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Universidade Católica de Moçambique FEC

Curso: Economia e Gestão - 2 ano

Discente: Atumane Jacinto José Nanvarra

Cadeira: Direito Comercial

Docente: Amisse Cololo

Tema: Estabelecimento Comercial

O presente trabalho da cadeira de Direito comercial orientado pelo Docente Amisse


Cololo, tem o ponto de aplicação o estabelecimento comercial e os seus respectivos
conteúdos, nomeadamente, o conceito, a natureza jurídica do estabelecimento comercial
e os elementos do estabelecimento comercial.

O trabalho tem como objectivo apresentar teses complementares a esses temas e


explicar de uma forma breve e concisa as informações presentes, vale ressaltar que o
trabalho teve como fontes as revisões bibliográficas.

Segundo Teixeira (2018) "estabelecimento é o conjunto de bens organizado pelo


empresário para o exercício da empresa (CC, art. 1142; no mesmo sentido, é o disposto
no art. 2.555 do Código Civil italiano)."(p. 102)

Por sua vez, Santos (2017) acrescenta que, de acordo com o art. 1.142 do CC
“considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da
empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”.

Coelho (2011), afirma que O estabelecimento empresarial é a reunião dos bens


necessários ao desenvolvimento da actividade económica:

Quando o empresário reúne bens de variada natureza, como as mercadorias, máquinas,


instalações, tecnologia, prédio etc., em função do exercício de uma atividade, ele agrega
a Manual de Direito Comercial - 019-344.indd 77 15/9/2010 14:40:30 78 esse conjunto
de bens uma organização racional que importará em aumento do seu valor enquanto
continuarem reunidos. Alguns autores usam a expressão “aviamento” para se referir a
esse valor acrescido. (p. 77)

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Com base nos argumentos acima, podemos constatar que um estabelecimento comercial
é o agregado de bens organizados pelo empresário com vista a exercer uma actividade
comercial.

Quanto a distribuição do estabelecimento comercial, o artigo 70 do código comercial,


estabelece que o empresário comercial pode ter mais de um centro de actividade,
considerando-se o estabelecimento principal aquele onde funciona a administração e o
comando efectivo da actividade produtiva e estabelecimentos secundários, aqueles
dotados de menor autonomia administrativa, representados pelas sucursais, filiais e
agências, os quais, em conjunto, integram o fundo de comércio do empresário.

Quanto a natureza jurídica Teixeira (2018) cita que a natureza jurídica do


estabelecimento, Marcos Paulo de Almeida Salles lembra que o estabelecimento é uma
universalidade de fato, que difere da universalidade de direito, pois nesta a destinação
unitária decorre de norma jurídica, como no caso da massa falida, em razão da pretensão
legal liquidatória 58 . Sendo o estabelecimento uma universalidade de fato, significa que
ele é uma pluralidade de bens singulares pertencentes à mesma pessoa, tendo destinação
unitária (por exemplo, o desenvolvimento da empresa) por instituição de seu titular (no
caso, o empresário), à luz do art. 90 do Código Civil.

O artigo 69 do código comercial estabelece que, a lei comercial protege o


estabelecimento comercial como unidade dos elementos constitutivos da actividade
comercial representados pelo capital e trabalho, valorizados pela organização, a fim de
que o empresário comercial possa exercer, com eficiência, a sua actividade.

Por sua vez, Coelho (2011) vem sustentar o segunte:

Se o empresário se encontra estabelecido em imóvel de sua propriedade, a proteção


jurídica deste valor se faz pelas normas ordinárias de tutela da propriedade imobiliária
do direito civil. Já, se está estabelecido em imóvel alheio, que locou, a proteção jurídica
do valor agregado pelo estabelecimento seguirá a disciplina da locação não residencial
caracterizada pelo art. 51 da LL (locação empresarial).

