cada sócio, os lucros ou dividendos.

SOCIEDADES EMPRESÁRIAS - SOCIEDADE ANÔNIMA

Essa sociedade está regulamentada pela Lei da Sociedade Anônima – Lei nº


6.404/76, e, em casos em que há omissão, aplica-se subsidiariamente o Código
Civil. É chamada de Sociedade Anônima, pois seu capital é dividido por ações
de maneira que os acionistas são desconhecidos. Os participantes dessa socie-
dade são denominados como acionistas, e o ato constitutivo é denominado como
estatuto social. Sua denominação deve expressar o seu objeto social seguido das
expressões sociedade anônima, companhia ou S.A. ou S/A ou ainda CIA.
As Sociedades anônimas são mais metódicas do que as sociedades limitadas,
devendo ser seguido rigorosamente ao que estabelece a lei para seu funciona-
mento. Lembrando que estabelece o art. 100 da Lei nº 6.404/76:
Art. 100. A companhia deve ter, além dos livros obrigatórios para qual-
quer comerciante, os seguintes, revestidos das mesmas formalidades
legais:

I - o livro de Registro de Ações Nominativas, para inscrição, anotação


ou averbação:

a) do nome do acionista e do número das suas ações.

b) das entradas ou prestações de capital realizado.

c) das conversões de ações, de uma em outra espécie ou classe.

Classificação das Sociedades


64 UNIDADE II

d) do resgate, reembolso e amortização das ações, ou de sua aquisição


pela companhia.

e) das mutações operadas pela alienação ou transferência de ações.

f) do penhor, usufruto, fideicomisso, da alienação fiduciária em garan-


tia ou de qualquer ônus que grave as ações ou obste sua negociação.

II - o livro de “Transferência de Ações Nominativas”, para lançamento


dos termos de transferência, que deverão ser assinados pelo cedente e
pelo cessionário ou seus legítimos representantes.

III - o livro de “Registro de Partes Beneficiárias Nominativas” e o de


“Transferência de Partes Beneficiárias Nominativas”, se tiverem sido

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
emitidas, observando-se, em ambos, no que couber, o disposto nos nú-
meros I e II deste artigo.

IV - o livro de Atas das Assembleias Gerais.

V - o livro de Presença dos Acionistas.

VI - os livros de Atas das Reuniões do Conselho de Administração, se


houver, e de Atas das Reuniões de Diretoria.

VII - o livro de Atas e Pareceres do Conselho Fiscal (BRASIL, 1976,


on-line)2.

Vale ter em conta que, de acordo com o § 2º do art. 100, com a nova redação dada
pela Lei nº 12.431/2011, nas companhias abertas os livros referidos acima entre os
números I e V podem ser substituídos por registros mecanizados ou eletrônicos,
respeitando sempre regras firmadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Santos (2012, p. 84) define que:
[...] pode se constituir por meio da subscrição pública ou da subscrição
particular. A subscrição particular ou constituição simultânea ocorrerá
quando todo o capital necessário já tiver sido obtido pelos próprios
fundadores; neste caso, será necessário reunir os fundadores em uma
assembleia de fundadores (a ata desta assembleia deverá ser devida-
mente registrada na Junta Comercial) ou ainda proceder à subscrição
por meio de uma escritura pública (art. 88 da Lei nº 6.404/1976).

A subscrição pública ou constituição sucessiva ocorrerá quando, para completar


o montante do capital social, for necessária a captação de investimentos exter-
nos. Para melhor compreender, resume Santos (2012) no quadro a seguir:

SOCIEDADES
65

Quadro 03 - Diferenças entre subscrição particular e subscrição pública

DIFERENÇAS ENTRE SUBSCRIÇÃO PARTICULAR E SUBSCRIÇÃO PÚBLICA


CONSTITUIÇÃO SIMULTÂNEA OU CONSTITUIÇÃO SUCESSIVA OU
SUBSCRIÇÃO PARTICULAR SUBSCRIÇÃO PÚBLICA
1. Prévio Registro dado pela Comissão de
1. Assembleia de Constituição
Valores Mobiliários (CVM)
2. Ata da Assembleia de Constituição
2. Intermediação de Instituição Financeira
ou escritura Pública
3. Assembleia de Constituição
4. Ata da Assembleia de Constituição
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: Santos (2012, p. 85).

As sociedades anônimas emitem títulos tratados como ações, elas conferem aos
seus acionistas seus poderes de acordo com os valores que lhes são atribuídas
da seguinte maneira:
Valor nominal: é o resultado da divisão do valor do capital social pelo
número de ações. Este valor pode estar ou não expresso na ação, de tal
modo que podem existir ações com ou sem valor nominal.

Valor de negociação: é o preço pago pela ação no mercado, quando de


sua alienação, definido por uma série de fatores políticos e econômicos.

Valor patrimonial: é o valor representativo da participação do acio-


nista no patrimônio líquido da companhia, calculado pela divisão do
patrimônio líquido pelo número de ações. Tal valor é devido ao acio-
nista em caso de liquidação ou reembolso, tendo-se acesso a este valor
por meio de um balanço especialmente realizado para esta finalidade
(SANTOS, 2012, p. 85).

Essas ações ainda possuem uma classificação quanto à natureza e sua forma de
circulação de acordo com o que estabelece o art. 15 da Lei nº 10.406: “As ações,
conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus titulares, são
ordinárias, preferenciais, ou de fruição” (BRASIL, 1976, on-line)2.
As Ações ordinárias ou comuns: “As ações ordinárias são aquelas que con-
ferem direito de voto ao seu titular, meio pelo qual ele pode chegar ao controle
da, companhia bem como eleger seus administradores” (art. 16, Lei nº 6.404/76)
(BRASIL, 1976, on-line)2.

Classificação das Sociedades


66 UNIDADE II

As ações preferenciais “são aquelas que têm privilégios/vantagens para os


seus titulares, como na distribuição de lucros” (Art. 17 Lei nº 6.404/76) (BRASIL,
1976, on-line)2. “E, justamente por conferirem ao acionista uma vantagem, podem
limitar ou suprimir o direito de voto dele. Assim, as ações preferenciais geral-
mente não têm direito ao voto, mas excepcionalmente podem ter” (TEIXEIRA,
2016, p. 335).
As Ações de fruição são aquelas ações que asseguram a amortização ante-
cipada do valor que o sócio receberia em caso de liquidação da sociedade (Art.
44, § 5º Lei nº 6.404/76) (BRASIL, 1976, on-line)2. Esse tipo de ação é atribuído

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ao acionista ordinário ou preferencial que teve suas ações totalmente amortiza-
das, ou seja, ações que já receberam o que tinham direito em caso de eventual
e futura liquidação. Trata-se de uma espécie de devolução antecipada do valor
investido pelos sócios.
As sociedades podem ter capital aberto ou fechado. As primeiras possuem
emissão de ações ou valores mobiliários negociados em balcão ou bolsa de valo-
res, lembrando que para isto devem atender às normas fixadas pela Comissão
de Valores Mobiliários (CVM) regulada por lei especial nº 6.385/76. As segun-
das são aquelas que não possuem negociação de ações no mercado mobiliário.
O Parágrafo terceiro do artigo 4.º da Lei nº 6.404 explica:
§ 3o A Comissão de Valores Mobiliários poderá classificar as compa-
nhias abertas em categorias, segundo as espécies e classes dos valores
mobiliários por ela emitidos negociados no mercado, e especificará as
normas sobre companhias abertas aplicáveis a cada categoria (BRASIL,
1976, on-line)2.

Os acionistas gozam de alguns direitos que são considerados essenciais, pois não
podem ser privados deles, nem por previsão no estatuto social, nem por deter-
minação da assembleia geral, em razão do que estabelece o artigo 109 da Lei nº
6.404/76 (BRASIL, 1976, on-line)2. Os acionistas devem fiscalizar a gestão dos
negócios da sociedade, retirar-se da sociedade, de preferência na subscrição de
valores mobiliários, de participar da divisão do patrimônio da companhia, em
caso de liquidação e participação nos lucros. Somente tem direito ao voto os
acionistas titulares de ações ordinárias.

SOCIEDADES
67

Para as tomadas de decisões, serão realizadas por meio das assembleias, a


geral ordinária realizada normal e periodicamente, ocorrendo uma vez ao ano,
nos quatro primeiros meses após o término do exercício social visando a deli-
beração sobre destinação do lucro líquido e distribuição de dividendos, eleição
dos administradores e dos conselheiros fiscais, exame de aprovação das contas e
demonstrações financeiras apresentadas pelos administradores e correção mone-
tária do capital social. Já a assembleia geral extraordinária significa que ela não
é habitual, ou seja, que só ocorrerá em situações excepcionais, como por exem-
plo alterar o estatuto social e mudar objeto da companhia, deliberar sobre fusão,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

cisão, dissolução e liquidação da companhia, decidir sobre emissão de valores


mobiliários, como ações preferenciais e partes beneficiárias etc.
A administração é o órgão que se encarrega da execução das determinações
das assembleias gerais ordinárias e extraordinárias, devendo manter segredo
sobre os negócios que dela fazem parte; não se aproveitar de oportunidades pelo
conhecimento obtido em razão de sua função; não agir de forma a conflitar os
seus interesses pessoais aos da companhia (Lei nº 6.404/76 Arts. 155 e 156). Já à
diretoria cabe administrar a companhia, ou seja, fazer a gestão dos negócios da
sociedade, especificada no artigo 143 da Lei 6.404/76, representar legalmente a
companhia e de execuções de deliberações das assembleias gerais e conselho de
administração. O Estatuto apresenta a composição que deve ser de no mínimo
dois eleitos pelo conselho de administração e seu mandato não pode ser supe-
rior a três anos.
Os administradores são os responsáveis por celebrar os contratos em nome
da sociedade. No entanto, é a sociedade quem responde por essas obrigações,
uma vez que o administrador é somente um representante seu. Portanto, não
responde pessoalmente pelos prejuízos da companhia; caso a sociedade detecte,
pode deliberar juntamente com os sócios para que a companhia promova ação
em face do administrador, mas existe prazo para propositura da ação, 3 meses
após a deliberação da assembleia, e poderá ela ser ajuizada por acionistas que
representem no mínimo 5% do capital social.
Existe também outra figura importante e obrigatória, o conselho fiscal, suas
atribuições e formalidades são trazidas pelos artigos 161 a 163 da Lei 6.404/76. O

Classificação das Sociedades


68 UNIDADE II

Conselho controla os órgãos administrativos protegendo os interesses da com-


panhia e de todos os acionistas, devendo ser composto por no mínimo três e
no máximo cinco membros.
A dissolução da sociedade está apresentada no artigo 206 da lei 6.404/76
que estabelece:
Art. 206. Dissolve-se a companhia:

I - de pleno direito:

a) pelo término do prazo de duração.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
b) nos casos previstos no estatuto.

c) por deliberação da assembleia-geral (art. 136, X).

d) pela existência de 1 (um) único acionista, verificada em assembléia-


-geral ordinária, se o mínimo de 2 (dois) não for reconstituído até a do
ano seguinte, ressalvado o disposto no artigo 251.

e) pela extinção, na forma da lei, da autorização para funcionar.

II - por decisão judicial:

a) quando anulada a sua constituição, em ação proposta por qualquer


acionista.

b) quando provado que não pode preencher o seu fim, em ação pro-
posta por acionistas que representem 5% (cinco por cento) ou mais do
capital social.
c) em caso de falência, na forma prevista na respectiva lei.

III - por decisão de autoridade administrativa competente, nos casos e


na forma previstos em lei especial (BRASIL, 1976, on-line)2.

Como em toda sociedade, após a dissolução prossegue a liquidação, para verifi-


car os débitos e créditos; após liquidar todas as dívidas, dividir entre os acionistas
o que restar de acordo com suas proporções.

SOCIEDADES
69

SOCIEDADES EMPRESÁRIAS - SOCIEDADE COMANDITA POR


AÇÕES

Segundo a doutrina, a sociedade em comandita por ações é uma sociedade


empresária híbrida: tem aspectos de sociedade em comandita e aspectos de
sociedade anônima.
Com efeito, a sociedade em comandita por ações, assim como as socie-
dades anônimas, tem o seu capital dividido em ações; e, assim como as
sociedades em comandita simples, possui duas categorias distintas de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

sócios, uma com responsabilidade limitada e a outra com responsabili-


dade ilimitada (RAMOS, 2014, p. 347).

Ressalta-se que a Lei das sociedades anônimas não se aplica à sociedade em


comandita por ações assim explica Ramos (2014):
Código Civil
Sociedade Anônima Lei das S/A
(subsidiariamente)
Regência
Sociedade Comandita Lei das S/A
Código Civil
Por Ações (subsidiariamente)
Figura 02 - Aplicação das Leis nas sociedades por ações
Fonte: Ramos (2014, p. 348).

Está disposta no art. 1.090 até 1.092 do Código Civil: enquanto na sociedade
anônima, como visto, a responsabilidade de todos os acionistas é limitada, na
sociedade em comandita por ações o acionista diretor, ou seja, aquele acionista
que exerce função de administração da sociedade, responde ilimitadamente
pelas obrigações sociais.
Perceba-se que, na sociedade em comandita por ações, em função dos dire-
tores não serem eleitos pela assembleia-geral, mas simplesmente nomeados no
ato constitutivo, e de, por isso, não terem mandato, a legislação lhes impõe regras
severas quanto à sua responsabilidade, a qual, conforme salientamos, é ilimitada.

Classificação das Sociedades


70 UNIDADE II

SOCIEDADES EMPRESÁRIAS - SOCIEDADE COOPERATIVA

Caro(a) aluno(a), é importante ressaltar que o cooperativismo foi instituído pela


Lei nº 5.764 em 1971, mas também trazido pela Constituição Federal em seu
art. 5. Inciso XVIII e em 2002 foi disposto especificamente pelo Código Civil,
estabelecendo que sempre se tratam de sociedade simples independente de seu
objeto social e ainda traz as principais características:
Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
I - variabilidade, ou dispensa do capital social.

II - concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a ad-


ministração da sociedade, sem limitação de número máximo.

III - limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada


sócio poderá tomar.

IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à


sociedade, ainda que por herança.

V - quorum, para a assembléia geral funcionar e deliberar, fundado no


número de sócios presentes à reunião, e não no capital social represen-
tado.

VI - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não


capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação.

VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das ope-


rações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído
juro fixo ao capital realizado.

VIII - indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que


em caso de dissolução da sociedade (BRASIL, 2002, on-line)1.

Com relação à responsabilidade, é limitada quando o sócio responde pelo valor


de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais dentro das pro-
porções da participação das operações (Código Civil, art. 1.095 §1.º). Pode ainda
ser ilimitada hipótese em que o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas
obrigações sociais.
A Lei determina que a cooperativa deve ser registrada na junta comercial
estabelecendo que se trata de uma sociedade de pessoas de natureza civil, não
sujeita à falência, sendo que sua liquidação está definida na lei nº 5.764/71.

SOCIEDADES
71

Na cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada – responde


apenas pelo valor de suas quotas; ou ilimitada – responde solidária e ilimitada-
mente pelas obrigações sociais (Lei nº 5.764/71, arts. 11 e 12, e CC, art. 1.095).

SOCIEDADES EMPRESÁRIAS - SOCIEDADE COLIGADA

De acordo com o Código Civil em seu art. 1.097: “Art. 1.097. Consideram-se coli-
gadas as sociedades que, em suas relações de capital, são controladas, filiadas, ou
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

de simples participação, na forma dos artigos seguintes” (BRASIL, 2002, on-line)1.


Atualmente em razão da união de grupos empresariais por meio de união acio-
nária de fato ou de direito surgiram algumas figuras de sociedades controladoras
que se encontra em certa evidência tratadas como controladora, Holding e Offshore.
De acordo com ensinamentos de Teixeira (2016, p. 362):
Controladora é aquela que tem participação em outra sociedade (a
controlada) a ponto de obter maioria de votos nas deliberações, fazen-
do prevalecer sua vontade e assim elegendo os administradores e, como
consequência, dirigindo os negócios da controlada.

Mamede (2011, p. 02) estabelece que “[...] a sociedade controladora também é


denominada de HOLDING. No fundo, a holding é uma sociedade que detém
participação societária em uma ou mais empresas, tendo sido constituída espe-
cificamente para esse fim ou não”.
Teixeira (2014, p. 363) completa dizendo que:
[...] a holding pode ser tida como uma gestora de participações sociais,
podendo ser formada para administrar uma só empresa ou verdadei-
ros conglomerados empresariais. Esse modelo pode ser utilizado para
redução do custo administrativo, centralizando funções, reestruturação
societária, uniformização de práticas entre as empresas, manutenção de
parceria com outras empresas, planejamento tributário ou sucessório etc.

Existem holdings com os mais variados fins, como holding familiar, holding
financeira, holding patrimonial, entre outras. A proliferação desta modalidade
empresarial vem aumentado em razão dos benefícios fiscais, pois de acordo
com o que prevê o art. 2º, caput e § 3º, da Lei nº 6.404/76, o qual assevera que
o objeto da companhia pode ser qualquer empresa (atividade) de fim lucrativo,

Classificação das Sociedades


72 UNIDADE II

desde que lícito, de modo que a companhia pode ter por objeto social a partici-
pação em outras sociedades (holding pura, de controle ou de participação). E,
mesmo que não previsto no estatuto, a participação é facultada como forma de
realizar o seu objeto ou para se favorecer de benefícios fiscais (holding mista).
Dessa forma, pessoas têm constituído pessoas jurídicas com o fim de admi-
nistrar patrimônio próprio decorrente da integralização de bens dos sócios,
especialmente imóveis. A finalidade é encontrar um melhor enquadramento tri-
butário, notadamente quanto ao imposto de renda sobre as locações. Isso, por si
só, não é ilegal, tratando-se de planejamento tributário não proibido pelo orde-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
namento. Entretanto, quando uma holding é constituída com o fim de “blindar”
o patrimônio pessoal contra credores, isso é fraude, podendo implicar fraude
contra credores, ou mesmo desconsideração inversa da personalidade jurídica
(em que a sociedade poderá ser responsabilizada por dívida de sócio).
Mamede (2011, p.70) conceitua OFFSHORE (ou offshore company) como:
[...] uma sociedade constituída no exterior com o fim de controlar uma
ou mais empresas no território nacional. Em tese, não há ilicitude nisso
se o ordenamento jurídico não proibir, por exemplo, é o caso de empre-
sas que fazem isso como forma de planejamento. No entanto, muitas
vezes tais empresas são constituídas buscando “reduções tributárias”
ilegais nos países considerados “paraísos fiscais”, visando a ocultação
da identidade dos controladores, haja vista a possibilidade de emissão
de ações ao portador e o direito à manutenção do sigilo quanto aos
acionistas (ou seja, acionistas não identificáveis); ou simplesmente para
a remessa ilícita de dinheiro para o exterior.

Já a Sociedade controlada é aquela em que parte de seu capital é de propriedade


de outra sociedade (a controladora), que lhe assegura um número de votos sufi-
cientes nas deliberações (maioria de votos), a fim de eleger os administradores
(CC, art. 1.098, I). Há também a sociedade filiada disposta no artigo 1.099 do
Código Civil, sendo àquela que possui mais de 10% de seu capital social com
participação de outra sociedade, que, por sua vez, não a controla.
Concluímos com a disposição do art. 1.100 do Código Civil, sendo designada
como sociedade de simples participação aquela que possui menos de 10% de
seu capital social com participação em outra sociedade, porém não a controla.

SOCIEDADES
73
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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SOCIEDADE COMUM

“As sociedades se relacionam entre si, transformando-se, fundindo-se, incor-


porando outras ou transferindo parcela de seu patrimônio a outras” (RAMOS,
2014, p. 351). Em todos esses casos – transformação, incorporação, fusão e cisão
–, haverá mudanças relevantes na estrutura das sociedades, que trarão con-
sequências jurídicas relevantes, por isso, é importante entender o significado
de cada uma. As operações encontram-se prevista nos artigos 1.113 a 1.122 do
Código Civil, bem como na Lei nº 6.404/76.

TRANSFORMAÇÃO

A transformação ocorre quando um tipo de sociedade se transforma em outro


tipo de sociedade, por exemplo, a sociedade limitada se torna uma sociedade anô-
nima, outro exemplo uma sociedade limitada torna-se uma Empresa Individual
de Responsabilidade Limitada (EIRELI). Lembrando que não há necessidade de
liquidação ou dissolução da sociedade, mas deve prevalecer ou atender todos os
requisitos que estabelece a lei para cada tipo societário, principalmente na trans-
formação da personalidade jurídica, não havendo qualquer prejuízo aos credores
conforme estabelece o artigo 1.115 do Código Civil.

Sociedade Comum
74 UNIDADE II

INCORPORAÇÃO

A incorporação acontece quando sociedades por questões estratégicas decidem


absorver outra sociedade, dessa maneira a incorporadora sucede a incorporada
em todos os direitos e deveres conforme estabelece artigo 1.116 do Código Civil.
Caro(a) aluno(a), para melhor compreender, demonstraremos visualmente
um exemplo em que a sociedade A compra sociedade B, e a sociedade B deixa de
existir, dessa forma, a sociedade B será extinta, devendo ser averbado no regis-
tro conforme artigo 1.118 do Código Civil.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 03 - Ilustração de Incorporação
Fonte: a autora.

FUSÃO

Acontece quando duas ou mais sociedades fundem-se para constituição de


uma nova sociedade que sucederá as sociedades extintas em todos os direitos e
obrigações conforme estabelece o artigo 1.119 do Código Civil. Por exemplo: a
Sociedade A e B deixam de existir para que seus respectivos patrimônios formem
a nova empresa C, que será registrada e inscrita no registro conforme estabelece
artigo 1.121 do Código Civil.

SOCIEDADES
75

Substancialmente, a diferença entre a incorporação e a fusão está no fato de


que a incorporação é a absorção de uma sociedade por outra e a fusão significa
a união de sociedades.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 04 - Ilustração de Fusão


Fonte: a autora.

CISÃO

A cisão é a operação pela qual a sociedade divide seu patrimônio em duas ou mais
partes constituindo novas sociedades, ou ainda, pode ser destinada a aumentar
o patrimônio de outra sociedade. A cisão pode ser total ou parcial, a primeira
quando ocorre a extinção da empresa dividida que se tornará outras empresas.
A segunda quando a sociedade cindida/dividida teve apenas parte de seu patri-
mônio cedido, portanto, não haverá extinção da sociedade.
Ainda podemos explicar a diferença entre a existência da dissolução parcial,
que acontece quando há finalidade de entregar parte do capital da sociedade ao
sócio que se retira ou é excluído, diferente do que acontece na cisão, em que na
dissolução parcial, a parte do patrimônio apurada não é necessariamente para
formar nova sociedade ou integrar o capital social de outra já existente.

Sociedade Comum
76 UNIDADE II

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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Caro(a) aluno(a), dentro do princípio da autonomia patrimonial das pessoas


jurídicas, disposto no art. 1.024 do Código Civil, o qual estabelece que a respon-
sabilidade dos sócios é refletida em suas quotas ou ações, dependendo do tipo
societário adotado, foi uma forma encontrada pelo legislador para incentivar o
empreendedorismo. Entretanto se ocorrer um uso abusivo, com objetivo de frau-
dar credores, foi criado o instituto da desconsideração da personalidade jurídica.
Esse instituto foi normatizado pelo Código Civil em seu artigo 50, pelo
Código de Defesa do Consumidor em seu artigo 18, e ainda a Lei nº 9.605 de
1998 que regula os crimes ambientais, aplicando-se estes institutos na Justiça
do Trabalho entre outras.
Quando a empresa possui tipo societário limitado e fica comprovado que
sócios transferiram todo patrimônio da empresa para pessoa com intuito de
não realizar o pagamento aos devedores, podem os devedores requerer em
juízo dentro do processo de execução a desconsideração da personalidade jurí-
dica, na qual se deferida, a execução atingirá o patrimônio pessoal dos sócios,
visando a satisfação do crédito.
Ressalta-se que somente é permitida essa desconsideração em caso de abuso
de personalidade jurídica, devendo ser comprovado o desvio de finalidade e a
confusão patrimonial.

SOCIEDADES
77

A exemplo das consequências da evolução social, a sociedade empresária,


atualmente, tem fundamental papel na economia mundial, por quanto gera
empregos, paga tributos e propicia o surgimento de diversos negócios pa-
ralelos que vêm a contribuir para o crescimento da região em que está ins-
talada. Desse modo, a fim de estimular o empreendedorismo e auxiliar no
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

crescimento dessas sociedades empresárias, foi criado o princípio da auto-


nomia patrimonial, possibilitado pela pessoa jurídica.
Contudo, a partir do surgimento de uma nova realidade e das consequentes
criações com o intuito de atingir um novo equilíbrio, surgem também novas
possibilidades de fraudes e uso indevido, de forma que novos impasses são
originados. Com o instituto da pessoa jurídica não foi diferente. A partir de
sua criação, seu principal objetivo, qual seja, separar a pessoa do sócio e da
sociedade, foi sendo utilizado como meio para fraudes e enriquecimento
ilícito.
Fonte: Weiblen (2008, p. 18-36).

