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DIREITO CIVIL II - REMISSÃO

Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os
outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.

- Caracteriza-se por ser um negócio jurídico bilateral (há a necessidade de manifestação da


vontade de ambas as partes).
- A remissão é uma causa extintiva não satisfatória, pois o credor consente em dispensar o
devedor do dever de solver (ROSENVALD, 2015).
- Segundo Arnaldo Rizzardo: “[A remissão] Não se permite, resta evidente, aquela obrigação
indisponível ou de natureza alimentar, sem a qual fica o perdoante desprovido dos meios de
subsistência”
- PROPOSTA 1: Falar sobre remissão (o que é, características e efeitos gerais) -> fazer a
distinção entre remissão e renúncia da solidariedade à luz da teoria dualista de Alois Brinz
- PROPOSTA 2: Falar sobre remissão (o que é, características e efeitos gerais) -> usar a
jurisprudência do STJ como forma de aprofundar o efeito da remissão através do contrato de
plano familiar.

DOUTRINA - Tal distinção quanto aos efeitos da remissão e da renúncia à solidariedade é


visualizada pelo recurso à teoria dualista de Brinz: Schuld x Haftung. Na remissão, aquele que
em princípio era devedor se exonera da situação jurídica debitória, restando, pois, liberado do
vínculo obrigacional - da dívida (Schuld). Em contrapartida, na renúncia o devedor
mantém-se atado à prestação, com alteração apenas no momento secundário da
responsabilidade (Haftung). pois ao invés de lhe ser exigido o total da obrigação, apenas
responderá perante o credor por sua quota, nada mais.

JURISPRUDÊNCIA - AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. CIVIL. PLANO


DE SAÚDE COLETIVO POR ADESÃO. MORTE DO TITULAR. EXCLUSÃO DE
DEPENDENTE IDOSA, APÓS A REMISSÃO. DESCABIMENTO. VIOLAÇÃO AOS
PRINCÍPIOS DA CONFIANÇA E DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. JULGADOS
DESTA CORTE SUPERIOR. 1. Polêmica acerca da exclusão de beneficiária idosa de plano
de saúde coletivo por adesão em virtude da morte do titular. 2. Nos termos da Súmula
Normativa XXXXX/ANS: “o término da remissão não extingue o contrato de plano familiar,
sendo assegurado aos dependentes já inscritos o direito à manutenção das mesmas condições
contratuais, com a assunção das obrigações decorrentes, para os contratos firmados a qualquer
tempo”. 3. Inexistência de norma da ANS sobre o direito de permanência do dependente em
planos “coletivos” após o período de remissão. 4. Hipervulnerabilidade do consumidor idoso
no mercado de plano de saúde. Doutrina sobre o tema. 5. Necessidade de se assegurar ao
dependente idoso o direito de assumir a titularidade do plano de saúde, em respeito aos
princípios da confiança e da dignidade da pessoa humana. Julgados desta Corte Superior. 6. O
agravante não impugnou os fundamentos centrais da decisão agravada. 7. Agravo Interno não
provido.
SÚMULA NORMATIVA Nº 13, DE 3 DE NOVEMBRO DE 2010

A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS, no uso da competência que
lhe conferem os arts. 3º e 4º, incisos II, XXIV e XXVIII, combinado com o art. 10, inciso II, da Lei
9.961, de 28 de janeiro de 2000, e em conformidade com o inciso III do art. 6º do Regimento Interno,
aprovado pela Resolução Normativa - RN nº 197, de 16 de julho de 2009.

Considerando os princípios dispostos no texto da Constituição da República de 1988, especialmente


o da igualdade (art. 5º, caput), o da dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III), o da liberdade
(art. 5º, caput), o da proteção da segurança jurídica e o da proteção à entidade familiar (art. 226, §
4º);

Considerando as hipóteses de manutenção de titularidade, previstas no art. 6º, § 2º , da RN nº 186,


de 14 de janeiro de 2009, e no art. 3º , § 1º , da RN nº 195, de 14 de julho de 2009, resolve:

Adotar o seguinte entendimento vinculativo:

1 - O término da remissão não extingue o contrato de plano familiar, sendo assegurado aos
dependentes já inscritos o direito à manutenção das mesmas condições contratuais, com a assunção
das obrigações decorrentes, para os contratos firmados a qualquer tempo.
ROTEIRO PARA A APRESENTAÇÃO

