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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE DIREITO PRIVADO - DIPRI

DOCENTE: VIRGILIO FERNANDES DE MACEDO JUNIOR

GABRIEL NASCIMENTO MOURA

FICHAMENTO SOBRE O TEXTO "PERFIS DA EMPRESA" DE ALBERTO


ASQUINI, TRADUÇÃO DE FÁBIO COMPARATO, IN REVISTA DE DIREITO
MERCANTIL, VOL. 104.

NATAL/RN

2023
PERFIS DE EMPRESA, POR ALBERTO ASQUINI

1. Premissa
Conforme expõe o autor, o Código Civil não traz uma definição jurídica precisa de
empresa, deixando essa questão em aberto para interpretação. Isso porque o conceito de
empresa é um fenômeno econômico jurídico poliédrico, com diversos perfis que substanciam
seu aspecto jurídico.
As definições de empresa podem, portanto, variar de acordo com o tipo de perfil
considerado. Por exemplo, a perspectiva econômica pode se concentrar na atividade produtiva
ou comercial realizada pela empresa, enquanto a perspectiva jurídica pode enfatizar sua
natureza jurídica como uma unidade econômica.
Essa diversidade de definições é a razão pela qual não há uma definição legislativa
precisa de empresa. O conceito de empresa no sentido econômico se refere a um fenômeno
econômico em si mesmo, enquanto a definição de empresa no sentido jurídico aborda a
realidade econômica unitária da empresa.
Para compreender a complexidade da empresa, é importante ter um ponto de partida,
mas não se pode esperar um ponto final ou uma definição única que abarque todos os seus
aspectos. Em vez disso, deve-se levar em conta a pluralidade de definições e perspectivas para
obter uma compreensão completa da empresa como uma unidade econômica e jurídica.

2. Empresa no sentido econômico


O conceito econômico de empresa do Código Civil é aquele do ordenamento
corporativo que se baseia na profissionalização. Esse conceito refere-se, essencialmente, à
economia de troca, pois somente nessa órbita que o empresário pode assumir caráter
profissional. De acordo com o Código Civil, empresa é toda organização de trabalho e de
capital tendo como fim a produção de bens e serviços para troca.
No entanto, nem todas as organizações são consideradas empresas no sentido do
Código. Aquelas relativas ao desenvolvimento de técnicas e produção de consumo voltado
exclusivamente aos empresários não se enquadram nesse conceito. É importante destacar que
a contribuição típica do empresário é sua remuneração, ou seja, o lucro.
Mas é necessário entender que o empresário não apenas intermedia a produção e troca
de bens e serviços, ele também cria riquezas. Além disso, ele possui uma função organizadora
em toda a cadeia produtiva, sendo responsável pela coordenação dos recursos humanos e
materiais. Essa visão mais ampla do papel do empresário pode ser discutida à luz da
sociologia e sua compreensão das relações sociais de produção.
Em resumo, o conceito de empresa no Código Civil é um conceito econômico jurídico
poliédrico, que pode assumir diferentes perfis de acordo com sua natureza e objetivo. A
ausência de uma definição legislativa clara se deve à diversidade desse fenômeno, que
envolve não apenas questões jurídicas, mas também econômicas e sociais.

3. A empresa na legislação anterior ao novo Código Civil (Código de 1865, Código


Comercial, legislação de infortunística) segundo o ordenamento corporativo e o novo
Código Civil
O conceito de empresa no Código Civil atual difere do que foi estabelecido
anteriormente. Na época do Código Napoleônico, em 1865, a empresa era definida como a
prestação do empresário. Já no Código Comercial, adotava-se o conceito de empresa no
sentido econômico, como organização da produção para a troca, mas apenas sob o perfil dos
atos objetivos do comércio e somente para a produção industrial.
Essa mudança pode ser explicada pela evolução do direito do trabalho e da legislação
infortunística, que reconheceram a necessidade de proteger os trabalhadores e consideram a
empresa como uma realidade social. A partir disso, o ordenamento corporativo foi criado,
estabelecendo a empresa como uma realidade econômica unitária e não apenas como um
conjunto de atos objetivos do comércio.
Assim, no atual Código Civil, o conceito de empresa está relacionado ao ordenamento
corporativo e se refere à organização de fatores de produção para o exercício de atividade
econômica com fins lucrativos, envolvendo a produção e circulação de bens e serviços. É
importante ressaltar que a empresa não se restringe apenas ao aspecto econômico, mas
também abrange aspectos sociais e jurídicos.
Em resumo, a definição de empresa evoluiu ao longo do tempo para acompanhar as
mudanças sociais e econômicas, reconhecendo a importância da proteção dos trabalhadores e
considerando a empresa como uma realidade econômica unitária.

