Você está na página 1de 24

Direito Empresarial I

Matéria da 2ª AP: Estabelecimentos empresarial, propriedade industrial e sociedades

Estabelecimento Empresarial/Comercial

1. Conceito: o legislador conceituo “estabelecimento empresarial” no art. 1.142 do


Código Civil, ao afirmar que “considera-se estabelecimento todo complexo de
bens organizados pelo empresário, para o exercício da empresa, ou por
sociedade empresária”.
Obs.: Não custa lembrar que o estabelecimento é INDISPENSÁVEL ao
exercício da atividade empresarial, razão pela qual nenhum empresário poderá
exercer a sua atividade sem que antes tenha organizado, isto é, constituído, o seu
estabelecimento.
2. Natureza jurídica: Para explicar a natureza jurídica do estabelecimento
empresarial, existem em torno de nove teorias, entre as quais destacam-se as
teorias universalistas:
1) Teoria universalistas: o conjunto de bens, enquanto reunidos, passam a
constituir algo novo e distinto, não a mera união dos componentes. A teoria
universalista se divide em duas, universalidade de direito e universalidade de
fato:
i. Universalidade de direito: aqui, a união dos elementos componentes
decorre da vontade da lei.
ii. Universalidade de fato: a união dos elementos componentes decorre
da vontade de seu titular. A maior parte da doutrina entende que o
estabelecimento constitui uma universalidade de fato.

Obs.: Corrente majoritária da doutrina entende que o estabelecimento


seria uma universalidade de fato.

3. Características do estabelecimento empresarial


a. Não é sujeito de direito, não possuindo, assim, personalidade jurídica
própria.
b. Bem pertencente ao empresário, sendo, assim, objeto de direitos e
deveres.
c. Pode ser descentralizado, constituído por filiais, sucursais ou agência.

2ª AP
Direito Empresarial I

d. Integra o patrimônio do empresário, mas pode não se confundir com o


mesmo
4. Elementos componentes do estabelecimento empresarial: no que tange aos
elementos componentes do estabelecimento, a doutrina os divide levando em
consideração a classificação dos bens quanto à materialidade, dividindo-os em:
a. Bens corpóreos: bens que possuem estrutura física, podendo ser
tocados, como computador, caminhão, maquinários em geral e o
prédio ou imóvel.
b. Bens incorpóreos: aqueles que não possuem estrutura física, como a
patente de uma invenção, o registro de uma marca e o ponto
empresarial.
5. Freguesia e clientela: são termos que se relacionam com o estabelecimento
empresarial, porém, diferentes.
a. Freguesia: relaciona-se com o estabelecimento empresarial em razão de
sua localização geográfica.
b. Clientela: relaciona-se com o estabelecimento empresarial em razão da
qualidade do produto ou serviço ofertado ou do atendimento prestado.

Apesar da divergência doutrinária, nem a freguesia, nem a clientela integram


o estabelecimento empresarial, mas irão interferir diretamente na avaliação
de seu preço.

6. Fundo de comércio, aviamento ou goodwill of a trade: em razão da


organização que é dada pelo empresário aos elementos componentes do
estabelecimento, estes passam a ter um valor superior a mera soma do preço
unitário de cada elemento. A este valor agregado ao estabelecimento, a doutrina
denomina de fundo de comércio ou aviamento, o qual decorre da organização
dos elementos componentes e do potencial de lucratividade do estabelecimento.
Obs.: Importantíssimo ressaltar que alguns doutrinadores utilizam a expressão
fundo de comércio como sinônimo de estabelecimento empresarial.
7. Ponto Empresarial: Não se confunde com o estabelecimento nem com o
imóvel em que ele está localizado. Podemos conceituar o ponto empresarial
como sendo o local onde o empresário se estabelece e para o qual converge a sua
clientela. É um elemento imaterial.

2ª AP
Direito Empresarial I

Obs.: A doutrina afirma que o ponto empresarial é elemento imaterial do


estabelecimento, o qual não se confunde com o imóvel no qual está localizado, o
qual é elemento material.
Obs.²: O legislador passou a admitir a existência do ponto apenas virtual, ao
prescrever, no §1º do art. 1.142 do Código Civil, que o estabelecimento não se
confunde com o local onde se exerce a atividade empresarial (ponto
empresarial), que poderá ser físico ou virtual. Caso venha ser exclusivamente
virtual, o endereço, para fins de registro, poderá ser do empresário individual ou
de um dos sócios da sociedade empresária.
8. Proteção do Ponto Empresarial: em razão da importância do ponto
empresarial para o sucesso da empresa, este poderá ter uma proteção específica
que é dada pelo art. 51 da lei 8.245/91 (lei do inquilinato), o qual assegura ao
locatário o direito à renovação compulsória do contrato de locação por igual
prazo, desde que atendidos certos requisitos.
9. Requisitos para a Renovação do Contrato: Para que o empresário possa
exercer o direito à renovação compulsória do contrato de locação, este deverá
atender aos seguintes requisitos:
a. Requisito formal: com base neste requisito, o contrato deverá ter sido
celebrado por escrito (contrato verbal não dá direito à renovação) e com
prazo determinado, isto é, prazo de início e de término da locação
b. Requisito temporal: com base neste requisito, o contrato deverá ter sido
celebrado pelo prazo mínimo de cinco anos, admitindo-se a soma
ininterrupta dos prazos de vários contratos, desde que totalize os cinco
anos
c. Requisito material: com base neste requisito, o locatário deverá estar
explorando o mesmo ramo de atividade há, no mínimo, três anos, tempo
este estabelecido pelo legislador para que o locatário constituísse, no
imóvel alugado, o seu ponto empresarial, tornando-se conhecido e
atraindo uma clientela
10. Procedimento para Renovação do Contrato de Locação: O direito à
renovação do contrato de locação depende de um procedimento judicial
denominado ação renovatória do contrato, o qual deverá ser intentado nos seis
primeiros meses do último ano de vigência do contrato.

