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Assim sendo, pelo facto desta ser um ciência de carácter descritiva e analítica,
considera-se como métodos da mesma a observação e consequente descrição, isto é, a
observação e, em certa medida, a descrição constituem o caminho pelo qual a política
enquanto ciência envereda para conseguir sistematizar os conhecimentos inerente ao
seu objecto.
Uma coisa é certa, não há sociedade sem ordem ou regra, de igual modo sem uma
organização, ou seja, do mesmo modo que a juridicidade, isto é, o Direito, é
fundamental para uma sociedade, a política, outrossim é fundamental. O primeiro, no
caso, o Direito, disciplina as relações estabelecidas entre os indivíduos na sociedade
perspectivando a harmonia social e o segundo, a política, garante a devida
administração e gestão dos recursos e da coisa pública, perspectivando a maior e
melhor organização possível do Estado por meio de tomadas de decisões. Assim, tanto
a política quanto o Direito nas suas reais essências convergem no sentido de fazer da
sociedade um lugar melhor para se viver. Porém, não é simplesmente essa relação que
ambos possuem.
A partir do século XVIII a política passou a ganhar um certo estatuto, um estatuto
jurídico. O professor Jorge Miranda considera como “estatuto jurídico do político”.
Assim, este seria um conjunto de regras e princípios fundamentais, que regem a
estrutura política do Estado, ou seja, uma parcela do direito estreitamente ligado à
organização política. Este direito rege a atividade dos poderes públicos, contendo
regras sobre a organização da comunidade política, e estabelecendo também o
sistema de governo em vigor numa sociedade. Para além disso, prevê ainda um
conjunto de regras que identificam os órgãos políticos da sociedade, as suas
competências e relações mútuas, fixando os fins coletivos que presidem à atividade de
todos os poderes e órgãos públicos.
Segundo explica o Manual de CPDC de Zeferino Capoco – esse estatuto significa dizer
que o estado possui um direito, “o direito do estado”, este ordena, de forma geral, a
realidade do poder. Ainda sobre este carácter ordenador, compete a esta parcela do
direito regular e controlar o poder do Estado, compreendido como o lado jurídico da
vida do Estado. A esta parcela ou ramo de Direito dá-se o nome de Direito
Constitucional.
O Direito Constitucional possui duas acepções, ou seja, duas interpretações.
Por um lado, podemos entendê-la como disciplina de estudo que possui,
necessariamente, um objecto e um método de estudo. Entendido aqui como ciência
jurídica virada essencialmente ao estudo, análise e interpretação das normas
constitucionais.
Na faculdade de Direito, por exemplo, o Direito Constitucional é visto como uma
disciplina de estudo.
Por outro lado, ele é visto como um conjunto de normas, isto é, um ramo do direito
público constituído por um conjunto de normas jurídicas fundamentais à
regulamentação do Estado.
A título de exemplo: situações de índole políticas que carecem de soluções jurídicas,
estaremos diante de um conjunto de normas jurídicas, do tipo: constitucionais, logo,
aqui ele é visto como conjunto de normas.
Para o Professor Jorge Miranda “o Direito Constitucional é a parcela da ordem jurídica
que rege o próprio Estado enquanto comunidade e enquanto poder. É o conjunto de
normas (regras e princípios) que recortam o contexto jurídico correspondente à
comunidade política como um todo e aí situam os indivíduos e os grupos uns face aos
outros e frente ao Estado-Poder e que, ao mesmo tempo definem a titularidade do
poder, os modos de formação e manifestação da vontade política, os órgãos de que
esta carece e os actos em que se concretiza”.
Para Jorge Bacelar Gouveia “o Direito Constitucional consiste no conjunto de princípios
e de normas que regulam a organização, funcionamento e os limites do poder do
Estado, assim como estabelecem os direitos das pessoas à respectiva comunidade
política”.
Zeferino Capoco define, no seu Manuel de CPDC, o Direito Constitucional como
“ciência que estuda o conjunto de normas jurídicas fundamentais que definem e
delimitam a estrutura do Estado-poder, organizando-o como Instituição política e
jurídica e estabelecendo os limites no âmbito de actuação dos poderes públicos face
aos direitos fundamentais dos cidadãos”.
