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Alexandre Gialluca
Direito Empresarial
Aula 3
ROTEIRO DE AULA
Exemplos:
- Alpargatas S.A. é o nome da sociedade empresária que possui diversas marcas: Havaianas, Ioasys, Rothy’s.
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- Hypera Pharma é o nome de uma sociedade que possui diversas marcas como: Zero-cal, Benegrip, Coristina etc.
Nome Fantasia: também conhecido como Nome de Fachada, é o nome popular de um estabelecimento, o apelido
comercial dado que pode ser ou não ser igual à sua marca. Geralmente, é o nome que serve para a divulgação de
determinado estabelecimento, visando o maior aproveitamento da sua marca e da estratégia de marketing e vendas.
Exemplos:
- A Via Varejo S/A (nome empresarial), atualmente chamada de Via S/A, possui vários estabelecimentos, sendo eles: Casas
Bahia e Ponto Frio (nomes fantasias).
- “Arcos Dourados Comércio de Alimentos LTDA.” é o nome empresarial de uma sociedade empresária que possui várias
lanchonetes (Mc Donald’s) espalhadas pelo PAÍS”.
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A proteção do nome empresarial se dá com o registro na junta comercial. A proteção de uma marca se dá com o registro
no INPI.
O título de estabelecimento não possui órgão de registro. Assim, para protegê-lo, é necessário usar as regras de
concorrência desleal da Lei de propriedade industrial.
Na prática, entretanto, para proteger o título do estabelecimento, cria-se uma marca para ele e faz-se o registro.
9) ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
O estabelecimento empresarial é tratado do art. 1.142 ao 1.149 do CC.
9.1. Conceito:
O estabelecimento comercial é um conjunto de bens organizados para a exploração de uma atividade empresarial.
CC, art. 1.142. “Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por
empresário, ou por sociedade empresária. (Vide Lei nº 14.195, de 2021)
§ 1º O estabelecimento não se confunde com o local onde se exerce a atividade empresarial, que poderá ser físico ou
virtual. (Incluído Pela Lei nº 14.382, de 2022)
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§ 2º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for virtual, o endereço informado para fins de registro poderá
ser, conforme o caso, o endereço do empresário individual ou de um dos sócios da sociedade empresária. (Incluído
Pela Lei nº 14.382, de 2022)
§ 3º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for físico, a fixação do horário de funcionamento competirá
ao Município, observada a regra geral prevista no inciso II do caput do art. 3º da Lei nº 13.874, de 20 de setembro de
2019. (Incluído Pela Lei nº 14.382, de 2022)
Para explorar uma atividade empresarial, é necessário um conjunto de bens organizado, o qual é denominado
“estabelecimento empresarial”.
Exemplos:
- Supermercado: possui prateleiras, gôndolas, mercadorias, freezer, o imóvel, caminhões, carrinhos, máquinas
registradoras nos caixas, etc. - esse complexo de bens organizado é chamado de estabelecimento comercial.
Enunciado 7 da 1ª jornada de direito comercial: “O nome de domínio integra o estabelecimento empresarial como bem
incorpóreo para todos os fins de direito.”
Enunciado 95 da III Jornada de Direito Comercial: “Os perfis em redes sociais, quando explorados com finalidade
empresarial, podem se caracterizar como elemento imaterial do estabelecimento empresarial.”
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- Farmácia: possui gôndolas, prateleiras, mercadorias, remédios, caixa, balanças, etc. - esse complexo de bens organizado
é chamado de estabelecimento comercial.
✓ Estabelecimento não se confunde com o local. O imóvel é elemento integrante do estabelecimento apenas.
Só integra o conceito de estabelecimento os bens diretamente relacionados à atividade empresarial. Assim, apenas o
imóvel I integra o conceito de estabelecimento comercial, ao passo que o imóvel II integra o seu patrimônio.
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CC, art. 1.143: “Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou
constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.”
Conforme prevê o artigo 1.143 do CC, o estabelecimento corresponde à unidade/universalidade e não a seus bens
avaliados individualmente. Por ser uma unidade, diz-se que o estabelecimento é uma universalidade de fato.