2ª AP
Direito Empresarial I

11. Prazo do Contrato de Locação a Ser Renovado: Atualmente, o entendimento


jurisprudencial quanto ao prazo do novo contrato a ser renovado é de que este
será de 5 anos, independentemente do prazo do contrato anterior. Desta forma,
se o contrato anterior era de 15 anos, a renovação será de, no máximo, cinco
anos, da mesma forma que a aquisição do direito se deu através da soma
ininterrupta dos prazos de vários contratos, a renovação também será de cinco
anos.
12. Alienação do Estabelecimento Empresarial
a. Possibilidade de venda: por ser um bem pertencente ao empresário, o art.
1.143 do Código Civil prescreve que o estabelecimento pode ser objeto
unitário de direitos e negócios jurídicos, translativos ou constitutivos,
que sejam compatíveis com sua natureza, podendo, assim, ser alienado,
arrendado ou objeto de usufruto.
Obs.: O contrato que tenha por objeto a alienação do estabelecimento
empresarial é denominado de Contrato de Trespasse, o qual tem como
partes o trespassante (aquele que vende o estabelecimento empresarial) e
o trespassário (aquele que adquire o estabelecimento).
13. Requisitos do Contrato de Trespasse: para que o contrato de trespasse produza
efeitos perante terceiros, este deverá ser averbado, à margem da inscrição do
empresário, na junta comercial e publicado na imprensa oficial, conforme
estabelecido no art. 1.144 do Código Civil.
Ainda como requisito do contrato de trespasse, o art. 1.145 do Código Civil
estabelece que, se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu
passivo (pagar suas dívidas), a eficácia da alienação depende do pagamento de
todos os credores ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito,
bastando, para tanto, o prazo de 30 dias.
14. Sucessão empresarial: a alienação do estabelecimento empresarial vai implicar
na sucessão empresarial, onde o adquirente passa a responder pelo pagamento
dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados,
continuando o alienante solidariamente responsável pelo prazo de um ano, prazo
este que é contado de duas formas: se a dívida já estava vencida, o prazo de um
ano será contado da publicação do contrato na imprensa oficial (Art. 1.144, CC),
se a dívida for vincenda, o prazo de um ano será contado do vencimento.

2ª AP
Direito Empresarial I

Obs.: Não custa lembrar que a regra do art. 1.146 do Código Civil aplica-se
somente às obrigações de natureza empresarial, isto é, do dia a dia da atividade
do empresário, como, por exemplo, a aquisição de insumos, empréstimos,
compra de bens, ficando as obrigações de naturezas tributária e trabalhista
reguladas pelas respectivas legislações especiais (Art. 133 do CTN e 448 da
CLT)
15. Transferência de Partes do Estabelecimento: não custa lembrar que, com base
no entendimento do enunciado 233 do Conselho da Justiça Federal, a sistemática
do contrato de trespasse, especialmente quanto aos seus efeitos obrigacionais,
aplica-se somente quando o conjunto de bens transferido importa a transmissão
da funcionalidade, razão pela qual a venda de partes isoladas do estabelecimento
será regulada pelo contrato de compra e venda comum.
16. Aquisição do estabelecimento em processo falimentar: visando incentivar a
aquisição de um estabelecimento empresarial dentro de um processo falimentar,
o legislador, na atual lei de falências (lei 11.101/2005), passou a estabelecer que
(.........) este estaria livre de qualquer ônus e que não haveria a sucessão do
arrematante nas obrigações do devedor, inclusive nas de natureza tributária,
trabalhista e decorrentes de acidente de trabalho
17. Sucessão nos créditos: da mesma forma que o adquirente vai suceder o
alienante nas obrigações, também o irá suceder nos créditos, conforme
estabelecido no art. 1.149 do Código Civil, ficando, porém, exonerado o devedor
que pagar de boa-fé ao alienante (cedente).
18. Sub-rogação nos contratos: ainda em decorrência do contrato de trespasse,
haverá a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do
estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, conforme o art. 1.148 do
Código Civil.
19. Cláusula de não concorrência: Com base no art. 1.147 do Código Civil, não
havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer
concorrência ao adquirente nos cinco anos subsequentes à transferência, esta
regra decorre do princípio da boa-fé objetiva, que deverá regular todos os
contratos.
Obs.: Importantíssimo ressaltar que a vedação do art. 1.147 do Código Civil
busca evitar a concorrência desleal, razão pela qual nada impede que o alienante

2ª AP
Direito Empresarial I

se estabeleça em outro ramo ou em outra praça, desde que não pratique


concorrência desleal.

Propriedade Industrial

1. Conceito: A doutrina busca vincular o direito de propriedade industrial ao direito


empresarial afirmando que se trata de um sub-ramo do direito empresarial que busca
proteger os elementos imateriais do estabelecimento empresarial, entre os quais temos:
invenções, modelos de utilidade, desenhos industriais e marcas.

2. Propriedade industrial x Propriedade intelectual: Apesar de ser estudado pelo


direito empresarial, o direito de propriedade industrial faz parte do direito de
propriedade intelectual, o qual é composto, também, pelo direito autoral.

Obs.: Não custa lembrar que enquanto o direito autoral protege uma obra em si, o
direito de propriedade industrial busca proteger uma técnica.

3. Evolução histórica:

4. Previsão constitucional: a propriedade industrial é tão importante que o assunto tem


previsão constitucional, estabelecida no inciso 29 do art. 5º da Constituição Federal, o
qual estabelece que a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio
temporário para sua utilização, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento
tecnológico e econômico do país.