Assim, com base nas definições dos autores supracitados, em suma, por Direito
Constitucional entendemo-lo como a parte da ordem jurídica formada por um
conjunto de normas jurídicas tidas como fundamentais, que visam essencialmente
regular a estruturação do estado-poder, limitar o poder público e ainda garantir a
consagração dos direitos fundamentais dos cidadãos.
O objecto do Direito Constitucional é a Constituição bem como as demais normas ou
leis que são fundamentais para uma comunidade política, ou melhor, que possuam
dignidade Constitucional. Vale lembrar que uma norma ou lei só possui dignidade
constitucional quando esta regula aspectos fundamentais do Estado ou ainda direitos
fundamentais. Por exemplo: a lei da Nacionalidade angolana é fundamental para a
comunidade política, logo, possui dignidade constitucional, todavia, tal lei não é
abordada dentro do texto constitucional.
O Direito Constitucional enquanto ramo da ciência jurídica, confere sentido normativo
aos fenómenos sociais a que se propõe regular, determinando como estes devem ser,
portanto, o caminho ou método usado pela Direito Constitucional é o normativo, ou
seja, ele dispõe-se de normas regras e leis para fazer jus ao seu estudo.
3. A CONSTITUIÇÃO
CONCEITO HISTÓRICO-UNIVERSAL DE CONSTITUIÇÃO
O entendimento do conceito histórico-universal de constituição parte do princípio de
que a constituição sempre existiu e sempre existirá (perspectiva temporal), e em todos
os lugares (perspectiva espaço-universal).
E é certo que para puder vislumbrar um comunidade como tal, é necessário ter em
conta alguns elementos efectivamente necessários, tais como:
1. IDENTIDADE: uma comunidade deve possuir uma identidade prórpia, ideia de
"nós e outros" (alteridade), noção de pertencimento. Aquilo que, por exemplo,
me permite afirmar que sou cidadão de Angola e não de Moçambique.
2. ORGANIZAÇÃO: aqui está subjacente aquele que detêm o poder, como este
manda e como se dá a reprodução social nessa estrutura.
3. VALORES: serão aqueles elementos preestabelecidos e naturalizados a partir
de um processo construtivo que permite, inclusive e sobretudo, desenvolver
um tipo de organização social e especialização de poder, bem como possibilita
a construção de uma identidade, diferenciando-se de outras.
Então, sem estes elementos, seriam bastante difícil enxergar uma sociedade como tal,
nestes termos, a priori, a constituição pode ser definida como “modo de ser” de uma
comunidade/sociedade ou Estado. Ou seja, como ela é, como está formada e
constituída em relação às demais comunidades; assim, esses elementos ou matérias
explicitam como as comunidades existem, se reproduzem, bem como os seu
respectivo “modo de ser”. Logo, se existem comunidades/sociedades ou Estados é
porque estes alguma vez estes foram constituídos, assim sendo, a partir daí, esta
comunidade/sociedade ou Estado possui uma Constituição.
Esta definição de constituição recebe o nome de “CONSTITUIÇÃO MATERIAL”, isto
numa perspectiva sociológica. Ou seja, a Constituição Material ou ainda Constituição
Real é um entendimento do ponto de vista sociológico.
A questão que se segue a seguir é, se há milênios sempre existiu uma Constituição
Material/Real implícita à comunidade como o seu “modo de ser”, como esta passou a
Constituição Histórica – são aquelas cuja origem está vinculada na tradição, nos usos e
costumes, na região, geografia ou relações políticas e económicas, como é o caso, por
exemplo, da constituição Britânica.
Constituição democrática – sua origem dá-se com um longo processo democrático de
participação popular.
Constituição Outorgada – estas derivam da concessão do detentor do poder político
(Rei, Imperador, Presidente ditador, etc.) em que não há qualquer participação
popular.
