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DIREITO COMERCIAL E DO

CONSUMIDOR
AULA 2

Prof. Silvano Alves Alcantara


CONVERSA INICIAL

Veremos nesta aula o estabelecimento comercial e os bens que o


compõem.
Estudaremos os bens corpóreos e os bens incorpóreos.
Particularmente em relação aos bens incorpóreos, abordaremos os
créditos, o aviamento, o ponto comercial e a propriedade industrial, tratando das
particularidades de cada um.

TEMA 1 – ESTABELECIMENTO COMERCIAL

A Lei n. 10.406/02, nosso Código Civil, conceitua o estabelecimento


comercial dessa forma: “Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo
complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário ou
por sociedade empresária”.
Vamos entender, portanto, que tudo aquilo que o empresário tenha ao seu
dispor, para melhor explorar ou exercer sua atividade, pode fazer parte de seu
estabelecimento comercial.
Sobre o estabelecimento comercial, nos explica Fazzio Júnior (2015, p.
65), dizendo que é “o conjunto de bens (materiais e imateriais) e serviços,
organizados pelo empresário, para a atividade da empresa. Ou melhor, é o
complexo dos elementos que congrega e organiza, tendo em vista obter êxito
em sua profissão”.
Também denominado de fundo de comércio, o estabelecimento comercial
é composto de bens materiais e de bens imateriais.
A respeito dos bens materiais colhemos nosso entendimento em
Alcantara (2016, p.76):

Também chamados de bens corpóreos ou tangíveis, bens materiais


são aqueles bens que podemos tocar, que podemos pegar. São, como
regra, facilmente mensuráveis, ou seja, seu valor de mercado é de fácil
constatação. Entre esses bens, podem estar desde uma cadeira e uma
mesa até máquinas e equipamentos, bem como o próprio estoque de
produtos e mercadorias. (grifos no original)

O estabelecimento comercial poderá ser vendido total ou parcialmente,


mas se tiver credores, seus débitos deverão ser quitados, ou os credores
deverão anuir formalmente a venda, sob pena desta se tornar nula.

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TEMA 2 – CRÉDITOS

O empresário pode vender seus produtos e/ou serviços à vista, não é


verdade?
Ele também poderá vendê-los a prazo, quando então terá direito a receber
determinada quantia na data acordada com o seu comprador, e quando assim
acontecer, terá direito a créditos.
Esses créditos poderão ser representados por títulos, como a nota
promissória, o cheque, a duplicata, entre outros, mas o crédito propriamente dito
não é um bem tangível, pois se trata de direitos a serem exigidos posteriormente.
O crédito é um bem imaterial, pois também pode ser mensurável, como
todo e qualquer bem material, ou seja, pode-se chegar ao seu valor com certa
facilidade.

TEMA 3 – AVIAMENTO

O empresário, independentemente da atividade que explora, tem como


objetivo o lucro.
Fará de tudo, dentro dos parâmetros legais, para atingir esse objetivo.
Assim sendo, tudo o que o empresário faz para obter e aumentar o seu lucro é
conhecido como aviamento.
Faz parte do aviamento a organização do negócio, a tecnologia
empregada, o atendimento dado pelos funcionários aos clientes e a própria
clientela, além do know-how do empreendedor, ou seja, o conhecimento
adquirido de todas as particularidades de sua atividade lucrativa, como nos
ensina Diniz (2015, p.40):

O monopólio de informações por parte do empresário sobre condições


de uso, qualidade de material ou serviço, defeitos de fabricação, riscos
dentre outros, é utilizado na organização dos fatores de produção e
compreende a própria capacidade empresarial e tecnológica da
sociedade de gerir sua atividade de forma eficiente, sendo comumente
reconhecido como ‘know-how’. (grifo no original)

TEMA 4 – PONTO COMERCIAL

O ponto comercial é o local onde o empresário desempenha suas


atividades. Este local deve ser de propriedade de terceiros e alugado ao
empresário, mediante contrato de locação.