5. Lei da Propriedade Industrial: atualmente, a propriedade industrial encontra-se


regulada pela lei nº 9.279/76, essa lei regula a concessão de patentes de invenções e
modelos de utilidade, o registro do desenho industrial e das marcas, a repressão as falsas
indicações geográficas e a concorrência desleal.

6. Natureza Jurídica dos Direitos de Propriedade Industrial: com base no art. 5º da


LPI, os direitos de propriedade industrial são considerados bens móveis para os efeitos
legais.

7. INPI: o órgão responsável por conceder a proteção aos direitos de propriedade


industrial é o INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), que é uma autarquia
federal, com sede no Rio de Janeiro.

8. Bens Protegidos pela Propriedade Industrial

2ª AP
Direito Empresarial I

 Invenções
 Modelos de utilidade
 Desenhos industriais
 Marcas

Patente: Podemos conceituar uma patente como sendo uma forma de proteção de
uma invenção ou de um modelo de utilidade, que assegura ao seu titular a
exclusividade em sua utilização ou exploração, sendo materializada pela respectiva
carta patente expedida pelo INPI.

Invenção: Por ser um conceito comum, o legislador não apresentou na lei conceito
para invenção, ficando a cargo da doutrina em afirmar que uma invenção é um ato
original, novo, decorrente da atividade inventiva do ser humano.

Modelo de utilidade: por não ser um conceito comum, o legislador apresentou no


art. 9 da LPI a definição do que seria um modelo de utilidade, ao afirmar que é
patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso prático, ou de parte deste,
suscetível de aplicação industrial que resulte em melhoria, que apresente nova forma
ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional em seu
uso ou em sua fabricação.

Obs.: por ser o aprimoramento de uma invenção já existente, a doutrina denomina o


conceito de utilidade de mini invenção ou pequena invenção.

9.3. Requisitos de Patenteabilidade

9.3.1. Novidade: Novo até para a comunidade científica especializada no assunto, não
poderá ter tido publicação nos últimos 12 (doze) meses que não seja do autor;

9.3.2. Atividade inventiva: Com base no art. 13 da LPI, a invenção e dotada de


atividade inventiva “sempre que, para um técnico no assunto, não decorra de maneira evidente
ou óbvia do estado da técnica”, isto é, um técnico no assunto não teria chegado ao mesmo
resultado sem que antes fosse demonstrado;

Obs.¹: O depósito do pedido de patente necessita ser instruído com todas as


informações necessárias, de forma a demonstrar a atividade inventiva, tais como: dados,
cálculos, desenhos, materiais utilizados, etc.

Obs.²: A atividade inventiva serve para diferenciar as invenções das meras descobertas,
já que as descobertas não são protegidas pela propriedade industrial.

2ª AP
Direito Empresarial I

9.3.3. Aplicação industrial: Com base no art. 15 da LPI (Lei da Propriedade


Industrial), a invenção e o modelo de utilidade “são considerados suscetíveis de aplicação
industrial quando possam ser utilizados ou produzidos em qualquer tipo de indústria”, isto é,
necessitam ser úteis e factíveis, já que a propriedade industrial não protege coisas inúteis ou que
não possam ser possíveis de execução.

10. Não São Patenteáveis: Art. 18, LPI (pode ser invenção, mas não vai ser patenteado).

- Regra geral do direito;

- Bomba atômica;

- Ser vivo.

11. Não São Invenções: Art. 10, LPI.

- Descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos;

- Concepções puramente abstratas;

- Esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros,


educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização;

- Obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética;

- Programas de computador em si;

- Apresentação de informações;

- Técnicas e métodos operatórios, métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para


aplicação no corpo humano ou animal;

- Todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza,


ou ainda que isolados, inclusive o genoma ou o germoplasma de qualquer ser vivo natural e os
processos biológicos naturais.

12. Legitimidade do Pedido de Patente: Com base no art. 6ª da LPI, é assegurado ao autor de
uma invenção ou modelo de utilidade o direito de obter a patente que lhe garanta a propriedade,
presumindo-se, salvo prova em contrário, que o requerente tem legitimidade para obter a
patente.

Obs.¹: Importantíssimo ressaltar que a patente poderá ser requerida, ainda, em nome próprio,
pelos herdeiros e sucessores do autor, pelo cessionário ou por aquele a quem a lei ou o contrato
de trabalho ou de prestação de serviços determinarem.

Obs.²: Quando a invenção for realizada conjuntamente por duas ou mais pessoas, a patente
poderá ser requerida por todas ou qualquer delas, mediante nomeação e qualificação dos
demais.

2ª AP
Direito Empresarial I

Obs.³: Na obtenção da patente, o inventor será nomeado e qualificado, podendo, entretanto,


requerer a não divulgação de sua nomeação.

13. Criações Simultâneas: No caso de criações simultâneas, o art. 7º da LPI estabelece que o
direito de obter a patente será assegurado àquele que provar o depósito mais antigo,
independentemente das datas de invenção ou criação, desta forma, terá direito de obter a patente
aquele que primeiro buscou a proteção.

Obs.: Importantíssimo ressaltar que do direito autoral, ao contrário do direito de propriedade


industrial, a proteção é assegurada àquele que primeiro teve a ideia, não interessando, assim, a
data do registro.