Há três tipos de empresas: empresas que tentam levar os seus clientes onde
eles não querem ir; empresas que ouvem os seus clientes e depois respon-
dem às suas necessidades; e empresas que levam os seus clientes aonde
eles ainda não sabem que querem ir.
(Gary Hamel)

Considerações Finais
78 UNIDADE II

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a), nesta unidade, verificamos grandes aspectos para compreen-


der os conceitos das sociedades, primeiramente quanto às formas de classificação
por meio do quadro geral das sociedades.
Em seguida, passou-se ao estudo e entendimento de quando uma socie-
dade passa a ser personificada e quando possui personalidade jurídica para
assim definir corretamente a empresa e, principalmente, definir as responsabi-
lidades dos sócios.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Foi importante entender que a Sociedade Comum é assim designada por não
possuir personalidade jurídica, já que não está registrada em órgão competente,
seguindo pela sociedade simples formada por profissionais que desenvolvem ati-
vidades intelectuais de natureza científica, literária ou artística.
Passamos a seguir por todas as formas de sociedades empresárias, cada uma
com sua especificidade, pois a importância de entender cada uma será adequada
para exercício de cada tipo de atividade, formas de administração, designação,
divisão de capital e responsabilidades dos sócios, quando e como exercer admi-
nistração e, principalmente, a responsabilidade de cada sócio.
A Sociedade Anônima também mereceu atenção especial, pois é regula-
mentada por legislação especial que nos apresenta detalhadamente as formas
de constituição, administração e como pode ser exercida a comercialização das
ações, que diferencia das outras sociedades.
Não podemos esquecer das sociedades cooperativas e coligadas, que passa-
ram a ter espaço significativo nas relações empresariais atuais. Finalizamos com
as operações societárias, tão importantes para desenvolvimento empresarial.

SOCIEDADES
79

1. De acordo com os conceitos estudados, defina em que consiste sociedade em-


presária.

2. Como podemos classificar as sociedades? Quais fazem parte delas?

3. Quais os tipos de sociedades que fazem parte das sociedades simples e socieda-
des empresárias?

4. Em que consiste a sociedade comum e a sociedade em conta de participação?

5. Por que a sociedade Simples não é considerada empresária?

6. Quais as determinações legais sobre sociedade em nome coletivo?

7. Embora a sociedade em comandita simples não seja tão comum, como fica a
responsabilidade dos sócios nesta modalidade de sociedade?

8. Por que a sociedade Limitada representa mais do que 90% das sociedades em-
presariais brasileiras?

9. Qual a diferença entre a sociedade Limitada e Sociedade Anônima com relação


ao capital social?

10. Quais as operações societárias que podem se realizar?


80

Análise comparativa entre a sociedade simples e a sociedade empresária: a construção


de um conceito jurídico de empresa na visão sistemática do direito
É indiscutível a relevância do papel da empresa na vida econômica e, consequentemen-
te, na sociedade. No entanto, a definição e a caracterização jurídicas de tal instituto não
têm sido tarefas das mais tranquilas. Tal expressão adquire significados dos mais diver-
sos, variando conforme a área de conhecimento e de atividade na qual é abordada, e ain-
da, principalmente, conforme os interesses a serem protegidos ou mesmo privilegiados.
A identificação da empresa nas atividades econômicas deu-se pela observação de fatos
da vida prática, mas a sua adequada caracterização depende de critérios jurídico-eco-
nômicos formais – como se buscará evidenciar adiante –, o que gera relevantes efeitos
econômicos e, em última análise, sociais. É, assim, natural que ela seja objeto de atenção
de outras áreas além do Direito, tais como e especialmente a Economia, a Sociologia, a
Teoria da Administração e a Contabilidade.
Há que se considerar que a identificação e a caracterização da empresa têm se torna-
do cada vez mais difícil, visto que, cada vez mais, a sociedade tem sido protagonista de
grandes transformações, tornando-se natural e progressivamente mais complexa, e os
interesses nela compreendidos redundaram na crescente complexidade das relações
econômicas. Esses interesses são compreendidos em diversos grupos, tais como sócios
ou acionistas, fornecedores, clientes, empregados, concorrentes e governos.
O Direito é quase pródigo em apresentar conceitos da empresa que compreendam não
somente a visão jurídica, mas também uma visão econômica, no sentido da abordagem
prática desse instituto. Observa-se que o Direito ocupou-se especialmente com a insti-
tuição, por ele criada, da pessoa jurídica, em especial as com fins lucrativos, quais sejam
as chamadas sociedades, que são importantíssimas na organização das atividades nego-
ciais. Talvez, por isso, os ordenamentos jurídicos ocidentais até hoje não lograram êxito
em definir a empresa e em tratá-la de maneira clara, homogênea e sistemática, o que
gera dificuldades para os intérpretes da lei.
Com a edição do Código Civil de 2002 (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002), a empresa
passou a ser o centro da atividade negocial no ordenamento jurídico brasileiro, em substitui-
ção ao ato de comércio, assim como o Código Civil italiano, no qual se inspirou fortemente.
Também a exemplo do código que lhe serviu de paradigma, o Código Civil de 2002 erigiu
a empresa como o elemento basilar de diferenciação entre as duas espécies de socieda-
de nele previstas, quais sejam a sociedade empresária e a sociedade simples. Nos termos
da lei, a sociedade empresária teria “por objeto o exercício de atividade própria de em-
presário sujeito a registro”, e a sociedade simples não.
No entanto, o conceito de empresa – vago por natureza, e que pode ser abordado por
vários perfis – não foi apresentado explicitamente no Código. Em consequência, o con-
ceito de cada uma dessas espécies societárias apresentados pelo texto legal não se mos-
trou esclarecedor.
81

Essa falta de clareza dos institutos da empresa e das espécies de sociedade têm dado
margem a discussões de ordens doutrinária e prática, e se busca, com o presente traba-
lho, trazer nova contribuição para o debate, utilizando-se não somente a abordagem da
empresa pela doutrina jurídica e pela legislação nacional mas também algumas expe-
riências trazidas por outras áreas de conhecimento. Tal abordagem permitirá a verifica-
ção dos interesses relacionados à empresa e como eles se vinculam, e, com isso, procu-
rar-se-á demonstrar que não procede a previsão legal de duas espécies de sociedades
baseada na premissa de que uma possui elemento de empresa e a outra não.
[...]
O trabalho vale-se essencialmente de pesquisa doutrinária, que não se limitou à dou-
trina do Direito, visto que as trocas econômicas – representadas no paradigma da em-
presa – são identificadas na vida prática e repercutem, como todo instituto socialmente
relevante, por áreas diversas do conhecimento humano.
Fonte: Freitas (2008, p. 7-10, on-line)3.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Empresários, Sócios & Sociedades


Benedito Claudino Barbosa e Mário Claudino Barbosa
Editora: Juruá
Sinopse: o presente livro aborda, em linguagem simples e objetiva, o papel
do empresário perante os diferentes tipos de empresas, desde a sociedade
simples e a individual até as sociedades em que se encontra a figura de um
ou mais sócios ou acionistas, no caso da sociedade anônima. Ao iniciar um
negócio, o empreendedor pode optar por trabalhar sozinho, como empresário
individual, ou contar com o apoio de um ou mais sócios em uma sociedade
empresarial. A escolha de um sócio, no início de atividades do empresário ou
para a sociedade que já está funcionando há algum tempo deve ser pautada por
alguns cuidados e critérios que são fundamentais para a sobrevivência e sucesso
do empreendimento. Na leitura dessa obra, serão encontradas orientações sobre
o que deve ser analisado em relação à pessoa do sócio, vantagens e desvantagens
de se ter um sócio, convivência esperada e possíveis desavenças que poderão até
gerar uma dissolução da sociedade. Sob o aspecto jurídico, esclarecem-se todas as implicações
normativas de retirada ou exclusão de um sócio. Outros tipos de união societária ou parcerias
envolvendo pessoas jurídicas complementam a leitura desta obra, que focaliza os conceitos e as
principais características dos grupos de empresas, joint venture, franquia e terceirização.

Depois do conceito, importante exemplificar em um caso real para entender melhor a diferença
entre sociedade controlada, coligada e subsidiária. Disponível em: <http://direito.folha.uol.com.br/
blog/para-entender-a-diferena-entre-controlada-coligada-e-subsidiria>.
83
REFERÊNCIAS

COELHO, F. U. Manual do Direito Comercial. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
GONÇALVES, V. E. R. Direito comercial: direito de empresa e sociedades empresá-
rias. 5. ed., São Paulo: Saraiva, 2012.
MAMEDE, G. Holding familiar e suas vantagens: planejamento jurídico e econô-
mico do patrimônio e da sucessão familiar. São Paulo: Atlas, 2011.
RAMOS, A. L. S. C. Direito empresarial esquematizado. 4. ed. Rio de Janeiro: Fo-
rense, 2014.
SANTOS, E. T. V. dos. Direito empresarial. 11.ª Ed. rev e atual. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2012.
TEIXEIRA, T. Direito empresarial sistematizado: Doutrina e Prática. 2. ed. São Pau-
lo: Saraiva, 2013.
_____. Direito empresarial sistematizado: Doutrina e Prática. 5. ed. São Paulo: Sa-
raiva, 2016.
WEIBLEN, F. P. A teoria da desconsideração da personalidade jurídica e a responsa-
bilidade dos sócios no processo falimentar. Revista Eletrônica do Curso de Direito
Da UFSM, Santa Maria/RS, n.2, v.3, 2008.

Referências on-line

1
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 7
out. 2016.
2
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03 leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 17
out. 2016.
3
Em: <http://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/4070/1/416270.pdf>. Acesso em:
18 out. 2016.
GABARITO

1. “A sociedade como ente que tem natureza contratual, ou seja, sociedade é um


contrato” (COELHO, 2007, p. 109). O autor nos ensina que na construção do con-
ceito de sociedade empresária, dois institutos jurídicos servem de alicerces. De
um lado, a pessoa jurídica, de outro, a atividade empresarial. Uma primeira apro-
ximação ao conteúdo deste conceito se faz pela ideia de pessoa jurídica empre-
sária, ou seja, que exerce atividade econômica sob a forma de empresa.
2. Sociedades Personificadas que abrangem as sociedades simples e empresárias e
as sociedades não personificadas.
3. As sociedades simples são compostas por profissionais liberais e sociedades de
atividades intelectuais e cooperativa. As sociedades empresárias são compostas
da comandita por ações, nome coletivo, limitada, sociedade Anônima e coman-
dita simples.
4. É a sociedade contratual em formação, isto é, aquela que tem contrato escrito
e que está realizando os atos preparatórios para o seu registro perante o órgão
competente, antes de iniciar a exploração do seu objeto social. Na Sociedade em
conta de participação, destaca-se que um sócio representa a sociedade, normal-
mente, financeiramente e obrigações decorrentes da sociedade, tendo como
outro sócio ostensivo ou oculto.
5. Em razão do que estabelece o Código Civil em seu artigo 966 parágrafo único,
determinando que esta sociedade é formada pelos profissionais que desenvol-
vem atividades intelectuais de natureza científica, literária ou artística.
6. Sócios são solidárias e ilimitadas pelas suas obrigações sociais e somente as pes-
soas físicas podem formar uma sociedade coletiva e ao contrário de outras socie-
dades nesta somente o sócio pode administrar.
7. As responsabilidades dos sócios comanditados são aqueles com responsabilida-
de solidária e ilimitada, que necessariamente devem ser “pessoas físicas” (CC, art.
1.045, caput). Já os sócios comanditários têm responsabilidade limitada ao
valor de suas quotas sociais e podem ser “pessoas físicas ou jurídicas” (CC,
art. 1.045, caput). Comandita significa administrada ou comandada. É um termo
derivado do italiano accomandita, cujo significado era guarda ou depósito, uma
vez que no passado pessoas confiavam seu capital a outrem para que este o admi-
nistrasse em seu nome e risco.
8. Deve-se o sucesso a duas de suas características: a limitação da responsabilidade
dos sócios e a contratualidade. Dessa forma, não há confusão entre patrimônio
particular e patrimônio social, desde que o patrimônio da empresa esteja integra-
lizado, para entender melhor explica Gonçalves (GONÇALVES, 2012, p. 151).
9. Na sociedade limitada, o capital da empresa é dividido em quotas, já a sociedade
anônima tem seu capital dividido por ações, que podem ou não ser comercializadas
na bolsa de valores, dependendo do tipo de sociedade anônima e tipo de ação.
10. Transformação, incorporação, fusão e cisão.
Professora Esp. Renata Monteiro de Andrade

NOÇÕES DE DIREITO

III
UNIDADE
TRIBUTÁRIO

Objetivos de Aprendizagem
■■ Aprender o conceito de direito tributário.
■■ Assimilar as fontes do direito tributário.
■■ Entender o Sistema Tributário Nacional.
■■ Instruir-se das funções dos tributos.
■■ Compreender os princípios e as limitações do poder de tributar.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Noções de direito tributário
■■ Fontes do direito tributário
■■ Sistema tributário nacional
■■ Funções dos tributos
■■ Princípios e limitações do poder de tributar
87

INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a), nesta unidade serão abordados aspectos mais relevantes
que envolvem as relações jurídicas entre as pessoas e o ente público. Esses con-
ceitos são relevantes para o direito tributário, por isso, é importante entender
que ele está relacionado diretamente com a Constituição Federal (1988), que as
obrigações são estabelecidas por ela.
O Estado moderno apresenta uma série de compromissos assumidos com a
população e, nessa esfera, para o exercício da atividade financeira, é necessário
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

grande movimento do estado para que possa manter-se por meio da arrecadação.
Em seguida, conhecer as fontes que indicam a origem do direito tendo
explanação sobre as principais Constituição Federal, Emenda Constitucional,
Lei Ordinária, Decreto, Lei Delegada, Medida Provisória, Decreto legislativo,
Resolução, Tratados e convenções Internacionais e Lei Complementar.
Entenderemos também como funciona a hierarquia das leis que é impor-
tante para aplicação da legislação, juntamente com aplicação da lei no espaço e
no tempo, pois, quando a lei se materializa no plano fático devemos saber quais
serão os efeitos que produzirão de acordo com a realidade praticada.
Tratar sobre as normas passa a ter grande importância, à medida que afe-
tam diretamente a propriedade privada ganhando grande autonomia, por isso,
necessário entendê-las, principalmente no que se refere às exceções.
Prosseguiremos com o Sistema Tributário Nacional, sua definição e as regras
que estão regidas pelos dispostos constitucionais, para saber qual a função dos
tributos e a diferença entre as formas de arrecadação.
Finalizamos com o poder de limitar por meio dos princípios constitucionais
e imunidades, pois, nele haverá fundamentos para incidência ou não dos tributos
que fará toda diferença na apuração diante da Legislação Brasileira, nesse caso,
a aplicação do Código Tributário Nacional subordinado à Constituição Federal.
Bons estudos!

Introdução
88 UNIDADE III

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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO

Caro(a) aluno(a), neste tópico vamos abordar os aspectos mais relevantes sobre
o direito tributário que envolve as relações jurídicas existentes entre o cidadão
e os entes públicos, relações das quais decorrem a exigência ao pagamento dos
tributos, bem como entender o sistema.

CONCEITO DE DIREITO TRIBUTÁRIO

Caro(a) aluno(a), para entender o conceito de Direito tributário temos que saber
que o Estado, aqui no sentido de país, possui uma série de obrigações estabe-
lecidas pela Constituição Federal em seu artigo 175, que define: “Incumbe ao
Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou per-
missão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos” (BRASIL,
1988, on-line)1.
Para que o Estado possa fornecer os serviços públicos, é necessário que haja
a obtenção de recursos, já que implica em custo econômico, não sendo sufi-
ciente a simples emissão de moeda, pois pode acarretar em grandes problemas
inflacionários. Dessa forma, as empresas produzem ou comercializam bens ou
serviços, bem como realizam pagamento aos seus trabalhadores que de maneira
geral também transferem de alguma forma seus ganhos por meio dos tributos
que vêm com objetivo de custear os serviços públicos.

NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO


89

Casalino (2012, p. 26) define:


[...] direito tributário como um conjunto de normas jurídicas que disci-
plina a relação entre Estado e particular, regulamentando a instituição,
fiscalização e arrecadação de tributos. Como conjunto de normas jurí-
dicas, o direito tributário viabiliza a atividade de tributação do Estado,
ao mesmo tempo em que protege o particular e sua propriedade contra
eventuais abusos do poder público.

As normas jurídicas são produzidas pelos legisladores em conjunto com admi-


nistradores, fazendo ser cumpridas pelo poder judiciário. Essas normas jurídicas
podem ser entendidas como um comando, determinação legal para que se cum-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

pra obrigação, cabendo ao direito descrever.


Direito tributário é definido como:
O Direito, objetivamente considerado, é o conjunto de regras de con-
duta coativamente impostas pelo Estado. Na clássica conceituação de
Ihering, é o complexo das condições existenciais da sociedade, asse-
guradas pelo Poder Público. Em última análise, o Direito se traduz em
princípios de conduta social, tendentes a realizar Justiça (MEIRELLES,
2002, p. 35).

Para Sabbag (2016, p. 52):


Direito Tributário é ramificação autônoma da Ciência Jurídica, atrela-
da ao direito público, concentrando o plexo de relações jurídicas que
imantam o elo 'Estado versus contribuinte', na atividade financeira do
Estado, quanto à instituição, fiscalização e arrecadação de tributos.

Já para Vieira (2014, p. 22):


O Direito tributário é um ramo do direito público, em razão das rela-
ções existentes entre poder público, fazenda, e o particular, obrigados
ao pagamento do tributo, e o direito limita e define atuação do Estado,
do poder tributante, os princípios e o conjunto de normas pertinentes.

Podemos ainda trazer dois elementos da definição objetivo, ou seja, o tributo


propriamente dito e o elemento subjetivo que são os sujeitos da relação jurídi-
co-tributária (VIEIRA, 2014).
Cassone (2003, p. 32) diz que:
O Direito tributário é parte do direito financeiro que estuda as relações
jurídicas entre o Estado (fisco) e os particulares (contribuintes), no que
concerne a instituição, arrecadação, fiscalização e extinção do tributo,
sendo um direito autônomo por se reger as regras próprias.

Noções de Direito Tributário


90 UNIDADE III

Caro(a) aluno(a), podemos buscar inúmeras definições, em todas estarão presentes os


elementos estruturais principais quais sejam o Estado, particulares e atividade financeira.

FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO

Todos os Ramos do direito são retratados de um ponto de origem, de um lugar

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de onde nasce a regra jurídica,
por isso, denominamos como
“fonte do direito”. Eis que indi-
cam a origem do direito, e com
o Direito Tributário não poderia
ser diferente.
As fontes podem ser clas-
sificadas em fontes formais e
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fontes materiais.

FONTES FORMAIS

As fontes formais são o direito exteriorizado por meio da legislação, e podem ser
primárias ou secundárias. As fontes primárias estão relacionadas no art. 96 do
CTN, tendo como principais: a Constituição Federal, Emenda Constitucional,
Lei Complementar, Lei Ordinária, Lei Delegada, Medida Provisória, Decreto
Legislativo, Resolução, Tratados e convenções Internacionais. Explicaremos cada
uma de acordo com os ensinamentos de Diniz (2009) que diz que:
■■ Constituição Federal: nossa lei máxima, encontra-se no topo da pirâmide
jurídica, utilizada como fundamento da validade de todas as outras leis.
Ela é muito importante para o Direito tributário, pois possui um capítulo
sobre sistema tributário nacional, além da tributação e orçamento deli-
mitando a repartição das receitas.

NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO


91

■■ Emenda Constitucional: nossa constituição em alguns pontos só pode ser


alterada mediante emendas constitucionais, uma vez aprovadas se incor-
poram à Constituição com igual hierarquia passando a ter a mesma força
das normas constitucionais preexistentes.
■■ Lei Complementar: “[...] como em sua designação vem para complemen-
tar disposições constitucionais disposta em vários artigos da Constituição
Federal (CF, art. 69, 146-A e 155, XII) muito utilizada no setor tributário
para dispor sobre conflitos de competência entre as entidades políticas e
o poder de tributar. Para sua existência, exige-se quórum qualificado, ou
seja, maioria absoluta nas duas casas do Congresso Nacional” (CF, art.69)
(DINIZ, 2009, p. 290).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

■■ Lei Ordinária: criada pelo poder legislativo da União, Estados ou


Municípios, dentro das suas competências definidas pela constituição, a
maioria das leis criadas que estabelecem direitos e obrigações, por exem-
plo: lei de falências, Lei de locação, dentre outras.
■■ Lei Delegada: é elaborada e editada pelo presidente da República; este
poder ocorre em razão de uma resolução do congresso nacional, visando
possibilitar aceleramento da criação de novas normas jurídicas, mas
importante ressaltar que existem delimitações constitucionais em relação
às matérias (art. 68 §1.º e 150, I da Constituição Federal). A Lei Delegada
está sujeita à apreciação do Congresso Nacional, que verifica se corres-
ponde à permissão dada.
■■ Medida Provisória: também expedidas pelo Presidente da República, no exer-
cício de sua competência estabelecida pela Constituição, embora não sejam
leis que substituíram o antigo decreto-lei (Art. 25, I, II e §§ 1.º, 2.º do Ato das
Disposições Transitórias da Constituição Federal). O chefe do poder Executivo
pode adotar a medida provisória com força de lei em caso de relevância do
interesse público e urgência, sendo submetidas de imediato ao Congresso
Nacional e se em 60 (sessenta) dias, prorrogável por uma única vez, não for
convertida em Lei, perde sua eficácia, havendo restrições a algumas matérias.
■■ Decreto Legislativo: promulgado pelo presidente do Senado, é uma
norma aprovada pelo Congresso por maioria simples, sobre matéria de
sua exclusiva competência (art. 49 C.F.), por exemplo, ratificação de tra-
tados internacionais e julgamento de contas do Presidente da República.
■■ Resolução: por serem deliberadas por uma das câmaras, Poder Legislativo
ou pelo Congresso Nacional, são aprovadas por maioria absoluta de seus
membros e não têm sanção, sendo promulgada pela mesa do Senado

Fontes do Direito Tributário


92 UNIDADE III

que ordena sua publicação. Trata de assuntos como licença ou perda de


cargo por deputado ou senador, determinação de alíquotas de imposto
sobre circulação de mercadorias, proposta por iniciativa do Presidente
da República ou um terço dos Senadores.
■■ Tratados e Convenções Internacionais: “Tratado é o acordo formal
concluído entre os sujeitos de Direito Internacional Público – Estados,
organismos internacionais e outras coletividades – destinado a produzir
efeitos jurídicos na órbita internacional” (HUSEK, 2008, p. 21.).
■■ Decretos Regulamentadores: “[...] são normas jurídicas gerais, abstratas
e impessoais estabelecidas pelo poder Executivo da União, dos Estados ou

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Municípios, para desenvolver uma lei, minudenciando suas disposições
facilitando sua execução ou aplicação” (CARRAZZA, 1981, p. 14). Não
podendo criar novos institutos, apenas regulamentar os comandos existentes.
■■ Instruções Ministeriais: expedidas pelos Ministros de Estado para pro-
mover a execução das leis, decretos e regulamentos atinentes às atividades
de sua pasta.
■■ Circulares: normas jurídicas que organizam de maneira uniforme o ser-
viço administrativo.
■■ Portarias: normas gerais que o órgão superior edita para serem observa-
das pelos órgãos subordinados àquele.
■■ Ordens de Serviço: estipulação concreta para um certo tipo de serviço a
ser executado por um ou mais agentes credenciados para isso.
As fontes formais secundárias estão previstas no art. 100 do CTN, têm a
função de complementar os tratados, decretos e as leis. Constituem-se de
fontes de menor porte, de caráter instrumental e operacional. São exem-
plos de normas complementares, previstos nos incs. I ao IV do art. 100
do CTN: atos normativos, decisões administrativas com eficácia nor-
mativa, práticas reiteradas das autoridades administrativas e convênios
SABBAG (2019).
As fontes formais obedecem uma hierarquia, é um sistema criado por Hans
Kelsen, um grande filósofo do direito, que nos ensina:
[...] em uma fórmula inteiramente geral, entre uma norma superior e
uma norma inferior de uma ordem jurídica, não é possível qualquer
conflito que destrua a unidade deste sistema normativo, tornando im-
possível descrevê-lo em proposições jurídicas que não sejam contradi-
tórias entre si (KELSEN, 1998, p. 192).

NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO


93
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 01 - Pirâmide de Kelsen


Fonte: adaptado de Leite ([2016], on-line)2.