Constituição Pactuada – a origem destas incide sob os pactos políticos entre diversas
forças políticas, por exemplo: a lei Constitucional de 1992.
Constituição Cesarista – estas constituições têm origem em dois mecanismos distintos
de participação popular, por um lado o plebiscito e por outro o referendo. Visam
legitimar a presença do detentor do poder.
2. Quanto a essência:
Constituição Normativa – são aquelas constituições cujas normas dominam o processo
político, ou seja, estas são juridicamente válidas e também realmente vivas e se
encontram em conformidade com a realidade Constitucional e política.
Constituição Semântica – é aquela que serve naturalmente para beneficiar os
detentores do poder político que dispõem de meios para impor a sua vontade, ou seja,
constituições manipuladas por aqueles que detêm o poder. Assim, essas constituições
representam a formalização exterior, em termos constitucionais da situação do poder
político existente de acordo os seus detentores.
Constituição Nominal – são juridicamente válidas, todavia o processo político não se
adapta às normas em virtude de carecerem da realidade existencial, ou melhor,
seguem todo o procedimento normal de elaboração de uma constituição, mas está
desfasada da realidade sociopolítica e económica do respectivo Estado. Dito de outra
forma, estas constituições não possuem a devida força de imposição que lhes é
fundamental para regular a realidade política apresentada pela respectiva comunidade
pelo facto das normas que compõem esta constituição estarem desactualizadas, se
assim se pode dizer, daí a sua designação: nominal, é simplesmente um nome, é
somente o nome de constituição, porque Constituição como tal, na sua verdadeira
essência, está longe de ser.
3. Quanto a sistematização
Constituição unitextual - é aquela constituição cuja sistematização da matéria
encontra-se num único texto. É o caso, por exemplo, da Constituição da república de
Angola de 2010.
Constituição pluritextual: assim como termo diz “pluri” e “textual” neste tipo, as
matérias se encontram dispersas em vários textos legais, é o caso das emendas
constitucionais que se encontram fora dos texto constitucional.
4. Quanto a ideologia
Constituição Ortodoxa – obedecem uma ideologia ou princípios ideológicos únicos e
centralizados. É o caso, por exemplo da Constituição Soviética e a lei Constitucional de
1975.
Constituição Eclética – formada por vários princípios ideológicos, mas acabam por
conseguir uma conciliação. Por exemplo a lei Constitucional de 1992 e a C.R.A de 2010.
5. Quanto a extensão
Constituição sintética ou curta – tal como nome diz, este tipo de constituição é
racional, contendo apenas algumas matérias inerentes a organização, estrutura e
funcionamento do Estado e dos direitos dos cidadãos.
Constituição analítica ou longa – ao contrário da primeira, estas são extensa,
prolixeras e minuciosas, por exemplo da CRA que possui 244 artigos e a Constiuição do
Brasil.
6. Quanto ao conteúdo
Constituição material - podem ser escrita ou não (costumeiras), isto porque podem ser
ou não inseridas no texto constitucional, nestas o foco principal é a organização,
estrutura e os valores basilares duma comunidade, bem como as liberdades e direitos
fundamentais dos cidadãos.
Constituição formal – são diplomas, documentos escritos e solenes e que podem ser
alteradas mediante procedimentos Constitucionais estabelecidos pela mesma, de
salientar ainda que, a existência desta, implica, necessariamente, a existência da
Constituição material, pois este carácter formal é exatamente das matérias acima
referidas.
7. Quanto a forma
Constituição Escrita ou Instrumental – é aquela Constituição que passa
necessariamente por todo um conjunto de procedimentos para a sua elaboração e sua
disposição, é encontrada num documento escrito.
Constituição não escrita – estas não passam criteriosamente por procedimentos de
elaboração, pois a sua disposição não é vislumbrada num documento escrito
(cosntituição costumeira).
8. Quanto a tipologia
Constituição Programa – esta estabelece um programa a concretizar pelo Estado,
seguem linhas que o partido no poder ou o detentor do poder decreta, sejam elas de
carácter social ou político.
