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AV1

Julieta Brenda Fernandes Morão

Disciplina: Direito Civil IV - Empresas

CRATO/CE
2022
1. Nonato Venâncio exerce, em caráter profissional, atividade
intelectual de natureza poética, com a colaboração de auxiliares. O
exercício do ofício constitui elemento de empresa. Não existe qualquer
formalidade por parte de Nonato Venâncio em nenhum órgão público. Com
base nessas informações e nas disposições do Código Civil, assinale a
afirmativa correta e justifique fundamentadamente:

A) Nonato Venâncio é empresário, pratica atividade não organizada em caráter


profissional

Letra A – CORRETA

De acordo com o parágrafo único do artigo 966 do Código Civil: Não se


considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica,
literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo
se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

2. Discorra sobre os princípios basilares do Direito Empresarial


contextualizando com a Lei de Liberdade Econômica.

O princípio da Liberdade de iniciativa é fundamental no direito


empresarial, e de acordo com Fábio Ulhoa Coelho, ele se desdobra em quatro
condições fundamentais para seu efetivo funcionamento no modo de produção
capitalista, elas estão descritas no livro de Direito Empresarial Esquematizado
do autor André Luiz Santa Cruz Ramos:

(i) imprescindibilidade da empresa privada para que a sociedade


tenha acesso aos bens e serviços de que necessita para sobreviver;
(ii) busca do lucro como principal motivação dos empresários; (iii)
necessidade jurídica de proteção do investimento privado; (iv)
reconhecimento da empresa privada como polo gerador de empregos
e de riquezas para a sociedade.

É válido ressaltar que a intervenção Estatal sobre o mercado é grande, e


esse princípio vem sendo cada vez mais relativizado.

Aqui é interessante fazer um paralelo com a Lei da Liberdade Econômica


aprovada recentemente no Brasil que tentando diminuir o excesso de
intervenção Estatal nos negócios jurídicos, passou a conjecturar que em
relações contratuais entre particulares, deve prevalecer o princípio da
intervenção mínima, ou seja, a partir dessa nova lei, a revisão dos contratos deve
ser a exceção.

O princípio da Liberdade de concorrência também é considerado


importante para o Direito Empresarial, ele tem o objetivo de reprimir práticas de
concorrência desleal e atos considerados infração contra a ordem econômica.

O princípio da garantia e defesa da propriedade privada juntamente com


os princípios da livre concorrência e livre iniciativa, formam a base do Direito
Empresarial.

O princípio da preservação da empresa é aquele que visa proteger o


centro da atividade econômica, buscando assim, o lucro. A esse princípio
também se pode fazer um paralelo com a Lei da Liberdade Econômica, que
aprimorou o artigo 50 do Código Civil, que trata da desconsideração da
personalidade jurídica. Antes, essa desconsideração só era possível nos casos
de “confusão patrimonial” ou de “desvio de finalidade da pessoa jurídica”, porém
o Código Civil não se importava em definir esses requisitos e como eles
poderiam ocorrer. Com a atualização, a nova lei expõe que o desvio de finalidade
é a utilização maliciosa da pessoa jurídica para prejudicar seus credores ou
praticar atos ilícitos.

Já a confusão patrimonial é representada quando não existe separação


de fato entre os patrimônios da pessoa jurídica e de seus sócios. Pode-se
acrescentar ainda outro quesito, agora se evidencia que a mera circunstância de
várias empresas pertencerem a um mesmo grupo econômico não autoriza a
desconsideração da personalidade jurídica delas caso os demais requisitos do
instituto não estejam preenchidos.

3. Sobre o Contrato de Trespasse, marque a única opção correta e


fundamente sua resposta:

OPÇÃO CORRETA LETRA C

A) Aviamento significa o local onde se encontra o estabelecimento empresarial.

ERRADA – Aviamento é a aptidão de produzir lucro conferido ao


estabelecimento a partir do resultado de variados fatores, quais sejam,
pessoais, materiais e imateriais. É um atributo do estabelecimento, sendo a
clientela um dos fatores do aviamento.

B) A previsão no contrato de trespasse de cláusula de não concorrência do


alienante em relação ao adquirente com duração de duas semanas é lícita,
válida e eficaz.

ERRADA - O alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência


com o adquirente por 5 anos, ou seja, não pode abrir igual tipo de negócio em
uma distância que possa afetar a clientela do adquirente, salvo autorização
expressa no contrato de compra e venda (CC, art. 1.147). Trata-se da cláusula
implícita de não restabelecimento, como é conhecida, cujo vendedor não pode,
por certo período, exercer a mesma atividade econômica exercida
anteriormente, sob pena de concorrência desleal e ausência de boa fé.

C) No caso em que o empresário não possui bens suficientes para solver o


passivo, o trespasse é ineficaz se não for ratificado expressamente pelos
credores.