É importante compreender que a lei para produzir seus efeitos jurídicos deve
cumprir alguns requisitos legais, por exemplo, a publicação da Lei, sendo neste
momento que a torna pública, por isso, ninguém poderá descumpri-la alegando
seu desconhecimento.
O Legislador é quem vai determinar o termo inicial da aplicabilidade de sua
lei, ou seja, sua vigência. Se não houver no texto legal, nossa Lei de Introdução
do Código Civil determina em seu artigo 1º que passará a vigorar 45 dias após
sua publicação. Em geral, uma lei passa a ter eficácia após a sua entrada em vigor.
Direito Tributário, entretanto, não basta o requisito “da vigência”. No
caso de lei que institui ou majora o tributo, teremos um requisito extra
para a produção da eficácia da norma – o chamado princípio da ante-
rioridade tributária (art. 150, III, “b” e “c”, CF). Daí se afirmar que a lei
tributária incidirá se obedecer à regra de vigência e à regra da anterio-
ridade. Como a primeira, em geral, coincide com a data da publicação,
não há grande dúvida ao intérprete, que acaba apenas aplicando o prin-
cípio da anterioridade tributária. Podemos, assim, resumir o tema, da
seguinte forma (SABBAG, 2016, p. 214):

Fontes do Direito Tributário


94 UNIDADE III

Regra de Vigência Legislativa Tributária

Regra da
Incidência da Regra de
Anterioridade
Lei Tributária Vigência Tributária
Figura 02 - Regra de Vigência da Legislação Tributária
Fonte: Sabbag (2016, p. 215).

A Regra da anterioridade tributária evita que em um mesmo exercício haja alte-


ração da norma tributária e haja efeitos para o mesmo exercício financeiro, dessa
maneira, adia-se sua eficácia para próximo ano fiscal, por exemplo, determinado
imposto já foi majorado neste ano, e no mesmo ano foi instituído novo aumento,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
somente poderá ter valor no exercício subsequente.

FONTES MATERIAIS

Segundo Vieira (2014, p. 230):


As fontes materiais são acontecimentos econômicos, sociais, políticos
que podem ser a motivação para alterações legislativas. As fontes ma-
teriais são situações pré-jurídicas, diferentemente dos fatos geradores
que originam a cobrança de um tributo, pois esses fatos já juridiciza-
dos, previstos em lei como geradores de obrigação tributária. Podemos
exemplificar o caso de uma guerra externa, pode o Estado instituir im-
postos extraordinários ou empréstimos compulsórios. Dessa maneira
há, no próprio texto constitucional, situações materiais que podem ser
pressupostos para criação de tributos.

NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO


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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

Nos ensinamentos de Vieira (2014), o Sistema Tributário Nacional é um con-


junto de normas, de princípios e de regras que governam o direito tributário.
Destacando que as normas tributárias sempre estão regidas pelos dispostos
constitucionais. Essas normas informam quais são os tributos que podem ser
cobrados, qual o ente político que poderá cobrá-los e quais são os limites para
imposição do efeito de exigir do estado.
Dessa forma, a concepção de um sistema (o todo) envolve o desempenho
de cada componente (as partes) de maneira específica, e o conjunto dos compo-
nentes é que realiza a função precípua.
É bem verdade que as normas gerais em direito tributário são reserva de lei
complementar, conforme disposto no artigo 146, III da Constituição Federal,
contudo as normas específicas são disciplinadas nas leis ordinárias por diferen-
tes entes da federação conforme tributo.
Após a Emenda Constitucional 45/2003, o Senado Federal passou a ser com-
petente para avaliar periodicamente o Sistema Tributário Nacional bem como
o desempenho das administrações tributárias da União, Estados e Municípios,
podendo até propor alterações, sendo acompanhado pela Comissão de Assuntos
Econômicos.

Sistema Tributário Nacional


96 UNIDADE III

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FUNÇÕES DOS TRIBUTOS

Antes de entender quais as funções dos tributos, precisamos defini-lo, assim dis-
põe nosso Código Tributário Nacional em seu art. 3º:
[...] tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou
cujo valor nela se possa eximir, que não constitua sanção de ato ilícito,
instruída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plena-
mente vinculada (BRASIL,1966, on-line)3.

Casalino (212, p. 34):


Vamos entender detalhadamente o conceito ou suas características: pe-
cuniária significa dizer prestação será feita em dinheiro, não podendo
o tributo ser pago de outra maneira. Compulsória, por se tratar de uma
obrigação. Em moeda ou cujo valor nela se possa eximir como se fala
em prestação pecuniária deve ser feita em moeda corrente. Que não
constitua sanção de ato ilícito, ou seja, tributo não é multa, pois de-
corre de ato lícito ao contrário da multa que devemos pagar quando
descumprimos uma norma. Instituída em lei, pois compete a cada ente
federativo o poder de criar o tributo de acordo com o que estabelece a
Constituição. Cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada, compete ao ente que criou o tributo por meio da autoridade
administrativa realizar a cobrança dele.

Nasser (2013, p. 34) classifica os tributos como:


a) Não vinculados: que possuem como fato gerador uma situação in-
dependente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contri-
buinte, ou seja, o crédito arrecadado, pode ser destinado a qualquer
prestação diversa inclusive daquele que lhe deu causa. Exemplo: im-
posto.

NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO


97

b) Vinculados: são os que possuem o fato gerador a uma atuação do


Estado em favor do contribuinte, de forma direta ou indireta. Os va-
lores arrecadados serão utilizados para custeio das atividades estatais.
Exemplo: taxas.

c) Tributos diretos: trata-se dos tributos cujo valor econômico é su-


portado exclusivamente pelo contribuinte, inexistindo a possibilidade
de ser repassado a terceiros. Exemplo: IPVA1, IPTU2.
d) Tributos Indiretos: são aqueles tributos em que a carga financei-
ra tem condições de ser repassada a terceiros, como acontece em uma
cadeia de produção em que um produto é industrializado, posterior-
mente é comprado pelo atacadista e revendido ao varejista até chegar
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

às mãos do consumidor final. Exemplo: IPI3, ICMS4.


e) Tributos de finalidade fiscal: são tributos cuja finalidade é unica-
mente arrecadadora, ou seja, a preocupação da entidade fiscal é de ob-
ter recursos para custeio de suas atividades. Exemplo: IR5, ICMS4.
f) Tributos de finalidade extrafiscal: trata-se dos tributos que, além
de possuírem finalidade arrecadatória, exercem a função principal de
controle de mercado. Exemplo: Imposto de Importação e exportação,
que são utilizados para controlar entrada e saída de mercadorias do
país, protegendo a economia nacional.

g) Tributos de finalidade parafiscal: seu objetivo é a arrecadação de


recursos para o custeio de atividades que, em princípio, não integram
funções próprias do Estado, mas este as desenvolve por meio de enti-
dades específicas. Exemplo: Contribuição Previdenciária cujos valores,
no regime geral da previdência social, são destinados à autarquia fede-
ral INSS6 para custear os benefícios previdenciários de caráter pecuni-
ário (pensão por morte, aposentadoria por idade).

O tributo é o gênero sendo que as espécies mais adotadas pelo ordenamento jurí-
dico são: Imposto, Taxas, Contribuição de Melhoria, Empréstimo compulsório,
Contribuições gerais ou especiais; vamos entender cada uma.

1 Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).


2 Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
3 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
4 Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
5 Imposto de Renda (IR).
6 Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Funções dos Tributos


98 UNIDADE III

■■ Imposto: como seu próprio nome define é uma imposição, estabelecida


pela Constituição Federal (art. 145, I) e de acordo com art. 16 do Código
Tributário Nacional: “[...] é o tributo cuja obrigação tem por fato gera-
dor uma situação independente de qualquer atividade estatal específica,
relativa ao contribuinte (BRASIL,1966, on-line)3.
■■ Taxas: regulada pela Constituição Federal (Art. 145, II) e definida pelo art.
77 do Código Tributário Nacional que define: “[...] têm como fato gerador
o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou poten-
cial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou
posto à sua disposição” (BRASIL,1966, on-line)3. As taxas classificam-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
-se em taxas de poder de polícia na qual se enquadram no exercício do
poder de polícia, cujo objetivo é limitar direitos individuais em benefí-
cio da coletividade, por exemplo: taxa de inspeção sanitária. E taxas de
serviços públicos, que consistem na prestação de serviços públicos pres-
tados individualmente pelos usuários, e divisível, aquele que possibilita
mensuração da fruição individual. Ex.: taxa judiciária.
Diante deste conceito, é interessante estabelecer a diferença entre taxa e tarifa:
Quadro 01 - Diferença entre Taxa e Tarifa

TAXA TARIFA
CRIAÇÃO Lei. Contrato administrativo.
Remunerar serviço público
Remunerar o serviço
prestado diretamente pelo
FUNÇÃO prestado por concessio-
ente federativo ou poder de
nária de serviço público.
polícia por ele desempenhado.
NATUREZA JURÍDICA Tributo. Preço Público.
Por ato da concessioná-
ria, nos termos esta-
REAJUSTE Apenas por Lei.
belecidos no contrato
administrativo.
Fonte: Nasser (2013, p. 37).

■■ Contribuição de melhoria: deve estar prevista na lei emanada pelo ente fede-
rativo que realiza a obra. Regulado pelo artigo 145, III da Constituição Federal
e definido pelo artigo 81 do Código Tributário Nacional que estabelece:
[...] é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decor-
ra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada
e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para

NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO


99

cada imóvel beneficiado” (BRASIL,1966, on-line)3.

■■ Empréstimos compulsórios: é uma espécie tributária a qual se objetiva


cobrir despesas adicionais imprevistas em situações determinadas pela lei,
que deverá ser devolvido ao final do período estabelecido na lei que ins-
tituir o tributo. Assim define o Artigo 15 do Código Tributário Nacional:
Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode insti-
tuir empréstimos compulsórios:

I - guerra externa, ou sua iminência.

II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

com os recursos orçamentários disponíveis.

III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.

Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e


as condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o dispos-
to nesta Lei (BRASIL,1966, on-line)3.

De acordo com o que estabelece a Lei, são duas espécies a cobrança dos compul-
sórios em razão de calamidade pública ou guerra externa, chamada de despesas
extraordinárias ou em razão de investimento público em caráter de urgência.
■■ Contribuições gerais ou especiais: são voltadas para custear despesas
específicas de acordo com o que estabelece a Constituição Federal art.
146. São algumas espécies de contribuições.
■■ Sociais: destinadas ao financiamento da seguridade social que se subdi-
videm em gerais que cuidam da assistência social, previdência social, e a
segunda compreende educação e habitação.
■■ Intervenção no domínio econômico: que são instituídas por meio de lei
ordinária para custear gastos decorrentes da intervenção em algum setor da
economia, ocupando polo passivo da relação obrigacional que explora, sob
regime de direito privado, a atividade econômica objeto da regulação estatal.
■■ Contribuições corporativas: são tributos instituídos pela lei ordinária
em favor das entidades que representam categorias profissionais (traba-
lhadores) ou econômicas (empregadores).
■■ Custeio da iluminação Pública: da competência municipal e instituída
pela Emenda Constitucional 39/2002, também regulamentada pelo artigo

Funções dos Tributos


100 UNIDADE III

A redução dos custos de empresas por meio de planejamento tributário é


tópico recorrente tanto na pesquisa acadêmica como na prática empresa-
rial. Este trabalho tem como objetivo estudar as formas de remuneração de
sócios de empresas que pagam imposto de renda pelo lucro real, a saber:
distribuição de lucros, juros sobre capital próprio e pagamento de pró-la-
bore. Ênfase especial foi dada ao pagamento de pró-labore, modelado por
meio da matemática atuarial, de forma a incorporar o efeito intertemporal
do benefício previdenciário a que o sócio tem direito, no cálculo das alíquo-
tas efetivas das formas de remuneração. A alíquota efetiva é definida como
a razão entre o valor efetivamente pago ao ente público e o valor original-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mente disponível à tributação. A alíquota efetiva deve ser considerada pelo
seu valor presente atuarial devido ao fato de que alguns tributos têm efeitos
intertemporais de pagamentos, recebimentos e restituições no fluxo de cai-
xa do ente pessoa física ou jurídica.
Fonte: Gouveia e Afonso (2013, p. 02, on-line)4.

149-A da Constituição.

PRINCÍPIOS E LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR

O Poder de tributar significa o poder de avançar sobre a proprieda-


de privada dos
indivíduos,
das empresas,
enfim, dos
particulares,
por meio do
tributo, sem-
pre dentro dos
limites cons-
titucionais
passando pelo
código tribu-
tário nacional
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NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO


101

(CASALINO, 2012 p. 45).

A própria Constituição Federal impõe limites ao poder de tributar, e estes limites


estão inseridos nos artigos 150 a 152. Os Princípios das imunidades constitucio-
nais tributárias são considerados limitações constitucionais ao poder de tributar.
Para exata compreensão dessa expressão, convém enfrentarmos, de início, alguns
conceitos elementares além de entender o significado de cada princípio para
compreender os limites.
■■ Princípios Tributários:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a) Legalidade Tributária (art. 150, I C.F.): as contribuições devem ser


instituídas, como regra, por lei ordinária. A ressalva existe para a con-
tribuição residual da seguridade social, isto é, aquela que incide sobre
uma base tributável, diferente das discriminadas nos incisos I ao IV do
art. 195 da CF.
Existem três tributos que obrigatoriamente devem ser instituídos por
lei complementar: Imposto sobre grandes fortunas (C.F. art. 153, VII),
Empréstimos Compulsórios (C.F. art. 148), Impostos Residuais da União
(C.F. art. 154, I).
Ainda há seis tributos que poderão ter suas alíquotas majoradas ou redu-
zidas por Decreto do Poder Executivo: Imposto de Importação, Imposto
de Exportação, Imposto sobre produtos industrializados, Imposto sobre
Operações Financeiras, Contribuições de Intervenção do Domínio Eco-
nômico - CIDE Combustível, ICMS Combustível.
b) Anterioridade Tributária:
“[...] o princípio da anterioridade tributária, expresso no art. 150, III, b
e c, da CF, destaca-se como um postulado tipicamente tributário, cujos
efeitos direcionam-se para a seara da tributação, seja ela federal, esta-
dual, municipal ou distrital” (CARRAZZA, 2008, p. 185).
Uma expressiva limitação ao poder impositivo do Estado. A limitação
decorrente do princípio da anterioridade, por configurar cláusula pétrea da
Constituição da República, não pode ser elidida por emenda constitucional.
As exceções a esse princípio são trazidas pelo § 1.º artigo 150 da Consti-
tuição Federal, ou seja, desnecessidade de aguardar o exercício financeiro
seguinte para a cobrança dos tributos: Imposto de Importação, Imposto
de Exportação, Imposto sobre produtos industrializados, Imposto sobre

Princípios e Limitações do Poder de Tributar


102 UNIDADE III

operações financeiras, Imposto extraordinário de guerra, empréstimo


compulsório para calamidade pública, Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico (CIDE) Combustível, ICMS combustível.
c) Anterioridade nonagesimal (art. 150, III c Constituição Federal): com
a finalidade de evitar a surpresa, estabeleceu-se a vedação à cobrança de
tributos antes de decorridos 90 dias da data que houver sido publicada a lei
que tenha instituído ou majorado o tributo. Lembremos que a esse princípio
também existem exceções: Imposto de Importação, Imposto de Exportação,
Imposto de Renda, Imposto sobre operações financeiras, Imposto extra-
ordinário de guerra, empréstimo compulsório para calamidade pública,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Imposto sobre a Propriedade Territorial e Predial Urbana (apenas base de
cálculo), Imposto sobre a propriedade de Veículos automotores.
d) Isonomia Tributária (art. 150, II C.F.): veda o tratamento tributário
desigual a contribuintes que se encontrem em situação de equivalência,
conhecido por “princípio da proibição dos privilégios odiosos”, na medida em
que visa coibir a odiosidade tributária, manifestável em comandos norma-
tivos discriminatórios, veiculadores de favoritismos por meio da tributação.
e) Irretroatividade Tributária (art. 150, III, a C.F.): informa que a
cobrança de tributo somente poderá atingir fatos surgidos em momento
posterior ao do início da vigência da norma jurídica. Como exceção em
casos da lei posterior determinar multa mais benéfica em relação àquela
que estava em vigor no momento da ocorrência do fato gerador, existe
a possibilidade dessa norma retroagir apenas no que se refere à multa.
f) Vedação ao Confisco (art. 150, IV C.F.): no campo das contribui-
ções, a noção de confisco despontará quando houver desproporção entre
o vulto da exação e a atuação do Estado, ou, igualmente, quando inexis-
tir a atuação estatal.
g) Liberdade de tráfego (art. 150, V, C.F.): um dos fundamentos é a
liberdade individual de locomoção, assegurada no art. 5.º da Constituição
Federal. Outro fundamento é o próprio princípio federativo, na medida
em que obsta que os entes imponham “barreiras” por meio da tributação
à livre locomoção dos indivíduos no território nacional.
h) Uniformidade Geográfica ou Tributária (art. 151, I, C.F.): a União
deve instituir tributo Uniforme em todo território nacional, sem que haja

NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO


103

distinção ou preferência com relação aos Estados, Distrito Federal ou


Município.
i) Proibição da tributação federal diferenciada da renda da dívida
pública e da remuneração dos agentes, em âmbito não federal (art.151,
II C.F.): a União não pode tributar de maneira diferente a renda gerada
por meio dos títulos que emitir em relação àqueles emitidos pelas demais
unidades da Federação. Também não pode tributar os rendimentos auferi-
dos pelos agentes públicos federais de maneira diferenciada se comparada
com agentes municipais e estaduais.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

j) Proibição das Isenções Heterônomas (art. 151, III C.F.): veda à União
a concessão de isenção de tributos que fogem a seu plano de competência
tributária. Em termos simples, quer-se proibir que a União venha atuar
fora da seara de sua competência, o que lhe é defeso em virtude da pri-
vatividade que demarca a competência tributária, quer na vertente de
instituição do tributo, quer na de sua exoneração.
k) Princípios da não cumulatividade: determina que o imposto seja não
cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa
à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante
cobrado nas operações anteriores pelo mesmo ou outro Estado, ou pelo
Distrito Federal. A Incidência do imposto ocorrerá sobre o valor agregado
em cada operação, e não sobre valor total, evitando-se assim “tributação
em cascata”. Se refere a dois impostos: IPI e ICMS (artigo 155 § 2.º,I e
artigo 153 § 3.º, II da C.F.).
■■ Imunidade: (art. 150, VI C.F): é a exclusão imposta pela Constituição
Federal ao poder de tributar. É dirigida ao legislador, que fica impedido
de exercer a competência tributária nos casos especificados no texto cons-
titucional, sendo aplicável apenas aos impostos. Espécies de imunidades
são imunidade recíproca (art. 150, VI, a CF), Imunidade dos templos de
qualquer culto (art. 150, VI, b CF): os templos de qualquer culto estão
dispensados do pagamento de todos os impostos e não apenas daqueles
inerentes ao patrimônio, renda e serviços.
a) Imunidade dos partidos políticos, sindicatos instituições de educação
e entidades de assistência social, sem fins lucrativos (art. 150, VI, c CF):
os entes tributantes não podem cobrar dessas instituições imposto sobre
patrimônio, renda ou serviços, apenas, devendo as entidades demonstrar

Princípios e Limitações do Poder de Tributar


104 UNIDADE III

o preenchimento dos requisitos previstos na lei (art. 9.º a 14 do CTN).


b) Imunidade de livros jornais, revistas e do papel destinado à sua
impressão (art. 150, VI, d CF): não há que se falar em cobrança de
imposto sobre comercialização de livros, jornais ou revistas e do papel
destinados à impressão, sendo estendido aos filmes e papéis fotográficos
de acordo com súmula 657 do STF.
c) Imunidade recíproca: ocorre quando os entes públicos não poderão
cobrar impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços uns dos outros.
d) Imunidades especiais: imunidade de IPI de produtos destinados ao

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Você concorda com a imunidade dos partidos políticos, sindicatos e entida-
des sem fins lucrativos?

exterior (art. 153 § 3.º, III da CF). Imunidade de ITR para pequenas glebas
exploradas pela família (art. 153 § 4.º, II da CF), Imunidade de ICMS para
mercadorias e produtos industrializados destinados ao exterior, operações
com outros Estados relativamente ao petróleo, lubrificantes, combustí-
veis, e energia elétrica, outro ativo financeiro quando já incide Imposto
sobre Operações Financeiras (IOF) (art. 155 X e XII da Constituição).
Imunidade de Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) de bens
e direito incorporados à pessoa jurídica decorrentes de fusão incorpora-
ção (art. 156 § 2.º, I Constituição Federal).

NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO


105

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a), nesta unidade, aprendemos os aspectos mais relevantes sobre


o conceito de direito tributário, principalmente para entender as séries de obri-
gações estabelecidas pela Constituição Federal.
Não deixamos de destacar a relação íntima que há entre o direito tributá-
rio e a Constituição Federal que ao mesmo tempo que regulamenta delimita os
poderes, as formas de execução, as obrigações de cada ente federativo no tocante
às obrigações tributárias.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Esse conjunto de normas formado viabiliza atividade de tributação e ao


mesmo tempo regula as relações entre o contribuinte e o Estado, limitando o
poder de cada um. O Estado para movimentar as máquinas estruturais e manter
serviços sociais necessita de recursos nos quais sua maior fonte são os tributos
ao mesmo tempo que o direito regula essa relação ele também exterioriza as for-
mas por meio da hierarquia das leis estabelecidas.
Não podemos deixar de mencionar que a Constituição Federal encontra-
-se no ápice de nosso ordenamento jurídico seguida por todas as outras leis que
estão à ela subordinadas, assim entendemos como ocorre a vigência das leis no
espaço e no tempo.
Seguimos pelo Sistema Tributário Nacional em que se apresentou as regras
relacionadas ao direito tributário, procurando estabelecer as funções dos tribu-
tos e trazendo principalmente, suas características para então prosseguir com a
nossa busca ao conhecimento individualizado de cada espécie de tributo cobrada
atualmente, bem como a legislação que autoriza cobrança.
Na sequência, vimos as limitações do poder de tributar estabelecidas pela
Constituição Federal por meio dos princípios e imunidades tributárias.
Cada unidade foi elaborada com muito carinho e profissionalismo, tenho
certeza que este conteúdo colaborará muito com aqueles que se encontram nessa
fase tão importante de sua formação profissional.

Considerações Finais
106

1. O que é Direito Tributário?

2. Como são classificadas as fontes do Direito Tributário?

3. O que são fontes formais?

4. O que são fontes materiais?

5. Defina Sistema Tributário Nacional.

6. O que é tributo?

7. Qual a diferença entre taxa e tarifa?

8. O que é imposto?

9. Em que consistem as limitações do poder de tributar?


107

O poder da fiscalização tributária e a nova ordem constitucional


O art. 200 do CTN faculta às autoridades administrativas fiscais requisitarem auxílio de
força policial quando vítimas de embaraço ou desacato no exercício de suas funções, ou
ainda, quando necessário à efetivação de medida prevista na legislação tributária.
Tal dispositivo encontra-se previsto dentro do título IV do CTN, que trata da Adminis-
tração Tributária, e especificamente em seu capítulo I, o qual versa sobre a fiscalização.
A mens legis do artigo em comento é dotar a administração tributária dos mecanismos
necessários para a aplicação da legislação tributária, executando o Poder de Tributar
dentro de seu espectro legal. Isso porque a arrecadação do tributo depende, em grande
parte, da atuação direta da fiscalização, a qual deve se dar de forma organizada e efetiva,
contribuindo, assim, para a repressão de condutas omissivas ou comissivas de sonega-
ção. Essa conclusão se justifica porque estamos imersos em um Sistema Tributário ex-
cessivo, que beira o confisco, razão pela qual não há uma predisposição do contribuinte
em pagar espontaneamente o tributo.
Entretanto, os dispositivos do CTN não podem ser interpretados de forma absoluta, ten-
do em vista que este foi editado sob a égide de outra Constituição. Nesse sentido, após
a promulgação da CF/88 todo o regime legal anterior que não conflitasse materialmen-
te com a nova Ordem Constitucional seria recepcionado, tomando como parâmetro o
novo regime normativo. Portanto, o art. 200 do CTN deve ser interpretado respeitando
as garantias e direitos fundamentais inseridos dentro da nova Carta Magna.
O poder de requisição de força policial só poderá ser efetivado quando verificada as
condições estabelecidas em lei. Assim, quando a autoridade fiscal administrativa for ví-
tima de desembaraço ou desacato no exercício de suas funções, e quando necessário
à efetivação das medidas previstas na legislação tributária, poderá requerer auxílio de
força policial para o exercício de suas atividades.
O artigo traçou critérios objetivos, tendo como destinatário da norma os agentes da
administração tributária, que recebera determinadas prerrogativas, e os contribuintes
ou responsáveis, que estarão submissos à fiscalização, sejam eles pessoas físicas ou ju-
rídicas.
Mais a mais, esses poderes deverão ser exercidos com fulcro nos princípios constitucio-
nais administrativos (art. 37 da CF/88), bem como no princípio do devido processo legal
(art. 5º, LIV da CF/88) e no princípio da razoabilidade, que é corolário do devido processo
legal em seu aspecto material. Objetiva-se, dessa maneira, evitar a prática de atos que
possam configurar abuso de poder, seja na modalidade desvio de poder ou excesso de
poder. Sendo certo que o controle desse abuso se dará através do princípio da razoabi-
lidade, averiguando a necessidade, adequação e proporcionalidade em sentido estrito
do ato.
108

De outro giro, não se pode olvidar que a fiscalização, bem como a requisição de força
policial não podem exorbitar a garantia da inviolabilidade de domicílio (art. 5º, XI da
CF/88), do sigilo das correspondências e das comunicações (art. 5º, XII da CF/88) e da
livre circulação de pessoas ou coisas (art. 5º, XV da CF/88), as quais são cláusulas pétreas,
conforme preceitua o art. 60, §4º, IV, da CRFB.
Os doutrinadores Luciano Amaro[1] e Ricardo Abdul Nour[2] entendem que nos casos de
sonegação de livros e documentos, não se justificaria a requisição de força policial, pois
a administração fiscal tributária é dotada de outros meios para punir o infrator, como é
o caso das multas pelo descumprimento das obrigações acessórias.
Outrossim, há entendimentos contrários, devendo, no caso concreto, ponderar entre a
necessidade de consecução do interesse público, evitando a sonegação, e os direitos e
garantias individuais dos contribuintes.
[...]
Ante ao exposto, pode-se dizer que o poder de fiscalização descrito no art. 200 do CTN
não é absoluto, devendo guardar conformidade com os preceitos constitucionais e as
razões expostas nesse artigo.
Fonte: Nunes (2012, on-line)5.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Teoria da Igualdade Tributária


Humberto Ávila
Editora: Malheiros
Sinopse: a norma tributária deve tratar todos os contribuintes igualmente,
apesar das suas diferenças, ou todos os contribuintes diferentemente, apesar
da sua igualdade? Para o autor, o Direito Tributário justo é aquele que leva
em consideração as particularidades dos casos concretos e dos contribuintes
neles envolvidos; é aquele que privilegia o princípio da capacidade contributiva
subjetiva acima de tudo, em suposto detrimento da legalidade. A relevância da
discussão deve-se à crescente utilização de padrões fiscais (pautas, tabelas), que
desconsideram as particularidades dos casos concretos em nome da chamada
eficiência administrativa, precisamente em um momento em que o cidadão pleiteia
uma atenção individualizada que preserve a sua dignidade.

