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a) Elementos corpóreos
Nesta categoria devem considerar-se as mercadorias que são bens móveis destinados a ser
vendidos, compreendendo as matérias-primas, os produtos semiacabados e os produtos acabados.
Incluem-se também as máquinas e utensílios, ou seja, a maquinaria e os veículos. Faz também
parte o imóvel onde se situem as instalações, quando o seu dono seja o empresário comercial, pois
se o não for, apenas integrará o estabelecimento o direito ao respectivo uso. O dinheiro em caixa,
incluído.
Aqui deve-se considerar os direitos, resultantes de contrato ou outras fontes, que dizem respeito à
vida do estabelecimento, designadamente:
o direito ao arrendamento;
os direitos reais de gozo;
os créditos resultantes das vendas, empréstimos, locações, etc;
os direitos emergentes de variados contratos, ex. concessão, prestação de serviços,
fornecimento de bens, etc;
as obrigações do empresário comercial a ele relacionado.
c) Clientela
d) O aviamento
b) Usufruto
O usufruto atribui ao usufrutuário um direito real limitado de gozo, constituído sobre coisa alheia.
Significa que o usufrutuário adquire o direito à exploração do estabelecimento comercial,
atribuindo-lhe poderes de uso directo (exploração) do estabelecimento e também poderes de
utilização indirecta, contrariamente de alguém que tenha o mero direito de uso, quem tenha
usufruto pode locar também.
O artigo 1439 do Código Civil estabelece que o usufruto é um direito de gozar temporária e
plenamente uma coisa ou direito alheio, sem alterar a sua forma ou substância, que pode ser
constituído por contrato, testamento, usucapião ou disposição da lei (artigo 1440 do Código Civil).
No entanto, nas relações contratuais que envolvam usufruto do estabelecimento comercial, o
usufrutuário deve administrar o estabelecimento, preservando a unidade dos seus elementos
constitutivos, sem lhe modificar o fim a que se destina, de modo a manter a eficiência da
organização. Com efeito, é legalmente obrigado a zelar pelos bens integrantes do estabelecimento
comercial, assumindo as responsabilidades próprias do administrador de bens de terceiros,
c) Trespasse
É uma figura jurídica que abrange uma pluralidade de modalidades e não um negócio uniforme.
Diz-se trespasse todo e qualquer negócio jurídico pelo qual seja transmitido definitivamente e inter
vivos um estabelecimento comercial, como unidade. Ao alienante chama-se trespassante, e ao
adquirente trespassário.
Ficam porém, excluídos do âmbito do conceito os casos de transmissão mortis causa.
Mas, o que é essencial, para que haja trespasse, é que o estabelecimento seja alienado como um
todo unitário, abrangendo a globalidade dos elementos que o integram. Pode, no entanto, algum ou
alguns desses elementos ser especificamente dele retirados e subtraídos à transmissão, que ainda
assim haverá trespasse.
Trata-se pois, de um acto de comércio objectivo, pois está regulado na lei comercial, e em termos
que se destina a satisfazer as necessidades específicas das actividades e empresas comerciais.
O primeiro aspecto do regime do trespasse focado na lei é o da forma, já que o artigo 73 do
Código Comercial, condiciona a validade deste negócio jurídico à sua celebração por escritura
pública, da qual evidentemente, devem constar todos os seus elementos essenciais.
Relativamente às dívidas do empresário comercial inerentes ao estabelecimento comercial, o
adquirente do estabelecimento comercial responde pelos débitos derivados da respectiva
exploração e anteriores ao trespasse, sem que o alienante fique libertado, salvo se nisso
consentirem os credores. Consequentemente, haverá que respeitar, para que se transmitam as
dívidas, a exigência da concordância do credor de cada uma, como resulta do disposto na lei civil
quanto à transmissão de dívidas (artigos 595 e 596 Código Civil) e quanto à novação subjectiva
por substituição do devedor (artigo 858 Código Civil).
O trespasse faz nascer para o trespassante, independentemente de estipulação contratual, a
obrigação de não concorrência (desleal) ao trespassário, isto é, de não exercer uma actividade
análoga, em condições de local, tempo e outras, que constituam uma forma eficaz de retomar a
clientela do estabelecimento alienado.
A violação deste dever constituirá concorrência ilícita, cuja sanção consistirá na responsabilidade
de indemnização pelos danos causados, bem como na aplicação de uma sanção pecuniária
compulsória ao violador, enquanto persistir a conduta ilícita, isto é, a exploração concorrencial
desleal (artigo 76 do Código Comercial).