14. Criações de Empregados: No caso de invenções ou modelos de utilidade


desenvolvidos por empregados, o direito de obter a patente poderá pertencer a:

 Exclusivamente ao empregador: quando o empregado tiver sido contratado


para desenvolver a atividade inventiva cujo contrato de trabalho seja executado
no Brasil ou quando resulte da natureza dos serviços prestados (art. 88, LPI);
Obs.¹: Salvo expressa disposição contratual contrária, a retribuição pelo trabalho
desenvolvido limita-se ao salário ajustado.
Obs.²: Salvo prova em contrário, consideram-se desenvolvidos na vigência do
contrato a invenção ou modelo de utilidade cuja patente seja requerida pelo
empregado até um ano após a extinção do vínculo empregatício.
 Exclusivamente ao empregado: quando for desenvolvida de modo
desvinculado do contrato de trabalho e sem a utilização de recursos, meios,
dados, materiais, instalações ou equipamentos do empregador.
 A ambos em partes iguais: quando for desenvolvido de modo desvinculado do
contrato de trabalho, mas com a utilização de recursos, meios, dados, materiais,
instalações ou equipamentos do empregador.
Obs.¹: sendo mais de um empregado, a parte que lhes couber será dividida por
todos.
Obs.²: Por conter melhores condições econômicas como regra, é garantido ao
empregador o direito exclusivo de licença de exploração, sendo assegurado ao
empregado a justa remuneração.

2ª AP
Direito Empresarial I

Obs.³: O empregador terá o prazo de um ano, contado da data da concessão da


patente, para iniciar a exploração, sob pena de perder a titularidade da parte que
lhe caiba, que poderá ser requerida pelo empregado.

15. Procedimento do Pedido de Patente (arts. 19 – 39, LPI)

 Depósito do pedido de patente  Fase de sigilo (dura até 18 meses)


Publicação (pode ser antecipada)  Requerimento de exame  Julgamento
da patente

16. Prazo de Vigência das Patentes

 Invenção: 20 anos contatos do depósito


 Modelo de Utilidade: 15 anos contados do depósito

17. Licenciamento das Patentes: Com base nos arts. 61 e 62 da LPI, o titular da
patente ou o depositante poderá celebrar contrato de licença para exploração, permitindo
que terceiro utilizem a patente, mediante pagamento de uma contraprestação
denominada royalty, contrato este que deverá ser averbado junto ao INPI, para que
produza efeitos perante terceiros.

18. Licenciamento Compulsório das Patentes: Em determinadas situações, poderá


ocorrer o licenciamento compulsório da patente, popularmente conhecido como “quebra
de patente”, onde tanto o titular quanto o depositante poderão ser obrigados a permitir
que terceiros venham a utilizar o objeto da patente nas seguintes situações:

 Licença por abuso de direito ou abuso do poder econômico: Não exploração


do objeto da patente no território nacional e comercialização que não satisfaz às
necessidades do mercado;
 Licença Compulsória por Interesse Público: Nos casos de emergência
nacional ou interesse público declarados em ato do Poder Executivo Federal.

19. Taxas da Patente: As taxas junto ao INPI são denominadas de “retribuições”, as


quais, nas patentes, são devidas a partir do início do terceiro ano contados da data do
depósito, devendo ser paga anualmente, conforme atr. 84 da LPI.

20. Extinção das Patentes: A patente será extinta nos seguintes casos:

 Pela expiração do prazo de vigência;


 Pela renúncia de seu titular, ressalvado o direito de terceiros;

2ª AP
Direito Empresarial I

 Pela caducidade (art. 80, LPI)


 Pela falta de pagamento da retribuição anual
 Pela inobservância do disposto no art. 217 (falta de representante no Brasil)
Obs.: Não custa lembrar que, em qualquer das situações acima, uma vez extinta
a patente, esta cairá em domínio público, podendo ser utilizada por qualquer
pessoa

21. Registros: Podemos conceituar o registro como sendo a forma de proteção de um


desenho industrial ou de uma marca, que assegura ao seu titular a exclusividade de sua
utilização ou exploração, sendo materializado através do competente certificado de
registro, validamente expedido pelo INPI.

22. Desenho Industrial (design/aparência): Com base no art. 95 da LPI, considera-se


desenho industrial a forma plástica ornamental de um produto ou um conjunto
ornamental de linhas e cores, que possa ser aplicado a um produto, proporcionando
resultado visual novo e original na sua configuração externa, e que possa servir de tipo
de fabricação industrial.

Obs.¹: A doutrina destaca que o desenho industrial não possui nenhuma função
específica, que não seja a de chamar a atenção dos consumidores para os seus produtos
ou serviços. Desta forma, se, em razão do desenho, aquele produto passar a ter uma
funcionalidade específica, será um modelo de utilidade, não um desenho industrial.

Obs.²: A doutrina sintetiza o conceito de desenho industrial em uma palavra, afirmando


que ele é, na verdade, o design dos produtos.

Obs.³: O que irá diferenciar o desenho industrial de uma obra de arte é a possibilidade
deste servir de tipo de fabricação industrial, podendo, assim, ser reproduzido em larga
escala

23. Requisitos para o Registro do Desenho Industrial

 Novidade
 Originalidade
 Aplicação industrial
 Licitude (ou desimpedimento)

24. Prazo de Vigência do Registro do Desenho Industrial: Com base no art. 108 da
LPI, o registro de um desenho industrial vigorará pelo prazo de dez anos, a conta da

2ª AP
Direito Empresarial I

data de seu depósito. E é prorrogável por três períodos de cinco anos cada, podendo
chegar até 25 anos.

Obs.¹: Não custa lembrar que o pedido de prorrogação deverá ser formulado durante a
vigência do último ano do registro.

Obs.²: Não custa lembrar, ainda, que, no caso de perda deste prazo, o titular poderá
fazê-lo, ainda, nos 180 dias subsequentes, mediante o pagamento de uma retribuição
adicional.

25. Marcas: Podemos conceituar uma marca como sendo o sinal distintivo visualmente
perceptível, utilizado, em regra, para identificar produtos ou serviços idênticos,
semelhantes ou afins, de origens diversas.

