Você está na página 1de 17

AULA 3 – DIREITO

DAS OBRIGAÇÕES
P R O F : AV ELIN O P E D R O , M S C .

UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA, 2023


PRINCÍPIOS GERAIS DAS
OBRIGAÇÕES
Princípio da autonomia privada

Em sentido literal a expressão autonomia privada, do grego auto, próprio e nomus regra.
Consiste na possibilidade que aguém tem de estabelecer as suas próprias regras.

Tecnicamente porém deve-se referir que as regras jurídicas, caracterizam-se pela


generalidade e abstração, pelo que elas não podem ser criadas por actos dos privados.

Efectivamente o que os privados criam são os comandos que só para eles vigoram. Vide art.
405.º, 457.º todos do CC.

UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA, 2023


LIBERDADE CONTRATUAL E
SEUS CONTEÚDOS
O que caracteriza o contrato enquanto negócio jurídico é que ambas as partes
estão de acordo em relação os efeitos jurídicos produzidos, estabelecendo
assim através de duas declarações negociais harmonizáveis entre si uma
disciplina jurídica comum com repercussão nas respectivas esferas jurídicas.

Um acto de liberdade considerando-se que o contrato se baseia sempre na


livre determinação de cada uma das partes, uma vez que exige o consenso de
ambas para se poder formar, vide art.232.º e 406.º do CC.

UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA, 2023


AFINAL O QUE SE ENTENDE POR
LIBERDADE DE CELEBRAÇÃO
CONTRATUAL?
Grosso modo a liberdade de celebração contratual é entendido como sendo a faculdade que é
atribuida as partes de celebrar ou não um determinado contrato.

Trata-se de uma liberdade que não aparece expressamente referida no art.405.º, embora se
encontre explicita na expressão, todavia existe sim um regime de formação de contrato
previsto no art.228.º.

Por ela entende-se a possibilidade que cada uma das partes tem de livremente decidir se quer
ou não celebrar o contrato e com quem e, consequentemente a possibilidade de livremente
propor ou não a celebração do contrato e de aceitar ou rejeitar sem constrangimento de
qualquer ordem.
UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA, 2023
RESTRIÇÕES À LIBERDADE
CONTRATUAL
A liberdade contratual apesar da possibilidade que é atribuida às partes
livremente celebrar os seus contratos, todavia não se apresenta como um
fenómeno novo ou acabado. Desde sempre se admitiu uma restrição a autonomia
das partes que consiste na proibição da celebração de negócios, usurários em que
uma das partes conseguem obter benefícios injustificados através da exploração
da necessidade económica da outra parte. Vide art. 282.º e ss.

Nos casos previstos no art. 817.º e 830.º que prevê a indemnização sempre que
haja ílicito obrigacional.
UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA, 2023
CONTRATOS SUBMETIDOS A UM
REGIME IMPERATIVO
Essa imposição justifica-se em razão da maior relevância de certos
contratos para a satisfação das necessidades sociais elementares que
coloca uma das partes na dependência económica da sua celebração.

É o que acontece por exemplo nos contratos de trabalho em que o


trabalhador depende da celebração desse contrato para prover a sua
subsistência e do seu agregado familiar.

UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA, 2023


CLÁUSULAS CONTRATUAIS
GERAIS
As cláusulas contratuais gerais é manifesta a impossibilidade fáctica de uma das partes
exercer a sua liberdade de estipulação que fica assim apenas na mão da outra parte,
exemplos concretos a introdução no contrato de cláusula iniquas ou abusivas em benefício
de um dos contraentes que qualquer contraente normal tenderia rejeitar se podesse
discutir as condições do contrato. Vide art. 483.º, 798.º, 800.º, 804.º, 809.º todos do CC.

Finalmente, é proibida a clausula que premita ao predisponente sem acordo da outra parte
acessão da posição contratual, vide art.424.º e 595.º, igualmente a proibição de clausulas
contratuais perpectuas, vide art.1231.º.

UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA, 2023


OS CONTRATOS PRE-
FORMULADOS (CONTRATO DE
ADESÃO)
Por via de regra estes tipos de contratos são aqueles em que o aderente não
consegue escapar das clausulas pré-estabelecidas o que acontece em muita das
vezes nos contratos de consumidor de determinados serviços, como é nos
bancos, redes sociais, etc., em que não se cria condições para celecbração
formal do referido contrato onde não se tem acesso á pessoa física da outra
parte no caso fornecedor de determinado serviço. E as vezes tornando dificil a
responsabilização civil ou contratual que venha a resultar na violação ou
incumprimento dos referidos contratos.
UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA, 2023
O PRINCIPIO DO
RESSARCIMENTO DOS DANOS
Sempre que exista uma razão de justiça da qual resulte que o dano
deva ser suportado por outrem que não é o lesado deve ser aquele e
não este a suportar este dano. A transferência do dano do lesado para
outrem opera-se mediante a constituição de uma obrigação de
indemnização, através da qual se deve reconstituir a situação que
existiria se não tivesse ocorrido o evento lesivo, vide art. 562.º, 483.º,
487.º, 491.º, 492.º, 493.º, 500.º, 501.º, 502.º, 509.º todos do CC.
UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA, 2023
CONT.
Em certos casos a imputação de danos pode porém basear-se em permissões legais de
sacrificar bens alheios no interesse próprio, que têm como contrapartida os
estabelecimentso de uma obrigação de indemnização.