✓ A universalidade de direito é o conjunto de bens reunidos por força da lei (exemplo: massa falida e herança).
✓ A universalidade de fato decorre da vontade do empresário ou da sociedade empresária de reunir os bens de
forma organizada.
9.4. Trespasse
Trespasse é o nome que se dá ao contrato de compra e venda de estabelecimento empresarial.
a) Formalidade:
No trespasse, há a figura do adquirente (aquele que compra) e do alienante (aquele que vende). De acordo com a lei, o
contrato de trespasse produz efeitos entre eles.
Para que produza efeitos perante terceiros, devem ser observados os requisitos previstos no art. 1.144 do CC: averbação
do contrato de trespasse na junta comercial e publicação na imprensa oficial (é necessária a publicidade).
CC, art. 1.144: “O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só
produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade
empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.”
Na cessão de quotas sociais não ocorre transferência da titularidade do estabelecimento, mas sim a modificação do
quadro de sócios da sociedade.
Exemplo: Os sócios da Ki Pão Panificadora LTDA, João (70%) e Maria (30%), vendem suas quotas à Forno Quente Padaria
Ltda por meio de contrato de cessão de cotas, de forma que a Forno Quente Padaria Ltda passa a ser a única sócia da
empresa Ki Pão Panificadora LTDA.
✓ Na cessão de quotas, não há a transferência da titularidade do estabelecimento. Ocorre a modificação do quadro
societário.
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c) Eficácia do trespasse
Exemplo: Ki Pão Panificadora LTDA possui dívida de R$ 2.000.000,00 e dois estabelecimentos: padaria I, localizada no
centro e avaliada em R$ 3.000.000,00; e a padaria II, localizada no shopping e avaliada em R$ 1.000.000,00. Há,
entretanto, uma dívida de R$ 2.000.000,00.
O estabelecimento empresarial é a grande garantia que o credor possui da satisfação do crédito, pois se o estabelecimento
se torna inadimplente o credor pode pedir a penhora e a falência.
No exemplo dado, a Ki Pão Panificadora LTDA pode vender a unidade II sem consultar seus credores, já que a unidade I é
suficiente para a satisfação de sua dívida. Entretanto, para vender a unidade I, por não ser a unidade II suficiente para
saldar sua dívida, deverá observar o disposto no artigo 1.145 do CC: pagamento ou autorização de todos os credores.
CC, art. 1.145. “Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do
estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito,
em trinta dias a partir de sua notificação.”
Obs.1: A notificação pode ser feita por meio de cartório de registro de títulos e documentos ou judicial.
Na omissão/silêncio do credor, é possível entender que ele, tacitamente, concordou com o trespasse do estabelecimento.
Obs.2: a ausência de observância ao disposto no art. 1145 do CC gera a ineficácia do contrato de trespasse.
✓ O professor destaca que o ato de vender um estabelecimento sem permanecer com bens suficientes para solver
o passivo e sem o consentimento/pagamento de todos os credores é ato de falência do art. 94, III da Lei
11.101/051.
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Lei 11.101/05, art. 94, III: “Será decretada a falência do devedor que: (...)
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial:
(...)
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens
suficientes para solver seu passivo; (...)”
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TJ/SP – 2021 – Juiz Substituto – VUNESP
Sobre o estabelecimento, é correto afirmar que
a) sua alienação será ineficaz se não restarem ao alienante bens suficientes para solver seu passivo,
independentemente do consentimento dos credores.
b) salvo disposição expressa em contrário, é vedado ao titular do estabelecimento fazer concorrência ao
arrendatário ou usufrutuário durante o prazo do contrato.
c) no caso de sua alienação, em regra, o alienante não poderá fazer concorrência ao adquirente por 3 anos.
d) no caso de sua alienação, o alienante permanece solidariamente obrigado pelo prazo de dois anos, a partir,
quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.