26. Classificação das Marcas: as marcas podem ser classificadas da seguinte forma:

 Quanto ao uso:
o Marca de produto ou serviço
o Marca de certificação: é aquela usada para atestar a conformidade de um
produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas,
notadamente quanto à qualidade, natureza, material utilizado e
metodologia empregada;
o Marca coletiva: é aquela usada para identificar produtos ou serviços
provindos de membros de uma determinada entidade.
 Quanto à forma de apresentação:
o Marca nominativa: é aquela formada por letras e/ou números;
o Marca figurativa: formada por figuras ou desenhos (ex.: símbolo da
Nike);
o Marca mista: é aquela formada por letras e/números e figuras ou
desenhos.
o Marca tridimensional: é aquela que apresenta uma forma plástica capaz
de identificar o produto

27. Não São Registráveis Como Marca: art. 124, LPI

28. Aquisição da Propriedade da Marca: com base no art. 129 da LPI, a propriedade
de uma marca é adquirida através de seu registro validamente expedido pelo INPI, o que
assegura ao seu titular o uso exclusivo da marca em todo o território nacional.

2ª AP
Direito Empresarial I

Obs.¹: Não custa lembrar que, da mesma forma das patentes de invenção e de modelos
de utilidade, os registros de desenhos industriais e marcas poderão ser cedidos ou
licenciados.

29. Direito de Precedência: o Brasil adotou o direito de precedência ao estabelecer, no


§1º do art. 129 da LPI, que “toda pessoa, que, de boa-fé, na data da prioridade ou
depósito, usava no país, há pelo menos 6 (seis) meses, marca idêntica ou semelhante, o
direito de precedência ao registro.” Desta forma, buscando-se evitar que alguém tente
registrar a marca utilizada por outro empresário e que não está ainda registrada, permite-
se que no prazo de impugnação do registro (60 dias) seja alegado o direito de
precedência.

30. Princípio da Especialidade: as marcas seguem o princípio da


especialidade/especificidade, com base no qual é possível o registro de marcar idênticas,
semelhantes ou afins, desde que estejam em classes diferentes (seguimentos distintos),
isto é, identifiquem produtos ou serviços diversos.

Obs.¹: As marcas são classificadas com base em uma convenção internacional


denominada de Classificação de Nice.

Obs.²: Não custa lembrar, ainda, que as marcas seguem, como regra, o princípio da
territorialidade, com base no qual uma marca registrada no Brasil adquire proteção em
todo o território nacional.

31. Marca de Alto Renome X Marca Notoriamente Conhecida

 Marca de alto renome: Algumas marcas gozam de tanta credibilidade que


qualquer produto ou serviço associado a ela passaria a ter o mesmo
reconhecimento, o que levou à possibilidade de aquisição de uma qualificação
denominada de “alto renome”, conforme o art. 125 da LPI, a marca de alto
renome é aquela registrada no Brasil, que goza de proteção especial em todos os
ramos de atividade, constituindo, assim, uma exceção ao princípio da
especialidade.
 Marca notoriamente conhecida: A marca notoriamente conhecida em seu
ramo de atividade também goza de proteção especial, impedindo o registro de
marca idêntica, semelhante ou afim, apesar de não estar registrada no Brasil,
constituindo, assim, uma exceção ao princípio da territorialidade, já que goza de

2ª AP
Direito Empresarial I

proteção dentro do território nacional, na classe em que é conhecida, apesar de


não estar registrada no INPI

32. Prazo de Vigência das Marcas: Com base no art. 133 da LPI, o registro da
marca vigorará pelo prazo de 10 anos, contados da data da concessão do registro,
prorrogável por períodos iguais e sucessivos (quantas vezes quiser).

Obs.: não custa lembrar que a prorrogação deverá ser solicitada durante o último
ano de vigência do registro e, no caso de perda deste prazo, é possível, ainda,
assegurar a proteção nos seis meses (não 180 dias) subsequentes mediante
pagamento de uma retribuição adicional.

36.

b) Denominação de origem: considera-se denominação de origem país, cidade,


região ou localidade que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características
se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluindo fatores
geográficos ou humanos.

Introdução ao Direito Societário

1. Conceito: o direito societário é o sub-ramo de direito empresarial que tem por objeto
de estudo as sociedades, as quais podem ser conceituadas como sendo a espécie de
pessoa jurídica constituída através da união de pessoas que reciprocamente se obrigam a
contribuir, com bens ou serviços, para o exercício da atividade econômica, e a partilha,
entre si, dos resultados.

Conforme o art. 981 do Código Civil:

Obs.: não custa lembrar que tanto as associações quanto as fundações, apesar de não ter
finalidade econômica, podem e devem ter lucro, o qual deverá ser revestido todo para a
própria associação ou fundação, não podendo ser distribuído entre associados ou
fundadores.

2. Personalização das Sociedades: por ser uma pessoa, a sociedade poderá ser titular
de direitos e deveres na ordem civil, possuindo, assim, personalidade jurídica própria, a

2ª AP
Direito Empresarial I

qual é adquirida, com base nos arts. 45 e 985 do Código Civil, através da inscrição de
seus atos constitutivos no registro competente, o qual poderá ser a junta comercial, caso
seja uma sociedade empresária, ou o cartório de registro civil de pessoas jurídicas, caso
seja uma sociedade simples.

Obs.: Como espécie de ato constitutivo, teremos o contrato social ou o estatuto social.

Obs.²: Não custa lembrar que a sociedade cooperativa e a sociedade de advogados


constituem duas exceções, já que, apesar de serem sociedades simples, a primeira tem
seus atos constitutivos inscritos na junta comercial, e a segunda, na própria OAB.