CORRETA - Deve-se verificar, na alienação do estabelecimento, se ao


empresário irão restar bens suficientes para saldar suas dívidas; caso
contrário, ele deverá pedir anuência de todos os seus credores. Caso haja uma
contrariedade a esse mandamento, a alienação não terá eficácia (CC,
art.1.145).

D) As dívidas regularmente registradas pelo alienante são de responsabilidade


exclusiva do adquirente pelo prazo de um ano.

ERRADA - Em razão da venda do estabelecimento, o adquirente


responde pelos débitos anteriores deste (desde que contabilizados). E, pelos
mesmos débitos anteriores, o alienante continua solidariamente responsável
por 1 ano (CC, art. 1.146).

4. Nonato Venâncio participa de companhia que possui como objeto o


exercício de atividade típica de empresário rural. Você, na qualidade de
estudante de Direito da URCA, indique a Nonato Venâncio se ele deve ou
não registrar a companhia e o possível local competente para tal registro.
Justifique sua resposta.
Nonato Venâncio deve registrar a companhia no Registro Público de
Empresas Mercantis para que se torne equiparada à sociedade empresária em
todos os aspectos, para fins de recuperação de empresa ou até de autofalência,
por exemplo.

De acordo com o artigo 971 do Código Civil:

O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão,


pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus
parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas
Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará
equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro .

Assim, Nonato Venâncio deve fazer o registro de sua companhia no


Registro Público de Empresas em seu município.

Com relação o artigo 984 do C.C.:


Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade
própria de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de
acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode, com as
formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Público de
Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita,
ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária

5. O Nome Empresarial pode ser objeto de Contrato de Trespasse?


Fundamente sua resposta.

De acordo com o artigo 1164 do CC de 2002:

Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação.


Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se
o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a
qualificação de sucessor.

Dessa forma, o Nome Empresarial não pode ser objeto de Contrato de


Trespasse.

6. Discorra e especifique a respeito da visão poliédrica de Alberto Asquini


no que se refere a empresa.

A teoria poliédrica desenvolvida por Asquini diz que a palavra “empresa”


tem quatro perfis: subjetivo, objetivo, funcional e corporativo ou constitucional.
O perfil subjetivo diz respeito ao estudo da pessoa natural ou pessoa
jurídica que exerce alguma atividade empresarial, a pessoa natural sendo o
empresário individual e a pessoa jurídica sendo a sociedade empresária.

Já o perfil objetivo se refere às coisas que são utilizadas pelo empresário


individual ou sociedade empresária quando cada um está exercendo a sua
atividade. É o estudo da teoria do estabelecimento empresarial.

O perfil funcional relaciona-se à atividade própria do empresário ou


sociedade empresária, em seu dia-a-dia negocial. Aqui, a empresa é entendida
como um complexo de atos que compõem a vida empresarial.

Por fim, o perfil corporativo ou institucional estuda os colaboradores da


empresa, funcionários que juntamente ao empresário, se esforçam para alcançar
os objetivos empresariais.

7. Nonato Venâncio é comerciante no ramo de equipamentos eletrônicos,


com estabelecimento situado na cidade de Crato-CE. Nonato Venâncio não
se registrou como empresário na Junta Comercial. Responda os
questionamentos a seguir:

A) Os negócios jurídicos de compra e venda praticados por Nonato


Venâncio no exercício de suas atividades são válidos?

Mesmo que o registro empresarial seja um requisito obrigatório para a


regularidade do empresário, de acordo com o art.967 do CC, isso não é um
elemento necessário para a caracterização da atividade organizada.

Desse modo, ainda que o registro na Junta Comercial esteja irregular, os


atos que serão praticados em seu exercício são válidos, aqui, o negócio de
compra e venda será legal.

B) Existe(m) efeito(s) fático-jurídico(s) ocasionado(s) pela a ausência de


registro de Nonato Venâncio como empresário?

Sim, o empresário fica impossibilitado de usufruir dos direitos que são


assegurados por lei para os que são inscritos da Junta Comercial, como por
exemplo, a recuperação de empresas, pedir a falência de outro, requerer a
recuperação judicial, entre outros.
8. Discorra sobre a evolução histórica da Teoria da Empresa. Lembre-se de
categorizar as fases e os documentos jurídicos protagonistas.

O direito comercial pode ser dividido em três fases. A primeira, dos usos
e costumes, é uma fase considerada subjetiva, iniciada na Antiguidade e que se
consolida na Idade Média até o 1807, ano da edição do Código Comercial
francês. A segunda é a da teoria dos atos de comércio, considerada uma fase
objetiva, vai de 1807 até 1942, que é o ano da edição do Código Civil italiano. Já
a terceira fase é a da teoria da empresa, considerada uma fase subjetiva
moderna, iniciada em 1942 e que perdura até hoje.

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