Importante saber a distinção entre Imunidade Tributária e Isenção de Impostos, para isso, leia
o texto organizado pelo procurador de Justiça Tomaz de Aquino que traz informações relevantes
sobre o assunto. Disponível em: <http://www.fundata.org.br/Artigos%20-%20Cefeis/artigo%20
IMUNIDADE%20TRIBUT%C3%81RIA%20E%20ISEN%C3%87%C3%95ES%20DE%20IMPOSTOS.htm>.

Material Complementar
REFERÊNCIAS

CASALINO, V. Curso de Direito Tributário e Processo Tributário. São Paulo: Editora


Revista dos Tribunais, 2012.
CASSONE, V. Direito Tributário. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
CARRAZZA. R. A. Curso de Direito Constitucional Tributário. 24 ed. São Paulo: Ma-
lheiros, 2008.
. O Regulamento do Direito Tributário Brasileiro. São Paulo: Editora Re-
vistas dos Tribunais, 1981.
DINIZ, M. H. Compendio de Introdução à Ciência do Direito. 20. ed. São Paulo:
Saraiva, 2009.
HUSEK, C. R. Curso de direito internacional público. 08. ed. São Paulo: LTr, 2008.
KELSEN, H. Teoria Pura do Direito. 06. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
MEIRELLES, H. L. Direito administrativo brasileiro. 27. ed. São Paulo: Malheiros,
2002.
NASSER, G. S. Vade Mecum Prática OAB tributário. 02. ed. São Paulo: Editora Re-
vista dos Tribunais, 2013.
SABBAG, E. Manual de Direito Tributário. 08. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
VIEIRA, M. A. R. Direito Tributário Definitivo. São Paulo: Editora Revista dos Tribu-
nais, 2014.

Referências on-line

1
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Aces-
so em: 19 out. 2016.
2
Em: <http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&arti-
go_id=13905>. Acesso em: 19 out. 2016.
3
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172.htm>. Acesso em: 19 out.
2016.
4
Em: <http://www.scielo.br/pdf/ram/v14n2/a04v14n2.pdf>. Acesso em: 19 out.
2016.
5
Em: <https://jus.com.br/artigos/21403/o-poder-da-fiscalizacao-tributaria-e-a-no-
va-ordem-constitucional#ixzz1r06HIFws>. Acesso em: 19 out. 2016.
111
GABARITO

1. Casalino (2012, p. 26) define direito tributário como um conjunto de normas jurídi-
cas que disciplina a relação entre Estado e particular, regulamentando a instituição,
fiscalização e arrecadação de tributos. Como conjunto de normas jurídicas, o direito
tributário viabiliza a atividade de tributação do Estado, ao mesmo tempo em que
protege o particular e sua propriedade contra eventuais abusos do poder público.
2. As fontes podem ser classificadas em: fontes formais e fontes materiais.
3. As fontes formais são o direito exteriorizado por meio da legislação tendo como
principais: a Constituição Federal, Emenda Constitucional, Lei Ordinária, Decre-
to, Lei Delegada, Medida Provisória, Decreto Legislativo, Resolução, Tratados e
convenções Internacionais e Lei Complementar.
4. As Fontes materiais são acontecimentos econômicos, sociais políticos que po-
dem ser a motivação para alterações legislativas. As fontes materiais são situa-
ções pré-jurídicas, diferentemente dos fatos geradores que originam a cobrança
de um tributo, pois esses fatos já juridicizados, previstos em lei como geradores
de obrigação tributária.
5. O Sistema Tributário Nacional é um conjunto de normas, de princípios e de re-
gras que governam o direito tributário.
6. “[...] tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor
nela se possa eximir, que não constitua sanção de ato ilícito, instruída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.
7. A taxa é criada por lei possui função de Remunerar serviço público prestado
diretamente pelo ente federativo ou poder de polícia por ele desempenhado,
tem natureza jurídica de tributo e somente pode ser reajustada por lei. A Tarifa é
criada por contrato administrativo, sua função é Remunerar o serviço prestado
por concessionária de serviço público. Sua natureza jurídica é de preço público.
Reajuste somente pode ocorrer por ato da concessionária, nos termos estabele-
cidos no contrato administrativo.
8. De acordo com a Constituição Federal (art. 145, I) e de acordo com art. 16 do Código
tributário Nacional: “[...] é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situa-
ção independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”.
9. “O Poder de tributar significa o poder de avançar sobre a propriedade privada
dos indivíduos, das empresas, enfim, dos particulares, por meio do tributo, sem-
pre dentro dos limites constitucionais passando pelo código tributário nacional”
(CASALINO, 2012 p. 45).
Professora Esp. Renata Monteiro de Andrade

DAS OBRIGAÇÕES

IV
UNIDADE
TRIBUTÁRIAS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer algumas das principais leis aplicadas ao Direito Tributário.
■■ Entender a aplicabilidade da Legislação Tributária.
■■ Saber as formas de aplicação da lei tributária.
■■ Compreender o surgimento da obrigação Tributária.
■■ Instruir-se das responsabilidades tributária.
■■ Explorar as formas de suspensão, exclusão e extinção do crédito
tributário.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Legislação Tributária
■■ Relação Jurídica Tributária
■■ Capacidade tributária
■■ Crédito tributário
115

INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a), esta unidade é de suma importância, eis que dispõe de
conteúdos importantes não apenas para utilização no trabalho, pois as obriga-
ções tributárias estão presentes em todos os atos de nossa vida cotidiana.
Veja que na aquisição de qualquer produto, por mais simples que seja, haverá
embutido ao preço um percentual de tributo, seja ele municipal, estadual ou fede-
ral, entender qual a legislação aplicada e o motivo desse procedimento é de total
relevância para o estudo do direito tributário. Por isso, iniciamos nossa unidade
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

com estudo das legislações aplicadas, sempre lembrando que a mais significativa
é a Constituição Federal, mas devemos conhecer a importância que o ordena-
mento jurídico possui em toda essa teia de informações.
Conhecer a legislação é importante, mas saber de sua aplicação e interpreta-
ção também faz parte do aprendizado, visto que o direito tributário segue uma
sistemática diferenciada dos outros direitos. Por isso, devemos interpretar e inte-
grar a legislação para aplicar de forma adequada.
Seguindo para o surgimento da obrigação tributária, por meio da hipótese
de incidência, fato gerador, sujeito passivo, sujeito ativo etc. Enfim, foco principal
dos entes federativos, pois por meio deste processo que se inicia a arrecadação,
muito importante para administração da sociedade, afinal são com esses recur-
sos que os serviços sociais são mantidos.
E não poderíamos falar da obrigação sem falar da responsabilidade tributá-
ria daquele que praticou o fato gerador ou que deixou de fazê-lo, passando pela
seara do domicílio finalizando pelo crédito tributário e as formas de lançamento.
Depois de entender o processo devemos saber quais as formas de suspen-
der, excluir ou extinguir o crédito tributário.
Vamos iniciar esta jornada extraordinária tão essencial para nosso coti-
diano. Bons estudos!

Introdução
116 UNIDADE IV

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a mais um encontro. Aprenderemos sobre


as obrigações tributárias e a consequência dessas obrigações, vamos com muita
dedicação avançar mais um passo na busca pelo conhecimento.
Neste item, abordaremos um conjunto de regras jurídicas ligadas ao tri-
buto. Esse conjunto é composto pelas leis, tratados e convenções internacionais,
decretos e normas complementares. Aqui, a legislação será tratada exclusiva-
mente na esfera tributária, visto que as normas trazem diversos assuntos. Para
melhor compreensão, entenderemos o comportamento de cada espécie norma-
tiva na Legislação Tributária de acordo com os ensinamentos de Vieira (2014).
A Constituição Federal, nossa lei máxima, define as diretrizes e a obrigação das
leis de cada ente federativo (municípios, estados, governo e união) no momento
da elaboração das leis, bem como sua aplicabilidade. Para melhor compreensão,
entenda que o Código Tributário Nacional (CTN) publicado como Lei Ordinária
(Lei 5.172/1.966) tem status de Lei Complementar, conforme recepção constitu-
cional, ou seja, embora seja uma lei ordinária, a Constituição Federal autorizou
elaboração da lei. Medidas Provisórias que não tratam de assuntos destinados à
Lei Complementar, tampouco sobre artigos da Constituição Federal foram alte-
rados por Emendas entre 01.01.1995 e a publicação da Emenda Constitucional

DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS


117

32/2001 (art. 246 da C.F.). Outro Limite à Medida Provisória ocorre na criação
ou majoração dos impostos em que os feitos só serão produzidos no exercício
financeiro seguinte, se for convertido em lei até o último dia daquele em que
foi publicada, com exceção do Imposto sobre Importação (II), Imposto sobre
Exportação (IE), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre
Operações Financeiras (IOF) e Impostos Extraordinários.
Ainda devemos mencionar que o Supremo Tribunal Federal (STF) entende
que pode se instituir tributos por meio da medida provisória, em razão de que
possui força de Lei, em razão do julgamento proferido na ADIn 1417.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Os tratados e convenções internacionais revogam ou modificam a legislação


interna, podendo até conceder isenções de tributos de competência de Estados
e Municípios de acordo com o que estabelece o artigo 98 do CTN.
Decretos do conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em
função das quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de
interpretação estabelecidas do CTN.
Quanto às Resoluções do Senado Federal, veremos que as resoluções
do senado são importantes ao tratarmos dos impostos estaduais, portarias e
Instruções normativas.
É importante destacar, caro(a) aluno(a), que determinados assuntos no
direito tributário têm que constar em lei, conforme previsto no artigo 97 do
CTN que determina:
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

I - a instituição de tributos, ou a sua extinção.

II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos


artigos 21, 26, 39, 57 e 65.

III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, res-


salvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito
passivo.

IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado


o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65.

V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a


seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas.

Legislação Tributária
118 UNIDADE IV

VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributá-


rios, ou de dispensa ou redução de penalidades.
§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de
cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso.
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no
inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva
base de cálculo (BRASIL, 1966, on-line)1.

No que se refere à majoração de alguns tributos há exceções em razão da redução


do princípio da legalidade na tocante alteração das alíquotas de alguns impos-
tos tais como: Imposto sobre Importação (II), Imposto sobre exportação (IE),

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Imposto sobre produtos industrializados (IPI), Imposto sobre operações finan-
ceiras (IOF) e Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico que incide
sobre combustíveis (Cide-Combustível).
É importante entender que somente configura majoração quando aumenta
a base de cálculo, ressaltando também por meio da Súmula 160 do Superior
Tribunal de Justiça (STJ), que determina: “[...] e defeso, ao município, atualizar
o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção
monetária” (SÚMULA 160, 1996, on-line)2 .
Para cumprimento das normas, haverá intervenção dos órgãos administrativos
e para que tudo ocorra de maneira padronizada, utiliza-se da criação das normas
complementares como atos normativos, decisões dos órgãos singulares, práticas reite-
radas observadas pelas autoridades administrativas, convênios e atos administrativos.
Para Vieira (2014, p. 134): “[...] atos normativos são as portarias ministe-
riais, orientações normativas que são atos unilaterais gerais e abstratos porque
os destinatários são sujeitos indeterminados”.
Já as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administra-
tiva em geral não recebe efeito de norma, pois seus efeitos ocorrem somente
entre as partes; no entanto, se a resolução de consulta for em recurso especial
Coordenação-Geral de Tributação (Cosit) da Receita Federal Brasileira (RFB)
prevista no artigo 48§11 da Lei nº 9.430/1.996, este terá eficácia normativa:
Art. 48. No âmbito da Secretaria da Receita Federal, os processos ad-
ministrativos de consulta serão solucionados em instância única.

[...]

DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS


119

§ 11. A solução da divergência acarretará, em qualquer hipótese, a edi-


ção de ato específico, uniformizando o entendimento, com imediata
ciência ao destinatário da solução reformada, aplicando-se seus efeitos
a partir da data da ciência (BRASIL, 1996, on-line)3.

As práticas reiteradas observadas pelas autoridades administrativas podem ser tra-


tadas como costume, mas sempre devemos ressaltar que este costume não poderá
contrariar a lei. Não é qualquer prática reiterada que pode atingir o status de norma,
pois primeiro deve atender ao que estabelece a norma jurídica, depois ser obser-
vada pelas autoridades administrativas que, se tolerar a prática, irá publicar em
um ato normativo para disciplinar a matéria.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Convênios são celebrados entre os entes federativos União, Estados, o Distrito


Federal e Municípios, ressalvando que os interesses são comuns e que não há
necessidade da criação de nova pessoa jurídica para formalização desses convê-
nios, por exemplo, podemos citar no âmbito do Confaz em relação ao Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Os atos administrativos passam a ter valor na data de sua publicação, seguindo
para as decisões que em relação aos efeitos normativos passam a ter seus efeitos
30 (trinta) dias após sua publicação. Concluindo com os convênios que passam
a vigorar a partir da data neles estabelecida.

VIGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Caro(a) aluno(a), para que a legislação tenha sua aplicação válida, é importante
que ela obedeça alguns requisitos legais relacionadas ao tempo, ou seja, a vigên-
cia da lei, que é muito importante para o direito tributário, visto que é uma das
matérias mais debatidas nos recursos, além é claro do território, visto que há
limitação para aplicação, mesmo dentro do território nacional, que temos até um
pouco de dificuldade para regular em razão da amplitude territorial brasileira,
e, por isso, existem as normas para uniformizar tudo isso. Sendo assim vamos
entender um pouquinho do que significa aplicação da lei no tempo e no Espaço.

Legislação Tributária
120 UNIDADE IV

Vigência da lei no tempo

Como toda legislação para começar a ter sua aplicabilidade, ou seja, para come-
çar a ter valor, segue as regras legais. Mas quais são essas regras? Primeiramente,
toda lei deve trazer em seu texto quando passará a vigorar, mas caso esta lei
não estabeleça, devemos nos reportar a Lei de Introdução às normas do Direito
Brasileiro, Decreto-Lei nº 4.657/1942 que traz em seu artigo primeiro: “Art. 1o
Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco
dias depois de oficialmente publicada” (BRASIL, 1942, on-line)4.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Não podemos também esquecer o princípio da anterioridade aplicável a
algumas situações, principalmente quando tratamos de majoração de impos-
tos, já que está condicionado ao exercício, conforme estabelece na Constituição
Federal (1988), lembremo-nos:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte,
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

[...]

III - cobrar tributos:

[...]

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que


os instituiu ou aumentou (BRASIL, 1988, on-line)5.

Vigência da lei no espaço

Com relação ao território, também existem regras de aplicação da lei, sempre


lembrando que a Constituição Federal define quem compete legislar, em seguida,
o CTN também traz suas disposições.
A regra principal aplicada é o princípio da territorialidade, ou seja, a lei está
vinculada ao seu território, por exemplo, a Legislação Tributária foi criada no
Distrito Federal para ser aplicada aos fatos lá ocorridos.
A territorialidade comporta exceções conforme estabelece o artigo 102 do
CTN:

DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS


121

Art. 102. A Legislação Tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos


Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limi-
tes em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que
participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais
expedidas pela União (BRASIL, 1966, on-line)1.

O CTN determina que poderá haver algum convênio em que por exemplo auto-
rize um município a agir em outro. Para melhor visualizar a situação, imagine
que dois municípios vizinhos desejam promover procedimentos de fiscaliza-
ção e criam uma legislação municipal fazendo um convênio em conjunto para
realizar a fiscalização, lembrando que a lei editada terá valor nos dois entes fede-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

rativos, ou seja, os dois municípios podem trabalhar conjuntamente “invadindo”


o território do outro.

APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Para que haja aplicação da Lei Tributária, basta ocorrer o fato gerador e assim
imediatamente incide o tributo, conforme estabelece artigo 105 do CTN: “Art.
105. A Legislação Tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futu-
ros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início
mas não esteja completa nos termos do artigo 116” (BRASIL, 1966, on-line)1.
No entanto, é importante entender que somente após a conclusão da ocor-
rência do fato gerador é que ocorre aplicação. Por exemplo, um pai deseja doar ao
filho um automóvel assim que ele passar no vestibular, registrou sua promessa em
janeiro de 2015 quando o imposto de transmissão é de 3%. O vestibular será em
novembro de 2016 e em março de 2015 foi publicada uma lei alterando alíquota
para 4%; como o fato gerador está pendente, em razão da condição suspensiva,
portanto, quando se concretizar o fato gerador será aplicado nova alíquota, isto
se deve ao princípio da irretroatividade, quando a lei não pode atingir fatos pas-
sados para afetar direito adquirido, ato jurídico perfeito ou coisa julgada.
Apesar da regra geral do CTN conferir efeitos prospectivos à Legislação
Tributária, é admitida a possibilidade de uma lei nova regular um fato pretérito.
Nesse sentido, o artigo 106 do CTN define:

Legislação Tributária
122 UNIDADE IV

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

I -em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluí-


da a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;

II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:

a) quando deixe de defini-lo como infração;

b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de


ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha
implicado em falta de pagamento de tributo;

c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
vigente ao tempo da sua prática (BRASIL, 1966, on-line)1.

O artigo 106 explica o artigo 105, buscando afastar as obscuridades. Para que
você entenda, este conceito é trazido e chamado de retroatividade da lei, por
exemplo, surge uma lei que impõe ao contribuinte prestar informações sobre
recolhimento de um tributo, mas não esclareceu por meio de qual documento
deveria ser, havendo dois formulários X e Y.
Posteriormente é editada nova lei que estabelece que o correto é apresentar
por meio do formulário Y, no entanto, antes da publicação da lei, o contribuinte
informou mediante o formulário X. Mesmo tendo apresentado formulário X,
não pode sofrer qualquer punição.
Ressaltemos o que estabelece o inciso II, quando houver pendência de jul-
gamento e ocorrer extinção da infração, quando deixa de haver exigência ou
redução da penalidade, nesta situação, retroage para beneficiar o contribuinte,
confirmando o que estabelece a Constituição Federal.

INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Está disposto no CTN nos artigos 107 a 112. Interpretar é diferente de integrar,
por isso, vamos entender o significado de cada um. Interpretar é buscar o sen-
tido da norma jurídica, fixando o significado e delimitando o alcance do ato
normativo (VIEIRA, 2014, p. 142). A legislação não regula todas as situações exis-
tentes, sendo muitas vezes omissa e, para reparar essas lacunas, é que utilizamos

DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS


123

a integração de normas que são: analogia, princípios gerais do direito tributário,


princípios gerais do direito público, equidade.
Analogia no direito tributário significa aplicar o mesmo ato normativo a
outros fatos não iguais, mas que possuem alguma característica em comum, a
fim de justificar a aplicação, ou seja, as situações semelhantes devem ser trata-
das de maneiras semelhantes, ressaltando o § 1º do artigo 108 do CTN: “§ 1º O
emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto
em lei” (BRASIL, 1966, on-line)1.
Os princípios como próprio nome define é o início; dessa forma, são ferramen-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tas essenciais para o ordenamento jurídico servindo como pilar de nosso sistema
jurídico. Quando mencionamos os princípios gerais do direito tributários, estamos
falando em não utilização de tributo com efeito de confisco (art. 150, IV), unifor-
midade tributária (art. 151, I), isonomia tributária (art. 150, II), reserva legal (art.
150, I) anterioridade (art. 150, III, b e c) e capacidade contributiva (art. 145 § 1º).
Nos princípios gerais do direito público, temos a prevalência do interesse
público sobre o privado e a indisponibilidade, além do devido processo legal,
da razoabilidade, proporcionalidade, ampla defesa e segurança jurídica, todos
estabelecidos pela Constituição Federal.
Equidade consiste na aplicação da lei ao caso concreto, mas essa aplicação
se limita à impossibilidade de dispensa de tributo, visto que se ele é instituído
por lei, somente por ele pode ser destituído.
Importante ressaltar que o direito não é uma ciência exata, permitindo ao
aplicador atribuição a certo juízo de valor dentro dos limites legais, existindo
uma flexibilidade, lembrando que o direito tributário possui um tratamento dife-
renciado perante outros institutos, essa diferenciação está determinada no CTN.
O artigo 111 do CTN dispõe sobre a interpretação literal da legislação:
Art. 111. Interpreta-se literalmente a Legislação Tributária que dispo-
nha sobre:

I - suspensão ou exclusão do crédito tributário.

II - outorga de isenção.

III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias


(BRASIL, 1966, on-line)1.

Legislação Tributária
124 UNIDADE IV

Para compreender melhor, apresentamos a ilustração a seguir:

Suspensão ou exclusão do crédito

LITERAL Outorga ou isenção

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Dispensa do cumprimento
das obrigações
Figura 1 - Interpretação literal
Fonte: Vieira (2014, p. 148).

O gráfico sobre interpretação literal representa o artigo 111 do CTN, que afirma
que as situações em que a interpretação ocorre de maneira literal nos casos de
suspensão ou exclusão de crédito, em um primeiro momento nos parece um rol
exemplificativo. Mas devemos ter cuidado com essa impressão, pois aqui o legis-
lador é bem taxativo, não cabendo outras interpretações senão às previstas nos
artigos 151 e 175 do CTN.
A outorga de isenção para o CTN significa causa de exclusão do crédito tri-
butário, um benefício fiscal oferecido ao contribuinte previsto no artigo 175, I
do CTN, deve ser interpretado literalmente, pois foi essa a intenção do legisla-
dor, inclusive este é o entendimento do Supremo Tribunal Federal.
A dispensa do cumprimento das obrigações tributárias acessórias, por exem-
plo, não isenta obrigação principal. Como exemplo, o contribuinte decide fazer
o depósito do montante devido, mas este não corresponde a integralidade do
valor que está sendo exigido, poderá impedir a fluência dos juros e multa, mas
a exigibilidade não está suspensa.
Caro(a) aluno(a), a seguir entenderemos a interpretação favorável apresen-
tada no artigo 112 do CTN, ilustrada a seguir:

DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS


125

Capitulação legal

Natureza ou circunstâncias do fato;


Natureza ou extensão dos efeitos
FAVORÁVEL

Autoria, imputabilidade ou punibilidade


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Natureza da penalidade aplicável


ou sua graduação

Figura 2 - Interpretação favorável apresentada no artigo 112 do CTN


Fonte: Vieira (2014, p. 148).

Caro(a) aluno(a), o Direito Tributário se assemelha muito ao direito penal em


vários aspectos, dentre eles: definição das infrações e interpretação que deve ser
da maneira mais favorável ao acusado quando houver dúvida, ou seja, a lei defi-
nirá exatamente a infração havendo imposição da penalidade, é o que chamamos
de capitulação legal do fato; para que este resulte em sanção, deve ocorrer tal
qual foi descrita na lei, se ocorrer qualquer tipo de conflito ou dúvida aparente,
a opção será pela interpretação mais benéfica.
A natureza ou as circunstâncias do fato não é um conflito da norma, mas da
situação; para que haja aplicação de situações que agrava a situação do contri-
buinte, os fatos devem ser demonstrados, caso contrário não poderão ser utilizados.
Autoria significa que praticou a infração, se houver dúvida quem é o sujeito,
não poderá ser punido. A imputabilidade está relacionada com a capacidade
de discernimento que possui o sujeito de compreender os atos praticados.
Punibilidade está relacionada a punição pelo ato praticado.
Natureza da penalidade aplicável, ou a sua graduação, significa que a cada
infração praticada existe uma penalidade, podendo ser multa, perda de bens, de
acordo com o que dispõe a lei, mas havendo dúvida será imposta a mais benéfica.
Somente poderá sofrer a punição aquele que praticar delito exatamente previsto
na legislação, e havendo qualquer tipo de dúvida será aplicado a sanção mais benéfica.