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Assim, o empresário locatário terá direito ao ponto comercial se atender a
alguns requisitos legais, podendo garantir a renovação compulsória ou a
indenização ao ponto comercial.
Tais requisitos estão presentes no artigo 51 da Lei nº 8.245/91 (Lei de
Locações), assim explicado por Alcantara (2016, p. 79):

Que o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo
determinado.
Que o contrato de locação não residencial tenha sido firmado por um
prazo mínimo de cinco anos ou, tendo sido firmado por prazos
inferiores, que suas renovações tenham sido ininterruptas, sem
qualquer lapso de tempo, e que a soma de todos eles seja de, pelo
menos, cinco anos.
Que o empresário locatário tenha explorado a mesma atividade
econômica, ou seja, o mesmo ramo de negócio, pelo prazo mínimo e
ininterrupto de três anos.

É importante destacar que todos esses requisitos devem estar presentes,


para que o empresário possa exercer seu direito, ajuizando ação renovatória no
último ano de contato, não podendo adentrar nos últimos seis meses, para que
assim consiga a renovação do contrato ou sua indenização pelo valor de
mercado.

TEMA 5 – PROPRIEDADE INDUSTRIAL

A propriedade industrial é de todos os bens imateriais que possui o


empresário, talvez aquele que mais tenha valor.
Para ser considerada propriedade industrial, esse bem incorpóreo deve
atender aos requisitos constantes na Lei n. 9.279/96, o Código de Propriedade
Industrial.
Dentre os bens passíveis de proteção legal, estão a invenção, o modelo
de utilidade, o desenho industrial e a marca, cada qual com suas peculiaridades,
mas que devem atender aos critérios de novidade, de atividade inventiva e de
aplicação industrial.
A invenção poderá ser patenteada e seu prazo máximo de proteção será
de 20 anos, sem direito a renovação.
O modelo de utilidade, que também poderá ser patenteado, terá um prazo
máximo de proteção de 15 anos e da mesma forma não poderá ser renovado.
A proteção para o desenho industrial é o registro, que poderá ter um prazo
inicial é de 10 anos, possibilitadas três renovações de cinco anos cada uma.

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A proteção para a marca também é o registro, cujo prazo inicial é de dez
anos, mas que poderá ser renovado por iguais períodos, de maneira a nunca
acabar esta proteção.
Terminado o período de proteção, o bem imaterial ou sua forma de fazê-
lo cai em domínio público, tendo o público em geral acesso a todas as
informações.

NA PRÁTICA

Um grupo de investidores resolve constituir uma sociedade limitada e


construir um hospital para ali explorar uma atividade econômica na área da
saúde, e assim fizeram, estando o hospital funcionando muito bem. Após alguns
anos, os sócios resolvem vender o Hospital. Um dos interessados propõe a
compra somente do prédio e dos equipamentos, pois irá constituir nova pessoa
jurídica. Será possível a realização desse tipo de transação comercial?

FINALIZANDO

Tivemos a oportunidade de estudar nesta aula o estabelecimento


comercial, um dos grandes institutos do Direito Comercial.
Pudemos verificar que o estabelecimento comercial é o conjunto de bens
que o empresário tem ao seu dispor para melhor desempenhar sua atividade.
Ele é composto por bens tangíveis e intangíveis, dentre eles o ponto
comercial, a propriedade industrial, os créditos e o aviamento.

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REFERÊNCIAS

ALCANTARA, S. A. Direito empresarial e direito do consumidor. Curitiba:


InterSaberes, 2016.

BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988.
Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso
em: 23 jul. 2017.

BRASIL. Lei n. 8.245, de 18 de outubro de 1991. Diário Oficial da União, Poder


Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8245.htm>. Acesso em: 23 jul. 2017.

BRASIL. Lei n. 9.279, de 14 de maio de 1996. Diário Oficial da União, Poder


Legislativo, Brasília, DF, 15 mai. 1996. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9279.htm>. Acesso em: 24 jul. 2017.

BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder


Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 24 jul.
2017.

DINIZ, M. H. Curso de Direito Civil brasileiro. v. 8. 7. ed. São Paulo: Saraiva,


2015.

FAZZIO JÚNIOR, W. Manual de Direito Comercial. 16. ed. São Paulo: Atlas,
2015.

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