Em razão da personalidade jurídica própria, o art. 49-A do Código Civil nos lembra que
a pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou
administradores, porque, segundo Fábio Ulhoa Coelho, implica que a pessoa jurídica
tem titularidade patrimonial, podendo, assim, ter patrimônio próprio; titularidade
processual, podendo demandar e ser demandada em juízo; e titularidade negocial,
podendo contratar e ser contratado.

Obs.: Não custa lembrar que, com base na titularidade patrimonial, encontramos o
princípio da autonomia patrimonial das pessoas jurídicas, com base no qual o
patrimônio da pessoa jurídica, isto é, da sociedade, não se confunde com o patrimônio
de seus sócios, princípio este que voltou a estar positivado no Código Civil no parágrafo
único do art. 49-A, que estabelece que a autonomia patrimonial é um instrumento lícito
de alocação e segregação de riscos, com a finalidade de estimular empreendimentos, já
que permite a limitação da responsabilidade dos sócios.

3. Sociedade Simples x Sociedade Empresária

Uma primeira classificação das sociedades leva em consideração o objeto da sociedade,


sendo dividida em sociedade simples e sociedade empresária. Esta classificação está
prevista no art. 982 do Código Civil, o qual estabelece que, salvo as exceções expressas,
considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria
de empresário, sujeita a registro, e simples as demais. Desta forma, se a sociedade
exerce atividade econômica organizada, voltada à produção ou circulação de bens ou
serviços, será empresária, caso contrário, será simples.

6. Classificação das Sociedades

- Quanto à composição

2ª AP
Direito Empresarial I

- Quanto ao regime de constituição e dissolução: Essa classificação leva em


consideração o regramento adotado para constituição e dissolução da sociedade:

a) Sociedades contratuais: são aquelas constituídas e dissolvidas com base em


um contrato regulado do Código Civil

+ Sociedade em nome coletivo

+ Sociedade em comandita simples

+ Sociedade Limitada (Ltda)

b) Institucionais: com base no estatuto regular pela lei 6.404/76

+ Sociedade anônima

+ Sociedade em comandita por ações

7. Sociedades Dependentes de Autorização: Com base no art. 1.123 do Código Civil,


algumas sociedades poderão depender de autorização do Poder Executivo Federal, caso
em que serão denominadas de Sociedades Dependentes de Autorização, não é o caso de
atividades bancárias, seguros, de telecomunicações, planos de saúde, etc.

8. Sociedades Nacionais x Sociedade Estrangeira: Com base no art. 1.126 do Código


Civil, é considerada nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei
brasileira e que tenha no país a sede de sua administração, não interessando, dessa
forma, para ser considerada nacional, a nacionalidade do sócio ou a origem do capital.

Obs.: Não custa lembrar que, com base no art. 1.134 do Código Civil, a sociedade
estrangeira, qualquer que seja o objeto, sem a autorização do poder executivo, funcionar
no país, ainda que por estabelecimentos subordinados (filiais), podendo, todavia, (.....)
ser acionista de sociedade anônima brasileira

9. Sociedades Não Personificadas: Apesar da ideia de sociedade nos remeter ao ente


personificado, com personalidade jurídica própria, sujeito de direitos e deveres, o
legislador brasileiro regulou duas espécies de sociedade despersonificadas, que são:

a) Sociedade em Comum: Denomina-se “sociedade em comum” aquela que


encontra-se em processo de formação, sendo regulada pelos artigos 936 a 990 do
Código Civil, de forma que, enquanto não forem inscritos os atos constitutivos, a
sociedade já existe, porém ser ter personalidade jurídica própria.

2ª AP
Direito Empresarial I

Obs.: entende-se que a sociedade em comum é aquela que está em processo de


formação, não tendo, assim, seus atos constitutivos inscritos na junta comercial, de
forma que não poderá estar em funcionamento, já que, caso contrário, isto é, venha a
entrar e funcionamento, será considerada sociedade irregular ou de fato.

+ Prova da Existência: No que tange a prova da existência da sociedade,


o art. 987 do Código Civil estabelece que os sócios, nas relações entre si ou com
terceiros, somente por escrito, podem provar a existência da sociedade, mas os
terceiros podem provar de qualquer modo.

+ Responsabilidade dos Sócios: Com base no art. 990 do Código Civil,


na sociedade comum, todos os sócios respondem solidaria e ilimitadamente pelas
obrigações sociais (......)

Obs.: Não custa lembrar que pela interpretação da parte final do art. 990 do Código
Civil, a responsabilidade dos sócios é, em regra, subsidiária, devendo primeiro
responder a sociedade, para depois serem cobrados os sócios, para depois poder ser
cobrados os sócios, com exceção do sócio que tiver contratado pela sociedade, o qual
não poderá alegar o benefício de ordem.

Obs.²: Não custa lembrar, ainda, que, para as sociedades, o benefício de ordem está
previsto no art. 1.024 do Código Civil, o qual estabelece que os bens particulares dos
sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão, depois de executados
os bens sociais.

+ Bens sociais: no que tange os bens da sociedade em comum, estes


constituem um patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum.

b) Sociedades em conta de participação: com base no art. 991 do Código


Civil, podemos conceituar sociedade em conta de participação o objeto social é exercido
única e exclusivamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria
e exclusiva responsabilidade, participando os demais apenas dos resultados.

+ Tipos de sócios: Na sociedade em conta de participação encontramos


dois tipos de sócio: o sócio ostensivo, que é aquele que exerce o objeto da sociedade e
assume toda a responsabilidade em nome da sociedade, e o sócio participante, que é
aquele que apenas participa dos resultados.