Legislação Tributária
126 UNIDADE IV

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RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

A relação jurídica tributária apresentada por Sabbag (2012) trata-se de uma


representação gráfica com intuito de permitir uma visão abrangente e conjunta
do direito tributário.

Hipótese de Fato Obrigação


Incidência Gerador Tributária

Figura 3 - Linha do Tempo Compacta


Fonte: Sabbag (2012, p. 159).

Caro(a) aluno(a), vamos entender a ilustração: ocorrida a Hipótese de incidên-


cia, ou seja, a situação prevista na lei que se configurada resultará no nascimento
do episódio jurídico tributário.

DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS


127

FATO GERADOR

O fato gerador é a “[...] concretização da hipótese de incidência, ou seja, é o fato


ocorrido na realidade que corresponde à previsão normativa, sendo pela norma
qualificada como jurídica” (NASSER, 2013, p. 53). Nesse sentido, é a ocorrência da
hipótese prevista em lei que faz surgir a obrigação tributária (principal ou acessória),
que pode ser classificada em simples quando é composta por uma única circuns-
tância material isolada com tributação em separada, por exemplo, imposto sobre
importação, e complexiva quando uma série de eventos sucessivos são considera-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

dos em conjunto para composição do fato gerador, por exemplo, imposto de renda.
Importante saber o momento da ocorrência do fato gerador, pela possibili-
dade de alteração da lei tributária; neste sentido, o esquema a seguir elaborado
por Vieira (2014) apresenta com bastante propriedade os aspectos temporais de
incidência tributária, em relação à diferenciação entre os aspectos materiais de
incidência: situações de fato e de direito.

Desde o momento em que se verifiquem


Situação
as circunstâncias materias produzindo
de Fato
efeitos próprios.

Atos ou Desde o momento do


Suspensiva implemento da condição.
Negócios
Jurídicos Desde o momento da prática do
Condicionados Resolutória
ato ou celebração do negócio.
Figura 4 - Resumo do aspecto temporal
Fonte: Vieira (2014, p. 158).

Não havendo disposição na lei sobre momento da aplicação do fato gerador,


aplica-se o artigo 116 do CTN.
Como exemplo do primeiro quadro, a situação de fato, para o Imposto Sobre
Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), considera-se ocorrido o fato gerador, se
a lei não dispor diferente, quando da efetiva prestação de serviço, e não quando
da celebração do contrato ou de serviço ou quando do pagamento da prestação.

Relação Jurídica Tributária


128 UNIDADE IV

No segundo quadro, a situação de direito se encontra fundamentada na lei,


por exemplo, na hipótese da transmissão do imóvel, que somente se concretiza
com o registro da escritura pública de compra e venda no cartório de registro
de imóveis e não pelo pagamento do vendedor ao comprador.
Os atos ou negócios jurídicos condicionados são duas situações: a suspen-
siva, quando somente ocorrerá o fato gerador no implemento da condição. Por
exemplo, o pai promete doar um imóvel ao filho assim que ele passar em um
concurso público, enquanto não ocorrer aprovação, não haverá o fato gerador
do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD). Já a condi-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ção resolutória, o fato gerador ocorrerá se não houver disposição em contrário,
desde o momento da prática do ato ou da celebração do contrato, neste exemplo,
o pai realiza a doação do imóvel ao filho sob a condição de que se ele se casar o
imóvel volta a ser do pai, resolutória, pois resolverá o negócio.

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

A obrigação tributária “[...] surge quando ocorrida a situação prevista na lei


(hipótese de incidência) no mundo real, surge para o sujeito passivo o dever (obri-
gação) de pagar o tributo ou de cumprir o encargo acessório” (VIEIRA, 2014, p.
149). Os elementos que fazem parte da obrigação tributária são sujeito ativo de
acordo com artigo 119 e 120 do CTN, o sujeito passivo disposto no artigo 121 a
123 do CTN e a causa que se encontra no artigo 114 e 115 do CTN.

O sujeito ativo

“[...] é o credor da relação intersubjetiva tributária. As pessoas jurídi-


cas de direito público podem ser titulares por delegação, das funções
de arrecadar ou fiscalizar tributos (parafiscalidade), ou executar as leis,
serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária (art. 7.º
CTN)” (SABBAG, 2012, p.161).

Os sujeitos ativos diretos são os entes tributantes detentores de competência tri-


butária, ou seja, do poder definido por lei que institui o tributo (União, Estados,
Municípios e Distrito Federal).

DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS


129

Os sujeitos ativos indiretos são os entes parafiscais detentores de capaci-


dade tributária ativa, ou seja, do poder de arrecadação e fiscalização de tributo
(CREA-1, CRM2 e CRC3).
Conveniente destacar o que estabelece o art. 124 do CTN:
Art. 124. São solidariamente obrigadas:

I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o


fato gerador da obrigação principal.

II - as pessoas expressamente designadas por lei.


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta


benefício de ordem (BRASIL, 1966, on-line)1.

O artigo 124 do Código Tributário Nacional destaca a questão da solidariedade.


No inciso I, trata da solidariedade natural, por exemplo, quando ambos cônjuges
são proprietários de um imóvel. Dessa forma, ambos estão obrigados a realizar
o pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), sendo do Fisco a
faculdade de exigir toda e qualquer obrigação.
O inciso II traz a solidariedade legal, eis que a lei definirá expressamente as
pessoas que responderão solidariamente pela obrigação tributária.
Com relação à solidariedade, destacamos ainda o artigo 125 do CTN:
Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efei-
tos da solidariedade:

I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais.

II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo


se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a soli-
dariedade quanto aos demais pelo saldo.

III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados,


favorece ou prejudica aos demais (BRASIL, 1966, on-line)1.

Esse artigo estabelece os efeitos comuns à solidariedade.

1 Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA).


2 Conselho Regional de Medicina (CRM).
3 Conselho Regional Contabilidade (CRC).

Relação Jurídica Tributária


130 UNIDADE IV

O Sujeito passivo está disposto no artigo 121 do CTN:


Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.

Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:

I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação


que constitua o respectivo fato gerador.
II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuin-
te, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei (BRASIL,
1966, on-line)1.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Titular da competência delimitada pela Constituição Federal para exigir seu cum-
primento, pessoa jurídica de direito público – União, Estados e Municípios. Os
sujeitos passivos são contribuintes que possuem relação pessoal e direta com a
situação que constitua o respectivo fato gerador e o responsável, terceira pessoa
escolhida por lei para pagar o tributo, sem que tenha realizado o fato gerador.
Nem sempre a obrigação tributária surge, o tributo se torna exigível, a exi-
gibilidade da exação ocorre em regra, com a constituição do crédito tributário.
Dessa forma, o CTN apresenta dois momentos: primeiro surge a obrigação tri-
butária com a efetiva ocorrência do fato gerador e segundo a exigibilidade da
obrigação que nasce da constituição do crédito tributário, que não é constitu-
ído somente pelo lançamento, mas também pela confissão por meio das guias
de recolhimento de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e infor-
mações sobre o Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência
Social (GFIP).
Ressalta-se que a obrigação tributária surge com o crédito tributário, mas a
executoriedade somente a partir da inscrição em dívida ativa (VIEIRA, 2014).
As obrigações podem ser principais ou acessórias. Obrigação Principal:
“[...] é uma prestação designativa do ato de pagar, afeta ao tributo e à multa”
(SABBAG, 2012, p.164). “O que enquadra a obrigação em principal não é o
fato de ser ou não tributo, mas a natureza do objeto que é pecúnia” (VIEIRA,
2012, p. 151). Obrigação acessória “[...] está dissociada da obrigação pecuni-
ária, decorre da Legislação Tributária e tem por objeto prestações positivas ou
negativas, nela previstas no interesse de arrecadação ou da fiscalização dos tri-
butos” (VIEIRA, 2012, p.151).

DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS


131
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CAPACIDADE TRIBUTÁRIA

A capacidade tributária, diferente dos outros institutos do direito, surge da lei e


não da vontade das partes. Por isso não segue as regras de capacidade que esta-
belece o código civil, assim estabelece o artigo 126 do CTN:
Art. 126. A capacidade tributária passiva independe:
I - da capacidade civil das pessoas naturais.
II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem priva-
ção ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profis-
sionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios.
III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que con-
figure uma unidade econômica ou profissional (BRASIL, 1966, on-line)1.

Não importa se uma pessoa está sujeita a alguma medida que limite ou prive o
exercício de atividades. Se o fato gerador ocorrer, o tributo é devido.

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

Normalmente, o contribuinte é o responsável pelo cumprimento da obrigação tribu-


tária, ou aquele que praticou o fato gerador, podendo também quando a lei dispuser,
ser terceiro que não praticou fato gerador, mas está responsável pelo pagamento.
Poderá haver alteração do polo passivo da relação tributária por transferên-
cia ou por substituição.

Capacidade Tributária
132 UNIDADE IV

DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO

Domicílio é o lugar de exercício dos direitos e cumprimento das obri-


gações, no sentido exigibilidade. Na seara tributária é o local, deter-
minado pela Legislação Tributária, onde o sujeito passivo é chamado
para cumprir seus deveres jurídicos da ordem tributária (SABBAG,
2012, p. 165).

O Código Tributário apresenta no artigo 127 as definições sobre domicílio


tributário:

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Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domi-
cílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se como tal:

I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta


incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade;

II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas indivi-


duais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem
origem à obrigação, o de cada estabelecimento.

III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas


repartições no território da entidade tributante.

§ 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos


incisos deste artigo, considerar-se-á como domicílio tributário do con-
tribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência
dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.

§ 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito,


quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do
tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior (BRASIL,
1966, on-line)1.

Não havendo eleição do domicílio por qualquer das partes quanto às pes-
soas físicas ou naturais, será em sua residência habitual; não sendo conhecida,
poderá ser onde está o centro habitual de sua atividade (inciso I). Já as pessoas
jurídicas de direito privado será em sua sede ou onde ocorreu o fato ou ato que
deram origem à obrigação (inciso II). E no caso das pessoas jurídicas de direito
público, qualquer de suas repartições (inciso III). Estando disposto nos pará-
grafos as exceções.

DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS


133
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CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Caro(a) aluno(a), de acordo com a teoria adotada pelo CTN verificada hipótese
de incidência, seguida pelo que define a legislação que define o:
[...] fato gerador, nascendo a obrigação tributária, ou seja, o vínculo ju-
rídico existente entre o sujeito ativo e sujeito passivo, após é necessário
definir o montante do tributo ou pagamento, o devedor e o prazo para
pagamento, de forma a conferir exigibilidade à obrigação. Daí a exigência
de um procedimento oficial consistente em declarar formalmente a ocor-
rência do fato gerador, definir os elementos materiais da obrigação surgida
(alíquota e base de cálculo), calcular o montante devido, identificar o res-
pectivo sujeito passivo, com o fito de possibilitar que contra este feita a co-
brança do tributo ou da penalidade pecuniária. Todo esse procedimento é
legalmente denominado como lançamento (ALEXANDRE, 2015, p. 556).

Assim estabelece no artigo 142 do Código do Tributário Nacional, que estabelece:


Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa consti-
tuir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedi-
mento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador
da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcu-
lar o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo
caso, propor a aplicação da penalidade cabível.

Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vincu-


lada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional (BRASIL,
1966, on-line)1.

Crédito Tributário
134 UNIDADE IV

ESPÉCIES DE LANÇAMENTO

Os Lançamentos podem ser direto ou de ofício quando ocorre sem auxílio do


contribuinte pela própria administração tributária. O lançamento pode ser ainda
por declaração ou misto quando o próprio contribuinte presta informações ao
ente público, sem qualquer obrigação de pagamento antecipada de acordo ao
artigo 147 do CTN. Se houver equívoco no lançamento ou deseje reduzir ou
aumentar, poderá apresentar uma retificação; se ocorrer antes de ser notificado
o lançamento, os erros podem ser corrigidos, caso contrário poderá resultar em

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
auto de infração.
Há ainda uma terceira forma de lançamento o chamado lançamento por
homologação, no qual o contribuinte antecipa o pagamento sem prévio exame
da autoridade administrativa, cabendo a esta, após o recolhimento, fiscalizar e
homologar o pagamento caso este tenha sido efetuado corretamente, previsto
no artigo 150 § 1.º do CTN.

SUSPENSÃO, EXCLUSÃO E EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

A exigibilidade do crédito tributário ocorre após o lançamento, quando ele passa


a ser exigível, sob pena de o contribuinte sofrer os efeitos da mora. Já Nasser
(2013, p. 68):
[...] quando ocorrer o lançamento por homologação, administração tri-
butária terá cinco anos para exigir eventuais diferenças de pagamento,
ultrapassado este prazo o direito à fiscalização e realização de lança-
mento complementar de ofício será extinto.

Se não houver pagamento no prazo determinado (após vencimento) ou após


esgotamento das formas administrativas de exigir, se dará de maneira coativa,
através da execução Fiscal que é regida pela lei nº 6.830/1.980.

DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS


135

CAUSAS DE SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

No entanto, há situações que a lei estabelece (CTN) que não poderá ser cobrado
por meio da via judicial, ou seja, da execução Fiscal. São as seguintes:
■■ Moratória: é a prorrogação do pagamento de uma dívida concedida pelo cre-
dor ao devedor, podendo ser concedida por lei a todos os contribuintes, ou
individualmente, conforme estabelece o CTN em seus artigos 152 a 155-A.
■■ Depósito do montante integral: ocorre quando o contribuinte deposita
integralmente o crédito exigido, tanto na esfera judicial quanto na admi-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

nistrativa, devendo ser integral e em dinheiro para ter valor.


■■ Parcelamento: ocorre quando a realização do pagamento do débito tribu-
tário pelo devedor ao credor ocorre de maneira parcelada. Cabe salientar
que a concessão de parcelamento deve ser estabelecida em lei específica
que estabelece suas condições e que a exigibilidade do crédito tributário
somente estará suspensa durante o pagamento das parcelas, ocorrendo
inadimplemento das parcelas e o contribuinte perderá o parcelamento.
■■ Reclamações e recurso administrativo: sempre que ocorre um lançamento,
o contribuinte tem a oportunidade de se defender administrativamente
discordando do lançamento efetuado pela administração pública, ale-
gando incorreção ou ilegalidade no tributo apurado; enquanto perdurar
o processo administrativo, a exigência estará suspensa, no entanto, as
reclamações e os recursos administrativos dependentes de previsão legal
do ente tributante.
■■ Concessão de Medida liminar em mandado de segurança: é uma medida
conseguida por meio de processo judicial cujo objetivo é afastar o ato ilegal
praticado pela autoridade pública; dá-se mediante o Mandado de segu-
rança, pleiteando uma medida liminar, ou seja, até que se decida o mérito
do processo, a exigência permanecerá suspensa, ou enquanto não fize-
rem outro recurso para revogar os efeitos liminares. Essa liminar poderá
ocorrer em outras espécies de ação.

Crédito Tributário
136 UNIDADE IV

CAUSAS DE EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

A Lei prevê quais serão as formas de extinção do crédito tributário e Nasser


(2013) nos ensina que são as seguintes:
■■ Pagamento: a extinção normal da obrigação tributária, pela qual o con-
tribuinte entrega ao erário a quantia correspondente ao tributo exigido,
com os eventuais acréscimos decorrentes da mora.
■■ Compensação: quando o contribuinte e ente tributante são credores e
devedores ao mesmo tempo um do outro, existe a possibilidade das dívi-

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das se compensarem até sua extinção, havendo lei do ente tributante que
a autorize. Cumpre ainda destacar que a compensação na esfera tributá-
ria também pode ser aplicada a créditos vincendos.
■■ Transação: é o acordo entre o Fisco e o contribuinte, dependente de lei
que a autorize, com concessões mútuas. Assim, cada parte cede parcela de
seu direito com o objetivo de atingirem o ponto de interesse para ambas,
terminando o litígio e extinguindo o crédito tributário.
■■ Remissão: é o perdão ou dispensa total ou parcial do pagamento do tri-
buto devido, também mediante lei que a autorize.
■■ Prescrição (artigo 174, CTN): é o prazo para o Fisco realizar a cobrança
judicial do crédito tributário, fixado por lei em 5 (cinco) anos da cons-
tituição definitiva do crédito tributário. Caso o contribuinte proponha
impugnação administrativa face ao lançamento efetuado, o prazo prescri-
cional se iniciara após o trânsito em julgado do referido recurso. Decorrido
o prazo, o Fisco perde o direito de ação (por via da execução fiscal) con-
tra o contribuinte e, por consequência, perde o próprio direito ao crédito.
■■ Decadência: trata-se da perda do direito de a Fazenda Pública constituir
o crédito tributário por meio do lançamento. O prazo é de cinco anos,
diferindo o termo inicial de acordo com a modalidade de lançamento.
■■ Conversão de depósito em renda: nos casos de decisão favorável ao ente
tributante, o valor depositado, judicial ou administrativamente, poderá ser
levantado, providenciará o encontro de contas e quitará o tributo devido.

DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS


137

■■ Pagamento antecipado e homologação posterior: essa modalidade de


extinção é aplicada apenas aos tributos sujeitos a lançamento por homolo-
gação. Depois de realizados os cálculos do tributo e devidamente quitado
pelo contribuinte, o Fisco tem cinco anos para verificar a correção do
pagamento antecipado pelo contribuinte, homologando-o e, consequen-
temente, extinguindo o crédito tributário.
■■ Consignação em pagamento (artigo 164, CTN): havendo cobrança ou
recusa no recebimento do tributo por mais de uma pessoa jurídica de
direito público, o contribuinte pode consignar (depósito em consigna-
ção) o valor, ato esse que extingue a exigibilidade do crédito tributário.
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■■ Decisão administrativa irreformável: nos casos de procedimentos admi-


nistrativos em que o contribuinte apresentou impugnação administrativa,
a extinção do referido crédito ocorrerá apenas com a decisão final favorá-
vel (total ou parcialmente) da qual não caiba mais recursos para nenhuma
das partes.
■■ Decisão judicial transitada em julgado: é a decisão final, da qual não
cabe recurso, proferida pelo Poder judiciário, reconhecendo a inexigibi-
lidade do tributo ou invalidade da ação fiscal.
■■ Dação em pagamento em bens imóveis: na forma e condições estabe-
lecidas em lei, poderá o ente tributante aceitar como pagamento bens
imóveis, transferindo o particular a titularidade do bem ao Fisco com
essa finalidade específica.

CAUSAS DE EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Por exclusão do crédito tributário, o legislador estabeleceu causas em que o cré-


dito, seja principal, seja a penalidade pela mora, não poderá ser cobrado nos
casos de isenção ou de anistia. Lembre-se que a exclusão do crédito tributário
não dispensa o sujeito passivo do cumprimento das obrigações acessórias pre-
vistas em lei (artigo 175, CTN). Tais como:

Crédito Tributário
138 UNIDADE IV

■■ Isenção (artigos 176 a 179, CTN): trata-se do ato de afastar a tributação


exigida pelo ente tributante. Deve ser estabelecida por lei de competên-
cia do ente tributante e poderá ser: a) geral: dispensa o reconhecimento
expresso pela autoridade, nos termos da lei criadora da isenção; b) especí-
fica: e efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa,
em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento
das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou con-
trato para concessão.
As isenções concedidas a prazo certo e por força do preenchimento de condições
(isenções condicionais) somente podem ser revogadas após o fim do prazo esta-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
belecido. As isenções sem prazo certo podem ser revogadas a qualquer tempo,
devendo, nesses casos, obediência ao princípio da anterioridade.
■■ Anistia: é o perdão legal referente às penalidades pecuniárias (juros,
multa). Pela anistia, o legislador extingue a punibilidade do sujeito passivo
da Legislação Tributária, impedindo a constituição do crédito tributário.

A anistia pode ser geral ou limitada (artigo 181, CTN). No segundo caso, poderá
ser inerente apenas:
A. as infrações relativas a determinado tributo.
B. as infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado mon-
tante, conjugadas ou não com penalidades de outra natureza.
C. a determinada região do território da entidade tributante, em função de
condições a ela peculiares.
D. a condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei concessiva
do favor ou pela autoridade administrativa.

RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA - “LINHA DO TEMPO”

Caro(a) aluno(a), para finalizar e entender esta unidade, ilustraremos os aconteci-


mentos aprendidos por meio da RELAÇÃO JURÍDICO TRIBUTÁRIA – “LINHA
DO TEMPO” elaborada por Sabbag (2012).

DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS


139
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 05 - Relação jurídico tributária – “linha do tempo”


Fonte: Sabbag (2012, p. 309).

Crédito Tributário
140 UNIDADE IV

A literatura recente aponta que o multiplicador fiscal resulta de uma série de


fatores dentre os quais se destaca seu comportamento em relação ao ciclo
econômico, sendo mais elevado em períodos recessivos. [...].
Entenda um pouco mais sobre o assunto lendo o artigo: Política Fiscal e ci-
clos econômicos no Brasil, de Manoel Pires.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1413-80502014000100004&lang=pt>.
Fonte: Adaptado de Pires (2014, on-line)6.

Nada é mais certo neste mundo do que a morte e os impostos.


(Benjamin Franklin)

Caro(a) aluno(a), foi um imenso prazer dividir com você esse conteúdo sobre
as obrigações tributárias, tenho certeza que muitos de vocês as utilizarão para
toda vida.
Terminamos mais uma fase de nossa viagem extraordinária, tenho certeza
que esses conhecimentos serão proveitosos para toda nossa vida já que esta
relação aplicamos em nosso cotidiano, não apenas no trabalho, pois em tudo
que compramos, adquirimos ou fazemos envolve tributação atualmente, sendo
assim conhecer essa relação não só ajuda no desenvolvimento intelectual como
no pessoal.

DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS


141

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado(a) aluno(a), nesta unidade, adentramos um pouco no mundo da


Legislação Tributária, entendendo o papel de cada uma dentro do ordenamento
jurídico. Cada uma desenvolve um papel essencial no desenvolvimento tributá-
rio, eis que este é diferenciado dos outros institutos visto que decorre da previsão
legal estabelecida, mas que ao mesmo tempo deve obedecer aos limites impos-
tos pela Constituição Federal.
A vigência da Legislação Tributária também foi um ponto importante a ser
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

apresentado, sendo o território nacional o grande limite estabelecido, salientado


nossa dificuldade em um país tão vasto como o Brasil.
Aplicação da Lei no Tempo e espaço também são situações que foram apre-
sentadas e que são essenciais, pois, definem o momento e local da incidência do
tributo para aplicação da lei tributária, próximo tópico que foi estudado seguido
pela integração e interpretação da legislação foi um passo importante a ser dis-
cernido em nosso estudo.
Além disso, a relação jurídica tributária é essencial para entender o direito
tributário, pois é por meio dela que vamos entender de onde surge a obriga-
ção tributária, o motivo pelo qual devemos pagar o tributo, quando isso ocorre.
Seguimos nossa busca pelo conhecimento entendendo quem possui capaci-
dade tributária e qual a responsabilidade do contribuinte, visto que a legislação
delimita mediante prazos, locais ou domicílio tributário para que não haja abu-
sos e, a partir do surgimento da obrigação, nos é apresentado o crédito tributário
que possui toda sistemática adotada pela teoria do CTN, que finaliza com um
procedimento chamado lançamento e a partir daí o contribuinte necessita da
realização do pagamento.
Evidente que tudo em nossa vida tem tempo de vida útil e não seria diferente
aos tributos, de maneira que existem formas de suspensão, exclusão e extinção
do crédito tributário, nosso último tema abordado, formas pelas quais podemos
discutir as relações ou mesmo extingui-las, sempre lembrando que no direito
tributário tudo é decorrente de lei.

Considerações Finais
142

1. Explique como funciona a vigência da lei no tempo.

2. Quando se inicia aplicação da lei tributária?

3. Quais as formas de integração da lei tributária?

4. Em alguns casos, a legislação determina a forma de interpretação literal, quais


são eles?

5. Quando devemos aplicar a interpretação mais favorável ao contribuinte?

6. De acordo com o que estudamos neste capítulo, explique resumidamente a li-


nha do tempo compacta elaborada por Sabbag (2012).