4. Diversos perfis jurídicos


Assim como o fenômeno epistemológico de cada palavra, os sentidos que as empresas
apresentam se diversificam à medida que condizem com a necessidade de especificar os perfis
jurídicos que cada empresa atua em seus recíprocos ramos - campo econômico. Seu principal
aspecto é baseado no nomem juris como fenômeno econômico empresarial.

5. Perfil subjetivo: A empresa como empresário


O CC e as leis especiais consideram a organização econômica da empresa pelo seu
vértice, usando a palavra como sinônimo de empresário.
6. Noções de empresário
Definição de empresário sendo o CC, está no art. 2082. Pode-se chegar às seguintes
conclusões a partir da leitura do referido texto: empresário é a) quem exerce; b) uma atividade
econômica organizada; c) Sujeito jurídico cujo fim é a produção para a troca de bens ou
serviços; d) sujeito dotado de profissionalidade.

7. Perfil funcional: A empresa como atividade empresarial


Sob o ponto de vista funcional a empresa é uma força em movimento cuja atividade
empresarial é dirigida para um determinado escopo positivo. O projeto do Código Comercial
de 1940 atribuía essa noção para o conceito de empresa.

8. Noções da atividade empresarial


Entende-se que as noções da atividade empresarial estão definidas na legislação
vigente, porém, conforme expõe o autor, pode-se dizer que essas noções relativas à atividade
do empresário estão acomodadas nos “fatos materiais e atos jurídicos”,

9. Perfil patrimonial e objetivo: a empresa como patrimônio "aziendal"e como


estabelecimento

O perfil patrimonial da empresa é determinado pela sua classificação como pessoa


física ou jurídica, o regime de bens adotado e as finalidades jurídicas baseadas em seu perfil
de direito, bem como seu perfil funcional. O conceito de forma aziendal, proposto pelo autor,
refere-se ao estudo do conjunto de bens e direitos que compõem o patrimônio da empresa.

10. E como estabelecimento

Conforme a doutrina dominante, o estabelecimento é entendido como uma unidade


econômica não-jurídica; um espaço onde seja possível alocar os bens móveis, imóveis,
materiais e imateriais do empresário.

11. Posição do Código

Conforme expõe o autor, destaca-se que a posição do antigo Código Civil está
presente no art. 2555, a qual define o estabelecimento como o “complexo de bens organizados
pelo empresário para exercício da empresa”.
12. Perfil corporativo: A empresa como instituição

A ideia da empresa da constituição surge, acima de tudo, por uma perspectiva


corporativa, a qual considera um modelo especial de organização, em que os empregados não
seriam meros “servidores”, mas sim colaboradores do empresário. Assim, dar-se-ia uma
noção de que o empregado é parte da empresa, entendendo-os como associados, donde urge a
tendência para os empregados serem sujeitos participantes nos lucros da empresa;

13. Noções de instituição

Conforme supracitado, destaca-se, ademais, que a ideia da empresa como organização


de pessoas voltado para um fim comum também pode ser entendida dentro da esfera
“institucional”. Sobre isso, destaca-se que a ideia de instituição surge do direito público
Romano, entendendo a instituição como toda organização de pessoas embasada na hierarquia
e cooperação entre membros, em razão de uma finalidade comum.

14. Os elementos institucionais da empresa

A empresa sob o perfil corporativo oferece um exemplo típico de instituição. Tal razão
pode ser descoberta observando os elementos da institucionalidade, os quais, segundo o autor,
são esses: o fim comum (direcionamento que a empresa deve atingir e que deve ser
compartilhado por todos os seus colaboradores); o poder ordenatório (capacidade postulada ao
empresário de poder tomar decisões); relação de cooperação entre as partes; formação de
ordenamento interno na empresa (para, justamente, definir regras e estruturas que respeitem a
hierarquia, a produção e cooperação entre os membros) e, finalmente, o aspecto contratual e
patrimonial.

15. Conclusões

Por fim, entende-se que, caso preze-se uma definição técnica, deve-se usar o conceito
de instituição no sentido supracitado e não somente em um sentido genérico, resignado ao
fenômeno puramente econômico. É necessário, assim, unir as características, e não formular
um movimento de ruptura; integrando, dessa maneira, a forma abstrata da empresa como mera
força produtiva ao seu caráter mais “burocrático”, alcançado pelo desenvolvimento científico
dessa matéria.

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