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existência de bens suficientes para solver o passivo do alienante, em prejuízo do adquirente por força da
ineficácia subjetiva do negócio frente à massa falida.
d) d) é condição de eficácia perante terceiros o registro no Registro Público de Empresas Mercantis e a publicação
na imprensa oficial, além da solvência do alienante ou o pagamento de todos os credores a seu tempo existentes
ou, ainda, a anuência expressa ou tácita destes em relação ao trespasse, após notificados, judicialmente ou pelo
oficial do registro de títulos e documentos, para se manifestarem em 30 (trinta) dias, constituindo execução
frustrada pelo alienante o trespasse sem o consentimento dos credores e sem a existência de bens suficientes
para solver o passivo do alienante, em prejuízo do adquirente por força da ineficácia objetiva do negócio frente à
massa falida.
e) é condição de eficácia perante terceiros o registro no Registro Público de Empresas Mercantis e a publicação na
imprensa oficial, além da solvência do alienante ou o pagamento de todos os credores a qualquer tempo
existentes ou, ainda, a anuência expressa ou tácita destes em relação ao trespasse, após notificados,
judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e documentos, para se manifestarem em 30 (trinta) dias,
constituindo impontualidade falimentar do alienante o trespasse sem o consentimento dos credores e sem a
existência de bens suficientes para solver o passivo do alienante, em prejuízo do adquirente por força da
ineficácia subjetiva do negócio frente à massa falida.
Gabarito: A
CC, art. 1.146. “O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde
que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a
partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.”
● Alienante: é devedor solidário no prazo de um ano. A contagem desse prazo depende se a dívida é vencida ou vincenda:
- Dívida vencida: o prazo de um ano é contado da data da publicação do contrato de trespasse na imprensa oficial;
- Dívida vincenda: o prazo de um ano é contado da data de vencimento da dívida.
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( ) O nome empresarial não pode ser objeto de alienação. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se
o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor.
As afirmativas são, na ordem apresentada, respectivamente:
a) F – V – F
b) F – V – V
c) V – F – F
d) F – F – V.
(VUNESP - 2015 - TJ-SP - Juiz Substituto) Sobre alienação dos estabelecimentos empresariais, é correto afirmar:
a) exige que o alienante ceda, separada e individualmente, ao adquirente cada um dos contratos estipulados para a
exploração do estabelecimento.
b) permite que o alienante se restabeleça de imediato se assim desejar, continuando a exploração da mesma atividade,
caso não haja expressa vedação contratual no contrato de trespasse.
c) o contrato de alienação de estabelecimento produzirá efeitos imediatos entre as partes e perante terceiros, salvo se
alienante e adquirente exercerem o mesmo ramo de atividades, quando a operação ficará na dependência da aprovação
da autoridade de defesa da concorrência.
d) a alienação implica a responsabilidade do adquirente pelos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente
contabilizados, sem prejuízo da obrigação solidária do devedor primitivo na forma da lei.
Gabarito: D
Exceções????
Aquele que adquire o estabelecimento em leilão de falência não responde pelas dívidas do estabelecimento.
Lei 11.101/05, art. 141: “Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida
sob qualquer das modalidades de que trata este artigo:
(...)
II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor,
inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho.”
Lei 11.101/05, art. 60. “Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação judicial de filiais ou de unidades
produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, observado o disposto no art. 142 desta Lei.
Parágrafo-único. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas
obrigações do devedor de qualquer natureza, incluídas, mas não exclusivamente, as de natureza ambiental, regulatória,
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administrativa, penal, anticorrupção, tributária e trabalhista, observado o disposto no § 1º do art. 141 desta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
e) Concorrência
Situação 1: Imagine que “A” possua uma concessionária de veículos e realize a venda do estabelecimento para “B”. Após
3 meses, “A” monta uma nova concessionária em frente ao estabelecimento que “B” acabou de comprar. Isso é possível?
Situação 2: Há uma rua na cidade de São Paulo que só comercializa vestidos de noivas e itens para casamento. Imagine
que “A” possua uma pequena loja nessa rua e, posteriormente, resolva ampliar suas instalações. Para tal, “A” precisará
vender a sua loja para “B” e, posteriormente, montará outra loja na mesma rua. Isso é possível?