7. O Que é obrigação, capacidade e domicílio tributário?

8. Quem possui responsabilidade tributária?

9. Quais são as espécies de Lançamentos?

10. Quais as formas de suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário?


143

Um modelo econométrico para previsão de impostos no Brasil


[...]
O objetivo do trabalho é modelar econometricamente o comportamento da Carga Tri-
butária Bruta Brasileira (CTBB), com base no comportamento individual de um conjun-
to de tributos1 existentes na economia brasileira que formam uma amostra fortemente
representativa da CTBB no período de 1995 a 2010. Essa amostra pode ser entendida
como uma proxy da CTBB, uma vez que responde por cerca de 80% da arrecadação
tributária no Brasil. A análise econométrica da CTBB, tendo em vista a avaliação de cada
tributo tomado separadamente, vem dar continuidade a uma sequência de trabalhos já
implementados no Brasil que têm como objetivo a análise e projeção da CTBB.
Os estudos implementados anteriormente seguiram dois caminhos distintos. Inicial-
mente, optou-se pela análise da CTBB segundo um ponto de vista agregado. Para tal,
Mendonça et al. (2011) fizeram uso do Modelo Linear Dinâmico (MLD) com coeficientes
variáveis para uma série trimestral agregada da CTBB no período 1995-2009.2 As princi-
pais conclusões deste estudo foram que: i) o Produto Interno Bruto (PIB) é certamente
a principal variável explicativa da dinâmica da CTBB no período em questão; ii) a elas-
ticidade-PIB da CTBB parece estar próxima da unidade ou um pouco abaixo disso para
duas as medidas do PIB real utilizadas; e, finalmente, iii) a parcela da CTBB autônoma
em relação ao PIB teve crescimento relevante durante todo este último período, possi-
velmente indicando contínuas melhorias nos procedimentos de fiscalização adotados
pelas autoridades tributárias e/ou aumentos na formalização da economia.
O outro tipo de abordagem, que aparece em Mendonça et al. (2009), deu-se a partir da
aplicação do Modelo Fatorial Dinâmico (MFD) usando dados mensais para o período
de 1995 a 2007. Uma razão fundamental para o uso do MFD é que este permite obter
insights importantes por meio da redução de dimensionalidade (isto é, de aumento no
grau de agregação) do modelo. Se, de algum modo, a informação contida nas inter-rela-
ções entre os vários tributos puder ser “passada para um conjunto menor de variáveis”, a
habilidade de identificar a “verdadeira” estrutura dos dados será melhor.
Neste estudo, utiliza-se novamente o MLD para modelar as séries de alguns dos prin-
cipais tributos individualmente. A utilização de um modelo com coeficientes variáveis
(discutido, entre outros, por West & Harrison (1997)) é justificada pela conjectura — que
parece muito plausível a priori — de que as sucessivas mudanças no sistema tributário
nacional estão associadas a mudanças recorrentes também nas elasticidades relevan-
tes, de modo a tornar contraindicado o uso de especificações com parâmetros fixos. A
aplicação de modelos com coeficientes variáveis para a modelagem de séries tributá-
rias não é inédita na literatura brasileira (ver, por exemplo, Hérnandez 1998, Portugal &
Portugal 2001). Contudo, o presente estudo adiciona algumas contribuições à literatura
sobre previsão de impostos no Brasil.
144

Primeiro, uma inovação do estudo é a opção por modelar o componente sazonal da


série da CTBB endogenamente.3 Apesar de pouco usual na literatura, tal procedimen-
to permitiu obter estimativas significativamente mais ajustadas aos dados, assim como
projeções mais confiáveis. Em segundo lugar, decidiu-se estimar o modelo a partir de
procedimentos bayesianos (Gamerman; Lopes 2006, Kim & Nelson 1999, West & Har-
rison 1997), que, entre outras vantagens, permitem a obtenção de estimativas, em pe-
quenas amostras, mais confiáveis que os métodos frequentistas (Gelman et al. 2003). Por
fim, como já foi ressaltado, as séries de tributos foram modeladas separadamente, pro-
cedimento muito mais eficaz em termos práticos para fins de análise macroeconômica.
Os resultados obtidos vieram a corroborar a expectativa dos autores quanto à adequa-
ção dessa metodologia no caso dos tributos. No que se refere à previsão, doravante pre-
visão condicional, os resultados foram bastante satisfatórios, mesmo se considerando o
horizonte projetado de 12 meses fora da amostra no período de abril de 2009 a março
de 2010. De um modo geral, verificou-se que os valores observados ficaram dentro do
intervalo de confiança da projeção, e o erro de previsão foi de até 10% nos primeiros seis
meses. A partir daí, a qualidade da projeção se deteriora.
Os modelos para o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), Previdência, Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), Imposto de Renda de
Pessoa Física (IRPF) e Imposto de Renda Total (IRT) mostraram excelentes resultados,
enquanto demandam-se esforços posteriores para o Imposto sobre Produtos Industria-
lizados (IPI) e o Programa de Integração Social/Programa de Formação do Patrimônio
do Servidor Público (PIS/PASEP). Percebeu-se ainda que o método usado para tratar a
sazonalidade gerou um alto grau de ajustamento no modelo. Apresenta-se ainda os va-
lores encontrados para as elasticidades, que de um modo geral se mostraram abaixo da
unidade.
Além desta introdução, o texto está estruturado da seguinte forma. A segunda seção tem
como finalidade justificar a aplicação do modelo proposto com base nas características
das séries individuais de tributos no Brasil. Na terceira seção, uma especificação econo-
métrica e suas motivações teóricas são apresentadas, bem como a descrição dos dados
utilizados. Detalhes sobre a metodologia econométrica utilizada foram acrescentados
nos apêndices. Os resultados obtidos por meio desta especificação são apresentados e
analisados na quarta seção. Por fim, a quinta seção traz breves notas à guisa de conclusão.
[...]
Notas do artigo:
1
Os tributos formam a receita da União, estados e municípios e abrangem impostos, taxas, contri-
buições e empréstimos compulsórios. Por exemplo, o Imposto de Renda é um tributo, assim como
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).
2
A metodologia de construção da série da CTBB trimestral é apresentada em Santos & Costa
(2008).
145

3
Em geral, a maneira como se modela a sazonalidade é artificial e puramente ad hoc. O que co-
mumente se faz é previamente dessazonalizar a série por algum método convencional e estimar
o modelo usando a série modificada. Quanto a isso, existe um problema sério quando o assunto
é previsão. A sazonalidade é uma característica idiossincrática de cada série de tributos, o que faz
com que a sua não consideração certamente contribua para diminuir a qualidade do ajustamento
e da previsão. Pode-se, naturalmente, introduzir novamente a sazonalidade ao se efetuar tal exer-
cício. Entretanto, este é um processo mais custoso, com pouca garantia quanto ao seu resultado
efetivo. Neste caso, os parâmetros que modelam a sazonalidade foram obtidos fora do modelo,
isto é, não se levando em consideração a informação relevante. O método adotado neste estudo
permite ultrapassar todas estas dificuldades, pois a sazonalidade é vista como sendo um conjunto
de parâmetros a mais dentro do modelo.

Fonte: Mendonça et al. (2013, on-line)7.


MATERIAL COMPLEMENTAR

Obrigação Tributária
José Souto Maior Borges
Editora: Malheiros
Sinopse: este livro aborda o Direito Tributário - a obrigação tributária, a questão
da patrimonialidade e da transitoriedade dessas obrigações.
147
REFERÊNCIAS

ALEXANDRE, R. Direito Tributário Esquematizado. 09. ed. São Paulo: Método,


2015.
BRASIL. Dispõe sobre a cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública, e
dá outras providências. Lei 6.830/1.980.
NASSER, G. S. Vade Mecum Prática OAB tributário. 02. ed. São Paulo: Editora Re-
vista dos Tribunais, 2013.
SABBAG, E. Direito Tributário I. São Paulo: Saraiva, 2012.
VIEIRA, M. A. R. Direito Tributário Definitivo. São Paulo: Editora Revista dos Tribu-
nais, 2014.

Referências on-line

1
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172.htm>. Acesso em: 20 out.
2016.
2
Em: <http://www.jurisite.com.br/sumulas/justica/justica/sumula160.html>. Aces-
so em: 20 out. 2016.
3
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9430.htm>. Acesso em: 20 out.
2016.
4
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del4657.htm>. Acesso em:
20 out. 2016.
5
Em: <https://docs.google.com/document/d/102-OXbZzzoe7G8isfZ4UfjkwXpXL-
9-r1sF_tftIBSmE/edit>. Acesso em: 20 out. 2016.
6
Em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-80502014
000100004&lang=pt>. Acesso em: 21 out. 2016.
7
Em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-80502013
000200006&lang=pt>. Acesso em: 21 out. 2016.
GABARITO

1. A lei em seu texto deve estabelecer quando passará a vigorar, havendo omissão
nos reportamos ao artigo primeiro do Decreto Lei nº 4657/1942 que estabelece
que ela passará a vigorar 45 dias após a publicação.

2. Para que haja aplicação da lei tributária basta ocorrer o fato gerador e assim ime-
diatamente incide o tributo, conforme estabelece artigo 105 do CTN.

3. Analogia, princípios gerais do direito tributário, princípios gerais do direito pú-


blico, equidade.

4. O artigo 111 do CTN dispõe sobre a interpretação literal da legislação:


Art. 111. Interpreta-se literalmente a Legislação Tributária que disponha sobre:
I - suspensão ou exclusão do crédito tributário.
II - outorga de isenção.
III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.

5. De acordo com o artigo 112 do CTN, aplica-se a interpretação mais favorável


quando houver previsão legal, natureza ou circunstâncias do fato natureza ou
extensão dos efeitos permitirem, quando Autoria, imputabilidade ou punibilida-
de ou quando a Natureza da penalidade aplicável ou sua graduação.

6. Havendo a hipótese de incidência, a situação prevista na lei que se configurada


resultará no nascimento do episódio jurídico tributário, que segue para o fato
gerador que é a concretização da hipótese de incidência, neste sentido é a ocor-
rência da hipótese prevista em lei, que faz surgir a obrigação tributária.

7. “A obrigação tributária surge quando ocorrida a situação prevista na lei (hipóte-


se de incidência) no mundo real, surge para o sujeito passivo o dever (obrigação)
de pagar o tributo ou de cumprir o encargo acessório” (VIEIRA, 2014, p. 149).
A capacidade tributária, diferente dos outros institutos do direito surge da lei
e não da vontade das partes, por isso, não segue as regras de capacidade que
estabelece o código civil, como estabelece o artigo 116 do CTN. Não importa
se uma pessoa está sujeita a alguma medida que limite ou prive o exercício de
atividades. Se o fato gerador ocorrer, o tributo é devido.
“Domicílio é o lugar de exercício dos direitos e cumprimento das obrigações, no
sentido exigibilidade. Na seara tributária é o local, determinado pela Legislação
Tributária, onde o sujeito passivo é chamado para cumprir seus deveres jurídicos
da ordem tributária” (SABBAG, 2012, p. 165).
149
GABARITO

8. Normalmente, o contribuinte é o responsável pelo cumprimento da obrigação


tributária, ou aquele que praticou o fato gerador, podendo também quando a lei
dispuser, ser terceiro que não praticou fato gerador, mas está responsável pelo
pagamento. Poderá haver alteração do polo passivo da relação tributária por
transferência ou por substituição.

9. Lançamento direto ou de ofício, lançamento por declaração ou de ofício e lança-


mento por homologação.

10. Causas de suspensão: moratória, depósito do montante integral, parcelamento,


reclamações e recurso administrativo, concessão de medida liminar em manda-
do de segurança ou em ações de outras espécies.
Causas de extinção: pagamento, compensação, transação, remissão, prescrição,
decadência, conversão de depósito em renda, pagamento antecipado e homolo-
gação posterior, consignação em pagamento, decisão administrativa irreformá-
vel, decisão judicial transitada em julgado, dação e pagamento em bens imóveis.
Causas de exclusão: Isenção e Anistia.
Professora Esp. Renata Monteiro de Andrade

V
DA COMPETÊNCIA

UNIDADE
TRIBUTÁRIA E OS TRIBUTOS
EM ESPÉCIE

Objetivos de Aprendizagem
■■ Entender a competência tributária.
■■ Compreender espécies dos tributos.
■■ Aprender como instituir os impostos Federais, Estaduais e Municipais.
■■ Assimilar regras constitucionais e legais para impostos e taxas.
■■ Instruir-se do funcionamento das taxas, contribuições de melhoria,
empréstimos compulsório e contribuições especiais.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Competência tributária
■■ Espécies de tributos
153

INTRODUÇÃO

Olá caro(a) aluno(a), nesta unidade, vamos nos aprofundar um pouco mais na
competência tributária especificamente na área dos impostos, taxas e contribui-
ções, ou seja, a parte mais sensível do cidadão, o bolso.
Nosso objetivo é entender o motivo dos recolhimentos, iniciando com a com-
petência tributária, lembrando que somente podemos criar, isentar ou excluir
impostos, taxas ou contribuições por meio da lei, primeiro dentro dos limites
constitucionais seguindo pelas outras legislações específicas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Veremos que tanto a União, Estados, Distrito Federal ou Município pos-


suem competência para instituir impostos, no entanto, estão sempre limitados
à Lei e devem atender às características que ela impõe, que também serão tema
de nossos estudos nesta unidade.
Além da competência, devemos entender a relação entre o ente federativo
e o tributo de acordo com as disposições legais, seguindo pela definição de tri-
buto e suas espécies, pois é necessário entender o funcionamento de cada um
para compreender sua utilização.
Iniciamos nossos estudos pelos impostos definindo conceitos e, princi-
palmente, suas espécies instituídas pela União, Estados e Municípios, sempre
apresentando seu fundamento legal para instituição, apresentado por meio de
quadros para facilitar entendimento em que explicamos fato gerador, momento
da ocorrência, sujeito passivo, base de cálculo, alíquota, aplicação do princípio
da anterioridade, aplicação do princípio da legalidade e sua função.
Finalizamos nossa unidade com apresentação do conceito e apresentação
das taxas, contribuições de melhorias, empréstimo compulsório e Contribuições
Especiais, todas fazem parte de um emaranhado de contribuições presentes em
nosso cotidiano, fazendo-se necessário seu conhecimento para vida profissio-
nal e pessoal. Bons estudos!

Introdução
154 UNIDADE V

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
©shutterstock

COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a mais este encontro cheio de informações


e conhecimento, onde trataremos da competência tributária e os tributos em
espécie. Vamos viajar neste mundo de sabedoria.
Para entender a competência tributária, distinguiremos três conceitos: poder
tributário, competência tributária e capacidade ativa tributária:
O poder tributário dita as relações de fato e está ligado à soberania do
ente estatal, de modo que o Estado pelo uso da força impõe sua vontade
sobre os cidadãos.

O poder tributário foi delimitado por meio de lei, no caso a Constitui-


ção Federal, limitada a sua competência repartida nas três esferas - fe-
deral, estadual e municipal – além da geral ou nacional.

A capacidade ativa tributária é aptidão para ser o sujeito ativo da rela-


ção jurídica tributária, relacionada ao titular da prerrogativa para exi-
gir o tributo (VIEIRA, 2014, p. 44).

Competência tributária é a aptidão que tem os entes federativos para criar, por
meio da lei, os tributos. As espécies de tributos estão reservadas a cada ente pela
própria Constituição, e cada um deles apenas está autorizado a agir dentro dos
limites impostos pelo texto constitucional. Finalmente, o exercício da compe-
tência representa típica função legislativa (CASALINO, 2012, p. 60).

DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E OS TRIBUTOS EM ESPÉCIE


155

Diante desses conceitos, precisamos enfatizar de que a Constituição Federal


não cria e nem obriga a criar o tributo, ela apenas o autoriza por meio dos entes
federativos, cabendo a cada um deles a decisão de instituir ou não o tributo.

CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

A competência tributária possui características importantes tratadas por


alguns autores como princípios conforme os ensinamentos de Carrazza
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(2011, p. 696, 722):


Privatividade: a competência tributária e privativa de cada ente fe-
derativo. Quer dizer, a aptidão que cada um tem para instituir certos
tributos exclui, ao mesmo tempo, a possibilidade dos outros entes
instituírem o mesmo gravame. Assim, por exemplo, a União possui
competência para instituir o Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI). Isso significa que Estados, Distrito Federal e Municípios, estão,
automaticamente, excluídos da possibilidade de institui-lo. Caso o fa-
çam, estarão invadindo a competência tributária federal. Suas leis ins-
tituidoras deverão ser consideradas inconstitucionais. A privatividade
da competência tributária e característica fundamental em um estado
federal, porque garante a autonomia financeira dos entes federativos.

Facultatividade: o exercício da competência tributária é facultativo.


Quer dizer, os entes federativos não estão obrigados a exercê-la, não es-
tão obrigados a instituir os tributos que Ihes são reservados pela Cons-
tituição. A criação do tributo, como dissemos, é uma opção política
do legislador que escolhe entre fazê-lo ou não. A União, por exemplo,
optou por não instituir o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), pre-
visto no art. 153, VII, da CF/1988. Pode criá-lo a qualquer momento.

Indelegabilidade: a competência tributária e indelegável, isto é, não


pode ser transferida de um ente federativo para outro. Os tributos es-
tão previstos na Constituição e foram previamente distribuídos a cada
ente federativo. Por isso, estes não podem, nem mesmo por meio de
lei, transferir a competência tributária entre si. Se a União ainda não
instituiu o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), também não está
autorizada a transferir tal competência aos Estados, por exemplo. A
indelebilidade da competência tributária é uma garantia para os entes
federativos, na medida em que protege suas autonomias financeiras,
isto é, autonomia para a obtenção de recursos financeiros. Não por ou-
tra razão, está prevista no início do art. 7. ° do CTN.

Competência Tributária
156 UNIDADE V

Irrenunciabilidade: da mesma maneira pela qual as pessoas políticas


não podem delegar suas competências tributárias, também não as po-
dem renunciar, quer no todo, quer em parte. A competência tributária
não “pertence” aos entes federativos, no sentido de que podem livre-
mente dispor dela. Pertence-lhes para que cumpram uma função bem
específica: arrecadar as quantias necessárias ao cumprimento dos deve-
res impostos pela Constituição. A competência deve ser exercida no in-
teresse público. Por isso, União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
nem mesmo por lei, estão autorizados a renunciar às suas competências.
Incaducabilidade: o exercício da competência tributária é incaducável.
O que isso significa? Que seu exercício não está sujeito à decadência.
Vale dizer, os entes federativos podem exercer a competência tributá-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ria no momento em que desejarem. Não há um prazo pré-estabelecido
para instituírem os tributos que Ihe são reservados pela Constituição.
A União, por exemplo, pode instituir o Imposto sobre Grandes Fortu-
nas (IGF) no momento que bem lhe aprouver. Está autorizada a criá-lo
agora, como daqui a dez anos, quinze, vinte, e assim por diante. Cabe
assinalar, ainda, o previsto no art. 8. ° do CTN: “O não exercício da
competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito públi-
co diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído”. Em outras
palavras, o não exercício da competência tributária não acarreta a dele-
gação da mesma a outro ente federativo.

Inalterabilidade: digamos que a União ou os Estados não estejam satis-


feitos com a competência tributária que a Constituição Ilhes assegurou.
Poderão, por acaso, alterar essa competência, por meio de lei, para ampli-
á-la? Obviamente não. A competência tributária está fixada diretamen-
te na Constituição. Assim, os entes federativos nada podem fazer para
alterá-la. Uma eventual modificação da competência apenas pode ser
efetuada por meio de emenda a constituição (art. 60 da CF/1988). Ainda
assim, é preciso considerar que a forma federativa de Estado é cláusula
pétrea (art. 60, § 4. °, I, CF/1988). Por isso, qualquer modificação deve ter
o cuidado de não afetar a autonomia financeira de cada ente federativo.

CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

A competência tributária pode ser classificada utilizando-se de dois critérios, a rela-


ção existente entre o ente federativo e o tributo de sua competência e as características
específicas de cada tributo e as consequências para o exercício da respectiva compe-
tência. Para melhor entender, vamos analisar as disposições (CASALINO, 2012, p. 62):

DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E OS TRIBUTOS EM ESPÉCIE


157

Competência privativa: a competência para a instituição de impostos


é chamada de “privativa”. Isso porque a Constituição reservou a cada
ente federativo, com exclusividade, uma série de fatos ou comporta-
mentos econômicos que podem ser tributados por impostos. A União,
por exemplo, está autorizada a instituir imposto sobre a renda e os pro-
ventos de qualquer natureza (IR). Simultaneamente, todos os outros
entes estão excluídos desta competência. Se um Município editar lei
instituindo o Imposto de Renda (IR), por exemplo, tal ato normativo
deve ser considerado inconstitucional por violação frontal das regras
de competência tributária e do princípio federativo;

Competência comum: a competência para a instituição de taxas e con-


tribuições de melhoria é denominada “comum”. Isso porque a Cons-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tituição não especifica, de forma detalhada, quais serviços públicos,


poderes de polícia ou obras públicas, estão sob competência da União,
Estados, Distrito Federal ou Municípios. O texto constitucional apenas
aponta, de maneira geral, que as primeiras duas atividades dão ensejo
à instituição e cobrança de taxas (art. 145, II, da CF/1988), e a terceira,
a contribuição de melhoria (art. 145, III, da CF/1988). Dessa forma, a
competência administrativa, em última instância, que define as compe-
tências tributárias para a instituição desses tributos. Assim, por exem-
plo, compete aos Estados o fornecimento domiciliar de gás canalizado
(art. 25, § 2. °, da CF/1988). Sabemos, por derivação, que lhes cabe tam-
bém a instituição e cobrança da respectiva taxa em virtude da prestação
deste serviço público;
Competência especial: a competência da União para a instituição de
empréstimos compulsórios (art. 148 da CF/1988) e contribuintes espe-
ciais (art. 149 da CF/1988) é especial. Os outros entes federativos não
têm competência para a instituição desses tributos. Se um Estado, por
exemplo, institui um empréstimo compulsório para atender aos gastos
decorrentes de uma calamidade públicos (enchente), o tributo deverá ser
considerado inconstitucional, por “invasão” de competência tributária.
Competência residual: é a competência prevista nos arts. 154, I e 195,
§ 4. °, da CF/1988. No primeiro caso, a União está autorizada a instituir
impostos “residuais”, isto é, impostos cujos fatos geradores e bases de
cálculo sejam diferentes dos demais impostos previstos no texto cons-
titucional. No segundo caso, a União está autorizada a instituir con-
tribuições para a seguridade social, desde que tenham fato gerador e
base de cálculo diferentes das contribuições já previstas no texto cons-
titucional. Diz-se que a competência é “residual” porque a União pode
tributar o “resíduo”, isto é, os fatos econômicos que ficaram de fora da
enumeração feita inicialmente pela Constituição. Note-se que o exer-
cício dessa competência depende expressamente de lei complementar.

Competência Tributária
158 UNIDADE V

Competência extraordinária: de acordo com o art. 154, II, a União pos-


sui competência para a instituição dos impostos extraordinários em caso
de guerra externa ou sua iminência. Trata-se de uma situação excepcio-
nal, extraordinária. Nesse caso, a lei ordinária federal que vier a instituir
o tributo está autorizada a descrever fatos econômicos reservados a ou-
tros entes federativos. É possível, por exemplo, um imposto federal sobre
a circulação de mercadorias. Sabemos que este fato econômico está sob
a competência dos Estados e Distrito Federal (art. 155, II, da CF/1988),
mas, em caso de guerra, a União está autorizada a tributá-lo;
Competência cumulativa: de acordo com o art. 147 da Constituição,
“competem a União, em Território Federal, os impostos estaduais e,
se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos munici-
pais”. Não existem territórios federais atualmente. Entretanto, podem
ser criados de acordo com o art. 18, § 2. °, da CF/1988. Nesse caso, o
território federal pode estar dividido em Municípios ou não. Se estiver,
os impostos estaduais são de competência da União e os municipais
dos respectivos Municípios. Se no território não houver Municípios,
então cabem a União os impostos estaduais e os municipais. O Distrito
Federal, por sua vez, não pode ser dividido em Municípios (art. 32 da
CF/1988). Por isso, os fatos econômicos que deveriam ser tributados
pelos Municípios, como os “serviços de qualquer natureza”, ficam sob a
competência do Distrito Federal.

ESPÉCIES DE TRIBUTOS

Caro(a) aluno(a), a função


principal do tributo é gerar
recursos financeiros para o
Estado. Durante nossos estu-
dos, já vimos que são cinco as
espécies de tributos: impostos,
taxas, contribuições de melho-
ria, empréstimos compulsórios
e contribuições especiais.
©shutterstock

DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E OS TRIBUTOS EM ESPÉCIE


159

As espécies de tributos além de se enquadrarem no artigo 3.º do Código


Tributário Nacional que estabelece: “Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária
compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua
sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administra-
tiva plenamente vinculada” (BRASIL, 1966, on-line)1 – possuem características
próprias e particulares que os diferenciam umas das outras.
Vamos entender como funciona cada espécie de tributo para compreender
sua utilização.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

IMPOSTOS

São tributos que não estão vinculados a nenhuma atividade estatal específica
ao contribuinte. Dessa maneira, ele terá o direito a arrecadar sem a necessidade
de contrapartida. A vinculação do tributo é analisada por meio da hipótese de
incidência ao passo que a vinculação da receita realiza após a ocorrência do fato
gerador e depois do tributo já ter ingressado nos cofres públicos.
Para resumir, o sujeito passivo tem a obrigação de pagar o imposto ao pra-
ticar o fato gerador, ou seja, um fato econômico previamente descrito em lei do
ente federativo competente.
Existem regras gerais para destinação dos impostos que devem ser segui-
das de acordo com o art. 160 da Constituição Federal: “É vedada a retenção ou
qualquer restrição à entrega e ao emprego dos recursos atribuídos, nesta seção,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, neles compreendidos adicio-
nais e acréscimos relativos a impostos” (BRASIL, 1988, on-line)2.
Entretanto, o parágrafo único do mesmo artigo (160 da CF) define algu-
mas exceções:
Parágrafo único. A vedação prevista neste artigo não impede a União e
os Estados de condicionarem a entrega de recursos:

I - ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias.