Constituição Pragmática – possuem normas definidoras de orientação do Estado.
Definem o programa de acção para o Estado. Por exemplo o artigo 21° da CRA, o
princípio que consagra as tarefas fundamentais do estado.
Constituição Instrumental – esta é similar à cosntituiçao pragrama. Há nestas, normas-
programas para os órgãos que exercem o poder político. Estabelecem exclusivamente
ou quase exclusivamente as formas de organização do estado ou do poder político.
9. Quanto ao processo de mudança
Constituição Rígida – é aquela Constituição que apresenta, na sua matéria,
procedimentos especiais para a sua modificação e aprovação, não admitindo
independentemente das circunstâncias ser alterado da mesma maneira que as leis
ordinárias. Por exemplo as Constituição da República de Angola.
Constituição flexível - é aquela que não determina em seu texto nenhum requisito para
a sua alteração, não possuindo, assim, grau de dificuldade, daí o seu nome flexível,
assim, a sua modificação se dará dá da mesma maneira que as leis comuns. A título de
exemplo: a constituição britânica.
4. PODER CONSTITUINTE
Assim como vimos anteriormente, a constituição é a lei fundamental de uma
determinada comunidade política, sendo a ordenação através do qual organiza-se e
limita-se o poder político e assegura-se a garantia dos direitos fundamentais. Mas
afinal de onde advém essa legitimada e importância da constituição? Como e quando
se cria uma constituição? Quem tem a competência de criar uma Constituição? Quais
os procedimentos? As respostas a essa problemática serão encontradas nessa temática
“O Poder Constituinte”.
Existem diversas definições de diversos autores para o poder constituinte:
Marcelo Rebelo de Sousa – é o poder de elaborar as normas constitucionais, a
faculdade de um povo definir as grandes linhas do seu futuro coletivo através da
feitura da constituição.
Dora Resende Alves e Maria M. Magalhães definem o poder constituinte:
5. Em sentido amplo: como sendo a produção de todas as normas constitucionais,
incluindo as de origem consuetudinária, isto é, as não escritas.
6. E em sentido restrito: como sendo a elaboração de normas constitucionais
escritas que são as traves mestra de um determinado ordenamento jurídico.
Jorge Miranda – o poder constituinte é o poder ou a faculdade de elaborar uma
constituição.
Gomes Canotilho – é aquela autoridade politica que está em condições de, numa
determinada situação concreta, criar, garantir ou eliminar uma constituição entendida
como lei fundamental da comunidade política e este poder ou autoridade, de acordo a
Sieyès, tem como titular o povo, nação.
No fundo, apesar da diversidade de conceitos e definições, o poder constituinte
compreende o poder de alterar ou criar as normas constitucionais.
Tipologia do Poder Constituinte
A teoria clássica postula uma divisão ao poder constituinte, entendendo que há:
Por exemplo: é tampouco provável que numa sociedade democrática uma dda
autoridade simplesmente determina um diploma como fundamental sem que este
tenha uma aprovação unânime do povo ou dos representantes do povo, daí o limite.
Assim, conseguimos entender que embora o poder constituinte inicialmente
caracterizado como um poder absoluto, deve sim, em certa medida, obediência à
certas limitações.
TITULARIDADE DO PODER CONSTITUINTE
A titularidade do poder constituinte é indissociável do titular da soberania, porque é o
soberano que cria o direito.
Antes da idade média nada se dizia a respeito do titular da soberania mas em muitas
monarquias teocráticas se fazia alusão a origem divina do poder.
Com a idade média as ideias da origem divina do poder por não serem cristãs
chocavam com o cristianismo que era na época a ideologia dominante. Tinha-se Deus
como a origem do poder e o pápa como seu representante na terra, dai surgiram as
teorias do direito divino:
No fim da idade média como resultado a igreja perdeu influências sobre a vida política
da Europa passando o povo a ser a fonte da legitimidade do poder, surgiram assim,
então, as teorias contratualistas cujo fundamento explicita que o poder resulta de um
contrato que se estabelece entre os que exercem o poder e os cidadãos.