Quanto aos elementos do estabelecimento comercial, Teixeira (2018) para o estudo do


estabelecimento é necessário tratar de alguns elementos inerentes a ele, como: o
aviamento, a clientela, o trespasse, entre outros, conforme veremos a seguir:

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- É chamado aviamento, ou seja, a aptidão de produzir lucro conferido ao
estabelecimento a partir do resultado de variados factores, quais sejam, pessoais,
materiais e imateriais;

- Clientela difere de aviamento. A clientela é definida por Haroldo Malheiros Duclerc


Verçosa como “o conjunto de pessoas que, de fato, mantém com o estabelecimento
relações continuadas de procura de bens e de serviços;

- Trespasse significa transferir a propriedade para outro; ou ato de passar, o que muitas
vezes é vislumbrado na prática por placas com os seguintes dizeres: “passa-se o ponto”.

Para a alienação do estabelecimento comercial, Coelho (2011. p. 80) declara que O


estabelecimento empresarial, por ser bem integrante do património do empresário, é
também garantia dos seus credores:

Por esta razão, a alienação do estabelecimento empresarial está sujeita à observância de


cautelas específicas, que a lei criou com vistas à tutela dos interesses dos credores de
seu titular. Em primeiro lugar, o contrato de alienação deve ser celebrado por escrito
para que possa ser arquivado na Junta Comercial e publicado pela imprensa oficial (CC
, art. 1.144). Enquanto não providenciadas estas formalidades, a alienação não produzirá
efeitos perante terceiros.

Ainda, é interessante lembrar da locação em shopping center, para Santos (2017), no


que se refere a renovação nos contratos de locação em shopping center, o art. 52, § 2º,
da LL estabelece que “nas locações de espaço em shopping centers , o locador não
poderá recusar a renovação do contrato com fundamento no inciso II deste artigo”.
Ademais, o Art. 54 da LL informa que “nas relações entre lojistas e empreendedores de
shopping center, prevalecerão as condições livremente pactuadas nos contratos de
locação respectivos e as disposições procedimentais previstas nesta lei”.

Coelho (2011), acrescenta que, o empresário que se dedica ao ramo dos shopping
centers exerce uma actividade económica peculiar, pois não se limita a simplesmente
manter um espaço apropriado à concentração de outros empresários actuantes em
variados ramos de comércio ou serviço.

Ou seja, A sua actividade não se resume à locação de lojas aleatoriamente reunidas em


um mesmo local. Ele, decididamente, não é um empreendedor imobiliário comum.

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Sendo assim, para Coelho (2011), o que distingue o empresário do shopping center dos
empreendedores imobiliários em geral é a organização da distribuição da oferta de
produtos e serviços centralizados em seu complexo (tenant mix).

Desta feita, podemos concluir que, o estabelecimento empresarial é a agregação dos


bens necessários ao progresso da actividade económica, para se entender a essência
desse regulamento jurídico é relevante recorrer de uma assemelhação com outro
conjunto de bens: a biblioteca. Nela, não há apenas livros agrupados ao acaso, mas um
conjunto de livros sistematicamente reunidos, dispostos organizadamente, com vistas a
um fim de possibilitar o acesso lógico a um determinado tipo de informação. Uma
biblioteca tem o valor comercial superior ao da simples soma dos preços dos livros que
a compõem, justamente em razão dessa organização racional das informações contidas
nos livros nela reunidos.

Referencias Bibliográficas

Coelho, F. U. (2011). Manual de direito comercial, Direito das empresas. (23. ed).

Brasil, São Paulo: editora saraiva

Decreto-Lei nº 2/2005 de 27 de Dezembro (Codigo Commercial)

Teixeira, T. (2018). Direito empresarial sistematizado, Doutrina, Jurisprudência e


pratica. (7. ed). Brasil, Sao Paulo: Editora Saraiva

Santos, R. S. X. (2017), Direito Comercia VII. Universidade federal da bahia,


Faculdade de direito: Salvador.

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