II - ao cumprimento do disposto no art. 198, § 2º, incisos II e III.

[...]

Espécies de Tributos
160 UNIDADE V

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede re-
gionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organiza-
do de acordo com as seguintes diretrizes:

[...]

§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão,


anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos
derivados da aplicação de percentuais calculados sobre:

I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício


financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cento).

II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os
arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que
forem transferidas aos respectivos Municípios (BRASIL, 1988, on-li-
ne)2.

Ainda devemos mencionar a regra estabelecida no artigo 212 da Constituição


Federal, que determina percentual do ente federativo a uma destinação estabe-
lecida análise:
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no
mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a provenien-
te de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Es-
tados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos respec-
tivos Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo previsto neste
artigo, receita do governo que a transferir (BRASIL, 1988, on-line)2.

Neste a União deve destinar nunca menos de 18% anualmente de suas receitas e
os Estados 25% para manutenção e desenvolvimento do Ensino, destacando que
os valores transferidos da União aos Estados não são considerados neste percen-
tual, e sim os valores referentes à arrecadação.
A Constituição ainda prevê situações facultativas como as trazidas pelos arti-
gos 204 parágrafo único e 216 § 6.º que apresenta:
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão
realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos
no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes
diretrizes:

DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E OS TRIBUTOS EM ESPÉCIE


161

Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular


a programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos
por cento de sua receita tributária líquida, vedada a aplicação desses
recursos no pagamento de:

I - despesas com pessoal e encargos sociais.

II - serviço da dívida.

III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos


investimentos ou ações apoiados (BRASIL, 1988, on-line)2.

E ainda menciona no:


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natu-


reza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto,
portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes
grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

§ 6 º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo es-


tadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita
tributária líquida, para o financiamento de programas e projetos cultu-
rais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de:

I - despesas com pessoal e encargos sociais.

II - serviço da dívida.

III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos


investimentos ou ações apoiados (BRASIL, 1988, on-line)2.

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios divulgarão, até o último


dia do mês subsequente ao da arrecadação, os montantes de cada um dos tributos
arrecadados, os recursos recebidos, os valores de origem tributária entregues e a
entregar, e a expressão numérica dos critérios de rateio. Os dados divulgados pela
União serão discriminados por estado e por município; os dos estados, por município.

IMPOSTOS FEDERAIS

Instituído por Lei Federal, o exercício da competência tributária depende de Lei ordi-
nária ou complementar, conforme o caso, que instituirá o imposto. Entenderemos
alguns desses impostos por meio de quadros desenvolvidos por Nasser (2013):

Espécies de Tributos
162 UNIDADE V

Imposto de Importação disposto no artigo 153, I da Constituição Federal e


artigos 19 a 22 do Código Tributário Nacional.
Quadro 1 - Imposto de Importação (II)

IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO (II)


FATO GERADOR Entrada de mercadorias importadas no território nacional.
Com a entrada da mercadoria no território nacional, tempo-
ralmente considerada com o despacho aduaneiro. Importante
destacar a sistemática do drawback, que consiste em permitir
MOMENTO DA
o ressarcimento, a isenção do valor pago a título de Impos-
OCORRÊNCIA

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
to de Importação, ou a suspensão da exigibilidade, incidente
sobre insumos de origem estrangeira, caso os mesmos sejam
utilizados na produção de bens destinados à exportação.
a) O importador (qualquer pessoa física ou jurídica).
b) O arrematante de produtos apreendidos ou abandona-
dos.
SUJEITO PASSIVO c) O destinatário de remessa postal internacional indicado
pelo respectivo remetente (artigo 31, inciso II, do Decreto-lei
37/1966 com a nova redação determinada pelo Decreto-lei
2.472/1988).
a) Unidade de medida adotada pela lei tributária.
b) Preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao
tempo da importação, em uma venda em condições de livre
concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do
BASE DE CÁLCULO
produto no País.
c) Produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, sua
base de cálculo para o recolhimento do imposto de importa-
ção será o preço da arrematação.
a) Específica: a alíquota que não leva em consideração o va-
lor dos bens importados, mas sim uma unidade de medida
ALÍQUOTA
prevista em lei (ex.: metragem, peso, litros etc.).
b) ad valorem: sobre o valor da operação.
PRINCÍPIO DA
É exceção, sendo exigível imediatamente.
ANTERIORIDADE
PRINCÍPIO DA É exceção, podendo as alíquotas ser alteradas por decreto
LEGALIDADE presidencial.
FUNÇÃO Extrafiscal (função principal de regular o comércio exterior).
Fonte: Nasser (2013, p. 75).

DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E OS TRIBUTOS EM ESPÉCIE


163

O Imposto de exportação está previsto na Constituição Federal em seu artigo


153, II bem como no artigo 28 do Código Tributário Nacional.
Quadro 2 - Imposto de Exportação (IE)

IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO (IE)


FATO GERADOR Exportar bens (vendê-los a pessoas estrangeiras).
MOMENTO DA A saída do território nacional, ou seja, a liberação pela auto-
OCORRÊNCIA ridade aduaneira.
O exportador ou quem a ele equiparar, ou seja, qualquer
SUJEITO PASSIVO pessoa física ou jurídica que promova a exportação de mer-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

cadoria.
a) Unidade de medida adotada pela lei tributária.
b) Preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao
BASE DE CÁLCULO tempo da importação, em uma venda em condições de livre
concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do
produto no País.
a) Específica: a alíquota que não leva em consideração o va-
lor dos bens importados, mas sim uma unidade de medida
ALÍQUOTA
prevista em lei (ex.: metragem, peso, litros etc.).
b) ad valorem: sobre o valor da operação.
PRINCÍPIO DA
É exceção, sendo exigível imediatamente.
ANTERIORIDADE
PRINCÍPIO DA É exceção, podendo as alíquotas ser alteradas por decreto
LEGALIDADE presidencial.
FUNÇÃO Extrafiscal (função principal de regular o comércio exterior).
Fonte: Nasser (2013, p. 76).

Além deles, há o Imposto de Renda e proventos de qualquer natureza, previsto no


artigo 153, III da Constituição de Federal bem como nos artigos 43 a 45 do Código
Tributário Nacional, como podemos observar no quadro 3.
Na declaração de ajuste da pessoa física (obrigação acessória), há a apura-
ção do montante devido, das eventuais deduções e a correção de eventual valor
antecipado pela fonte pagadora (retenção de Imposto de Renda pelo emprega-
dor, por exemplo), que é o responsável tributário pelo pagamento do tributo.
Apuração realizada pelo lucro real significa suprimir a base e o lucro líquido,
ou seja, diferença da receita bruta menos as despesas operacionais, calculados
com base na legislação tributária.
Espécies de Tributos
164 UNIDADE V

Apuração realizada pelo lucro presumido consiste em uma opção que tem
a pessoa jurídica, desde que não esteja obrigada a apuração pelo lucro real.
Compreende a aplicação de um percentual sobre a receita bruta no respectivo
período de apuração.
Utiliza-se a apuração pelo lucro arbitrado quando, em razão de prática irregu-
lar do contribuinte, não existe a possibilidade de se apurar o lucro real; presumido.
Nesses casos, o contribuinte deixou de cumprir obrigações acessórias (ex.: não
apresentação de livros fiscais), fazendo com que a autoridade fiscal arbitre tal lucro.
Quadro 3 - Imposto de Renda e proventos de Qualquer Natureza (IR)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IMPOSTO SOBRE A RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA (IR)
Auferir renda (o produto do capital, do trabalho ou da
FATO GERADOR combinação de ambos) ou provento de qualquer natureza
(acréscimo patrimonial não compreendido na renda).
Com a disponibilização da renda no patrimônio do sujeito
MOMENTO DA
passivo. A apuração do tributo é feita anualmente, de acordo
OCORRÊNCIA
com o exercício fiscal.
Toda pessoa física ou jurídica que aufira renda ou proventos
SUJEITO PASSIVO
de qualquer natureza.
O valor correspondente a renda ou ao provento de qualquer
natureza. A forma de apuração e o elemento que varia de
acordo com a espécie de contribuinte:
a) sujeito passivo pessoa física, valor bruto dos rendimentos,
BASE DE CÁLCULO
com as deduções legalmente autorizadas.
b) sujeito passivo de pessoa jurídica - Imposto de Renda para
Pessoas Jurídicas (IRPJ), a apuração pode se dar sobre o lucro
real; sobre o lucro presumido; lucro arbitrado.
Varia de acordo com a renda auferida do sujeito passivo, sen-
do tal variação sujeita ao princípio da capacidade contributi-
ALÍQUOTA
va, sendo as alíquotas progressivas. Prevê a legislação quatro
alíquotas: 7,5%; 15%; 22,5% e 27,5%.
PRINCÍPIO DA
Sujeita-se à anterioridade anual, mas não à nonagesimal.
ANTERIORIDADE
PRINCÍPIO DA
Sujeita-se inteiramente.
LEGALIDADE
FUNÇÃO Predominantemente fiscal.
Fonte: Nasser (2013, p. 76).

DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E OS TRIBUTOS EM ESPÉCIE


165

O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) está disposto pela Constituição


Federal em seu artigo 153, IV bem como no Código Tributário Nacional em
seus artigos 46 a 51.
Quadro 4 - Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)

IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI)


Realizar operações (transferências de titularidade) com pro-
dutos industrializados (produto que tenha sido submetido a
FATO GERADOR
qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finali-
dade, ou o aperfeiçoe para consumo).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a) o desembaraço aduaneiro, quando tratar-se de produto


importado.
MOMENTO DA
b) a saída do estabelecimento de contribuinte do IPI.
OCORRÊNCIA
c) a arrematação, quando tratar-se de produto apreendido
ou abandonado e levado a leilão.
a) o importador ou quem a lei a ele equiparar.
b) o industrial ou a quem a lei a ele equiparar.
SUJEITO PASSIVO c) o comerciante de produtos sujeitos ao imposto.
d) o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados
levados a leilão.
a) o valor da operação de saída do produto do estabeleci-
mento de contribuinte do IPI, acrescido do valor do frete e
demais despesas cobradas do comprador ou destinatário;.
b) quando houver a incidência será o preço normal acresci-
dos do imposto de importação, das respectivas taxas ineren-
BASE DE CÁLCULO
tes à importação, dos encargos cambiais.
c) o prego da arrematação quando produto levado a leilão.
Não são cumulativas, descontando-se da base de cálculo o
IPI já pago pela fase anterior da operação (princípio da não
cumulatividade).
São seletivas pela essencialidade: suas alíquotas podem ser
ALÍQUOTA variadas em razão da importância, necessidade ou, ainda,
utilidade do produto (princípio da seletividade).
PRINCÍPIO DA
Observa apenas a anterioridade nonagesimal.
ANTERIORIDADE
PRINCÍPIO DA É exceção, permitindo-se a alteração das alíquotas por de-
LEGALIDADE creto.
FUNÇÃO Extrafiscal, ou seja, controle de mercado.
Fonte: Nasser (2013, p. 77).

Espécies de Tributos
166 UNIDADE V

Quadro 5 - Imposto sobre operações de crédito, câmbio ou operações relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF)

IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO OU OPERAÇÕES RELATIVAS A


TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS (IOF)
a) nas operações de crédito, a entrega do montante ou do
valor que constitua o objeto da obrigação.
b) nas operações de câmbio, a efetiva entrega da moeda.
FATO GERADOR c) nas operações de seguros, o ato do recebimento total ou
parcial do prêmio.
d) nas operações relativas a títulos ou valores mobiliários, a
aquisição, cessão, resgate, repactuação ou pagamento para
liquidação de títulos e valores mobiliários.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
MOMENTO DA No momento de realização de cada uma das operações fi-
OCORRÊNCIA nanceiras.
a) as pessoas físicas ou jurídicas tomadoras de crédito.
b) os compradores ou vendedores de moedas estrangeiras
nas operações de câmbio.
SUJEITO PASSIVO
c) pessoas físicas ou jurídicas seguradas.
d) adquirentes de títulos ou valores mobiliários.
e) as instituições financeiras nos termos da lei.
a) nas operações de crédito, o montante da operação.
b) nas operações de câmbio, o próprio valor operacionalizado.
c) nas operações de seguros, o montante do prêmio.
d) nas operações relativas a títulos ou valores mobiliários
BASE DE CÁLCULO será o valor da aquisição, resgate, cessão ou repactuação de
títulos e valores mobiliários.
e) o valor da operação de financiamento realizada em bolsas
de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas.
f ) o valor de aquisição ou resgate de cotas de fundos de in-
vestimento e de clubes de investimento.
Varia conforme a base de cálculo (atualmente é fixada nos
ALÍQUOTA
artigos 6.° e seguintes do Decreto 6.306/2007).
PRINCÍPIO DA É exceção, sendo exigível imediatamente (artigo 150, § 1 °,
ANTERIORIDADE Constituição Federal).
PRINCÍPIO DA É exceção, podendo as alíquotas serem alteradas por decre-
LEGALIDADE to presidencial.
FUNÇÃO Extrafiscal, isso porque o IOF objetiva o controle de mercado.
Fonte: Nasser (2013, p. 78).

DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E OS TRIBUTOS EM ESPÉCIE


167

O Imposto Territorial Rural (ITR) é um imposto que está disposto no artigo


153, VI da Constituição Federal, no Código Tributário Nacional Artigo 29 a 31
e ainda na Lei 9.393/1.996.
De acordo com a Constituição, especificamente § 4.º, III do artigo 153: Os
Municípios podem fiscalizar e cobrar o ITR, situação essa em que todo valor da
arrecadação será destinado aos seus cofres, caso este não desempenhar essa fun-
ção, terá direito apenas a metade da arrecadação.
Poderá haver isenção do imposto quando se tratar de pequenas glebas rurais
exploradas por proprietários que não possuem outro imóvel (art. 153, VII CF).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Quadro 6 - Imposto Territorial Rural (ITR)

IMPOSTO TERRITORIAL RURAL (ITR)


Ser proprietário, ter o domínio útil ou a posse de imóvel lo-
calizado na zona rural.
FATO GERADOR Imóvel rural e definido por exclusão, sendo aquele que não
e urbano para fins de Imposto sobre a Propriedade Predial e
Territorial Urbana (lPTU).
MOMENTO DA
Anualmente, coincidindo com o exercício financeiro.
OCORRÊNCIA
SUJEITO PASSIVO Proprietário ou possuidor do bem.
Sua base de cálculo do ITR e o valor fundiário do imóvel, ou
seja, o valor da terra nua (artigo 10 da Lei 9.393/1996), esta
BASE DE CÁLCULO
que vem a ser o valor da propriedade desprovida de suas
benfeitorias.
Serão progressivas (artigo 153, § 4. °, I, Constituição Federal),
de acordo com o grau de utilização da terra. Iniciando-se
em 0,03%, para imóveis de até 50 hectares, com utilização
ALÍQUOTA
do bem superior a 80%. E, para imóveis com mais de 5.000
hectares com utilização inferior a 30%, podem chegar a al
(quota de 20%).
PRINCÍPIO DA Observa o princípio da anterioridade anual, mas não o da
ANTERIORIDADE nonagesimal.
PRINCÍPIO DA
Observa-o totalmente.
LEGALIDADE
Extrafiscal (e instrumento para interferir nos imóveis rurais
FUNÇÃO
incentivando o seu aproveitamento).
Fonte: Nasser (2013, p. 80).

Espécies de Tributos
168 UNIDADE V

A Constituição Federal define que a União poderá criar impostos que não este-
jam previstos no artigo 153, por meio da Lei Complementar, no entanto, fato
gerador e base de cálculo já discriminados em outros impostos já criados. Esta
autorização é definida como imposto residual da União está prevista no artigo
154, I da Constituição Federal.
Por fim, não podemos deixar de mencionar os casos excepcionais os cha-
mados impostos extraordinários, podem ser cobrados em caso de guerra ou sua
iminência, trata-se de uma exceção ao princípio da anterioridade em razão da pró-
pria urgência, conforme estabelece o artigo 150, III § 1.º da Constituição Federal.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Impostos Estaduais

A instituição do tributo depende da criação por lei do Estado, sempre lembrando


que anistia, isenção, parcelamento, transação também devem ser feitos através
de lei estadual.
Vamos estudar alguns dos principais impostos estaduais:
O Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), disposto
no artigo 155, I da Constituição federal e ainda nos artigos 35 a 42 do Código
tributário Nacional.
Quadro 7 - Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD)

IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO (ITCMD)


A transmissão não onerosa de qualquer propriedade (bens
FATO GERADOR móveis ou imóveis), assim como a transmissão de direitos
também não onerosa.
MOMENTO DA
Com a transmissão.
OCORRÊNCIA
a) o herdeiro ou legatário, nos casos de transmissões decor-
rentes de causa mortis.
SUJEITO PASSIVO
b) para os casos de doação, será o doador ou donatário nos
termos da lei.
Valor venal dos bens ou direitos transmitidos e da doação
BASE DE CÁLCULO
(artigo 35, Código Tributário Nacional).

DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E OS TRIBUTOS EM ESPÉCIE


169

Podem ser fixadas livremente pelos Estados e Distrito Fede-


ral, desde que obedecido o limite máximo estabelecido pelo
ALÍQUOTA
Senado Federal (Resolução 9/1992 fixou alíquota máxima
em 8% atualmente).
PRINCÍPIO DA
Sujeita-se inteiramente.
ANTERIORIDADE
PRINCÍPIO DA
Sujeita-se inteiramente.
LEGALIDADE
FUNÇÃO Predominantemente Fiscal.
Fonte: Nasser (2013, p. 82).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços e Transporte interesta-


dual, intermunicipal e de comunicação (ICMS), tratado pela Constituição Federal
em seu artigo 135, II bem como Lei Complementar 87/1996.
O ICMS é imposto plurifásico, o que significa dizer que haverá sua incidência
sobre o mesmo produto nas várias etapas da cadeia produtiva até o consumidor
final, sendo pago por substituição tributária, ou seja, pessoa diversa daquele que
efetivamente cometeu o fato gerador poderá ser responsável pelo seu pagamento,
no entanto, é assegurado a esse contribuinte substituído o direito à restituição
tributária.
A Energia elétrica é considerada bem móvel para efeito de incidência do
ICMS.
Quadro 8 - O imposto sobre circulação de mercadorias e serviços e transporte interestadual, intermunicipal
e de comunicação (ICMS)

O IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS E TRANSPORTE


INTERESTADUAL, INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÃO (ICMS)
Realizar circulação de mercadorias ou serviços de transporte
interestaduais e intermunicipais, de serviço de comunica-
ção, assim compreendida como o qualquer meio de comu-
nicação (ex.: telefone, internet etc.).
“Circulação” deve ser compreendida como sendo a circula-
FATO GERADOR
ção jurídica do bem (transferência de titularidade jurídica do
bem).
“Mercadoria” deve ser interpretada como sendo todo bem
móvel com objetivo de comércio.
Vide Súmula 166, Superior Tribunal de Justiça.

Espécies de Tributos
170 UNIDADE V

A circulação de mercadorias ou prestação de serviços inte-


MOMENTO DA
restaduais ou intermunicipais e serviços de comunicação,
OCORRÊNCIA
ainda que iniciados no exterior.
a) todas as pessoas que circulem mercadorias.
b) os importadores.
SUJEITO PASSIVO c) prestadores de serviços de transporte interestadual e in-
termunicipal.
d) prestadores de serviços de comunicação.
a) o valor da operação no caso de circulação de mercadorias.
b) o preço do serviço, em se tratando de transporte interes-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tadual, intermunicipal e de comunicação.
BASE DE CÁLCULO
c) valor da mercadoria quando importada.
Será não cumulativa, compensando-se o que for devido
como os valores já pagos.
Poderão ser majoradas ou reduzidas em razão da seletivida-
de ou essencialidade do bem (artigo 155, § 2. °, Ill, Constitui-
ção Federal).
São livremente fixadas por cada Estado e pelo Distrito Fede-
ral, obedecendo aos seguintes limites:
a) as alíquotas utilizadas nas operações de exportação, e nas
ALÍQUOTA operações interestaduais, serão fixadas em resolução do Se-
nado Federal (artigo 155, § 2. °, IV, Constituição Federal).
b) o Senado Federal poderá fixar alíquotas mínimas e máxi-
mas que devem ser observadas pelos Estados e pelo Distrito
Federal em operações internas (artigo 155, § 2. °, V).
c) Estados e Distrito Federal não podem conceder isenções,
nem reduzir a alíquota interna a alíquotas interestaduais.
Apenas o ICMS incidente sobre combustíveis e exceção ao
PRINCÍPIO DA
princípio da anterioridade anual, não sendo exceção, no en-
ANTERIORIDADE
tanto, ao princípio da anterioridade nonagesimal.
PRINCÍPIO DA Apenas o ICMS incidente sobre combustíveis é exceção ao
LEGALIDADE princípio da legalidade.
FUNÇÃO Fiscal.
Fonte: Nasser (2013, p. 84).

DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E OS TRIBUTOS EM ESPÉCIE


171

O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) está disposto


na Constituição Federal em seu artigo 155, III.
Quadro 9 - Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA)

IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES (IPVA)


Ser proprietário de veículo automotor de qualquer espécie,
FATO GERADOR
no Estado membro em questão.
MOMENTO DA
Todo dia 1.° de janeiro de cada ano.
OCORRÊNCIA
SUJEITO PASSIVO O proprietário de veículo automotor.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O prego comercial, que consta de tabelas editadas pelos pró-


BASE DE CÁLCULO prios Estados, ou aquele constante em nota fiscal, no caso de
carros zero km e de veículos importados.
São definidas em lei ordinária editadas pelos próprios Esta-
ALÍQUOTA
dos e Distrito Federal.
PRINCÍPIO DA
Sujeita-se apenas a anterioridade anual.
ANTERIORIDADE
PRINCÍPIO DA
Sujeita-se inteiramente.
LEGALIDADE
FUNÇÃO Predominantemente fiscal.
Fonte: Nasser (2013, p. 85).

Impostos Municipais

A Instituição do tributo depende da criação da lei do município competente


ou do Distrito Federal, lembrando que somente por lei municipal poderá haver
anistia, parcelamento, compensação e transação para os tributos que serão
apresentados:

Espécies de Tributos
172 UNIDADE V

Quadro 10 - Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU)

IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA (IPTU)


Ter a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel,
localizado em zona urbana do Município ou do Distrito Fede-
ral. Para fins do imposto em questão, o conceito de zona urba-
na está definido no artigo 32, § 1.º, Código Tributário Nacional
que define como sendo área urbana toda aquela beneficiada
FATO GERADOR
com no mínimo, dois dos melhoramentos indicados nos inci-
sos do próprio artigo (ex.: água, luz, calcamento etc.).
Cumpre ainda destacar que a lei municipal pode considerar
urbanas as áreas urbanizáveis ou de expansão urbana nos

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
termos do § 2.° do mesmo artigo.
MOMENTO DA
Em 1 ° de Janeiro de cada ano.
OCORRÊNCIA
O proprietário do imóvel, o titular do domínio útil ou seu
SUJEITO PASSIVO
possuidor a qualquer título.
BASE DE CÁLCULO Valor venal do imóvel.
São progressivas, nos termos do artigo 156, § 1º, I e II, e arti-
go 182, § 4. °, II Constituição Federal. Podem ser maiores ou
menores, de acordo com a capacidade econômica de cada
ALÍQUOTA
contribuinte. Para tanto, a legislação leva em consideração
quatro elementos: o uso; o valor, a localização; a função so-
cial da propriedade.
PRINCÍPIO DA
Deve atender apenas à anterioridade anual.
ANTERIORIDADE
PRINCÍPIO DA A base de cálculo pode ser atualizada monetariamente por
LEGALIDADE decreto.
FUNÇÃO Predominantemente fiscal, mas também extrafiscal.
Fonte: Nasser (2013, p. 84).

DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E OS TRIBUTOS EM ESPÉCIE


173

Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) estabelecido pelo artigo


156, III da Constituição Federal bem como pela Lei Complementar 116/2003.
Quadro 11 - Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS)

IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA (ISS)


É a prestação por empresa ou profissional autônomo, com
FATO GERADOR ou sem estabelecimento fixo, de serviços pelos quais estão
previstos na lista anexa à Lei Complementar 116/2003.
Da efetiva prestação do serviço (a apuração pode ocorrer em
MOMENTO DA
outra periodicidade, conforme disciplina da lei municipal
OCORRÊNCIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

competente).
Sujeito passivo: o prestador de serviço, empresa ou profissio-
SUJEITO PASSIVO
nal autônomo com ou sem estabelecimento fixo.
A base de cálculo do ISS, em regra, e o preço do serviço, sen-
do possível a adoção de base de cálculo presumida (fixa),
BASE DE CÁLCULO
conforme lei do Município tributante (por exemplo, para
profissionais liberais).
Os municípios têm autonomia para fixar livremente as alí-
quotas, respeitando os limites estabelecidos, que, nos ter-
ALÍQUOTA
mos do artigo 8.°, Lei Complementar 116/2003, deverá ser
de, no máximo, 5%.
PRINCÍPIO DA Deve observar tanto a anterioridade anual quanto a anterio-
ANTERIORIDADE ridade nonagesimal.
PRINCÍPIO DA
Submete-se integralmente.
LEGALIDADE
FUNÇÃO Predominantemente fiscal.
Fonte: Nasser (2013, p. 88).