PROCEDIMENTO CONSTITUINTE
Existem diferentes formas de exercício do pode constiuinte na qual muita das vezes
ligadas à conjuturas históricas, sociopolíticas e económicas da cada país. As formas
conhecidas de exercício do poder constituinte são:
Forma mista: nesta forma, a feitura da constituição pode ser resultado de processos
como:
5. O ESTADO
O Estado como tal não foi um simples resultado da criação humana como acontece
com as demais criações, este, pelo contrário, para se firmar como tal passou por
profundos processos de desenvolvimento, porém antes mesmo de se vislumbrar o
Estado, haviam no lugar destes sociedades historicamente antecedentes a sua
formação, ainda que não inelutavelmente conducentes à passagem a Estado, são entre
estes: a família patriarcal, o clã e a tribo, a gens romana, o senhorio feudal, etc.
Quanto mais uma sociedade global e heterogénea, quanto mais integra grupos ou
estratos diferentes pela cultura, pela posição social e pelo papel na divisão de
trabalho, mais o seu sistema político tende a organizar-se em funções diferenciadas,
Quando comenta sobre o estado moderno, Jallinek reconhece uma realidade nova. A
primeira vez que a palavra “Estado” foi utilizada, foi no livro o Príncipe de Maquiavel,
como já foi frisado noutrora, ele via uma estrutura centrada no conceito original
daquela época, a partir daqui que se reconhece o estado moderno com o conceito de
soberania.
Segundo Benjamin Constant, a liberdade dos antigos era simplesmente a liberdade de
votação, já a liberdade dos modernos (essa que conhecemos a partir da constituição
francesa e da constituição Americana) é esfera de livre decisão onde as estruturas do
poder não interferem, poder de manifestar o pensamento independentemente do
Estado, inclusive limitando a interferência do estado, a garantia de livre determinação
onde pode-se escolher o desejado, liberdade que exige limites ao poder do estado. A
liberdade dos antigos era a liberdade de participação no poder.
Sendo assim, pode-se dizer que o poder vinha “de cima para baixo”, agora o poder
vem diretamente do povo, de acordo com os contratualistas, “de baixo para cima”. O
Estado Moderno com cunho absolutista entra em crise e quebra a partir do séc. XVIII, e
a partir daí ele ganha uma nova vestimenta, o Estado Liberal e de Direito.
Outro aspecto interessante, é o facto de, actualmente, existirem vários conceitos na
tentativa de definir o Estado, ou seja, muitos autores entendem sob os seus pontos de
vista. Para alguns, é um povo fixado num território, de que é senhor e que dentro das
fronteiras desse teritório, institui por autoridade própria os órgãos que elaborem as
leis necessárias à vida colectiva e imponham a respectiva execução.
Bacelar Gouveia – é a estrutura juridicamente personalizada, que num dado território
exerce um poder político soberano, em nome de uma comunidade de cidadãos que ao
mesmo se vincula.
Clóvis Beviláqua – compreende um agrupamento humano, estabelecido em
determinado território e submetido a um poder soberano que lhe dá unidade
orgânica.
Ora, um elemento comum em todas as definições existentes é o facto de ser patente e
notório a presença dos três elementos constitutivos defendidos por Georg Jellinek, na
sua obra Teoria Geral do Estado: a presença de um povo, de um território e de um
poder político.
O povo é o elemento humano do Estado. Compreende um conjunto de pessoas que se
encontram fixadas num determinado território e que têm um vínculo jurídico como
Estado denominado de "cidadania" ou de nacionalidade”. O conceito de povo é
distinto do conceito de população, em virtude de, neste caso, se incluírem todas as
pessoas que vivem num determinado território, sejam elas nacionais, estrangeiras ou
apátridas, isto é, diferente do povo entendido como os indivíduos natos de uma dada
região, a população abarca não só os natos, mas também todos aqueles que não sejam
nacionais daquela região, no caso, estrangeiros.
centro de decisões políticas que se estende a todo o território geográfico bem como a
todos os cidadãos que fazem parte deste. O Estado unitário pode ser centralizado e
descentralizado administrativa e politicamente com ou sem desconcentração
administrativa.