O professor destaca que, inicialmente, quem definirá se é possível ou não haver concorrência é o contrato de trespasse.
No caso de omissão do contrato, é necessário aplicar a regra do art. 1.147 do CC:
CC, art. 1.147: “Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao
adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência.
Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá
durante o prazo do contrato.”
A concorrência é determinada pelo caso concreto e depende da análise do ramo de atividade, da localização do
estabelecimento, entre outros fatores que precisam ser verificados em cada situação.
Em suma:
• O contrato de trespasse definirá, de modo expresso, sobre a possibilidade de realização de concorrência entre o
alienante e o adquirente do estabelecimento empresarial.
• Se o contrato de trespasse não versar sobre o assunto, o alienante do estabelecimento não poderá fazer
concorrência ao adquirente nos cinco anos subsequentes à transferência, conforme o disposto no art. 1.147 do
CC.
OBS.: A PREVISÃO DO ART. 1.147 DO CC, TODAVIA, NÃO REFLETE LIMITAÇÃO À LIBERDADE DE CONCORRÊNCIA, MAS,
PELO CONTRÁRIO, EXPRESSÃO DE UM DEVER DE CONCORRÊNCIA LEAL.
(TJ/SP – 2021 – Juiz Substituto – Vunesp) Sobre o estabelecimento, é correto afirmar que:
A) sua alienação será ineficaz se não restarem ao alienante bens suficientes para solver seu passivo, independentemente
do consentimento dos credores.
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B) salvo disposição expressa em contrário, é vedado ao titular do estabelecimento fazer concorrência ao arrendatário ou
usufrutuário durante o prazo do contrato.
C) no caso de sua alienação, em regra, o alienante não poderá fazer concorrência ao adquirente por 3 anos.
D) no caso de sua alienação, o alienante permanece solidariamente obrigado pelo prazo de dois anos, a partir, quanto aos
créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.
Gabarito: B
(TJ/MG 2022 – FGV – Juiz de Direito Substituto) Com relação ao estabelecimento e os institutos complementares da
atividade empresarial, analise as afirmativas a seguir e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a falsa.
( ) O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que
regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de 2 (dois) anos, a
partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.
( ) O estabelecimento não se confunde com o local onde se exerce a atividade empresarial, que poderá ser físico ou virtual.
( ) O nome empresarial não pode ser objeto de alienação. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se
o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor.
As afirmativas são, na ordem apresentada, respectivamente:
A) F – V – F.
B) F – V – V.
C) V – F – F
D) V – F – V.
Gabarito: B
CC, art. 1.148: “Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos
estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o
contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a
responsabilidade do alienante.”
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• Obs.: Se houver justa causa, os terceiros poderão rescindir os contratos em 90 dias, contados da data da
publicação de transferência.
Exemplo: No exemplo dado, se, após a aquisição do estabelecimento, “B” não pagar a empresa de chopp ou a
empresa de especiarias, haverá um justo motivo para rescindir os contratos.
Exemplo: “A” adquiriu recentemente uma clínica de estética. Nesse caso, ele terá direito a todos os créditos que o
estabelecimento tem a receber, como, por exemplo, o pagamento parcelado relativo à venda de pacotes para depilação
definitiva.
CC, art. 1.149: “A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em relação aos
respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé
pagar ao cedente.”
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II. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento
depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, somente de modo expresso, em trinta dias a
partir de sua notificação.
III. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que
regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir,
quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.
IV. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos
três anos subsequentes ao registro da transferência.
V. É legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial.
Está correto o que se afirma APENAS em:
a) II, III e IV.
b) II, III, IV e V.
c) I, III e V.
d) I, II, IV e V.
e) I, III, IV e V.
Gabarito: C
(TJ/SC – 2019 – Juiz Substituto – CESPE/CEBRASPE) Um juiz de direito substituto que considerar as normas previstas no
Código Civil e no Código de Processo Civil acerca de estabelecimento comercial procederá corretamente se
A) decidir pela eficácia da alienação do estabelecimento, ocorrida sem anuência ou ciência dos credores, e determinar a
divisão do valor, mesmo que insuficiente para solver o passivo do estabelecimento.