+ Características:

2ª AP
Direito Empresarial I

¬ Não tem nome empresarial (não adota nem firma nem


denominação) (art. 1162, CC);

¬ Somente o sócio ostensivo responde pela obrigação assumida


perante terceiro (art. 991);

¬ O contrato social só produz efeito entre os sócios e a sua


eventual inscrição em qualquer registro não confere personalidade jurídica (art. 993,
CC);

¬ O sócio ostensivo não poderá admitir novo sócio sem o


consentimento dos demais (art. 995, CC)

Obs.: Importantíssimo ressaltar que, sem prejuízo no direito de fiscalizar, a gestão dos
negócios socias, o sócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio
ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas
obrigações em que dele vier.

10. Princípios das Sociedades Personificadas

a) Liberdade de associação;

b) Autonomia da sociedade empresária;

c) Subsidiariedade da responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais;

d) Limitação da responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais como


proteção do investimento;

f) Proteção dos sócios minotitários.

11. Affectio Societatis: Podemos conceituar a affectio societatis como sendo o vínculo
psicológico que leva os sócios a unirem-se em sociedade e a manter a união.

Obs.¹: Não custa lembrar que, na sociedade de pessoas, o affectio societatis tem uma
maior importância que nas sociedades de capital. Razão pela qual, na primeira, a
transmissão da participação societária é limitada, de forma que ingresso de terceiros
estranhos ao quadro social depende da aprovação dos demais sócios.

Obs.²: Não custa lembrar, ainda, que a quebra da affectio societatis poderá constituir
motivo para a exclusão do sócio.

2ª AP
Direito Empresarial I

12. Sociedades Personificadas:

a) Sociedade simples: podemos conceituar sociedade simples como sendo


aquela que exerce atividade não empresarial, isto é, cuja atividade envolva uma
atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ou, ainda, de forma
excepcional, uma atividade desenvolvida por uma cooperativa.

+ Tipos ou formas societárias: com base no único do art. 982 do


Código Civil, a sociedade simples somente poderá adotar os seguintes tipos societários:

¬ Sociedade em nome coletivo;

¬ Sociedade limitada;

¬ Sociedade em comandita simples;

¬ Sociedade simples ou simples pura

+ Ato constitutivo: A sociedade simples surge a partir de um contrato


social, o qual deverá ser arquivado no cartório de registros civis de pessoas jurídicas,
por força dos arts. 998 e 1.150 do Código Civil.

Obs.: Não custa lembrar que a sociedade cooperativa, apesar de ser uma sociedade
simples, é constituída através de um estatuto que deverá ser arquivado na junta
comercial

+ Ato constitutivo – Cláusulas: Com base no art. 997 do Código Civil,


o contrato da sociedade simples deverá mencionar:

¬ A qualificação dos sócios (pessoas físicas/pessoas jurídica);

¬ Denominação, objeto e prazo da sociedade;

¬ Capital da sociedade, expresso em moeda corrente;

¬Quota de cada sócio e o modelo de realiza-lo;

¬ As prestações da que se obriga o sócio, cuja contribuição


consista em serviços;

¬ As pessoas naturais da administração da sociedade, e seus


poderes e atribuições;

¬ A participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;

2ª AP
Direito Empresarial I

¬ Se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas


obrigações sociais.

+ Ato constitutivo – Modificação: No caso de modificação do contrato


social, que envolva qualquer das cláusulas do art. 997 do Código Civil, será necessário
o consentimento de todos os sócios. No caso das demais deliberações, a votação será
com base por maioria absoluta de votos, salvo se o contrato não determinar necessidade
de deliberação unânime.

Obs.: Não custa lembrar que as alterações no contrato social necessitam ser averbadas
no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas, para que produza efeitos perante
terceiros.

+ Capital Social: O capital inicial ou social constitui o primeiro patrimônio


de uma sociedade, sendo formado por dois atos, o ato de subinscrição, que é o ato de
comprometimento com o pagamento, e o ato de integralização, que é o ato de
efetivação do pagamento da quantia comprometida.

Obs.¹: Importantíssimo ressaltar que, na sociedade simples, a integralização poderá ser


efetuada com dinheiro, bens, títulos de crédito ou, ainda, através da prestação pessoal de
serviços do sócio para a sociedade.

Obs.²: Não custa lembrar que o sócio que tiver integralizado o capital com bens ou
títulos de crédito, responderá pela evicção e pela solvência do devedor.

Obs.³: Caso a integralização se dê com prestação de serviços, o sócio não pode, salvo
convenção contratual contrária, empregar-se em atividade estranha à sociedade, sob
pena de ser privado de seus lucros e dela excluído.

+ Deliberações: As decisões se darão com base no art. 1.010 do Código Civil, o


qual estabelece que, quando por lei ou pelo contrato social, competir aos sócios as
decisões sobre os negócios da sociedade, as decisões serão tomadas por maioria de
votos, contados segundo valor das quotas de cada um.

+ Administração da Sociedade Simples: A administração da sociedade


simples exige que seja feita por pessoa natural, podendo ser sócio ou não sócio da
sociedade, o qual necessita ter, no exercício de sua função, o cuidado e a diligência que
todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios
negócios.

2ª AP
Direito Empresarial I

Obs.¹: Não custa lembrar que o administrador poderá ser nomeado no próprio contrato
social ou em ato separado (aditivo), o qual deve ser averbado à margem da inscrição da
sociedade.