Estado unitário centralizado
O Estado centralizado assim como a própria designação expressa: “centralizado”, é
aquele em que se verifica a centralização do poder político e administrativo, ou seja,
neste Estado o poder político e administrativo é exercido exclusivamente pelo poder
central, ou dito de outro modo, somente a entidade central possui capacidade e poder
de administrar uma totalidade da circunscrição territorial e de tomar qualquer decisão
de índole política.
Importa referir que, nestes, não há existência de entidades ou outras pessoas
colectivas públicas com autonomia em relação à entidade central, o que significa dizer
que, as coletividades que o compõe não possuem qualquer autonomia própria. Daí
que na prática nos Estados com este sistema na estruturação interna, todo tipo de
decisão advém inteiramente do Governo central. Exemplo: a China.
Estado unitário descentralizado
Diferente do primeiro, o Estado descentralizado ou a descentralização consiste na
abertura de espaço à possibilidade de outras entidades distintas do Estado poderem
exercerem competências próprias com autonomia em relação a entidade central, ou
seja, é um Estado em que se verifica a atribuição de transferência de poderes para
cidades territoriais locais na qual as entidades constituintes destes terão competências
para o exercício de algum tipo específico de actividade com autonomia relactivamente
a entidade central.
A descentralização pode ser administrativa ou politica:
É administrativa quando este fenômeno se reflecte na existência de entidades
de direito público que possuem capacidade de autoadministrar um património
próprio de forma autónoma, que será gerido em busca de determinados fins.
Por exemplo as autarquias locais são pessoas colectivas de direito público com
competência de administrar a nível local (o património que lhes é por direito),
no caso, “a prossecução das necessidades básicas da região local com inteira
autonomia em relação a entidade central, porém pode, naturalmente, a
entidade central proceder o processo de fiscalização à referida autarquia.
É política quando a descentralização resulta na criação de pessoas que exerçam
atribuições políticas próprias tal como competência legislativa e governamental
dentro do seu âmbito territorial e que não decorrem do ente central, isto é,
independentes da manifestação do ente central. Por exemplo, as regiões
autónomas: Madeira em Portugal ou Mónaco na França.
Em suma, o Estado Federal é composto por outros Estados que não perdem a própria
identidade, no entanto, este possui os dois âmbitos jurídicos, o federal e o federado.
Vale destacar que o Direito Federal prevalece sobre os direitos dos Estados federados,
sendo que, à autoridade central, é reconhecido o poder de uniformizar as
Constituições dos Estados federados aos princípios da Constiruição Federal, aos
supremos poderes de direcção política, o poder de intervir, coactivamente, para obter
o respeito pelas decisões tomadas pelas autoridades federais ou centrais, etc.
A federeção pode ser perfeita ou imperfeita:
Federação perfeita é aquela cujo conjunto dos estados que o compõem foram
noutrora estados autónomos ou ainda regiões autónomas e por vontade própria
decidem constituir uma federação, é o caso por exemplo do E.U.A.
Federação imperfeirta é aquela em que numa primeira instância foi um estado
unitário desconcentrado e descentralizado, porém, como resultado da livre vontade
deste decide-se proceder um processo de transição constitucional no qual passam
para Federação. Por exemplo: o Brasil.
Os Estados podem classificar-se ainda quanto ao poder soberano em que podem ser:
a) Estados soberanos;
b) Estados semi-soberanos;
c) Estados não soberanos;
O Estado soberano: é aquele cujo poder político corresponde à plenitude da
soberania, isto é, não reconhece igual dentro das suas fronteiras nem superior fora
delas.