Neste casos temos a denominada responsabilidade por factos lícitos ou pelo sacrifício:

a) Imputação por culpa

b) Imputação pelo risco

c) Imputação pelo sacrifício

UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA, 2023


O PRINCÍPIO DA RESTITUIÇÃO
PELO ENRIQUECIMENTO
INJUSTIFICADO
Este principio tem como base a restituição de tudo quanto se tenha
adquirido injustificadamente na sua origem para que se evite outras
sanções previstas na lei, como indemnização, compensações, vide arts.
289.º, 442.º, nº 2 in fine, 473.º todos do CC, igualmente o art. 472.º
nº1, 616.º nº 3, 617.º nº1, 764.º nº 2, 795.º nº1, 795.º nº2, 815.º nº2,
1214.º nº3 e vide Menezes Leitão in Enriquecimento pág. 27 e 28.

UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA, 2023


O PRINCÍPIO DA BOA-FÉ
O princípio de boa-fé representam direito a um conceito polissemico, pode falar-se de boa-fé
num sentido subjectivo ou no sentido objetivo, vide art. 1260.º, mas o que mais nos interessa
nas aulas do direito das obrigações é o principio da boa-fé no sentido objectivo ou normativo
que define como regra de conduta, vide art.227.º, 239.º, 334.º, 437.º e 762.º.

UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA, 2023


Cont.
Este princípio vem plasmado em cinco institutos:
1. A responsabilidade pré -contratual – art.227.º nº1
2. A integração dos negócios – art.239.º
3. O abuso do direito- art.334.º
4. A resolução ou modificação dos contratos por alteração da circunstâncias, art.º 437.º nº1
5. A complexidade das obrigações- art. 762.º nº2

UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA, 2023


O PRINCÍPIO DA
RESPONSABILIDADE
PATRIMONIAL
Este princípio consiste na possibilidade do credor em caso do não cumprimento executar o
património devedor para obter a satisfação dos seus créditos.

Esta situação constitui o colorário de uma longa evolução do direito privado, aliás a expressão
responsabilidade patrimonial não deve ser confundida com a responsabilidade civil, pois no caso
da responsabilidade civil encontra se em causa a imputação a alguém dos danos causados pelo
seu comportamento ou abrangido numa zona de risco a seu caso. No caso da responsabilidade
patrimonial aparece antes em causa a sujeição do património do devedor ao poder de execução
dos seus credores.

UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA, 2023


Cont.
Em caso de não cumprimento da obrigação o credor pode
legitimamente atacar os bens do devedor para realização ou
satisfação dos seus interesses. Apesar da evolução historica deste
principio, hoje os bens do devedor estão sujeitos a execução nos
termos do arts. 602.º e 603.º, 817.º e 818.º todos do CC.

UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA, 2023


PRINCIPIO DA
RESPONSABILIDADE
PATRIMONIAL
O princípio da responsabilidade patrimonial consistirá na circunstância de que
quem assume uma obrigação responde em caso de não cumprimento com
todos ou partes dos seus bens. Embora a responsabilidade seja
concepctualmente distinta da dívida, elas encontam se em certa medida
associadas. Quem assume uma dívida assume também a responsabilidade e
consequentemente o risco de perder o seu patimónio em consequência do
exercício da acção executiva pelos seus credores. Normalmente essa
responsabilidade é ilimitada, mas em certos casos é ilimitada.
UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA, 2023
BIBLIOGRAFIA REFERENCIAL

Dicionário da Língua Portuguesa. Ed. Porto


ECONGO, Domingos de Alegria. Processo Disciplinar na Função Pública. Ed. BC Livtec, Lda. 2018
GONZÀLEZ, José Albrto. Código Civil Anotado. Vol. I. Ed. Sociedade. 2011
LEITÃO, Luis Manuel Teles de Menezes. Direito das Obrigações 9ª edição. Ed. Almedina. 2010
MARQUES, António Vicente. Direito do Trabalho Angolano. Texto Editores. 2006
MARQUES, António Vicente. Código Civil Angolano. Texto Editores. 2006

UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA, 2023

Você também pode gostar