1. REMISSÃO - Conceito e principais características


Conforme aponta Tartuce, a remissão consiste na liberação graciosa do devedor pelo
credor, exonerando-se aquele do cumprimento da obrigação de pagar o título, ou seja, é o
perdão da dívida por parte do credor. É uma causa extintiva não obrigatória, credor consente
em dispensar o devedor do dever de solver. Nesse sentido, destaca-se que os efeitos da
remissão tem uma ampla abrangência, segundo o jurista Arnaldo Rizzardo “toda espécie de
dívida sujeita-se à remissão, seja de natureza contratual ou extracontratual, líquida ou
indefinida”. No Direito Brasileiro, as principais disposições da remissão encontram-se
disciplinadas no Capítulo IX do Código Civil (CC), cujo título é “Da Remissão das Dívidas”,
e abrange do artigo 385 até o artigo 388.
Um ponto fundamental a se destacar sobre a remissão, é que a natureza do seu negócio
jurídico é bilateral, ou seja, há a necessidade da manifestação de vontade de ambas as partes.
Sobre isso, o artigo 385 do CC esclarece que “a remissão da dívida, aceita pelo devedor,
extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro” - portanto, para a remissão ser validada,
requer-se a concordância do devedor.
A remissão pode ser efetivada de forma expressa ou tácita. Será expressa quando o
perdão traduzir-se em documento, público ou particular, subscrito pelo credor em caráter inter
vivos ou causa mortis, com a intenção manifesta de perdoar o débito, levado ao aceite do
devedor. Não há forma especial para a remissão da dívida, mas, se estiver contida em
testamento, deverá seguir seus requisitos legais, formalizando-se como tal, sob pena de
nulidade.

2. Jurisprudência

- AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. CIVIL. PLANO DE SAÚDE


COLETIVO POR ADESÃO. MORTE DO TITULAR. EXCLUSÃO DE
DEPENDENTE IDOSA, APÓS A REMISSÃO. DESCABIMENTO. VIOLAÇÃO
AOS PRINCÍPIOS DA CONFIANÇA E DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
JULGADOS DESTA CORTE SUPERIOR. 1. Polêmica acerca da exclusão de
beneficiária idosa de plano de saúde coletivo por adesão em virtude da morte do
titular. 2. Nos termos da Súmula Normativa XXXXX/ANS: “o término da remissão
não extingue o contrato de plano familiar, sendo assegurado aos dependentes já
inscritos o direito à manutenção das mesmas condições contratuais, com a assunção
das obrigações decorrentes, para os contratos firmados a qualquer tempo”. 3.
Inexistência de norma da ANS sobre o direito de permanência do dependente em
planos “coletivos” após o período de remissão. 4. Hipervulnerabilidade do consumidor
idoso no mercado de plano de saúde. Doutrina sobre o tema. 5. Necessidade de se
assegurar ao dependente idoso o direito de assumir a titularidade do plano de saúde,
em respeito aos princípios da confiança e da dignidade da pessoa humana. Julgados
desta Corte Superior. 6. O agravante não impugnou os fundamentos centrais da
decisão agravada. 7. Agravo Interno não provido.
- SÚMULA NORMATIVA N° 13, DE 3 DE NOVEMBRO DE 2010
A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS, no uso da
competência que lhe conferem os arts. 3° e 4°, incisos II, XXIV e XXVIII, combinado
com o art. 10 inciso II, da Lei 9.961, de 28 de Janeiro de 2000, e em conformidade
com o inciso III do art. 6° do Regimento Interno, aprovado pela Resolução Normativa
- RN n° 197, de 16 de julho de 2009.
Considerando os princípios dispostos no texto da Constituição da República de 1998,
especialmente o da igualdade (art. 5°, caput), o da dignidade da pessoa humana (art.
1°, inciso III), o da liberdade (art. 5°, caput), o da proteção da segurança jurídica e o
da proteção à entidade familiar (art. 226 § 4°);
Considerando as hipóteses de manutenção de titularidade, previstas no art. 6°, § 2°, da
RN n° 186, de 14 de janeiro de 2009, e no art. 3°, § 1°, da RN n° 195, de 14 de julho
de 2009, resolve:
Adotar o seguinte entendimento vinculativo
1- O término da remissão não extingue o contrato de plano familiar, sendo assegurado
aos dependentes já inscritos o direito à manutenção das mesmas condições contratuais,
com a assunção das obrigações decorrentes, para os contratos firmados a qualquer
tempo.

A jurisprudência destacada expõe um caso concreto em que se pode observar o efeito


jurídico produzido pela remissão. No julgado do STJ, discutiu-se uma polêmica acerca da
exclusão de beneficiária idosa de plano de saúde coletivo por adesão em virtude da morte do
titular, decidindo-se, ao fim, que o término da remissão não extingue o contrato do plano
familiar, assegurando aos dependentes inscritos o direito à manutenção das mesmas condições
contratuais. Nesse caso, levou-se em consideração uma súmula normativa de regimento
interno da Associação Nacional de Saúde (ANS), que dispõe justamente sobre a não extinção
do contrato de plano familiar em caso de término da remissão.
Outrossim, destaca-se que tal perspectiva elucidada pela ANS e evocada pelo STJ é
análogo ao artigo 385 do Código Civil, cuja disciplina diz que “a remissão da dívida, aceita
pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro”, observando-se a
decorrência de tais termos tanto nos fatos do processo, quanto no entendimento da normativa
exposta.

REFERÊNCIAS:
Brasil. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da
União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n.

FARIAS, Cristiano Chaves de. Curso de Direito Civil 2: Obrigações. 9. ed. rev., ampl. e atual.
São Paulo: Atlas, 2015.

RIZZARDO, Arnaldo. Direito das obrigações. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004

TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 11. ed. Rio de Janeiro, Forense;
MÉTODO, 2021.

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