Estes Estados possuem os seguintes direitos:
1. Ius Belli: compreende a capacidade de um Estado de defender a sua
integridade territorial através das forças armadas, entendido no senso comum
como o direito de fazer guerra e de negociar a paz, porém na sua verdadeira
essência diz respeito ao direito de usar a força para defender o seu território e
proteger os seus cidadãos;
2. Ius Legationis: o direito de legação, ou seja, o direito de enviar e de receber
agentes diplomáticos para a representação do Estado;
3. Ius Tractum: o direito de celebrar tratados internacionais, está igualmente
subjacente neste o direito de reclamação internacional, quer dizer o direito de
usar internacionalmente certos meios, para defender os seus interesses e fazer
valer os seus direitos, tais como os protestos, os pedidos de inquéritos, os
pedidos de arbitragem e a jurisdição internacional. O direito de expor as suas
ideias nos grandes palcos internacionais como: SADC, ONU, UA, etc.
Existem dois tipos de Estados soberanos: unitário ou simples e composto ou complexo.
Os Estados semi-soberanos: são aqueles que não possuem todas competências para
ser considerado um Estado Soberano, isto é, sua capacidade internacional é limitada
7. SISTEMAS ELEITORAIS
Sistema eleitoral é uma noção que comporta dois termos: sistema (complexo unitário
de componentes que interrelacionados entre si atingem um determinado fim) e
eleitoral (aquilo vinculado às eleições e aos eleitores).
não houver nenhum candidato eleito por não conseguir uma maioria
absoluta, urge a necessidade da segunda volta.
2. DE DUAS VOLTAS: constitui uma condição no caso de na primeira volta
não houver um candidato eleito, nesta concorrem simplesmente os dois
candidatos mais votados na primeira volta e vence o candidato que
obtiver o maior número de votos seja por maioria absoluto ou relactiva.
lista pelo quociente eleitoral encontrado, a partir daí teremos o resultado final, ou
seja, o número de assentos que cada lista ou partido conseguiu obter nesse círculo
eleitoral. Ex.:
Se analisarmos, feita a divisão, há nas duas primeiras listas votos restantes, assim, o
que fazer com os votos obtidos pelos partidos que não foram utilizados para se
elegerem deputados.
Ora bem, face a essa situação, deve-se usar o sistema do resto mais forte, que
acontece quando os lugares ou assentos a preencher são atribuidos aos partidos com o
resto mais forte, isto é, aos partidos ou listas cujo número de votos excede o número
necessário à atribuição de um assento, contudo constitui um número inferior para
alcançar mais um assento.
E de formas a não soar uma espécie de injustiça, há, igualmente, o sistema do resto
menos forte que consiste, concomitaneamente, em preencher um assento, atribuindo
um deputado ao partido ou lista cujo número de votos não foi susceptível de
trasformação em assento, assim:
Este consiste, basicamente, em dividir o número de votos obtidos por cada lista
sucessivamente por 1, 2, 3, 4 até 5. De acordo o número de lugares a ser preenchidos
Feito isto, dos resultados encontrados, escolhem-se, somente, até ao quinto maior
número dos respectivos resultados da operação de divisão efectuada. A partir daí
teremos o número de assentos preenchidos por deputados em cada lista, assim como
ilusta a tabela:
Divisão 1 2 3 4 5
A – 45 0000 45000 22500 15000 11250 9000
B – 35 000 35000 17500 11666 8750 7000
C – 15 000 15000 7500 5000 3750 3000
D - 3000 # # # # #
E - 2000 # # # # #
Portanto:
A – 3 deputados
B – 2 deputados
Logo, face as desvantagens apresentadas por ambos os sistemas alguns países optam
em adoptar um sistema misto.
Nestes termos, neste sistema cada eleitor vota duas vezes, ou seja, há um círculo
eleitoral cujo sistema é o maioritáio que serve para eleger metade dos deputados e no
outro círculo eleitor cujo sistema é o proporcional serve para eleger a outra metade
dos deputados.
SISTEMAS DE PARTIDOS
É bastante difícil falar do sistema eleitoral sem falar em sistemas de partidos, pois são
dois temas que andam estritamente vinculados.