B) indeferir pedido da defesa para nomeação de um administrador-depositário, determinando-lhe que apresente plano
de administração sobre a penhora de um estabelecimento comercial.
C) decidir que, após doze meses contados da data do negócio, o alienante poderá fazer concorrência ao adquirente de
um estabelecimento comercial caso não exista disposição sobre esse ponto no contrato.
D) reconhecer efeito da cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido aos devedores, desde a publicação
da transferência, porém o devedor será exonerado da obrigação se, de boa-fé, pagar ao cedente.
E) indeferir o pedido de ineficácia dos efeitos do arrendamento do estabelecimento comercial quanto a terceiros, ainda
que comprovado o fundamento do pedido sobre a falta de publicidade e do devido registro do ato de arrendamento.
Gabarito: D
Exemplo: “A” possui um restaurante de comida japonesa e resolve vendê-lo por RS 3 milhões.
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O restaurante possui 50 mesas, 500 cadeiras, cozinha industrial, balcão, imóvel, talheres, geladeiras etc. Os bens somados
constituem o valor de R$ 300 mil.
Como “A”, entretanto, espera vender o estabelecimento por R$ 3 milhões de reais, a diferença (R$ 2 milhões) entre o que
o estabelecimento vale e o valor de venda é chamado de aviamento, ou seja, trata-se do potencial de lucratividade do
estabelecimento, já que este possui muitos clientes cadastrados, possui uma forte rede social, possui prêmios, entre
tantos outros agregadores de valor.
Atenção: O aviamento não pode ser dissociado do estabelecimento empresarial, pois ele é o potencial de lucratividade
do estabelecimento.
Com a massiva concorrência, o local onde são realizadas as atividades comerciais (ponto empresarial) é considerado um
dos elementos mais importantes de um estabelecimento, pois repercute diretamente na freguesia e clientela, por vez
aumentando o potencial econômico e financeiro de uma empresa.
(TJ/PA – 2019 – CESPE – Juiz de Direito Substituto) Assinale a opção que indica a denominação dada ao elemento
incorpóreo do estabelecimento empresarial pertencente ao empresário e que concerne à localização do imóvel onde é
exercida a mercancia ou atividade industrial, que não se confunde com o imóvel propriamente dito e que muitas vezes
assume papel preponderante para o sucesso da empresa, seja pela relação com os clientes, seja pela relação com os
fornecedores, e que é protegido pela lei de locações.
A) clientela
B) aviamento
C) trespasse
D) fundo mercantil
E) ponto empresarial
Gabarito: E.
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10.1 Ação renovatória
A ação renovatória está prevista na Lei 8.245/91 (arts. 51 e seguintes).
a) Requisitos
Para ajuizar esta ação, são necessários 3 requisitos cumulativos, os quais estão dispostos no art. 51 da Lei 8.245/91:
Lei 8.245/91, art. 51: “Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato,
por igual prazo, desde que, cumulativamente:
I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado;
II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos;
III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos.”
Observações:
✓ Não cabe a ação renovatória para contrato verbal ou com prazo indeterminado.
✓ Para ser possível renovar o contrato de locação, o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos
ininterruptos dos contratos escritos deve ser de 5 anos. Veja o esquema a seguir:
O terceiro requisito constante no art. 51, III da Lei 8.245/1991 é que o locatário esteja explorando seu comércio, no
mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de 3 anos.
✓ Assim sendo, o locatário deve estar no mesmo ramo de atividade comercial nos últimos 3 anos.
✓ A Lei de Locação pretendeu proteger o ponto comercial.
a) um ano.
b) três anos.
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c) cinco anos.
d) sete anos.
e) nove anos.
Gabarito: b
Atenção:
Situação: imagine que a pessoa tenha feito um contrato de 2 anos. Por qualquer motivo, o contrato se encerra e, antes
de conseguir renová-lo, passa um período de 1 ou 2 meses. Posteriormente, há uma renovação do contrato por um novo
período de tempo.