Espécies de Tributos
174 UNIDADE V

O Imposto de Transmissão de Bens Imóveis Inter-Vivos (ITBI), a qualquer título,


por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física e de direitos reais
sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos à sua aquisi-
ção – ITBI, disposto no artigo 156, II da Constituição Federal bem como artigo
32 a 42 do Código tributário Nacional.
Estabelece-se a não incidência do ITBI sobre a transmissão de bens ou direitos
incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica. Tampouco incide sobre a trans-
missão de bens ou direitos decorrentes de fusão, incorporação, cisão ou extinção
de pessoa jurídica (artigo 156, § 2. °, I, Constituição Federal). Não estarão ampa-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
radas do benefício as atividades que objetivam a compra e venda desses bens ou
direitos, destacando que não haverá a incidência do ITBI no usucapião por não
constituir fato gerador desse tributo, ou seja, não há o elemento “transferência”,
por se tratar de aquisição originária.
Quadro 12 - Imposto de transmissão intervivos

O IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO INTER-VIVOS, A QUALQUER TÍTULO, POR ATO


ONEROSO, DE BENS IMÓVEIS, POR NATUREZA OU ACESSÃO FÍSICA E DE DIREITOS
REAIS SOBRE IMÓVEIS, EXCETO OS DE GARANTIA, BEM COMO CESSÃO DE DIREITOS
À SUA AQUISIÇÃO – ITBI
Transmissão inter-vivos, por ato oneroso, de bens imóveis,
FATO GERADOR excetuando os bens de garantia, bem com cessão de direi-
tos a sua aquisição.
MOMENTO DA
No momento da transmissão.
OCORRÊNCIA
SUJEITO PASSIVO Qualquer das partes da operação de transferência.
BASE DE CÁLCULO O valor de venda do bem imóvel, ou seja, o preço de mercado.
Já com relação às alíquotas, estas podem ser estipuladas
livremente pelos Municípios e pelo Distrito Federal, obede-
ALÍQUOTA
cendo apenas aos limites máximos estabelecidos pelo Sena-
do Federal.
PRINCÍPIO DA
Submete-se integralmente.
ANTERIORIDADE
PRINCÍPIO DA
Submete-se integralmente.
LEGALIDADE
FUNÇÃO Predominantemente fiscal.
Fonte: Nasser (2013, p. 89).

DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E OS TRIBUTOS EM ESPÉCIE


175

TAXAS

As taxas (art. 145, II, da CF e art. 77 do CTN) têm como fato gerador o exercício
regular do Poder de Polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou colocado à sua disposição de
acordo com artigo 79 do Código Tributário Nacional (SABBAG, 2012, p. 95).
Os contornos da definição constitucional deixam claro que as taxas são tri-
butos retributivos ou contraprestacionais, uma vez que não podem ser cobradas
sem que o Estado exerça o poder de polícia ou preste ao contribuinte, ou colo-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

que à sua disposição, um serviço público específico e divisível (ALEXANDRE,


2015, p. 91).
Sendo assim são dois os fatos do estado que resultam na cobrança de taxas:
■■ As taxas de polícia têm por fato gerador o exercício regular do poder de
polícia (atividade administrativa). Exemplo: a taxa de inspeção sanitária.
■■ As taxas de serviço são só possíveis mediante a disponibilização de ser-
viços públicos que se caracterizem pela divisibilidade e especificidade.
Exemplo: taxa judiciária.

A Constituição Federal proíbe que as taxas tenham base de cálculo própria de


impostos (art. 145, § 2.º). Já o Código Tributário Nacional dispõe que a taxa
não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam
ao imposto (art. 77, parágrafo único). Para reduzir os conflitos acerca do tema,
foi publicada uma súmula vinculante 29 no Supremo Tribunal Federal (STF)
que define:
É constitucional a adoção no cálculo do valor de taxa de um ou mais
elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde
que não haja integral identidade entre uma base e outra (STF, [2016],
on-line)3.

Como o regime das taxas é legal, não é possível rescisão. Também há de se des-
tacar que, segundo expressas disposições legais (CTN, arts. 7.º e 119), só podem
figurar no polo ativo da relação jurídico-tributária pessoas jurídicas de direito
público, o que é integralmente aplicável às taxas.

Espécies de Tributos
176 UNIDADE V

CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIAS

De acordo com os ensinamentos de Alexandre (2015), a Constituição Federal


de 1988, ao prever a possibilidade de a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios instituírem contribuições de melhoria, apenas declarou que elas
decorrem de obras públicas (art. 145, III).
Conforme já ressaltado, tais contribuições são tributos vinculados, uma vez
que sua cobrança depende de uma específica atuação estatal, qual seja a realiza-
ção de uma obra pública que tenha como consequência um incremento do valor

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de imóveis pertencentes aos potenciais contribuintes.
O fato gerador da contribuição de melhoria não é a realização da obra, mas
sim sua consequência, a valorização imobiliária. Assim, a contribuição de melho-
ria tem caráter contraprestacional. Serve para ressarcir o Estado dos valores (ou
parte deles) gastos com a realização da obra.
Os Limites estão dispostos na Constituição Federal (1988), mas foram recep-
cionados pelo nosso Código Tributário Nacional que estabelece em seu artigo 81:
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados,
pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respecti-
vas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas
de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a des-
pesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da
obra resultar para cada imóvel beneficiado (BRASIL, 1966, on-line)1.

Lembrando que esses limites não estão previstos expressamente na Constituição.


A Base de Cálculo é apresentada pelo artigo seguinte 82, que define:
Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes
requisitos mínimos:
I - publicação prévia dos seguintes elementos:
a) memorial descritivo do projeto.
b) orçamento do custo da obra.
c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela con-
tribuição.
d) delimitação da zona beneficiada.
e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para
toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas.

DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E OS TRIBUTOS EM ESPÉCIE


177

II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação


pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso an-
terior.

III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julga-


mento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da
sua apreciação judicial.

§ 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio


da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos
imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores
individuais de valorização.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

§ 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá


ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos
de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo
(BRASIL, 1966, on-line)1.

Não se vislumbra, portanto, a estipulação de uma alíquota a ser aplicada sobre a


valorização individual, mas sim a fixação de uma parcela do custo da obra a ser
rateada entre os proprietários dos imóveis beneficiados proporcionalmente aos
respectivos “fatores individuais de valorização”.

EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO

Os empréstimos compulsórios são empréstimos forçados, coativos. Porém, resti-


tuíveis. A obrigação de pagá-los não nasce de um contrato, de uma manifestação
livre das partes, mas sim de determinação legal. Verificada a ocorrência do fato
gerador, surge a obrigação de “emprestar” dinheiro ao Estado.
De acordo com o artigo 15 do Código Tributário Nacional:
Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir emprés-
timos compulsórios:
I- guerra externa, ou sua iminência;

II- calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com
os recursos orçamentários disponíveis;

III- conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.

Espécies de Tributos
178 UNIDADE V

A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu res-


gate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei.
A competência para a criação de empréstimos compulsórios é exclusiva da União
e a instituição de empréstimos compulsórios só é possível mediante lei comple-
mentar. O parágrafo único do art. 15 do Código Tributário Nacional exige que a
lei instituidora do empréstimo compulsório fixe o prazo e as condições de resgate.

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Seguindo ensinamentos de Alexandre (2015), entenderemos as disposições sobre
contribuições especiais de acordo com a ilustração a seguir:
As contribuições sociais destinam-se a financiar os denominados direitos
sociais previstos no artigo 6.º da Constituição Federal (1988):
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o traba-
lho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social,
a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados,
na forma desta Constituição (BRASIL, 1988, on-line)2.

O artigo 149 da Constituição Federal autoriza a União a instituir contribuições


sociais e intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias pro-
fissionais e econômicas sem prejuízo do que estabelece o artigo 195 § 6.º da C.F.
Via de regra as contribuições sociais devem financiar a atuação da União na
área social, servindo como um instrumento de arrecadação de recursos finan-
ceiros vinculados à uma finalidade.
A competência para instituir as contribuições é exclusiva da União, entretanto,
excepcionalmente, os Estados, Distrito Federal e Municípios estão autorizados
a instituir contribuição, mas somente destinada ao custeio da seguridade social
e, ainda assim, na subárea de previdência social.

DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E OS TRIBUTOS EM ESPÉCIE


179

As contribuições de melhoria estão vinculadas a uma atividade estatal dire-


tamente desenvolvida ao sujeito passivo, já a contribuição especial, não há uma
definição constitucional específica, mas deixa ao legislador a opção de selecionar
fatos ou comportamentos dos contribuintes mais adequados ao alcance dos fins.

Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE)

Encontra-se genericamente prevista no art. 149 da CF, havendo atribuição constitu-


cional de competência para a criação, conforme analisado anteriormente. As CIDEs
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

são, portanto, tributos criados com base no elemento teleológico ou finalístico, uma
vez que, para serem consideradas legítimas, suas finalidades têm que ser compa-
tíveis com as disposições constitucionais, principalmente com aquelas relativas à
ordem econômica e financeira, que aparecem a partir do art.170 da Carta Magna.
A União tem autonomia relativamente grande para instituir as CIDEs, pois,
desde que não se desvie do referido “elemento teleológico”, a liberdade para a criação
das CIDEs é bastante ampla. Isso se deve ao fato de a Constituição Federal de 1988
não ter explicitado quais as bases econômicas sobre as quais o tributo pode incidir.
Mais, recentemente, a EC 42/2003 ampliou bastante a previsão constitucional
de incidência das CIDE nas operações de importação, uma vez que, originaria-
mente, o inciso II do § 2.º do art. 149 da CF previa a cobrança do tributo apenas
sobre a importação de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados
e álcool combustível. Atualmente, todavia, a previsão abrange a importação de
produtos estrangeiros ou serviços, expressão muito mais abrangente.
Contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas –
Contribuições corporativas são aquelas criadas pela União com o objetivo
parafiscal de obter recursos destinados a financiar atividades de interesses de
instituições representativas ou fiscalizatórias de categorias profissionais ou eco-
nômicas (corporações). Os exemplos mais relevantes de tais contribuições são
a contribuição sindical e a destinada ao custeio das entidades de fiscalização do
exercício de profissões regulamentadas.

Espécies de Tributos
180 UNIDADE V

Contribuição de Iluminação Pública (COSIP)

Conforme já estudado, é assente no âmbito do STF o entendimento de que o serviço


de iluminação pública não atende aos requisitos de especificidade e divisibilidade,
necessários à possibilidade de financiamento mediante a instituição de taxa. Recorde-se
que o entendimento foi cristalizado no Enunciado 670 da Súmula Vinculante 41 do
Supremo Tribunal Federal, afirmando que “O serviço de iluminação pública não pode
ser remunerado mediante taxa” (STF [2016], on-line)4. O dispositivo constitucional
deixa claro que a arrecadação da contribuição é vinculada ao custeio do serviço de

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
iluminação pública, sendo, portanto, ilegítima qualquer espécie de destinação diversa.

Entidades de apoio científico e sem fins lucrativos têm direito à imuni-


dade de IPI e Imposto de Importação
Entidades de caráter técnico cultural e sem fins lucrativos têm direito à imu-
nidade tributária sobre o Imposto de Importação (II) e o Imposto sobre Pro-
dutos Industrializados. Com esse entendimento, o Tribunal Regional Federal
da 4ª Região (TRF4) confirmou, na última semana, sentença em mandado
de segurança que determinou à Receita Federal a liberação de uma sonda
importada da Austrália pela Fundação Luiz Englert, de Porto Alegre.
Fonte: TRF4 (2016, on-line)5.

Os impostos consomem hoje em dia mais de 38% do orçamento da família


média [americana], segundo a Tax Foundation. Isso é mais do que é gasto
em alimentação, vestuário, habitação e transporte juntos. Compare isto com
a situação do servo na Idade Média. Eles só tinham que dar ao seu senhor
um terço de sua produção – e eram considerados semiescravos. No que isso
nos transforma então?
(Richard Epstein)

DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E OS TRIBUTOS EM ESPÉCIE


181

Caro(a) aluno(a), foi com imenso prazer que concluímos este estudo entendendo
um pouco mais sobre impostos e taxas; espero que você tenha aprendido tanto
quanto eu, pois sempre aprendemos mais do que ensinamos. Sucesso!

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Prezado(a) aluno(a), nossos estudos frente aos impostos iniciaram com apren-
dizado sobre: a quem compete criar e instituir os impostos? Descobrimos que a
Constituição Federal é a primeira a designar e distribuir a competência a cada ente
federativo que somente através de lei específica poderá instituir e cobrar os tributos.
Neste estudo, ficou bem claro que a lei é que estabelece os limites, sem estes não
há como criar ou exigir qualquer imposto, mas não podemos deixar de mencionar
as características específicas da competência tratadas por alguns autores como prin-
cípios, pois são primordiais para o entendimento e balizamento da compreensão.
Assim como estabelece a forma, também determina sua classificação, pois
como criar sem saber o lugar correto de aplicar? Por isso, Casalino (2012) nos
apresenta de maneira clara as formas de classificação para que possamos com-
preender objetivo e aplicação de cada imposto, taxa ou contribuição.
Seguimos adiante conhecendo os impostos em sua espécie, primeiro defi-
nindo, depois conhecendo os principais instituídos pela União, Estados e
Municípios para que possamos saber qual fato gerador, o momento da ocorrên-
cia, quem é o responsável ou responsáveis, base de cálculo, alíquota e se devemos
ou não aplicar os princípios da anterioridade e legalidade e principalmente qual
sua função, isto nos principais princípios.
Para encerrar com entendimento sobre taxas apresentamos quando e como
devem ser cobradas, quais os fatos que resultam nesta cobrança, não podendo
deixar de lembrar que durante toda unidade a legislação aplicada está a todo
momento fundamentada. Em seguida, aprendemos sobre Contribuições de
melhoria, empréstimo compulsório e contribuições especiais.

Considerações Finais
182

1. Sabemos que, para entender a competência tributária, precisamos distinguir


três conceitos: poder tributário, competência tributária e capacidade ativa tribu-
tária. Defina cada um.

2. O que é Competência Tributária, quais são suas características e como podemos


classificá-la?

3. O que é tributo e como ocorre sua vinculação?

4. Quais são os principais impostos cobrados pela União?

5. Quais são os principais impostos cobrados pelos Estados?

6. Quais são os principais impostos cobrados pelos Municípios?

7. O que são taxas e quais são fatores que resultam em sua cobrança?

8. O que são contribuições de melhoria?

9. O que é empréstimo Compulsório?

10. O que são as Contribuições Especiais?


183

Isenção de IPI a portadora de doença crônica é destaque no programa Via Legal


O programa Via Legal desta semana mostra que portadores de doenças crônicas têm di-
reito a vários tipos de benefícios. Um deles é a isenção do IPI, o Imposto sobre Produtos
Industrializados. Apesar da garantia em lei, uma moradora de Porto Alegre, que sofre de
Mal de Parkinson, precisou brigar nos tribunais para comprar um carro com o desconto
previsto. Quem conta os detalhes dessa história é o repórter Marcelo Magalhães.
Você vai ficar por dentro também de uma prática comum no comércio, mas que é crime:
a venda casada. Uma maneira disfarçada de obrigar o consumidor a comprar um produ-
to ou serviço, mesmo sem querer. Quem já contratou um empréstimo no banco e junto
precisou adquirir um seguro de vida? Apesar do Código de Defesa do Consumidor pre-
ver a condenação para esses casos, ainda hoje é possível encontrar empresas que não
cumprem a lei. A repórter Eliane Wirthmann mostra que, na Justiça, as decisões têm sido
favoráveis aos consumidores. E as vítimas, na maioria das vezes, recebem indenizações.
O programa mostra ainda a história de um cliente que ficou preso na porta giratória de
um banco, no Espírito Santo, e passou dos limites. Depois de tirar todos os objetos dos
bolsos, ele resolveu ficar sem roupa e a polícia precisou ser chamada. Diante da situação,
o homem pediu na Justiça Federal uma indenização por danos morais. O repórter Adeil-
ton Oliveira explica que para os desembargadores, a instituição financeira não pode ser
condenada por excessos que o cliente cometeu por conta própria.
O programa relembra ainda que a mesma lei que prevê benefícios para portadores de
Parkinson, também assegura uma série de direitos a vítimas de outras doenças graves
como o Alzheimer. Em São Paulo, a Justiça Federal concedeu a isenção do Imposto de
Renda para uma aposentada que sofria com a doença há mais de nove anos e não con-
seguia o benefício.
Em média, no Brasil, existe um processo para cada dois habitantes. Uma proporção des-
leal, se comparada com a estrutura do Poder Judiciário. E é por isso que o resultado
dessa situação é a sobrecarga de processos nos tribunais.
Para tentar mudar essa realidade, a conciliação tem sido cada vez mais estimulada e
tem mostrado ser um caminho rápido e eficiente para a solução de impasses. No Recife,
o Centro de Solução de Conflitos da Justiça Federal funciona durante todo o ano. Seja
qual for o caso, a intenção de conciliar pode partir de qualquer uma das partes, é só
comunicar ao tribunal. O repórter Alessandro Moura mostra como tudo isso funciona.
O Via Legal é exibido nas TVs Cultura, Justiça, Brasil, além de outras 25 emissoras regio-
nais. Confira os horários de exibição e assista também pela internet: <www.youtube.
com/programavialegal> e <www.youtube.com/cjf>.
Fonte: TRF4 (2016, on-line)6.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Imposto: Federais, Estaduais e Municipais


Leandro Paulsen e José Eduardo Soares Melo
Editora: Livraria do Advogado
Sinopse: a literatura tributária brasileira é farta em trabalhos sobre normas
gerais, mas carente de abordagens sobre os tributos em espécie. Em face dessa
lacuna, os estudantes e profissionais por vezes têm dificuldade de compreender
a extensão de cada uma das exações a que as pessoas físicas e jurídicas estão
sujeitas. Neste livro, os autores se dedicam precisamente a esta parte especial
do Direito Tributário, cuidando de cada um dos impostos instituídos em nosso
país. O fazem de modo didático para permitirem uma boa compreensão
do fundamento constitucional de cada qual e das respectivas hipóteses de
incidência, como estruturadas nas leis complementares, instituídas pelas leis
ordinárias e detalhadas pelos regulamentos. Com isso, resta claro o que pode ser
alcançado por cada tributo, seus fatos geradores, contribuintes e bases de cálculo. Leandro Paulsen
cuida dos impostos federais (II, IE, IR, IPI, IOF, ITR e IGF) e José Eduardo Soares de Melo aborda os
impostos estaduais (ITCMD, ICMS e IPVA) e municipais (IPTU, ITBI e ISS).
185
REFERÊNCIAS

ALEXANDRE, R. Direito Tributário Esquematizado. 9. ed. São Paulo: Método, 2015.


BRASIL. Dispõe sobre a cobrança da Contribuição de Melhoria. Decreto Lei
195/1967.
_____. Dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, sobre
pagamento da dívida representada por Títulos da Dívida Agrária e dá outras
providências. Lei 9.393/1996.
CARRAZZA, R. A. Curso de Direito Constitucional Tributário. 27. ed. São Paulo: Ma-
lheiros, 2011.
CASALINO, V. Curso de Direito Tributário e Processo Tributário. Vol. I, São Paulo:
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Referências on-line

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3
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4
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5
Em: <http://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=noticia_visualizar&id_no-
ticia=12180>. Acesso em: 24 out. 2016.
6
Em: <http://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=noticia_visualizar&id_no-
ticia=11740>. Acesso em: 24 out. 2016.
GABARITO

1. “O poder tributário dita as relações de fato e está ligado à soberania do ente


estatal, de modo que o Estado pelo uso da força impõe sua vontade sobre os ci-
dadãos. O poder tributário foi delimitado por meio de lei, no caso a Constituição
Federal, limitada a sua competência repartida nas três esferas - federal, estadual
e municipal – além da geral ou nacional. A capacidade ativa tributária é aptidão
para ser o sujeito ativo da relação jurídica tributária, relacionada ao titular da
prerrogativa para exigir o tributo” (VIEIRA, 2014, p. 44).

2. Competência tributária é a aptidão que têm os entes federativos para criar, por
meio de lei, os tributos. Suas características são Privatividade, facultatividade, in-
delegabilidade, Irrenunciablidade, Incaducabilidade e Inalterabilidade. Classifi-
camos em: Competência privativa, competência comum, competência especial,
Competência residual, competência extraordinária e competência cumulativa.

3. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela


se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e co-
brada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. A vinculação
do tributo é analisada através da hipótese de incidência, ao passo que a vincula-
ção da receita realiza-se após a ocorrência do fato gerador e depois do tributo já
ter ingressado nos cofres públicos.

4. Imposto de importação (II), Imposto de exportação (IE), Imposto de Renda (IR),


Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), Imposto sobre Operações de Crédi-
to (IOF) e Imposto Territorial Rural (ITR).

5. Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), o Imposto sobre Cir-
culação de Mercadorias e Serviços e transporte interestadual, intermunicipal e
de comunicação (ICMS), Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores
(IPVA).

6. Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), Imposto Sobre


Serviços de Qualquer Natureza (ISS), O Imposto sobre Transmissão Inter-vivos, a
qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física
e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de
direitos à sua aquisição – ITB

7. Os contornos da definição constitucional deixam claro que as taxas são tributos


retributivos ou contraprestacionais, uma vez que não podem ser cobradas sem
que o Estado exerça o poder de polícia ou preste ao contribuinte, ou coloque à
sua disposição, um serviço público específico e divisível (ALEXANDRE, 2015, p.
91). São dois os fatos do estado que resultam na cobrança de taxas: 1) as taxas
de polícia têm por fato gerador o exercício regular do poder de polícia (atividade
administrativa), por exemplo, a taxa de inspeção sanitária. 2) as taxas de serviço
só são possíveis mediante a disponibilização de serviços públicos que se carac-
terizem pela divisibilidade e especificidade. Por exemplo, taxa judiciária.
187
GABARITO

8. São tributos vinculados, uma vez que sua cobrança depende de uma específi-
ca atuação estatal, qual seja a realização de uma obra pública que tenha como
consequência um incremento do valor de imóveis pertencentes aos potenciais
contribuintes.

9. São tributos de competência partilhada entre os entes federativos, no entan-


to, para sua exigência, devem cumprir algumas determinações legais de acordo
com Dec-Lei 195/1967.

10. As contribuições sociais destinam-se a financiar os denominados direitos sociais


previstos no artigo 6º da Constituição Federal. Via de regra as contribuições so-
ciais devem financiar a atuação da União na área social, servindo como um ins-
trumento de arrecadação de recursos financeiros vinculados a uma finalidade.
CONCLUSÃO

Prezado(a) aluno(a)!
Vimos ao longo do nosso estudo que as modificações legislativas no decorrer dos
anos foram muito significativas e que trouxeram grandes avanços ao Direito Em-
presarial, que passou a adotar uma teoria mais abrangente cuidando do direito so-
cietário, falimentar, industrial, cambiário, concorrencial, entre outros tratados pela
legislação.
Tanto o Direito Empresarial quanto o Direito Tributário vem tratado pela Constitui-
ção Federal que institui a forma de atuação de cada um sem esquecer dos princípios
específicos aplicados a cada um.
Entendemos o conceito do Direito Empresarial, empresário, empresa e atividade
empresarial, bem como as formas de atuação de cada um para em sequência definir
qual a melhor estratégia a seguir no desenvolvimento empresarial.
Conceituar as sociedades para classificar faz parte da estratégia para definir qual
melhor tipo de empresa a ser constituída, dentro das características de cada pes-
soa ou empresa, partindo para as noções de Direito Tributário que determinarão
o sistema de atuação dentro dos limites estabelecidos pela Constituição Federal e
Legislações aplicadas, conhecendo inclusive a hierarquia das leis.
Aplicabilidade das legislações tributárias servirá como base do conhecimento das
funções dos tributos aplicados dentro dos princípios e limitações do poder de tri-
butar. Eis que conhecer o momento do surgimento da obrigação tributária será um
diferencial para prevenção ou mesmo orientação e adequação da instituição da
responsabilidade tributária, para não haver qualquer descumprimento de preceitos
legais que resultem em multa ou prejuízos.
Conhecendo a legislação também aprendemos sobre a competência e, principal-
mente, as espécies de tributos cobrados por cada ente federativo em cada momen-
to, por meio das regras gerais estabelecidas.
Diante disso tudo é possível observar que o sucesso empresarial depende do co-
nhecimento tributário, enfim, o conhecimento é sempre a melhor arma a ser utiliza-
da em qualquer ramo de atividade.
Sucesso!
Prof.ª Renata Monteiro de Andrade

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