SISTEMA MONOPARTIDÁRIO
SISTEMA BIPARTIDÁRIO
SISTEMA MULTIPARTIDÁRIO
institucionalização de mais de um partido político, porém assim como prefixo diz (bi)
somente dois partidos possuem tamanha expressão a chances de vencer. Ou seja, isto
acontece por estes dois partidos atraírem quase exclusivamente a atenção da mídia e
da opinião pública, passando os demais partidos despercebidos pela maior parte
da população. O bipartidarismo pode ser perfeito e imperfeito.
É perfeito quando somente há dois partidos que têm a possibilidade de vencer com
uma maioria absoluta sem excepcionalmente haver a chance de um outro partido
diferente de entre os dois vencer. Um exemplo prático é o E.U.A. em que há somente
dois partidos com um considerável expressão, no caso, o partido democrático e o
republicano.
É imperfeito: quando um de entre os dois partidos que mais expressão ou chances têm
de vencer, vence sem, necesseriamente, obter uma maioria absoluta, o que resulta
consequentemente numa necessidade deste requerer apoio a outros partidos para a
sua governação.
8. SISTEMAS DE GOVERNOS
É importante, antes de qualquer conceito referente a este tema, deixar claro que não
se pode confundir as diferentes expressões ao se referir a esta realidade “sistema de
governo”, pois existem expressões similares como: formas de governos, formas de
estado, regime polítco, sistemas eleitorais, etc, que pouco têm a ver, na essência, com
o assunto.
DIRECTO
REPRESENTATIVO
REPRESENTATIVO:
1) Concentração de poderes:
a) monarquia limitada;
b) sistema simples;
c) sistema convensional;
d) soviético;
2) Separação de poderes:
Caracteríticas fundamentais:
O presidente da república é eleito por sufrágio universal e directo e o Primeiro-
Ministro possui dupla responsabilidade, por lado, é responsável perante o
Parlamento e por outro, perante o Primeiro-Ministro;
O presidente da república toma decisões políticas e este não carece de
responder por tais decisões ao parlamento;
O presidente tem legitimidade similar à do parlamento;
O governo é formado pela maioria parlamentar ou mesmo pode ser formado
discricionariamente pelo presidente da república;
SISTEMA DE GOVENO EM ANGOLA
O governo angolano apresenta traços característicos próprio, na qual chega até
mesmo de receber o nome de sistema atípico pelo facto de se vislumbrar neste
governo características marcantes e difíceis de serem vistas noutros governos.
De facto, o sistema de governo consagrado na constituição de 2010, apresenta
características muito próprias que o aproximam ao sistema presidencial quanto ao
modo de funcionamento e de relação de interdependência por coordenação, típico
desse tipo de sistema, porém no tocante a eleição do titular do poder executivo é
típico vislumbrar o sistema parlamentar, assim como o sistema que vigora na república
da África do Sul.
O sistema de governo angolano inspirou-se, em certa medida, no sistema de governo
Sul africano, especialmente quanto ao modo de eleição do P.R., um sistema em que há
a adaptação do sistema de governo parlamentar com a diferença que o presidente da
república é o chefe de estado e do governo.
Numa primeira instância, angola adoptou tal modelo, isto é, no período que
compreende de 1975 a 1991, porém face às críticas provenientes da oposição política
e aos limites materias impostos pela leis constitucional de 1992, isto nos seus
dispositivos legais, determinava que os órgãos de soberania devem ser eleitos por
sufrágio universal, directo e secreto, passou-se, portanto, por ajustes que colocavam o
candidato a ser eleito a presidente da repúblico como cabeça de lista dos partidos ou
coligações de partidos políticos. A partir daí, as eleicões passaram a designar-se de
eleições gerais.
Nesta senda, são características do sistema de governo angolano as seguintes:
O presidente da república é eleito por sufrágio universal, directo e secreto
possuindo a mesma legitimidade democrática que o parlameto;
Há separação e interdependência entre os poderes executivo (presidente da
república) e o legislativo (Assembleia Nacional);
O presidente da República é o titular do poder executivo;
O presidente da república não carece de responder politicamente pelas
decisões que tomar, assim, este não pode ser derrubado pelo parlamento e