Apesar de o art. 51, II da Lei 8.245/91 afirmar que a soma dos prazos ininterruptos deva ser de 5 anos para que, entre
outros requisitos, o locatário tenha direito à renovação do contrato, a jurisprudência tem admitido o acessio temporis, ou
seja, um período de interrupção mínima, que não prejudica a contagem desse prazo.
“PROCESSUAL CIVIL. LOCAÇÃO. AÇÃO RENOVATÓRIA. "ACCESSIO TEMPORIS". SOMA DOS PRAZOS CONTRATUAIS.
INTERRUPÇÃO MÍNIMA. VIABILIDADE. - Em sede de ação renovatória de locação comercial, se o período de interrupção
entre a celebração dos contratos escritos não é significativo, é de se admitir o "accessio temporis" pela soma de seus
prazos, a fim de viabilizar a pretensão renovatória pelo perfazimento do qüinqüídio legal exigido.- Precedentes desta
Corte. - Recurso conhecido e provido.”
✓ Acessio temporis é, portanto, a possibilidade da soma dos prazos contratuais ainda que haja uma pequena
interrupção (até 3 meses).
TJSP/2013 – De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça na interpretação da Lei de Locações (Lei n.º
8.245/91), a expressão “accessio temporis” utilizada para viabilizar o perfazimento do prazo mínimo legal exigido para a
renovação das locações empresariais significa a possibilidade da soma dos prazos:
a) dos contratos escritos de locação do cedente e do cessionário da locação.
b) de exploração de ramos diferentes de comércio do locatário.
c) dos contratos escritos de locação do antecessor e do sucessor da locação.
d) dos contratos celebrados por escrito, entremeados por pequeno lapso temporal de contrato não escrito.
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Gabarito: D
O STJ entendeu que é perfeitamente possível o uso de ação renovatória para as instalações de "estação rádio base" (ERB).
o julgado abaixo:
Processo REsp 1.790.074-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 25/06/2019, DJe 28/06/2019
Destaque
A "estação rádio base" (ERB) instalada em imóvel locado caracteriza fundo de comércio de empresa de telefonia móvel
celular, a conferir-lhe o interesse processual no manejo de ação renovatória fundada no art. 51 da Lei n. 8.245/1991.
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A Anatel, ao editar a Resolução n. 477, de 07 de agosto de 2007, no art. 3º, XVI, de seu anexo, define a Estação Rádio Base
(ERB) como sendo a "estação de radiocomunicações de base do SMP (serviço móvel pessoal), usada para radiocomunicação
com Estações Móveis". As ERBs, popularmente conhecidas como antenas, se apresentam como verdadeiros centros de
comunicação espalhados por todo o território nacional, cuja estrutura, além de servir à própria operadora, responsável
por sua instalação, pode ser compartilhada com outras concessionárias do setor de telecomunicações, segundo prevê o
art. 73 da Lei n. 9.472/1997, o que, dentre outras vantagens, evita a instalação de diversas estruturas semelhantes no
mesmo local e propicia a redução dos custos do serviço. As ERBs são, portanto, estruturas essenciais ao exercício da
atividade de prestação de serviço de telefonia celular, que demandam investimento da operadora, e, como tal, integram
o fundo de comércio e se incorporam ao seu patrimônio. Por sua relevância econômica e social para o desenvolvimento
da atividade empresarial, e, em consequência, para a expansão do mercado interno, o fundo de comércio mereceu especial
proteção do legislador, ao instituir, para os contratos de locação não residencial por prazo determinado, a ação renovatória,
como medida tendente a preservar a empresa da retomada injustificada pelo locador do imóvel onde está instalada (art.
51 da Lei n. 8.245/1991). No que tange à ação renovatória, seu cabimento não está adstrito ao imóvel para onde converge
a clientela, mas se irradia para todos os imóveis locados com o fim de promover o pleno desenvolvimento da atividade
empresarial, porque, ao fim e ao cabo, contribuem para a manutenção ou crescimento da clientela. Nessa toada, conclui-
se que a locação de imóvel por empresa prestadora de serviço de telefonia celular para a instalação das ERBs está sujeita
à ação renovatória.
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