Obs.²: Não podem exercer a função de administrador as pessoas que estiverem


legalmente impedidas por leis especiais e as condenadas a pena que vede, ainda que
temporariamente, o acesso a cargos públicos, ou por crime falimentar, de prevaricação,
peita ou suborno, concussão, peculato, ou contra a economia popular, contra o sistema
financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de
consumo, fé pública ou à propriedade

+ Dissolução: O art. 1.033 do Código Civil trata da dissolução da sociedade, a


qual poderá se dar pelo término de seu prazo de vigência, no caso de sociedade por
prazo determinado, pelo consenso unânime dos sócios, pela deliberação dos sócios por
maioria absoluta, nas sociedades de prazo indeterminado, e pela extinção, no caso de
perda da autorização para funcionamento.

Obs.¹: A dissolução é um procedimento que envolve a apuração, quando ocorre o


levantamento de haveres e deveres; a liquidação, que se dá através do pagamento das
dívidas da sociedade; e pela partilha, na qual o saldo remanescente é dividido entre os
sócios, levando-se em consideração a sua participação do capital social.

b) Sociedade em Nome Coletivo: Como uma das primeiras formas societárias,


a sociedade em nome coletivo surge a partir de sociedades familiares, onde todos os
sócios faziam parte da mesma família, e que apresenta como principal característica a
responsabilidade ILIMITADA destes, os quais respondem com todo o seu patrimônio
pessoal pelas obrigações da sociedade. Entre as principais características da sociedade
em nome coletivo, podemos citar:

+ Previsão legal: arts. 1.039 a 1.044 do Código Civil;

+ Composição: todos os sócios devem ser pessoas físicas (essa


sociedade não admite pessoas jurídicas)

+ Responsabilidade: todos os sócios respondem de forma ilimitada,


porém, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;

+ Nome empresarial: adota firma na composição do nome empresarial;

2ª AP
Direito Empresarial I

+ Administração: somente sócio pode ser nomeado administrador da


sociedade;

+ Cessão das cotas: sociedade de pessoas depende da anuência dos


demais;

+ Ingresso do sucessor de sócio morto: não é admitido na sociedade de


pessoas, salvo previsão contratual contrária (não há ingresso automático na sociedade)

c) Sociedade em Comandita Simples: Como segundo tipo societário que veio a


surgir de forma a incentivar a atividade comercial, através da limitação da
responsabilidade, surge a sociedade em comandita simples, a qual se deu principalmente
voltada às grandes expedições onde um dos sócios se aventurava, respondendo de forma
ilimitada, e o outro participava dos resultados, respondendo de forma limitada. Esta
sociedade apresenta como principais características:

+ Previsão legal: arts. 1.045 a 1.051 do Código Civil;

+ Categorias de sócios:

~ Sócio comanditado: pessoa física, responsabilidade ilimitada,


pode ser administrador, em relação a ele a sociedade é de pessoa;

~ Sócio comanditário: pessoa física ou jurídica, responsabilidade


limitada, não pode ser administrador em relação a ele, a sociedade é de capital

+ Direito de fiscalização: com base no art. 1.047 do CC, o sócio


comanditário poderá participar das deliberações sociais e fiscalizar as operações da
sociedade, sendo vedado a este praticar qualquer ato de gestão ou ter o nome inscrito na
firma social, sob pena de passar a responder de forma ilimitada.

Sociedade Limitada

1. Conceito: Podemos conceituar a sociedade limitada como sendo a sociedade


contratual na qual a responsabilidade de todos os sócios é restrita ao valor de suas cotas,
respondendo, assim, como regra, de forma limitada, sendo solidários, porém, pela
integralização do capital social.

Obs.¹: A sociedade limitada responde, hoje, em torno de 96% (noventa e seis por cento)
das sociedades constituídas do Brasil, tal quantitativo decorre de duas das suas

2ª AP
Direito Empresarial I

principais características: a limitação da responsabilidade dos sócios e a contratualidade.


Já que nesse tipo de sociedade os sócios respondem de forma limitada e a sociedade é
constituída através de contrato social, porque permite a pactuação entre os sócios das
regras que serão aplicadas à sociedade.

Obs.²: Importantíssimo ressaltar que, atualmente, a sociedade limitada poderá ser


constituída por um único sócio, o qual poderá ser uma pessoa física ou uma pessoa
jurídica, substituindo, assim, a Eirelli que foi revogada

Obs.³: Não custa lembrar que não é correta a utilização da expressão “SLU” (Sociedade
Limitada Unipessoal), já que não existe previsão legal para tal sigla, pois a sociedade
continua sendo uma LTDA, porém, constituída por um único sócio.

2. Legislação Aplicada:

 Decreto 3.708 de 10 de janeiro de 1919 (revogado)


 Código Civil 2002 – Art. 1.052 – 1.087
 Aplicação no caso de imissão de regras da sociedade simples simples (ou
simples pura) e supletivamente as normas da sociedade anônima (art. 1.53, CC)

No que tange à legislação aplicada, a sociedade LTDA, atualmente, esta encontra-se


regulada pelos arts. 1.052 a 1.087 do Código Civil, já que foi revogado tacitamente
o decreto 3.708 de 1919.

Obs.: O caput do art. 1.053 do Código Civil e seu parágrafo único aplicam-se de
forma subsidiária as regras da sociedade simples e, de forma supletiva, caso previsto
em contrato, as regras da sociedade anônima.

3. Cláusulas obrigatórias do contrato social

 Nome empresarial;
 Capital da sociedade, a quota de cada sócio, a forma e o prazo de sua
integralização;
 Endereço completo da sede, bem como o endereço das filiais;
 Declaração precisa e detalhada do objeto social;
 Prazo de duração da sociedade;
 Data de encerramento do exercício social, quando não coincidem com o ano
civil;

2ª AP
Direito Empresarial I

 As pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus


poderes e atribuições;
 Qualificação do administrador não sócio, designado no contrato;
 Participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; e
 Foro ou cláusula arbitral.

2ª AP

Você também pode gostar