Aluno: Gabriel Nascimento Moura - mat. N. 20210104285
FICHAMENTO: HESSE, Konrad. A Força Normativa da Constituição. Porto
Alegre: SERGIO ANTONIO FABRIS EDITOR, 1991.
A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO
I.
Hesse começa a exposição do livro fazendo uma articulação com o
pensamento do teórico alemão Ferdinand Lassalle. Segundo este, a Constituição expressa as relações do poder de determinado país - poder militar, poder social, poder econômico e poder intelectual -, sendo as relações fáticas, que constituem a força ativa das leis e instituições da sociedade, oriundas da interação desses fatores. Tal processo de correlação diz respeito aos fatores reais de poder, que formam a Constituição Real. Basicamente, a Constituição Real é a expressão fundamental dos fatores do poder, legitimando, pois, o processo político, enquanto, em contrapartida, a Constituição Jurídica seria, conforme as palavras de Lassalle, somente um “pedaço de papel”.
Logo, observando tal exposição, pode-se concluir que questões
constitucionais são, antes de matérias jurídicas, questões políticas. Desse modo, as Constituições não existem apenas como organizadora dos poderes políticos, pois além das forças políticas possuírem leis próprias e independentes, a força constitucional emerge da lógica política. Nesse viés, observa-se que a força política, ou o poder da força, supera a força das normas jurídicas, uma vez que expressa, em si, os sentidos das relações fáticas. Portanto, a Constituição Jurídica sucumbe em face da Constituição Real, uma vez que não consegue se traduzir enquanto ciência jurídica em ciência da realidade, sendo as normas constitucionais apenas termos que manifestam as expressões da realidade fática, ou seja, de acordo com essa concepção, o Direito Constitucional é somente uma ferramenta que serve para justificar as relações de poder dominantes. Como contraponto a essa doutrina, é necessário, propõe o autor, fazer uma investigação que compreenda o que valida a força normativa de uma Constituição. Urge entender, então, se, junto do poder determinante das relações fáticas, existe alguma força determinante para o Direito Constitucional e, caso assentido, qual seria o fundamento e alcance dessa força.