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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

GRADUAÇÃO EM DIREITO

MATÉRIA: DIREITO EMPRESARIAL I (DIRE0254)

PROFESSOR: PEDRO DURÃO

ALUNO: RAFAEL ALMEIDA DIAS ALVES (202100018763)

RESUMO CRÍTICO

Em primeiro lugar, é importante salientar o que de fato é um estabelecimento


empresarial. “Trata-se, em suma, de todo o conjunto de bens, materiais ou
imateriais, que o empresário utiliza no exercício da sua atividade” (RAMOS, 2014,
pg. 180). Vale dizer também que ele (o estabelecimento em questão) integra o
patrimônio do empresário ou da sociedade empresária.

Essa espécie de complexo de bens foi acertadamente tratada no art. 1.142 do


Código Civil. Antes desse diploma, o assunto era simplesmente matéria de
discussão doutrinária, diz-nos também André Ramos (RAMOS, 2014, pg. 180).

Cada elemento do estabelecimento empresarial goza de diferenciada


proteção jurídica. É justo, pois, dada a diferença de natureza (por assim dizer) entre
uma marca (bem imaterial) e um bem imóvel do estabelecimento (bem material),
para ficar com dois exemplos, é conclusivo que a disciplina que busque regular tais
bens não deve ser indistinta, isto é, tem de dar um trato específico de acordo com a
natureza desses mesmos bens.
Uma modalidade interessante de estabelecimento é o dito “virtual”, com sua
própria lógica interna. Existe em ambiente eletrônico, através da internet, pela qual o
empresário ou a sociedade empresária fornece os seus produtos e serviços. É claro
que, em termos de aviamento e propriedade de bens incorpóreos constituintes do
estabelecimento empresarial, o virtual se assemelha à parte imaterial de um
estabelecimento que faça uso de bens materiais para a sua atividade (empresarial).

O gênero e-commerce se subdivide em três espécies: B2B – business to


business, empresa para empresa; B2C – business to consumer, empresa para
consumidor; C2C – consumer to consumer. De fato, é difícil conceber outra
modalidade que não essas elencadas acima. É importante salientar que essas
formas negociais encontram bases disciplinares (de uma forma ou outra) no CDC.

Falando agora do shopping center, pontue-se que é um empreendimento


complexo no qual, para fins de comodidade, segurança, variedade (entre outros) do
cliente, o empresário que é o administrador central organiza o conjunto
mercadológico, disciplinando o horizonte comercial de cada parte (cada atividade
econômica contida no shopping center) e seu compromisso para com o todo. Diz
André Ramos sobre o contrato de shopping center que “[…] o entendimento
majoritário parece ser o de que se trata de contrato atípico misto” (RAMOS, 2014,
pg. 180). Tal entendimento, que leva em consideração a Lei de Locações (Lei
8.245/91), encontra força no julgamento do Recurso Especial 178.908 do STJ: “os
contratos de locação de espaços em shopping center são contratos atípicos,
ensejando locação de bens e serviços”. Também é importante dizer que da sua
unidade jurídica, decorre o fato de que é condomínio comercial, o que importa em
aluguel mais um percentual do faturamento das lojas como contribuição, por assim
dizer.

As lojas que se encontram em tal estabelecimento concordam em se sujeitar


à condições particulares segundo a “atividade do todo” (a depender de elementos
como época de maior consumo, o período de Black Friday etc.).

Uma breve nota sobre trespasse (ou alienação): é, mais uma vez na dicção
de André Ramos, “[…] contrato oneroso de transferência do estabelecimento
empresarial” (RAMOS, 2014, pg. 180). Ele se dá entre o trespassante (alienante) e o
trespassário (adquirente). De tal contrato seguem diversos deveres jurídicos, como a
sua averbação no Registro Público e a responsabilidade solidária do antigo dono por
dois anos após o trespasse.

Dentro do campo imaterial da empresa, encontramos a proteção jurídica


chamada “propriedade industrial”, um verdadeiro “capítulo” da propriedade
intelectual que se faz essencial para o saudável desenvolvimento da atividade
empresarial, pois lhe confere estabilidade e segurança.

São feixes protetivos que irradiam da propriedade industrial o nome


empresarial, que há de identificar o empresário ao assinar contratos, documentos de
ordem pública e contrair obrigações, o nome fantasia – a servir para a identificação
do empresário por parte de seus clientes e público alvo de forma geral, a marca
(símbolos e indicativos também gráficos para individualizar mais ainda a atividade
empresarial e seus produtos) e, finalmente, o domínio para fins de comercialização
on-line)..

Quanto à propriedade intelectual em gênero, vale dizer que, no Brasil, órgãos


específicos servem para o registro legal de direitos a ela relacionados. É o caso do
INPI e da Biblioteca Nacional, para dar dois exemplos).

Além da espécie “propriedade industrial” já abordado, há a proteção sui


generis e o direito autoral – direito do autor (ou direitos, se pensarmos em uma
multiplicidade de direitos conexos a ele relacionada). O direito autoral protege o
comerciante para o devido recebimento de “royalties” pela obra. A proteção sui
generis, por sua vez, está relacionada a cultivares de produtos agrícolas e tipografia
de circuitos integrados. Já a propriedade industrial versa sobe a identificação da
marca, patente, desenho industrial e “know how” (segredo industrial).

Tratando de forma um pouco pormenorizada desses últimos pontos, basta


dizer que a marca é demonstração visual de identificação do negócio face aos
concorrentes e aplicado a produtos e serviços – classifica-se segundo à natureza e
quanto à forma de apresentação (nominativa, mista, figurativa ou tridimensional).
Também é importante destacar que a proteção e a disciplina jurídica varia segundo
a importância da marca, por exemplo. O desenho industrial, em síntese, diz respeito
à forma dos objetos e depende para sua proteção legal da originalidade e
desimpedimento dos mesmos.
Por fim, da patente se pode dizer que é proteção jurídica que recai sobre
invenções ou modelos de utilidade, cujo fim é resguardar o “domínio criativo” do
inventor. Deve ser atividade inventiva, possuir a possibilidade de aplicação industrial
e desimpedimento legal – tais são os justos requisitos para a patenteabilidade. É o
único meio de prova admissível pelo ordenamento jurídico para que alguém
assegure que só ele pode explorar a coisa (deve ser a patente expedida pelo INPI).

RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial esquematizado. 4. ed. rev.,
atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014.

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